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Santa Aliança

No ano de 1815, após uma desgastante série de batalhas, as


monarquias europeias conseguiram finalmente conter as ações
militares de Napoleão Bonaparte. Contudo, o lendário chefe de
Estado e militar da França revolucionária havia remexido todo o
mapa que antes definia os limites e domínios dos estados
absolutistas europeus. Por isso, os representantes das principais
monarquias tiveram o interesse de se reunir para reorganizar as
fronteiras alvejadas por Bonaparte.
Durante o chamado Congresso de Viena, em 1815, o mapa da
Europa monárquica foi restabelecido. Contudo, as idéias difundidas
pela Revolução Francesa ainda preocupavam muitos daqueles que temiam a difusão daquelas liberdades
transformadoras que iam diretamente contra os privilégios e normas do Antigo Regime. Por isso, os reinos
da Rússia, Prússia e Áustria assinaram um pacto de cooperação política e militar que deu origem à Santa
Aliança.

Segundo conta o próprio documento que regia essa união, os países envolvidos faziam o compromisso de
se ajudarem “em todas as ocasiões e em qualquer lugar” em que as medidas do Congresso de Viena
fossem ameaçadas. Em outros termos, o acordo tinha a preocupação de combater qualquer situação que
pudesse colocar em risco a hegemonia das monarquias do Velho Mundo. Além disso, se colocava em
favor do restabelecimento da dominação dos reinos ibéricos sob as colônias americanas.

Nesse último ponto, a defesa da ação colonialista na América motivou os britânicos a não fazerem parte
da Santa Aliança. O afastamento inglês se justificava pelo interesse da Coroa Britânica em ampliar os seus
negócios com as recém-independentes nações, agora livres, das amarras impostas pelo pacto colonial.
Em contrapartida, o governo francês, visando recuperar seu prestígio diplomático, decidiu se juntar às
demais monarquias em sinal de fidelidade.

Em sua primeira reunião, ocorrida em 1818, os membros da Santa Aliança decidiram retirar as tropas que
dominavam os territórios franceses. Logo em seguida, as forças de seus membros foram utilizadas para
conter uma manifestação de estudantes germânicos que comemoravam os trezentos anos da reforma
protestante. Com isso, os centros universitários passaram a sofrer vigilância, os partidos políticos foram
perseguidos e os meios de comunicação censurados.

Pouco tempo depois, militares de orientação liberal da Espanha e do Reino das Duas Sicílias promoveram
uma revolta que impôs a criação de uma constituição para as autoridades de ambos os países. Entretanto,
não se submetendo a essa situação, os reis Fernando VII, da Espanha e Fernando I ,das Duas Sicílias
acionaram a intervenção dos exércitos da Santa Aliança. No ano de 1823, as tropas conservadoras
conseguiram derrubar as reformas liberais nessas regiões.

Apesar do sucesso, esse seria o último evento bem-sucedido da aliança feita entre os monarcas da
Europa. O primeiro sinal de enfraquecimento aconteceu entre 1821 e 1827, quando suas frentes não
conseguiram abafar as agitações que levaram os gregos a lutarem contra a dominação turca. Além disso,
o fracasso no restabelecimento dos domínios coloniais na América faria com que a Santa Aliança
acabasse perdendo seu poderio já na década de 1830.

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