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» FLAVIO DE CAMPOS
Graduado em História pela PUC/SP
Mestre em História Social pela USP
Professor Doutor do Departamento de História da USP
Coordenador Científico do LUDENS (Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas
sobre Futebol e Modalidades Lúdicas)
Autor de livros didáticos e paradidáticos
» REGINA CLARO
Graduada em História pela USP
Mestra em História Social pela USP
Doutoranda Faculdade Educação da USP
Especialista em História e Cultura Africana e Afro-americana
Desenvolve projetos de capacitação para professores da rede pública em
atendimento à Lei 10.639/03
Autora de livros didáticos e paradidáticos
TÓRIA
2 MANUAL DO
PROFESSOR
Esta não é apenas uma coleção de História. É uma proposta de ensino que se
pretende questionadora, aberta e estimulante. É um convite que procura ajudar o
leitor a desenvolver uma postura crítica, dinâmica e construtiva na sua formação
educacional e diante da sociedade contemporânea.
Uma História plural, repleta de olhares cruzados e por vezes antagônicos: tal é
a base de uma proposta de ensino de História que alimente a prática de uma cida-
dania crítica, participativa e democrática.
Bons estudos!
Os autores
Sumário 5
Sumário 7
COMPETÊNCIAS HABILIDADES
Competência de área 1. H1 - Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais
Compreender os elementos acerca de aspectos da cultura.
culturais que constituem H2 - Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
as identidades.
H3 - Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos.
H4 - C
omparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre
determinado aspecto da cultura.
H5 - Identificar as manifestações ou representações da diversidade do
patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência de área 2. H6 - I nterpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços
Compreender as geográficos.
transformações dos espaços H7 - I dentificar os significados histórico-geográficos das relações de poder
geográficos como produto entre as nações.
das relações socioeconômicas
e culturais de poder. H8 - A
nalisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica
dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem
econômico-social.
H9 - C
omparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e
socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.
Os filmes contam histórias por meio de imagens, sons, Para interpretar uma imagem – obras de arte, fotos e
diálogos e efeitos especiais que conduzem o especta- ilustrações –, esteja atento a alguns procedimentos.
dor através de uma narrativa recheada de mensagens
1 O momento em que foi produzido. 1 Identifique o que está no centro e à frente na figu-
2 Seu diretor e país de origem, pois, além de ima- ra. Geralmente, é o que o autor da imagem procu-
gens, as películas também projetam características rou destacar.
e pontos de vista do presente sobre o passado. 2 Verifique os espaços laterais, aquilo que está
3 O tema do filme e seus personagens principais. mais longe do centro, ao fundo ou no alto.
4 O momento histórico em que transcorre a trama do 3 Note se há espaços fechados e espaços abertos.
filme. 4 Identifique todas as pessoas, animais, constru-
5 As mensagens transmitidas pelo filme e os pontos ções e demais figuras que compõem a imagem.
de vista expressados ao longo da sua narrativa. 5 Confira se há personagens ou figuras escondidas
ou encobertas.
6 Verifique as ações que estão sendo retratadas.
IMAGENS: DIVULGAÇÃO
10
MÁRIO YOSHIDA
O mapa é uma representação de determinado espaço AMÉRICA ESPANHOLA ANTES
geográfico, que utiliza texto e imagem. DAS INDEPENDÊNCIAS (1800)
OCEANO GLACIAL
ÁRTICO
Para os mapas, procure seguir estes procedimentos:
NEW BRUNSWICK
ou Á
re
oL D
das.
CA
Boston
Nova Iorque
Caiena
de
NOVA GRANADA
OCEANO
impérios ou outra divisão política no mapa. PACÍFICO
Assunção
Rio de Janeiro
-REINADO DO PERU
Possessões portuguesas
11 Analise o assunto e as informações trazidas pelo Possessões holandesas
ESCALA
0 1 325 2650 km
mapa ao tema desenvolvido no capítulo.
Fonte: Elaborado com base em SELLIER, J. Atlas de los pueblos de America.
Barcelona: Paidós, 2007.
Procedimentos metodológicos 11
12
Quadros Estante
interdisciplinares Dicas de livros para
Nesses quadros também aprofundar seus
são estabelecidas relações conhecimentos.
e contextualizações
com outras áreas do
conhecimento.
Mapeando o livro 13
Referências e índices
Dividida em: Bibliografia,
com as principais referências
bibliográficas utilizadas para
elaborar a coleção; Índice
de mapas e infográficos,
para uma busca rápida por
mapas, infográficos e tabelas
do livro; e Índice remissivo e
onomástico, para uma busca
rápida por nomes, conceitos e
temas mais importantes.
14
As fronteiras móveis
da Idade Média
DE OLHO nos
E
ssa introdução procura se constituir como uma espécie de
Conceitos
fronteira móvel entre o volume 1 e o volume 2 da nossa cole-
ção. Por um lado, recuperamos alguns conteúdos essenciais • Teocracia
que permitem uma utilização mais flexível, dependendo das neces- • Monoteísmo
sidades e características da programação curricular de cada escola e
de cada região do país. Por outro lado, a possibilidade de demarcar a
• Politeísmo
passagem do livro 1 para o livro 2 em capítulos diferentes revela uma • Feudo
característica peculiar do período estudado. • Senhorio
Trata-se de fronteiras móveis Por todas essas razões, há auto- • Expansão feudal
porque a questão de fundo é o pro- res que sustentam a existência de
• Protestantismo
cesso de transição do feudalismo
para o capitalismo e a demarca-
uma Longa Idade Média que só
teria se encerrado ao final do sécu- • Luteranismo
ção do fim da Idade Média e do iní- lo XVIII. • Anglicanismo
cio da Idade Moderna. O fim da Idade Média pode ser
• Calvinismo
Tal transição começou a se
desenhar a partir do século XIV e
demarcado no século XVIII com a
emergência da sociedade industrial. • Contrarreforma
só se completou na segunda meta- Ou então em 1492, com a chegada • Absolutismo
de do século XVIII, com a chama- de Cristóvão Colombo à América.
• Escravidão
da Revolução Industrial, com a
Ilustração e com a constituição de
A ruptura da cristandade ociden-
tal em 1517 com o início da Refor- • Tráfico negreiro
um conceito de soberania políti- ma Protestante pode servir de base
BIBLIOTECA REAL DE BRUXELAS, BÉLGICA
ca que daria sustentação aos regi- para essa delimitação. E até mesmo
mes liberais e constitucionais do a queda de Constantinopla em 1453.
século XIX. Qualquer uma dessas deli-
A rigor, tal transição combi- mitações oferece um conjunto de
na elementos feudais a elementos argumentos que merece ser con-
capitalistas. A conquista colonial siderado. Mas, de qualquer modo,
dos séculos XVI e XVII articula-se à o período que se estende entre os
expansão feudal dos séculos XI-XII séculos XV e XVIII apresenta uma
por suas motivações. A sociedade série de permanências e ruptu-
do Antigo Regime manteve muitas ras que o caracteriza como uma
características da sociedade feudal. época de transição e de fronteiras
O Estado absolutista pode ser defi- móveis, que a interpretação his-
Mapa-múndi, atribuído a Simon
nido como um Estado feudal em tórica deve demarcar através da Marmion. Iluminura, extraída do
função da sua natureza social. reflexão e da argumentação. manuscrito La fleur des histories,
Jean Mansel 1459-1463. (detalhe)
15
16
MÁRIO YOSHIDA
submeteram cartagineses e gregos transformando o mar
ÁFRICA (IV MILÊNIO a.C.)
Mediterrâneo em mare nostrum (nosso mar). Ou seja, um
Ri
oT
mar no interior de suas províncias.
M a r M M
Entretanto, uns e outros ocuparam as bordas da Áfri-
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ca do Norte. Os cartagineses se mantiveram nas planí-
IA
popu
populações
pop cies, sem chegar a penetrar o deserto, que continuava a
Ri
saarianas
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ser território de formações sociais que se desenvolviam
ar
Saara:
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Saar a: processo
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so de desertificação 6000-2500 a.C.
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Península
Pennín
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autonomamente.
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Arábica
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No grande Império construído por Alexandre, o Gran-
o Branco
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Lago Chade
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Nil
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Ní
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de, o Egito, apesar de derrotado militarmente e incorpora-
Azu
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Nil
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Planaltos
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nalto
alto
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Etí
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E
Ettí
tío
tío
íoppe
pes
Etíopesess
e
do politicamente, continuava a irradiar saberes através da
OCEANO
Rio
Congo cidade de Alexandria, considerada a capital intelectual do
ATLÂNTICO pigmeus
mundo mediterrânico.
Limite de expansão o Vitória
Lago ria
do pastoreio
OCEANO
OCEANO
Mas os gregos, com esforço, atingiram a primeira cata-
Núcleos urbanos
caçadores-coletores
ÍNDICO rata. Para além, seguindo o curso do Nilo, florescia o Reino
Agricultura
de Kush e Meroé (284-266 a.C.), que se consolidou como
R
CA
Transição caça-coleta Rio Zambez
para agricultura ÁS
a capital do reino, onde as mulheres de sangue real deti-
e
G
DA
caçadores-coletores
Caça-coleta
MA
Deslocamentos
Deserto do
Kalahari nham o poder. No nordeste, a partir do século I a.C., nos
Cataratas Rio Orange ESCALA planaltos, nascia outra grande potência, o Reino de Axum.
pigmeus Povos 0 1 310 2620 km
Na confluência entre os rios Níger e Benué e o lago
Fonte: Elaborado com base em ADE AJAYI, J. F.; CROWDER, M. Historical Atlas Chade, florescia uma cultura que se caracterizou pela
of Africa. Essex: Longman, 1985; BLACK, J. World history atlas. London: Dorling produção de refinada arte estatuária de terracota. Os
Kindersley, 2008; JOLLY, J. L'Afrique et son environnement européen et asiatique.
Paris: L'Harmattan, 2008. povos de língua bantu que haviam iniciado sua longa
expansão rumo ao sul do continente, chegavam à região
África e o mundo mediterrâneo: fenícios, em torno dos grandes lagos. Na África austral, caçado-
gregos e romanos res coletores mantinham o mesmo modo de vida de seus
As riquezas do Egito atraíram para a África dois dos mais ancestrais do Período Neolítico.
importantes povos marítimos e mercantis do mar Mediter- OH_RECAP_p17b
MÁRIO YOSHIDA
râneo oriental, os gregos e os fenícios. ÁFRICA (250 a.C.)
Por meio das trocas comerciais entre Creta e Egito,
comunidades gregas passaram a estabelecer colônias, a Tingis Cartago
Berbere Tiro
iro
Cyrene
partir do século VII a.C., nos vales férteis da Cirenaica. Os re
na
ica Gaza
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a
Ci
Alexandria
grandes concorrentes dos gregos no comércio mediterrâ- S a a r a
R
io
Garama Península
Arábica
gos ao litoral da Síria e do Líbano, região habitada por povos
de língua semita. Os fenícios utilizaram o mar como alter- Adulis
Rio
Djenné
Meroé
Ní
Povos do
r
Atlântico
Ocidental
posição privilegiada, passaram a servir de intermediários
Nok
Núcleo Povos
Nilóticos
comerciais entre as sociedades da Mesopotâmia e do Egito. Bantu
ATLÂNTICO
Domínio ptolomaico ÍNDICO
Co
Reino de Kush
io
R
acompanhando o litoral africano. Reino de Axum
Expansão Bantu
terizaram-se pela consolidação de uma cultura mestiça de (500-250 a.C.)
Regiões auríferas
origem fenícia e berbere. Dessa inter-relação surgiu uma O
Oásis
Ri
o Limp
op
Khoisan
o
Mas, enquanto os cartagineses se expandiam e domi- Fonte: Elaborado com base em ADE AJAYI, J. F.; CROWDER, M. Historical Atlas
navam a costa oeste da África setentrional, os gregos se of Africa. Essex: Longman, 1985; BLACK, J. World history atlas. London: Dorling
Kindersley, 2008; SMITH, S. Atlas de L'Afrique. Un continent jeune, révolté,
estabeleciam na costa leste. Posteriormente, os romanos marginalizé. Paris: Autrement, 2005.
Recapitulando 17
Mauro
Númida Magna
terrâneo
Alexandria
Tiro ÁSIA
interior das planícies centrais da África do Norte. Poste-
Gétulo
Farfúsio
Líbio Nasamão
EGITO
Petra
riormente, quando os povos Berbere passaram a criar
Península
Garama
Tebas Arábica
camelos e desenvolveram rotas pelo interior do deserto, os
Berenice Para
Índia comerciantes judeus se estabeleceram onde as caravanas
Tichitt-Walata
Djenné
Para
transaarianas tinham seus pontos de encontro.
Meroe
Kumbi Saleh
Soninké Lago Chade
Sennar
Adulis
Axum
Índia
Enquanto o judaísmo aparecia como uma religião das
Núcleo
Povos
Nilóticos
Avalitae Emporium
rotas de comércio, o cristianismo foi também uma religião
Povos do Atlântico
Bantu Para
Ocidental
Zanzibar de agricultores estabelecidos no campo. Quando o Egito
foi submetido pelos romanos, a aceitação do cristianismo
OCEANO como religião oficial do Império Romano contribuiu para a
ATLÂNTICO OCEANO
Pigmeu ÍNDICO propagação da nova religião nas províncias africanas.
A partir do Egito, o cristianismo se expandiu para o sul,
pelo curso do Nilo, por volta do século V d.C. Para além das
fronteiras do Egito, nos planaltos etíopes, o rei de Axum tor-
Império Romano Khoisan
Império de Kush nou-se o primeiro a se converter ao cristianismo, mas o nasci-
Confederação Garamante
Reino de Axum
mento lendário desse reino se reporta ao judaísmo.
Pigmeu
ESCALA
Segundo a tradição, a poderosa rainha de Sabá, cujos
Khoisan
Rotas transaarianas
0 1135 2 270 km domínios se estendiam dos planaltos etíopes, Sudão, Ará-
Principais direções
do tráfico do ouro Fonte: Elaborado com base em ADE AJAYI,
bia, Síria até as regiões da Índia, foi a Jerusalém a convi-
Expansão Bantu J. F.; CROWDER, M. Historical Atlas of Africa. te do rei Salomão. Lá estabeleceram relações comerciais.
Expansão dos povos nilóticos Essex: Longman, 1985; BLACK, J. World history
Limite sul do deserto atlas. London: Dorling Kindersley, 2008; JOLLY, A rainha controlava o comércio de ouro, marfim, ébano,
Minas de ouro J. L’Afrique et son environnement européen et pedras preciosas, óleos e especiarias.
Rotas comerciais asiatique. Paris: L’Harmattan, 2008; SMITH, S.
Estradas romanas Atlas de L’Afrique. Un continent jeune, révolté, Logo que voltou para seu reino, a rainha teria tido um
Salinas
marginalizé. Paris: Autrement, 2005.
O
Oásis filho, a quem deu o nome de Menelique. Menelique teria
C
Caravana
Soninké Povos sido educado sob as leis de Moisés e teria retornado ao
Reino de Axum com uma réplica da Arca da Aliança do
África: confluência de religiões Grande Templo de Jerusalém.
Por volta do século III d.C., através de seu porto de Adu-
Formou-se no Egito umas das primeiras experiências de
monoteísmo, de que se tem notícia na história da humani- lis, o Reino de Axum teve por algum tempo poder suficien-
dade. Por volta do século XIV a.C., subiu ao trono um jovem te para alargar seus domínios no mar Vermelho até o Iêmen.
faraó chamado Amenotep IV, responsável por uma reforma Os comerciantes árabes faziam de Adulis o principal porto
religiosa que abalou o Império egípcio. Amenotep IV insti- do mar Vermelho e do oceano Índico desde o século III a.C.,
tuiu a crença na existência de um único deus, o deus Aton, para o comércio com os gregos de Alexandria, cuja presença
que significava “disco solar”. O faraó posteriormente mudou introduziria o cristianismo no reino. No século IV d.C. o reino
seu nome para Akhenaton (“deus está satisfeito”). Decretou alcançou o auge de seu poder e converteu-se ao cristianismo.
que todos os egípcios, incluindo sírios, palestinos e núbios, No século V d.C., a cristandade do Império Romano na
que estavam sob o domínio do Egito, adorassem somente ao África sofreu uma grande investida. Povos vândalos cru-
deus Aton e nomeou-se como o único capaz de interpretar a zaram o Estreito de Gibraltar a partir da Espanha e promo-
vontade divina. Proibiu o culto de todos os outros deuses, até veram uma grande desordem para leste até Cartago, onde
mesmo o do popular Osíris, rompendo, assim, com tradições estabeleceram um principado que duraria um século.
e costumes milenares. Mas o reinado de Akhenaton durou Mas a expansão da cultura cristã na África foi inter-
somente dezessete anos e, depois de sua morte em 1358 a.C., rompida com o surgimento e expansão de outro movimen-
a nova religião foi aparentemente abandonada. to religioso que dominou boa parte do mundo conhecido.
18
MÁRIO YOSHIDA
ÁFRICA (1000 d.C.)
Córsega EUROPA
Sardenha
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Tuaregue
Nilo
Siraf Hormuz
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Murzuk
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Lamtuna Kufra Medina
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Idjil Ghat Faras
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Sanhadja Muscat
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Mande NÚBIA
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Juba
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Oromo
Mundo islâmico
Mogadíscio
Capital do Império
Lago
Comunidade em processo Vitória
de islamização o
Ka
sai Malindi
ng Lago
Reinos cristãos da Núbia e Etiópia Co Tanganica
Mombasa OCEANO
Zanzibar
Cidades ÍNDICO
Bantu Kilwa
Regiões auríferas
Lago
Soninké Ambilobe
Wolof Povos Malawi
Fonte: Elaborado com base em SMITH, S. Atlas de l'Afrique. Paris: Autrement, 2005.
Recapitulando 19
MÁRIO YOSHIDA
ram variadas maneiras de expe- ÁFRICA (SÉCULO XV)
rimentar o sagrado, que eram
passadas de geração a geração E U R O P A
Go
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de muitas divindades (politeís- 1434
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Pé
Cabo Branco Berbere rsic
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1441
mo), atribuíam alma às forças Tubu EGITO
Berbere M Península
ar
da natureza (animismo) e trans- Arguim
1443
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Arábica
Tuaregue
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formavam determinados objetos Fula
Senegal Jalofo Tucolore CIDADES HAÚSSA MAKURIA
o
KAKONGO Mombaça
Os Ioruba, por exemplo, a Iaca
Swa
NDONGOImbangala Bemba
passaram a cultuar inúmeras ÍNDICO
C ida
20
1 As pinturas apresentam uma hierarquia. Geralmente, História Moderna da Universidade de Oxford, Hugh
faraós, rainhas e membros da nobreza são retrata- Trevor-Roper, em uma série de ensaios, sentenciou:
dos com cabeça, quadril, pernas e pés em perfil,
“Pode ser que, no futuro, haja uma história da África
enquanto o torso e olhos são retratados de frente.
para ser ensinada. No presente, porém, ela não exis-
Outros integrantes da sociedade egípcia são retra-
te; o que existe é a história dos europeus na África.
tados geralmente em posições mais naturais e, por
O resto são trevas e as trevas não constituem tema
vezes, totalmente de perfil. Figuras da realeza são de história. O mundo atual [...] está a tal ponto domi-
retratadas em posição estática; em contraste, tra- nado pelas ideias, técnicas e valores da Europa oci-
balhadores em geral e escravizados são comumen- dental que, pelo menos nos cinco últimos séculos, na
te mostrados em ação (colhem uvas, caçam pássa- medida em que a história do mundo tem importância,
ros, aram a terra, tocam e dançam). Independente é somente a história da Europa que conta. Por conse-
de classe social, as mulheres eram retratadas com a guinte, não podemos nos permitir divertirmo-nos com
pele mais clara, uma vez que viviam dentro de casa, o movimento sem interesse de tribos bárbaras nos
enquanto os homens, incluindo os reis, eram retrata- confins pitorescos do mundo, mas que não exerceram
dos com pele escura, própria da vida fora de casa. Na nenhuma influência em outras regiões”.
cena a seguir são retratados indivíduos de diferentes
posições dentro da hierarquia social egípcia: nobres, Apud FAGE, J. D. “A evolução da historiografia da África”.
In: História Geral da África. Metodologia e Pré-História
serviçais e músicos. Com base na observação da ima- da África. v. I. São Paulo: Ática/Unesco, 1982. p. 51.
gem, responda:
a) O historiador Trevor-Roper nega a existência de
uma historicidade própria dos povos do conti-
MUSEU BRITÂNICO, LONDRES, INGLATERRA
Recapitulando 21
22
Recapitulando 23
Faça
Atividades → conforme tabelas das páginas 8 e 9. em se
cadernu
o
O mês de março, Barthélemy van Eyck. Marido e esposa trabalham no comércio de ouro,
Iluminura extraída do manuscrito As mui ricas anônimo. Iluminura, século XV. (detalhe)
horas do Duque de Berry, 1416-1440.
a) Quais são as atividades econômicas retratadas c) Considerando essas imagens, como se pode
em cada uma das imagens? → DL/H1/H2 caracterizar o feudalismo do ponto de vista
b) Em que tipo de ambientes tais atividades se econômico? Justifique sua resposta.
desenrolam? → DL/H1/H2 → DL/CF/H1/H2/H16/H19
24
Recapitulando 25
A DIFUSÃO DA REFORMA NO SÉCULO XVI Outro instrumento importante da Reforma Católica foi
a Companhia de Jesus, fundada em 1534 pelo espanhol
Inácio de Loyola (1491-1556). Seus membros, os jesuí-
tas, seguiam uma rígida disciplina, que lembrava a das
organizações militares, e destacaram-se por seu papel mis-
sionário na América, África e Ásia, e pela ação educativa
desenvolvida em seus colégios.
Outra marca fundamental da Reforma Católica foi a
manutenção da presença das imagens nas igrejas. Enquan-
ESCALA to na cultura protestante a pintura religiosa era proibida,
0 400 800 km as imagens católicas valorizavam a dramatização da fé.
A disputa por fiéis levou, ao longo do século XVI, os
cristãos de diferentes correntes a se envolverem em guer-
ras, que, além das motivações religiosas, traziam à tona as
divergências entre os grupos sociais (burgueses, campo-
neses, nobres e clérigos), bem como os interesses expan-
Principais centros de difusão da Reforma
sionistas e comerciais dos Estados europeus. Foi o período
Luteranismo Áreas atingidas pelo protestantismo
Anglicanismo Áreas de preponderância católica das chamadas guerras de religião.
Outros centros Áreas retomadas pela Contrarreforma
Áreas de maioria protestante, mas com
Calvinismo forte minoria católica
Fonte: Elaborado com base em DUBY, G. Atlas historique. Paris: Larousse, 1987.
Guerras de religião
A Reforma Católica ou a Contrarreforma Nesse quadro, François Dubois representa o massacre inicia-
do em Paris em 24 de agosto de 1572 e que se estendeu por
Com a Reforma Protestante, que retirou do controle da meses por diversas cidades francesas. Calcula-se que mais de
Santa Sé milhares de seguidores na Inglaterra, França, atual 30 mil calvinistas franceses tenham sido mortos nesses con-
Alemanha, Holanda e diversas outras partes da Europa, o flitos que foram planejados pelo poder monárquico e acaba-
poder pontifício apoiou-se fundamentalmente sobre Espa- ram por acentuar o ódio entre católicos e protestantes.
nha e Portugal. A vinculação entre a Igreja de Roma e as
MUSEU DE BELAS ARTES, LAUSANNE, SUÍÇA
26
1 Leia quatro das 95 teses propostas por Lutero: Anteriormente, o trabalho fazia parte das ativida-
des pertencentes à vida material; ele se impunha por-
21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências
que, de uma forma ou de outra, não se podia dispen-
que afirmam que a pessoa é absolvida de toda
pena e salva pelas indulgências do papa. sá-lo; mas, como atividade temporal, nenhuma rela-
ção tinha com a salvação eterna ou com a vida espi-
27. Pregam doutrina mundana os que dizem que,
ritual. Para o calvinismo, ao contrário, o trabalho,
tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a
alma sairá voando. considerado uma vocação, torna-se atividade religio-
sa. Importa trabalhar, custe o que custar, haja ou não
33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que
necessidade de prover seu sustento, porque trabalhar
dizem serem as indulgências do papa aquela
inestimável dádiva de Deus através da qual a é uma ordem de Deus”.
pessoa é reconciliada com Ele. WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo.
52. Vã é a confiança na salvação por meio de cartas São Paulo: Pioneira, 1996. p. 53.
de indulgências, mesmo que o comissário ou a) Enumere elementos do calvinismo que sirvam
até mesmo o próprio papa desse sua alma como para justificar a tese de Weber. → DL/CF/H1/H2
garantia pelas mesmas. b) Agora, enumere elementos que justifiquem a
Disponível em: http://www.espacoacademico.com.br/ posição daqueles que defendem que o desen-
034/34tc_lutero.htm. Acesso em: 12 abr. 2016. volvimento do capitalismo teria gerado o calvi-
nismo. → DL/CF/H1/H2/H4
a) Que posição Lutero assume em relação às indul-
gências? → DL/CF/H1/H2 3 Na escultura abaixo, o artista Bernini retratou
b) Analise duas características do luteranismo. Santa Teresa (1515-1582), fundadora de vários
mosteiros. Santa Teresa tinha visões e experiên-
→ DL/CF/H1/H2
cias místicas repletas de dor, emoção e fervor reli-
2 Ao longo da história, criou-se uma controvérsia gioso. Procure interpretar a escultura com base nas
sobre como se relacionam o Calvinismo e o capita- ideias da Reforma Católica. → DL/CF/CA/H1/H2
lismo. A discussão popularizou-se a partir do estudo
Recapitulando 27
28
1 A interpretação do passado é cheia de polêmicas. Em cas, nem como grupo de pensadores da economia com
torno do absolutismo, visões distintas alimentaram uma filosofia comum. De fato, sob a definição de mer-
discussões acaloradas. cantilismo foram reunidos pelos críticos diferentes
autores e diferentes políticas econômicas, com pouco
Para o sociólogo grego Nicos Poulantzas (1936-1979), em comum a não ser o fato de pertencerem a países
“[...] do ponto de vista do Estado, o estágio inicial da absolutistas.
transição do feudalismo para o capitalismo consiste no
fato de comportar um Estado com traços marcadamen- As teorias e práticas mercantilistas estão inseri-
te capitalistas”. das no contexto da transição do Feudalismo para o
Capitalismo, possuindo ainda características mar-
POULANTZAS, Nicos. Poder político e classes sociais.
Trad. São Paulo: Martins Fontes, 1977. p. 204.
cantes das estruturas econômicas feudais e já diver-
sos fatores que serão mais tarde identificados com
a) Que características do absolutismo justificariam
características capitalistas, não sendo nenhum dos
a posição de Poulantzas? → DL/CF/H1/H2
dois sistemas, no entanto. O termo mercantilismo defi-
O historiador inglês Perry Anderson (1938-) discorda ne os aspectos econômicos desse processo de transi-
da posição de Poulantzas. Leia o trecho com sua ção. Se o mercantilismo tem sua contraparte política
posição: no Estado absoluto, no campo social tem relação com
“Essencialmente, o absolutismo era apenas isto: um a estrutura social comumente conhecida como socie-
aparelho de dominação feudal recolocado e reforçado, dade do Antigo Regime. [...]
destinado a sujeitar as massas camponesas à sua posi- Muitas vezes, a definição de mercantilismo vem acom-
ção social tradicional [...]: ele era a nova carapaça polí- panhada de um esboço das principais práticas do
tica de uma nobreza atemorizada.” período, como o metalismo, a balança comercial favo-
ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado absolutista.
rável e o protecionismo. Mas devemos ter cuidado com
Trad. São Paulo: Brasiliense, 1998. p. 18. o anacronismo ao abordar essas práticas. O metalis-
mo, por exemplo, é definido frequentemente como
b) Qual a discordância de Anderson em relação a
uma concepção que atrelava a riqueza de um Estado
Poulantzas? → DL/CF/SP/H1/H2/H4
à quantidade de metais preciosos por ele acumulado.
c) Que características do absolutismo justificariam
Mas o metalismo, que como prática econômica pre-
a opinião de Anderson? → DL/CF/H1/H2
dominou sobretudo na França e na Espanha do sécu-
2 A centralização favoreceu a forte intervenção esta- lo XVI, dificilmente queria dizer que riqueza era igual
tal da economia, característica central do que cha- à moeda acumulada. As concepções metalistas [...]
mamos de mercantilismo. Leia o texto abaixo sobre interpretavam a moeda como um meio para obter
o tema. riqueza em terras e em títulos, não a riqueza finan-
ceira em si. Para a mentalidade capitalista, moeda e
“A definição mais aceita de mercantilismo informa que
riqueza são sinônimos, mas não para a mentalidade
esse termo compreende um conjunto de ideias e práti-
barroca do Antigo Regime. Essa diferença pode pare-
cas econômicas dos Estados da Europa ocidental entre
cer sutil, mas é a distinção entre interpretar as práti-
os séculos XV, XVI e XVII voltadas para o comércio, prin-
cas em seu significado original, ou atribuir-lhes signi-
cipalmente, e baseadas no controle da economia pelo
ficados que elas nunca tiveram, e estão mais em con-
Estado. Mercantilismo dá nome, nesse sentido, às dife-
sonância com nossa realidade atual. [...]”
rentes práticas e teorias econômicas do período do
absolutismo europeu. SILVA, K. V. e SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos.
São Paulo: Contexto, 2006. p. 283-284.
Mas tal conceito não existiu no período mesmo que cha-
a) De que forma se institui o nome mercantilismo?
mamos de mercantilista. Na verdade, a palavra mercan-
tilismo só começou a ser usada pelos economistas clás- → DL/CF/H1/H2
sicos do final do século XVIII para se referir às rígidas b) Retire do texto as principais características do
práticas de intervenção do Estado na economia, práti- mercantilismo. → DL/H1/H2
cas que eles consideravam danosas e às quais faziam c) Explique a ressalva feita ao metalismo.
severa oposição. Assim, o mercantilismo não existiu → DL/CF/H1/H2
como um conjunto coeso de ideias e práticas econômi-
Recapitulando 29
30
A+ COMUNICAÇÃO
como sendo o mesmo fenômeno. A escala do tráfico interna- TRÁFICO NEGREIRO (em milhares de pessoas)
anos
cional de escravos marcou o estabelecimento de uma rede
1526-1550
gigantesca de comércio de seres humanos (o tráfico negrei-
1551-1575 Antilhas francesas
ro) e da montagem de um sistema produtivo assentado na
1576-1600 América britânica e Estados Unidos
escravidão (o escravismo) no continente americano.
O escravismo marcou decisivamente a história huma- 1601-1625 América espanhola
na. Na América, eixo da conquista colonial, tornou-se o 1626-1650 Brasil
instrumento de produção de riquezas. Mais ainda: foi em 1651-1675
torno desse sistema que se lançaram as bases da organiza- 1676-1700
OH_V1_C10_m05
ção social da maior parte do continente. Desde os primeiros
1701-1720
tempos da conquista até o século XIX, a escravidão tornou-
-se a base das relações de trabalho no Brasil. Suas conse- 1721-1740
AMÉRICA
nente porDOeuropeus. Na região da Costa do Ouro, diversos O
TO Alexandria
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NORTE MA NO fo
1831-1850
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povos passaram a trocar ouro e cativos por armas de fogo
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Península
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com as quais Havana
ampliaram o negócio de escravos
OCEANO e expandi-
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30
40
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60
70
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OH_V1_C10_m05
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ram os territórios sob o seu controle. Os reinos de Achanti,
ATLÂNTICO
o
Fonte: Elaborado
KAARTA AIRcom base em ALENCASTRO, L. F. O trato dos viventes. São Paulo:
WALO
Antilhas
tilhas Cia.SEGU
das Letras, 2000. p. 43. FUNJ
KAABU FUTA S a h e l QUADAI KORDOFAN
Cacheu TORO ESTADOS CIDADES
FUTA KONG MOSSI HAÚSSA BORNU DARFUR ETIÓPIA
MÁRIO YOSHIDA
JALLON BORGU
O TRÁFICO NEGREIRO (SÉCULO XVIII) ACHANTI OYO SHILLUK
DAOME
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São Luís São Jorge
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PACÍFICO
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KASSANJE
Península
Benguela KALONGA Arábica
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Buenos ATLÂNTICO
o
Recapitulando 31
1 Quais são as diferenças entre escravidão e escravis- c) Quais modalidades de trabalho obrigatório
mo? → DL/CF/H1/H2 foram utilizadas pelos espanhóis na América?
→ DL/CF/H1/H2
2 A imagem abaixo se refere a atividades desenvolvi-
das em Potosí, Bolívia, durante o período colonial. 3 Leia o texto abaixo com atenção:
Observe a imagem com atenção: “Na sua estratégia de evangelização dos índios, os
jesuítas entram em conflito com os colonos, com o epis-
BIBLIOTECA JOHN CARTER BROWN, UNIVERSIDADE
DE BROWN, PROVIDENCE, ESTADOS UNIDOS
32
10
1 Inglaterra e Portugal:
destinos cruzados
DE OLHO nos
R
evoluta saecula. Essa expressão não significa "o século das Conceitos
revoluções", como pode parecer à primeira vista. Na verdade,
quer dizer "os séculos passados". A palavra revolução come- • Revolução
çou a ser utilizada no século XVI para descrever o movimento regu- • Cercamentos
lar das estrelas estudado por Nicolau Copérnico no seu livro Das revo- • Proletariado
luções das esferas celestes. Nessa obra, publicada no ano da sua morte,
em 1543, Copérnico defende a concepção heliocêntrica e afirma que • Sociedade civil
o planeta Terra cumpria uma revolução em torno do Sol, ou seja, um • Antigo Sistema
movimento orbital de retorno periódico em volta desse astro. Rompia, Colonial
dessa forma, com a visão geocêntrica, sustentada durante séculos. • Messianismo
Do mesmo modo, na Geometria, Entre revoluções e restaura- • Sebastianismo
na física e na medicina, o sentido do
termo "revolução" é de um movimen-
ções, os movimentos sociais pas-
saram a ser nomeados de mui- • Utopia
to circular, do retorno a uma posi- tas maneiras: revoltas, rebeliões,
ção inicial, do fim de um ciclo. A par- levantes, insurreições, conjurações,
UNIVERSIDADE DE UTRECHT, HOLANDA
tir dos acontecimentos transcorridos inconfidências, golpes de Estado.
no século XVII, com as Revoluções A história dos movimentos sociais
Inglesas, a palavra "revolução" pas- foi marcada por tais denominações,
sou a ser utilizada para caracterizar muitas vezes imprecisas.
determinados acontecimentos políti- No século XVII, revolução e res-
cos. Ainda nesse período, referia-se à tauração eram termos ainda muito
ideia de retorno a um estado de coisas semelhantes. No entanto, as Revo-
que havia sido modificado por abu- luções Inglesas e a Restauração Por-
sos e desmandos de um determinado tuguesa (ambas iniciadas em 1640)
governante. Ou seja: uma restaura- foram muito diversas. A primeira
ção, um movimento de retomada de representava um conjunto de trans-
uma situação do passado. formações profundas em termos
O conceito de revolução como econômicos, sociais e políticos. A
mudança drástica e ruptura com o segunda, em Portugal, significou a
passado só se consolidaria ao longo restauração da autonomia monár-
do século XVIII com a Ilustração e quica com o fim da União Ibérica
com a Revolução Francesa. De certo (1580-1640), mas não acarretou
modo, um tributo a Copérnico, que, mudanças drásticas na sociedade
ao identificar um movimento cícli- lusitana. Curiosamente, foi a partir
co da Terra, estabelecia uma profun- desses acontecimentos que a histó-
da ruptura com relação aos conheci- ria de ambos os Estados começaria Planisfério de Copérnico. Cosmografia
extraída de Harmonia Macrocósmica,
mentos até então reconhecidos. Uma a se entrelaçar profundamente. Andreas Cellarius, Amsterdam, Ed.
verdadeira Revolução Científica. Johannes Janssonius, 1660. (detalhe)
33
O
Estado absolutista inglês era composto por duas instituições concor-
◀ ANOS
Revoluções rentes e complementares. Desde o século XIII, a Coroa, expressão da
Inglesas autoridade real, e o Parlamento, assembleia representativa das pro-
1534 víncias do reino, dividiam as funções de comando. À monarquia cabia o exer-
Ato de Supremacia. ▾
cício do governo. Ao Parlamento, o controle sobre a tributação e a aprovação
A católica Maria Tudor 1553
sobe ao poder. ▾ de qualquer nova lei proposta pelos monarcas.
Perseguição a anglicanos A particularidade do Parlamento medieval inglês residia no fato de se divi-
e calvinistas.
dir em duas câmaras na passagem do século XIV para o século XV (Câmara
Reinado de Elizabeth I e 1558
consolidação do poder anglicano. ▾ dos Lordes e Câmara dos Comuns), ao contrário da divisão tripartida das cor-
tes medievais europeias (nobreza, clero e comuns). Além disso, o Parlamento
Derrota da Invencível 1588
Armada espanhola. ▾ apresentava-se como uma instituição unificada do ponto de vista geográfico,
Fundação da colônia da 1607 coincidindo com o território do Estado, e não como várias instituições provin-
Virgínia na América do Norte. ▾ ciais, característica das assembleias do continente europeu.
Grupo de famílias de puritanos 1620 A ausência de um exército permanente (compensado pela montagem de
estabelecem-se em Plymouth, ▾
na América do Norte. uma poderosa marinha) obrigava os monarcas a recorrerem a tropas mercená-
Dissolução do Parlamento 1626 rias. Muitas vezes, para obter recursos para sua contratação, necessitavam de
pelo rei Carlos I. ▾
tributos extraordinários que deveriam ser aprovados pelo Parlamento.
Reunião de novo Parlamento. 1628 Desde 1534, durante o reinado de Henrique VIII, o Estado passara a con-
Aprovação da Petição de Direitos. ▾
trolar as instituições religiosas com a adoção do anglicanismo, que tornava o
Dissolução do novo 1629 monarca chefe da Igreja inglesa. Além do rompimento com o papado de Roma
Parlamento pelo rei Carlos I. ▾
e interferências nas práticas religiosas, a Reforma Anglicana permitiu à Coroa
Convocação de novo Parlamento 1640 apropriar-se de um vasto e rico patrimônio.
e sua dissolução um mês depois. ▾
Conflitos entre partidários
Tal situação acelerou as mudanças econômicas em curso desde o século
1642
do rei Carlos I e o Parlamento ▾ XV. A lenta desestruturação dos domínios feudais e a transformação das terras
levam a uma guerra civil.
em mercadoria foi uma das principais características desse processo que ante-
1645
Derrota das tropas leais à Coroa. ▾ cedeu as Revoluções Inglesas do século XVII.
O Parlamento condena o 1648
monarca inglês por traição. ▾
Carlos I é executado. 1649
Os cercamentos
A Inglaterra torna-se República. ▾ No início do século XVI, a situação social inglesa era desoladora. Bandos huma-
1651 nos arrastavam-se pelas estradas, mendigando e roubando. As prisões estavam
Atos de Navegação. ▾
cheias. Campos agrícolas haviam sido substituídos por pastagens para criação
Cromwell dissolve o Parlamento.
1653 de ovelhas (de onde se obtinha lã). No lugar de muitos braços para o cultivo da
▾
Restauração da Monarquia. 1660
terra agora se empregavam poucos pastores para cuidar de enormes rebanhos.
Carlos II sobe ao poder. ▾ Grande parte dos antigos senhorios medievais modificava suas caracterís-
ticas. Aldeias de camponeses desapareciam, e com elas as terras comunais. As
Coroação de Jaime II, católico e 1685
partidário do absolutismo. ▾ terras transformavam-se, cada vez mais, em mercadoria.
Tais alterações na Inglaterra, em curso desde o final da Idade Média, acele-
Revolução Gloriosa. 1688
Guilherme de Orange é declarado ▾ raram-se com a Reforma Anglicana. Senhorios, paróquias, mosteiros e terras da
rei pelo Parlamento. Igreja Católica inglesa passaram ao controle da monarquia e ao patrimônio do
Monarquia parlamentar. Estado. Boa parte dessas terras foi vendida para obter recursos para a montagem
Carta de Direitos (Bill of Rights) 1689 de uma marinha de guerra e financiava piratas que pudessem trazer riquezas de
assegura o poder do Parlamento. ▾
outros continentes, exploradas, principalmente, pelas monarquias ibéricas.
Henrique VIII e sua família, anônimo. Óleo sobre tela, 141 cm x 355 cm, c. 1545.
As Revoluções Inglesas 35
MÁRIO YOSHIDA
A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA DO NORTE
As divisões religiosas (SÉCULO XVII)
da sociedade inglesa NEW FOUNDLAND
(TERRA NOVA)
A
Quebec 1608
NÇ
A F nço
(Capital da Nova França) ESCÓCIA
RA
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cantis. Porém, tais grupos econômicos possuíam uma
Lago
Penobscot
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Superior
1628
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pequena participação política. No controle do Estado,
MA
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Lago NOVA H AM SETTS Boston (1630)
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Lago Michig
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estavam o rei absolutista e a corte inglesa, composta por Ontário
CONNECTICUT
New Haven 1640
Plymouth
Providence (1636)
Lago 1620
uma nobreza tradicional, membros da Igreja Anglicana Erie
ILV
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Filadélfia1682
Nova York (1626)
NS Chester 1682 NOVA OVA JERSEY
PE
e funcionários ligados ao rei. DELAWARE
LAAWARE
Anápolis MARYLAND
ARYLAND
Rio Ohio 1708 Jamestown
Na Inglaterra, houve uma forte aceitação da dou- mestown
ES
VIRGÍNIA 1607
1607
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trina calvinista entre os comerciantes. Os calvinistas see
A
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A DO NORTE
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ingleses denominavam-se puritanos. Opunham-se ao
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A
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DO SUL
cerimonial católico presente no anglicanismo, defen-
NT
Rio Mi
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diam a purificação da Igreja Anglicana e criticavam os OCEANO
ATLÂNTICO
poderes absolutistas. Golfo
do
Os puritanos dividiam-se em dois grandes grupos. N México
Colônias inglesas
As Revoluções Inglesas 37
ANÁLISE DE IMAGEMpintura
1 Primeiro olhar: O título da obra e a data de execução indicam que o autor teria presenciado o acontecimento.
O autor conferiu grande dramaticidade ao momento, reforçando a crença da ilegitimidade do ato.
Em primeiro plano, no meio da Os medalhões colocados nos quatro cantos da tela reforçam a ideia de
aglomeração, uma mulher desmaia 3 via crucis. Em sentido anti-horário, a partir do alto à esquerda: retrato 7
no momento em que o carrasco ergue do rei; caminho da execução; multidão molha os lenços no sangue real/
a cabeça decapitada do rei. divino para guardar como relíquia; o executor com a cabeça do rei.
As Revoluções Inglesas 39
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
o
1 Indique as características da sociedade civil para incompatível com a sociedade civil? → DL/H1/H24
Locke. → DL/H1/H24 4 Em que medida a visão de Locke se diferencia dos
2 Na visão de Locke, qual é o principal objetivo da socie- argumentos de Hobbes para quem o estado de natu-
dade civil? Como tal objetivo articula-se ao desenvol- reza faz com que os homens vivam em luta permanen-
vimento social inglês no século XVII? → DL/H1/H24 te e o corpo político é necessário para cessar esses
3 Por que, na sua perspectiva, a monarquia absoluta é conflitos? → DL/H1/H24
As Revoluções Inglesas 41
A
incorporação de Portugal aos domínios espanhóis, a partir de 1580,
◀ ANOS
O Império
Português provocou grandes alterações nos destinos do Império lusitano. O
governo lusitano passou a ser exercido por portugueses escolhidos
D. Sebastião assume o trono 1568
português aos 14 anos. ▾ pelo monarca espanhol, em sua maioria clérigos e representantes do Tribu-
nal do Santo Ofício. A ação inquisitorial tornou-se mais intensa na Metrópole
Batalha de Alcácer-Quibir. 1578
Rei d. Sebastião desaparece ▾ portuguesa, provocando a fuga de judeus e cristãos-novos para outros Estados
durante a batalha. europeus e para a América, onde, apesar das perseguições, os representantes
União Ibérica. 1580 da nação hebreia eram menos vigiados.
Felipe II, rei da Espanha, ▾
proclamado soberano de Portugal. Com o advento da União Ibérica, os comerciantes portugueses obtiveram
Criação da Companhia 1602 livre trânsito nas terras espanholas e o asiento, privilégio de fornecimento de
das Índias Orientais. ▾
escravizados às colônias americanas. A nobreza recebeu auxílio para resga-
Monarquia espanhola 1605 tar os prisioneiros mantidos pelos muçulmanos após a derrota na Batalha de
proíbe relações mercantis ▾
entre Holanda e Portugal. Alcácer-Quibir (1578) e pôde manter sua participação nos principais postos da
Franceses estabelecem 1612 burocracia imperial lusitana. Na América portuguesa, todos os cargos e fun-
a França Equinocial em torno ▾
de São Luís, no Maranhão. ções, bem como as decisões sobre a condução da economia colonial, continua-
Expulsão dos franceses 1615 vam a ser da alçada lusitana. Para os grupos dominantes portugueses, a união
do Maranhão. ▾
das Coroas foi, sem dúvida, um ótimo negócio.
Criação da Companhia 1621 No entanto, rapidamente apareceram as primeiras dificuldades decorren-
das Índias Ocidentais. ▾
tes da incorporação de Portugal ao Império espanhol.
A cidade de Salvador 1624
é tomada pelos holandeses. ▾ Os franceses frequentavam a costa nordeste da América do Sul, sendo
1630 desalojados seguidamente pelas forças luso-espanholas. Em 1612, no entanto,
Pernambuco é tomado
pelos holandeses. ▾ conseguiram estabelecer a França Equinocial em torno do Forte de São Luís,
1637 por eles erguido na região do Maranhão, sendo posteriormente expulsos, em
Governo de Maurício de Nassau. ▾ 1615. Ingleses e franceses procuravam minar o poderio ibérico aproveitando-
Restauração Portuguesa: d. João 1640 -se da imensidão de seu Império.
IV assume o trono português. ▾
Holandeses no Maranhão 1641
▾ Brasiliana, Biblioteca nacional, rio de janeiro, brasil
e em Angola.
As forças luso-brasileiras 1644
retomam a região maranhense. ▾
Primeira Batalha dos Guararapes. 1648
Retomada portuguesa de Luanda, ▾
Benguela e São Tomé, na África.
1649
Segunda Batalha dos Guararapes. ▾
1654
Restauração Pernambucana. ▾
Acordo de paz entre 1661
Portugal e Holanda. ▾
Portugal cede à Inglaterra suas 1662
possessões de Tânger (norte da ▾
África) e Bombaim (Índia).
A Espanha reconhece a 1668
independência de Portugal. ▾
Tratado anglo-português 1703
de Methuen. ▾ Caravelas, Jean de Léry. Gravura extraída do manuscrito Histoire d'un
voyage fait en la terre du Brésil, século XVI.
Belém
São Luís
Meridiano de Tordesilhas
ESTADO DO Natal
MARANHÃO Olinda
Meridiano de Tordesilhas
Meridiano de Tordesilhas
Meridiano de Tordesilhas
OCEANO
ATLÂNTICO
Salvador
OCEANO
São Jorge dos Ilhéus ATLÂNTICO
ESTADO Porto Seguro
DO BRASIL
OCEANO
ATLÂNTICO Vitória OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO São Paulo
Rio de Janeiro
Santos
São Vicente
ESCALA
0 460 920 km
ACERVO ICONOGRAPHIA
e devastados pela guerra pudessem voltar a funcionar
plenamente nas mãos de holandeses e luso-brasileiros.
A conquista de grande parte da região Nordeste e o
controle de áreas produtoras de açúcar permitiram aos
holandeses obter grandes lucros. De parte a parte, as
principais estratégias consistiam em utilizar os rendi-
mentos obtidos com o açúcar para sustentar as neces-
sidades militares e atacar áreas produtoras do inimigo e
suas embarcações, que realizavam o transporte de pro-
dutos e escravizados. Como escreveu Gaspar Barléu, os
luso-brasileiros infestavam "com rapinas e devastações
as terras vizinhas pertencentes aos nossos, a tal ponto
que nem era seguro o trajeto entre Olinda e Recife".
A cidadela maurícia
Cercado de artistas, cientistas e letrados, Nassau criou
uma verdadeira "corte intelectual" no Novo Mundo. Esti-
mulou uma série de atividades culturais durante o seu
governo, com pesquisas sobre a fauna e a flora da Améri- Palácio de Friburgo, Frans Post. Gravura em metal, 1645.
ca e pinturas das paisagens nordestinas e da vida cotidia- (detalhe)
MÁRIO YOSHIDA
AS GUERRAS DO AÇÚCAR (1624-1654)
Nova Amsterdã
(1625)
Luanda
Recife
CE
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Salvador Benguela
INO
DO P
Rio de Janeiro
ERU
OCEANO
Cidade do Cabo ÍNDICO
Área produtora de açúcar (1652)
Área de apresamento de escravizados
Áre ade refino e distribuição de açúcar
Fonte: Elaborado com base em CAMPOS, F. de; DOLHNIKOFF, M. Atlas História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1994.
A+ COMUNICAÇÃO
PRODUÇÃO DE AÇÚCAR DO BRASIL HOLANDÊS (em arrobas*)
Etapas da produção
Moendas Cozinha Casa de purgar Secagem e embalagem *1 arroba = 15 kg
1 feitor-pequeno 1 mestre de açúcar 1 purgador 1 caixeiro
1 lavandeiro 1 banqueiro 5 escravizados 19 escravizados 447 562
15 escravizados 2 caldereiros
de melar
1 caldereiro
de escumar
28 escravizados
298 914
265 789 282 286
273 090
252 128
207 711
HENRY KOSTER/CREATIVECOMMONS
196 098
144 207
85 352 75 590
64 062 65 972
18 200 23 100
1631 1632 1633 1635 1636 1637 1638 1639 1640 1641 1642 1643 1644 1645 1646
sai n
Co
Mbanza
Ri
o 1648, a rainha liderou a coligação dos reinos de Matam-
KONGO Kongo
KA REINO DO ba, Ndongo e Kongo juntamente com os aliados holan-
NGOYO KONGO
Mpemba deses contra as forças portuguesas. Aproveitando-se da
Wembu
Mbamba ocupação de Luanda pelos aliados, recuperou parte de
Ri
oC
OCEANO
seu território. Por fim, o Exército português acabou por
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ATLÂNTICO NDONGO
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Rio
vencer os adversários e Jinga teve de renunciar às terras
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Cuanza MATAMBA
Rio Cuban
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Mpango
ua - província
C
ESCALA nd
o guês de Angola". Muitos dos seus soldados guerreiros
Rio Cune
Capital
0 235 470 km o
g
História E Economia>> A
crise espanhola
"As próprias minas estavam sujeitas a uma profunda dos, que a Espanha não podia fornecer, trazidos de con-
crise desde a segunda década do século XVII. Em parte trabando por mercadores ingleses e holandeses; o capi-
por causa do colapso demográfico da força de traba- tal local estava a ser mais reinvestido localmente do
lho índia, em parte devido à exaustão dos veios, a pro- que transferido para Sevilha […]. O resultado nítido foi
dução de prata começou a diminuir. O declínio a partir um calamitoso decréscimo do comércio espanhol com
dos máximos do século anterior começou por ser gra- suas possessões americanas, cuja tonelagem decresceu
dual. Mas a composição e orientação do comércio entre 60 por cento de 1606-1610 a 1646-1650."
o Velho e o Novo Mundo alteravam-se irreversivelmente ANDERSON, P. Linhagens do Estado absolutista. São Paulo:
em prejuízo de Castela. O modelo de importação colo- Brasiliense, 1985. p. 85-86.
nial tendia para artigos manufaturados mais sofistica-
A+ COMUNICAÇÃO
VOLUME DE EXTRAÇÃO DE PRATA DA AMÉRICA ESPANHOLA
Período 1591 a 1600 1601 a 1610 1611 a 1620 1621 a 1630 1631 a 1640 1641 a 1650 1651 a 1660
A+ COMUNICAÇÃO
19 451 kg de ouro
8 855
3 889
1 240 1 549
469
Período 1591 a 1600 1611 a 1620 1621 a 1630 1631 a 1640 1641 a 1650 1651 a 1660
Fonte: Elaborados com base em VILAR, P. Ouro e moeda na História: 1450-1920. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. p. 237-238.
MÁRIO YOSHIDA
ATIVIDADES ECONÔMICAS NA AMÉRICA
norte da África, conquistada por d. João I em 1415 – e PORTUGUESA
Rio Neg (SÉCULO XVII)
Belém
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zonas
Bombaim, na Índia, como dote de casamento de dona Ama Alcântara
o
Rio
Cametá Fortaleza
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Catarina de Bragança, filha do rei d. João IV, com Carlos
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Alcântara
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Rio Penedo
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Cametá Fortaleza
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Rio G ira
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a São Cristóvão
Em 1668, quando se encerraram definitivamente as udea
po Tap
Rio Xingu
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Salvador
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Porto Seguro
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tituir peças mais frágeis de uma disputa que opunha Vitória
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Taubaté
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OCEANO
io Paragua
Iguape Itanhaém
mercê dos interesses ingleses, o mesmo ocorrendo com ai Cananeia
Laguna
ATLÂNTICO
Vitória
gu
ná
Área de ocorrência
tudo de cristãos-novos portugueses e estrangeiros resi- do pau-Brasil ESCALA
0 615 1230 km
dentes em Portugal, destinava-se a proteger a navegação Cana-de-açúcar
Pecuária
atlântica e a atrair recursos para o desenvolvimento do Área de ocorrência
Fonte: Elaborado com base em CAMPOS, F.
Tabaco
do pau-Brasil
de; DOLHNIKOFF, M. Atlas História do Brasil.
comércio colonial e o custeio da guerra contra os holan- Mineração
São Paulo: Scipione, 1994.
Cana-de-açúcar
deses. Para estimular os investimentos particulares, Drogas do sertão
Pecuária
Tabaco
Mineração
50 Capítulo 1 Inglaterra e Portugal: destinos cruzados Drogas do sertão
Dom Sebastião
Influenciado pela religiosidade missionária e militante
dos jesuítas, d. Sebastião assumiu o trono português em
1568, com 14 anos de idade. Sua obsessão era comba-
ter os muçulmanos no norte da África. Para tal cruzada
não poupou esforços nem deu atenção aos que desacon-
selhavam a empreitada. Sua derrota e desaparecimento
Julgamento das almas, mestre anônimo da escola
na Batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, alimentou ainda
portuguesa. Óleo sobre madeira de carvalho, c. 1537.
mais a mística em torno dele. Como nenhum sobrevi-
Vitor Oliveira
A Restauração de 1640 não diminuiu os ânimos sebastia-
nistas. Conduzida ao trono português, a Casa de Bragança
foi envolvida pela mística messiânica. D. João IV era anun-
ciado para os portugueses como o rei encoberto e Bandar-
ra era considerado o profeta da Restauração, tendo uma
imagem sua colocada na Sé de Lisboa, como se fosse um
santo. O rei encoberto anunciado pelo sapateiro não seria
mais d. Sebastião, e sim o duque de Bragança.
Nem mesmo a morte de d. João IV pôs fim à cren-
ça messiânica. Vários outros monarcas e príncipes por-
tugueses foram investidos do papel de rei encoberto.
No começo do século XIX, com as tropas francesas de
Napoleão Bonaparte controlando o território português,
panfletos animavam o povo anunciando a vinda de d.
Sebastião para realizar a libertação de Portugal.
Inúmeras outras manifestações sebastianistas
podem ser identificadas na história e na literatura luso-
-brasileiras. Tal permanência levou o historiador por-
tuguês João Lúcio de Azevedo a cunhar uma excelente
definição do sebastianismo: "Nascido da dor, nutrindo-
se na esperança, ele é na história o que é na poesia a
saudade, uma feição inseparável da alma portuguesa". Estátua de Bandarra, Trancoso, Portugal, 2012.
UTOPIA
Thomas Morus, ou Thomas Moore, (1478-1535) foi Chanceler Nós sabemos o valor que damos ao ouro em nosso
da Inglaterra durante o reinado de Henrique VIII. Católico, país, e como o escondemos cuidadosamente! Eles, ao con-
posicionou-se contra o Ato de Supremacia de 1534, que trário, comem e bebem em pratos e taças de barro ou de
estabelecia o monarca inglês como chefe da Igreja inglesa. vidro, extremamente graciosos mas sem nenhum valor; e o
Por esse motivo, foi preso e executado em Londres, em 1535. ouro e a prata servem, nos edifícios comuns e nas habita-
Uma de suas obras mais conhecidas é Utopia, de 1516 ções particulares, à fabricação de vasilhas destinadas aos
(alguns apontam 1518 como a data de sua publicação). usos mais mesquinhos, como urinóis [...].
Na primeira parte do livro, Morus descreve a situação da Na Utopia, nem os prisioneiros de guerra, salvo se são
Inglaterra no início do século XVI e questões como a pena agressores, nem os filhos dos escravos são reduzidos à escra-
de morte, jogos de azar, miséria e governo. Seus relatos ser- vidão. Os que são vendidos como tais em outros países, aí são
vem como fontes para a compreensão do processo de trans- considerados livres. Apenas são escravizados homens cujo
formação agrária conhecida como enclosures (cercamen- crime merece esta punição, ou então aquele que uma falta
tos). Na segunda parte de sua obra, apresenta um lugar grave condenou ao suplício, numa cidade estrangeira [...].
imaginário denominado Ilha da Utopia. Leia com atenção Os utopienses não se contentam em afastar seus con-
os trechos selecionados: cidadãos do crime com leis penais, mas também encora-
"[...] Há um ofício que todos os utopienses exercem jam-nos à virtude com honrarias prometidas como recom-
indistintamente: a agricultura. Ninguém é dispensado de pensa [...].
fazê-lo. Todo mundo recebe a instrução dele na infância [...]. Há diversas religiões, não somente em toda a ilha, mas
A função mais importante – quase única – dos sifogran- também em cada cidade. Uns adoram o sol como um deus;
tes [magistrados] é de velar para que ninguém fique sem outros, a lua, outros algum planeta errante. Para outros,
trabalhar e que todos exerçam, conscienciosamente, seu um homem, outrora ilustre pela sua virtude e glória, não é
ofício, sem todavia se cansar, como um animal de carga, somente um deus, mas o deus supremo. [...].
penando, desde o amanhecer até a noite fechada. Porque Com efeito, um dos princípios mais antigos estabe-
isso já seria trabalhar mais que um escravo. Tal é, entretan- lecidos na Utopia é que ninguém deve ser inquietado por
to, mais ou menos em toda a parte, a vida dos trabalhado- causa da religião. Desde a fundação do reino, Utopus tinha
res. A Utopia é exceção. conhecimento das guerras religiosas que avassalavam o
[...] o tempo consagrado ao trabalho é estritamente país, antes da sua chegada, e percebeu que essas diversas
fixado: pela manhã, três horas; depois do que, há o almo- seitas, incapazes de se entenderem para uma ação comum
ço, seguido de um repouso de duas horas, durante o dia; e batendo-se, isoladamente, para defender o solo pátrio,
em seguida, mais três horas de trabalho e, enfim, a refei- davam-lhe a possibilidade de subjugá-las todas. Depois da
ção da noite [...]. vitória proclamou a liberdade de culto. O proselitismo era
Quando os utopienses têm suficientes reservas para permitido, com a condição de ser exercido com moderação
si mesmos (eles acham que devem se aprovisionar para e doçura, de propagar a própria fé com argumentos sensa-
dois anos, a fim de prevenirem-se para o que possa acon- tos e de não destruir, brutalmente, a religião dos outros [...]
tecer no ano seguinte) eles exportam o excedente para A intolerância nas controvérsias religiosas era punida com
outros países [...] Eles doam a sétima parte de todos esses o exílio ou a escravidão [...].
produtos aos pobres de cada país e vendem o resto a Na Utopia [...] tudo é comum a todos. Uma vez tomadas
preço moderado [...]. as medidas para que os celeiros públicos estejam cheios,
Eles mesmos não se utilizam do dinheiro. Guardam o ninguém receia que lhe falte o necessário [...] lá não se vê
numerário prevendo acontecimentos que possam advir, e nem pobre nem mendigo; embora ninguém tenha nada de
que, talvez, não se produzam nunca. O ouro e a prata, de seu, todo mundo é rico. Haverá maior riqueza do que levar
que é feito este numerário, não têm, em seu país, valor uma existência tranquila, alegre e sem inquietação? [...]."
superior ao que a natureza lhes deu [...]. MORUS, T. A Utopia. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1980. p. 37-84.
1 Nos trechos selecionados há várias passagens sobre Regime? Justifique sua resposta.
economia. Em seu caderno, escreva com suas pró- → DL/CF/SP/CA/H1/H7/H8/H9
prias palavras as características da vida econômica na 5 A partir de Thomas Morus, o termo "utopia" passou a
Utopia com relação: ter duas definições: um lugar inexistente e imaginá-
a) À principal atividade econômica. rio; um lugar ou um momento de perfeição e felicida-
→ DL/H1/H8 de. Em ambos os casos, a utopia esteve relacionada a
b) Ao trabalho. → DL/H1 esperanças coletivas e tornou-se portadora de críticas
c) À escravidão. → DL/H1/H8 sociais. Liste em seu caderno os movimentos descritos
nesse capítulo que você considera utópicos. Aponte as
d) Ao valor atribuído ao ouro e à prata. → DL/H1/H8 características de cada um deles.
2 Com relação à religião, quais são as características da → DL/CF/SP/CA/H1/H7/H9/H11/H15
Utopia? → DL/CF/H1
6 Como seria a sua sociedade ideal? Elabore uma utopia.
3 Do ponto de vista social, como aparece a questão da Lembre-se que ela deve ser um lugar ideal, de perfei-
pobreza e da distribuição de riquezas na Utopia? ção e felicidade e que também deve ser portadora de
→ DL/CF/H1 críticas sociais. → DL/CF/SP/CA/EP/H1/H7/H9
4 As características apontadas por Morus na Utopia são
semelhantes às das sociedades europeias do Antigo
Faça
Mãos à Obra em se
cadernu
o
1 (UERJ) "Assim, ninguém pode negar que a 'Revolução 3 (UERJ) "O rei é vencido e preso. O Parlamento tenta
Puritana' era uma luta tão religiosa quanto política; mas negociar com ele, dispondo-se a sacrificar o exérci-
era mais que isso. Aquilo por que os homens lutavam era to. A intransigência de Carlos, a radicalização do exér-
toda a natureza e o desenvolvimento futuro da socieda- cito, a inépcia do Parlamento somam-se para impedir
de inglesa. essa saída 'moderada'; o rei foge do cativeiro, afinal,
HILL, Christopher. A Revolução Inglesa de 1640. e uma nova guerra civil termina com a sua prisão pela
Lisboa: Presença, 1981. segunda vez. O resultado será uma solução, por assim
a) Indique um fator político que contribuiu para o dizer, moderadamente radical (1649): os presbiteria-
desenvolvimento das Revoluções Inglesas do nos são excluídos do Parlamento, a Câmara dos Lordes
século XVII. → DL/CF/SP/H1/H7/H8 é extinta, o rei decapitado por traição ao seu povo após
b) Estabeleça a relação existente entre a Revolução um julgamento solene sem precedentes, proclamada a
Puritana e a colonização das possessões inglesas República; mas essas bandeiras radicais são tomadas
no litoral atlântico da América do Norte. por generais independentes, Cromwell à testa, que as
esvaziam de seu conteúdo social."
→ DL/CF/SP/CA/H1/H7/H8/H9 Renato Janine Ribeiro. In: HILL, Christopher.
2 (Ufscar-SP) "Eu vos exorto, soldados do exército da O mundo de ponta-cabeça: ideias radicais durante a Revolução
Inglesa de 1640. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
República Inglesa! O inimigo não poderia vencer-vos no
campo de batalha, porém pode derrotar-vos nos mean- O texto faz menção a um dos acontecimentos mais
dros de sua política se não conservardes firme atenção importantes da Europa no século XVII: a Revolução
de estabelecer a liberdade de todos. Pois, se ele vencer, Puritana (1642-1649). A partir daquele aconteci-
a autoridade régia retornará a vossas leis, o rei Carlos mento, a Inglaterra viveu uma breve experiência
vos terá vencido e à vossa posteridade pela sua políti- republicana, sob a liderança de Oliver Cromwell.
ca, terá ganho a batalha, embora aparentemente lhe Dentre suas realizações mais importantes, destaca-
tenhais cortado a cabeça." -se a decretação do Primeiro Ato de Navegação.
Winstanley, 1652.
Explique a importância do Ato de Navegação para a
a) Quais são as ideias defendidas pelo autor no
economia inglesa e aponte duas ações políticas da
texto? → DL/CF/H1/H2/H7/H8
República Puritana.
b) Qual é o contexto histórico tratado no texto?
→ DL/CF/SP/CA/H1/H7/H8/H9/H13/H22
→ DL/CF/SP/H1/H2/H7/H8
Engenho e Arte 55
Engenho e Arte 57
Faça
Em Cartaz em se
cadernu
o
País: Inglaterra
e técnicos que são fundamentais para o desenvolvimen-
Ano: 2003 to da trama e para a compreensão, pelo espectador, da
representação oferecida sobre aquele período histórico.
• Caracterize os principais personagens: Carlos I,
Thomas Fairfaix e Oliver Cromwell. Avalie como os
atores que os interpretam apresentam-se, se suas
atuações soam naturais ou parecem artificiais (ava-
O filme aborda a guerra civil que marcou a Revolução lie a entonação da voz, a combinação entre o texto e
Puritana. Após a queda do rei Carlos I, o país ainda se o gestual dos personagens).
encontrava dividido em relação aos rumos que a nação • Identifique os recursos sonoros (ruídos, trilha musi-
deveria tomar. O foco da película são as aproximações e cal etc.) e de luz empregados no filme. Localize as
os distanciamentos entre o lorde General Thomas Fairfaix cenas que contam com maior presença de sons e/
(1612-1671), um aristocrata inglês que lutou ao lado das ou mais iluminadas e aquelas em que prevalece o
tropas parlamentares na revolução, e o General Oliver silêncio e a obscuridade. Analise o emprego desses
Cromwell. Ambos desejavam transformar o país, mas recursos na narrativa.
com propostas distintas. Fairfaix aparece como um aris- • Observe o vestuário e a maquiagem utilizados no
tocrata que almejava uma reforma moderada, enquanto filme. Analise sua adequação para o período repre-
Cromwell como um republicano radical que desejava a sentado e seu efeito no desenvolvimento do enredo.
execução do rei. Carlos I é apresentado como um monar-
ca que ainda acreditava ser possível retomar o poder. Ação
Elabore um texto a partir do seguinte tema: "Conspiração
Luzes
e lealdade na Revolução Inglesa: os diversos projetos
Retome as instruções para análise de filmes, apresenta- políticos".
das nos Procedimentos metodológicos da página 10. Seu texto deverá incluir:
Releia os textos sobre as As Revoluções Inglesas, • A caracterização dos três personagens principais e
entre as páginas 34 e 41. Após a leitura: a forma como eles são desenvolvidos no decorrer
• Identifique as principais características do reinado do filme.
de Carlos I. • A relação entre elementos públicos e particulares na
• Localize os conflitos religiosos e políticos, durante atuação política dos personagens principais.
esse reinado e a guerra civil. • As disputas entre a monarquia e o Parlamento.
• Caracterize os setores sociais que participam das • O lugar das mulheres na revolução.
revoluções inglesas e suas propostas (incluindo os
• O reconhecimento da diversidade de projetos políti-
movimentos populares). cos e sociais no interior da revolução.
• Analise o período da república e a ditadura de Oliver → DL/CF/SP/CA/H2/H5/H9/H11/H15/H23
Cromwell.
Radar 59
10
2 Nem tudo que
reluz é ouro
DE OLHO nos
O
jesuíta André João Antonil (1649-1716), um dos principais Conceitos
cronistas do período colonial, descreveu a chegada de milha-
res de pessoas de Portugal, de outras partes da Europa e das • Ilustração/Iluminismo
cidades, vilas, recôncavos e sertões do Brasil em busca do ouro e das • Comércio interno
pedras preciosas que haviam sido descobertas no início do século • Liberalismo
XVIII. Na sua descrição, chama atenção a diversidade de pessoas:
brancos, mestiços, negros, indígenas, homens, mulheres, moços, • Despotismo
esclarecido
velhos, ricos, pobres, leigos, clérigos, nobres e plebeus. Uns ocupa-
dos em catar ouro, outros em mandar catar ouro nos ribeiros e minas,
e alguns vendendo e comprando ouro e produtos que se tornavam
necessários para o desenvolvimento da mineração no Brasil.
Uma verdadeira febre, definida Significativamente, a maioria
por Antonil como uma "sede insa- dos filósofos ilustrados não ques-
ciável" por ouro, que estimulava tionou a escravidão com a mesma
as pessoas a se meterem por cami- disposição. Voltaire afirmava que a
nhos ásperos e em uma vida dificul- escravidão era tão antiga quanto a
tosa. Uma "insaciável cobiça" pelo guerra. Ambas, elementos da natu-
brilho das riquezas que estimulava reza humana. Montesquieu acredi-
comportamentos pecadores e fazia tava que a escravidão justificava-se
FUNDAÇÃO VOLTAIRE, OXFORD, INGLATERRA
os jesuítas procurarem uma razão nos trópicos, onde o calor tornava
oculta nessa situação, concluin- os seres humanos preguiçosos.
do que se tratava de um castigo de Assim, os filósofos que trou-
Deus ao Brasil. xeram à luz as injustiças da época
No mesmo período, entre os mantiveram a escravidão na escu-
séculos XVII e XVIII, um conjunto ridão. De forma semelhante, o
de ideias se desenvolveu na Europa brilho das riquezas extraídas da
à procura de explicações racionais região das minas no Brasil também
para fenômenos naturais e sociais. encobria a manutenção do traba-
Seus integrantes questionaram tra- lho escravo dos negros africanos e
dições, atacaram as intolerâncias de indígenas, os principais respon-
religiosas e não pouparam explica- sáveis pela extração de metais e
ções supersticiosas, que chamavam pedras preciosas.
de obscurantistas. Em seu lugar, O jantar dos filósofos, Jean Huber.
defendiam as luzes da razão. Óleo sobre tela, c. 1772. (detalhe)
61
A
nhanguera, Fernão Dias, Raposo Tavares, Domingos Jorge Velho,
◀ ANOS
Brasil no Borba Gato, Paes de Barros, Cardoso de Almeida, Cunha Gago, Amaral
século XVIII Gurgel, Bandeirantes. Quem já circulou pelas rodovias, avenidas, pra-
Tratado de Lisboa: 1681 ças e ruas do estado de São Paulo e de sua capital, com certeza está habituado
Colônia do Sacramento passa ▾
ao Império português.
a esses nomes. Os mais conhecidos são facilmente associados a uma espécie
1684 de imagem heroica de desbravadores do sertão brasileiro, de alargadores das
Revolta de Beckman
no Maranhão. ▾ fronteiras do território nacional, de responsáveis pela grandeza de nosso país
Fundação dos Sete 1687 e incansáveis líderes de expedições em busca de metais e pedras preciosas.
Povos das Missões (RS). ▾ De fato, desde o século XVI, colonos e aventureiros dirigiam-se em expedi-
Destruição do Quilombo 1695 ções rumo ao interior do continente à procura de riquezas minerais. As cons-
dos Palmares. ▾
tantes informações das minas da América espanhola alimentavam os sonhos
Descoberta de ouro 1701 dos luso-brasileiros de encontrar a montanha do Eldorado e serras resplande-
no rio das Velhas (MG). ▾
1707 centes, cobertas de ouro, prata, diamantes, rubis, esmeraldas e outras pedras
Guerra dos Emboabas (MG). ▾ preciosas. As permanências medievais no imaginário dos conquistadores – é
Guerra dos Mascates (Fronda dos 1710 só lembrar das riquezas das viagens de São Brandão e Marco Polo – eram refor-
Mazombos) em Pernambuco. ▾
çadas por narrativas que os conquistadores ouviam dos indígenas.
Motim do Maneta em Salvador 1711
contra o monopólio do sal. ▾ No entanto, passaram-se quase dois séculos para que as áreas minera-
doras fossem descobertas pelos conquistadores, ligados diretamente à his-
Tratado de Utrecht 1713
ratifica pretensões ▾ tória da vila de São Paulo. Nesse período, a ação dos bandeirantes teve sem-
de Portugal na Amazônia.
pre como horizonte a busca dessas riquezas. Mas seu papel na estruturação
Revolta de Felipe dos Santos 1720 da Colônia foi muito mais complexo. O caráter heroico com que impreg-
em Vila Rica (MG). ▾
naram a imagem desses aventureiros e as homenagens que se prestam a
Bandeira de Anhanguera 1722
descobre ouro em Goiás. ▾ eles ainda nos dias de hoje dificultam a compreensão do funcionamento da
Monopólio estatal sobre extração 1731 sociedade colonial.
de diamantes em Minas Gerais. ▾ Desde o início, a gente de São Paulo – em geral mamelucos (filhos de
Tratado de Madri: Espanha recebe 1750 portugueses com índias) – lançou-se ao apresamento de indígenas em tribos
a Colônia de Sacramento, Portugal, ▾
os Sete Povos das Missões.
próximas ou em aldeamentos, as Missões Jesuíticas, onde religiosos reorga-
1753 nizavam a vida nativa. Os paulistas estavam de tal maneira ligados à cultura
Guerra Guaranítica
no Rio Grande do Sul (até 1757). ▾ indígena que, durante todo o período colonial, a língua dominante entre eles
Expulsão dos jesuítas. 1759 não era o português, e sim o tupi.
Reforma Pombalina em Portugal. ▾ Os indígenas eram vendidos para outras capitanias ou utilizados como
Rio de Janeiro: sede do governo 1763 força de trabalho nas roças, nos serviços domésticos e nos engenhos da região.
do Estado do Brasil. ▾
Vale lembrar que, devido à distância da Metrópole, os custos do transporte
Tratado de Santo Idelfonso 1777 encareciam as atividades canavieiras no Sul, limitando sua produção.
redefine fronteira platina. ▾
1789 Durante a ocupação holandesa em Angola e em outros pontos do litoral
Conjuração Mineira. ▾ africano – quando o fornecimento de escravizados tornou-se mais irregular e
Tiradentes enforcado 1792 seu preço bem superior ao do açúcar –, os suprimentos de negros da terra con-
e esquartejado. ▾
tribuíram para manter a produção canavieira luso-brasileira. Mas estes eram
1798
Conjuração Baiana. ▾ também uma espécie muito particular de mercadoria. Além de trabalharem
Enforcamento de líderes 1799 na produção, eram empregados como carregadores de outras mercadorias e
da Conjuração Baiana. ▾
de munição, ferramentas, cordas e mantimentos nas bandeiras. Muitos indí-
genas da vila de São Paulo tomavam parte, ao lado dos mamelucos, dos assal-
tos a tribos do sertão.
QUILOMBO DE PALMARES (SÉCULO XVII) sivelmente não diz respeito a um indivíduo em especial,
mas sim a uma função militar ou a uma divindade guer-
reira. É possível que o termo derive da palavra angola-
na nzumbi, que significa "defunto". De certo modo, os
BRASIL ALDEIAS DO QUILOMBO negros também produziram o seu rei encoberto.
Amaro
Arotirene Serinhaem
Dambrabanga
Zumbi
MÁRIO YOSHIDA
JESUÍTAS E BANDEIRANTES (SÉCULOS XVI-XVII)
Principais guerras
Andaraí
Salvador Guerra dos Tamoios
1562-1567
Carlota Jaguaribe Guerra dos Aimoré
Paraopeba 1555-1573
OCEANO
ATLÂNTICO Levante Tupinambá
Bambuí
1617-1621
Caeté
Guerra dos Potiguares
1586-1599
OCEANO Ambrósio
PACÍFICO Itatim Confederação dos Cariri
1676-1692
São Paulo
Rio de Janeiro
Tronco linguístico
Guairá
1640 Aruak Tucano
Caribe Tupi-Guarani
Sete Povos
das Missões Chibchano Charrua
Tape
Jê Outros grupos
Fontes: Elaborado com base em CAMPOS, F. de; DOLHNIKOFF, M. Atlas História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1994; JOFFILY, B. (Org.). Isto É Brasil, 500 anos. Atlas
Histórico do Brasil. São Paulo: Ed. Três, 1998.
As regras da exploração das pelos garimpeiros. Cada jazida era dividida em lotes,
denominados datas. O descobridor da jazida tinha direi-
Até 1709, a divisão das minas, o escoamento da produ-
ção, o abastecimento, enfim, todas as regras para o fun- to a duas datas e uma era destinada à Coroa. As outras
cionamento das muitas atividades ligadas à mineração datas eram sorteadas entre os interessados. Aqueles que
dependiam do poder dos envolvidos. Aqueles que con- possuíssem pelo menos 12 escravizados podiam receber
trolassem o maior número de homens armados impu- uma data inteira. Os demais tinham de se contentar com
nham seus interesses. Desde 1702, a Metrópole procurara lotes menores, proporcionais ao número de escravizados
regulamentar a distribuição das áreas a serem explora- que possuíssem. Para fazer valer as regras, impedir o con-
MÁRIO YOSHIDA
Em poucos anos brotaram inúmeras vilas e cidades ÁREAS DE MINERAÇÃO NO SÉCULO XVIII
na região mineradora. O ambiente urbano ali contrasta-
va com o das atividades açucareiras: os grandes mine-
radores ostentavam seu poder e riqueza nas cidades. O
n as
mazo
luxo e as joias eram expostos como insígnias de poder. Rio A Belém São
ão Luiz
Fo
Fort aleza
alez
Fortaleza
Também os escravizados, mercadorias valiosas capazes
Natal
de extrair as preciosidades da terra e acalentar a pompa Oeiras
Campina
Grande
João Pessoa
is co Olinda
tins
nc
de seus senhores, eram exibidos pelas ruas, como ador- ra Recife
n
Araguaia
F
Rio Toca
ão
Feira de Santana
São Vicente Salvador
Rio
Curitiba Itanhaém
OCEANO
partes da Colônia e de Portugal, atraídos pela possibi-
PACÍFICO Máxima expansão administrativa
lidade de enriquecimento, culminaram num conflito da capitania paulista – 1709
Áreas de mineração
armado conhecido como Guerra dos Emboabas. Em dis- Porto Alegre Rptas de abastecimento das minas
to da região. Os paulistas, que contavam com o apoio 0 520 1 040 km Revolta de Filipe dos Santos – 1720
do superintendente das minas, Manuel da Borba Gato, Fonte: Elaborado com base em SIMONSEN, R. C. História econômica do Brasil:
(1500-1820). 8. ed. São Paulo: Nacional, 1978.
São Cristóvão
mo e tudo custava muito caro. Muitos endividavam-se
I
AN
CAPITANIA
PI T
GERAL
para sustentar sua posição social sem ter conseguido
CA
DA BAHIA Salvador
Guerra do Maneta
1711
obter riqueza suficiente. Jogos de azar, prostituição,
rivalidades e diversas práticas ilegais conturbavam
o ambiente dessa sociedade, marcada pela antítese
ESCALA
0 300 600 km opulência/miséria.
A exploração das minas provocou o aquecimento
Fontes: Elaborado com base em CAMPOS, F. de; DOLHNIKOFF, M. Atlas História
do Brasil. São Paulo: Scipione, 1994; JOFFILY, B. (Org.). Isto É Brasil, 500 anos. do comércio interno colonial. Todas as regiões sofre-
Atlas Histórico do Brasil. São Paulo: Ed. Três, 1998. ram o impacto da extração de suas riquezas e da urba-
nização do interior. Além da corrida de colonos e escra-
Faça
vizados, de alimentos e outros artigos, estabeleceu-se
Tá ligado?! em se
cadernu
o um verdadeiro sistema de transportes terrestres basea-
(Mackenzie-SP) Duas atividades econômicas desta- do nas tropas de mulas, rústico, mas adequado à econo-
caram-se durante o período colonial brasileiro: a açu- mia de então. O aparecimento de uma elite com poder
careira e a mineração. Com relação a essas atividades de adquirir manufaturas e artigos europeus desenvol-
econômicas, é correto afirmar que: veu as atividades portuárias.
a) na atividade açucareira, prevalecia o latifúndio e a A pequena vila de São Sebastião do Rio de Janeiro
ruralização; a mineração favorecia a urbanização tornou-se porta de entrada de mercadorias estrangeiras
e a expansão do mercado interno. para a região mineradora.
b) o trabalho escravo era predominante na atividade Em 1763, devido ao desenvolvimento urbano e à
açucareira e o assalariado na mineradora. proximidade maior com a Capitania das Minas Gerais,
c) o ouro do Brasil foi para a Holanda e os lucros do açú- tornou-se sede do Governo do Estado do Brasil. A
car serviram para a acumulação de capitais ingleses. Colônia, que nos primeiros séculos teve uma estrutu-
d) geraram movimentos nativistas como a Guerra dos ra econômica voltada principalmente para o merca-
Emboabas e a Revolução Farroupilha. do externo, vivia agora uma realidade mais comple-
e) favoreceram o abastecimento de gêneros de primei- xa. Novos interesses surgiam e os conflitos passaram
ra necessidade para os colonos e o desenvolvimento a ser mais constantes.
de uma economia independente da Metrópole.
No entanto, para controlar a região mineradora e
→ DL/SP/H9 evitar o contrabando, o governo proibiu, em 1702, o
→ conforme tabelas das páginas 8 e 9. acesso de negociantes provenientes da Bahia às minas.
Exceção feita apenas aos comerciantes de gado.
a+ comunicação
A ECONOMIA NA AMÉRICA PORTUGUESA (SÉCULO XVIII) PRODUÇÃO DE OURO NO BRASIL
SÉCULO XVIII (EM kg)
1775
1750
ESCALA
0 430 860 km
1725
ESCALA
0 430 860 km
1700
Fonte: Elaborado com base em PINTO, V. N. kg
O ouro brasileiro e o comércio anglo-português.
0
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0
00
00
00
10 666 4 637
628 625
615 615
576 565
538
460
365
338 336 331 333
277 281
279 272
257 252
242 241 247
223
207 194 192 202 196
155 165
125
87
16
17
17
17
17
97
00
05
10
15
Fonte: Elaborado com base em HANSON, C. A. Economia e sociedade no Portugal barroco. Lisboa: Dom Quixote, 1986. p. 221.
N
enhuma ideia nasce de repente, nenhum movimento de ideias apare-
ce sem que algum sinal tenha se manifestado anteriormente. Com o
Iluminismo não foi diferente.
Em geral, associa-se o pensamento ilustrado ao século XVIII, à ascensão
da burguesia e à construção de um novo mundo. Alguns autores, porém, já
insinuavam uma nova visão e concepção do mundo e das relações físicas, polí-
ticas e sociais muito antes dos filósofos franceses que, nesse período, assumi-
ram a frente do pensamento ocidental europeu e passaram a criticar sistema-
ticamente o universo de privilégios que cercava a aristocracia. Desenhava-se,
aos poucos, a chamada Ilustração, ou Iluminismo. Por trás dos dois termos, a
mesma metáfora: a luz, associada à razão e em combate contra as trevas do
absolutismo e da intolerância religiosa.
A ciência e a Ilustração
Várias teorias sociais e políticas que os ilustrados difundiram no decorrer do
século XVIII e que tiveram importância central nas transformações ocorridas
nesse período foram influenciadas por estudos da física e da natureza.
Mais de um século antes do Iluminismo, Francis Bacon (1561-1626) pro-
pôs uma ampla reforma do conhecimento por meio da valorização da prática
e da experimentação científica, que ele considerava o caminho adequado para
que o homem alcançasse a conquista e o controle da natureza. René Descartes
(1596-1650) enfatizou, pouco tempo depois, a centralidade da dúvida como
meio de encontrar a verdade. Para ele, as certezas prévias ou naturais deviam
ser descartadas e tudo precisava ser submetido a experimentações. A própria
existência do homem derivava de sua capacidade racional.
Locke, ao formular a teoria política em que defendia o respeito de todo
governante aos direitos naturais e o limite do
CORBIS/LATINSTOCK/GALERIA NACIONAL, LONDRES, INGLATERRA
O Iluminismo 71
O Iluminismo 73
O Iluminismo 75
O despotismo esclarecido
Rousseau chegou a lastimar, em alguns escritos, que pen-
sadores ilustrados ficassem fascinados diante da osten-
tação e do fulgor das cortes. Ele temia que os filósofos se
corrompessem e, no lugar de lutar pela liberdade, se pres-
tassem a assessorar tiranos. A preocupação era correta.
Muitos iluministas acreditavam que um governante forte,
sem as limitações ou o controle de um Parlamento, pode-
ria realizar as reformas econômicas e educacionais de
forma ágil e rápida. Do outro lado, monarcas percebiam
que as alterações sugeridas pelos defensores das Luzes
poderiam ampliar a capacidade econômica de seus paí-
ses, reduzir as interferências do clero nos assuntos políti-
cos e as tensões e disputas entre aristocratas e burgueses.
O rei sueco Gustavo III (1771-1792) adotou medi-
das liberais na organização da economia, assegurou a Frederico II, o Grande, e Voltaire em Sanssouci,
tolerância religiosa a judeus e católicos e estimulou a Georg Schöbel. Litografia colorida, 1900.
produção cultural. Na Prússia, Frederico II, o Grande
O Iluminismo 77
ANÁLISE DE IMAGEMpintura
1 Primeiro olhar: Em 1755, ocorreu um terremoto em Lisboa que destruiu grande parte da cidade.
O quadro retrata o marquês de Pombal como o responsável pela reconstrução da cidade. A ima-
gem reforça Portugal como uma monarquia ilustrada, administrada com planejamento científico.
MUSEU DA CIDADE DE LISBOA, PORTUGAL
2 O marquês.
5 4
Estátua do rei d. José I. Em primeiro plano, os projetos da reconstrução.
OS TRATADOS DE LIMITES
AMÉRICA
PORTUGUESA
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
AMÉRICA
AMÉRICA PORTUGUESA
OCEANO
ESPANHOLA ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
Porto Alegre ESCALA
0 405 810 km
AMÉRICA
ESPANHOLA
MÁRIO YOSHIDA
DIVISÃO POLÍTICA DO VICE-REINO DO BRASIL (1774-1815)
CAPITANIA DO
SÃO JOSÉ DO Belém
RIO NEGRO São Luís CAPITANIA
CAPITANIA DO CEARÁ CAPITANIA DO
São José GERAL RIO GRANDE
do Rio Negro DO PARÁ CAPITANIA Fortaleza DO NORTE
GERAL DO
MARANHÃO Natal
Oeiras
CAPITANIA
CAPITANIA DA PARAÍBA
DO PIAUÍ E R NAMBUCO
E P
D
AL Recife
ER
CAPITANIA
G
A
DE SERGIPE
NI
CAPITANIA CAPITANIA
A
GERAL DE CAPITANIA GERAL São Cristóvão
PIT
MATO GROSSO GERAL DA BAHIA Salvador
CA
DE GOIÁS
Vila Real
Vila Boa
CAPITANIA
GERAL DE
MINAS GERAIS
CAPITANIA DO
ESPÍRITO SANTO
OCEANO Ouro Preto Vitória
CAPITANIA
PACÍFICO GERAL DE CAPITANIA GERAL
SÃO PAULO DO RIO DE JANEIRO
São Paulo Rio de Janeiro
CAPITANIA DE
SANTA CATARINA OCEANO
Vila do Desterro ATLÂNTICO
CAPITANIA DO
RIO GRANDE DE
SÃO PEDRO
Porto Alegre
ESCALA
Capitanias
0 465 930 km subordinadas
Fonte: Elaborado com base em CAMPOS, F. de; DOLHNIKOFF, M. Atlas História do Brasil. São Paulo: Scipione,
OH_U4_pag399b
1994; JOFFILY, B. (Org.). Isto É Brasil, 500 anos. Atlas histórico do Brasil. São Paulo: Ed. Três, 1998.
MÁRIO YOSHIDA
TERRAS INDÍGENAS NO BRASIL
RAPOSA/SERRA
DO SOL
TUMUCUMAQUE
YANOMAMI
WAIÃPI
ALTO DO
RIO NEGRO
UNEIUXI WAIMÍRI-
ATROARI AL
LTO
O
ALTO
TU AÇU
TURIAÇU
ANDIRÁ
MARAU
RIO-BIÁ ARARA
COATÁ ARAWETÉ ARARIBÓIA
VALE DO LARANJAL
JAVARI KANAMARI BAÚ
IPIXUNA
CAITITU MUNDURUKU KAYAPÓ
KRAOLÂNDIA
KULINA
XERENTE
MAMOABATE ARIPUANÃ
CAPOTO
URUEU-WAU-WAU JARINA ARAGUAIA
XINGU
NAMBIQUARA
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO KADIWÉU
PACÍFICO
Terras indígenas
Áreas não representáveis nesta escala
Principais conflitos nos últimos anos
(Problemas com garimpeiros, fazendeiros,
políticos locais, madeireiros, posseiros e
sem terra)
RAPOSA/SERRA DO SOL - Terras indígenas ESCALA
A superfície total das terras indígenas hoje equivale 0 405 810 km
a 12,7% da área do Brasil
1 Qual foi a importância de Bacon, Descartes, Locke e 6 O monarca d. José I, que teve Pombal como seu
Newton para o Iluminismo? ministro, pode ser enquadrado como um déspota
→ DL/SP/CA/H4/H11/H14/H24/H27 esclarecido? Por quê? → DL/SP/CA/H8
2 Caracterize a proposta de tripartição do poder for- 7 Explique três medidas econômicas adotadas por
mulada por Montesquieu. → DL/SP/H11/H13 Pombal para controlar a economia colonial.
3 Por que é possível afirmar que os personagens → DL/SP/H7/H8/H12
Cândido, Robinson Crusoe e Gulliver representam 8 Os ataques de Pombal aos jesuítas eram motivados
alguns dos debates centrais do Iluminismo? por uma certa lógica política. Explique tal afirmação.
→ DL/CF/SP/CA/H1/H5/H11/H14/H23 → DL/SP/H7/H8/H9/H11
4 Identifique os objetivos da Enciclopédia e associe- 9 Entre os vários impostos instituídos por Pombal,
-os ao pensamento iluminista. → DL/SP/CA/H10/H12 estava a derrama. Como funcionava esse imposto?
5 Qual era, para Adam Smith, a importância do traba- → DL/SP/H7/H8/H12
lho e do mercado? → DL/SP/CA/H8/H11/H18
O Iluminismo 81
1 "[...] um departamento especializado é encarregado de talista. O corpo é uma realidade biopolítica. A medici-
acumular as informações que os médicos transmitem, na é uma estratégia biopolítica". A afirmação do autor,
ver como é realizado o esquadrinhamento médico da relativa ao século XVIII, pode ser aplicada aos dias de
população, verificar que tratamentos são dispensados, hoje? Justifique. → DL/CF/SP/EP/H3/H8/H10/H11/H23/H24
como se reage ao aparecimento de uma doença epidê-
4 "Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
mica, etc., e, finalmente, emitir ordens em função des-
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
sas informações centralizadas". Como é possível rela-
Tosse, tosse, tosse.
cionar o funcionamento da medicina social nos reinos
germânicos com a lógica do Iluminismo? Mandou chamar o médico:
→ DL/CF/SP/CA/H8/H11/H14/H17/H19/H22 – Diga trinta e três.
– Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
2 "Na medida em que a cidade se torna um importante – Respire.
lugar de mercado que unifica as relações comerciais,
– O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e
não simplesmente no nível de uma região, mas no nível
o pulmão direito infiltrado.
de uma nação e mesmo internacional, a multiplicidade
– Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
de jurisdição e de poder torna-se intolerável. A indústria
– Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino."
nascente, o fato de que a cidade não é somente um lugar
de mercado, mas um lugar de produção, faz com que se Manuel Bandeira. “Pneumotórax”. In: Estrela da vida inteira.
Poesias reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1982. p. 97.
recorra a mecanismos de regulação homogêneos e coe-
rentes". Relacione a medicina social francesa com as Identifique e classifique, com seu(sua) professor(a)
preocupações do liberalismo. de Biologia, a doença citada no poema e discuta com
→ DL/CF/SP/CA/H8/H11/H14/H17/H19/H22 ele o irônico diálogo final entre médico e paciente.
→ DL/SP/EP/H3
3 "O controle da sociedade sobre os indivíduos não se
opera simplesmente pela ideologia, mas começa no 5 Explique, com a ajuda do(a) professor(a) de Biologia,
corpo, com o corpo. Foi no biológico, no somático, no a diferenciação, proposta pelo autor, entre “medicina
corporal que, antes de tudo, investiu a sociedade capi- individual” e “medicina social”. → DL/CF/SP/CA/H14
No texto a seguir, o autor estabelece uma articulação vidos na Guerra dos Mascates, ocorrida em Pernambuco
entre o sentimento decorrente da luta dos pernambucanos entre 1711 e 1712. Leia-o com atenção e depois responda
contra os holandeses e a posição de um dos grupos envol- às questões propostas.
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
o
1 Aponte os grupos sociais envolvidos nesse conflito do expulsão dos holandeses. Que proposição é essa? Ela
século XVIII. → DL/SP é realmente abusiva com relação à história das lutas
contra os holandeses? Por quê? → DL/CF/SP/H7/H11/H13
2 Identifique as disputas político-econômicas envolvi-
das entre esses grupos. → DL/SP/H7/H11 4 A Guerra dos Mascates evidencia as tensões e os meca-
nismos do Antigo Sistema Colonial? Justifique.
3 O manifesto classifica como abusiva uma proposição
→ DL/SP/H7/H9/H11
corrente em Pernambuco àquela época, a respeito da
Faça
Mãos à Obra em se
cadernu
o
1 A ação dos paulistas na região mineradora foi extre- alguns efeitos na mesma Capitania, como são os panos
mamente importante. Um documento de 1783 retrata de algodão e açúcar e vão vender as minas, labutando
suas atividades nessa região: nesta forma todos naquilo a que se aplicam."
"[…] vivem de várias negociações: uns se limitam a ABREU, C. de. "Divertimento admirável". Apud ZEMELLA, M. P.
O abastecimento da capitania das Minas Gerais
negócios mercantis, indo à cidade do Rio de Janeiro no século XVIII. São Paulo: Hucitec/Edusp, 1990. p. 61.
buscar as fazendas para nela venderem; outros da a) Qual é a principal atividade dos paulistas descrita
extravagância de seus ofícios; outros vão a Viamão bus- nesse documento? → DL/CF/SP/H1/H11
car tropas de animais cavalares ou vacuns para vende-
b) Pode-se afirmar que a integração de várias áreas
rem não só aos moradores da mesma cidade, como tam- coloniais deveu-se à iniciativa dos paulistas e
bém aos andantes de Minas Gerais e exercitam o mesmo tinha como principal motivação a busca de gló-
negócio vindo comprar os animais em São Paulo para rias e uma disposição heroica desses homens?
ir vender a Minas Gerais e outros, finalmente, compram Justifique sua resposta. → DL/CF/SP/CA/H1/H11
Engenho e Arte 83
Engenho e Arte 85
Faça
Em Cartaz em se
cadernu
o
País: D
inamarca, Suécia, mulheres na sociedade e na política.
República Tcheca • Releia o item O despotismo esclarecido (p. 76) e
Ano: 2012
defina o conceito de despotismo esclarecido.
Câmera
Faça anotações durante a exibição do filme, concentran-
Filme de época, que narra um escândalo sexual ocor- do-se nos seguintes temas e questões:
rido na corte dinamarquesa, na segunda metade do sécu- • Os três principais personagens (Cristiano VII,
lo XVII, durante o reinado de Cristiano VII. A rainha Carolina Matilde e Johann Struensee) passam por
Carolina Matilde inicia um romance com o médico da transformações ao longo do filme? Compare a
corte Johann Struensee. As turbulências afetivas que maneira como eles são representados no início e
envolvem o trio são acompanhadas por debates e pro- identifique as mutações que sofrem.
postas políticas e sociais. Struensee é leitor e defensor • Que princípios do Iluminismo são mencionados no
das ideias iluministas e aproveita a proximidade com o filme? Compare as ideias de Johann Struensee com
monarca, torna-se seu conselheiro e, aliado à rainha e as dos pensadores que estudou.
amante, estimula a realização de um conjunto de refor-
mas liberais.
Ação
1 Analise a relação entre o monarca e o médico. Qual
Luzes deles demonstra maior força e poder? Justifique.
Retome as instruções para análise de filmes, apresenta- 2 Existem resistências às reformas propostas pelo
das nos Procedimentos metodológicos (página 10). médico? Que setores da sociedade dinamarquesa as
Antes de analisar o filme, é necessário retomar infor- apoiam e quais as rejeitam?
mações e conceitos contidos no capítulo.
3 De que maneira a educação recebida pela rainha
• Releia os itens A ciência e a Ilustração (p. 71) e
Carolina Matilde contribuiu para que ela valorizasse
Uma revolução cultural (p. 73). Estabeleça as rela-
os princípios do iluminismo?
ções entre o desenvolvimento científico e as ideias
ilustradas. → DL/CF/H1/H15
Estante • FORTES, Luiz Roberto Salinas. O Iluminismo e os reis filósofos. São Paulo: Brasiliense, 1985.
Radar 87
→ DL/SP/H7/H8
10
3 Na velocidade
das luzes
DE OLHO nos
A
celeração. Tecnologia. Produtividade. Ruptura. Revolução. O Conceitos
mundo tornou-se mais rápido na passagem do século XVIII
para o XIX. Transformações em curso desde o século XV • Federalismo
foram aceleradas pela Independência dos Estados Unidos, pela • Democracia
Revolução Francesa e pela Revolução Industrial, completando a • Estados-Gerais
transição do feudalismo para o capitalismo e favorecendo o apareci-
mento da sociedade burguesa, na qual vivemos ainda hoje. • Liberalismo político
Após séculos de domínio do vida social, questionava-se a legitimi- • Governo
representativo
mundo rural e agrícola sobre as cida- dade dos Estados e impérios coloniais
des e as atividades artesanais, o em se apropriarem, por meio de taxas • Bloqueio Continental
mundo ocidental presenciou o sur-
gimento da indústria. A busca de
e impostos, de parte das riquezas pro-
duzidas. Estavam em causa a liberda- • Sistema fabril
mecanizado
novas tecnologias, o desenvolvimen- de da produção burguesa, a liberdade
to de novas formas de organização do controle da burguesia sobre a clas- • Revolução Industrial
do trabalho, a intensa utilização do
trabalhador assalariado e o controle
se operária, a livre circulação de mer-
cadorias, a relação entre cidadãos e • Acumulação primitiva
de capitais
do capital sobre a produção concreti- seus respectivos Estados e das antigas
zaram a máxima "tempo é dinheiro", colônias e suas metrópoles. • Encolhimento
acelerando o ritmo de vida das socie- A tributação não era o único do mundo
dades europeias.
Na mesma velocidade com que
motivo de divergência entre aristo-
cratas e burgueses e trabalhadores ou • Socialismo
circulavam e eram produzidas as entre colonizadores e colonos, mas
mercadorias, novas ideias cruzavam simbolizava o poder dos primeiros CHRISTOPHER PASATIERI/REUTERS/LATINSTOCK
89
O
s conflitos por que a Inglaterra passou no século XVII afetaram dire-
tamente a colonização dos Estados Unidos. As perseguições políticas
e religiosas, durante as revoluções Puritana e Gloriosa, provocaram
a fuga de católicos e puritanos para a América. Também o forte crescimento
populacional inglês e os cercamentos nos campos alimentavam, em muitos
ingleses, a disposição de enfrentar os riscos da travessia oceânica e da vida
numa terra nova e desconhecida.
As 13 Colônias
Os primeiros esforços britânicos de ocupação da América ocorreram ainda
no século XVI, por meio da ação de corsários que, apoiados pela Coroa, ten-
tavam estabelecer colônias no novo continente. Essas empreitadas, porém,
◀ ANOS
A FORMAÇÃO dos
estados unidos quase sempre fracassaram e a efetiva presença inglesa nas terras dos futuros
Estados Unidos só se ampliou no decorrer do século XVII. A Coroa autoriza-
Fundação de 1607
Jamestown (Virgínia), ▾ va as companhias de comércio a estimular e organizar a viagem de ingleses
primeiro assentamento para o Novo Mundo. Em alguns casos, as autoridades aproveitavam a situa-
permanente na América.
ção e esvaziavam prisões, embarcando detentos à força em navios que ruma-
1608
Presença francesa em Quebec. ▾ vam para a América.
O Estado inglês, no entanto, não determinou um modelo de ocupação
Núcleos de povoação 1620
na Nova Inglaterra. ▾ das terras, nem a coordenou diretamente. A colonização inglesa da América
do Norte desenvolveu-se sobretudo a partir da iniciativa individual dos via-
Conflitos entre colonos 1756
franceses e ingleses na região ▾ jantes, que, até a metade do século XVIII, se concentraram na costa atlân-
do Canadá desencadeiam a
Guerra dos Sete Anos.
tica do continente. A primeira colônia foi a Virgínia, criada em 1607, ao
sul dessa faixa litorânea. A ocupação efetiva, porém, iniciou-se treze anos
1764
Lei do Açúcar. ▾ depois, com a fundação do povoado de Plymouth, mais ao norte, onde se
estabeleceram os puritanos que vieram no navio Mayflower. A colonização
1765
Lei do Selo. ▾ irradiou-se a partir desses dois pontos – Virgínia e Plymouth.
Nas áreas mais ao Norte, que passaram a ser chamadas de Nova Ingla-
Festa do Chá. 1773
Grupo de colonos jogam ▾ terra, prevaleceu a diversificação da economia: caça, pesca, extração de
carregamento de chá no mar. madeiras, agricultura, pecuária, atividades comerciais e alguma manufatu-
Publicação das leis intoleráveis.
ra. Portos foram abertos, aproveitando a facilidade de navegação na região,
Primeiro Congresso 1774 e a vida urbana prevalecia. A mão de obra empregada era sobretudo livre e
Continental na Filadélfia. ▾
assalariada. Os habitantes locais comercializavam tecidos e alimentos com
Início da Guerra 1775 as colônias do Sul e não respeitavam os princípios do pacto colonial, estabe-
de Independência. ▾
lecendo contato com possessões espanholas ou francesas nas Antilhas. Lá
Publicada a Declaração 1776 eles vendiam seus produtos e compravam rum ou melaço.
de Independência. ▾
As comunidades que viviam na Nova Inglaterra eram regidas por severos
Fim da Guerra 1783 padrões morais, definidos pelos puritanos que lá se estabeleceram. A Igreja
de Independência. ▾
constituía o centro da vida social e a participação das pessoas nas atividades
Constituição dos 1787 religiosas definia seu efetivo pertencimento ao grupo. A ética do trabalho e o
Estados Unidos da América. ▾
princípio da boa administração dos bens de Deus na Terra, marcas do purita-
nismo, também orientavam o cotidiano e as decisões dos colonos.
BETTMANN/CORBIS/LATINSTOCK
Destruição do carregamento de chá no porto de Boston em 16 de dezembro de 1773, Nathaniel Currier. Litografia colorida,
1846.
1 Explique as diferenças entre as colônias do Norte e 4 Explique por que alguns autores consideravam con-
do Sul dos Estados Unidos. → DL/CF/SP/CA/H7/H9/H11 traditória a defesa da liberdade realizada pelos
2 Justifique como as lutas dos colonos contra os patriotas. → DL/CF/SP/H8/H10/H11/H13
impostos estimularam o movimento de indepen- 5 Caracterize a Constituição estadunidense e suas rela-
dência dos Estados Unidos. → DL/SP/H8/H13/H16 ções com o Iluminismo francês. → DL/SP/H7/H8/H9
3 Estabeleça uma relação entre a Guerra dos Sete 6 Explique o que é federalismo e as razões que leva-
Anos e o avanço das lutas de emancipação na ram os Estados Unidos a adotar tal sistema.
América do Norte. → DL/CF/CA/H7/H8/H9 → DL/SP/H8/H9
N
o século XVII, o rei inglês Carlos I foi decapitado e estabeleceu-se um
◀ ANOS
A Revolução
Francesa regime republicano. Ao final do processo revolucionário, uma monar-
quia limitada pelo Parlamento selava um arranjo político que encerra-
Convocação dos Estados-Gerais 1788
pelo rei Luís XVI. ▾ va o regime absolutista na Inglaterra e promovia uma relativa tolerância polí-
Proclamação da Assembleia 1789 tica e religiosa. Seus efeitos foram sentidos na Europa e na América inglesa.
Nacional Constituinte. ▾ Em 1776, a independência dos Estados Unidos também provocou uma
Destruição da Bastilha.
forte repercussão em todo o mundo ocidental, principalmente nas Améri-
Motins e revoltas camponesas.
Nobreza e clero renunciam cas, onde serviria de modelo para as tensões e divergências entre colonos e
aos seus privilégios. autoridades metropolitanas. Serviria também de referência para a organiza-
Declaração dos Direitos ção do Estado ao impedir a concentração excessiva de poderes.
do Homem e do Cidadão.
Mas a grande referência para os movimentos políticos ocidentais a par-
Robespierre assume a liderança 1790
do clube dos jacobinos. ▾ tir do final do século XVIII foi a Revolução Francesa. Como afirmou o histo-
Massacre no Campo de Marte. 1791 riador britânico Eric Hobsbawm, a Revolução Francesa forneceu "a ideologia
Constituição francesa. ▾ do mundo moderno".
França declara guerra à Áustria. 1792 Matriz simbólica das revoluções sociais, a França, que já estava asso-
Estabelecimento da República. ▾
ciada às ideias ilustradas, forneceria, a partir de então, o vocabulário polí-
Convenção Girondina.
Definido o sufrágio universal tico (esquerda e direita, por exemplo), as imagens republicanas (a bandei-
para a eleição da Convenção. ra tricolor) e o modelo para o nacionalismo e passaria a representar, como
Execução do rei Luís XVI. 1793 nenhum outro movimento, o conceito de revolução. Mais uma vez, nas pala-
Criação dos Comitês ▾
de Salvação Pública vras de Hobsbawm: "A Revolução Francesa é assim a revolução do seu tempo, e
e do Tribunal Revolucionário. não apenas uma".
Marat é assassinado.
A Revolução Francesa demarcou, como nenhum outro movimento, a
Novo calendário da República.
transformação das referências a respeito da soberania. O absolutismo ope-
Execução de Danton. 1794
Lei do Grande Terror contra ▾ rara a transferência de atribuições da Igreja para o Estado. O poder e a auto-
todos os suspeitos. ridade dos monarcas eram tidos como atributos conferidos por Deus. Tanto
Robespierre é guilhotinado.
o direito divino, que justificava a soberania monárquica, quanto a própria
Clube dos jacobinos é fechado.
Sans-culottes invadem
soberania política seriam transformados no século XVIII. A soberania passa-
1795
a Convenção exigindo pão e a ▾ ria a ser vinculada ao povo, à nação e ao conjunto de cidadãos.
aplicação da Constituição.
Instalado o Diretório, novo
órgão do Poder Executivo.
Napoleão Bonaparte comanda 1796
A França às vésperas da revolução
o Exército francês na Itália. ▾ A designação Ancién Régime (Antigo Regime) foi elaborada durante o pro-
Golpe do 18 Brumário. 1799 cesso revolucionário francês, e seu primeiro registro foi encontrado em
Bonaparte toma o poder. ▾ um documento escrito de 1788. Difundida, sobretudo, a partir de 1790,
1800
Nova Constituição. ▾ a expressão revelava uma forma pejorativa de designar um conjunto de
1804 características de uma sociedade que se pretendia ver extinguido. Vislum-
Napoleão é coroado imperador. ▾ brava-se uma "nova" sociedade, um "novo regime", em contraposição ao
1806
Bloqueio Continental. ▾ "velho regime" de ordens e privilégios.
Máxima extensão do Império. 1812 Os principais privilégios do Primeiro e do Segundo Estados (clero e
Derrota francesa na ▾ nobreza respectivamente) eram as isenções de tributos e repasses de recur-
campanha da Rússia.
sos por meio de pensões, subsídios e concessões. Sobre o Terceiro Estado
Congresso de Viena. 1814
▾ (burguesia, sans-cullotes, camponeses etc.) recaíam todos os impostos dire-
Exílio de Napoleão.
tos cobrados pela monarquia e as taxas devidas aos aristocratas e ao clero.
A Revolução Francesa 95
História E Literatura>> C
hapeuzinho Vermelho
Um conto bem conhecido pode nos ajudar a compreen- XVIII, um lobo era apenas um lobo: ele mostrava o risco
der a mentalidade dos camponeses franceses no sécu- que se corria ao percorrer sozinho uma estrada ou atra-
lo XVIII: Chapeuzinho Vermelho. A história, contada às vessar uma floresta. Os relatos de ataques de animais sel-
crianças da época, tinha estrutura e desfecho bem dife- vagens eram comuns e a trágica história de Chapeuzinho
rentes dos que a atual versão apresenta. Na origem, não Vermelho servia como advertência aos desprevenidos.
havia caçadores, e a vovó e a menina eram devoradas
National Gallery of Victoria, Melbourne, Austrália
pelo lobo. Além disso, a história envolvia sugestões eró-
ticas e canibalismo.
Independentemente das diferenças, é interessan-
te notar a persistência de dois elementos do conto que
revelam preocupações centrais da época: o cuidado com
a alimentação e o temor diante das ameaças que exis-
tiam nos campos e nas florestas. A comida, para os cam-
poneses franceses, era incerta: as dificuldades climáti-
cas e perdas de safra provocavam frequentes tempora-
das de fome. Quando, no conto, a mãe envia leite e pão
para a avó, ela tenta garantir a alimentação da pessoa
mais velha. Quando o lobo, disfarçado de vovó, oferece
comida a Chapeuzinho, ela prontamente a aceita, pois o
alimento presente jamais deve ser rejeitado.
Embora alguns estudiosos contemporâneos tenham
Chapeuzinho Vermelho, Gustave Doré. Óleo sobre tela,
interpretado a figura do lobo como uma referência sim- 65,3 × 81,7 cm, c. 1862.
bólica, diversos historiadores sustentam que, no século
A Revolução Francesa 97
A Assembleia
DESIGN PICS
tes. Iniciou-se então um conflito que vitimou vários rebel-
des, mas resultou na ocupação do prédio pelos populares.
O diretor e alguns carcereiros foram mortos e seus corpos,
exibidos pelas ruas ou lançados ao rio Sena.
A tomada da Bastilha deu força aos representantes
do Terceiro Estado na Assembleia. Alguns historiadores
acreditam que, sem a iniciativa popular, os deputados
poderiam ser sufocados pela pressão do rei e da aristo-
cracia. Para Guy Chaussinand-Nogaret:
"A Queda da Bastilha inaugurara a revolu-
ção da liberdade: afirmação dos direitos huma- Queda de braço, Kelly Redinger, s/d.
nos, igualdade de oportunidades em condições
A foto representa a polarização política na França entre a
de honesta concorrência, garantia dos bens e das UMP (União por um Movimento Popular), de centro-direi-
liberdades do cidadão." ta, e o PS (Partido Socialista), de centro-esquerda.
A Revolução Francesa 99
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Argel REINO DA
ESCALA
Túnis SICÍLIA
ÁFRICA 0 230 460 km
Fonte: Elaborado com base em PARKER, G. Atlas Verbo de História Universal. Lisboa: Verbo, 2000.
O terror
É difícil calcular com precisão quantas pessoas morre- Assim como Danton e Robespierre, muitos dos con-
ram durante o chamado período do Terror, quando o denados morreram na guilhotina. O instrumento havia
Tribunal Revolucionário prendeu, julgou e executou sido idealizado pelo médico Joseph-Ignace Guillotin.
todos os que eram suspeitos de colocar a revolução em Seu propósito era humanitário: assegurar uma morte
perigo. O historiador Olivier Blanc afirma que o núme- rápida e indolor aos condenados, evitando o sofrimen-
ro de mortos não deve ter ultrapassado 40 mil pessoas. to das execuções na forca, na roda ou na fogueira. A
Só na cidade de Paris, o Tribunal pronunciou mais de guilhotina também tinha caráter democrático, pois ofe-
2 600 sentenças de morte. São cifras impressionantes. recia morte igual a todos, independentemente de sua
O Terror devorou girondinos, federalistas, religiosos, origem ou condição social (antes da revolução, apenas
negociantes que escondiam alimentos ou elevavam os nobres, quando condenados à morte, tinham direi-
irregularmente seus preços e até homens que haviam to à degola). As execuções na guilhotina eram públi-
defendido a instalação do Tribunal, como Camille Des- cas e um grande público assistia, empolgado, a elas.
moulins (1760-1794) e Jacques Hébert (1757-1794) ou A cabeça, depois de decepada, era exibida pelo carras-
mesmo Georges Jacques Danton (1759-1794) e Maximi- co, sob gritos de alegria do público. Tratava-se de uma
lien de Robespierre (1758-1794), que foram membros celebração da violência que, provavelmente, revelava
do Comitê de Salvação Pública. o acúmulo, por séculos, de opressão e insatisfações, e
O golpe do 18 Brumário
Dentro da França prevalecia a instabilidade dos
tempos do Diretório e, embora os movimentos popu-
lares estiverem fragilizados, a burguesia continua-
va a temê-los. Os raros levantes eram reprimidos com
violência, como a que sufocou a revolta liderada por
Babeuf, defensor da formação de uma sociedade iguali-
tária. As intervenções do exército em assuntos internos
tornaram-se frequentes e demonstravam o prestígio
das tropas que lutavam na península itálica e venciam
Execução de Robespierre em 28 de julho de 1794, anônimo. seguidas batalhas. O sucesso militar no exterior fazia
Litografia aquarelada, século XVIII. (detalhe) crescer o prestígio político e popular do jovem gene-
ral Napoleão Bonaparte. Para muitos, ele representa-
O fim da Convenção: a burguesia va uma liderança forte, capaz de interromper o ciclo
revolucionário e de promover a tranquilidade política
retoma o controle e social, tão desejada pela burguesia.
O poder jacobino foi amplo, mas breve. A lógica do ter- Em outubro de 1799, Napoleão retornou à Fran-
ror e da violência que o embasava inviabilizava qual- ça, consagrado por uma bem sucedida campanha
quer negociação ou acordo político. A alta burgue- militar no Egito. Ele assumiu a liderança de um com-
As mulheres na revolução
A revolução não incorporou plenamente as mulheres
francesas à vida pública e, em vários momentos, mos-
trou-se bastante distante das reivindicações femininas.
As mulheres estavam sujeitas às mesmas penas e puni-
ções que afetavam os homens, mas continuaram proi-
Marcha das mulheres revolucionárias até o palácio real
bidas de ocupar cargos públicos e de alistar-se na Guar- de Versalhes em 5 de outubro de 1789, anônimo. Gravura
da Nacional. As conquistas sociais e políticas também aquarelada, 1789. (detalhe)
não incluíram o voto feminino. Na França, as mulhe-
O teatro
"Bem antes do cadafalso, que constitui apenas a última Honoré. Três charretes pintadas de vermelho, atreladas com
cena, montada sobre cavaletes, o espetáculo da guilhoti- dois cavalos, escoltadas por cinco ou seis policiais, atraves-
na começa com o percurso que, através da cidade, leva saram com seu passo uma multidão imensa e silenciosa [...].
da prisão ao lugar da execução. Fase mais longa da ceri- Cada carro continha cinco ou seis condenados. Eu só me lem-
mônia, já que ela dura, em média, entre uma hora e meia bro claramente do primeiro, porque duas figuras me choca-
e duas horas, ela é também aquela de que os relatórios ram pela surpresa e pelo horror. Uma era a de Danton [...], a
da polícia falam mais abundantemente. As exigências do grande vítima do dia. Sua enorme cabeça redonda fixava-se
espetáculo determinam, aliás, que seu trajeto seja relati- orgulhosamente na multidão estúpida, a insolência estava
vamente fixo, que ele seja claramente regulamentado. [...] refletida no seu rosto e sobre seus lábios um sorriso que mal
Ele é objeto de uma curiosidade considerável. Como dissimulava a raiva e a indignação. A outra era [...] Hérault de
nota o barão de Frémilly, em 20 de abril de 1794, 'ao baru- Séchelles, triste, abatido, a vergonha e o desespero no rosto
lho das charretes, todo mundo correu às janelas'; e ele conta que ele baixava até os joelhos, os cabelos negros, curtos e eri-
em detalhes o espetáculo de 5 de abril: 'Foi na rua Saint- çados, o colarinho desabotoado, vestido pela metade com
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
o
1 Caracterize a ideia de justiça que o texto de Robert daqueles que assistiam ao cortejo dos condenados à
Darnton identifica entre as pessoas que atacaram morte na guilhotina? → DL/CF/SP/CA/H1/H8/H11/H12
a Bastilha e a que Babeuf expressa na carta à sua 3 Explique a seguinte frase de José de Souza Martins:
mulher. → DL/CF/SP/CA/H1/H8/H11/H12/H21 "A Justiça formal e oficial deixou de aplicar a pena de
2 O que poderia justificar a alegria e a festividade morte, ainda no Império, abolida por lei, mas o povo
A VINGANÇA
"Os enforcamentos, sentença comum da Justiça brasilei- ra, divórcio entre o poder e o povo, entre o Estado e a socie-
ra até 1874, como aconteceu em outros lugares, tinham dade. Os linchamentos, de certo modo, são manifestações
estrutura de espetáculo público, o que também aconte- de agravamento dessa tensão constitutiva do que somos.
cia nos autos de fé da Inquisição. Não lhes faltava nem Crescem numericamente quando aumenta a inseguran-
mesmo a decapitação dos sentenciados e a decepação ça em relação à proteção que a sociedade deve receber do
das mãos junto ao patíbulo, salgamento de cabeças e Estado, quando as instituições não se mostram eficazes no
mãos e seu acondicionamento em caixas de madeira leva- cumprimento de suas funções, quando há medo em relação
das, por capitães do mato, em excursões a lugares remo- ao que a sociedade é e ao lugar que cada um nela ocupa.
tos das províncias para escarmento dos povos, como se Os linchamentos expressam uma crise de desagregação
dizia. Verdadeiro funeral de horror. Espetáculo ainda visí- social. São, nesse sentido, muito mais do que um ato a mais
vel nos linchamentos de hoje, no açulamento de executo- de violência dentre tantos e cada vez mais frequentes episó-
res, como se fazia com o carrasco de antigamente, não só dios de violência entre nós. Expressam o tumultuado empe-
homens adultos coadjuvando os mais ativos na execução, nho da sociedade em ‘restabelecer’ a ordem onde ela foi rom-
mas também mulheres e crianças. Nos linchamentos, a pida por modalidades socialmente corrosivas de conduta
presença de mulheres e de crianças, acolitando e até par- social. É que o intuito regenerador da ordem, que os lincha-
ticipando das execuções, aparentemente confirma o cará- mentos pretendem, fracassaram, tanto quanto a República
ter ritual que os linchadores querem dar à punição. [...] fracassou no afã de modernizar e de ordenar, de instituir o
Há uma demora cultural na mentalidade que perma- equilíbrio de que toda sociedade carece na legítima aspira-
nece, ainda que impregnada de disfarces de uma atuali- ção de paz social e de garantia dos direitos da pessoa."
dade que não é a do novo, mas a do persistente. A Justiça MARTINS, José de Souza. Linchamentos: a justiça popular no Brasil.
formal e oficial deixou de aplicar a pena de morte, ainda São Paulo: Contexto, 2015. p. 10-11.
no Império, abolida por lei, mas o povo continuou a ado- José de Souza Martins (1938-), sociólogo, professor da
tá-la em sua mesma forma antiga através dos linchamen- Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, é
tos. Trágica expressão do divórcio entre o legal e o real que um dos mais destacados pesquisadores brasileiros e autor de
historicamente preside os impasses da sociedade brasilei- dezenas de obras sobre problemas sociais e políticos do Brasil.
1 Primeiro olhar: Jacques-Louis David (1748-1825) pertenceu 2 O pintor procurou fixar o exato momento em que
ao clube dos jacobinos e sua arte serviu aos ideais republica- Napoleão, de costas para o papa, está prestes a
nos. Com o fim da República, foi preso e se afastou da política. coroar sua esposa Josefina, que aguarda ajoelha-
À época de Napoleão, retornou à cena artística como pintor ofi- da. Ao coroá-la e também a si próprio, Napoleão
cial da corte. As formas simples e austeras do período revolucio- expressa sua autoridade sobre a Igreja.
nário deram lugar à pompa e ao requinte da época do Império.
FINE ART IMAGES/GLOW IMAGES/MUSEU DO LOUVRE, PARIS, FRANÇA
6 5 4 3
A composição Madame de La A distribuição dos personagens À direita do papa, o cardeal
monumental Rochefoucauld, segue uma ordenação de Giovanni Caprara. À sua esquerda,
reúne mais de e Madame importância, que é destacada o cônsul Charles-François Lebrun
200 figuras e foi Lavalette, pelas gradações de cor e luz. David usando manto roxo bordado a ouro,
inspirada na cena damas de honra, distribui os grupos com jogo de segurando na mão esquerda um
da Coroação de carregam o luz e foco nas cenas principais, bastão encimado pela águia impe-
Maria de Médici, pesado manto diminuindo até a escuridão à rial. À direita de Lebrun, o chanceler
pintada por Peter da imperatriz. esquerda. Casal imperial, papa, Jean-Jacques-Régis de Cambacérès,
Paul Rubens. cardeais e marechais estão em de perfil, segurando a mão da justi-
plena luz enquanto os cortesãos e os ça, e ao lado dele, marechal Louis-
irmãos estão na sombra. -Alexandre Berthier segurando a
almofada com a esfera imperial.
MÁRIO YOSHIDA
O IMPÉRIO NAPOLEÔNICO E O MUNDO EM 1812
Estados
Unidos
Estados
Unidos
ÁFRICA
ÁFRICA
ESCALA
0 1710 3 420 km
ESCALA
Império Russo 0 1710 3 420 km
e expansão
Império Russo
e expansão
Fonte: Elaborado com base em KINDER, H.; HILGEMANN, W. Atlas histórico mundial. Madrid: Akal, 2006.
MÁRIO YOSHIDA
A EUROPA APÓS O CONGRESSO DE VIENA (1815-1852)
10°
REINO DA SUÉCIA
A Europa após o Congresso
Co de
Viena (1815-1852)
Oslo
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Estocolmo Confederação alemã
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e 1815
Edimburgo
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SCHLESWIG- IMPÉRIO
PAÍS DE -HOLSTEIN Hamburg
GALES RUSSO
Amsterdã HANÔVER
Londres HOLANDA Berlim Posen Varsóvia
PRÚSSIA Brest-Litovsk
Bruxelas PRÚSSIA
Colônia SAXÔNIA
OCEANO Kiev
Paris BAVIERA Praga
ATLÂNTICO BAVÁRIA Cracóvia
Stutgart
WÜRTTENBERG
Baden Viena IMPÉRIO AUSTRÍACO
FRANÇA Munique
Buda Peste Odessa
Bordeaux Genebra SUÍÇA
Lyon
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MASSA E MÓDENA Bucareste
Marselha CARRARA Belgrado
PORTUGAL ESTADO Mar Negro
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Mar Mediterrâneo
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ÁFRICA 0 335 670 km
Fonte: Elaborado com base em VIDAL-NAQUET, P. Atlas histórico. Lisboa: Círculo de Leitores, 1990.
O
ritmo da vida coletiva foi acelerado a partir da segunda metade
do século XVIII. Com a industrialização, consolidava-se o pro-
cesso de acumulação primitiva de capitais decorrente das ativi-
O encolhimento do mundo dades comerciais marítimas iniciadas no século XVI, do tráfico negrei-
ro desde o século XVII e das transformações na posse da terra
A verificadas na Inglaterra no século XVII e na França após 1789.
A+ COMUNICAÇÃO/CIA. de ÉTICA
C 480-640 km/h
Avião
a jato
D 800-1 100 km/h
Concorde
Voos comerciais do Concorde começaram em 21 de janeiro 6 horas era o tempo de viagem entre Rio
de 1976 e terminaram em 24 de outubro de 2003. de Janeiro e Paris em um Concorde.
E 2 652 km/h
MÁRIO YOSHIDA
EVOLUÇÃO DAS FERROVIAS NA EUROPA
entre o artesão e o mercado. Esse novo personagem leva- NO SÉCULO XIX
1880
va a matéria-prima para o artesão, que deveria transfor-
má-la e entregar a mercadoria pronta num determinado 1840
prazo. No dia combinado, o intermediário comparecia à
oficina, recebia o produto e pagava o trabalho do artesão.
O sistema doméstico representava uma mudança signifi-
cativa e funcionava como um estágio de transição entre Ferrovias
o trabalho doméstico e a manufatura ou a fábrica: o arte-
são ainda dispunha dos meios de produção e do controle
sobre a totalidade do processo e sobre seu ritmo de traba-
lho, mas perdia a ligação direta com a fonte de matérias
-primas e com o mercado.
História E Física>> A
máquina a vapor
"A máquina a vapor, tornando possível o uso da ener- há quase um século – a teoria adequada das máquinas
gia em todos os artifícios mecânicos, em quantidades a vapor só foi desenvolvida ex post facto pelo francês
muito maiores do que qualquer outra coisa conseguira Carnot na década de 1820 – e podia contar com várias
realizar no passado, foi a chave para tudo o que ocorreu gerações de utilização, prática de máquinas a vapor, prin-
em seguida, sob o nome de Revolução Industrial. A face cipalmente nas minas. Dadas as condições adequadas, as
do mundo mudou mais drástica (e mais rapidamente) inovações técnicas da revolução industrial praticamente
do que em qualquer outra época desde a invenção da se fizeram por si mesmas, exceto talvez na indústria quí-
agricultura, cerca de 10 mil anos antes." mica. Isto não significa que os primeiros industriais não
ASIMOV, I. Cronologia das ciências e das descobertas. estivessem constantemente interessados na ciência e em
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1993. p. 395. busca de seus benefícios práticos."
"Qualquer que tenha sido a razão do avanço bri- HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. p. 45-47.
tânico, ele não se deveu à superioridade tecnológica
e científica. Nas ciências naturais os franceses esta-
HULTON ARCHIVE/GETTY IMAGES
ANÁLISE DE IMAGEMpintura
Datação: 1818
1
Primeiro olhar:
Friedrich tratou, como nenhum outro pintor, do isola-
mento do homem civilizado diante da natureza. Ao con-
trário do personagem Robinson Crusoé, que, no século
anterior, confiava em sua capacidade individual e racio-
nal de interferir e dominar a natureza, o personagem de
Friedrich apresenta-se angustiado diante de uma natu-
reza indomável. O pintor retrata um momento em que se
colocava em questão o progresso e o racionalismo como
bases dessa transformação.
SUPERSTOCK
des surgiam, tornava-se claro que o mundo passava por
uma transformação mais ampla e mais profunda. Per-
dia-se a sensação de pertencer a uma comunidade res-
trita e relativamente uniforme e cada vez mais as pes-
soas percebiam-se como indivíduos que deviam agir
por si mesmos, isoladamente. A ideia de pertencer a
uma nação, que ganharia força na metade do século
XIX, ainda era frágil demais para sustentar algum sen-
tido de coletividade, especialmente no país que viu as
fábricas surgirem.
O historiador Edward P. Thompson analisou a expe-
riência daqueles tempos:
"Todo processo de industrialização é doloroso,
porque envolve a erosão de padrões de vida tradi-
cionais. Contudo, na Grã-Bretanha, ele ocorreu com
uma violência excepcional, e nunca foi acompanha-
Londres sob a linha do trem, Paul-Gustave Doré. Xilografia,
do por um sentimento de participação nacional num
extraída de Londres: uma peregrinação. Londres: Grant &
esforço comum, ao contrário do que se pode observar Co., 1872. (detalhe)
em países que atravessam uma revolução nacional.
Sua única ideologia foi a dos patrões". As cidades industriais
THOMPSON, E. P. A formação da classe operária inglesa. II.
As cidades fabris reuniam burgueses e operários, mas
A maldição de Adão. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. p. 344-345.
os espaços de moradia das duas classes eram diferen-
A situação dos pobres ciados, traduzindo a diferenciação social em segregação
A sensação de perda e derrota prevalecia no mundo do espacial. O centro geralmente abrigava a população rica
trabalho. O novo sistema alienava o trabalhador. Em e os trabalhadores eram alojados em bairros construí-
geral, os operários vinham do meio rural e desconhe- dos nas proximidades das próprias fábricas. O cuidado
ciam o funcionamento da produção. Contratados para da administração pública com os dois setores era visivel-
exercer uma tarefa específica, jamais conseguiam com- mente diferente: no centro, ruas alargadas e melhor ilu-
preender a totalidade da processo produtivo. Eles tor- minadas; nos bairros operários, ruas estreitas, sombrias
navam-se peças das máquinas que, com seu movimen- e sujas, marcadas pela presença da fumaça e da fuligem
to acelerado, condicionavam as ações e deformavam os expelidas quase ininterruptamente pelas chaminés das
corpos dos trabalhadores. As tarefas mecanizavam seus fábricas e pelo lixo acumulado. As condições sanitárias
gestos. Os ruídos e a fumaça, dentro das fábricas, provo- eram precárias na cidade toda, e mais graves nos bair-
cavam doenças e desconforto ininterrupto. Havia o risco ros operários, onde casas pequenas, em geral com um
constante de acidentes, ferimentos e mortes. Os capa- só cômodo no andar de cima e outro no andar de baixo,
tazes eram, em geral, brutais no trato e muitas vezes abrigavam diversas pessoas. O abastecimento de água,
espancavam os trabalhadores que não correspondiam feito por meio de bicas e fontes públicas, era insuficiente
às suas expectativas. As jornadas diárias de trabalho, para a grande população urbana. Epidemias de tubercu-
História E Literatura>> A
narrativa policial
A literatura captou logo os sinais da nova vida urbana Pernas de estátua, era-lhe a imagem nobre e fina.
e os impasses enfrentados por seus habitantes. Dois Qual bizarro basbaque, afoito eu lhe bebia
escritores foram especialmente precisos no diagnóstico No olhar, céu lívido onde aflora a ventania,
dos dramas e das virtudes urbanas: o francês Charles A doçura que envolve e o prazer que assassina.
Baudelaire (1821-1867) e o estadunidense Edgar Allan
Que luz... e a noite após! – Efêmera beldade
Poe (1809-1849).
Cujos olhos me fazem nascer outra vez,
Baudelaire expôs, em diversos poemas, o ritmo e a
Não mais hei de te ver senão na eternidade?
despersonalização das grandes cidades. Seu poema “O
crepúsculo vespertino” caracterizou a noite como um Longe daqui! tarde demais! nunca talvez!
refúgio do crime e dos criminosos, revelando uma cidade Pois de ti já me fui, de mim tu já fugiste,
marcada pelo perigo. “Uma carniça”, “Mártir” e “O vinho Tu que eu teria amado, ó tu que bem o viste!”
do assassino” trazem perfis terríveis dos habitantes urba- BAUDELAIRE, Charles. As flores do mal. Trad. Ivan Junqueira.
nos. Em “A uma passante”, ele registra o encontro fugidio Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. p. 321.
entre uma mulher, elegante e de luto, e um homem, que Edgar Allan Poe é geralmente considerado o cria-
narra o episódio e constata que a breve troca de olhares dor da narrativa policial. Em três contos publicados na
o fez apaixonar-se à primeira vista. Numa cidade em que década de 1840 (“Os assassinatos da rua Morgue”, “O
todos estão em movimento, porém, essa paixão – o narra- mistério de Marie Roget” e “A carta roubada”), ele criou
dor reconhece – também foi à última vista: o primeiro grande detetive da literatura, Auguste Dupin,
“A rua em torno era um frenético alarido. desenvolveu o método analítico de decifração de mis-
Toda de luto, alta e sutil, dor majestosa, térios e mostrou as cidades do século XIX como locais
Uma mulher passou, com sua mão suntuosa misteriosos e ameaçadores, em que o crime pode ocor-
Erguendo e sacudindo a barra do vestido. rer a qualquer momento e em qualquer lugar.
1 Ofereça uma definição para a Revolução Industrial. Industrial impôs em definitivo a necessidade de con-
→ DL/CF/H1/H2/H18/H19 centrar os trabalhadores no mesmo espaço e sob as
2 Por que a manufatura têxtil foi o carro-chefe da ordens de um patrão". → DL/SP/CA/H11/H16/H17/H18
Revolução Industrial? → DL/CF/H1/H16/H19 5 Identifique as principais dificuldades que os traba-
3 Como se organizava o trabalho no artesanato e no lhadores das primeiras fábricas enfrentavam dentro
sistema doméstico? → DL/CF/SP/H11 e fora do espaço de produção. → DL/SP/H11/H20
6 Diferencie as estratégias de luta dos quebradores
4 Explique a seguinte frase do texto: "A maquiniza-
de máquinas e dos cartistas. → DL/SP/H9/H10/H11/
ção da produção ocorrida trazida pela Revolução
H13/H14
O manual e o mecânico
"Do século XV ao XVIII verificou-se verdadeira mudan- reiras, ou mesmo as comerciais […]. Curioso lembrar como
ça de mentalidade. A mecânica e a técnica, de menospre- os médicos, forrados de humanismo, não tinham respeito
zadas, passaram a supervalorizadas. Não é generalizada pelos cirurgiões, pois exerciam labor mecânico. Até 1743 –
essa aceitação, pois os preconceitos têm raízes fundas, repare na data – eram vistos como espécie de barbeiros."
dificilmente removíveis. Ainda no século XVIII e mesmo IGLÉSIAS, F. A Revolução Industrial.
nos seguintes, até o atual, encontra-se certa atitude de São Paulo: Brasiliense, 1981. p. 40-41.
suspeita ante o manual ou mecânico, enquanto se realça o
ócio, o lazer, a condição de nobreza, que não trabalha ou Francisco Iglésias(1923-1999), historiador, professor da
só trabalha com a inteligência e exerce o comando. Daí a UFMG, foi um renomado especialista em história econômica e
desconsideração com tarefas como as agrícolas – revol- autor de diversos livros e artigos acadêmicos.
ver as terras com as mãos –, as artesanais ou manufatu-
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
o
1 Como a nobreza enxergava o trabalho? → DL/SP/H11 3 Compare a visão de trabalho expressa no texto com a
2 Por que os cirurgiões eram chamados de barbeiros? visão de trabalho no mundo capitalista industrial.
→ DL/SP/H9/H10/H11 → DL/SP/H9/H10/H11
Faça
Mãos à Obra em se
cadernu
o
1 Leia atentamente os textos a seguir: tar alianças, instituir o comércio e fazer todas as outras
leis e coisas que os Estados independentes têm o direi-
"As colônias […] devem: primeiro, dar à metrópole um
to de fazer. […]"
maior mercado para seus produtos; segundo, dar ocupa-
ção a um maior número dos seus [da metrópole] manu- Declaração da Independência dos Estados Unidos da América.
Documentos Históricos dos Estados Unidos.
fatureiros, artesãos e marinheiros; terceiro, fornecer-lhe São Paulo: Cultrix, 1988. p. 67.
uma maior quantidade dos artigos de que precisa."
Quais são os princípios básicos que diferenciam os
POSTLETHWAYT (letrado inglês em 1747). Apud NOVAIS, dois discursos?
Fernando A. Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial
(1777-1808). 2. ed. São Paulo: Hucitec, 1983. p. 59. → DL/CF/SP/H1/H7/H9
Faça
Em Cartaz em se
cadernu
o
DIVULGAÇÃO
País: França/Polônia Convenção diante de discursos eloquentes como os de
Ano: 1982 Danton e Robespierre.
Ação
1 A conversa entre Danton e Robespierre pode ser
vista como a síntese das divergências no interior da
Do consagrado diretor polonês Andrzej Wajda, o longa- Convenção Jacobina. Discuta com seus colegas a manei-
-metragem narra os eventos da Revolução Francesa ocorri- ra como o diretor construiu esse conflito, considerando:
dos durante o Período do Terror (1793-1794), caracteriza- • Os acontecimentos que antecedem o diálogo (o
do pela instituição do Tribunal Revolucionário e do Comitê esvaziamento do recinto, a preparação do jantar,
de Salvação Pública. As divergências quanto aos rumos entre outros aspectos);
da revolução, protagonizadas por Georges Danton (líder • O encontro entre Danton e Robespierre (as diferen-
dos cordeliers, agrupamento radical que se reunia no anti- ças na maneira como estão vestidos, como reagem
go convento dos franciscanos de Paris, conhecidos por tal em face da presença do outro, como se comportam
denominação) e Maximilien Robespierre (líder jacobino), à mesa, entre outros aspectos);
então deputados da Convenção Nacional, são o principal
• Os assuntos tratados no encontro (principalmente a
foco do filme. Em face de tais divergências, o diretor revisi- questão dos desejos do povo);
ta os princípios dessa revolução, os quais marcaram a polí-
• A maneira como cada um se posiciona diante desses
tica contemporânea, nem sempre em primeiro plano nas
assuntos.
disputas empreendidas pelos dois personagens.
2 Em sua opinião, como o diretor caracterizou as posi-
Luzes ções de Danton e de Robespierre em relação aos
rumos da revolução? Houve parcialidade nessa carac-
Retome as instruções oferecidas para análise de filmes
terização? Justifique.
nos Procedimentos metodológicos da página 10.
Leia novamente o item A República (p. 102) e procu- 3 Em alguns momentos, por meio do contato com as pes-
re identificar: soas do povo, Danton e Robespierre notam falta de legi-
• O núcleo de conflitos entre girondinos e jacobinos; timidade em suas próprias posições. Cite pelo menos
• As divergências políticas desencadeadas nesse um momento em que isso ocorre com cada personagem
período. e explique em que consistiu a falta de legitimidade.
4 De que maneira a leitura do diretor pode nos ajudar a
Câmera compreender os eventos que marcaram o Período do
Durante a exibição do filme, é preciso ficar atento aos diálo- Terror na República? E em que medida seu trabalho
gos, mas também a outros aspectos da narrativa. A maneira pode interferir de maneira negativa na reconstrução
como o cenário e os figurinos foram confeccionados e utili- do passado?
zados pelo diretor nos dá pistas sobre sua leitura dos even- → DL/CF/SP/CA/H2/H10/H13/H12/H14/H15/H22/H24
tos. Considere estes aspectos ao tomar nota sobre:
• A percepção popular dos eventos recém-ocorridos na
cidade de Paris;
Estante • TEIXEIRA, F. M. P. Revolução Industrial. 12. ed. São Paulo: Ática, 2010.
Radar 127
10
4 O Diabo ronda
as Colônias
DE OLHO nos
P
otência hegemônica na Europa, a Inglaterra tornara-se a van- Conceitos
guarda das transformações industriais e seus governos dita-
vam as novas regras em nome da liberdade de comércio. Ao • Caudilhismo
mesmo tempo, Portugal e Espanha ressentiam-se de suas manufatu- • Interiorização da
ras medíocres, incapazes de concorrer com a produção britânica em Metrópole
processo de desenvolvimento e expansão. • Elites
Por meio de guerras, contra- gia como obstáculo para a expansão
bando e acordos diplomáticos, a do capitalismo.
Inglaterra conseguia ampliar seu Num processo que se estendia
comércio com outras metrópoles desde o final do século XVII, Por-
e respectivas colônias, submeten- tugal dependia da parceria inglesa
do-as a uma dependência estru- para defender seu combalido Impé-
tural, ou seja, reservando-lhes os rio ultramarino e tornou-se uma
papéis de fornecedoras de gêneros das principais áreas de influência
agrícolas e matérias-primas, e de britânica. Dessa forma, as bases do
consumidoras de produtos indus- sistema colonial português foram
triais. Assim, as estruturas agrá- gradativamente solapadas até se
rias dos demais Estados e das suas romperem por completo no início MEMORIAL LIBRARY, WISCONSIN UNIVERSITY, MADISON, Estados Unidos
129
N
as capitanias de Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco,
ACERVO ITAÚ/COLEÇÃO BRASILIANA,
SÃO PAULO, BRASIL
A Inconfidência Mineira
Muito mais que uma luta entre o bem e o mal, a Inconfidência Mineira foi uma
tentativa de rompimento dos laços com a Metrópole portuguesa. Enriquecidos
MUSEU DA INCONFIDÊNCIA,
OURO PRETO, MINAS GERAIS, BRASIL
1 Quais eram as propostas dos integrantes da 4 "O problema das revoluções é que sem os revolucio-
Conjuração Baiana? → DL/H9/H11/H13/H15 nários não é possível fazê-las e com eles não é pos-
2 Por que a Coroa portuguesa não puniu com o mesmo sível governar." A frase de Joaquim Nabuco per-
rigor os envolvidos na Inconfidência Mineira e os mite compreender o comportamento das elites
revoltosos da Bahia? → DL/SP/H7/H8/H9/H11 da América portuguesa ao final do século XVIII?
Justifique sua resposta. → DL/CF/SP/H1/H9
3 A inspiração para a Inconfidência Mineira foi busca-
da nos Estados Unidos. Para a Revolta dos Alfaiates 5 Qual foi o principal aprendizado dos grupos domi-
o modelo foi dado pela França. Que conclusão pode- nantes brasileiros com as revoltas do final do sécu-
mos tirar dessas apropriações? → DL/CF/SP/H9/H10 lo XVIII? → DL/CF/SP/H2/H3/H7/H9/H10/H11/H13
A
Coroa espanhola procurou, durante o século XVIII, aumentar os
◀ ANOS
INDEPENDÊNCIA DA
AMÉRICA ESPANHOLA ganhos que obtinha na América. Para tanto, enviou mais tropas
para as possessões de ultramar, ampliou suas estratégias de vigi-
Início da Revolta 1791
em São Domingos. ▾ lância, reprimiu com mais vigor o contrabando e aumentou os impostos
1794 sobre o comércio. A proibição à instalação de manufaturas foi mantida, para
Toussaint L'Ouverture assume a
liderança do movimento. ▾ forçar os colonos a adquirirem os produtos diretamente da metrópole. No
Morte de Toussaint L'Ouverture. 1803 geral, o esforço espanhol foi bem sucedido e provocou crescimento no volu-
▾
Independência de São Domingos. me de recursos enviados à Espanha.
Proclamação da República do Haiti.
1804 A pressão metropolitana, no entanto, intensificou as tensões sociais e
▾
Movimento de emancipação 1810 políticas dentro das colônias. A aceleração da exploração de minérios agra-
política em Caracas, ▾ vou a já penosa condição de vida dos indígenas, gerando revoltas mais fre-
Buenos Aires, Bogotá, Santiago.
quentes. A elite criolla por sua vez, continuava alijada dos principais postos
Primeira tentativa de independência
mexicana sob a liderança administrativos, incomodava-se diante das novas imposições dos chape-
do padre Miguel Hidalgo.
tones (espanhóis residentes na América) e exigia maior participação nas
Proclamação da independência 1811
da Venezuela. ▾ decisões políticas. Os criollos enriqueciam com a expansão da agricultura
1815 e a pecuária, mas percebiam as limitações que o monopólio metropolitano
A Coroa espanhola retoma
o controle das Colônias. ▾ impunha a seus lucros.
Independência da Argentina. 1816 As ideias liberais e iluministas circulavam pela América e alimentavam
Tropas luso-brasileiras invadem a ▾ a indisposição perante a hegemonia estrangeira. No final do mesmo século,
Banda Oriental (Uruguai).
os exemplos da independência dos Estados Unidos e da Revolução France-
Independência do Chile.
1818
▾ sa reforçavam a convicção de que os tempos do mercantilismo e da coloni-
Independência da Colômbia.
1819 zação aproximavam-se do fim.
▾
Bolívar lidera a libertação 1821
da Venezuela. ▾
San Martín proclama em Lima A invasão napoleônica
a independência do Peru.
Os ecos dos conflitos europeus e do avanço das tropas de Napoleão sobre a
Uruguai anexado ao território
brasileiro com o nome Espanha, em 1808, chegaram rapidamente ao Novo Mundo e alteraram o pre-
de Província Cisplatina. cário equilíbrio político das colônias. Surgiram juntas rebeldes, em algumas
Independência do México.
partes, com o objetivo de impedir a interferência francesa na região. Os vice
Independência das Províncias 1823
Unidas da América Central. ▾ -reis espanhóis na América rejeitaram obedecer aos invasores e passaram a agir
Independência da Bolívia. 1824 com mais autonomia. Os cabildos, compostos pelas famílias criollas mais ricas e
Fim do Império hispano-americano. ▾ poderosas de cada localidade, assumiram mais funções e liberdade de ação. Até
Guerra entre Brasil e Argentina 1825 1813, quando as tropas napoleônicas foram expulsas da Espanha, a América
pela Banda Oriental. ▾
espanhola conheceu uma relativa autonomia política e comercial, o que gerou
Congresso do Panamá. 1826 mais lucros para os criollos e, mais importante, deu a eles uma noção mais clara
Fracassa a ideia de Bolívar ▾
de unificação das Américas. e profunda das perdas provocadas por sua submissão ao Pacto Colonial.
Acordo Brasil-Argentina reconhece a 1828
República do Uruguai. ▾ A derrocada do Império espanhol
Peru e Grande Colômbia entram Desde o princípio do século XVIII, a ideia e os movimentos de emancipação
em guerra pela disputa de Quito.
Independência do Equador. 1830 política floresciam na América espanhola. Do México a Buenos Aires, passan-
A Grande Colômbia ▾ do por Caracas, na Capitania Geral da Venezuela, e por Lima, no Vice-Reino
se desmembra em dois do Peru, havia agitações políticas e circulavam impressos clandestinos, con-
Estados: Venezuela e Colômbia.
Morre Simón Bolívar.
clamando os criollos a se organizarem para romper os laços com a metrópole.
TERRA NOVA
TERRA DE RUPERT’S St. Pierre e Miquelon
ço
NEW BRUNSWICK
en
Lo Á
ur
ão AD
Boston
Nova York
ESTADOS OCEANO
UNIDOS Bermuda
ATLÂNTICO
SURINAME
de
NOVA GRANADA
PACÍFICO
VICE REINADO
DO PERU BRASIL
Lima
Possessões inglesas
La Paz
Possessões francesas
Andes
VICE
VICE REINADO DO
Possessões holandesas RIO DA PRATA
Santiago
Buenos Aires
Patagô
nia
ESCALA
0 945 1890 km
Fonte: Elaborado com base em BLACK, Jeremy. World history atlas. London: Dorling Kindersley, 2005; SELLIER, J. Atlas de
los pueblos de America. Barcelona: Paidós, 2007.
50 km
Negros e mestiços
Les Cayes Port-au-Prince
A colônia francesa possuía uma composição social 4 550 6 200
explosiva. No topo, uma pequena elite branca proprie- 15000
tária de terras e negros escravizados, e composta de Brancos Negros
escravizados
Negros e
mestiços livres
População
total
funcionários e autoridades administrativas. A seguir,
Fonte: Elaborado com base em RODGERS, D. "Urban development in 18th Century
brancos pobres, que nas fazendas eram feitores, admi- Saint Domingue". In: Bulletin du CHEA, no 5, 1990. Barcelona: Paidós, 2007.
nistradores ou capatazes. Nas cidades eram escritu-
rários, artesãos, alfaiates, soldados rasos. Mas muitos A Revolução
deles não cumpriam função alguma na economia: eram As revoltas e as formas de resistência entre os escravizados
fugitivos, devedores, criminosos. Na base da sociedade eram cotidianas: envenenamentos, suicídios, pilhagens
havia uma imensa massa explorada de africanos e des- etc. Muitos acabavam fugindo para as florestas e monta-
cendentes escravizados. nhas, onde organizavam quilombos. Dos quilombos surgiu
Entre brancos e negros escravizados havia um a primeira revolta organizada contra os brancos, antes da
setor expressivo da sociedade composto de mestiços Revolução Francesa (1789), que foi conduzida pelo líder
livres, mas hostilizados pelos brancos. Apesar disso, quilombola François Mackandal, cujas forças rebeldes
no entanto, conseguiram se estabelecer praticando aterrorizaram os fazendeiros brancos durante seis anos.
algum ofício. O crescimento econômico da Colônia Durante a Revolução Francesa, o governo estendia a
facilitou a ascensão social dessa população. Eles não igualdade de direitos a todos os cidadãos livres das colô-
tinham direitos políticos, mas podiam comprar pro- nias. A notícia se espalhou rapidamente em São Domin-
priedades e negros escravizados e administrar seus gos. Em 1791, iniciou-se uma rebelião sem precedentes.
América Central
O México independente anexou a Capitania da Guate-
mala e expôs outro dilema da emancipação política na
América espanhola: a independência manteria a unida-
de artificial que a Espanha impusera ao continente ou
provocaria fragmentação política?
Para o hondurenho José Cecilio del Valle (1780-1834),
um dos principais líderes centro-americanos, a resposta
devia ser dada com cautela. Ele defendia a unidade e lutou
por ela, mas temia que os países mais ricos e mais fortes
dominassem os menores. A ocupação mexicana da Guate-
mala revelava que a preocupação de del Valle era correta.
Entre as décadas de 1820 e 1830, a América Central
foi cortada por conflitos de várias ordens: além da guer-
ra contra a Espanha, lutava-se contra a invasão mexica-
na e os grandes proprietários tentavam conter os levan-
Hidalgo, Claudio Linatti. Litografia aquarelada extraída tes populares. Após a expulsão dos espanhóis e dos
da obra Costumes civils, militaires et réligieux du Méxique, mexicanos, a tentativa de impedir a divisão política da
Bruxelas, 1828.
região resultou na criação das Províncias Unidas, que
duraram até o final do anos 1830.
Bahamas
Porto Rico da de 1960, um grupo de uruguaios de esquerda, que
Ilhas Virgens
Havana
St. Martin
Ilhas Leeward
lutavam pela revolução social e que passaram, em home-
MÉXICO
México
CUBA
Jamaica HAITI
Guadalupe
Dominica nagem ao líder indígena, a se denominar Tupamaros. Os
Belize Martinica
GUATEMALA HONDURAS
Curação
BARBADOS tupamaros foram brutalmente reprimidos pela ditadura
EL SALVADOR NICARÁGUA Ilhas Windward
COSTA RICA VENEZUELA Trinidad e Tobago
GUIANA INGLESA
militar que controlou o país nos anos 1970.
GUIANA HOLANDESA
COLÔMBIA
GUIANA FRANCESA
RADIO LIVRE LATINOS, PARIS, FRANÇA
Is. Galápagos
(EQU)
EQUADOR
PARAGUAI
Rio de Janeiro
ARGENTINA
Santiago URUGUAI
CHILE Buenos Aires
Possessões inglesas
Patago
Possessões holandesas
ESCALA
Possessões estadunidenses 0 1325 2650 km
Fonte: Elaborado com base em BLACK, Jeremy. World history atlas. London:
Dorling Kindersley, 2005; SELLIER, J. Atlas de los pueblos de America.
Tupac Amaru, anônimo. Ilustração, 2009.
Barcelona: Paidós, 2007.
1 Relacione a invasão napoleônica da Espanha com o 3 Explique a proposta de unidade americana por
crescimento dos movimentos emancipacionistas na Simón Bolívar e as controvérsias em torno dela.
América. → DL/CF/SP/H7/H10/H11 → DL/CF/SP/ H10/H11/H14
2 No que os movimentos liderados por Hidalgo 4 Qual foi o papel dos Estados Unidos na independên-
e Morelos, no México, e José Artigas, na Banda cia hispano-americana? → DL/CF/SP/H7/H9
Oriental, diferenciaram-se das demais lutas pela
5 Explique o que foi caudilhismo no século XIX hispa-
independência. → DL/SP/CA/H9/H10/H11
no-americano. → DDL/ SP/H10/H11
D
esde o final do século XVIII, alguns letrados do Império português
retomavam a ideia, esboçada no século anterior, de mudança da
sede da Coroa para a América. Devido à importância econômica das
colônias americanas e à insegurança reinante na Europa, eles defendiam
uma profunda reforma na estrutura política do Império, que culminaria
nesse deslocamento geográfico do poder monárquico.
D. Rodrigo de Sousa Coutinho, Ministro dos Negócios do Ultramar, pro-
pusera, em 1798, uma política de reconciliação imperial, após as conspi-
rações de Minas, do Rio de Janeiro e da Bahia. O ilustrado conselheiro da
Coroa defendia o estabelecimento de uma federação de províncias, incluin-
◀ ANOS
A INDEPENDÊNCIA
DO BRASIL do as possessões coloniais, de forma que todas gozassem as "mesmas hon-
ras e privilégios", "a fim de que o português nascido nas quatro partes do mundo
Acordo prevê mudança 1807
da corte lusitana para o Brasil. ▾ se julgasse somente português". Em 1803, consultado sobre a situação euro-
A família real embarca peia, d. Rodrigo acrescentava: "Portugal não é a melhor parte da monarquia,
rumo ao Brasil.
nem a mais essencial". Isso significava que um poderoso Império sediado
Exército francês ocupa Lisboa.
na América do Sul seria mais capaz de responder a agressões da França, da
Transferência da corte portuguesa 1808
para o Rio de Janeiro. ▾ Inglaterra e da Espanha, e de defender seus domínios mais ricos.
Abertura dos portos brasileiros
às nações amigas.
A assembleia
"O ponto culminante desse conflito de opiniões e inte- Arcos. O recinto da reunião foi invadido pelas tropas por-
resses antagônicos foram os acontecimentos verifica- tuguesas provocando uma debandada geral, muitos sal-
dos na noite de 21 para 22 de abril de 1821, na Praça do tando pelas janelas, diante da fuzilaria e das baionetas.
Comércio. Ao cair da tarde do dia 21 reuniram-se ali os Um morto e diversos feridos foi o saldo do evento."
eleitores dos deputados candidatos às cortes de Lisboa, FALCON, F. C.; MATTOS, I. R. "O processo de independência no
convocados pelo ouvidor da Comarca, a fim de tomarem Rio de Janeiro". In: MOTA, C. G. (Org.). 1822: dimensões.
conhecimento do real decreto relativo à partida da corte, 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 1986. p. 295-296.
do projeto de instruções para a Regência e do Aviso de
1 Identifique as características do conceito de elite que 2 No Brasil de hoje, quais grupos podem ser identifica-
podem ser aplicadas às lideranças políticas que reali- dos como componentes das elites? Justifique cada um
zaram a emancipação política da América espanhola dos exemplos apresentados.
e da América portuguesa. Justifique. → DL/CF/SP/CA/H1/H3/H11/H13/H22
→ DL/CF/H1/H11/H13/H22
1 Por que a corte portuguesa deixou Portugal e veio não havia uma nação brasileira." Qual é o significa-
estabelecer-se na América em 1808? → DL/SP/H7/H8 do dessa afirmação? → DL/CF/SP/CA/H7/H9/H10/H11
2 Quais foram as consequências da abertura dos por- 6 Quais eram os receios das elites brasileiras?
tos promovida por d. João? → DL/SP/H7/H8 → DL/CF/SP/CA/H7/H9/H10
3 Como se deu a participação inglesa no proces- 7 Como foi possível celebrar o pacto político entre
so de instalação da corte portuguesa no Rio de d. Pedro e as elites do Centro-Sul?
Janeiro? Que vantagens os ingleses obtiveram → DL/CF/SP/H8/H9/H11
nessa operação? → DL/SP/H7/H8 8 O processo de independência brasileira foi seme-
4 Quais eram as propostas políticas da Insurreição lhante ao ocorrido no restante da América?
Pernambucana de 1817? → DL/SP Justifique sua resposta.
5 "Não havia entusiasmo nacional, até porque ainda → DL/SP/CA/H7/H9/H10/H11/H13
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
o
1 Há vários personagens citados nesse relato. Quais são relato de Luccock e da imagem de Debret?
eles? → DL/SP/H1 → DL/CF/SP/H1/H11
2 Há uma hierarquia entre alguns deles? Justifique sua
BIBLIOTECA NACIONAL, RIO DE JANEIRO, BRASIL
resposta. → DL/SP/H1
3 Qual é o preconceito social existente no Brasil do sécu-
lo XIX que se pode identificar nesse relato? Por que o
inglês ficou tão surpreso com esse comportamento a
ponto de contá-lo como anedota? → DL/SP/H1/H11
4 Agora observe a situação retratada por Jean-Baptiste
Debret, um pintor francês que visitou o Brasil no
mesmo período:
a) Descreva cada uma das pessoas retratadas por
Debret. → DL/CF/SP/H1/H11
b) Estabeleça a hierarquia que pode ser identificada Um funcionário a passeio com sua família, Jean-Baptiste
Debret. Litografia aquarelada extraída de Viagem Pitoresca
na imagem. → DL/CF/SP/H1/H11
e Histórica ao Brasil, Firmin Didot Frères, Paris, França, c.
c) Quais são as características sociais comuns do 1835-1839.
1 (UFU-MG) "É uma ideia grandiosa pretender formar de Explique o chamado pan-americanismo na visão de
todo o Novo Mundo uma só nação com um só vínculo Simón Bolívar e da Doutrina Monroe, apontando
que ligue suas partes entre si e com o todo. Já que tem suas diferenças. → DL/CF/SP/CA/H1/H2/H4/H7/H8/H9
uma origem, língua, costumes e uma religião (comuns) 2 Em Lisboa, em 23 de março de 1822, durante os deba-
deveria, por conseguinte, ter um só governo que con- tes das cortes, o deputado Ferreira de Moura fez a
federasse os diversos Estados que hão de formar-se; seguinte afirmação em seu discurso:
mas não é possível porque climas distintos, situações
diversas, interesses opostos, caracteres dessemelhan- "Que homens são estes de São Paulo? São porventura
tes dividem a América." homens a cuja voz na América se agita, e se aplaca? São
homens a quem toda a América haja de seguir como um
BOLÍVAR, Simón. "Carta de Jamaica, Kingston,
6 de setiembre de 1815". In: ZEA, Leopoldo (Comp.). rebanho de gado após o que
Fuentes de la cultura latinoamericana. vai adiante, que salta pri- Aprisco: curral.
México: Fondo de Cultura Económica, 1993. p. 30. meiro a parede do aprisco?
"Julgamos propícia esta ocasião para afirmar, como Não; não são desta laia os homens de que se trata. São
um princípio que afeta os direitos e interesses dos homens que excitam à rebelião, e ao crime; são uns
Estados Unidos, que os continentes americanos, em poucos de facciosos, com quem não é lícito, nem polí-
virtude da condição livre e independente que adqui- tico transigir um momento."
riram e conservam, não podem mais ser considera- Apud ALEXANDRE, V. Os sentidos do império. Questão nacional e
dos, no futuro, como suscetíveis de colonização por questão colonial na crise do Antigo Regime Português.
nenhuma potência europeia [...]" Porto: Afrontamento, 1993. p. 617.
a) Quais eram as atividades econômicas dos paulis-
"Trecho da Mensagem de Monroe". In: AQUINO, R. S. L. e outros.
História das sociedades americanas. tas nesse momento? → DL/SP/H9
Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1990. p. 159. b) Quais eram os projetos políticos desses paulistas?
→ DL/SP/H7/H9/H10
3 Observe a imagem abaixo.
Passagem de um rio vadeável, Jean-Baptiste Debret. Litografia aquarelada extraída de Viagem Pitoresca e
Histórica ao Brasil, Firmin Didot Frères, Paris, 1835-1839.
Execução de Robespierre em 28 de julho de 1794, anônimo. Litografia Tiradentes supliciado, Pedro Américo.
aquarelada, século XVIII. (detalhe) Óleo sobre tela, 1893.
THE BRIDGEMAN ART LIBRARY/KEYSTONE
→ DL/CF/SP/H1/H2
b) Quais são os aspectos em que se diferenciam?
→ DL/CF/SP/H1/H2/H11
c) Quais são os aspectos em que se assemelham?
→ DL/CF/SP/H1
5 Leia, agora, o texto a seguir:
"Na realidade, entretanto, o que até então sustentara essa
prática dos suplícios não era a economia do exemplo, no
sentido em que isso será entendido na época dos ideólo-
gos (de que a representação da pena é mais importante
Punições públicas, Johann Moritz Rugendas. Litografia que o interesse pelo crime), mas a política do medo: tor-
aquarelada extraída de Viagem Pitoresca através do Brasil, nar sensível a todos, sobre o corpo do criminoso, a presen-
Paris, c. 1835.
Independência ou morte ou O grito do Ipiranga, Pedro Américo. Óleo sobre tela, 1888.
Faça
Em Cartaz em se
cadernu
o
Ação
O filme trata da história de Portugal durante o processo 1 Aponte as características do absolutismo apresentadas
de emancipação política brasileira. A ironia com relação à pelo filme.
espalhafatosa Carlota Joaquina, esposa de d. João VI, serve 2 Descreva a maneira como as ideias francesas são apre-
como elemento articulador da trama. sentadas no filme.
3 Demonstre, a partir de passagens do filme, a influên-
Luzes cia britânica nas decisões tomadas pela monarquia
Retome as instruções oferecidas para análise de filmes portuguesa.
nos Procedimentos metodológicos da página 10. 4 Como o filme apresenta as consequências da chegada
Releia o item A independência do Brasil (p. 144-150). da corte portuguesa ao Brasil?
Concentre-se, sobretudo, em alguns aspectos fundamentais:
5 Como os escravizados são representados no filme?
• O contexto europeu que estimulou a fuga da família
6 Em uma certa passagem, o narrador afirma que d.
real portuguesa.
Pedro tornou-se herói do Brasil e admirado pelos brasi-
• O conceito de interiorização da Metrópole e seus leiros. Discuta essa afirmação.
desdobramentos.
7 Discuta a presença de estereótipos acerca do Brasil
• As transformações econômicas e sociais no Centro- presentes no filme.
-Sul.
• As características da Revolução do Porto.
→ DL/CF/SP/CA/H1/H2/H11
Estante • GRODIN, Marcelo. Haiti: cultura, poder e desenvolvimento. São Paulo: Brasiliense, 1985.
Radar 157
10
5 Nações, Nacionalismo
e Internacionalismo
DE OLHO nos
A
o se tornar o principal símbolo da derrubada do absolutis- Conceitos
mo, a Revolução Francesa ofereceu também um novo impul-
so ao nacionalismo, sentimento e ideologia que começou a • Nacionalismo
se constituir no século XVIII. • Romantismo
O sentimento de identida- so que a Igreja impunha ao mundo • Monarquia
de nacional vinculara-se à revolu- medieval, ou do transnacionalis- constitucional
ção durante as guerras. A defesa
da pátria confundira-se com a defe-
mo absolutista que admitia que, por
meio de casamentos ou alianças, um
• Feminismo
sa da própria revolução. O recruta- nobre nascido na Inglaterra poderia • Comunistas
mento nacional e o engajamento assumir o trono francês ou um nobre • Marxismo
dos sans-culottes contribuíram para
tal identificação.
austríaco, o trono espanhol.
A construção desses Estados
• Anarquismo
Se na Idade Média o sentimen- nacionais marcou a política do • Abolicionismo/
to de pertencer à cristandade havia século XIX, na Europa e na Amé- campanha
oferecido as bases para a identidade rica. Ao mesmo tempo em que se abolicionista
coletiva, a partir do final do século
XVIII era o direito coletivo da nação
firmava a lealdade nacional, pro-
duziam-se elementos que justifica-
• Segregação racial
que passava a servir de referência vam a unidade nacional: idealiza- • Mandonismo local
para os Estados. ção do passado, afinidades étnicas
THE BRIDGEMAN ART LIBRARY/KEYSTONE MUSEU DO LOUVRE, PARIS, FRANÇA
Desse modo, no século XIX, e a recuperação da cultura popular.
momento em que o cristianismo se Tais elementos foram impulsiona-
fragilizava, o nacionalismo revelava dos pelo romantismo, movimento
sua força. Esse sentimento nacional cultural que esteve associado dire-
criava novos mitos, mártires e dias tamente ao nacionalismo.
"sagrados" que estimulavam a reve- Numa outra vertente, contra o
rência. A Revolução Francesa esta- nacionalismo e o Estado burguês,
beleceu o princípio de uma sobe- ativistas ligados ao movimento ope-
rania derivada da nação, do povo rário, socialistas e anarquistas pro-
como um todo – o Estado não era curavam denunciar a exploração da
propriedade particular do gover- classe trabalhadora. O internacio-
nante, mas a incorporação da von- nalismo era alimentado como uma
tade de seus cidadãos. forma de se criar uma identidade de
O Estado-nação estaria acima do classe, para além das identidades
rei, da Igreja, de grupos políticos, da nacionais. "A classe operária é inter-
corporação, da província. Seria supe- nacional" e "Nem pátria nem patrão"
rior a todas as outras lealdades. Bem foram slogans elaborados a partir Barricadas em 1830, Pierre
diferente do universalismo religio- dessa contestação. Manguin. Aquarela, 1834.
159
"N
ação" é uma palavra que aparece regularmente nas nossas
conversas. Políticos se referem à nação ao apresentarem suas
propostas e ideias. Locutores esportivos conclamam a "nação
brasileira" a torcer pelos nossos atletas em competições internacionais.
Há quem use a expressão "nação indígena" e até quem empregue a pala-
vra para designar uma torcida:"nação flamenguista", "nação tricolor" etc.
Mas o que é exatamente uma nação e no que consiste o sentimento que
animaria seus membros – o nacionalismo?
O historiador britânico Eric Hobsbawm considerou a questão numa pas-
sagem divertida:
"S uponha-se que um dia, após uma guerra nuclear, um historiador inter-
galáctico pouse em um planeta então morto para inquirir sobre as causas da
pequena e remota catástrofe registrada pelos sensores de sua galáxia. Ele, ou
ela – poupo-me de especular sobre o problema da reprodução fisiológica extra-
terrestre –, consulta as bibliotecas e os arquivos que foram preservados por-
que a tecnologia desenvolvida do armamento nuclear foi dirigida mais para
destruir pessoas do que a propriedade. Após alguns estudos, nosso observador
conclui que os últimos dois séculos da história humana do planeta Terra são
incompreensíveis sem o entendimento do termo 'nação' e do vocabulário que
dele deriva. O termo parece expressar algo importante nos assuntos humanos.
Mas o quê, exatamente?"
MUSEU DO LOUVRE, PARIS, FRANÇA
AKG-IMAGES/LATINSTOCK
Retorno das cinzas de Napoleão a Paris em 15 de dezembro de 1840, Adolphe Bayot/Eugene Guerard. Litografia colorida,
século XIX.
Lamartine recusa a bandeira vermelha em 25 de fevereiro de 1848, Félix Henri Emmanuel Philippoteaux. Óleo sobre tela,
século XIX. O escritor Lamartine foi um dos integrantes do governo provisório de 1848.
Outro 18 Brumário
As difíceis condições de trabalho impostas às
Durante a campanha, Luís Bonaparte defendeu a
mulheres conduziram-nas a reivindicações que coinci-
ampliação dos direitos dos trabalhadores e conclamou
diram com as da classe operária em geral, estabelecen-
os franceses a lutarem pela grandeza nacional. A som-
do uma relação entre o feminismo e os movimentos de
bra de seu tio certamente facilitou a ampla adesão do
esquerda. A palavra feminismo começou a ser veicu-
eleitorado, que lhe deu quase ¾ do total de votos. Seu
lada em francês (féminisme) no mesmo período que a
período presidencial, no entanto, foi breve. Três anos
palavra socialismo.
depois de tomar posse, Luís Bonaparte deu um golpe de
Nascidas durante a Revolução de 1830 e jovens
Estado, dissolveu o parlamento e proclamou-se impera-
durante a Revolução de 1848, essa geração de mulhe-
dor, com o título de Napoleão III. A França ingressava
res revolucionárias tornou-se a mais notável até então e
no Segundo Império.
a mais importante na luta pela emancipação feminina.
A Primeira República francesa durara nove anos
e se encerrara, em 1799, com o golpe de 18 Brumário,
A Segunda República liderado por Napoleão Bonaparte. A Segunda Repúbli-
ca durara menos ainda e se encerrava, novamente, com
Francesa o golpe e a coroação de um Bonaparte. Karl Marx (1818-
Com o afastamento de Luís Filipe e a proclamação da -1883), num texto de 1852, chamado O 18 Brumário de
Segunda República (a primeira foi em 1792), consti- Luís Bonaparte, comparou os dois episódios:
tuiu-se um governo provisório, que contava com a par-
"[O filósofo] Hegel observa em uma de suas grandes
ticipação da burguesia liberal, de democratas e socia-
obras que todos os fatos e personagens de grande impor-
listas. O objetivo era promover a conciliação entre as
tância na história do mundo ocorrem, por assim dizer,
diversas forças políticas e retomar algumas conquis-
duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez
tas da Revolução Francesa sem permitir a radicaliza-
como tragédia, a segunda como farsa." E completou: "E a
ção que, décadas antes, desembocara no Terror. Entre
mesma caricatura ocorre nas circunstâncias que acompa-
suas primeiras medidas, o governo provisório implan-
nham a segunda edição do 18 Brumário."
tou o sufrágio universal masculino, ampliou as liberda-
MARX, Karl. O 18 Brumário de Luís Bonaparte. Obras escolhidas.
des individuais, aboliu em definitivo a escravidão nas vol. 1. São Paulo: Alfa-Omega, s/d. p. 203.
Rebeliões de 1848 SUÉCIA gos, implantou rede de esgotos, eliminou focos epidê-
0DUGR micos, abriu grandes avenidas. As moradias populares
FR
1RUWH
do centro foram derrubadas e a população trabalhadora
iOWL
REINO DA
%
REINO DA DINAMARCA
DU
0
GRÃ-BRETANHA
REINO DA
foi deslocada para áreas periféricas da cidade. O alarga-
PAÍSES PRÚSSIA
2&($12
BAIXOS
Colônia Berlim
IMPÉRIO RUSSO
mento e calçamento das ruas foi trocado para inviabili-
$7/Ç17,&2 BÉLGICA
Paris
Frankfurt Praga zar a formação de barricadas e facilitar o deslocamento
Rastatt
FRANÇA
Stuttgart
Munique Viena
de pessoas e mercadorias.
SUÍÇA
Budapeste
Milão Veneza IMPÉRIO AUSTRÍACO Paris tornava-se uma cidade moderna e essen-
Turim
PORTUGAL Parma
ESTADOS
cialmente burguesa. Novos rituais sociais desenvolve-
Florença DA 0DU
ESPANHA REINO DO
PIEMONTE E
IGREJA 0
DU
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IMPÉRIO OTOMANO 1HJUR ram-se: passeios pelas longas avenidas, com roupas e
SARDENHA Roma GU
0DU Nápoles
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R atitudes que exibissem a posição social; encontros e con-
7LUUHQR REINO
0 D U DAS DUAS
0 Palermo SICÍLIAS
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versação nas lojas, nos salões literários, cafés e restau-
0DU GRÉCIA
G -{QLFR
rantes. Depois da Revolução Francesa, muitos cozinhei-
L
ESCALA ÁFRICA
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0 415 830 km U
U k
Q H R
ros, que antes trabalhavam em casas e palácios nobres,
Fonte: Elaborado com base em DUBY, G. Grand atlas historique. Paris: Larousse,
ficaram desempregados e, para sobreviver, começaram a
2008. cozinhar em albergues e tabernas, servindo durante todo
o dia. A ideia propagou-se e os primeiros restaurantes,
O Segundo Império com mesas individuais para os comensais, apareceram
O Segundo Império foi um período de autoritarismo políti- ainda no século XVIII. No Segundo Império, Paris já con-
co e de apogeu da burguesia francesa. Napoleão III estimu- tava com cerca de cinco mil restaurantes.
lou o desenvolvimento industrial e realizou grandes obras Todo esse fulgor, porém, tinha um custo. A reforma
públicas de construção civil, para melhorar a infraestrutu- urbana esgotara as recursos. A derrota contra a Prússia
ra: remodelação de portos, ampliação da rede ferroviária, deixou a cidade desprotegida e sitiada. No final de janei-
abertura de estradas, modernização dos meios de comuni- ro de 1871, um acordo selou o armistício com os prussia-
cação. Também promoveu uma reforma financeira, crian- nos, mas autorizou o ingresso das tropas inimigas em
do bancos que facilitavam o acesso ao crédito para a rea- Paris.
lização de grandes empreendimentos. O comércio interno
Material: Óleo sobre tela Foi exposta pela primeira vez em 1902, na Mostra
Quadrienal de Turim (Itália).
Dimensão: 2,93 m x 5,45 m
Datação: 1895-1896
1 Primeiro olhar: Quase um manifesto da entrada em 2 As figuras do quadro saem de um fundo forte-
cena da classe operária no começo do século XX. É um mente escuro e avançam rumo a uma lumino-
quadro que procura exaltar a força e a maturidade da sidade resplandecente.
classe trabalhadora.
THE BRIDGEMAN ART LIBRARY/KEYSTONE
Tá na rede! O anarquismo
Os comunistas não eram os únicos a desenvolver
Manifesto comunista ideias sociais e a rechaçar a dominação de classe
Digite o endereço abaixo na barra dentro da sociedade burguesa. Um grupo de pensa-
do navegador de internet: http:// dores chamados de anarquistas também defendiam
goo.gl/voY8RI. Você pode também
transformações políticas e sociais profundas. Dife-
tirar uma foto com um aplicativo
de QrCode para saber mais sobre o rentemente da proposta marxista, no entanto, eles
Versão integral do afirmavam que o Estado precisava ser eliminado ime-
assunto. Acesso em: 12 abr. 2016. Manifesto Comunis-
Em português. ta em português. diatamente e, junto com ele, todos os patrões. Para os
História E Arte>> A
narquistas
2
TIROL
As unificações da Itália
SAVOIA
IMPÉRIO
LOMBARDIA VÊNETO
AUSTRÍACO
Turim
ÍSTRIA
e da Alemanha
Veneza
FRANÇA PIEMONTE
PARMA
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Gênova
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NICE MÓ
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Zara IMPÉRIO
a
MÔNACO SAN MARINO OTOMANO
Livorno Florença
TOSCANA
ESTADOS
REINO DO PONTIFÍCIOS
A
PIEMONTE E
SARDENHA Córsega
s revoluções de 1848 espalharam os ideais nacionalistas por toda a
Mar Adriático
Roma Europa. No Leste, no centro e no Oeste do continente, Estados que
Benevento contavam com pluralidade cultural interna enfrentaram mobiliza-
Nápoles
ções e levantes populares. Povos e territórios desmembrados de grandes
impérios deram origem a novos países, como Bélgica, Bulgária, Croácia,
S
Sardenha
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Mar Tirreno Grécia, Hungria e Sérvia.
ÍL
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Os conflitos gerados por essas separações muitas vezes alcançaram o
S
Calábria
S
século XX e estiveram entre os motivos da Primeira Guerra Mundial, entre
Ga
A
U
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ri b
Mar ld S
1914 e 1918. Na metade do século XIX, a defesa da nacionalidade preva-
a
i DA
Mediterrâneo O
IN
RE
Sicília
lecia em muitos discursos políticos. Na Península Itálica e entre os reinos
ESCALA germânicos, começava a avançar a ideia de unificação e de constituição de
0 120 240 km
um único Estado.
FRANÇA
Veneza
ÍSTRIA
ra entre os Estados. Para a burguesia, a unificação repre-
PIEMONTE
PARMA
sentava a superação desses limites e a constituição de
Dalm
NA
Gênova
DE
Zara IMPÉRIO
a
Sardenha
IA
Mar Tirreno
de Napoleão III, na guerra contra a Áustria. O papado, no
ÍL
IC
Calábria
S
Ga
A
D
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rador francês a se afastar do conflito. Mesmo sem ajuda
ri b
Mar ld S
a
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Mediterrâneo
IN
O externa, a Lombardia foi ocupada por Cavour, que pas-
RE
Sicília sou a apoiar também os defensores da unificação em
ESCALA Nápoles e na Sicília. Em 1860, o republicano Giuseppe
0 120 240 km
Garibaldi (1807-1882), à frente de um grupo de cerca
Fonte: Elaborado com base em DUBY, G. Grand atlas historique. Paris: Larousse, 2008. de mil soldados, invadiu a Sicília e submeteu a ilha.
Reino de Piemonte e Sardenha 1815
Território anexado 1859
As unificações da Itália e da Alemanha 169
Territórios anexados 1860
Expansão territorial 1870
Expansão territorial 1920
Território perdido para França 1860
OH_V2_Book.indb 169 Fronteiras do novo Reino de Itália 1861 13/05/16 12:07
OH_V2_C5_p166
MÁRIO YOSHIDA
UNIFICAÇÃO DA ALEMANHA (1815-1871)
projetos de Cavour, Garibaldi foi forçado a entregar o con-
trole siciliano ao reino do Piemonte. SUÉCIA
o
NORTE
II, foi proclamado rei da Itália e iniciou as empreitadas
c
lti
Bá
SCHLESWIG ar
decisivas de unificação: anexar Veneza e Roma. Veneza HOLSTEIN
M
OH_V2_C5_p166
foi tomada dos austríacos pelas tropas do Piemonte em PRÚSSIA
ORIENTAL
1866. A antiga capital do Império, porém, vivia sob forte
Ri
oE
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HANOVER PRÚSSIA
influência do papa, que temia que a criação de um Esta- PAÍSES
BAIXOS S
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I A OCIDENTAL Rio Oder
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Ú Berlim
o
do italiano unificado limitasse seu poder sobre SUÉCIA Roma e R
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o mundo. Para se defender dos ataques piemonteses, o
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MAR DO DINAMARCA
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SAXÔNIA
papado contava com apoioNORTE de tropas francesas. Napoleão
Bá
Luxemburgo
SCHLESWIG ar Praga
III, no entanto, estava envolvido emHOLSTEIN
outro conflito, a Guer- M LORENA
BOHEMIA
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ra Franco-Prussiana, e determinou a retirada das guarni-
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PRÚSSIA
HUNGRIA
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ORIENTAL Da Fronteira da Confed
ções de Roma. Desprotegida, Roma foi incorporada à Itália
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ALSÁCIA BAVIERA Viena nú
b io em 1815
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Ú Berlim ÁUSTRIA Prússia em 1866
o
a reconhecer o novo Estado e fechou-se R
no Vaticano.
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Confederação Germ
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Outros estados em
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Fonte:HUNGRIA
Elaborado com
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Fronteira da Confederação Alemã
Da
base em DUBY, G. Grand
Um levante, em 1848, havia sido duramente
ALSÁCIA BAVIERA
reprimidoViena e nú
b io
Atlas Historique. Paris:
em 1815
1 Explique os passos do processo de unificação italia- 3 Caracterize o projeto de Bismarck para a unificação
na. → DL/CF/SP/H8/H15 alemã → DL/CF/SP/H8/H15
2 Relacione a resistência siciliana à unificação da 4 Analise a participação de Napoleão III nos proces-
Itália com o surgimento da máfia. sos de unificação da Itália e da Alemanha.
→ DL/CF/SP/H10/H11 → DL/CF/SP/CA/H8/H15
A
luta pela independência, nos Estados Unidos, provocou uma
união apenas provisória entre as antigas colônias britânicas.
◀ ANOS
A REPÚBLICA Obtida a emancipação, as colônias tornaram-se estados e o país
ESTADUNIDENSE continuou a conviver com as profundas diferenças entre o Sul agrário,
1776 latifundiário, escravista e exportador, e o Norte urbano, industrialista
Independência dos Estados Unidos. ▾ e organizado em pequenas e médias propriedades.
Estados Unidos compram 1803 A Constituição assegurava ampla autonomia para os estados e,
a Luisiana da França. ▾ dessa forma, prolongava a convivência entre esses mundos distintos.
Lei de Proibição do Comércio: 1809 Cada um deles podia, por exemplo, organizar as leis e estruturar as
proibição de relações mercantis ▾
com Inglaterra e França. exportações conforme seus interesses específicos. As tensões e diver-
Estados Unidos declaram 1812 gências, no entanto, prosseguiam sob a aparente harmonia e mesmo a
guerra à Inglaterra. ▾ afirmação, repetida pelas elites dirigentes, de que haviam encontrado
Acordo de Paz entre 1815 um modelo democrático e federalista adequado, não impedia que ocor-
Estados Unidos e Inglaterra. ▾
ressem choques e embates frequentes entre o Norte e o Sul.
Flórida anexada ao território 1818
estadunidense adquirida da Espanha. ▾
Lei de remoção dos indígenas. 1830
▾
nacionalismo
Transferência das comunidades
indígenas para reservas. Os Estados Unidos procuraram manter neutralidade diante dos confli-
Anexação do Texas 1845 tos entre ingleses e franceses, durante o período napoleônico. Qualquer
(território mexicano). ▾ opção, naquele momento, podia significar a perda de mercados e parce-
Anexação do Oregon 1846 rias comerciais essenciais para o crescimento econômico do novo país.
cedido pela Inglaterra. ▾
Em 1809, reforçando sua política de equidistância, o governo estaduni-
Anexação da Califórnia 1848 dense decretou a Lei de Proibição do Comércio, que impedia que qual-
(território mexicano). ▾
quer comerciante ou estado mantivesse relações comerciais com Fran-
Abraham Lincoln é eleito presidente. 1860
Carolina do Norte sai da União. ▾ ça e Inglaterra.
A Inglaterra reagiu a essa posição e ampliou a pressão para que os
Formação dos Estados Confederados da 1861
América, confederação ▾ Estados Unidos a apoiassem na guerra contra Napoleão Bonaparte: ataca-
constituída por Carolina do Sul
e do Norte, Flórida, Alabama,
va e confiscava embarcações estadunidenses que cruzavam o Atlântico e
Mississipi, Luisiana, Tennessee, estimulava grupos indígenas na América do Norte a combaterem o gover-
Virgínia, Arkansas, Texas e Geórgia.
no. Em 1812, os Estados Unidos declararam guerra à Inglaterra. A luta
Início da Guerra de Secessão.
arrastou-se por dois anos e, embora não tenha tido grande impacto den-
Homestead Act: lei que garantia 1862
a posse da terra a quem nela ▾ tro ou fora do território estadunidense, contribuiu para aumentar o nacio-
produzisse por cinco anos consecutivos. nalismo estadunidense e para reforçar a ideia de que o povo que habita-
Lincoln declara livres os escravizados 1863 va aquelas terras tinha virtudes e vigor para todas as lutas e conquistas.
nos Estados rebeldes e autoriza ▾
os libertos a participarem O nacionalismo crescia e se produziam elementos que contribuíam
das forças armadas do Norte. para a coesão nacional. Em 1816, um jornalista, John Binns, passou a
Batalha do Forte Pillow. 1864 reproduzir e vender cópias da Declaração da Independência. A iniciati-
Massacre ordenado pelos Confederados. ▾
va editorial foi um sucesso: milhares de estadunidenses compraram os
Estados do Sul entregam sua rendição. 1865
▾ exemplares, que exibiam retratos de líderes da emancipação e cópias de
Abolição da escravidão.
Assassinato de Abraham Lincoln. suas assinaturas. O documento que havia fundado o novo país popula-
Política de segregação racial rizava-se e ganhava a conotação de símbolo nacional. Os Estados Uni-
em Estados do Sul. dos continuavam divididos, mas a sensação de pertencer a uma unidade
avançava entre seus habitantes.
MÁRIO YOSHIDA
Estados UNIDOS: TERRITÓRIOS ANEXADOS (1783-1853)
CANADÁ 1842: Tratado entre Estados Unidos e
Inglaterra delimitou as atuais
fronteiras do Maine
Cedido pela
Inglaterra Maine: cedido pela
em 1818 Inglaterra em 1820
Oregon:
cedido pela
Inglaterra
em 1846
Luisiana:
adquirida da França Meio-Oeste
em 1803 estadunidense
Califórnia: Tratado de Paris
território mexicano de 1783 13 Colônias
anexado em 1848 originais
OCEANO OCEANO
Texas:
PACÍFICO Gadsden: território mexicano ATLÂNTICO
adquirido em 1853 anexado em
1845
Flórida:
adquirida da
Espanha em 1818
Golfo do
MÉXICO México N
O L
13 Colônias originais ESCALA
Expansão até 1803 Expansão até 1818 Expansão até 1853 Fortes 0 415 830 km
S
Fonte: Elaborado com base em YANS-MCLAUGHLIN, V.; LIGHTMAN, M. Ellis Island and the Peopling of America. Nova York: The New Press,
1997.
MÁRIO YOSHIDA
Estados UNIDOS (1850-1857)
era controlada: a cada novo estado escravista que ingres-
1850
sava, um abolicionista era igualmente aceito. Com o avan- 1850
1850
ço para o Oeste, surgiram muitos estados e, em 1850, o 1850
1850
1850
Congresso aprovou uma lei que autorizava a inclusão livre
de novos estados na União. Norte e Sul passaram a dispu-
tar, a partir de então, alianças com os Estados do Oeste,
para obter o controle do poder legislativo.
Da mesma forma, o crescimento populacional das
duas regiões era desigual e provocava distorções na
ESCALA
representação política. Em 1790, havia praticamen- 0
ESCALA
665
ESCALA 1 330 km
0 ESCALA
665 1 330 km
te o mesmo número de moradores (cerca de 2 milhões) 0 ESCALA
665 1 330 km
00 665
ESCALA
665 11330
330 km
km
no Norte e no Sul. Setenta anos depois, a população do Estados não 0 escravistas
Estados não escravistas
665 1 330 km
Estados não escravistas
Norte ultrapassava 20 milhões de habitantes e a do Sul Territórios
Estados não
Estados não
Territórios
Territórios
livres
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escravistas
livres
livres
Estados
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não atingia 10 milhões. Territórios
Territórios
Estados
Estados
livres
livres
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Territóriosescravistas
onde
Territórios
Estados livresa escravidão
escravistas
O equilíbrio entre os dois mundos que conviviam Estados
era legalescravistas
Territórios
era
onde a escravidão
Territórios onde a escravidão
legal onde a escravidão
Estados
era legalescravistas
Territórios
Territórios onde a escravidão
sob a bandeira dos Estados Unidos era cada vez mais era legal
era legal onde a escravidão
Territórios
era legal
precário. No centro do conflito, a questão do trabalho
escravo dividia o país. 1854
1854
1854
1854
A questão tarifária 1854
1854
Norte e Sul também divergiam na definição das tarifas
aplicadas à importação e exportação de produtos. O Norte
defendia a manutenção de barreiras alfandegárias, que
encarecessem a venda de matérias primas para o exterior
e a entrada de produtos industrializados estrangeiros no
país. O objetivo era aproveitar nas suas indústrias as maté- ESCALA
rias primas geradas no Sul e garantir mercado consumidor 0 ESCALA
665
ESCALA
ESCALA
1 330 km
00 665
665
ESCALA 11330
330km
km
para as mercadorias produzidas por suas manufaturas e, 0
0 665
ESCALA
665
1 330 km
1 330 km
Estados não
0 escravistas
665 1 330 km
principalmente, por sua indústria têxtil. Estados
Estadosnãonão escravistas
escravistas
Territórios
Estados não livres
escravistas
O Sul, por outro lado, pretendia vender sua imen- Estados não
Territórios
Territórios
Estados
Estados
escravistas
livres
livres
escravistas
não escravistas
Territórios livres
sa produção de algodão para as fábricas britânicas, que Territórios
Estados
Territórios
Territórios
Estados
livres
Estadosescravistas
escravistas
onde
livresa escravidão
escravistas
era legalescravistas
Estados
Territórios
Territóriosonde
ondeaaescravidão
pagavam valores mais altos, e, por meio de acordos com a Estados
era legalescravistas
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Territórios
Territórios
escravidão
onde a escravidão
recentemente
Territórios
era legal onde a escravidão
Inglaterra, adquirir tecidos a preços mais baixos do que os aberto
era legalà escravidão
Territórios
Territórios
Territórios
era
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onde a escravidão
recentemente
recentemente
ààescravidão
Territórios
aberto recentemente
escravidão
praticados pelos industriais do Norte dos Estados Unidos. Territórios
Territórios
aberto
recentemente
aberto à escravidão
recentemente
à escravidão
aberto à escravidão
Ku Klux Klan
"Com o fim da Guerra Civil, surgiram no país organiza- nuas ameaças e ações da organização. A Klan foi oficial-
ções secretas, ilegais e paramilitares constituídas exclu- mente dissolvida em 1869, mas nunca desapareceu com-
sivamente por homens brancos. Eram os Cavaleiros da pletamente. (No início do século XX, ressurgiu como uma
Camélia Branca, a Irmandade Branca, a Associação 76 e organização não só antinegros, mas também anticatólica
a bem estruturada Ku Klux Klan. Essas organizações pro- e antissemita. Foi novamente dissolvida oficialmente em
curavam intimidar os negros por meio de assassinatos, 1944. Em 1946, acrescentou a seu leque de intolerância
linchamentos e espancamentos. Faziam pressão para uma forte vertente anticomunista, com foco agudo contra
‘restabelecer a supremacia branca’ nos estados que se os movimentos de Direitos Civis.) Grupos como a Klan con-
encontravam sob o trabalho de reconstrução estabeleci- tavam, muitas vezes, com o apoio (e até a participação)
do pelos nortistas, considerados opressores. A organiza- das autoridades locais favoráveis à 'supremacia branca'."
ção de princípios da Ku Klux Klan data de 1868 e afirma- JUNQUEIRA, Mary. Estados Unidos: a consolidação da nação.
va que pretendia 'garantir socorro aos sulistas derrota- São Paulo: Contexto, 2001. p. 90.
dos" – opondo-se à igualdade do negro tanto social quan-
BETTMANN/CORBIS/LATINSTOCK
to política, defendendo o governo de um homem branco
no país e a manutenção dos direitos constitucionais do
Sul. Os negros eram tidos como incapazes de entender as
leis e considerados 'criaturas violentas e brutais'. Nessa
época, a racista e terrorista KKK definia-se como:
[...] uma instituição de Cavalheirismo, Humanidade,
Misericórdia e Patriotismo; [...] cujos objetivos pecu-
liares são [...] proteger os fracos, inocentes e indefesos
contra as indignidades, injustiças e ultrajes dos sem-lei
– violentos e brutais –, acudir os injuriados e oprimi-
dos, socorrer os sofredores e infelizes e, sobretudo, as
viúvas e órfãos de soldados confederados.
Em algumas cidades sulistas, a situação dos negros Desfile da Ku Klux Klan, Washington D.C., Estados Unidos,
e seus aliados tornou-se abominável, graças às contí- 1925.
U
m mês antes do 7 de setembro, Evaristo da Veiga já divul-
gava sua música Brava gente , que se tornaria o Hino da
Independência brasileira e que emocionava os patrio-
tas. Tempos depois, portugueses divertiam-se com uma paródia
Brava gente brasileira, que ridicularizava os brasileiros: descendentes de macacos, troca-
ram a bandeira da Cruz de Cristo por uma bandeira com os ramos
Longe vá temor servil;
de tabaco.
Ou ficar a pátria livre, A rivalidade entre brasileiros e portugueses não ficou restrita a
Ou morrer pelo Brasil. competições poéticas de qualidade duvidosa. Ao contrário do que ten-
tou se estabelecer com uma certa visão de História brasileira, que pro-
curou desconsiderar os conflitos e enfatizar as mudanças dentro da
ordem e da normalidade, entre 1822 e 1824 ocorreram uma série de
Trecho do Hino da Independência.
embates pela emancipação política do Brasil.
Como vimos no capítulo 4, no Piauí e na Bahia até 1823 ocor-
reram embates contra as forças militares portuguesas. No caso da
Bahia, a participação popular foi a grande marca desses enfrentamen-
tos. Nas províncias do Grão-Pará, do Maranhão, da Bahia e da Cispla-
MUSEU HISTÓRICO NACIONAL, RIO DE JANEIRO, BRASIL
A+ COMUNICAÇÃO
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO (CONSTITUIÇÃO DE 1824)
livremente seus ministros e presidentes das províncias,
podia dissolver a Câmara dos Deputados, escolhia sena-
dores e juízes, e interferia nas atribuições da Justiça. A PODER MODERADOR
centralização político-administrativa completava-se Imperador + Conselho de Estado
com a subordinação das províncias ao governo central,
ficando estas, portanto, sem autonomia.
LEGISLATIVO EXECUTIVO JUDICIÁRIO
Inspirado nas regras eleitorais francesas de 1791 e
Câmara Imperador
1795, era adotado o voto censitário. dos Senado + Supremo Tribunal
Ministério de Justiça
A Constituição consagrava o princípio da exclusão Deputados
de Província Conselhos
votar e se candidatar aos cargos eletivos (de vereador, Provinciais
N
BAHIA
R
P E
nente: os deputados Costa Carvalho e Bráulio Muniz. O
GOIÁS
MATO GROSSO
2&($12
$7/Ç17,&2
MINAS
Ministério da Justiça passava a ser ocupado pelo padre
2&($12
3$&Ì),&2
GERAIS
ESPÍRITO SANTO paulista Diogo Antônio Feijó.
SÃO PAULO
RIO DE JANEIRO
Dois problemas imediatos colocavam-se dian-
Rio de Janeiro
SANTA
te dos novos governantes: dar continuidade ao pro-
Províncias onde ocorriam
CATARINA
RIO GRANDE
conflitos pela independência
cesso de construção do Estado nacional e manter a
Confederação do Equador (1824)
DE SÃO PEDRO
ESCALA Conflito Brasil-Argentina pelo
controle da Província Cisplatina
unidade territorial do país, satisfazendo os grupos
0 495 990 km CISPLATINA
(1824-1828)
regionais de modo a impedir o surgimento de outros
Fonte: Elaborado com base em HOMEM DE MELLO, B. Atlas do Brasil. Rio de movimentos separatistas semelhantes ao ocorrido
Janeiro: Editora F. Briguiet, 1909.
na Província Cisplatina.
A Regência
A situação do Brasil, porém, não era tranquila. Não O público e o privado
havia mais rei, não se dispunha de uma organização Estabelecer um Estado nos moldes europeus não era
militar eficaz, ainda não se completara a organização tarefa fácil numa sociedade escravista como a brasi-
político-jurídica do Estado e, principalmente, não havia leira. O poder público teria de fazer valer determina-
elementos de identidade nacional que integrassem os das leis que se aplicassem a todos os cidadãos, sem dis-
habitantes de seu vasto território. tinção. No entanto, os grandes proprietários de terras
Diante disso, não faltaram aqueles que, logo após a e de escravizados habituaram-se a práticas cotidianas
abdicação de d. Pedro I, desejassem proclamar a Repú- que conflitavam com a existência de um poder público.
blica e estabelecer uma federação, em que as provín-
Aplicavam castigos aos escravizados e controlavam os
cias teriam grande autonomia política em relação ao
homens livres pobres e agregados, impondo seus inte-
governo central sediado no Rio de Janeiro. Eram os
resses nas eleições por meio de fraudes e violências.
liberais exaltados, entre os quais figuravam Cipria-
As lutas entre os grandes proprietários rurais pelo con-
no Barata, Gonçalves Ledo e Borges da Fonseca. Mais
trole de suas regiões eram tratadas como questões de
cautelosos, representantes do Centro-Sul insistiram na
honra pessoal e afirmação de prestígio social. O poder
manutenção da monarquia como uma das estratégias
privado desses senhores, conhecido como mandonis-
para manter a unidade das províncias brasileiras. Nes-
mo local, era o principal obstáculo ao estabelecimento
tas, a maior parte da elite constituía o grupo denomi-
nado liberais moderados, que defendia o fortalecimen- de regras a serem seguidas por toda a sociedade.
to do Parlamento (Câmara dos Deputados e Senado) e Em 1832, numa tentativa de afirmar o domínio da
uma menor autonomia para as províncias. Até 1834, lei sobre costumes tão violentos, o governo central criou
havia ainda um terceiro agrupamento, conhecido como o Código de Processo Criminal, que estabelecia o tri-
caramurus, por causa do nome de um dos jornais que bunal do júri nas localidades e a mesa de qualificação.
veiculavam suas ideias, O Caramuru. Seus componen- Pretendia-se que os crimes fossem julgados pelos cida-
tes eram antigos seguidores de d. Pedro I, que, até a dãos e que um juiz de paz qualificasse os eleitores e can-
morte do imperador, em 1834, alimentavam esperan- didatos, impedindo fraudes eleitorais. Ou seja, que as pes-
ças de restituir-lhe o trono brasileiro. Após essa data, soas que não se enquadrassem nas regras da Constituição
passaram a compor a ala mais conservadora dos libe- fossem impedidas de exercer direitos políticos apenas
rais moderados. para favorecer determinados proprietários de terras.
1 D. Pedro I impôs a Constituição de 1824 à socieda- principais agrupamentos políticos brasileiros desde
de brasileira. Quais eram as principais característi- o movimento da independência até a formação dos
cas dessa Constituição? → DL/SP dois grandes partidos do regime monárquico.
2 O que é mandonismo local? → DL/SP/H9/H11/H12 → DL/SP
3 Quem eram os inimigos internos do Brasil do ponto 6 Faça uma linha do tempo sobre o processo de cons-
de vista dos grupos regionais? → DL/SP/H11 trução do Estado nacional. Inclua os principais perío-
dos e distribua as revoltas de forma cronológica.
4 Quais foram os instrumentos de cooptação dos gru-
pos regionais estabelecidos a partir de 1831? Como → DL/SP/CA/H9/H11
funcionava tal cooptação? → DL/SP/H8/H9/H11 7 O Estado brasileiro estava consolidado em torno de
5 Faça um esquema no qual estejam presentes os 1850. Justifique tal afirmação. → DL/SP/H8
1 Explique por que a expressão " você sabe com quem 3 A expressão "você sabe com quem está falando?" está
está falando?" remete a uma vertente indesejável da incorporada nas diversas camadas sociais brasileiras
cultura brasileira. → DL/CF/H1/H3/H23 nos dias de hoje. Dê um exemplo. → DL/CF/SP/H11
2 Que paradoxo é possível descobrir com o estudo 4 Qual é o traço de permanência do "você sabe com
dessa expressão? → DL/CF/H1/H3/H23 quem está falando?" do século XIX nos dias atuais?
→ DL/CF/SP/H3
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
o
1 Sobre qual privilégio sustentava-se a vida privada no tui numa herança colonial? Qual é o papel do Estado
Brasil do século XIX? Por quê? → DL/SP/H11 nacional na manutenção do escravismo?
Faça
Mãos à Obra em se
cadernu
o
1 (UFRJ) "Qualquer historiador reconhece-a imediata- a) Exponha um resultado da forte participação ope-
mente: as barbas, as gravatas esvoaçantes, os cha- rária, já de base socialista, na derrubada do "rei
péus dos militantes, as bandeiras tricolores, as barri- burguês". → DL/SP/H11
cadas, o sentido inicial de libertação, de imensa espe- b) Explique as palavras de Hobsbawm sobre a dura-
rança e confusão otimista. Era a 'primavera dos povos' ção da "primavera dos povos". → DL/CF/SP/CA/H9
– e, como a primavera, não durou."
2 (Unicamp-SP) A Unificação Italiana mesclou as lutas
HOBSBAWM, Eric J. Era do capital. nacionais com as reivindicações dos camponeses que
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. p. 33.
queriam o fim do laço de servidão e o acesso à terra.
As revoluções de 1848 tiveram seu início na França, Mas essas reivindicações não foram atendidas.
em fevereiro daquele ano, com a derrubada do "Rei De que forma a unificação beneficiou a população do
Burguês", Luís Filipe, e se estenderam por diversos norte da Itália em detrimento dos camponeses do sul?
Estados europeus em pouco tempo. → DL/CF/SP/H8/H9/H11
Faça
Em Cartaz em se
cadernu
o
Amistad Câmera
Durante a exibição do filme, sugerimos que você preste aten-
Diretor: Steven Spielberg
DIVULGAÇÃO
Estante • PORTA, P. A corte portuguesa no Brasil (1808-1821). São Paulo: Saraiva, 1997.
Radar 193
10
6 O imperialismo
DE OLHO nos
A
Bela Adormecida é uma das mais conhecidas histórias infan- Conceitos
tis. Narra o drama de uma jovem que, ao completar 15 anos,
perfurou seu dedo no fuso de uma roca de fiar e caiu adorme- • Segunda Revolução
Industrial
cida, sendo acordada por um beijo de amor dado por seu maravilho-
so príncipe. • Imperialismo
Os irmãos Jakob e Wilhelm O avanço tecnológico intensificou • Neocolonialismo
Grimm foram os responsáveis pela a divisão do trabalho até culminar na • Darwinismo social
• Zonas de influência
preservação desse e de muitos criação da linha de montagem para a
outros contos populares que remon- produção de automóveis em 1913. Um
tam à Idade Média. Os irmãos Grimm trabalho alienante e repetitivo tornar-
escreviam na primeira metade do se-ia a característica das sociedades
século XIX e presenciavam os efei- industriais. Uma espécie de adorme-
tos daquilo que se chamou de Pri- cimento que não era provocado por
meira Revolução Industrial (inicia- forças do mal, mas resultante de uma THE ART ARCHIVE/ALAMY/GLOW IMAGES/BIBLIOTECA DA
da no fim do século XVIII). Momento brutal exploração e da apropriação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE OHIO, Estados Unidos
195
O
O luxo da Belle Époque s frequentadores dos grandes museus europeus,
como o Louvre, em Paris, ou o Museu Britânico, em
A expressão Belle Époque ("bela época") sur-
Londres, deparam-se com milhares de peças pro-
giu no final da Primeira Guerra Mundial, mas
designava o período da virada do século XIX cedentes da África ou da Ásia: múmias, sarcófagos, pedras
para o XX. Para aqueles que atravessaram preciosas, esculturas, fragmentos de estátuas monumen-
a guerra e assistiram à destruição e as mor- tais. Por outro lado, quem visitasse, anos atrás, o Museu da
tes provocadas pelo conflitos, a passagem do Réplica, em Bagdá (no Iraque), encontrava exatamente o
século fora o período áureo, repleto de festas, que o nome do museu prometia: réplicas. As peças originais
auge dos cafés, da moda e da efusividade bur- haviam sido retiradas do local pelos exploradores europeus
guesa em Paris, Londres ou Nova York. no século XIX e XX.
Grande parte do luxo da Belle Époque era Nos dois casos, trata-se de uma decorrência do expan-
resultado do imperialismo europeu. Com a sionismo das principais potências europeias, entre 1870
expansão das relações comerciais e a interde- e 1914. A economia do continente vivia, no período, uma
pendência econômica, a Europa podia receber
situação bastante complexa. De um lado, a indústria e
tecidos da Austrália, couro e carne da Argentina,
a siderurgia expandiam-se. As fábricas aceleravam seu
chá e porcelana da China, café da Colômbia e do
ritmo, a produção de carvão crescia e havia necessidade
Brasil, madeiras da Birmânia, algodão do Egito
e tapetes da Índia e do Paquistão. Todos esses de mais matérias-primas e de outras fontes de energia. Por
produtos custavam pouco, em comparação com outro lado, as mercadorias produzidas em série dependiam
os preços dos industrializados, e chegavam ao de mais e maiores mercados consumidores. Economis-
continente europeu de forma rápida e ágil, nos tas e empresários temiam a redução dos lucros e a amea-
navios mercantes ingleses e franceses. ça de uma depressão financeira. Entre as décadas de 1860
e 1890, por exemplo, o preço do trigo caíra bastante e os
Andrew Patterson/Kedleston Hall Museum
Tio Sam
Um dos mais conhecidos símbolos nacionais dos Esta-
dos Unidos é o Tio Sam. O nome foi criado em 1812,
durante a guerra contra a Inglaterra, mas só ganhou
forma na década de 1870.
O desenhista inspirou-se na fisionomia de Abraham
Lincoln para criar a figura séria, de olhos penetrantes e
barba, que passou a representar o nome. Desde as últi-
mas décadas do século XIX, o personagem passou a ser
associado ao expansionismo estadunidense.
O imperialismo dos Estados Unidos na Améri-
ca Latina prosseguiu durante todo o século XX. Até a
Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os alvos eram,
sobretudo, os países da América Central e do Caribe,
que sofreram diversas invasões e contínua interferên- Tio Sam (A velocidade da honestidade), Thomas Nast.
cia política estadunidense. Ilustração extraída de Harper's Weekly, v. 21, nov. 1877.
3 Sua cartola
compõe o Canadá.
5 Seu nariz é
representado pela
região da Flórida.
Seu característico
7 cavanhaque branco
ocupa a região da
América Central.
8 Gillam é considerado um dos mais importantes cartunistas políticos do século XIX nos Estados
Unidos, juntamente com Thomas Nast, o criador do Tio Sam, que, inspirado em Abraham
Lincoln, se tornou a personificação nacional dos Estados Unidos. Sua composição do Tio
Sam (inspirado na criação de Thomas Nast) ocupa a América do Norte e a América Central,
territórios sob a influência dos Estados Unidos no período.
MÁRIO YOSHIDA
A POLÍTICA EXPANSIONISTA DOS ESTADOS UNIDOS (1867-1917)
RÚSSIA ALASCA
1867
RÚSSIA ALASCA
1867 CANADÁ
Mar de
Bering Mar de CANADÁ
Bering
Vancouver
Vancouver
Seattle
Manchúria Portland
Seattle
OCEANO
Pequim Manchúria Portland UNIDOS
ESTADOS Nova Iorque
PACÍFICO
OCEANO
COREIA JAPÃO Washington
Pequim PACÍFICO S. Francisco ESTADOS UNIDOS Nova Iorque
COREIA JAPÃO Washington
Tóquio S. Francisco
S. Diego OCEANOO
CHINA ATLÂNTIC
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ATLÂNTICO
Tóquio S. Diego OCEANOO
CHINA A
ATLÂNTIC
CO
ATLÂNTICO
Hong Kong FORMOSA HAITI
BIRMÂNIA Hong Kong CUBA 1915
FORMOSA Havaí MÉXICO HAITI
PORTO
1902
BIRMÂNIA 1898 CUBA RICO 1915
SIÃO Manila Guam Havaí MÉXICO 1902 PORTO
1898 1898 RICO
SIÃO Guam I. Virgens
INDOCHINA FILIPINAS Manila NICARÁGUA 1911 1917
1898 1898 I. Virgens
INDOCHINA FILIPINAS NICARÁGUA
PANAMÁ 1903 1911 1917
MALÁSIA 1898
CINGAPURA
MALÁSIA PANAMÁ 1903
Equador
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CINGAPURA
Sumatra I. Galápagos Equador
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Bórneo
Sumatra NOVA GUINÉ (Equador)
I. Galápagos
(Equador) AMÉRICA
Java NOVA GUINÉ I. de Páscoa
(Chile) DO SUL
AMÉRICA
Java I. Fiji I. de Páscoa
OCEANO (Chile) DO SUL
I. Fiji
ÍNDICO
OCEANO I. Tutuila
1900
ÍNDICO I. Tutuila
AUSTRÁLIA 1900
I. Fernández
AUSTRÁLIA (Chile)
I. Fernández
ESCALA (Chile)
Sidney 0 1535 ESCALA
3 070 km
Adelaide
Me
M e
Melbourne Sidney NOVA ZELÂNDIA
Adelaide 0 1535 3 070 km
M
Me
Melbourne
e NOVA ZELÂNDIA
N
o começo do século XIX, após quase 400 anos de tráfico negreiro,
a escravidão passou a ser questionada com maior vigor em todo o
mundo ocidental. Evidentemente, as reflexões ilustradas do sécu-
lo XVIII e o pensamento liberal do século XIX contribuíram para tais alte-
rações. Mas os novos interesses econômicos, associados ao imperialismo
Jean-Pierre Joblin/Éditions Milan
VIAGENS DOS EXPLORADORES (1854-1877) se" e ocupasse um novo lugar na engrenagem do desen-
volvimento europeu. Mais uma vez a África era convoca-
EUROPA
da, à força, a participar do enriquecimento alheio.
Novos interesses, novas necessidades, novos olha-
res. No alvorecer do século XIX, os europeus descobriram
Á
ÁSIA
que a despeito de as terras africanas terem sido explora-
das desde o século XV, a África subsaariana continuava
Cartum a figurar como "terra incógnita", uma terra quase desco-
Zeila
Fashoda
Berbera nhecida, tal como figurara nos primeiros mapas-múndi.
Härer
Gondokoro Nesse pano de fundo, a partir do século XIX, iniciou-
-se um processo que começou pelas expedições ditas
Nyangwe
Bambarre
Ujiji
"científicas", que rasgaram o interior do continente. Na
Boma Zanzibar
Bagomoyo trilha de exploradores como David Livingstone, Henry
Stanley e Richard Burton vieram os missionários, depois
os comerciantes trazendo os produtos industrializados e,
por fim, os exércitos de ocupação.
Assim, os europeus, empunhando o estandarte da
"civilização", pareciam determinados a cumprir o que
o escritor inglês Rudyard Kipling denominou de "fardo
ESCALA
0 1015 2030 km do homem branco", que convocava todos os europeus a
implantar e espalhar, mesmo com o recurso da força, a
Fonte: Elaborado com base em SMITH, Stephen. Atlas de l'Afrique. Un continent
jeune, révolté, marginalizé. Paris: Autrement, 2005. civilização pelo mundo.
MÁRIO YOSHIDA
divididos entre a escravidão e a abolição. Até o pre- ÁFRICA: "MAPA COR-DE-ROSA" PORTUGUÊS E A
sidente Abraham Lincoln, que posteriormente assinou ROTA INGLESA "DO CABO AO CAIRO"
EUROPA
a abolição, em 1863, apoiava a emigração de negros Mar Mediterrâneo
Península
Portugueses versus britânicos
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Arábica
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OCEANO
ATLÂNTICO
Para Portugal, frustravam-se as pretensões de OCEANO
ÍNDICO
expansão para o interior na região do Alto Congo. Toda-
via, após a Conferência, passou a intensificar a ocupação
efetiva de suas possessões e a investir na criação de um
vasto domínio na África central, que uniria as colônias
de Angola e de Moçambique. A representação cartográfi- ESCALA
0 1075 2 150 km
ca foi elaborada pela Sociedade Geográfica de Lisboa, em Cabo
1886, e ficou conhecida como “mapa cor-de-rosa”, por- Fonte: Elaborado com base em AJAYI, J. F. A.; CROWDER, M. Historical atlas of
que a área foi pintada nessa cor. Africa. Essex: Longman, 1985.
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Resistências africanas
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OCEANO Rio
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Lago ÁFRICA OCEANO
ATLÂNTICO Tanganica ORIENTAL ÍNDICO
ALEMÃ
Lago
caram a dominação por meio da ideia de que a África era
Niassa COMORES
ANGOLA
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am beze NIASSALÂNDIA um continente onde reinavam a anarquia política, a sel-
Ri
RODÉSIA
Q
SUDOESTE
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DO NORTE
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AFRICANO Limpopo
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BECHUANALÂNDIA
M
UNIÃO SUAZILÂNDIA
ESCALA
possuíam sentimento nacional e que teriam aceitado
0 1150 2 300 km a ocupação, o espólio e a servidão promovidos pelas
potências europeias sem resistência.
Fonte: Elaborado com base em AJAYI, J. F. A.; CROWDER, M. Historical atlas of
Africa. Essex: Longman, 1985. Na verdade, mesmo em desvantagem, os povos afri-
canos resistiram e lutaram contra os europeus duran-
O impacto da conquista e ocupação te todo o Período Colonial. Cada povo, à sua maneira,
De 1880 a 1914, quase todo o continente africano foi resistiu à dominação europeia. A tática de resistência
repartido politicamente e sistematicamente ocupa- assumiu diversas formas: revoltas, rebeliões, migra-
do pelas nações industrializadas. Os anos posteriores ções e boicotes. Houve reação dos chefes ou reis que
caracterizaram-se pela instalação, consolidação e explo- viam na ocupação europeia uma ameaça aos privilé-
ração do sistema colonial. gios e reação popular, desencadeada contra o sistema
As potências europeias dividiram o continente em colonial.
cerca de 40 unidades políticas cujos limites, muitas Na África meridional, os zulus, ndebeles, bembas
vezes, formados por linhas retas, cortaram de forma arbi- e yaos, em conjunto, ocupavam e dominavam as terras
trária as fronteiras étnicas e linguísticas. Ou seja, a Áfri- mais férteis e ricas em recursos minerais. Não estavam
ca foi dividida artificialmente em colônias de diferentes dispostos a ceder suas terras aos bôeres, descendentes
dimensões, que podiam abrigar diversos povos distintos. de holandeses ou britânicos, sem combater, resistindo à
Como resultado, populações aparentadas e antes ocupação europeia por meio do conflito armado.
unidas acabaram, por vezes, separadas pelas fronteiras O Reino Zulu foi destruído após uma aliança entre
estabelecidas e povos historicamente rivais foram obri- forças bôeres e britânicas, dada a sua força militar. Em
gados a conviver sob um mesmo território. O "fardo do uma batalha memorável, os zulus enfrentaram e repeli-
homem branco", a partir daí, seria elaborar mecanis- ram as tropas britânicas, em 1879.
mos para dominar os territórios assim divididos. Foram O nome que a nação matabele (ndebele) deu à sua
nomeados administradores, aprovadas novas leis, subs- resistência armada foi Chimurenga (1896-1897). O primei-
tituídos chefes tradicionais por outros de maior conve- ro ataque contra os europeus foi na cidade de Essexvale,
niência e aprovados impostos, taxas e trabalho forçado na Rodésia (atual Zimbabwe), propagando-se depois por
para a abertura de estradas, ferrovias e obras públicas. toda a região. No combate entre os ndebeles e britânicos,
A dominação exigia a criação de um complexo siste- soldados africanos que combatiam com os últimos deser-
ma que envolvia o desenvolvimento de novos meios de taram com suas armas e se juntaram aos ndebeles.
transporte, introdução de novas formas de agricultura e Os hereros e hotentotes, no sudoeste africano, revol-
exploração de minérios, instalação de indústrias e tec- tados pelo confisco de suas terras, em 1904 enfrentaram
nologias, expansão da economia de mercado e propaga- as tropas alemãs, mataram colonos europeus, destruí-
ção do cristianismo. Envolvia também um sistema for- ram fazendas e confiscaram o gado.
III
Denshawai
III
senoussis 1906
contra os italianos
1912-1931
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Península
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1906-1912
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1916-1917
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Samory 1908 Revoltas 1898
1884-1898 1897-1900 Etíope
Revoltas
1899-1906
Somba 1896
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Somali
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Ashanti
1869 e 1872
Bunyoro
1891-1899
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Tutsi e Hutu 1905-1908
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1896-1898
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1934 Abushiri
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1905-1907
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1911-1915
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1904
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e Herero e Shona 1898
1904-1906 1896 1904
ESCALA
0 525 1 050 km
Zulu
1879 e 1905
Fronteiras políticas atuais
Principais centros de resistências
Fonte: Elaborado com base em KLEIN, J-F; SINGARAVÉLOU, P.; SUREMAIN, M-A. Atlas des empires coloniaux. Paris: Autrement, 2012; SMITH, S. Atlas de l'Afrique.
Paris: Autrement, 2005.
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Brava marginalizé. Paris: Autrement, 2005.
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ESCALA
Lago
Vitória 0 215 430 km
são britânica. A Companhia Britânica das Índias Orien- (PUC-RS) Considere as afirmações sobre o
tais comercializava grandes quantidades de produtos Imperialismo e o Neocolonialismo na segunda meta-
industrializados, principalmente tecidos de algodão, de do século XIX e princípio do século XX.
oriundos das fábricas inglesas, e obtinha sedas e peças I. A chamada Segunda Revolução Industrial é o
artísticas, que eram comercializadas nas lojas e nos lei- fenômeno econômico condicionante do neocolo-
lões de Londres. nialismo, à medida que amplia, nos países indus-
As reações internas à dominação britânica eram trializados, a necessidade de fontes externas
grandes. Elas incluíam resistências religiosas de budis- de matérias-primas, bem como de novas áreas
tas e hinduístas e insatisfações de comerciantes de teci- fornecedoras de mão de obra escrava em larga
dos locais, prejudicados pela redução das tarifas alfan- escala.
degárias, que os ingleses impunham para facilitar a II. A descoberta de diamantes no Transvaal (1867)
venda de seus produtos têxteis. Para manter o contro- e de ouro e cobre na Rodésia (1889) motivaram
le sobre a região, a Companhia das Índias recrutava os os países industrializados da Europa a tentar
cipaios – soldados indianos que, em troca de remune- garantir domínio exclusivo sobre parcelas do
ração, participavam da repressão a protestos e revoltas. continente africano.
Na década de 1850, os cipaios revoltaram-se con- III. A Conferência de Berlim (1885-1887), convocada
tra seus contratadores. Eles estavam insatisfeitos com por Otto von Bismarck, fixou regras para a cha-
a obrigatoriedade de pagamento de impostos, reclama- mada partilha da África, as quais favoreceram a
vam da mistura de pessoas procedentes de castas dife- Alemanha e a Itália recém-unificadas, que assim
rentes nas tropas (a divisão e a hierarquia social na compensaram seu ingresso tardio na corrida
Índia eram bastante rígidas) e do uso de gordura ani- imperialista.
mal na impermeabilização dos cartuchos utilizados IV. O Japão e os Estados Unidos, como potências
nos fuzis – a maioria dos indianos, por motivos religio- não europeias, participaram ativamente da cor-
sos, não ingeriam nem manu- rida imperialista, buscando estabelecer áreas de
seavam produtos de origem Cipaio: soldado in- influência colonial ou semicolonial, em guerras
diano que atuava como
bovina. A Revolta dos Cipaios mercenário a soldo contra a Rússia e a Espanha, respectivamente.
provocou a morte de mui- da Companhia das Estão corretas somente as afirmativas:
Índias e, mais tarde,
tos britânicos que viviam na dos ingleses, franceses a) I e II.
Índia, inclusive autoridades e portugueses.
eclesiásticas, políticas e mili- b) I e III.
tares. As forças britânicas só c) II e III.
conseguiram abafar a rebelião com o apoio de alguns d) II e IV.
príncipes indianos. Após o fim da revolta, o Parlamento e) I, III e IV.
inglês encerrou o controle político da Índia pela Com-
→ DL/CF/H7/H9/H28
panhia de Comércio e iniciou uma política de colabora-
→ conforme tabelas das páginas 8 e 9.
ção com as lideranças locais.
MÁRIO YOSHIDA
IMPERIALISMO NA ÁSIA E OCEANIA (1900)
IMPÉRIO RUSSO
IMPÉRIO
OTOMANO CHINA COREIA O
JAPÃO
AFEGANISTÃO
PÉRSIA
NEPAL BUTÃO
Chandernagore TAIWAN
Diu ÍNDIA MACAU
Damão
Yanaon
Goa SIÃO Ilha de OCEANO
Pondicherry Ilhas Guam
Mahé Karikal
INDOCHINA
Filipinas PACÍFICO
ÁFRICA
NOVA
ÍNDIAS ORIENTAIS HOLANDESAS GUINÉ
PAPUA
OCEANO TIMOR
ÍNDICO
MADAGASCAR
Possessões inglesas
AUSTRÁLIA
Possessões francesas
Possessões holandesas
Possessões portuguesas
Possessões alemãs
NOVA
Possessões japonesas ZELÂNDIA
ESCALA
0 1120 2 240 km Possessões estadunidenses
Fonte: Elaborado com base em BLACK, J. (Org.). World history atlas. Londres: Dorling Kindersley, 2008; KINDER, H.; HILGEMANN, W. Atlas histórico mun-
dial. Madrid: Akal, 2006.
NICK NOLTE
seio na montanha-russa. [...]
Essa imagem da montanha-russa [...] presta-se bem
para indicar algumas das tendências mais marcantes do
nosso tempo. Para isso dividamos a experiência descri-
ta acima em três partes. A primeira é a da ascensão contí-
nua, metódica e persistente [...] Essa fase pode representar
o período que vai, mais ou menos, do século XVI até mea-
dos do século XIX. [...]
A segunda é a fase em que, num repente, nos precipi-
tamos numa queda vertiginosa, perdendo as referências do
espaço, das circunstâncias que nos cercam e até o contro-
le das faculdades conscientes. Isso aconteceu por volta de
1870 [...] Nunca é demais lembrar que esse foi o momento
no qual surgiram os parques de diversões e sua mais espe-
tacular atração, a montanha-russa, é claro.
A terceira fase, na nossa imagem da montanha-russa,
é a do 'loop', a síncope final e definitiva, o clímax da acele-
ração precipitada. A escala das mudanças desencadeadas,
a partir desse momento, é de uma tal magnitude que faz os
Trecho da Millennium Force. Ohio, Estados
Unidos, 2004.
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
o
Questões adaptadas da Fuvest-SP 2011. relação ao solo) em seu ponto mais alto. Qual a velo-
1 Explique as três fases históricas mencionadas no texto. cidade que atingiria à altura de 10 metros do solo um
carrinho partindo do repouso deste ponto? Considere g
2 A montanha-russa Millenium Force, localizada no par- = 10 m/s2 e despreze as forças de atrito.
que de diversões Cedar Point, Ohio, Estados Unidos,
possui, aproximadamente, 90 metros de altura (em → DL/CF/H1/H3/H16/H19
1 Identifique as mudanças características da Segunda 3 Pesquise e explique com suas palavras o significado
Revolução Industrial, como é apontado por Hobsbawm. desses três termos que aparecem ao final do texto:
→ DL/CF/SP/H9/H16//H17/H19 "monopólio", "trustes" e "oligopólio".
2 Quais seriam as implicações da questão do mercado → DL/CF/SP/H9/H16//H17/H19
potencial vinculado aos rendimentos dos trabalhado-
res? → DL/SP/H7/H11
Faça
Mãos à Obra em se
cadernu
o
1 (Enem) "A formação dos Estados foi certamente distinta que, mais tarde, sobreviveram ao processo de descoloni-
na Europa, na América Latina, na África e na Ásia. zação, dando razão para conflitos, que, muitas vezes, têm
sua verdadeira origem em disputas pela exploração de
Os Estados atuais, em especial na América Latina – onde recursos naturais. Na Ásia, a colonização europeia se fez
as instituições das populações locais existentes à época de forma mais indireta e encontrou sistemas políticos e
da conquista ou foram eliminadas, como no caso do administrativos mais sofisticados, aos quais se superpôs.
México e do Peru, ou eram frágeis, como no caso do Brasil Hoje, aquelas formas anteriores de organização, ou pelo
–, são o resultado, em geral, da evolução do transplante menos seu espírito, sobrevivem nas organizações políti-
de instituições europeias feito pelas metrópoles para suas cas do Estado asiático."
colônias. Na África, as colônias tiveram fronteiras arbitra- GUIMARÃES, S. P. Nação, nacionalismo, Estado. Estudos avançados.
riamente traçadas, separando etnias, idiomas e tradições, São Paulo: Edusp, v. 22, n. 62, jan.-abr., 2008. (adaptado)
A respeito do texto e do quadrinho são feitas as Sobre a conjuntura deste novo mundo a partir da
seguintes afirmações: década de 1880, podemos concluir que:
I. Ambos retratam a intensa divisão do trabalho, à I. A concorrência entre as novas potências indus-
qual são submetidos os operários. trialmente mais bem equipadas resultou em con-
II. O texto refere-se à produção informatizada e o centrações e centralizações do capital, gerando
quadrinho, à produção artesanal. grandes empresas com poder suficiente para
III. Ambos contêm a ideia de que o produto da ativi- monopolizar segmentos inteiros do mercado.
dade industrial não depende do conhecimento de II. As potências capitalistas do Ocidente empreende-
todo o processo por parte do operário. ram uma política de ocupação territorial e econô-
Dentre essas afirmações, apenas mica comumente denominada de Imperialismo;
a) I está correta. III. As rivalidades interimperialistas provocaram
b) II está correta. uma intensa militarização da concorrência inter-
c) III está correta. nacional, o que conduziu à formação de dois
d) I e II estão corretas. blocos políticos e ideológicos antagônicos: o
e) I e III estão corretas. capitalista e o socialista.
→ DL/SP/H11/H16 Dessas afirmações:
3 (UFAmazonas) Em sua obra A era dos impérios, o his- a) Todas estão corretas;
toriador inglês Eric Hobsbawm comenta: b) Apenas I e III estão corretas;
"Os centenários foram inventados no fim do século c) Apenas II e III estão corretas;
XIX. Em algum momento entre o centésimo aniversá- d) Apenas I e II estão corretas;
rio da Revolução Americana (1876) e o da Revolução e) Nenhuma está correta.
Francesa (1889) – ambos comemorados com as expo- → DL/CF/SP/H5
sições internacionais de praxe – os cidadãos instruídos
do mundo ocidental tomaram consciência do fato de 4 (Unicamp-SP) "O pan-africanismo, surgido no final do
que aquele mundo, nascido entre a Declaração de século XIX, foi fundamental para a tomada de consciên-
Independência, a construção da primeira ponte de cia das elites culturais africanas em relação às questões
ferro do mundo e a tomada da Bastilha, estava comple- econômicas, sociais, políticas e culturais do continente.
tando cem anos. Qual seria o resultado de uma compa- A ideia de nação continental, que surgiu como sinônimo
ração entre o mundo dos anos 1880 e dos anos 1780?" de solidariedade da raça negra, apresentava ao mundo o
Faça
Em Cartaz em se
cadernu
o
País: Inglaterra
que apresenta a lenda de Tarzan. Como se sabe, as
Ano: 1984 lendas não têm necessário compromisso com os dados
de realidade. Desse modo, é possível identificar situa-
ções bastante inverossímeis na obra de Hugh Hudson.
Identifique e descreva algumas dessas passagens.
• Descreva os momentos em que, ainda na selva,
Um naufrágio na costa africana e a posterior perda dos Tarzan parece reconhecer sua humanidade.
pais colocam uma criança entre um grupo de macacos • Descreva as passagens em que, em contato com a
selvagens. Adotado por uma das macacas, o menino se cultura europeia, Tarzan (como John Clayton) reco-
desenvolve culturalmente como se fosse símio, até ser nhece sua identidade com o mundo animal.
encontrado, vinte anos depois, por um integrante de
uma missão inglesa. Com apoio desse tutor, ele retorna à Ação
Escócia, onde encontra seu avô, conhece Jane e se vê her- A partir de seus estudos na unidade e das observações
deiro das terras de Greystoke. A vida nessa nova realida- acerca do filme, responda às questões abaixo:
de o colocará diante de inúmeros conflitos.
1 Em sua opinião, qual é o conflito presente na trajetó-
Luzes ria de Tarzan?
Retome as instruções oferecidas para análise de filmes 2 Em que medida esse conflito está relacionado às ques-
nos Procedimentos metodológicos da página 10. tões do imperialismo europeu e ao darwinismo social?
Leia novamente o item A expansão imperialista (p. → DL/CF/SP/CA/H4/H11/H14/H15
196). Em seguida, escreva uma síntese sobre a relação
entre o darwinismo social e o imperialismo.
Estante • MELLO E SOUZA, M. África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2007.
Radar 215
10
7 A costura da ordem
republicana no Brasil
DE OLHO nos
E
m um de seus romances, Esaú e Jacó, o escritor Machado de Conceitos
Assis retratou o ambiente na manhã do dia 15 de novembro
de 1889, através do conselheiro Aires, um dos principais per- • Complexo cafeeiro
sonagens do romance: • Romantismo
"[...] passeou à toa, reviven- prietários de terras e/ou comercian- • Indianismo
do homens e cousas, até que sen-
tou num banco. Notou que a pouca
tes e industriais, em torno das ins-
tituições públicas. Mesmo assim
• Positivismo
gente que havia ali não estava sen- emergiu um novo sistema político • Presidencialismo
tada, como de costume, olhando à em que novos setores sociais pas- • Coronelismo
toa, lendo gazetas ou cochilando [...]
Ouviu umas palavras soltas, Deodo-
saram a exercer também o poder e
o controle sobre o Estado nacional.
• Voto de cabresto
ro, batalhões, campo, ministério etc. Muitos confundiram a movi-
Algumas, ditas em tom alto, vinham mentação de 15 de novembro de
acaso para ele ver se lhes esperta- 1889 com uma simples parada
vam a curiosidade, e se obtinham militar. Apesar das tentativas dos
mais uma orelha às notícias [...] republicanos radicais, como Silva
Quando Aires saiu do Passeio Jardim e Lopes Trovão, defensores
Público, suspeitava alguma cousa, e e incitadores da participação popu-
seguiu até o Largo da Carioca. Pou- lar e do levantamento das massas, IEB/UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, BRASIL
217
D
esde o início do século XIX, a Inglaterra pressionava as autoridades
◀ ANOS
O CAFÉ E
A REPÚBLICA brasileiras para extinguirem o tráfico negreiro e a escravidão. A potên-
cia britânica procurava ampliar seus mercados consumidores, tanto
Cultura do café passa a ser 1820
comercial no Vale do Paraíba (SP). ▾ na América quanto na África, frequentadas pelos traficantes luso-brasilei-
1827 ros. Como vimos no capítulo 4, a influência brasileira na costa africana era
Fundação das faculdades de
Direito em São Paulo e Recife. ▾ tão grande que um dos itens do acordo que levou Portugal a reconhecer a
Café lidera 1831 independência de sua ex-colônia exigia que o Brasil não incorporasse Ango-
exportações brasileiras. ▾
la aos seus domínios imperiais. Os dirigentes angolanos, envolvidos no tráfi-
Fundação do Instituto 1838 co, desejavam integrar-se ao Império brasileiro e separar-se de Portugal. Ao
Histórico e Geográfico Brasileiro. ▾ OH_V2_C7_p212
Formação da comunidade socialista 1842 longo de todo o século XIX, tal anseio foi sempre manifestado, contrariando
na região de Saí (SC). ▾ os interesses portugueses e ingleses.
1845 A independência não alterou as estruturas econômicas, mantendo a
Lei Bill Aberdeen. ▾
plantation característica do Período Colonial e a participação do país como
Nicolau Vergueiro inicia experiência 1847 exportador de matérias-primas e gêneros agrícolas e consumidor de produtos
de substituição de mão de obra ▾
escrava por homens livres. industrializados. Havia séculos que a sociedade se estruturara em torno do
Lei Eusébio de Queirós: 1850 escravismo e o tráfico constituíaManaus
Belém
uma das atividades mais rentáveis
São
S Luís
do Brasil.
proibição do tráfico negreiro. ▾ Fortaleza
Lei de Terras. Formado com a função de manter a escravidão, o Estado monárquico Teresina
teriaNatal
de
Revolta de imigrantes 1856 enfrentar seu maior impasse: promover o fim do escravismo e buscar alterna- Paraíba
Maceió
1864 Aracaju
Guerra do Paraguai. ▾ Além do controle do Estado, a elite do Centro-Sul favoreceu-se do desen-
Salvador
Construção da São Paulo Railway 1867 volvimento da atividade cafeeira, empregando africanos escravizados. Pro-
ligando a cidade de Jundiaí ▾ dução essencialmente doméstica até o final do século XVIII, o café passou a
ao porto de Santos (SP).
A produção cafeeira 1870 ser uma cultura comercial
OCEANO na década de 1820, na região do
Ouro ValeVitória
Preto do Paraíba,
do Oeste Paulista supera ▾ OH_V2_C7_p212
entre PACÍFICO
São Paulo e Rio de Janeiro. Em 1831, o produto já figurava Niterói como líder
a produção do Vale do Paraíba. Rio de Janeiro
1871
nas exportações brasileiras, suplantando o açúcar, o fumo
São Paulo
e o algodão.
Curitiba
Lei do Ventre Livre. ▾ OCEANO
MÁRIO YOSHIDA
Desterro ATLÂNTICO
ATIVIDADES ECONÔMICAS (SÉCULO XIX)
Fundação do Partido 1873 ESCALA Porto Alegre
Borracha
Café
Algodão
OH_V2_Book.indb 218 13/05/16 12:08
Tabaco
O café e o Estado nacional O café
O desenvolvimento da produção cafeeira no Vale do
"A coffea arabica fora introduzida no Brasil no come-
Paraíba esteve intimamente ligado à construção do
ço do século XVIII. Por volta de 1790, a exploração
Estado nacional. O abastecimento da corte provocou o
comercial da planta era bem-sucedida nas encos-
povoamento da região por famílias de comerciantes e
tas próximas ao Rio de Janeiro. Em 1830, os cafezais
funcionários reais, que receberam terras e passaram a
cobriam vastas áreas do Vale do Paraíba, atraves-
se dedicar ao plantio do café. Já enriquecidos, tais pro-
sando os limites da província de São Paulo e alcan-
prietários obtiveram títulos de nobreza da Coroa brasi- çando Jacareí. Não é difícil compreender por que a
leira: eram os barões do café, a principal base política cultura do café substituiu a da cana-de-açúcar nas
de sustentação de todo o edifício imperial. Do Vale do grandes propriedades. Em primeiro lugar, a deman-
Paraíba a cafeicultura espalhou-se para o sul de Minas da mundial de café era bastante mais acentuada do
Gerais e para o oeste de São Paulo. Com a nova ativida- que a do açúcar em quase toda a primeira metade do
de, ampliou-se ainda mais a escravidão no Brasil. século XIX. Além disso, os custos de produção eram
um pouco mais baixos. O café exigia menos mão de
As ferrovias obra […] e a cana tinha de ser replantada a cada três
Em torno do café organizou-se um conjunto de ativida- anos, geralmente, enquanto um cafeeiro poderia
des e transformações – complexo cafeeiro – que envol- durar 30 ou 40. […] Finalmente, o café resultava em
via desde a comercialização, o transporte e o ensacamen- maior margem de lucro, afora o custo do transporte
to do produto até a venda de terras e equipamentos. Os até o porto de Santos. Seu valor por quilo era supe-
transportes passaram a se desenvolver, acompanhando o rior, e era menos sujeito a deterioração no processo
crescimento da importância da cafeicultura. Inicialmen- de transporte.
te, o escoamento da produção do Vale do Paraíba era feito
por tropas de mulas, em estradas de terra, até os portos do […] Somente após 1840 se deu início ao plan-
Rio de Janeiro e de Santos. Já a produção do Oeste Pau- tio em larga escala de café no Oeste Paulista, de
Campinas até Rio Claro. […]"
lista, que viria a superar a do Vale do Paraíba na década
de 1870, era encarecida pelo transporte das tropas e tinha DEAN, W. Rio Claro: um sistema brasileiro de grande lavoura
sua qualidade prejudicada devido aos longos e precários
OH_V2_C7_p213 1820-1920. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. p. 42-45.
MÁRIO YOSHIDA
porto de Santos. Um dos maiores símbolos da Revolução EXPANSÃO CAFEEIRA
Pires do Rio
Goiás
Industrial inglesa, a estrada de ferro passou a fazer parte São Mateus
do cenário agrícola do Brasil. Goiás
Pires do Rio Governador Valadares Espírito
Santo
Minas Gerais
Um verdadeiro surto ferroviário, acompanhando Mato Colatina
São Mateus
Governador Valadares Espírito
Vitória
Grosso
idênticas transformações que ocorriam na Europa e nos Minas
Cachoeiro de Itapemirim
Gerais Colatina
Santo
Ribeirão Preto
Estados Unidos no mesmo período, inaugurou um novo Adamantina Araçatuba
Mato
Grosso São Paulo
Juiz de Fora
Vitória
Araraquara
campo de investimentos para o capital cafeeiro, trouxe Ribeirão Preto
Cachoeiro de Itapemirim
Rio de Janeiro
Araçatuba Assis
Pres. Prudente Bauru Juiz de Fora
mais rapidez e facilidade para os produtores do Oeste e Adamantina
Ourinhos
São Paulo
Campinas
Araraquara Taubaté Rio de Janeiro
Maringá
Rio de Janeiro
consolidou a hegemonia econômica da região. Os novos Londrina
Pres. Prudente Assis Bauru
São Paulo
São Sebastião
A+ comunicação
NEGROS ESCRAViZADOS E IMIGRANTES EM SÃO PAULO (1871-1877)
1872 1873 1874 1875 1876 1877
Imigrantes
10 464 11 054 11 174 43 981 53 517 85 629
Fonte: Elaborado com base em CAMPOS, F. de; DOLHNIKOFF, M. Atlas História do Brasil. 3. ed. São Paulo: Scipione, 1997. p. 32
As letras e as raças
A constituição da nação brasileira funcionou como
pano de fundo das transformações da segunda metade
do século XIX. A campanha abolicionista e o estímulo
à imigração puseram em causa o tipo de nação que o
Estado monárquico teria condições de estabelecer. Se a
população era constituída por negros, indígenas, mesti-
ços e, agora, por imigrantes europeus de diversas nacio-
nalidades, tornando mais complexa a tarefa da constru-
ção da nação, a elite dirigente era mais ou menos coesa:
A província do Ceará e a abolição branca, letrada e liberal e em geral composta por bacha-
O Libertador, um importante jornal abolicionista, foi funda- réis de Direito.
do no Ceará no início de 1881. A campanha pela impren- Além de se diferenciar dos demais grupos da socie-
sa ganhou visibilidade quando jangadeiros abolicionistas, dade, à elite caberia interferir no processo de consti-
liderados por Francisco Nascimento (também conhecido tuição da nação brasileira. Com o estabelecimento das
por "Dragão do Mar", promoveram uma greve em janeiro primeiras faculdades de Direito em São Paulo e no Reci-
de 1881, recusando-se a embarcar escravizados que teriam fe, em 1827, e com a fundação do Instituto Histórico
como destino as fazendas de café de São Paulo. e Geográfico Brasileiro, em 1838, criaram-se as duas
Entre os vários grupos abolicionistas cearenses, em bases para a formação e a atuação da elite intelectual
1882, foi formada em Fortaleza a Sociedade das Cearenses brasileira, preocupada em influenciar os setores domi-
Libertadoras. Organizado por senhoras da sociedade cea- nantes da sociedade.
rense, a instituição foi criada durante a visita de José do
Patrocínio à Província. Em 19 de outubro de 1883, o Poder O romantismo e a busca da
Provincial sancionava a lei que abolia a escravidão no identidade nacional
Ceará. Mesmo assim, ao longo do ano de 1884, nas pági- Uma verdadeira "ilha de letrados num mar de analfa-
nas de O Libertador ainda havia denúncias da manutenção betos", a elite teve no romantismo sua principal forma
da escravidão em algumas propriedades. de expressão literária. Gonçalves de Magalhães, José
Identidade e diversidade
LUIZ CHAVES
O samba enredo (RJ). As paneleiras de Goiabeiras (ES).
A arte corporal dos povos Wapãpi (AP). O Círio de Naza-
ré (PA). A capoeira (BA). A cachoeira de Iauaretê (AM).
A feira de Caruaru (PE). Jongo (SP). O queijo do Serro
(MG). As rendas de Divina Pastora (SE). O tambor de
Crioula (MA). As Cavalhadas (PR). Arte santeira (PI). A
comunidade luso-açoriana (SC). A comunidade mbyá-
-guarani (RS).
Todos esses elementos fazem parte do Patrimônio
Cultural do Brasil. Há muitos outros em todo o país. Mui-
Jovens vestidos de Lanceiros Negros Farroupilha durante
tos desses elementos estão presentes em vários estados
representação da Batalha de Porongos, nas comemorações
brasileiros. São manifestações, expressões, saberes, faze- da Revolução Farroupilha. Rio Grande do Sul, 2012.
res, lugares, tradições que compõem a trama do nosso
FELIPE GOIFMAN/SAMBAPHOTO
tecido sociocultural. Durante muito tempo, no Brasil, a
abordagem do tema esteve ligada ao patrimônio históri-
co e artístico. E associado aos monumentos, construções,
sítios arqueológicos e à produção artística da elite.
Nos últimos anos, a mais restrita definição de patri-
mônio histórico e artístico tem dado lugar à noção de
patrimônio cultural. Isso significa identificar um con-
junto de bens materiais e imateriais, valores, tradições
que reconhecem a diversidade de nossa formação.
Entre tais bens se incluem: as formas de expressão;
os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas,
artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, Viola de cocho. Pantanal, Mato Grosso, 2006.
Deslocamento de
OH_V2_Book.indb 228 tropas aliadas 13/05/16 12:09
A superioridade demográfica e econômica dos alia- nal e o corpo de Voluntários da Pátria. Em lugar de se
dos contrabalançava com a melhor preparação do Exér- apresentarem ao serviço militar, muitos proprietários
cito paraguaio, que, no início do conflito, contava com cederam seus escravizados, que, a partir de 1866, pas-
cerca de 60 mil combatentes, contra 17 mil do Brasil, saram a receber alforria pela participação na guerra.
8 mil da Argentina e apenas mil do Uruguai. As forças Após uma matança sem precedentes na Améri-
aliadas tinham, no entanto, ampla vantagem naval, ca do Sul, os paraguaios foram derrotados em março
sobretudo por causa da Marinha brasileira. E contavam de 1870. Destruída, a República do Paraguai jamais se
com financiamento e apoio da poderosa Inglaterra. recuperou do desastre militar. Sua população masculi-
Se nos primeiros combates as forças equilibravam- na foi praticamente dizimada e metade de seus habitan-
-se e os paraguaios puderam contar até com alguns tes foi morta durante os combates. Nunca mais ameaça-
expressivos sucessos, logo o poder dos aliados se fez ria a hegemonia brasileira na região do Prata, sendo, até
sentir. O Brasil chegou a mobilizar cerca de 150 mil hoje, um parceiro menor dos países do Cone Sul (Brasil,
homens, distribuídos entre o Exército, a Guarda Nacio- Argentina, Chile e Uruguai).
MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES, BUENOS AIRES, ARGENTINA
Esquadra brasileira no canal Paso de la Pátria em 23 de abril de 1866, Cándido López. Óleo sobre tela, 1887. (detalhe)
Faça
Tá ligado?! em se
cadernu
o
REPRESENTAÇÕES INDÍGENAS
"Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a
jandaia nas frondes da carnaúba. baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
Verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem
raios do Sol nascente, perlongando as alvas praias ensom- corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guer-
bradas de coqueiros. reira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal
[...] roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no com as primeiras águas."
horizonte, nasceu Iracema. ALENCAR, J. de. Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabe- Rio de Janeiro: BestBolso, 2012. p. 17-19.
los mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu
talhe de palmeira.
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
o
O
s militares tomam a praça. A cavalaria perfila-se imponente diante da
multidão civil. Peças de artilharia podem ser observadas com reve-
rência. Bandeiras e flâmulas verde e amarelas misturam-se aos vivas
à República. Há uma profusão de símbolos: uniformes militares, vestimen-
tas civis, as cores da pátria, a praça pública, a multidão, as armas. As pessoas
parecem participar de um grande espetáculo, quase um grande teatro. E de
certo modo era.
A foto abaixo descreve o Rio de Janeiro em 15 de novembro de 1894, ou
seja, cinco anos após a Proclamação da República. A comemoração é realiza-
da com uma reconstituição da ação militar dirigida pelo marechal Deodoro da
Fonseca, possivelmente com muita precisão em relação à original, principal-
mente num aspecto: o Exército no centro dos acontecimentos. No entanto, os
figurantes civis de 1894 entendiam melhor o que se passava. Em 1889, boa
parte não conseguia acompanhar ao certo o que ocorria.
Dia da República
Na festa de comemoração de cinco anos da República, as unidades militares reconstituem as posições que supostamente teriam
ocupado na Praça da República em 1889.
ACERVO ICONOGRAPHIA
mais de 500 rebeldes, pediu asilo a Portugal e refu-
giou-se a bordo de embarcações lusitanas. Foi o fim da
guerra civil.
A
s profundas crises dos primeiros anos da República só seriam supe-
A+ comunicação
ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS
radas com o afastamento definitivo dos militares e a instauração de
um "sistema" estável para marcar os limites e as regras do jogo do
1894 Prudente de Morais poder. O governo de Prudente de Morais (1894-1898) caracterizou-se pela
84,3 tentativa de apaziguamento entre os diversos setores oligárquicos e as lide-
ranças militares. Em agosto de 1895, os líderes da Revolta Federalista depu-
1898 Campos Sales seram as armas e declararam sua rendição. O presidente sucessor, o tam-
90,9 bém paulista Campos Sales (1898-1902), com um novo arranjo político,
conhecido como Política dos Governadores, ofereceu a estabilidade neces-
sária às oligarquias regionais.
1902 Rodrigues Alves Como ficara evidenciado nos governos dos marechais, a origem das crises
91,7
residia no confronto entre os setores dos grupos dominantes estaduais, que dis-
putavam o apoio presidencial para tomar o governo ou para se manter nele. Com
1905 Afonso Pena as costumeiras intervenções federais, abria-se a oposição entre o poder central e
97,9 os poderes estaduais, e entre o Congresso Nacional e a Presidência da República.
Era necessário encontrar um meio de neutralizar as oposições sem elimi-
1910 Hermes da Fonseca nar o sistema representativo, ou seja, de representantes dos cidadãos escolhi-
64,4 dos por meio de eleições. Tarefa difícil, uma vez que as eleições eram marca-
das por fraudes, violências e arbitrariedades cometidas pelos diversos grupos
oligárquicos em conflito.
1914 Venceslau Brás Por meio da Política dos Governadores, Campos Sales apoiava os grupos
91,6
dominantes nos estados da União, que, em troca, orientariam seus deputados e
senadores a apoiar as decisões do Executivo em âmbito federal. O apoio do gover-
1918 Rodrigues Alves no federal traduzia-se em verbas e outros benefícios de que a oligarquia domi-
99,1 nante poderia dispor para ampliar seu prestígio regional, garantindo seu domínio
permanente sobre a máquina administrativa. Assim, as disputas políticas, já neu-
1919 Epitácio Pessoa tralizadas, tendiam a se restringir aos estados e não ameaçariam a estabilidade do
Fonte: Elaborado com base em dados estatísticos do Tribunal Superior Eleitoral.
71,0 governo federal. Com a ausência de partidos nacionais, as relações políticas esta-
beleciam-se entre as bancadas dos partidos estaduais (Partido Republicano Pau-
lista, Partido Republicano Mineiro, Partido Republicano Rio-Grandense etc.) e a
1922 Artur Bernardes Presidência da República.
56,0
A+ COMUNICAÇÃO
A POLÍTICA DOS GOVERNADORES
Presidentes estaduais
Obras públicas, Verbas
Assembleias Legislativas
Estaduais (deputados estaduais)
co-sociais, era a representação da privatização de funções (Cesgranrio-RJ) Durante a República Velha (1889-
do Estado e da obtenção de privilégios para as oligarquias. -1930), desenvolveu-se a chamada "política dos
A elite não confiava no seu povo, que, por sua vez, não se governadores", cujas características eram:
reconhecia no Estado. a) a articulação do coronelismo à política nacional,
através da ideologia do favor, assegurando a
Campanha civilista hegemonia das oligarquias paulistas e mineiras
Nas pequenas brechas do jogo de cartas marcadas, como sobre o poder central;
em 1910, quando paulistas e mineiros não chegaram a b) a organização constitucional republicana em função
um consenso e a eleição foi de fato competitiva, os seto- do predomínio dos interesses agroexportadores do
res urbanos puderam participar e seu peso eleitoral foi café, representados por São Paulo;
de certo modo significativo. A vitória do marechal Her- c) a representação majoritária dos Estados, cujos
mes da Fonseca, derrotando o ilustre Rui Barbosa, foi governadores eram solidários com o poder central,
tanto no Senado quanto na direção dos órgãos
marcada por intensa participação desses setores, cujas
federais;
simpatias eram disputadas por ambos os candidatos.
d) a participação de todos os governadores estaduais
Rui Barbosa, apesar de apoiado pela oligarquia pau-
na definição da política externa do país e a garantia
lista, levou a cabo a campanha civilista, em que conde- da União aos empréstimos externos dos Estados;
nava a participação dos militares na vida política e critica-
e) a distribuição dos recursos federais entre os
va um dos grandes vícios da República: a inexistência do municípios, segundo a influência dos coronéis,
voto secreto. Como o eleitor não tinha a garantia de votar favoráveis aos respectivos governadores estaduais.
sigilosamente, sua escolha era facilmente controlada
→ DL/CF/H11
pelos poderosos. Era uma crítica direta ao poder oligárqui-
→ conforme tabelas das páginas 8 e 9.
co. Apesar de apoiado pelas oligarquias de Minas Gerais,
Caracas
dos jesuítas em 1759, a administração dos aldeamen-
VENEZUELA
Georgetown
Paramariboo tos indígenas passou para os colonos, que mantiveram
Bogotá GUIANA ena
na
Caiena
1906
SURINAME a exploração da mão de obra nativa.
COLÔMBIA GUIANA A FRANCESA
FRA
RANCESA
1900 A independência do Brasil, em 1822, não alterou
EQUADOR
Quito 1907
muito a situação dos indígenas. Enquanto a elite diri-
gente discutia o que fazer com os nativos e como incluí-
-los na sociedade brasileira, as fronteiras eram desbra-
Acre Porto Velho
PERU
1903
Guajará-Mirim
vadas, as terras indígenas tomadas e seus ocupantes
Lima escravizados e combatidos.
BOLÍVIA
La Paz
A partir de 1840, a exploração da mão de obra passou
OCEANO
a ser colocada em segundo plano. Mais importante era a
PACÍFICO
PARAGUAI
tomada das terras indígenas e a exploração da borracha.
Assunção Rio de Janeiro
Utilizada pelos nativos para impermeabilização, fabri-
1895
ESCALA
vizinhos decididas a favor do Brasil
por arbitramento internacional
das e ficava muito rígido sob temperaturas baixas.
0 625 1250 km Região disputada por Brasil, Peru
e Bolívia
Com pigmentos escuros, a borracha passaria a fazer
Estrada de ferro Madeira-Mamoré parte do cotidiano da vida moderna, sendo utilizada na
Fonte: Elaborado com base em CAMPOS, F. de; DOLHNIKOFF, M. fabricação de mangueiras, capas e tecidos impermeá-
Atlas História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1994. veis, calçados, pneus, bonecas e bolas.
1 Explique o funcionamento da chamada Política dos 5 Do ponto de vista das relações internacionais, quais
Governadores. → DL/SP/H8/H9/H11 foram as características dos primeiros anos do
2 A estabilidade política do regime oligárquico pres- período republicano no Brasil? → DL/CF/SP/H7/H8/H9
supunha a ampla participação da população brasi- 6 Como a questão da extração da borracha da
leira? Por quê? → DL/SP/CA/H8/H9/H11 Amazônia relacionava-se com o contexto da
3 No mundo rural, o coronelismo era a base municipal Segunda Revolução Industrial?
do regime oligárquico. Defina o coronelismo. → DL/CF/SP/H7/H9/H17/H18/H19
→ DL/SP/H8/H9/H11 7 Quais as consequências da expansão da economia
4 O que foi a "política café com leite"? → DL/SP/H9/H11 amazonense nos primeiros anos da República?
→ DL/CF/SP/H7/H8/H9/H17/H18/H19/H20
O sentimento nacional
"[...] Ao final da Colônia, antes da chegada da corte portu- Até então, o Brasil era um país sem heróis. [...]
guesa, não havia pátria brasileira. Havia um arquipélago O início de um sentimento de pátria é também atesta-
de capitanias, sem unidade política e econômica [...] do pela poesia e pela canção popular sobre a guerra. [...]
Não é de admirar, então, que não houvesse sentimento Do Paraná, há uma que diz: 'Mamãe, eu sou brasileiro/ E
de pátria comum entre os habitantes da colônia. As revoltas a pátria me chama para ser guerreiro'. Em Minas Gerais,
do período o indicam [...] um soldado se despede da família de maneira estoica: 'Não
Às vésperas da independência, os deputados da capi- quero que na luta ninguém chore/ A morte de um soldado
tania de São Paulo, presentes às cortes de Lisboa, diziam brasileiro;/ Nunca olvidem que foi em prol da pátria/ Que
abertamente não serem representantes do Brasil, mas de eu dei o meu suspiro derradeiro'. Tanto nos cartuns como
sua capitania. [...] A ideia de pátria manteve-se ambígua nas poesias, a lealdade à pátria aparece como superior à
até mesmo depois da independência. Podia ser usada para lealdade provincial e familiar. [...]
denotar o Brasil ou as províncias. [...] Episódio que em princípio deveria ter marcado a
O patriotismo permanecia provincial. O pouco de sen- memória popular foi a proclamação da República. Mas
timento nacional que pudesse haver baseava-se no ódio ao não foi o que aconteceu [...] o ato da proclamação em si foi
estrangeiro, sobretudo ao português. Nas revoltas regen- feito de surpresa e comandado pelos militares que tinham
ciais localizadas em cidades, a principal indicação de bra- entrado em contato com os conspiradores civis poucos dias
silidade era o nativismo antiportuguês, justificado pelo fato antes da data marcada para o início do movimento. [...]
de serem portugueses os principais comerciantes e proprie- Sob certos aspectos, a República significou um fortale-
tários urbanos [...] cimento das lealdades provinciais em detrimento da lealda-
O principal fator de produção de identidade brasileira de nacional. Ela adotou o federalismo ao estilo norte-ameri-
foi, a meu ver, a guerra contra o Paraguai [...] A guerra durou cano, reforçando os governos estaduais. Muitos observado-
cinco anos (1865-1870), mobilizou cerca de 135 mil solda- res estrangeiros e alguns monarquistas chegaram a prever
dos vindos de todas as províncias, exigiu grandes sacrifícios a fragmentação do país como consequência da República e
e afetou a vida de milhares de famílias [...] Nenhum acon- do federalismo. Houve um período inicial de instabilidade e
tecimento político anterior tinha tido caráter tão nacional e guerra civil que parecia dar sustentação a esses temores. A
envolvido parcelas tão grandes da população [...] No início da unidade foi mantida afinal, mas não se pode dizer que o novo
guerra contra o Paraguai, as primeiras vitórias despertaram regime tenha sido considerado uma conquista popular e por-
autêntico entusiasmo cívico. Formaram-se batalhões patrió- tanto um marco na criação de uma identidade nacional."
ticos, a bandeira nacional começou a ser reproduzida nos jor- CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil. O longo caminho.
nais e revistas, em cenas de partida de tropas e de vitórias Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008. p. 76-81.
nos campos de batalha. O hino nacional começou a ser exe- José Murilo de Carvalho (1939-), historiador e cientista político,
cutado, o imperador d. Pedro II foi apresentado como o líder é professor de História do Brasil na Universidade Federal do Rio
da nação, tentando conciliar as divergências dos partidos de Janeiro. Integrante da Academia Brasileira de Letras, é autor de
em benefício da defesa comum. A imprensa começou tam- dezenas de estudos sobre a História política brasileira.
bém a tentar criar os primeiros heróis militares nacionais.
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
o
1 O autor sustenta que as revoltas coloniais indicam a 4 Por que "a República significou um fortalecimento
inexistência de um sentimento nacionalista. Examine das lealdades provinciais em detrimento das lealdades
essa afirmação e apresente justificativas na sua argu- nacionais"? → DL/CF/SP/CA/H1/H9/H24/H25
mentação. → DL/CF/SP/CA/H1/H9
5 Compare o sentimento nacionalista brasileiro durante
2 Por que "o patriotismo permanecia provincial" durante a proclamação da República e o mesmo processo rela-
o regime monárquico? → DL/CF/SP/CA/H1/H9 tivo à França, como vimos nos capítulos 3 e 5.
3 Por que a Guerra do Paraguai alterou a situação do → DL/CF/SP/CA/H1/H9/H24/H25
patriotismo no Brasil? → DL/CF/SP/CA/H1/H9/H24/H25
3 (Enem) Distante uma da outra quase 100 anos, as duas telas seguintes, que integram o patrimônio cultural brasi-
leiro, valorizam a cena da primeira missa no Brasil, relatada na carta de Pero Vaz de Caminha. Enquanto a primeira
retrata fielmente a carta, a segunda – ao excluir a natureza e os índios – critica a narrativa do escrivão da frota de
Cabral. Além disso, na segunda, não se vê a cruz fincada no altar.
MUSEU NACIONAL DE BELAS-ARTES, RIO DE JANEIRO, BRASIL
Ao comparar os quadros e levando-se em conta a e) A tela de Victor Meirelles contribui para uma
explicação dada, observa-se que: visão romantizada dos primeiros dias dos portu-
a) A influência da religião católica na catequização gueses no Brasil.
do povo nativo é o objeto das duas telas. → DL/CF/H1/H2/H4
b) A ausência de índios na segunda tela indica que 4 (IRBr-DF) Durante todo o Império e mesmo após o
Portinari quis enaltecer o feito dos portugueses. advento da República, a grande maioria da população
c) Ambas, apesar de diferentes, retratam um mesmo brasileira ficou à margem da vida política. Embora o
momento e apresentam a mesma visão do fato liberalismo tivesse sido implantado pelo regime impe-
histórico. rial, podemos observar uma continuidade no que diz
d) A segunda tela, ao diminuir o destaque da cruz, respeito à exclusão social e política, culminando na
nega a importância da religião no processo dos distinção entre cidadãos ativos e cidadãos inativos ou
descobrimentos.
Faça
Em Cartaz em se
cadernu
o
Radar 249
10
8 Fora da ordem
brasileira
DE OLHO nos
"
[…] Olhe: quando é tiro de verdade, primeiro a cachorrada pega a Conceitos
latir, instantaneamente – depois, então, se vai ver se deu mortos. O
senhor tolere, isto é o sertão. Uns querem que não seja: que situa- • Cangaço
do sertão é por os campos-gerais a fora a dentro, eles dizem, fim de • Estrutura
rumo, terras altas, demais do Urucuia. Toleima. Para os de Corinto e do agroexportadora
Curvelo, então, o aqui não é dito sertão? Ah, que tem maior! Lugar ser- • Mercado de
tão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos; onde um pode torar trabalhadores livres
dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador; e onde crimino-
so vive seu cristo-jesus, arredado do arrocho de autoridade. O Urucuia
vem dos montões oestes. Mas, hoje, que na beira dele, tudo dá – fazen-
dões de fazendas, almargem de vargens de bom render, as vazantes;
culturas que vão de mata em mata, madeiras de grossura, até ainda
virgens dessas lá há. Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe:
pão ou pães, é questão de opiniães... O sertão está em toda a parte."
GUIMARÃES ROSA, J. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.
251
A
COLEÇÃO FREDERICO PERNAMBUCO DE MELLO, RECIFE – ACERVO ABAFILM, FORTALEZA
Lampião
A figura mais destacada do cangaço foi Virgulino Ferreira da Silva, chamado
de Lampião pelo efeito que as rajadas de seus tiros provocavam durante a
noite. Nascido em Pernambuco em 1897, Lampião foi empregado do impor-
tante coronel Delmiro Gouveia. Tornou-se cangaceiro por volta de 1916 e,
em 1921, já formara o próprio bando, que chegou a ter cerca de 300 mem-
bros. Conseguiu comprar fazendas e montar um verdadeiro quartel-general
em Angico, Sergipe, onde se tornou traficante de armas. Foi morto em 1938,
com outros cangaceiros e sua famosa companheira, Maria Bonita, numa
emboscada armada pela polícia. As cabeças dos membros do bando foram
cortadas e exibidas pelo Nordeste por ordem das autoridades.
Pesquisas recentes apontam que Lampião não teria sido apenas um
rude cangaceiro. Apreciador de música e poesia, praticava costura e bor-
dados e adorava perfumes. Seu chapéu, tão característico, teria sido ins-
Lampião e um de seus cangaceiros,
pirado em Napoleão Bonaparte, célebre general e imperador francês.
Benjamin Abraão, 1936.
As armas da fé 253
A Guerra do Contestado
MÁRIO YOSHIDA
TERRA E RELIGIOSIDADE
Entre 1912 e 1916 ocorreu um grave conflito numa região
disputada pelos estados de Santa Catarina e Paraná e, por
essa razão, denominada Contestado. Em torno de um líder
messiânico, chamado monge José Maria, agruparam-se
posseiros expulsos de suas terras, devido à construção de
uma ferrovia e à ação dos coronéis locais, e trabalhadores
desempregados pelo término da construção da ferrovia.
Marginalizados e empobrecidos, os sertanejos perambu-
laram por localidades disputadas por catarinenses e para-
naenses. Num conflito com esses últimos, apossaram-se
de armas e iniciaram uma organização militar. Da mesma
forma que no episódio de Canudos, o governo federal
entendeu que se tratava de um movimento de inspiração
monarquista. A Guerra do Contestado durou cerca de qua-
tro anos. Além de seus efetivos militares, o governo che-
gou a se utilizar de aviões para bombardear os rebeldes.
Como no Rio de Janeiro em 1893, as forças militares bra-
sileiras bombardeavam seu próprio povo. Como em Canu-
dos, o massacre foi brutal.
Segundo alguns estudiosos, como Douglas Teixeira
Monteiro, o movimento do Contestado teve caráter mile-
narista. A monarquia defendida pelos seus participan-
tes era tida como uma instituição divina, um reino de
felicidades que resgatava os elementos sebastianistas e
messiânicos presentes no Brasil desde o século XVI.
ESCALA
“[…] a Guerra do Contestado foi o único [movi- 0 385 770 km
1 Quais eram as diferenças e as semelhanças entre os 3 Canudos e a Guerra do Contestado foram movimen-
cangaceiros e os beatos? → DL/CF/SP/H9/H11 tos semelhantes? Por quê? → DL/SP/CA/H9/H10
2 Padre Cícero e Antônio Conselheiro tinham os mes- 4 "Civilização e barbárie voltavam a se encontrar."
mos procedimentos sociorreligiosos? Cite um outro momento da História do Brasil, quan-
→ DL/SP/H9/H10/H11 do, em nome da defesa da civilização, também se
cometeram inúmeras violências. → DL/CF/SP/H7/H9
As armas da fé 255
Fonte: Elaborado com base em GARCIA, Carlos. O que é o Nordeste brasileiro. São
Paulo: Brasiliense, 1984.
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
o
1 A partir do texto e do mapa 2, apresente definições 3 Identifique, a partir dos mapas 1 e 2, as sub-regiões
para: nordestinas onde se desenvolveu:
a) Zona da Mata. a) Canudos.
b) Agreste. b) Cangaço.
c) Sertão. → DL/CF/H1/H26//H27/H29 c) Beatismo de padre Cícero. → DL/CF/H1/H6/H11/H13
2 Explique a afirmação: "O Nordeste segue sendo o 4 Procure explicar o surgimento desses fenômenos
grande produtor de homens". → DL/CF/H1/H26//H27/H29 incorporando as informações sobre as sub-regiões
nordestinas. → DL/CF/CA/H6/H11/H26//H27/H29
As armas da fé 257
D
e passagem pela cidade de São Paulo, em 1900, depois de
uma ausência de mais de trinta anos, um senhor carioca
O formagio! Olha o formagio!" ficou impressionado: "[…] era então uma cidade puramente
"Survetinho, survetón! paulista, hoje é uma cidade italiana!". De fato, como se pode obser-
Survetinho de limón, var em artigos na imprensa da época, era imensa a quantidade de
quem não tem o dez tostón italianos desenvolvendo as mais diversas atividades: comercian-
não toma survetón. tes, industriais e operários. Se assustava o viajante carioca, a situa-
ção provocava temor em moradores mais antigos, como o senhor
Aureliano Leite:
Pregões de italianos em São Paulo "No bonde, no teatro, na rua, na igreja, falava-se mais o idioma
no início do século XX. de Dante que o da língua de Camões […] Coisa realmente assusta-
dora. A impressão de que íamos perder a nacionalidade, ser absor-
vidos aterrava".
CARELLI, M. Carcamanos e comendadores. São Paulo: Ática, 1985. p. 30-31.
IMIGRAÇÃO NO BRASIL 1881-1930 (em milhares) neses, portugueses e tantos outros povos deixavam sua terra natal
em busca de melhores condições de vida. A América era o destino
65 de grande parte dessa população. Mas a América era grande e geo-
60 graficamente nebulosa para boa parte dos imigrantes. Estados Uni-
55 dos, Argentina, Brasil; alguns não sabiam exatamente para onde
50
deviam ir.
45
Fenômeno nunca visto na história da humanidade, a circula-
40
35 ção de milhares de deserdados provocou uma intensificação do
30 sentimento nacionalista em todo o mundo. As populações já esta-
25 belecidas sentiam-se invadidas pelos estrangeiros. O preconceito e
a discriminação eram frequentes.
20
Com o desenvolvimento da produção cafeeira, a população do
15 estado de São Paulo cresceu numa velocidade vertiginosa. Soma-
va cerca de 800 mil habitantes em 1872. Quarenta anos depois, já
10 contava com mais de 3 milhões. Na capital do estado, no mesmo
5 período, a população saltara de 23 mil para 580 mil. Era, em gran-
de parte, composta de imigrantes, que não paravam de desembarcar
0
no porto de Santos. Nas primeiras décadas do século XX, a cidade de
19
18
19
19
18
19
30
20
80
10
Portugueses Espanhóis Japoneses e chácaras davam lugar aos primeiros prédios e avenidas. Viadutos
Italianos Alemães começavam a interligar áreas elevadas e quilômetros de trilhos eram
assentados para a circulação dos moderníssimos bondes, ainda
Fonte: Elaborado com base em BETHELL, L. The Cambridge history
of Latin America. v. IV. p. 131. ao lado das habituais carroças e burricos. Em regiões afastadas,
As migrações e a
Tá na rede!
Revolução Industrial
As migrações estão duplamente ligadas à chamada lasar Segall
Segunda Revolução Industrial – ocorrida entre a últi- Digite o endereço abaixo na
ma década do século XIX e 1920 –, caracterizada por barra do navegador de internet:
um enorme salto qualitativo e quantitativo no pro- http://goo.gl/A4VntA. Você pode
também tirar uma foto com O acervo é composto
cesso produtivo, com a utilização da eletricidade, a por mais de três mil
combustão com derivados de petróleo e a manipula- um aplicativo de QrCode para
itens da produção de
saber mais sobre o assunto. Lasar Segall, entre
ção de elementos químicos. De um lado, essas trans-
Acesso em: 12 abr. 2016. Em pinturas a óleo, es-
formações desarticularam completamente as estrutu- culturas e gravuras.
português.
ras produtivas anteriores, provocando um gigantesco
ANÁLISE DE IMAGEMpintura
Material: Óleo com areia sobre tela Exposto atualmente no Museu Lasar Segall, em São
Paulo.
Dimensão: 2,30 m x 2,75 m
Datação: 1939-1941
Primeiro olhar: 1 5
O autor representa a via- O navio é constituído por
gem de pessoas num navio, um corte da proa sobre
fugindo da guerra, fome e um fundo verde ondula-
miséria de seus lugares de do representando o mar
origem. A pintura tem cará- e uma sutil linha branca
ter autobiográfico e foi ins- separando os dois espaços.
pirada em experiência pes- A proa se destaca pela
soal, sua condição judaica, forma oval, protetora, ao
anotações de viagens e uma mesmo tempo em que apri-
série de gravuras feitas siona as pessoas empilha-
entre 1928 e 1938. das ao longo do espaço
dividido em linhas diago-
2 nais. Vigas que delimitam
A variedade de marrons, os espaços constroem dife-
cinzas, ocres e amarelos rentes situações.
constroem um colorido tris-
te e silencioso, evocando
a proximidade com a terra
que ainda não pode ser 3 Nesse cenário estão pessoas de todas as faixas
avistada do navio. etárias, na qual sobressai a presença feminina.
1,9% → DL/CF/SP/H3/H8/H9
14% → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
OH_V2_C8_p255
20%
MÁRIO YOSHIDA
2,1% EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS EM 1910
Café
Tabaco
61,7% Borracha
Açúcar
Algodão
Outros
3 187 2 408
7 458 ESCALA
0 565 1130 km
Fonte: Elaborado com base em CAMARGO JR., F. Êxodo rural no Brasil. Rio de
Janeiro: Conquista, 1960. p. 104-105.
Fonte: Elaborado com base em CAMPOS, F. de; DOLHNIKOFF, M. Atlas História do
Brasil. 3 ed. São Paulo: Scipione, 1997. p. 41
A
cidade do Rio de Janeiro contava com cerca de 1 milhão de habitan-
tes em 1910, quase o dobro da população da cidade de São Paulo na
mesma época. Seu crescimento acelerado não ocorreu, todavia, de
forma súbita. Desde o início do século XIX, com a chegada da família real
portuguesa e, posteriormente, como sede da Monarquia brasileira, o Rio
manteve-se como a maior cidade do país. Capital política, cultural e econô-
mica, teve nos anos republicanos o período mais agitado de sua história.
Com a Abolição, muitos ex-escravizados engrossaram a população cario-
Olha o prúu da roda ca, que receberia ainda uma vasta leva de imigrantes, principalmente portu-
vôôôôa!" gueses, no decorrer de todo o período oligárquico. Apesar de – ao contrário de
São Paulo – quase a metade de sua população ser natural da cidade no início
"Vae basouôôôôôura
do século XX, havia também certo desconforto com relação à maioria de seus
espanadoire!"
habitantes. Mas não eram apenas os eventuais sotaques estrangeiros que cau-
"Guerralfas bazias savam temor às classes abastadas.
pr'a bundaire! A refinada elite carioca, que em 1897 assistira ao desfile de José do Patro-
cínio em um automóvel movido a vapor e tinha lembranças do requinte
imperial, de seu convívio com as maiores autoridades da República, não se
reconhecia em sua cidade. Com exceção de seus confortáveis palacetes de
Vendedores portugueses de perus,
vassouras, espanadores e garrafas
Botafogo e Laranjeiras, um pouco afastados do centro, a cidade era cortada
no início do século XX. por ruas estreitas e vielas, onde se erguiam prédios e casas velhas, imensos
cortiços que podiam abrigar milhares de pessoas, estalagens, inúmeras casas
de comércio e, pouco a pouco, subindo os morros, amontoados de barracos
formando as primeiras favelas. Para piorar, havia as áreas pantanosas, que
provocavam constantes epidemias de febre tifoide, varíola e febre amarela.
mente, empurrar para longe a população pobre, rude e mestiça, eram os dese-
jos da população elegante do Rio de Janeiro.
O presidente Rodrigues Alves (1902-1904) empreendeu a remodelação
tão desejada pela elite carioca. Os cortiços foram derrubados, dando lugar a
belíssimas praças, charmosos jardins, largas avenidas e vistosos palacetes.
Saneamento, limpeza pública e pavimentação completaram a reurbaniza-
ção levada a cabo pelo engenheiro Pereira Passos, colocando a cidade à altu-
ra da exuberante natureza que a circundava. Seus abastados habitantes não
se envergonhariam mais diante dos visitantes estrangeiros. O Rio estava no
caminho para se tornar a "Cidade Maravilhosa".
O resultado imediato, além do embelezamento da cidade, foi a deterio-
ração ainda maior das condições de vida dos trabalhadores. O preço dos alu-
guéis subiu e a população mais pobre foi removida do centro para áreas mais
Vendedor de vassouras, c. 1910. distantes. A ocupação dos morros com barracos tornou-se mais frequente.
Capoeira, Carnaval e espaço público XIII, intitulado Dos vadios e capoeiras, sua prática fica-
va sujeita à prisão. Por outro lado, a capoeira come-
A abolição sem uma política de integração social dos
ex-escravizados gerou uma situação de marginalida- çou a ser praticada também pelos brancos. Nas décadas
de entre os negros. Em três grandes cidades portuá- seguintes, afirmava-se que a capoeira era uma ginásti-
rias – Rio de Janeiro, Salvador e Recife – predominava ca saudável e que o problema residia nos vagabundos e
a população negra indispensável para o funcionamento vadios que a praticavam. A capoeira saiu das ruas e foi
da dinâmica da vida urbana, como vendedores ambu- parar nas academias.
lantes, feirantes, serviçais de limpeza, estivadores, tra- A população negra do Rio de Janeiro agrupava-se de
picheiros e remadores. acordo com sua origem regional. Eram pernambucanos,
Para as elites, as expressões da cultura afro-bra- sergipanos, alagoanos e baianos. Sem muitos recursos,
sileira comprometiam o modelo cultural europeu e, amontoavam-se em cômodos e porões de casas do cen-
por isso, passaram a proibir e perseguir essas mani- tro, em barracos nos morros ou na periferia da cidade.
festações. A capoeira, esse misto de dança e luta, pas- Cada grupo tinha sua própria música: grupos de afoxés,
sou a fazer parte do cotidiano da vida urbana, e sua embaixadas, congadas, frevos e capoeiras. Os tradicio-
prática começou a incomodar as autoridades. Mesmo nais grupos de baianas, com as saias de renda, forma-
com milhares de praticantes, ao final do século XIX, a ram-se nesse período.
capoeira era considerada prática de criminosos, vadios É nesse ambiente rico em diversidade que a voz
e desocupados. dos tambores e a voz do corpo de mestres-salas, porta-
Logo no início da República, com o Código Penal, -bandeiras e passistas falariam de todas as áfricas e de
instituído em 11 de outubro de 1890, o novo gover- todos os brasis. Sob a forma do samba e do Carnaval.
no deu tratamento específico à capoeira. No capítulo Um pouco antes, em 1840, os jornais cariocas anun-
A REPRESSÃO E O TERROR
"[...] neste mundo em que não se deseja ver o trabalho, tam- O estilo da repressão assinalado na Revolta da Vacina
bém não se suporta a visão da doença, da rebeldia, da loucu- era indicativo ainda de outros elementos discriminatórios
ra, da velhice, da miséria ou da morte, que todas são excluí- e brutais, ligados à política de contenção e controle das
das para os sanatórios, prisões, hospitais, asilos, albergues camadas humildes. O aprisionamento indiscriminado dos
e necrotérios. Trata-se de um estilo de vida novo e cosmo- pobres da cidade, a humilhação de seu desnudamento, a
polita, implantado pela burguesia vitoriosa e definido ao fustigação cruenta revelam um comportamento sistemáti-
longo de sua trajetória consagradora, pelo século XIX afora co e não casual da autoridade pública. A inspiração des-
[...]. Não é por acaso que as autoridades brasileiras recebem ses gestos procede do modelo de tratamento reservado aos
o aplauso unânime das autoridades internacionais das gran- escravos e em plena vigência até a Abolição. A revelação
des potências, pela energia implacável e eficaz de sua polí- notável é que, o que antes fora uma justiça particular, apli-
tica saneadora […]. O mesmo se dá com a repressão [...] de cada no interior das fazendas e casas senhoriais, tornou-
Canudos e do Contestado, que no contexto rural, como resul- -se a prática institucional da própria autoridade pública no
tado da intensificação das relações econômicas de cará- regime republicano. Aos pobres em geral, nessa socieda-
ter capitalista, significavam praticamente o mesmo que a de, não se atribuía a identidade jurídica de cidadãos, típi-
Revolta da Vacina no contexto urbano. As autoridades bra- ca de uma república. Na prática, era reservado a eles um
sileiras colaboravam na constituição de bolsões de ordem e tratamento similar ao dos antigos escravos, controlados
saúde, onde as burguesias nacional e internacional poderiam pelo terror, ameaças, humilhações e espancamentos, com
circular e aplicar com segurança, cálculo e previsibilidade. o Estado assumindo as funções de gerente e de feitor. […]
O sucesso da campanha de vacinação e, de uma forma É claro que há diferenças muito evidentes entre o esti-
mais ampla, do processo de Regeneração, em implantar uma lo da repressão da sociedade escravista e o da republica-
nova sociedade no Rio de Janeiro, foi tamanho e tão facil- na. A exemplo do que já ocorrera com o trabalho, essa nova
mente constatável, que muitos representantes da elite diri- sociedade de feições burguesas também não tolera a visão
gente viram nele uma forma de redimir o atraso do país, apli- das brutalidades físicas. Por isso os desnudamentos, humi-
cando-o a todo o território nacional. Foi por isso um adá- lhações e espancamentos são feitos no interior da Casa de
gio muito frequente dentre as elites nesse primeiro terço da Detenção, ou no isolamento da ilha das Cobras, ao contrá-
fase republicana, o de que 'o Brasil é um imenso hospital'. rio das cerimônias públicas de açoitamento, tão típicas da
De onde se concluía que a solução para os seus problemas sociedade escravista."
dependeria da aplicação de técnicas sanitárias, profiláticas e SEVCENKO, N. A Revolta da Vacina: mentes insanas
médicas. Porém, de modo mais comprometedor, esse racio- em corpos rebeldes. São Paulo: Brasiliense, 1984. p. 82-86.
cínio sugeria uma divisão da sociedade entre os doentes e os
Nicolau Sevcenko(1952-2014), professor da Universidade de São
sãos, cabendo como decorrência natural aos sadios a respon-
Paulo e foi um dos principais pesquisadores brasileiros e autor de
sabilidade pelo destino dos enfermiços. […] diversos livros e artigos sobre a História Contemporânea.
Faça
em se → conforme tabelas das páginas 8 e 9.
cadernu
o
1 Os bombardeios à Capital Federal em 1893, a fúria con- 2 Esconder aquilo que se considera feio e atrasado era
tra os federalistas e contra os seguidores de Antônio uma característica das elites brasileiras? Tal compor-
Conselheiro e João Maria, a repressão à população tamento ainda se mantém nos dias de hoje? Justifique.
carioca durante a Revolta da Vacina e os procedimentos → DL/CF/SP/CA/H9/H11
que precipitaram a Revolta da Chibata parecem indicar
3 A forma de tratar os pobres e humildes em nossa socie-
uma mesma disposição da elite brasileira com relação à
dade é uma herança da escravidão? Por quê?
sua população. Enquanto durou a escravidão no Brasil,
os escravizados foram caracterizados como "inimigos → DL/CF/SP/CA/H3/H9/H11
internos". O povo brasileiro continuava a ser identifica- 4 Pesquise um incidente nas últimas décadas em que
do como tal por seus governantes? Justifique sua res- as autoridades tenham empregado violência contra a
posta. → DL/CF/SP/CA/H8/H9/H10/H11/H24 população. → DL/CF/SP/H9/H11
1 Leia um trecho de um clássico da literatura brasileira. assunto; brutalmente violenta, porque é um grito de pro-
Trata-se de Os sertões, de Euclides da Cunha, publi- testo; sombria, porque reflete uma nódoa – esta página
cado em 1902. Militar, engenheiro, jornalista e escri- sem brilhos…"
tor, Euclides da Cunha foi um entusiástico republi- CUNHA, Euclides. Os sertões.
Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1979. p. 380-382.
cano influenciado pela independência dos Estados
Unidos (1776) e pela Revolução Francesa (1789). Foi a) Anote as referências a outros períodos da histó-
correspondente do jornal paulista O Estado de S. Paulo ria. Qual é o sentido delas? → DL/CF/SP/H1
durante a última expedição a Canudos. b) Anote as características atribuídas pelo autor à
"Fizera-se uma concessão ao gênero humano: não se comunidade de Canudos. → DL/CF/SP/H1
trucidavam mulheres e crianças. Fazia-se mister, porém, c) Como o autor justifica a ação dos militares?
que se não revelassem perigosas. Foi o caso de uma Nessas justificativas, há algumas brechas em que
mameluca, quarentona, que apareceu certa vez, presa, podem ser lidas descrições que revelam certo
na barraca do comando em chefe. O general estava incômodo com relação à violência praticada? Dê
doente. Interrogou-a no seu leito de campanha. […] exemplos. → DL/CF/SP/H1/H11
A mulher, porém, desenvolta, enérgica e irritadiça, 2 (Fuvest-SP) A economia cafeeira, no final do século
espraiou-se em considerações imprudentes. […] XIX e início do XX, conviveu com a crise de superpro-
Irritou. Era um virago perigoso. Não merecia o bem- dução e a consequente queda dos preços, que afetou
querer dos triunfadores. Ao sair da barraca, um alferes e os produtores e toda a sociedade. Que medidas foram
algumas praças seguraram-na. adotadas pelo governo federal para contornar os efei-
Aquela mulher, aquele demônio de anáguas, aquela bruxa tos dessa crise? → DL/SP/H8/H9/H11
agourentando a vitória próxima – foi degolada… […]
A degolação era, por isto, infinitamente mais prática, 3 "Na vizinhança do Cabeça de Porco, surgia a 'Favela',
dizia-se nuamente. Aquilo não era uma campanha, era apelido que seria dado ao morro da Providência pelas
uma charqueada. Não era a ação severa das leis, era a tropas vindas de Canudos em 1897, as quais estaciona-
vingança. Dente por dente. Naqueles ares pairava, ainda, ram ali e acabaram denominando o local desse nome
a poeira de Moreira César, queimado; devia-se queimar. por associação a plantas com favas, comuns tanto
Adiante, o arcabouço decapitado de Tamarindo; devia- no morro carioca quanto nas cercanias do arraial de
se degolar. A repressão tinha dois polos – o incêndio e Antônio Conselheiro, o Belo Monte."
a faca. […] MARTINS, P. C. G. "Habitação e vizinhança: limites da
O sertão é o homizio. Quem lhe rompe as trilhas, ao divi- privacidade no surgimento das Metrópoles brasileiras".
In: SEVCENKO, N. (Org.). História da vida privada no Brasil.
sar à beira da estrada a cruz sobre a cova do assassi-
São Paulo: Companhia das Letras, 1998. v. 3, p. 141.
nado, não indaga do crime. Tira o chapéu, e passa. […]
Canudos tinha muito apropriadamente, em roda, uma O texto acima refere-se ao aparecimento das primei-
cercadura de montanhas. Era um parêntese; era um ras favelas no Rio de Janeiro logo após a destruição
hiato; era um vácuo. Não existia. Transposto aquele cor- do maior cortiço da cidade, o Cabeça de Porco. Além
dão de serras, ninguém mais pecava. […] da origem do termo "favela", que outras relações de
Descidas as vertentes, em que se entalava aquela furna semelhança podem ser estabelecidas entre o conflito
enorme, podia representar-se lá dentro, obscuramente, de Canudos e os conflitos vividos no Rio nos primei-
um drama sanguinolento da Idade das Cavernas. O ros dez anos da República? → DL/CF/SP/H9
cenário era sugestivo. Os atores, de um e de outro lado, 4 "No bonde, no teatro, na rua, na igreja, falava-se mais
negros, caboclos, brancos e amarelos, traziam, intacta, o idioma de Dante que o da língua de Camões. […] Coisa
na face a caracterização indelével e multiforme das realmente assustadora. A impressão de que íamos per-
raças – e só podiam unificar-se sobre a base comum dos der a nacionalidade, ser absorvidos aterrava."
instintos inferiores e maus. CARELLI, M. Carcamanos e comendadores.
A animalidade primitiva, lentamente, expungida pela São Paulo: Ática, 1985. p. 30-31.
civilização, ressurgiu, inteiriça. Desforrava-se afinal. Hoje em dia, em várias partes do Brasil, ainda há
Encontrou nas mãos, em vez do machado de diorito e muito preconceito racial e regional.
do arpão de osso, a espada e a carabina. Mas a faca a) Na sua cidade, quais são os grupos mais discrimi-
relembrava-lhe melhor o antigo punhal de sílex lascado. nados? → DL/CF/SP
Vibrou-a. Nada tinha a temer. Nem mesmo o juízo remo-
b) Quais são os argumentos utilizados para justificar
to do futuro.
essas atitudes preconceituosas? Examine tais argu-
Mas que entre os deslumbramentos do futuro caía, mentos à luz da história brasileira e do processo de
implacável e revolta; sem altitude, porque a deprime o construção de nossa cidadania. → DL/CF/SP
Faça
Em Cartaz em se
cadernu
o
Ação
Guerra de Canudos
1 A saga de Antônio Conselheiro envolve diversos
Diretor: Sérgio Rezende
DIVULGAÇÃO
Radar 273
274
276
Abolicionismo, abolicionista(s) / 159, Bismarck (Otto von) / 170, 171, 193 Clero / 22, 25, 28, 30, 31, 34, 36, 64,
175, 176, 205, 218, 222, 223, 224, 225, Bloqueio Continental / 89, 95, 112, 74, 76, 84, 95, 96, 97, 98, 100, 104,
226, 232, 247 158 109, 111, 124, 128, 231
Abraham Lincoln / 172, 176, 200, 201, Bôeres / 206, 208 Comércio (mercado) interno / 59, 61,
205 68, 87, 92, 165, 194, 198, 222
Bolívar (Simón) / 135, 140, 141, 143,
Absolutismo, absolutista(s) / 15, 28, 153 Comissão de Verificação de Poderes /
29, 34, 36, 37, 39, 40, 41, 48, 56, 59, 239, 240
Bonaparte (Napoleão) / 53, 95, 103,
60, 71, 74, 78, 88, 95, 96, 97, 99, 104, 105, 108, 110, 111, 112, 132, 138, Companhia de Comércio / 64
109, 124, 136, 147, 148, 149, 156, 146, 157, 162, 164, 172, 252 Companhia de Jesus / 26, 27, 30, 64,
159, 162, 179, 180 74, 81
Acumulação primitiva de capitais / C Complexo cafeeiro / 217, 219, 260, 261
89, 115 Cabeças-redondas / 38 Comunismo, comunista(s) / 125, 159,
Adam Smith / 75, 81, 85, 88 Cabildo(s) / 135, 136 166, 194, 273
Aldeamento(s) / 62, 242 Caifazes / 223 Concílio de Trento / 26, 27
Alforria / 30, 182, 223, 229 Calvinismo / 15, 25, 26, 27 Confederação Operária Brasileira /
Anarquismo, anarquista(s) / 128, 159, Calvino (João) / 25, 26 267
167, 168, 193, 267, 271, 273 Contrarreforma / 15, 26
Câmara dos Comuns / 34
Anglicanismo / 15, 25, 34, 36, 37, 60 Convênio de Taubaté / 250, 261, 272
Câmara dos Lordes / 34, 39, 55
Animismo / 20 Coronéis / 183, 240, 241, 247, 251,
Camponeses / 22, 26, 28, 34, 35, 36,
Anita Garibaldi / 185 41, 47, 56, 73, 95, 96, 97, 99, 101, 252, 253, 255
Antigo Regime / 15, 29, 50, 55, 59, 85, 102, 104, 112, 124, 125, 128, 163, 166, Coronelismo / 217, 241, 243, 250
95, 97, 98, 100, 103, 104, 105, 111, 168, 188, 193, 241, 256, 257 Corte / 16, 34, 35, 36, 37, 44, 59, 76,
113, 124, 125, 158, 162 Cangaço / 251, 252, 256, 257, 271 85, 86, 96, 97, 108, 124, 128, 144,
Antigo Sistema Colonial / 33, 43, 83, Capitalismo / 15, 26, 27, 28, 29, 31, 35, 145, 146, 147, 148, 149, 151, 153, 156,
123, 129 81, 89, 125, 129, 158, 166, 168, 194, 181, 183, 186, 219, 220, 223, 230,
Antonio Bento / 223 197, 212 232, 244
Antônio Conselheiro / 253, 254, 255, Capoeira / 46, 226, 227, 263 Crescente Fértil / 21
268, 269, 271 Caramuru / 181 Criollo(s) / 67, 135, 139, 141
Antônio Feijó / 147, 181 Carnaval / 187, 263, 264, 265, 267 Cristandade / 15, 18, 23, 25, 73, 159
Artesão(s) / 16, 22, 36, 38, 39, 47, 73, Carta de Direitos (Bill of Rights) / 34, Cristão(s)-novo(s) / 42, 43, 50, 52
101, 116, 117, 119, 123, 125, 126, 131, 40 Cristianismo / 18, 23, 46, 122, 159,
132, 133, 134, 137, 147, 182, 184, 194, 205, 206
Cartista (movimento) / 122
232 Cromwell (Oliver) / 34, 38, 39, 55, 56,
Castro Alves / 225
Assalariado(s) / 22, 35, 36, 56, 68, 89, 58, 59, 60
101, 116, 117, 163, 174, 222, 248, 260 Católico(s) / 25, 26, 27, 34, 36, 38, 40,
44, 54, 60, 90, 102, 112, 231, 265 Cultura / 17, 52, 53, 73, 192, 197, 250,
Ato de Supremacia / 25, 34, 54 267
Caudilhismo / 129, 142, 143
Cultura africana (negra) / 20, 265
B Cavaleiros / 23, 38, 59, 132, 133
Cultura afro-brasileira / 263
Bakunin (Mikhail) / 166, 168, 191 Caxias (Duque) / 184, 185, 194, 249
Cultura brasileira / 187
Bandeirante(s) / 32, 62, 63, 64, 65, 67, Cercamentos / 33, 34, 35, 37, 41, 54,
56, 57, 118 Cultura cristã / 18
70, 84, 87
Cipriano Barata / 132, 148, 181, 185 Cultura europeia / 214
Bento Gonçalves / 185, 249
Civilização / 79, 85, 88, 203, 204, 215, Cultura haitiana / 138
Big Stick / 200
225, 254, 255, 256, 269 Cultura indígena / 62
277
278
279
280