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As rivalidades imperialistas e a Primeira Guerra Mundial

Nacionalismo
As ideologias nacionalistas exaltavam
as qualidades do Estado-nação e a
ideia de superioridade em relação aos
demais povos. Britânicos e franceses,
por exemplo, acreditavam em uma
suposta capacidade civilizadora do
mundo. Os alemães, por sua vez,
sonhavam com uma "Grande
Alemanha", apoiada no pangermanismo
– ideologia que defendia a anexação
dos povos germânicos espalhados pela
Europa Central, como holandeses, dinamarqueses (de língua alemã), austríacos, entre outros. Os russos
apostavam no pan-eslavismo – a unificação dos povos eslavos dispersos pela Europa Oriental e pelos
territórios do Império Austro-Húngaro (sérvios, eslovacos, poloneses, tchecos etc.). Mas havia também o
pan-eslavismo sérvio, cuja missão era agrupar os eslavos do sul da Europa: eslovacos, croatas, búlgaros
etc.

Apesar dessas rivalidades, a paz foi assegurada no continente europeu nas últimas décadas do século
XIX, em grande parte, graças aos esforços do chanceler alemão Otto von Bismarck, que buscou
estabelecer uma ordem internacional favorável ao Império Alemão. Para tanto, ele procurou evitar
confrontos com a Grã-Bretanha, de modo a manter a neutralidade britânica na porção continental da
Europa. Com a França, as dificuldades eram maiores, em razão do ressentimento dos franceses após a
derrota na Guerra Franco-Prussiana.

O incidente, chamado o “golpe de Agadir”, manteve em estado de tensão, durante algumas semanas,
todas as chancelarias europeias. Parecia que a guerra franco-alemã estouraria de um momento para
outro. A guerra não estourou naquele momento, mas houve uma intensa atividade diplomática, uma série
de negociações que, entre altos e baixos, continuou até 1912 e produziu o acordo seguinte: o Marrocos
seria um protetorado francês; em troca, a França concederia à Alemanha colônias na África equatorial.
Trata-se de um ponto considerável de vantagem para a Alemanha, ainda que a região em que essas
colônias foram concedidas ao país não se abrisse para o Mediterrâneo; pelo contrário, é uma zona bem
longe dele, mas, mesmo assim, foi ali que a Alemanha começou a criar um império colonial seu. À
Espanha, também é concedido um pedaço do Marrocos, e à Itália, é dado caminho livre para a conquista
da Líbia.

É desse modo que, em 1912, produz-se um ato precursor da guerra, um ato que nós nos acostumamos a
considerar uma espécie de passeio patriótico organizado pelo governo Giolitti, justamente para a conquista
da Líbia, cujas consequências, passados tantos anos, se fazem sentir ainda hoje.

A repartição colonial está plenamente em vigor, portanto, nos anos que precedem imediatamente a Guerra
Mundial: o golpe de Agadir representa um sinal de alarme, assim como a conquista da Líbia por parte da
Itália. A Líbia encontrava-se sob o controle do Império Otomano: a conquista da Líbia em 1912 era,
portanto, um ataque ao Império Otomano – um outro capítulo este, um outro antecedente do conflito que
está à espreita no tabuleiro completo.

A Grande Guerra (1914-1918)

Em decorrência do assassinato de Francisco Ferdinando, o governo austro-húngaro declarou guerra aos


sérvios em 28 de julho de 1914. Os russos logo se posicionaram em defesa dos sérvios. Os alemães,
solidários aos austríacos, declararam guerra à Rússia no dia 1 o de agosto e, dois dias depois, à França,
colocando em ação o ambicioso Plano Schlieffen: derrotar rapidamente a França antes que a Rússia
pudesse mobilizar suas tropas. Desse modo, evitariam lutar em duas frentes de batalha. Para alcançar o
território francês, invadiram a Bélgica – país que havia se declarado neutro no conflito. Alegando a quebra
da neutralidade belga, os britânicos declararam guerra contra a Alemanha, honrando a Tríplice Entente.

O Sistema Bismarck, como ficou conhecido o modo como o chanceler alemão conduziu a política externa
do Império Alemão, tornou-se ainda mais evidente quando, em 1879, um pacto com o Império Austro-
Húngaro, contra quaisquer agressões vindas do Leste ou do oeste, foi firmado. Com a adesão da Itália em
1882, formou-se a chamada Tríplice Aliança.

Em 1915, a Itália, até então integrante da Tríplice Aliança, mudou de lado, seduzida pelas promessas da
Grã-Bretanha de concessões territoriais na costa adriática, sob o domínio do Império Austro-Húngaro, e
partes de colônias alemãs na África. O conflito generalizou-se quando o Império Turco-Otomano declarou
guerra aos seus antigos inimigos russos e aliou-se aos germânicos. Cada país beligerante contou com o
apoio, por vezes entusiasmado, de suas sociedades.

O nacionalismo exacerbado e a crença de que o conflito seria curto e inevitável mobilizaram amplos
setores sociais de cada um dos países envolvidos.

Na Conferência de Berlim, encerrada em 1885, Bismarck também renunciou a maiores ambições coloniais
para não provocar britânicos e franceses. O sistema do chanceler, contudo, entrou em colapso, após sua
renúncia, em1890. Rejeitando a política de Bismarck, o imperador Guilherme II lançou a Alemanha em
uma política de expansão territorial (Weltpolitik).

Em 1894, a França firmou com a Rússia uma entente, isto é, um acordo que foi confirmado dois anos
depois. Ao superar as rivalidades na corrida colonial, a França também se aproximou da Grã-Bretanha.
Esse entendimento deu origem, em 1907, à Tríplice Entente que incluía a Rússia. Foi nesta tensa
conjuntura política, que marcou o final do século XIX e o início do século XX na Europa, que se originou a
Grande Guerra. A disputa pela hegemonia política, agravada pelas ideologias nacionalistas e pelo
militarismo, havia se tornado o ponto central para as potências europeias, divididas em dois blocos rivais:
a Tríplice Aliança e a Tríplice Entente. Qualquer guerra que viesse a eclodir no continente envolveria um
amplo conjunto de nações.

OBS:

Sistema Bismarckiano é o nome que se dá para


a política externa do chanceler alemão Otto
von Bismarck entre 1871 e 1890, após a Guerra
Franco-Prussiana e com as últimas três guerras
de unificação para a fundação do Império
Alemão.
Qual foi o principal objetivo do sistema de
Bismarck?
Os objetivos principais de Bismarck
eram integrar todas as regiões de seu país para prepará-lo para ser o centro de um futuro império e fazer
frente militar a outra potências que também se tornavam proeminentes à época, como o Império Austríaco,
a França e a Rússia.
Quem foi Bismarck E o que ele defendia?
Otto von Bismarck, o chanceler de ferro, foi o estadista mais importante da Alemanha do século 19. Coube
a ele lançar as bases do Segundo Império, ou 2º Reich (1871-1918), que levou os países germânicos a
conhecer pela primeira vez na sua história a existência de um Estado nacional único.

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