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Penais
Prof. Ivone Fernandes Morcilo Lixa
Prof. Ray Arecio Reis
Indaial – 2021
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof. Ivone Fernandes Morcilo Lixa
Prof. Ray Arecio Reis
L788g
ISBN 978-65-5663-731-0
ISBN Digital 978-65-5663-732-7
CDD 340
Impresso por:
Apresentação
A disciplina Gestão dos Serviços Penais objetiva instrumentalizar os
profissionais da área de segurança pública que atuam no sistema prisional
a dominar um conhecimento específico, que possibilite o exercício das
atividades rotineiras, de maneira adequada e alinhada aos fundamentos e
aos princípios legais da ordem jurídica brasileira.
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
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O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
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institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
1
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade será dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Ao iniciar o estudo da gestão dos serviços penais, o desafio que se coloca é
o de compreender os conceitos que devem fundamentá-lo e norteá-lo. Essa tarefa
primeira é a de desvelar o sistema penal e punitivo brasileiro, e isso é um grande
desafio. Crime, pena, violência, segurança pública e prisões são fenômenos
sociais complexos e precisam ser compreendidos como questões estruturais a
serem analisadas e discutidas adequadamente, sobretudo, por profissionais que
atuam no sistema penal.
3
UNIDADE 1 — SISTEMA PUNITIVO, SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO PENAL NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
No Brasil, em 2020, eram 338 encarcerados para cada 100 mil habitantes
(G1, 2020), o que colocava o país no ranking do quarto do mundo por habitante
que mais encarcerava, somente atrás dos Estados Unidos – 665 para cada 100 mil
habitantes, El Salvador – 590 para cada 100 mil habitantes, e Turcomenistão – 552
para cada 100 mil habitantes Ainda, além do grave problema do encarceramento
em massa, soma-se, nos dias de hoje, o alto número de presos provisórios nas
unidades prisionais, que são os detidos sem uma sentença condenatória de
primeiro grau.
4
TÓPICO 1 — SISTEMA PUNITIVO E SEGURANÇA PÚBLICA À LUZ DA ORDEM CONSTITUCIONAL
DICAS
5
UNIDADE 1 — SISTEMA PUNITIVO, SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO PENAL NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
6
TÓPICO 1 — SISTEMA PUNITIVO E SEGURANÇA PÚBLICA À LUZ DA ORDEM CONSTITUCIONAL
3 SEGURANÇA PÚBLICA
“Segurança” é um termo polissêmico que comporta inúmeros
significados. No campo jurídico, “segurança jurídica”, tradicionalmente, é uma
expressão relacionada à ideia de existência de um conjunto de normas objetivas,
tecnicamente adequadas e legitimamente construídas, capazes de promover o
sentimento de previsibilidade nas relações humanas.
7
UNIDADE 1 — SISTEMA PUNITIVO, SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO PENAL NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
8
TÓPICO 1 — SISTEMA PUNITIVO E SEGURANÇA PÚBLICA À LUZ DA ORDEM CONSTITUCIONAL
9
UNIDADE 1 — SISTEMA PUNITIVO, SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO PENAL NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
FONTE: <https://www.politize.com.br/wp-content/uploads/2018/06/u00f3rg_u00e3os-de-
seguran_u00e7a-p_u00fablica_Prancheta-1.jpg>. Acesso em: 24 abr. 2021.
10
TÓPICO 1 — SISTEMA PUNITIVO E SEGURANÇA PÚBLICA À LUZ DA ORDEM CONSTITUCIONAL
11
UNIDADE 1 — SISTEMA PUNITIVO, SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO PENAL NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
12
TÓPICO 1 — SISTEMA PUNITIVO E SEGURANÇA PÚBLICA À LUZ DA ORDEM CONSTITUCIONAL
FONTE: <https://i.pinimg.com/originals/c8/fe/92/c8fe92fa0bff35f2741cbe1a381c77c0.jpg>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
13
UNIDADE 1 — SISTEMA PUNITIVO, SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO PENAL NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
NOTA
FONTE: <https://jus.com.br/artigos/44869/a-abordagem-policial-e-o-comportamento-do-
abordado>. Acesso em: 24 abr. 2021.
14
TÓPICO 1 — SISTEMA PUNITIVO E SEGURANÇA PÚBLICA À LUZ DA ORDEM CONSTITUCIONAL
15
UNIDADE 1 — SISTEMA PUNITIVO, SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO PENAL NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
FONTE: <https://www.submit.10envolve.com.br/uploads/62cfed5c20bcbad3d12e2c4778
d76b894f24075e/6c0a08b59709395e829d8fb6e8e8a92c.jpg>. Acesso em: 24 abr. 2021.
16
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• A gestão dos serviços penais faz identificar e discutir o sofisticado sistema que
tem, como finalidade, garantir a segurança pública, com vistas ao convívio
social harmônico e pacífico.
17
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Encarceramento em massa.
b) ( ) Abolição social.
c) ( ) Segregação urbana.
d) ( ) Remissão penal.
a) ( ) O governador do Estado.
b) ( ) O Presidente da República.
c) ( ) O Estado.
d) ( ) O comandante geral da polícia militar de cada ente da Federação.
18
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Como, brevemente, analisado, inicialmente, a questão criminal é
complexa, uma vez que são múltiplos os fatores subjacentes aos processos de
criminalização e de condenação de um criminoso. Portanto, não é possível um
conceito absoluto e imutável de crime. São inúmeras as determinantes do crime e
da criminalização, podendo, portanto, o fenômeno ser analisado desde distintos
campos do conhecimento.
19
UNIDADE 1 — SISTEMA PUNITIVO, SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO PENAL NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
20
TÓPICO 2 — CONCEITOS JURÍDICOS DE CRIME E DE PENA
21
UNIDADE 1 — SISTEMA PUNITIVO, SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO PENAL NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
• A conduta é humana?
• A conduta se identifica de maneira inequívoca com algum tipo penal?
• A conduta é antijurídica ou possui alguma justificação admitida pelo Direito
Penal (como legítima defesa ou qualquer outra excludente de culpabilidade)?
• O autor, pessoa que cometeu o crime, possui plena capacidade de entender o
que fez ou está fazendo? Consegue se autodeterminar? (é imputável?)
22
TÓPICO 2 — CONCEITOS JURÍDICOS DE CRIME E DE PENA
23
UNIDADE 1 — SISTEMA PUNITIVO, SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO PENAL NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
QUADRO 3 – COAÇÃO
Quem pratica uma ação ou uma omissão através da coação, diante da qual não
consegue resistir, não pratica conduta típica. O ato não é seu, mas do coator.
FONTE: <https://www.duvidasdedireito.com.br/2019/01/coacao-fisica-e-coacao-moral.html>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
FONTE: A autora
24
TÓPICO 2 — CONCEITOS JURÍDICOS DE CRIME E DE PENA
NOTA
25
UNIDADE 1 — SISTEMA PUNITIVO, SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO PENAL NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
FONTE: <https://thumbs.jusbr.com/filters:format(webp)/imgs.jusbr.com/publications/artigos/
images/omissao-direito-pena-concursos-png.png>. Acesso em: 24 abr. 2021.
E
IMPORTANT
26
TÓPICO 2 — CONCEITOS JURÍDICOS DE CRIME E DE PENA
27
UNIDADE 1 — SISTEMA PUNITIVO, SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO PENAL NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
São crimes de conduta mista aqueles nos quais o tipo penal descreve
uma conduta, inicialmente, positiva, mas a consumação se dá com uma omissão
posterior. Por exemplo (Art. 169, CP):
28
TÓPICO 2 — CONCEITOS JURÍDICOS DE CRIME E DE PENA
FIGURA 12 – SÍNTESE
Observe o que foi declarado. Veja que são destacados os tipos de crime
(omissivos, comissivos e omissivos impróprios), os elementos (culpabilidade,
tipicidade e ilicitude) e a tipicidade (o que deve conter, obrigatoriamente, em um
fato típico: conduta, resultado, nexo de causalidade e tipicidade).
• Das penas
29
UNIDADE 1 — SISTEMA PUNITIVO, SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO PENAL NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
FONTE: <https://files.passeidireto.com/23626d25-bcd4-4007-941c-c1c1d37df208/23626d25-
bcd4-4007-941c-c1c1d37df208.jpeg>. Acesso em: 24 abr. 2021.
30
TÓPICO 2 — CONCEITOS JURÍDICOS DE CRIME E DE PENA
FONTE: <https://thumbs.jusbr.com/filters:format(webp)/imgs.jusbr.com/publications/
images/8350877ffa476856ae4a406c4180742c>. Acesso em: 24 abr. 2021.
31
UNIDADE 1 — SISTEMA PUNITIVO, SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO PENAL NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
NOTA
32
TÓPICO 2 — CONCEITOS JURÍDICOS DE CRIME E DE PENA
33
UNIDADE 1 — SISTEMA PUNITIVO, SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO PENAL NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
semiaberto
m2
34
TÓPICO 2 — CONCEITOS JURÍDICOS DE CRIME E DE PENA
FONTE: <https://www.slideshare.net/mariaecampillay/crise-no-sistema-prisional>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
35
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
36
AUTOATIVIDADE
37
4 A legislação penal prevê a possibilidade de progressão de regime, uma
vez que o objetivo é que o apenado retorne ao convívio social de maneira
paulatina e segura, segundo o disposto no Art. 33, §2°, do CP, a partir do qual
as penas privativas de liberdade devem ser executadas progressivamente, ou
seja, o condenado passa de um regime mais severo para um mais brando, de
forma gradativa, conforme o preenchimento dos requisitos legais. Pergunta-
se: quais são os requisitos legais exigidos para a progressão de regime?
38
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Com o fim da Unidade 1, do estudo da gestão dos serviços penais, o
objetivo principal é compreender os conceitos essenciais e básicos para o exercício
da atividade profissional na área, assim, é necessário analisar a construção
histórica da lógica punitiva moderna.
FONTE: <https://www.todoestudo.com.br/wp-content/uploads/2018/06/c%C3%B3digo-de-
hamurabi.png>. Acesso em: 24 abr. 2021.
40
TÓPICO 3 — CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA LÓGICA PUNITIVA E APRISIONAMENTO NA SOCIEDADE OCIDENTAL
elaboração teve como base os costumes existentes. A Lei das XII Tábuas, embora
abarcando distintas áreas do direito, privilegia o que atualmente chamamos de
área penal contendo penas cruéis. A Tábua de número VIII é direcionada ao delito.
Aplicava-se pena de morte: à difamação, contra o cidadão púbere que prejudica
á noite as colheitas, incendiário lúcido e deliberado, para ladrão noturno, para
ladrão diurno que se defendesse com arma, escravo apanhado em flagrante de
roubo, contra falso testemunho, homicídio, contra feitiçaria ou envenenamento e
para levantadores de motins noturnos.
41
UNIDADE 1 — SISTEMA PUNITIVO, SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO PENAL NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
NOTA
42
TÓPICO 3 — CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA LÓGICA PUNITIVA E APRISIONAMENTO NA SOCIEDADE OCIDENTAL
“A Cidade de Deus” (De Civitate Dei) no século V, afirmando que havia “dois
mundos” em permanente combate: o de Deus e o de Satã, dedicando-se Satã e
seus agentes (anjos caídos), a tentar a Deus e não havia alternativa, ou se estava
ao lado de Deus ou ao do Demônio. Desde tal concepção, a Igreja, aliada a Reis
interessados em consolidar seu poder, dedica-se ao combate contra o mal.
FONTE: <http://3.bp.blogspot.com/_98Lp2dvqd9U/TBZwSyGHIPI/AAAAAAAABFI/Y-jRdWiuGlg/
s640/0036+-+SANTA+INQUISI%C3%87%C3%83O.jpg>. Acesso em: 24 abr. 2021.
43
UNIDADE 1 — SISTEMA PUNITIVO, SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO PENAL NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
NOTA
Consistia em deitar a vítima em uma maca, totalmente amarrado, seu carrasco lhe
obrigava a abrir a sua boca, e colocando um funil até a garganta, iam enchendo de água
provocando a sensação de afogamento, a quantidade de água variava de um até quatro
litros. Essa pena era aplicada mais para as mulheres.
44
TÓPICO 3 — CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA LÓGICA PUNITIVA E APRISIONAMENTO NA SOCIEDADE OCIDENTAL
FONTE: <http://www.dhnet.org.br/dados/livros/memoria/mundo/feiticeira/malleus2.jpg>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
45
UNIDADE 1 — SISTEMA PUNITIVO, SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO PENAL NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
46
TÓPICO 3 — CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA LÓGICA PUNITIVA E APRISIONAMENTO NA SOCIEDADE OCIDENTAL
FONTE: <https://c8.alamy.com/compes/kc8rp8/retrato-de-cesare-bonesana-marchese-di-
beccaria-jean-baptiste-francois-bosio-n-d-kc8rp8.jpg>. Acesso em: 24 abr. 2021.
47
UNIDADE 1 — SISTEMA PUNITIVO, SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO PENAL NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
• Apenas as leis (elaboradas pelo legislador) podem fixar as penas aplicadas aos
delitos.
• A lei deve ser abstrata e genérica e que a um terceiro órgão, cabe a análise da
subsunção do fato a norma.
• Absoluta impossibilidade de que a lei seja interpretada.
• Há o combate da pena de morte por três razões: ilegitimidade, inutilidade e
desnecessidade.
• A pena pode, unicamente, atingir direitos renunciáveis, dos quais não faz parte
a vida.
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TÓPICO 3 — CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA LÓGICA PUNITIVA E APRISIONAMENTO NA SOCIEDADE OCIDENTAL
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UNIDADE 1 — SISTEMA PUNITIVO, SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO PENAL NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
NOTA
50
TÓPICO 3 — CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA LÓGICA PUNITIVA E APRISIONAMENTO NA SOCIEDADE OCIDENTAL
NOTA
FONTE: BOBBIO, N. O positivismo jurídico – Lições de Filosofia de Direito. São Paulo: Ed.
Ícone, 1999.
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UNIDADE 1 — SISTEMA PUNITIVO, SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO PENAL NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
FONTE: <https://s2.glbimg.com/CK4WnnIgDllIIl6imPhYN81FbGY=/0x0:800x534/984x0/smart/
filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_
photos/bs/2019/O/j/BObiLuSJGzYkDhj5n48Q/tranferencias.jpg>. Acesso em: 24 abr. 2021.
52
TÓPICO 3 — CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA LÓGICA PUNITIVA E APRISIONAMENTO NA SOCIEDADE OCIDENTAL
LEITURA COMPLEMENTAR
54
TÓPICO 3 — CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA LÓGICA PUNITIVA E APRISIONAMENTO NA SOCIEDADE OCIDENTAL
55
UNIDADE 1 — SISTEMA PUNITIVO, SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO PENAL NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
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TÓPICO 3 — CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA LÓGICA PUNITIVA E APRISIONAMENTO NA SOCIEDADE OCIDENTAL
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UNIDADE 1 — SISTEMA PUNITIVO, SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO PENAL NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
58
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
59
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Notarial.
b) ( ) Judicial.
c) ( ) Inquisitorial.
d) ( ) Sacrificial.
60
4 Os canonistas criam maneiras de aceitabilidade das provas: probabilidade,
relevância e materialidade, descartando as provas supérfluas (que já
estavam provadas no processo), as impertinentes (que não interessavam),
obscuras (que não poderiam ser usadas com segurança), as inacreditáveis ou
antinaturais (absurdas e impossíveis de serem aceitas) que foram conceitos
jurídicos bastante utilizados nos tribunais pelos inquisitores. Pergunta-se:
o que foi a Inquisição?
61
REFERÊNCIAS
BARATTA, A. Criminologia crítica e crítica do direito penal – Introdução à
sociologia do direito penal. 3. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2002.
62
CICHELLA, A. C. Participação cidadã em segurança pública no marco do
constitucionalismo democrático: uma análise do programa rede de vizinhos da
Polícia Militar de Santa Catarina. Santa Catarina: Universidade do Extremo Sul
Catarinense (UNESC), 2021.
G1. Brasil tem 338 encarcerados a cada 100 mil habitantes: taxa coloca país na
26° posição do mundo. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/monitor-da-
violencia/noticia/2020/02/19/brasil-tem-338-encarcerados-a-cada-100-mil-habitantes-
taxa-coloca-pais-na-26a-posicao-do-mundo.ghtml. Acesso em: 24 abr. 2021.
63
64
UNIDADE 2 —
GESTÃO DO SISTEMA
PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
65
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade será dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
66
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Com o avanço dos direitos e das garantias promovidos pelo advento da
Constituição Federal de 1988, que instituiu o Estado Democrático de Direito,
houve uma reorientação do papel político do Estado no sentido de atribuir, a
ele, a função de promover políticas públicas, a fim de tornar efetivos os direitos
fundamentais amparados pela nova ordem constitucional. Entretanto, com o
encarceramento, em massa, nas últimas décadas, o Brasil passou a assumir o
posto de terceiro país do mundo que mais prende, o que torna a superlotação um
grave problema estrutural.
67
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
69
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
70
TÓPICO 1 — O ESTADO E OS LIMITES NA GESTÃO DOS SERVIÇOS PENAIS
71
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
FONTE: <https://static.aosfatos.org/media/images/entries/Sistema_Prisional.jpg.1860x550_q85_
box-75,117,1554,555_crop_upscale.jpg>. Acesso em: 24 abr. 2021.
72
TÓPICO 1 — O ESTADO E OS LIMITES NA GESTÃO DOS SERVIÇOS PENAIS
73
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
DICAS
Uma atividade, para ser caracterizada como serviço público, precisa possuir
três características: 1) contemplar um interesse ou uma necessidade que beneficie a
coletividade, de maneira contínua e sem interrupção, a fim de fornecer conforto ou bem-
estar a quem o utiliza; 2) obedecer às regras do direito público; e 3) ser prestada, direta ou
indiretamente, pelo poder público.
Para aprofundar o tema, sugere-se a leitura do texto O Que São Serviços Públicos?
Confira em https://www.politize.com.br/servicos-publicos/.
74
TÓPICO 1 — O ESTADO E OS LIMITES NA GESTÃO DOS SERVIÇOS PENAIS
FONTE: <https://i.pinimg.com/564x/96/15/02/961502f3965c0c2fb85fcae2a30d87dc.jpg>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
75
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
Em síntese, existem serviços que devem ser prestados apenas pelo Estado
(direta ou indiretamente) e, outros, que admitem que o Estado e os particulares
os executem (MEIRELLES, 2010).
DICAS
76
TÓPICO 1 — O ESTADO E OS LIMITES NA GESTÃO DOS SERVIÇOS PENAIS
Pública recorre a terceiros para a execução de tarefas que ela mesma pode
executar, está terceirizando”. Em se tratando de presídios, a terceirização é a
alternativa para o auxílio do gerenciamento do sistema penitenciário, por ser
uma atividade-meio.
• Concessão ou permissão: ocorre quando a Administração Pública transfere,
para particulares, a prestação de serviços públicos, através das parcerias público-
privadas (PPPs), que são formas de colaboração mútua entre entes estatais e
privados para a obtenção de benefícios comuns. Para o poder público, o benefício é
a prestação de um serviço social, e, para a iniciativa privada, é o lucro. A concessão
ou permissão pode acontecer através de duas modalidades: concessão comum,
prevista na Lei n° 8.987/95, que confirma a delegação de serviços públicos para
quando o equipamento está pronto e para quando a prestação deve ser precedida
por uma execução de obra pública; e concessão especial, que é a Parceria Público-
Privada propriamente dita, prevista na Lei n° 11.079/04.
• Parcerias público-privadas: são contratos administrativos de concessão que
podem ser feitos na modalidade administrativa ou patrocinada. Di Pietro (2015,
p. 311) cita: “a parceria público-privada não pode ter, como objeto, somente a
construção [...], mas deve abranger a prestação de serviço, cuja administração
pública seja usuária direta ou indireta”.
77
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
FONTE: <https://www.justificando.com/wp-content/uploads/2019/01/privatizacao-presidios-
1024x768.png>. Acesso em: 24 abr. 2021.
78
TÓPICO 1 — O ESTADO E OS LIMITES NA GESTÃO DOS SERVIÇOS PENAIS
FONTE: <https://media.gazetadopovo.com.br/2019/06/13184712/penitenciaria-guarapuava-
1024x720.jpg>. Acesso em: 24 abr. 2021.
79
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
FONTE: <https://multimidia.gazetadopovo.com.br/media/info/2019/201906/presidios/
graficos/1.info-penitenciarias-pr-onde-ficam.png?3>. Acesso em: 24 abr. 2021.
80
TÓPICO 1 — O ESTADO E OS LIMITES NA GESTÃO DOS SERVIÇOS PENAIS
81
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
é conflitante com a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), que possui regras
mais custosas para o empregador. As regras da LEP, relacionadas ao trabalho
dos detentos, além da remuneração menor que a prevista na CLT, não preveem
décimo terceiro, férias e FGTS.
FONTE: <https://www.conjur.com.br/img/b/populacao-prisional-mundial3.png>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
82
TÓPICO 1 — O ESTADO E OS LIMITES NA GESTÃO DOS SERVIÇOS PENAIS
Vantagens
1- Aumento do número de vagas no sistema prisional, diminuindo os problemas de superlotação
dos presídios.
2- Tratamento mais digno ao apenado, inclusive com oportunidades de educação formal e
profissionalizante.
3- Economia de recursos públicos com a manutenção do preso.
4- Possibilidade de realizar-se um trabalho mais eficaz de ressocialização do preso.
5- Condições reais de trabalho remunerado na prisão e consequente remissão da pena.
6- Eliminação de motins e rebeliões dos presos.
7- Aumento do policiamento ostensivo nas ruas, efetuado pelos policiais militares que hoje
atuam nos presídios.
8- Diminuição da corrupção no serviço público do sistema carcerário.
9- Melhora da imagem do preso junto à sua comunidade.
10- Possibilidade legal de remanejar ou excluir do quadro de funcionários aqueles que não
desenvolvam a contento suas atribuições ou hajam cometido infrações.
11- A Privatização é uma alternativa viável à falta de recursos do Estado.
12- Com a gestão prisional feita através das PPPs, diminui o índice de reincidência criminal.
Desvantagens/Obices
1- O preso passa a ser entendido como mercadoria, uma vez que serve a um processo comercial,
a um negócio que visa ao lucro, estabelecendo uma relação de caráter mercantil, onde se retira
lucro da criminalidade.
2- Uma vez entendido como produto, o individuo preso perde sua dignidade e o princípio da
individualização da pena fica comprometido.
3- Corre-se o risco de se tomar a Lei de Execução Penal como forma de alcançar resultados
quantitativos apenas, com vistas a gerar lucros para as empresas.
4- Poderá ocorrer o monopólio de algumas empresas.
5- O Estado não está preparado para supervisionar e fiscalizar a atuação das empresas parceiras.
6- O trabalho penitenciário exercido pelo apenado pode servir mais às empresas do que a eles
próprios, configurando mão de obra de baixo custo.
83
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
7- O custo financeiro de um preso instalado em um presídio privatizado seria muito alto e até mais
elevado do que o custo despendido nos complexos prisionais administrados exclusivamente
pelo Estado.
8- A execução da pena tem caráter indelegável, cabendo exclusivamente ao Estado sua condução.
9- Aprivatização dos presídios não garante a ressocialização do preso.
84
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• Pela Lei de Execuções Penais (Lei n° 7.210/84 – LEP) e pela Constituição Federal
de 1988, que estabelecem os direitos e os deveres dos detentos na esfera da
execução penal, é dever do Estado implementar programas e ações no sistema
prisional com vistas à ressocialização do detento.
85
AUTOATIVIDADE
86
4 No Brasil, resumidamente, as modalidades de transferência, pelo Estado,
à iniciativa privada, da oferta de serviços sociais, são: terceirização,
concessão ou permissão e as parcerias público-privadas. Disserte a respeito
do instituto da concessão.
87
88
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
O agente penitenciário é o trabalhador diretamente responsável pela
vigilância, escolta e guarda dos detentos. Tem, como tarefa, a manutenção de um
ambiente organizado e controlado, prezando pela integridade física dos presos. É a
profissão que tem contato direto com os detentos de altos graus de periculosidade.
89
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
NOTA
O que é estigma?
Estigma é um termo criado no antigo mundo grego, utilizado para designar
marcas ou sinais corporais que evidenciavam ser o sujeito portador de algo muito bom
ou muito mal. Com o cristianismo, a palavra passou a significar os sinais corporais divinos
como distúrbios físicos. No estudo da sociologia, o conceito de estigma social está
relacionado com as características particulares de um grupo ou de um indivíduo que segue
o oposto das normais culturais tradicionais de uma sociedade, ou seja, tudo o que não é
considerado um padrão cultural social. Por exemplo, durante alguns anos, doentes mentais,
negros, homossexuais e membros de algumas doutrinas religiosas, como os judeus, eram
considerados estigmas para determinadas sociedades. Para muitos estudiosos, isso ajuda a
provocar a criminalização de alguns grupos excluídos socialmente.
DICAS
90
TÓPICO 2 — OS TRABALHADORES DOS SERVIÇOS PENAIS E O SISTEMA DE CONTROLE
FONTE: <https://static.ndmais.com.br/2019/08/Penitenci%C3%A1ria-de-Florian%C3%B3polis_
Anderson-Coelho_-5-12-1300x867.jpg>. Acesso em: 24 abr. 2021.
91
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
92
TÓPICO 2 — OS TRABALHADORES DOS SERVIÇOS PENAIS E O SISTEMA DE CONTROLE
NOTA
Pesquisa feita entre policiais penais e agentes prisionais de todo o país revelou
que a maioria deles, 73,7%, relatou ter a saúde mental afetada por causa da pandemia da
COVID-19, e que o apoio institucional para lidar com essas emoções chegou a 5,1% deles.
De acordo com a segunda fase da pesquisa Pandemia da COVID-19 e os Agentes
Prisionais e Policiais Penais no Brasil, na percepção de 82,2% dos agentes prisionais, as
tensões entre presos aumentaram após o início da pandemia.
"É um tipo de trabalho para o qual não existe home office, eles não podem ficam em casa,
precisam continuar fazendo o trabalho presencial e isso os coloca em um risco muito
grande de serem contaminados e, ao mesmo tempo, de serem um vetor de transmissão,
porque, no sistema penitenciário, a doença não existe, a não ser que entre, a não ser que
alguém leve. Agora, as visitas estão suspensas. Esses profissionais são o único vetor de
93
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
transmissão possível, caso não haja ninguém contaminado lá dentro", afirmou uma das
coordenadoras da pesquisa, Gabriela Lotta. Segundo a pesquisa, dentre os motivos para o
aumento da tensão entre os detidos, os profissionais apontam a falta de contato com os
familiares, de informações do cenário real da pandemia, o medo de se contaminarem, a má
alimentação e o isolamento. “Se pensarmos na perspectiva desse trabalhador, a situação é
muito crítica. Ele trabalha em um lugar sabidamente insalubre, com superlotação e já sob
tensão na normalidade. Durante a pandemia, essas condições se agravam, gerando alto
sofrimento, ansiedade e estresse”, analisa Gabriela. O medo de contrair o novo coronavírus
é o sentimento predominante nas duas fases da pesquisa, sendo que, neste momento,
80% dos respondentes relatam temer a contaminação. "Nós tivemos um crescimento do
número de presos contaminados, de presos que já morreram e de policiais penais nessas
duas situações". A maioria (87%) dos agentes penitenciários afirmou conhecer um colega
de trabalho que foi diagnosticado com COVID-19, e 67,8% deles conhecem algum preso que
contraiu a doença. "Isso mostra que, provavelmente, temos uma enorme subnotificação,
também, dos dados de contágio no sistema prisional".
FONTE: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-08/agentes-prisionais-tiveram-
saude-mental-abalada-na-pandemia>. Acesso em: 24 abr. 2021.
94
TÓPICO 2 — OS TRABALHADORES DOS SERVIÇOS PENAIS E O SISTEMA DE CONTROLE
95
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
I- polícia federal;
II- polícia rodoviária federal;
III- polícia ferroviária federal;
IV- polícias civis;
V- polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VI- polícias penais federal, estadual e distrital.
§ 1° A polícia federal, instituída, por lei, como órgão permanente,
estruturado em carreira, destina-se a:
I- apurar infrações penais contra as ordens política e social ou em
detrimento de bens, serviços e interesses da União ou das entidades
autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações,
cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e
exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
II- prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e
de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
III- exercer as funções das polícias marítima, aérea e de fronteiras;
IV- exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da
União.
§ 2° A polícia rodoviária federal, órgão permanente, estruturado em
carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das
rodovias federais.
§ 3° A polícia ferroviária federal, órgão permanente, estruturado em
carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das
ferrovias federais.
§ 4° Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira,
incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
§ 5° Às polícias militares, cabem a polícia ostensiva e a preservação da
ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições
definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
§ 6° As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, as forças
auxiliares e a reserva do Exército se subordinam, com as polícias civis,
aos governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos territórios.
§ 7° A Lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos
responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência
das atividades.
§ 8° Os municípios poderão constituir guardas municipais destinadas
à proteção de bens, serviços e instalações, conforme dispuser a Lei
(BRASIL, 1988).
96
TÓPICO 2 — OS TRABALHADORES DOS SERVIÇOS PENAIS E O SISTEMA DE CONTROLE
DICAS
DICAS
97
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
A Lei Federal n° 13.675/2018 elencou, no Art. 9°, § 2°, inciso VIII, os órgãos,
do sistema penitenciário, como integrantes operacionais do Sistema Único de
Segurança Pública (Susp), evidenciando, assim, a importância dos profissionais
do sistema prisional.
98
TÓPICO 2 — OS TRABALHADORES DOS SERVIÇOS PENAIS E O SISTEMA DE CONTROLE
NOTA
1- Somente poderá ser servidor público da Polícia Penal através de Concurso Público.
99
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
FONTE: <https://www.migalhas.com.br/depeso/318597/agentes-penitenciarios-virou-policia-
penal--e-agora--quais-as-consequencias>. Acesso em: 24 abr. 2021.
100
TÓPICO 2 — OS TRABALHADORES DOS SERVIÇOS PENAIS E O SISTEMA DE CONTROLE
101
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
102
TÓPICO 2 — OS TRABALHADORES DOS SERVIÇOS PENAIS E O SISTEMA DE CONTROLE
103
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
104
AUTOATIVIDADE
106
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Um dos grandes debates no campo da segurança pública brasileira é
a questão do controle dos presídios. O encarceramento em massa, somado às
precárias condições a que os detentos são submetidos, é uma “bomba-relógio”,
que pode “explodir”, como tem “explodido”, a qualquer momento. O resultado
é um saldo de centenas de mortos. A falta de controle da Administração Pública,
nos presídios, fica evidente e inegável quando se observa o controle das facções
no interior do sistema.
107
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
108
TÓPICO 3 — A GESTÃO E O CONTROLE DOS DETENTOS
FONTE: <https://image.slidesharecdn.com/manicmiospriseseconventos-131009195801-
phpapp02/95/manicmios-prises-e-conventos-erving-goffman-7-638.jpg?cb=1381348814>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
DICAS
109
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
FONTE: <https://ponte.org/wp-content/uploads/2018/12/Luiz-SilveiraAg%C3%AAncia-CNJ_
RioBranco-1.jpg>. Acesso em: 24 abr. 2021.
Por sua vez, a Lei de Execução, no Art. 39, impôs uma série de deveres,
os quais os apenados devem observar, quais sejam: comportamento disciplinado
e cumprimento fiel da sentença; obediência ao servidor e respeito a qualquer
pessoa com quem deva se relacionar; urbanidade e respeito no trato com os
demais condenados; conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de
fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina; execução do trabalho, das tarefas
110
TÓPICO 3 — A GESTÃO E O CONTROLE DOS DETENTOS
Nos termos do Art. 49, da Lei de Execução Penal, cabe, à legislação local,
especificar as faltas leves ou médias.
A Lei de Execução Penal, no Art. 50, estabelece o rol taxativo das infrações
que constituem falta grave, sendo elas: incitar ou participar de movimento para
subverter a ordem ou a disciplina; fugir; possuir, indevidamente, instrumento
capaz de ofender a integridade física de outrem; provocar acidente de trabalho;
descumprir, no regime aberto, as condições impostas; não observar os deveres
previstos nos incisos II e V, do Art. 39, desta Lei; tiver, em sua posse, utilizar ou
fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com
outros presos ou com o ambiente externo; e recusar a se submeter ao procedimento
de identificação do perfil genético.
Infere-se que, dentre o rol das infrações que constituem falta grave, está a
inobservância dos deveres previstos no Art. 39, incisos II (obediência ao servidor
e respeito a qualquer pessoa com quem deva se relacionar) e V (execução do
trabalho, das tarefas e das ordens recebidas).
111
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
FONTE: <https://i.pinimg.com/564x/01/10/0f/01100fd52f30ab0f91c073ea45eba02a.jpg>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
112
TÓPICO 3 — A GESTÃO E O CONTROLE DOS DETENTOS
FONTE: <https://tecnodefesa.com.br/wp-content/uploads/2016/04/Imagem-2-
LAADSecurity2016.jpg>. Acesso em: 24 abr. 2021.
Esclarece-se o seguinte:
113
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
NOTA
PRINCIPAIS ARMAS NÃO LETAIS
Dentre as armas não letais mais conhecidas, podemos citar o gás lacrimogêneo.
Recomendado para dispersar multidões e auxiliar em operações de resgate, a função é
causar uma irritação nos olhos das pessoas, impossibilitando a visão por tempo determinado.
Bala de borracha
Spray de pimenta
Spray de pimenta é outro acessório comum usado por policiais e por alguns
cidadãos. É indicado para defesa pessoal e dispersão de tumultos. O uso desse material
causa irritação nos olhos e nas vias respiratórias por um tempo determinado.
Dois equipamentos que têm função parecida e servem para imobilizar infratores
são o taser e o bastão de choque. O que os difere é a distância sob a qual cada um opera
(curta ou longa). Contudo, independentemente disso, o efeito é o mesmo (com diferentes
intensidades), ou seja, ambos liberam uma carga elétrica que impossibilita a movimentação
dos músculos corporais até que o efeito cesse.
FONTE: <https://grupoalbatroz.com.br/blog/voce-sabe-o-que-sao-armas-nao-letais-e-
quando-utiliza-las>. Acesso em: 24 abr. 2021.
Por sua vez, Barbosa e Angelo (2001, p. 117) conceituam armas letais como
“uso de armas com grande probabilidade de produzirem danos graves ou mortes,
quando usadas contra um ser humano”.
114
TÓPICO 3 — A GESTÃO E O CONTROLE DOS DETENTOS
115
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
116
TÓPICO 3 — A GESTÃO E O CONTROLE DOS DETENTOS
117
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
118
TÓPICO 3 — A GESTÃO E O CONTROLE DOS DETENTOS
Não se pode olvidar que o uso da força, pelos agentes de segurança, dentre
os limites estabelecidos pela lei, constitui uma excludente de ilicitude, conforme
dispõe o Art. 23, do Código Penal:
A Lei de Execução Penal, no Art. 40, prevê, como um dos direitos dos
apenados, o respeito às integridades física e moral. Contudo, diante das frequentes
notícias de atos de abuso de autoridade e de tortura, envolvendo a utilização de
armamentos menos letais no âmbito do sistema prisional brasileiro, o Conselho
Nacional Dos Direitos Humanos – CNDH editou a Recomendação n° 12, de 16
de outubro de 2020, solicitando, ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, aos
vinte e seis Estados da Federação Brasileira e ao Distrito Federal, a elaboração
de regulamento a respeito do uso de armamentos menos letais pelas forças de
segurança pública no âmbito do sistema prisional.
119
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
FONTE: <https://outraspalavras.net/wp-content/uploads/2020/07/sistema-penitenciario.jpg>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
120
TÓPICO 3 — A GESTÃO E O CONTROLE DOS DETENTOS
NÍVEL I
NÍVEL II
• Isolar a área;
• Solicitar pessoal de apoio;
• Briga entre presos;
• Comunicar a chefia
• Posse de substâncias ou
imediata; • Garantir a segurança
objetos ilìcitos;
• Permanecer em observação; pessoal.
• Outros incidentes
• Em caso de substância ou
correlatos.
objeto, fazer a apreensão, se
possível.
NÍVEL III
122
TÓPICO 3 — A GESTÃO E O CONTROLE DOS DETENTOS
FONTE: <https://p2.trrsf.com/image/fget/cf/940/0/images.terra.
com/2014/03/20/02spchoqueinvadecpdgreveagentespenitenciariosfut.jpg>. Acesso em: 24 abr. 2021.
123
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
124
TÓPICO 3 — A GESTÃO E O CONTROLE DOS DETENTOS
FONTE: <https://esplanadagora.com.br/wp-content/uploads/2019/12/caes.jpeg>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
NOTA
Em 1956, a presença dos cães, nas operações policiais de São Paulo, chegou a ser
ameaçada pelo então governador Jânio Quadros, que pretendia fazer cortes nas despesas
públicas. Enviou, ao Comandante da Polícia Militar, um dos seus polêmicos bilhetinhos
(como eram chamados os memorandos, na época), com um recado nada amistoso:
“Faça os cães trabalharem ou dissolva a matilha”. Na mesma época, um caso ganhava
repercussão na mídia: o sequestro do menino Eduardo Jaime Benevides, o Eduardinho, de
apenas quatro anos, que desapareceu na porta de casa, em 17 de abril daquele ano. A busca
pela criança mobilizou um grande número de policiais e contou com o apoio dos cães da
Polícia Militar. A estrela do pastor alemão Dick brilhou mais forte e, após farejar o travesseiro
usado pelo garoto, levou o soldado Muniz de Souza até Eduardinho, que foi encontrado
com vida. Após a operação, o Canil Central, que corria risco de fechar, recebeu o merecido
reconhecimento e, tanto o soldado Muniz, quanto o cão Dick, foram promovidos a cabo.
Dick, ainda, foi condecorado com um busto e uma placa de bronze no Canil. Atualmente,
o Canil abriga um efetivo de 114 policiais e cerca de 40 cães com faro de justiça, das raças
pastor alemão, pastor-belga-malinois, pastor holandês, labrador e bloodhound.
125
UNIDADE 2 — GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
FONTE: <https://esplanadagora.com.br/wp-content/uploads/2019/12/caes-
herois-27112019112219945.jpeg>. Acesso em: 24 jun. 2021.
FONTE: <https://esplanadagora.com.br/noticias/destaque/caes-herois-uma-tropa-que-
tem-faro-de-justica>. Acesso em: 24 abr. 2021.
126
TÓPICO 3 — A GESTÃO E O CONTROLE DOS DETENTOS
LEITURA COMPLEMENTAR
FONTE: <https://www.migalhas.com.br/depeso/84150/privatizacao-dos-presidios>.
Acesso em: 25 jun. 2021.
127
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
128
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Instituições prisionais.
b) ( ) Instituições totais.
c) ( ) Instituições legais.
d) ( ) Instituições de recuperação penal.
129
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA BRASIL. 33 dos presos ainda aguardam julgamento no país. 2020.
Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/justica/
audio/2020-02/33-dos-presos-ainda-aguardam-julgamento-no-pais-e. Acesso em:
24 abr. 2021.
ALEXANDER, J. B. Armas não letais alternativas para o século XXI. São Paulo:
Ed. Condor, 2003.
130
BRASIL. Decreto n° 5.385, de 4 de março de 2015. Institui o Comitê Gestor de
Parceria Público-Privada Federal - CGP e dá outras providências. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5385.
htm. Acesso em: 24 abr. 2021.
131
BRESSER PEREIRA, I. C. G. Estado-Nação e a Revolução Capitalista. São Paulo:
FGV, 2016.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir – Nascimento da prisão. São Paulo: Ed. Vozes, 2021.
132
LOPES, R. Psicologia jurídica o cotidiano da violência: o trabalho do agente de
segurança penitenciária nas instituições prisionais. São Paulo: Malheiros, 1998.
UNODC. Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes. Regras Mínimas
das Nações Unidas para o Tratamento de Reclusos – Regras de Nelson
Mandela. 2021. Disponível em: https://www.unodc.org/documents/justice-and-
prison-reform/Nelson_Mandela_Rules-P-ebook.pdf. Acesso em: 24 abr. 2021.
133
134
UNIDADE 3 —
AS UNIDADES PRISIONAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
135
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade será dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
136
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3
OS PRESÍDIOS FEMININOS
1 INTRODUÇÃO
As prisões brasileiras são ocupadas pela quarta maior população
carcerária feminina do mundo. Segundo dados de 2018, fornecidos pelo
INFOPEN (Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias), que é o
sistema de informações estatístico do sistema carcerário brasileiro, em 2018,
eram 42 mil mulheres presas, fato que, por si só, torna relevante a discussão
acerca dos presídios femininos brasileiros. Uma soma de fatores impulsiona o
aumento do encarceramento feminino no Brasil nas últimas décadas, tornando
um enorme desafio garantir os direitos fundamentais das mulheres presas
quando consideradas as condições atuais dos presídios brasileiros, o que
justifica problematizar essa particularidade do sistema de segurança pública
(BRASIL, 2018).
137
UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
FONTE: <https://img.r7.com/images/arte-perfil-dos-presos-07082018205547453>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
138
TÓPICO 1 — OS PRESÍDIOS FEMININOS
Por sua vez, a Lei de Execução Penal, promulgada em 1984, que foi
recepcionada pela Constituição Federal de 1988, em harmonia e já estabelecendo
a separação dos presos em razão do sexo, mencionou, no Art. 82, § 1°, a imposição
da separação da presa mulher com o preso em estabelecimento próprio e adequado
à condição pessoal. Buscou-se, dessa forma, afastar violências de ordem sexual,
além da própria promiscuidade (AVENA, 2019).
139
UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
FONTE: <https://thumbs.jusbr.com/filters:format(webp)/imgs.jusbr.com/publications/
images/916735b51278a1b43e0f0b0b99b828fb>. Acesso em: 24 abr. 2021.
140
TÓPICO 1 — OS PRESÍDIOS FEMININOS
A prisão cautelar deve ser uma medida excepcional, devendo ser aplicada
apenas quando houver efetiva necessidade da segregação cautelar (PACELLI, 2019).
DICAS
141
UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
FONTE: <http://ittc.org.br/wp-content/uploads/2016/03/regras-de-bangkok-723x347_c.jpg>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
142
TÓPICO 1 — OS PRESÍDIOS FEMININOS
FONTE: <http://mulheresemprisao.org.br/wp-content/uploads/2015/09/tabela-site-
mulheresemprisao.jpg>. Acesso em: 24 abr. 2021.
143
UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
Regra 48
1. Mulheres gestantes ou lactantes deverão receber orientação de dieta
e saúde dentro de um programa a ser elaborado e supervisionado
por um profissional da saúde qualificado. Deverão ser oferecidos,
gratuitamente, alimentação adequada e pontual, ambiente saudável e
oportunidades regulares de exercícios físicos para gestantes, lactantes,
bebês e crianças (ONU, 2016, p. 34).
Por fim, é importante salientar que todos os direitos elencados no Art. 41,
da Lei de Execução Penal, também são aplicáveis às presas mulheres, quais sejam:
I – alimentação suficiente e vestuário; II – atribuição de trabalho e remuneração;
III – Previdência Social; IV – constituição de pecúlio; V – proporcionalidade na
distribuição do tempo para o trabalho, descanso e recreação; VI – exercício das
atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde
que compatíveis com a execução da pena; VII – assistência material à saúde,
jurídica, educacional, social e religiosa; VIII – proteção contra qualquer forma de
sensacionalismo; IX – entrevista pessoal e reservada com o advogado; X – visita
do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados; XI –
chamamento nominal; XII – igualdade de tratamento salvo quanto às exigências
da individualização da pena; XIII – audiência especial com o diretor do
estabelecimento; XIV – representação e petição a qualquer autoridade, em defesa
de direito; XV – contato com o mundo exterior por meio de correspondência
escrita, de leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral
e os bons costumes; XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob
pena da responsabilidade da autoridade judiciária competente.
145
UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
FONTE: <https://conselhodacomunidadecwb.files.wordpress.com/2018/05/infopen.png>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
146
TÓPICO 1 — OS PRESÍDIOS FEMININOS
Em alguns Estados das regiões Norte, Nordeste e Centro, como Acre, Rio
Grande do Norte, Sergipe, Pará e Tocantins, a população carcerária feminina,
entre 18 e 29 anos, superou o patamar de 70% da população total aprisionada.
147
UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
148
TÓPICO 1 — OS PRESÍDIOS FEMININOS
FONTE: <https://docplayer.com.br/docs-images/83/87708197/images/54-0.jpg>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
149
UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
O Art. 82, § 1°, da Lei de Execução Penal, determina que a mulher será
recolhida em estabelecimento prisional próprio e adequado à condição pessoal.
150
TÓPICO 1 — OS PRESÍDIOS FEMININOS
Como muito bem observado por Nucci (2019), a fim de assegurar o direito
à saúde para as apenadas, notadamente, no período de gravidez e no puerpério,
foi assegurado o acompanhamento médico à mulher presa e ao recém-nascido.
151
UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
O Art. 88, da Lei Execução Penal, dispõe que o condenado deve ser alojado
em cela individual, com dormitório, aparelho sanitário e lavatório.
152
TÓPICO 1 — OS PRESÍDIOS FEMININOS
154
TÓPICO 1 — OS PRESÍDIOS FEMININOS
155
UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
Cabe ressaltar que uma das iniciativas que servem, como exemplo, para
uma solução futura do sistema penitenciário do Brasil, foi a construção das
penitenciárias federais, já previstas na Lei de Execução Penal de 1984, concebidas
apenas a partir de 2006, com a construção da penitenciária federal, situada no
município de Catanduvas – PR.
156
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• A prisão cautelar deve ser uma medida excepcional, devendo ser aplicada
apenas quando houver efetiva necessidade de segregação cautelar.
157
AUTOATIVIDADE
158
c) ( ) Até o momento, as Regras de Bangkok não foram recepcionadas pela
legislação brasileira.
d) ( ) As Regras de Bangkok não foram recepcionadas pelo Código Penal
brasileiro.
4 Considere o breve texto que segue: “Analisando o perfil das detentas no país,
é possível observarmos que os mecanismos de opressão e os marcadores
sociais de seletividade do sistema penal se repetem em relação a mulheres
presas. Segundo dados do Infopen Mulheres, no que tange à faixa etária
das presidiárias, 25,22% delas possuem entre 18 a 24 anos, e, 22,11%, entre
25 a 29 anos, ou seja, 47,33% da população carcerária feminina é jovem.
Contudo, o recorte racial é ainda mais revelador: 63,55% delas se declaram
negras (somatório entre pardas e pretas), enquanto, apenas 35,59%,
brancas (dados de 2017). Comparando esses números ao da população
negra no Brasil, no mesmo ano, estimada em 55,4%, é possível perceber a
sobrerrepresentação da população negra no sistema prisional brasileiro”.
159
160
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Ao longo da história do Brasil, buscaram-se novas e eficazes medidas,
instrumentos legais e expressões que melhor pudessem responder ao desafio
social do jovem em conflito com a lei. “Reintegração social”, “ajustamento social”
e “reintegração socioeducativa” são alguns dos termos utilizados para rotular o
cumprimento de medidas aplicadas aos jovens em privação de liberdade.
161
UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
FONTE: <http://www.hgadvocacia.com/wp-content/uploads/2020/02/WhatsApp-Image-
-2020-02-21-at-18.39.03.jpeg>. Acesso em: 24 abr. 2021.
162
TÓPICO 2 — A REABILITAÇÃO SOCIOEDUCATIVA DOS JOVENS EM CONFLITO COM A LEI
Aos jovens com idade entre 14 e 17 anos, era prevista a aplicação das penas
“da cumplicidade”, assim como eram estabelecidas pelo Código Penal Imperial,
de 1830 (Art. 65).
163
UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
FONTE: <https://www12.senado.leg.br/noticias/imagens/copy_of_recorteok.jpg>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
164
TÓPICO 2 — A REABILITAÇÃO SOCIOEDUCATIVA DOS JOVENS EM CONFLITO COM A LEI
FONTE: <https://www.diariodepernambuco.com.br/static/app/
noticia_127983242361/2015/07/07/585086/20150707105059111420o.jpg>. Acesso em: 24 abr. 2021.
165
UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
166
TÓPICO 2 — A REABILITAÇÃO SOCIOEDUCATIVA DOS JOVENS EM CONFLITO COM A LEI
DICAS
Acerca da ideologia minorista, que, até os dias de hoje, está presente no cotidiano
brasileiro, sugere-se a leitura do texto O Minorismo Nosso de Cada Dia, de Humberto
Miranda, disponível em https://emporiododireito.com.br/leitura/o-menorismo-nosso-de-
cada-dia#:~:text=O%20menorismo%20nega%20as%20diferentes,sociodiversidade%20
e%20as%20culturas%20infantis.&text=%C3%89%20preciso%20se%20reinventar%20
enquanto,suas%20diferentes%20inf%C3%A2ncias%20e%20adolesc%C3%AAncias.
FONTE: <https://cadernodatata.com.br/wp-content/uploads/2020/03/23-1536x579.png>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
168
TÓPICO 2 — A REABILITAÇÃO SOCIOEDUCATIVA DOS JOVENS EM CONFLITO COM A LEI
169
UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
Para a aplicação, assim como para todas as demais, com exceção, como
visto, anteriormente, a partir da medida socioeducativa da advertência, é
necessária a comprovação de provas seguras da autoria e da materialidade da
infração pelo adolescente infrator, e não apenas indícios.
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UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
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UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
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TÓPICO 2 — A REABILITAÇÃO SOCIOEDUCATIVA DOS JOVENS EM CONFLITO COM A LEI
Por fim, cabe ressaltar que a motivação para o cometimento dos atos
infracionais é um tema extremamente complexo, com diversos estudos apontando
as principais causas, que, além do processo histórico mencionado, anteriormente,
podem ser incluídos, também, a evasão escolar, o valor econômico para gerar
renda, o vício etc.
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UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
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TÓPICO 2 — A REABILITAÇÃO SOCIOEDUCATIVA DOS JOVENS EM CONFLITO COM A LEI
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UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
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TÓPICO 2 — A REABILITAÇÃO SOCIOEDUCATIVA DOS JOVENS EM CONFLITO COM A LEI
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UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com as crenças; XIII
– proceder a estudos social e pessoal de cada caso; XIV – reavaliar, periodicamente,
cada caso, com intervalo máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à
autoridade competente; XV – informar, periodicamente, ao adolescente internado,
a respeito da situação processual; XVI – comunicar, às autoridades competentes,
todos os casos de adolescentes portadores de moléstias infectocontagiosas; XVII –
fornecer um comprovante de depósito dos pertences dos adolescentes; XVIII – manter
programas destinados ao apoio e ao acompanhamento de egressos; XIX – providenciar
os documentos necessários ao exercício da cidadania àqueles que não os tiverem;
XX – manter um arquivo de anotações, no qual constem data e circunstâncias do
atendimento, nome do adolescente, pais ou responsável, parentes, endereços, sexo,
idade, acompanhamento da formação, relação dos pertences e demais dados que
possibilitem a identificação e a individualização do atendimento.
186
TÓPICO 2 — A REABILITAÇÃO SOCIOEDUCATIVA DOS JOVENS EM CONFLITO COM A LEI
FIGURA 17 – DENÚNCIAS
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TÓPICO 2 — A REABILITAÇÃO SOCIOEDUCATIVA DOS JOVENS EM CONFLITO COM A LEI
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UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
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TÓPICO 2 — A REABILITAÇÃO SOCIOEDUCATIVA DOS JOVENS EM CONFLITO COM A LEI
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UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
FONTE: <https://radiomargarida.org.br/wp-content/uploads/Eca-Desafios-Infogr%C3%A1fico.jpg>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
192
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
193
• O Estatuto da Criança e do Adolescente foi instituído em consonância com o
disposto na Constituição Federal de 1988, que adota a Doutrina da Proteção
Integral, o Estatuto da Criança e do Adolescente e rompe os paradigmas,
até então, vigentes, acerca da “situação irregular”, do “assistencialismo”, da
“estatalidade” e da “centralização” das ações e das “funções anômalas” do
Poder Judiciário.
194
AUTOATIVIDADE
195
a) ( ) O Código de Menores de 1979 estabeleceu a diferença entre menor
abandonado e menor delinquente.
b) ( ) O Código de Menores de 1979 modificou o Estatuto da Criança e do
Adolescente, alinhando-o ao conceito de “menor”, da legislação penal.
c) ( ) O Código de Menores de 1979 adicionou a Doutrina de Proteção
Integral, adotada, até hoje, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
d) ( ) O Código de Menores de 1979 aboliu, definitivamente, a punição para
menores infratores.
FONTE: <https://mlu25.jusbrasil.com.br/artigos/450052432/eca-principios-orientadores-
dos-direitos-da-crianca-e-do-adolescente#:~:text=%C3%89%20dever%20da%20
fam%C3%ADlia%2C%20da,de%20coloc%C3%A1%2Dlos%20a%20salvo>. Acesso em: 24 abr. 2021.
196
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
As penitenciárias federais são estabelecimentos prisionais que diferem das
prisões brasileiras em relação ao perfil dos detentos, regras e taxas de ocupação.
Destinadas aos detentos submetidos ao Regime Disciplinar Diferenciado
não possuem histórico de rebeliões ou fugas nas unidades existentes. Nestes
presídios não há superlotação e, por questões de segurança, não são divulgados a
ocupação de cada unidade. Destinadas a chefes de facções criminosas, membros
de quadrilhas violentas, delatores que estão sob segurança e envolvidos em
tentativas de figa de presídios comuns, as unidades, em geral abrigam presos que
não podem ficar em unidades prisionais dos estados.
197
UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
FONTE: <https://www.gov.br/depen/pt-br/composicao/unidades-prisionais/penitenciaria-
federal-de-catanduvas-pfcat/quadro-pfcat-800x600.jpg>. Acesso em: 24 abr. 2021.
198
TÓPICO 3 — O SISTEMA PENITENCIÁRIO FEDERAL
DICAS
Desta forma, a Lei de Execução Penal, em seu artigo 86, § 1°, com redação
dada pela Lei n° 10.782/2003 estabeleceu as diretrizes para à criação dos presídios
federais, quais sejam: sua criação em local distante da condenação; destinados
para recolhimento de condenados; a respectiva transferência do estabelecimento
prisional estadual para o federal poderia dar-se no interesse da segurança pública
ou do próprio condenado.
199
UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
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TÓPICO 3 — O SISTEMA PENITENCIÁRIO FEDERAL
É necessário frisar que haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e
anterior previsão legal ou regulamentar além de ser sempre garantido ao preso o
direito de defesa, com os recursos a ele inerentes.
Por fim, a prática de falta grave que constituir fato previsto como crime
doloso que acarretar a subversão da ordem ou disciplina interna poderá sujeitar
o preso ao regime disciplinar diferenciado que será abordado no próximo tópico
desse estudo.
Como pode-se observar, uma das hipóteses prevê a inclusão dos presos
que estiverem submetidos ao Regime Disciplinar Diferenciado – RDD (art. 3.°,
inciso III do Decreto Federal n° 6.877/2009, BRASIL, 2009).
207
UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
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TÓPICO 3 — O SISTEMA PENITENCIÁRIO FEDERAL
209
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FONTE: <https://thumbs.jusbr.com/filters:format(webp)/imgs.jusbr.com/publications/
images/1fec92cc34f944db2b5d0b0c1d491072>. Acesso em: 24 abr. 2021.
210
TÓPICO 3 — O SISTEMA PENITENCIÁRIO FEDERAL
211
UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
[...] Uma instituição total pode ser definida como um local de residência
e trabalho onde um grande número de indivíduos com situação
semelhante, separados da sociedade mais ampla por considerável
período de tempo, levam uma vida fechada e formalmente
administrada (GOFFMANN, 1974, p. 11).
212
TÓPICO 3 — O SISTEMA PENITENCIÁRIO FEDERAL
É de bom alvitre que, o uso da força deve ser utilizado com base na
legislação vigente visando ao interesse público. Segundo Di Pietro (2003), o
denominado poder de polícia somente pode ser exercido quando não for possível
o emprego de outro meio eficaz para se alcançar o objetivo pretendido, não sendo
válido quando desproporcional ou excessivo.
213
UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
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TÓPICO 3 — O SISTEMA PENITENCIÁRIO FEDERAL
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UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
216
TÓPICO 3 — O SISTEMA PENITENCIÁRIO FEDERAL
LEITURA COMPLEMENTAR
Caroline Pestana
Maria Carolina Martinho de Oliveira
Mayara Prado Monteiro
Stella Mendes de Oliveira
Taisa Meloni Lopes
Introdução
217
UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
Essa Lei define, também, que homens e mulheres devem estar separados
em estabelecimentos carcerários femininos e masculinos. Todavia, não foi sempre
assim. A primeira prisão feminina do Brasil, Madre Pelletier, foi construída em
1937, em Porto Alegre. Até este momento, as mulheres eram obrigadas a serem
encarceradas junto a outros homens. Nestas situações, muitas delas foram
estupradas e sujeitas à situação de prostituição.
218
TÓPICO 3 — O SISTEMA PENITENCIÁRIO FEDERAL
Segundo dados, no Rio de Janeiro, apenas 4,7% das mulheres que chegam
à prisão não tem nenhum histórico anterior de violência, agressão ou vitimização.
Além disso, 95% dessas mulheres já sofreram violência ou quando eram crianças
(por parte dos responsáveis); ou quando adultas (por parte dos companheiros)
ou, ainda, quando foram presas (por parte dos policiais).
Dentro das prisões, o cenário não se faz diferente. Ainda no estado do Rio
de Janeiro, 68% das mulheres mantidas no Presídio Nelson Hungria admitiram
ter sofrido maus-tratos por parte dos policiais; entre estes maus-tratos constam:
espancamento, choques elétricos, abusos sexuais, ameaças de morte, suborno e
até afogamento.
Além das agressões por parte dos policiais e agentes penitenciários, a partir
dos conflitos internos entre as presas, muitas já foram violentadas ou violentaram
outras mulheres dentro do sistema carcerário. Essas agressões podem ser físicas
ou por meio de ameaças. Infelizmente, apesar de ilícita, essas práticas violentas e
agressivas dos policiais ocorrem diariamente, em todos os presídios, delegacias e
ocorrências do país.
219
UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
2.1 HIGIENE
220
TÓPICO 3 — O SISTEMA PENITENCIÁRIO FEDERAL
por exemplo, pois não fornecem o necessário às duas idas ao banheiro (diferente
dos homens, o sexo feminino precisa de mais papel até mesmo por questões
biológicas). Além disso, os utensílios podem ser vistos como moeda de troca
nas penitenciárias, pois, não havendo outros meios de consegui-los, realizam-se
permutas de acordo com um “valor” imposto pelas próprias presas. Produtos
utilizados para vaidade, como tintas de cabelo e shampoo, tem maior valoração
e são trocados por serviços de faxina e de cabelereiro realizados por elas dentro
das áreas do presídio.
“O poder público simplesmente ignora o fato de estar lidando com mulher e suas
necessidades e oferece o mesmo “pacote” do masculino, sem acesso a saúde e nenhum
cuidado com higiene. Tem se discutido muitos sobre o tipo de vida que essas mulheres
estão levando, não há cuidado algum com a menstruação (muitas usam miolo de pão como
absorvente), com a maternidade, entre outras especificidades femininas.” (1)
“Os problemas de saúde eram muito diferentes daqueles que eu havia enfrentado
nas prisões masculinas. Em vez das feridas mal cicatrizadas, sarna, furúnculos, tuberculose,
micoses e as infecções respiratórias dos homens, elas se queixavam de cefaleia, dores na
coluna, depressão, crises de pânico, afecções ginecológicas, acne, obesidade, irregularidades
menstruais, hipertensão arterial, diabetes, suspeita de gravidez. Afastado da ginecologia
desde os tempos de estudante, eu não estava à altura daquelas necessidades.” (2)
221
UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
Portanto, o que é prometido pelas leis e direitos humanos, algo que parece
banal para todos, não é vista da mesma forma pelos que vivem a realidade atrás
das grades. Assim, deve ser analisada e revista por todos, inclusive o Estado, para
que permita melhores condições, e sem luxo, mas humanitária dessas pessoas.
2.2 MATERNIDADE
“[...] O ato de gerar um filho neste período poderá́ acarretar efeitos adversos na
gravidez e, consequentemente, à criança que está sendo gerada. Deve-se considerar que
a gestação gera diversas alterações biopsicossociais na vida da mulher, aumentando a
probabilidade de haver prejuízos em virtude do aprisionamento. Parte-se do pressuposto
que a maternidade envolve a gestação, o parto e o vínculo estabelecido entre a mãe e o bebê,
e o próprio contexto em que a gestante está vivendo, dentre tantos outros fatores”. (3)
222
TÓPICO 3 — O SISTEMA PENITENCIÁRIO FEDERAL
223
UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
Por meio dos dados encontrados pela Infopen, na mesma data do tópico
anterior a raça, etnia e cor possuem um grande destaque ao choque racial, tendo
desproporção entre raças e cores gigantesca. Pelos dados pode perceber-se uma
predominância da cor negra, com presença de 68% nos cárceres femininos. 31%
são as mulheres brancas; amarelas revelam 1% da população; indígenas chegam
a quase 1%, mas com grande queda de números.
224
TÓPICO 3 — O SISTEMA PENITENCIÁRIO FEDERAL
Os números registrados não mentem que a cada três presidiárias duas são
negras, intercepta desta maneira a história da raiz sociocultural brasileira, que
mesmo após 120 anos do fim da escravidão a pobreza se concentra da raça negra,
e os mesmos buscam meios ilícitos para a vida econômica. A proporção de cada
raça muda de acordo com o estado da federação estudado, como por exemplo na
Bahia em que 92% do cárcere feminino é negra, e no Ceará, 92%.
Conclusão
A análise desses dados deixa claro que há uma falha por parte da
sociedade em relação a estas mulheres. Sendo a grande maioria mulheres jovens,
mães de família, baixa escolaridade. Ademais, estas mulheres não são apenas
provenientes de bairros pobres e situações de pobreza, mas também em sua
maioria negras, que lidam com o racismo diário de uma sociedade marcada pelo
histórico da escravidão, junto ao machismo que perpetua na sociedade brasileira.
O Estado, que deveria promover a igualdade, e outros princípios constitucionais
como a dignidade da pessoa humana, afinal tem suas ações promovidas por seres
humanos, que acabam por impetrar suas pessoalidades em seus trabalhos. Em
uma sociedade marcada pelo machismo, pelo racismo e pela desigualdade social,
o resultado é um número crescente de mulheres que se encontram em situações
degradantes e buscam uma saída no mundo do crime.
Fica claro que para fazer com que as normas aplicadas às mulheres que se
encontram no sistema penitenciário deixem de ser um meio de criação de um ideal
e promovam uma existência que respeite a dignidade da pessoa humana, há uma
necessidade de reforma nos presídios femininos para dar efetivo cumprimento
225
UNIDADE 3 — AS UNIDADES PRISIONAIS
FONTE: <https://carolpestana.jusbrasil.com.br/artigos/520995218/a-realidade-das-mulheres-no-
sistema-penitenciario-brasileiro>. Acesso em: 24 abr. 2021.
226
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Uma das hipóteses para inclusão dos presos nas penitenciárias federais é
estarem submetidos ao Regime Disciplinar Diferenciado – RD.
227
• As características do Regime Disciplinar Diferenciado também foram
substancialmente modificadas pela Lei n° 13.964/2019, possibilitando a duração
máxima do RDD para até dois anos, sem prejuízo de repetição da sanção por
nova falta grave de mesma espécie.
• O uso da força nas penitenciárias federais deve ser utilizado com base na
legislação vigente visando ao interesse público que segue os parâmetros
estabelecidos pela Organização das Nações Unidas, admitindo a utilização da
força necessária nos casos de desobediência, resistência ou tentativa de fuga,
entretanto, inibindo os excessos.
CHAMADA
228
AUTOATIVIDADE
229
4 Leia o texto a seguir:
FONTE: <https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/8147/Regime-disciplinar-
diferenciado-aspectos-historicos-e-criticos>. Acesso em: 24 abr. 2021.
230
REFERÊNCIAS
ABREU, M.; MARTINEZ, A. F. Olhares sobre a criança no Brasil: perspectivas
históricas. In: RIZZINI, I. Olhares sobre a criança no Brasil: séculos XIX e XX. 5.
ed. Rio de Janeiro: Editora Universitária Santa Úrsula, 1997.
231
BRASIL. Lei n° 13.434, de 12 de abril de 2017. Acrescenta parágrafo único ao Art.
292, do Decreto-Lei n° 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal),
para vedar o uso de algemas em mulheres grávidas durante o parto e em mulheres
durante a fase de puerpério imediato. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13434.htm. Acesso em: 24 abr. 2021.
232
BRASIL. Decreto n° 6.877, de 18 de junho de 2009. Regulamenta a Lei n°
11.671, de 8 de maio de 2008, que dispõe sobre a inclusão de presos em
estabelecimentos penais federais de segurança máxima ou a sua transferência
para aqueles estabelecimentos, e dá outras providências. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6877.htm. Acesso
em: 24 abr. 2021.
233
BRASIL. Lei n° 9.046, de 18 de maio de 1995. Acrescenta parágrafos ao Art. 83,
da Lei n° 7.210, de 11 de julho de 1984 - Lei de Execução Penal. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9046.htm. Acesso em: 24 abr. 2021.
234
BRASIL. Lei n° 4.242, de 5 de janeiro de 1921. Fixa a Despesa Geral dos Estados
Unidos do Brasil para o exercício de 1921. Disponível em: https://www2.camara.
leg.br/legin/fed/lei/1920-1929/lei-4242-5-janeiro-1921-568762-anexo-pl.pdf.
Acesso em: 24 abr. 2021.
MARCÃO, R. Curso de execução penal. 16. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
235
ONU. Organizações das Nações Unidas. Regras de Bangkok. Regras das
Nações Unidas para o tratamento de mulheres presas e medidas não privativas
de liberdade para mulheres infratoras. 2016. Disponível em: https://www.cnj.
jus.br/wp-content/uploads/2019/09/cd8bc11ffdcbc397c32eecdc40afbb74.pdf.
Acesso em: 24 abr. 2021.
PRADO, L. R. Curso de Direito Penal brasileiro. 17. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.
236