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FILOSOFIA

Unidade 1 – Filosofia Contemporânea

Materialismo histórico e dialético


Antirracionalismo
Psicanálise
Fenomenologia
Pensamento filosófico e não filosófico

Unidade 2 – Lógica Formal

Falácias
Razão Comunicativa
Unidade 1 – Filosofia Contemporânea

Materialismo histórico e dialético

O idealismo hegeliano sofreu duras críticas do marxismo, corrente


filosófica iniciada no século XIX pelos filósofos alemães Karl Marx e Friedrich
Engels. Por exemplo, a crítica de inverter a relação entre a realidade e o
pensamento, justificando, assim, injustiças sociais que deveriam ser
transformadas.
O marxismo empregou o conceito de dialética para refletir sobre a
realidade e a história, mas sob uma perspectiva materialista. Isso significa que,
em vez de entender a realidade histórica como movimento de progresso contínuo
da razão, rumo ao absoluto, os marxistas pensaram-na como o desenvolvimento
das relações de produção dos bens materiais necessários à existência humana.
Em vez de conceber a dialética como uma lei do pensamento aplicada ao
mundo, apresentaram-na como a lei constituinte da realidade histórica, a qual,
por sua vez, determinaria as formas do pensamento. Nessa perspectiva
materialista, o confronto entre teses e antíteses não representava a contradição
entre ideias ou verdades, mas o antagonismo entre classes sociais (a luta de
classes).

https://parstoday.com/pt/radio/programs-i1546-
o_ser_humano_a_religi%C3%A3o_e_a_sa%C3%BAde_mental
Mas o que significa o termo “materialismo”? De acordo com a definição do
Dicionário Aulete, materialismo é a “corrente de pensamento que afirma a
precedência da matéria sobre o espírito ou a mente, e que constitui a base de
várias escolas filosóficas, desde os antigos gregos até a época atual" ou "no
pensamento marxista, aquilo que é necessário à sobrevivência do homem em
sociedade (alimentação, moradia, trabalho etc.) e que fundamenta a estrutura
econômica da sociedade organizada".
A criação do termo materialismo remete ao ano de 1702, quando foi
alcunhado por Gottfried Leibniz, um diplomata, matemático, cientista e filósofo
de origem alemã. Em 1748, o termo é reivindicado por La Mettrie, filósofo e
médico francês considerado pioneiro a escrever sobre o materialismo durante o
período iluminista. Apesar disso, no que se refere à concepção primeira da ideia
de materialismo, considera-se os estoicos, Lucrécio,
Epicuro, Leucipo e Demócrito como os primeiros filósofos materialistas.

https://twitter.com/soydemocrito_/status/474031313112932352

No caso de Demócrito, suas teorias sobre o atomismo tiveram influência


direta em Platão no que se refere à sua teoria dos elementos; éter, terra, água,
ar e fogo, que foram identificados como polígonos regulares em sua forma
atômica, respectivamente, dodecaedro, cubo, icosaedro, octaedro, tetraedro. Na
leitura do materialismo científico, o pensamento tem relação com fatos
puramente materiais (mecânicos em sua essência) ou compõem epifenômeno.
Segundo as ideias da filosofia marxista, que tem como expoentes os
pensadores Karl Marx e Friedrich Engels, há o materialismo dialético, propondo
que os fenômenos físicos, o ambiente e os organismos moldam a cultura, a
sociedade, os animais e seres humanos, sendo também modificados por eles.
Desta forma, a teoria implica que o material está relacionado de forma dialética
com o social e psicológico.
Ainda de acordo com os marxistas, o materialismo histórico indica que o
conjunto da vida em sociedade, tanto nos aspectos espirituais quanto políticos,
é determinado pela forma de produção da vida material. Ou seja, é uma maneira
de compreender a história e analisar as evoluções e lutas no setor econômico e
político. Tais definições do materialismo podem ser encontradas nas obras “O
Capital”, de Karl Marx e “Do socialismo Utópico ao Socialismo Científico”, de
Friedrich Engels.

https://vandersonfilosofo.blogspot.com/2017/10/o-socialismo-e-o-comunismo-utopico-e.html

Em outra concepção, o termo materialismo é comumente utilizado para


definir o comportamento de pessoas que se apegam aos prazeres, valores e
bens materiais. No que se refere às artes, o materialismo é um tendência que
indica a representação sensual e realista das coisas.
A concepção marxista de dialética foi empregada para investigar a
realidade social e suas relações com as estruturas do pensamento. Desse modo,
pretendia-se organizar uma ciência materialista voltada a compreensão do ser
humano e das relações sociais. Para isso, seria necessário partir das condições
objetivas (materiais) de existência, ou seja, partir da história, observando o
desenvolvimento histórico-social das relações de produção e da luta de classes.
Essa compreensão tornaria possível realizar o movimento dialético de negação
da estrutura vigente e de criação de alternativas, para tornar as condições
objetivas de existência mais justas e pautadas pelo princípio da liberdade.
O marxismo se coloca como uma teoria voltada para a ação. Suas
perspectivas se articulam de forma a criticar o sistema econômico desde o ponto
de vista do trabalhador e indicando a necessidade de melhoria das condições de
vida dos trabalhadores, que geralmente são a maior parte da população. Nesse
sentido, o marxismo estabelece a indispensabilidade de uma ruptura com o
capitalismo rumo a adoção de um sistema político-econômico mais generoso,
que rompa com as desigualdades sociais. Como seria esse sistema e de que
forma chegaríamos até ele é objeto de larga discussão e discordância entre os
teóricos. O fundamental aqui, é a rejeição de teorias sociais que não estejam
orientadas para a ação de mudança.

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/5-fatos-bizarros-sobre-revolucao-russa.phtml

Apesar de ter ganhado muita visibilidade por conta da Revolução Russa e


da instauração da URSS, o marxismo foi usado de forma tosca nesse processo,
apresentando uma versão ortodoxa e pretensiosa demais (que certamente seria
reprovada pelo próprio Karl Marx). A crítica a perspectiva soviética foi
apresentada por marxistas críticos, que admitiram os limites de sua teoria e
buscaram novas interpretações menos ortodoxas para a obra de Marx e Engels,
adaptando-as para compreender questões contemporâneas. No Brasil, o
marxismo teve grande influência entre intelectuais de diferentes áreas, entre os
quais citamos Caio Prado Júnior, Florestan Fernandes, Darcy Ribeiro e Oscar
Niemeyer.
Na obra Manifesto comunista, 1848, Marx e Engels afirmaram que a
oposição entre a burguesia e o proletariado, no capitalismo industrial moderno,
estabeleceu condições favoráveis à conscientização da classe oprimida a
respeito da exploração que pesava sobre ela. Essa conscientização resultaria na
revolução comunista, gerando um novo modelo de sociedade, sem injustiças,
classes sociais e Estado.

Antirracionalismo

Desde o início da Filosofia, o ser humano foi pensado com ênfase em sua
racionalidade. Até a Modernidade, a razão esteve no centro de inúmeras
reflexões filosóficas, sendo considerada capaz de desvendar a realidade e a si
mesma. No final do século XIX, Friedrich Nietzsche questionou as teorias mais
tradicionais e seus fundamentos, como as ideias de razão, verdade, progresso
e valores.

https://escolatrabalhoevida.com.br/valores-humanos-e-a-vida/

Afinal, atribuindo um sentido benéfico e racional para se contrapor aos


aspectos dolorosos e temíveis da existência. Os indivíduos atemorizados pela
natureza trágica da existência, poderiam suportá-la, mascarando sua própria
fraqueza e seu ressentimento diante da vida, cujo ciclo se repetiria eternamente,
sem nenhuma finalidade.
O racionalismo ético não é a única concepção filosófica da moral. Uma
outra concepção filosófica é conhecida como emotivismo ético.
Para o emotivismo ético, o fundamento da vida moral não é a razão, mas
a emoção. Nossos sentimentos são causas das normas e dos valores
éticos. Inspirando-se em Rousseau, alguns emotivistas afirmam a bondade
natural de nossos sentimentos e nossas paixões, que são, por isso, a forma e o
conteúdo da existência moral como relação intersubjetiva e interpessoal.

https://br.psicologia-online.com/emocoes-positivas-e-negativas-lista-138.html

Outros emotivistas salientam a utilidade das emoções para nossa


sobrevivência e para nossas relações com os outros, cabendo à ética orientar
essa utilidade de modo a impedir a violência e garantir relações justas entre os
seres humanos.
Há ainda uma outra concepção ética, francamente contrária à racionalista
(e, por isso, muitas vezes chamada de irracionalista), que contesta à razão o
poder e o direito de intervir sobre o desejo e as paixões, identificando a liberdade
com a plena manifestação do desejante e do passional. Essa
concepção encontra-se em Nietzsche e em vários filósofos contemporâneos.
Para Nietzsche, o universo se faz e refaz, através de equilíbrios para viver,
mas esses se repetem em determinadas circunstâncias, num processo, cuja
constante é o próprio caos. Nessa evolução, que é uma repetição, o caos é a
condição do eterno retorno a séries idênticas, é a lei do mesmo círculo. Só a
variedade das condições, determinadas por esse caos, é que impõe a igualdade
dos mesmos acontecimentos, deflagrados pelo conflito de forças, cujo equilíbrio
é função da vontade do poder.
Nietzsche não foi, como pretendeu, um transmutador de valores, mas um
criador de forças díspares e estranhas, que se perdiam numa interminável
agitação, afinal infecunda e inútil. A sua filosofia nos deixa apenas essa
sensação de inquietude, nunca nos satisfaz.

https://revistacaliban.net/o-fascismo-segundo-nietzsche-3d65c72ac73

É importante destacar que a crítica nietzschiana da racionalidade surgiu


numa época posterior à afirmação da Ciência moderna, que tomava a natureza
como principal objeto de estudos, e quando já se verificava também o
desenvolvimento das Ciências Humanas, como a Psicologia, a História e a
Sociologia. Elas procuravam adotar características metodológicas semelhantes
às Ciências Exatas e Naturais, julgando possível desvendar a essência do ser
humano, ao tomá-lo como objeto de conhecimento.

https://pensopositivo.com.br/ser-e-essencia-2/
Nietzsche dedicou-se a desvendar as origens dos principais conceitos e
valores defendidos pela tradição racionalista. Propôs a inversão dos valores da
tradição e a substituição dos conceitos por metáforas, ou seja, afirmou que, em
vez da totalidade e das essências das coisas, o que são apenas perspectivas e
interpretações sobre elas.

Psicanálise

Um dos principais problemas abordados pela Filosofia contemporânea é


a crise da concepção moderna de razão. Essa crise teve início no século XIX e
reforçada pela descoberta da Psicanálise, corrente de pensamento ligada à
Filosofia e à Psicologia.

https://falauniversidades.com.br/politica-no-diva-da-psicanalise-vies-filosofico-de-foucault-e-agamben/

A psicanálise foi inaugurada pelo tcheco Sigmund Freud e conquistou


muitos seguidores, entre eles Carl Jung e Jacques Lacan.
Sigmund Freud e a psicanálise se popularizaram de tal forma que suas
ideias são, muitas vezes, veiculadas de modo errôneo e distorcido, como tudo
que passa por um processo de grande divulgação, em especial numa sociedade
de massa como a nossa. Assim, é preciso, antes de mais nada, esclarecer o
significado dessa expressão. O que é psicanálise? Em primeiro lugar, uma teoria
que pretende explicar o funcionamento da mente humana. Além disso, a partir
dessa explicação, ela se transforma num método de tratamento de diversos
transtornos mentais.
A importância de Sigmund Freud para a ciência é inquestionável e reside
principalmente em três pontos. Antes de mais nada, o destaque pioneiro que o
médico vienense deu ao fator sexual que era - até Freud - uma área de completa
ignorância para a ciência e a filosofia. Além disso, vários conceitos
desenvolvidos por Freud serviram a diversos ramos da psicologia e
possibilitaram o avanço dessa ciência que é muito mais do que um simples
complemento da psiquiatria, enquanto uma especialidade médica.

https://orelhasdevidro.com/2018/09/17/psicanalise/

Ao criar esse novo campo do conhecimento, Freud desenvolveu


diferentes conceitos teóricos para sustentar suas pesquisas.
Inconsciente - Freud demonstrou que a maior parte da vida psíquica se
desenrola sem que tenhamos acesso a ela. Ali se encontram principalmente
ideias reprimidas que aparecem disfarçadas nos sonhos e nos sintomas
neuróticos.
Ego - A parte organizada do sistema psíquico que entra em contato direto
com a realidade e tem a capacidade de atuar sobre ela numa tentativa de
adaptação. O ego é mediador dos impulsos instintivos do id e das exigências do
superego.
Id - Fonte da energia psíquica, é formado por pulsões e desejos
inconscientes. Sua interação com as outras instâncias é geralmente conflituosa,
porque o ego, sob os imperativos do superego e as exigências da realidade, tem
que avaliar e controlar os impulsos do id, permitindo sua satisfação, adiando-a
ou inibindo-a totalmente.
Superego - É formado a partir das identificações com os pais, dos quais
assimila ordens e proibições. Assume o papel de juiz e vigilante, uma espécie de
autoconsciência moral. É o controlador por excelência dos impulsos do id e age
como colaborador nas funções do ego. Pode tornar-se extremamente severo,
anulando as possibilidades de escolha do ego.
Pulsão - Conceito situado na fronteira entre o psíquico e o somático. A
pulsão é a representante psíquica dos estímulos que se originam no organismo
e alcançam a mente. É diferente do instinto, pois não apresenta uma finalidade
biologicamente predeterminada, e é insaciável, pois tem relação com um desejo,
e não com uma necessidade.

http://www.psicologacuritiba.net/a-interpretacao-de-sonhos-pela-psicanalise-e-visao-freudiana/

Sonhos - Caminho de ouro para o acesso ao inconsciente. A


interpretação do conteúdo dos sonhos revela desejos e percepções que de outro
modo não chegariam à consciência.
Complexo de Édipo - Entre dois e cinco anos, aproximadamente, a
criança desenvolve intenso sentimento de amor pelo genitor do sexo oposto e
grande hostilidade pelo do próprio sexo. Tais sentimentos geralmente são
vividos com grande ambivalência. O conflito costuma declinar por volta dos cinco
anos, e uma boa estruturação da personalidade depende de sua resolução
satisfatória.
Segundo Freud, a história da civilização era marcada pelo embate entre
as pulsões de vida, designadas como Eros e as pulsões de morte, designadas
como Tânatos. Essa luta interna seria causa de angústia e mal-estar para o
indivíduo, uma vez que a vida em sociedade exigia a repressão constante e
eficaz de alguns impulsos naturais.
http://www.kerrikeberly.com/tag/eros-and-psyche/

https://aminoapps.com/c/genesis-portugal/page/blog/thanatos-o-deus-grego-da-
morte/7ekx_Ng5uPu4jdlZEZlnv8mgr8zNPEDa0kr

Freud recorreu às divindades Eros e Tânatos, da mitologia grega, para


representar as pulsões humanas, contraditórias entre si. Eros retrata a pulsão de
vida, que nos faz lutar pela sobrevivência, conduzindo à união, ao amor e à
reprodução. Tânatos representa a pulsão morte, que nos impulsiona ao
sofrimento, à dor e à autodestruição.

Fenomenologia

As Ciências Humanas tiveram grande desenvolvimento entre os séculos


XIX e XX, período que ocorreram tentativas – como a do positivismo – de
estender a elas os métodos das Ciências Exatas e Naturais.
A Psicologia passou a estudar a consciência, tratando-a como um
conjunto de fatos que poderiam ser observados, testados e corrigidos.
A fenomenologia é um estudo que fundamenta o conhecimento nos
fenômenos da consciência. Esse método foi desenvolvido inicialmente por
Edmund Husserl (1859-1938) e, desde então, tem muitos adeptos na Filosofia e
em diversas áreas do conhecimento.
Para ele, o mundo só pode ser compreendido a partir da forma como se
manifesta, ou seja, como aparece para a consciência humana. Não há um
mundo em si e nem uma consciência em si. A consciência é responsável por dar
sentido às coisas.
Na filosofia, um fenômeno designa, simplesmente, a forma como uma
coisa aparece, ou manifesta-se, para o sujeito. Ou seja, trata-se da aparência
das coisas.
Sendo assim, todo o conhecimento que tenha como ponto de partida os
fenômenos das coisas podem ser compreendidos como fenomenológicos.
Com isso, Husserl afirma o protagonismo do sujeito perante o objeto, já
que cabe à consciência atribuir sentido ao objeto.
Uma importante contribuição do autor é a ideia de que a consciência é
sempre intencional, é sempre consciência de algo. Esse pensamento contraria
a tradição, que entendia a consciência como possuidora de uma existência
independente.

https://www.todamateria.com.br/fenomenologia/

Na fenomenologia de Husserl, os fenômenos são a manifestação da


própria consciência, por isso todo o conhecimento é também conhecimento de
si. Sujeito e objeto acabam por se tornar uma e a mesma coisa.
A fenomenologia foi desenvolvida por pensadores como: Jean-Paul Sartre
e Maurice Merleau-Ponty, o alemão Martin Heiddeger, entre outros e exerceu
importante influência sobre a filosofia e as Ciências Humanas.
O filósofo francês Maurice Merleau-Ponty exercitou em sua teoria
reflexões sobre a fenomenologia, movimento filosófico segundo o qual, assim
que algo se revela frente à consciência humana, o Homem inicialmente o
observa e o percebe em completa conformidade com sua forma, do ponto de
vista da sua capacidade perceptiva. Na conclusão deste processo, a matéria
externa é inserida em seu campo consciencial, convertendo-se, assim, em um
fenômeno.

http://www.citador.pt/textos/o-eterno-e-a-propria-vida-maurice-merleauponty

Sua obra foi profundamente inspirada pelos trabalhos do matemático e


filósofo alemão, considerado o pai da fenomenologia, Edmund Husserl, apesar
de negar sua doutrina do conhecimento intencional, preferindo basear sua
construção teórica na maneira de se portar do corpo e na captação de
impressões dos sentidos. Ele acreditava no organismo como uma configuração
integral a ser explorada, o que possibilitaria aos estudiosos entenderem o que
se passa depois que ele é submetido a inúmeros estímulos.
Para o filósofo, o Homem é o núcleo dos debates sobre o conhecer, que
é criado e percebido em seu corpo. No exame minucioso da percepção, Merleau-
Ponty converte o processo fenomenológico em uma modalidade existencial,
resumindo no ‘logos’ a estrutura do mundo. Segundo sua concepção, a filosofia
permite um novo aprendizado do olhar sobre o universo que o envolve, um
retorno ao âmago do objeto.
O filósofo tem ciência de que as teorias convencionais sobre a percepção
e a psicologia deixam de explicar em que instante a consciência é integrada no
mundo. Com esses limites, é impossível perceber a sensação em sua pureza;
assim, ela é sempre implantada em um espaço, no qual é naturalmente
analisada.
Jean-Paul Sartre foi um filósofo e crítico francês. É considerado um dos
maiores pensadores do século XX e representantes da filosofia existencialista,
ao lado dos filósofos Albert Camus e Simone de Beauvoir.
A corrente existencialista é pautada na liberdade do ser humano e de
acordo com Sartre: “Estamos condenados a ser livres.”

https://www.britannica.com/biography/Jean-Paul-Sartre

Graduou-se em 1928, trabalhou como professor e, com isso, decidiu


aprofundar seus conhecimentos na filosofia existencialista para assim, criar sua
própria teoria.
Logo, ganhou uma bolsa de estudos e foi estudar no Instituto Francês em
Berlim. Nesse momento, dedica-se aos estudos da fenomenologia e
existencialismo dos filósofos: Edmund Husserl (1859-1938), Martin Heidegger
(1889-1976), Karl Jaspers (1883-1969), Max Scheller (1874-1928) e Soren
Kierkegaard (1813-1855).
Participou da segunda guerra mundial, como meteorologista. Ficou preso
nos campos de concentração de Trier e, por motivo de doença foi liberado.
Por conseguinte, fundou o grupo “Socialismo e Liberdade”. Espírito
inquieto, Sartre foi um intelectual engajado, filiou-se ao partido comunista
francês, donde participou de muito movimentos sociais, tal qual o movimento
estudantil de 1968.
Em 1945, junto aos intelectuais, Simone de Beauvoir (1908-1986),
Merleau-Ponty (1908-1961) e Raymnond Aron (1905-1983), fundou a revista de
filosofia “Os Tempos Modernos”.
Pensamento filosófico e não filosófico

Na década de 1950, diferentes Ciências Humanas adotaram um método


conhecido como estruturalismo, porque se fundamentava na ideia de que os
objetos de estudo dessas ciências eram determinados por estruturas fixas.
Na linguagem, o suíço Ferdinand de Saussure mostrou que a linguagem
era formada por estruturas gerais, sobre as quais se organizavam os conteúdos
de cada língua.

https://www.britannica.com/biography/Ferdinand-de-Saussure

No estudo integrado da linguística e da semiologia subjacente, o


suíço Ferdinand de Saussure é a principal referência nessa articulação, estando
ao lado do norte-americano Charles Sanders Peirce nesse papel. Tamanha
relação só poderia ter repercussões numa série de áreas do saber, como a
filosofia, a sociologia e a psicologia. Entre signos e significados, a organização
dos conceitos e de toda a envolvência do saber é enquadrada nesta perspectiva
linguística, capaz de reproduzir uma tessitura ampla de estruturas conceptuais.
O nome do suíço serviria, desta feita, como uma referência na percepção de um
estudo salvaguardado em prol da creditação e investigação das várias margens
do saber.
O estruturalismo de Saussure seria uma ferramenta conceptual a partir da
qual muitos desenvolveram profundo trabalho. Neste núcleo, incluem-se vários
franceses, como o antropólogo Claude Lévi-Strauss, o psicanalista Jacques
Lacan, o também linguista, teórico e filósofo Roland Barthes, e o filósofo Jean
Baudrillard. A própria semiologia foi revalorizada, homologada, e adaptada ao
estudo da lógica filosófica, tanto do ponto de vista do discurso comunicativo,
como da própria representação dos agentes protagonistas deste. Para além,
também conheceria um novo cunho, após estudos mais contemporâneos,
passando a designar-se, enfim, por semiótica.

http://educacaofilosofal.blogspot.com/2016/06/logica-matematica.html

Ferdinand de Saussure tornou-se proeminente na formação e formulação


científica e estruturalista da linguística. O seu papel na construção de um
entendimento das línguas e dos idiomas nacionais e internacionais desdobrou-
se numa análise que se repercutiu por outras áreas do saber, capazes de aplicar,
no seu entendimento e explicação da realidade social, o método científico.
Codificando e orquestrando métodos e signos, Saussure construiu a simbologia
de uma falada e mentalizada metodologia.
Na Psicologia, o francês Jacques Lacan abordou certas estruturas
psicológicas inconscientes que determinariam os comportamentos individuais.
Enquanto criava e desenvolvia as bases teóricas e práticas da
psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939) se correspondia e participava de
encontros com colegas e discípulos. O grupo que se constituiu em torno dele
promoveu congressos regulares a partir de 1908 e formou a Associação
Psicanalítica Internacional, presidida pelo mestre. Das ramificações desse
núcleo surgiram as gerações posteriores de psicanalistas. Uma delas tem como
principal representante o médico francês Jacques Lacan (1901-1981). "Numa
época em que a psicanálise buscava fundamentações na Biologia, Lacan
escolheu a linguística e a lógica para reconfigurar a teoria do inconsciente".

https://amenteemaravilhosa.com.br/biografia-de-jacques-lacan/

Lacan retomou a obra de Freud ao lidar com conceitos como inconsciente,


identificação e Eu (ego), se apoiando em outros autores, principalmente
filósofos. Ele rejeitava a tendência de considerar o ego como a força dominante
na estrutura psíquica do sujeito. Afirmava, em vez disso, a impotência do Eu
frente ao inconsciente. Para ele, o sujeito opera em conflito eterno, e a situação
só é sustentável por meio de artifícios, entre eles a alienação.
Na busca de uma prática psicanalítica que conseguisse abordar os
mecanismos do inconsciente, Lacan chegou a seu mais famoso aforismo: "O
inconsciente é estruturado como uma linguagem". A linguagem passou a ocupar
o centro de suas preocupações e de seu trabalho clínico e teórico.

https://www.comunidadeculturaearte.com/o-poder-aos-olhos-de-michel-foucault/
Na Filosofia, também houve pensadores considerados estruturalistas,
porque apontaram estruturas fixas e inconscientes (econômicas, sociais,
psicológicas, etc.) que instituíram as condições de vida, as relações sociais e os
conhecimentos humanos. Nesse contexto, destaca-se a obra do francês Michel
Foucault, que transitou pela Filosofia e pelas Ciências Humanas, embora ele
próprio não se considerasse um estruturalista.

https://oglobo.globo.com/sociedade/o-cerebro-como-palco-protagonista-22812076

Michel Foucault foi filósofo, professor, psicólogo e escritor francês. Dono


de um estilo literário único, Foucault revolucionou as estruturas filosóficas do
século XX ao analisá-las por meio de uma nova ótica. Profundamente
influenciado por Nietzsche, Marx e Freud, o filósofo contemporâneo também
recebeu influências do filósofo e amigo Gilles Deleuze, da medicina e da
psiquiatria.

https://culturainquieta.com/es/arte/ilustracion/item/13625-31-ilustraciones-satiricas-sobre-los-problemas-de-la-
sociedad-actual-por-pawel-kuczynski.html
O interesse pela filosofia apareceu ainda na juventude de Foucault, o que
o levou a uma busca precoce por leituras na área. Apesar dos anseios paternos
para que o filho se tornasse médico, o jovem decidiu, a contragosto do pai,
estudar Filosofia, posição apoiada por sua mãe, pessoa com quem o filósofo
nutria uma relação muito afetuosa. Com seu pai, ao contrário, Foucault não se
dava muito bem.
Foucault mudou-se para Paris, em 1945, e iniciou os seus preparos para
ingressar no ensino superior. Nessa época, conheceu o filósofo e professor Jean
Hyppolite, que apresentou ao novo aluno o pensamento de Hegel. Ingressou na
École Normale da rue d'Ulm para estudar Filosofia no ano de 1946. Sua
personalidade introspectiva foi acentuando-se ao longo do tempo no centro de
estudos, pois o filósofo recusava cada vez mais o contato com os colegas, por
conta do clima de disputa do local.

http://radiocidadeibiruba.com.br/fm/index.php/geografia-e-afins-luana-polon-ciencias-humanas-para-que/

Podemos dividir o trabalho de Foucault em três partes distintas: uma


produção que perdurou até a década de 1960, em que ele faz o que chamou de
"arqueologia" das ciências humanas, da literatura, da escrita e do pensamento
em geral; uma segunda fase, já nos anos 70, na qual o pensador preocupou-se
com as formas de subjetivação e poder, tecendo análises filosóficas mediante o
método genealógico; por último, a fase em que escreveu O cuidado de si, como
o terceiro volume publicado da coletânea História da Sexualidade.
Unidade 2 – Lógica Formal

Falácias

A Lógica Formal trata de regras estruturais para a constituição de


raciocínios, a fim de evitar contradições e conclusões falsas. A Lógica Informal
aborda as falácias não formais, isto é, raciocínios ou argumentos que levam a
enganos, por meio da aplicação da linguagem e a influência da psicologia.
A Teoria da Argumentação ou Nova Retórica surgiu com a rejeição do
Positivismo Lógico, o qual buscava tornar a linguagem natural mais pura e
ajustá-la sobre uma linguagem científica.

http://filosofarliberta.blogspot.com/2013/11/a-nova-retorica-retorica-e-filosofia.html

Segundo os Positivistas, existe sempre a possibilidade de se demonstrar


a veracidade de alguns fatos e de proposições lógicas e matemáticas, o que
jamais seria possível quando falamos de juízo de valor.
As ideias defendidas pelo retóricos são muito persuasivas por si mesmas
e encontraram ninho na crise do positivismo. As teorias argumentativas
tornaram-se, enfim, as principais linhas de pesquisa do que veio a ser conhecido
genericamente por correntes pós-positivistas.
Chaïm Perelman abandona sua formação lógica neopositivista e passa a
defender a ideia de ser possível a inserção de juízos de valor na esfera racional.
Assim, afirma que a lógica da argumentação é uma lógica dos valores, uma
lógica do razoável, do preferível, e não uma lógica matemática.

https://nataliafoliveira.jusbrasil.com.br/artigos/385704470/sobre-chaim-perelman-justica-formal-e-merito

No trecho abaixo, observe o uso no dia a dia dos termos “verdade” e


“mentira”.

Como as personagens desta história são palavras, nada mais natural que ela aconteça nas
páginas de um dicionário.
O dicionário é uma espécie de pomar. Só que as suas árvores, em vez de serem árvores de frutas,
são árvores de palavras.
Cada uma das letras do alfabeto é uma árvore onde estão penduradas as palavras que começam
por essa letra. Assim, “abacate” pertence à letra A, “banana” à letra B, “caqui” à letra C, e assim por diante.
A ordem por letra inicial, isto é, a ordem alfabética, ajuda a gente a encontrar rapidamente as
palavras quando quer descobrir o que cada uma delas significa.
Por exemplo, vocês sabem o que significa “ábaco”? Se não sabem, é só ir ao dicionário, procurar
a letra A, localizar nela “ábaco”, e ler a sua definição.
Aí ficarão sabendo que “ábaco” é uma moldura com arames, ao longo dos quais há bolinhas
coloridas que a gente pode movimentar. Movimentando essas bolinhas, conseguimos fazer rapidamente
somas e subtrações.
Pois bem: o dicionário só funciona quando cada palavra está corretamente classificada pela sua
letra inicial. Se estiver classificada por engano em alguma outra letra, aí é muito difícil achá-la.
Mas a dificuldade será muitíssimo maior se a definição da palavra estiver trocada.
Imaginem, por exemplo, que vocês vão procurar na letra V a definição de “verdade” e lá encontram
isto: “Ideia, juízo ou opinião falsos”.

https://pt.quizur.com/quiz-sobre-mim/desafio-verdade-ou-mentira-w
Claro que essa não é a definição de “verdade”, e sim a definição de “mentira”, pois falso é aquilo
que não é verdadeiro.
Felizmente, nos dicionários, isso nunca acontece.
Mas costuma acontecer muito na vida fora do dicionário. E, toda vez que acontece, engana as
pessoas e desmoraliza ou bagunça o significado das palavras.
Foi por causa disso que houve a Revolta das Palavras. Um dia, elas se cansaram de estar sendo
usadas de maneira errada por pessoas sem escrúpulos, que só queriam tirar vantagens para si, sem se
importar de causar prejuízo aos outros.
Certa noite, numa hora em que os dicionários não estavam sendo usados, elas fizeram uma
reunião. A reunião foi presidida pelas duas palavras mais prejudicadas pelo mau uso – ou seja, a Verdade
e a Mentira.
– Minhas irmãs – disse a Verdade -, nós precisamos tomar providências para acabar com os
abusos na maneira como somos usadas. A mim, me usam constantemente as pessoas desonestas quando
querem se aproveitar da ingenuidade de gente de boa-fé.
– É isso mesmo – confirmou a Mentira. – Os desonestos também abusam de mim quando chamam
de mentiroso alguém que diga algo verdadeiro que possa prejudicá-los. E, embora eu não queira, sou
obrigada a servir de disfarce das más intenções deles.
– Para acabar com esses abusos, minhas irmãs – concluiu a Verdade -, só há uma solução. De
agora em diante, todas nós devemos nos recusar a ser mal-usadas. Assim, quando alguém quiser dizer ou
escrever uma mentira disfarçada de verdade, não conseguirá. Porque, em vez de eu aparecer, mandarei
no meu lugar a Mentira.

https://www.amazon.com.br/revolta-palavras-Jos%C3%A9-Paulo-Paes/dp/8574060453

– E se um desonesto – confirmou a Mentira – quiser chamar uma verdade de mentira, não adianta
me chamar que eu não irei. No meu lugar mando a Verdade. Vocês todas, façam isso também, não se
deixem explorar.
As outras palavras bateram palmas para a proposta das duas presidentas e juraram, a uma só
voz, que cumpririam ao pé da letra o que ficara combinado na reunião.
No dia seguinte começaram a acontecer as coisas mais estranhas pelo mundo afora.
Enquanto tomava o seu café da manhã, o Industrial teve a pior surpresa de sua vida quando abriu
o jornal e leu o anúncio que mandara publicar. Bufando de raiva, telefonou imediatamente para o
Publicitário:
– Você é um incompetente, um irresponsável! Como teve a audácia de escrever, no anúncio que
redigiu para a minha indústria, que os nossos produtos estão muito longe de ser os melhores do mundo?
– Eu nunca escrevi isso! Só pode ter sido erro do jornal! – respondeu, aflito, o Publicitário.
Por telefone, o Industrial reclamou com o Dono do Jornal.
– Na hora de ser impresso, o anúncio foi conferido e estava tudo em ordem. Só pode ter sido
sabotagem de algum agitador ou coisa de feitiçaria! – justificou-se, consternado, o Dono do Jornal.
Nessa mesma hora, o Comerciante estava arrancando os cabelos de raiva porque, na fachada do
seu supermercado, havia um cartaz escandaloso. Em vez de dizer que os preços dos produtos ali vendidos
eram os mais baixos, dizia que eles eram iguais ou até um pouco mais altos que os dos outros
supermercados.
E o susto do Político entrevistado pela televisão quando disse diante das câmeras, sem saber por
que nem como, que não cumpriria nenhuma das promessas feitas aos seus eleitores e que se elegera
apenas para ganhar dinheiro?
Eu poderia ficar horas e horas contando muitos outros fatos estranhíssimos acontecidos naquele
mesmo dia. Aconteceram a quem, como o Industrial, o Publicitário, o Dono do Jornal, o Comerciante e o
Político, costuma dizer mentiras publicamente, com a maior cara-de-pau, só para se aproveitar da boa-fé
dos outros.
Mas se eu fosse contar tudo isso, a história da Revolta das Palavras ia ficar comprida demais, e
eu sei que ninguém gosta de histórias muito esticadas, cheias de repetições.
Por isso, vou apenas acrescentar que nesse mesmo dia inesquecível a Incompreensão foi fazer
uma queixa à Verdade e à Mentira. Reclamou que o Poeta continuava mentindo sem que nada acontecesse
a ele.
– Imaginem vocês que ele escreveu “A laranja madura é um sol sobre a mesa”! Onde se viu
confundir uma bola pequena como a laranja com uma bola enorme como o sol? E se a laranja fosse tão
quente como o sol, a mesa pegava fogo na mesma hora!
– Não é bem assim – explicaram a Verdade e a Mentira. – A poesia diz as coisas de modo tão
original, tão fora do comum, que parece estar mentindo o tempo todo. Mas pense bem: não é o sol que
amadurece as frutas? E o amarelo brilhante da laranja não é como o amarelo do sol que tivesse descido
do céu até a terra?

http://meusonhonaotemfim.org.br/reflexoes_view.asp?editid1=130

Ah! eu quase ia esquecendo de dizer que tudo isso aconteceu num dia 2 de abril.
Isso porque, se o dia 1º de abril é o Dia da Mentira, nada mais justo que o dia seguinte sirva para
desmenti-lo e fique marcado no calendário, de hoje em diante, como o Dia da Desmentira.
Na manhã do Dia da Desmentira, as bibliotecárias de todas as bibliotecas do mundo fugiram
apavoradas de seus locais de trabalho porque, quando lá chegaram, os dicionários estavam às
gargalhadas, fazendo uma barulheira de estourar ouvido de surdo e de pôr fantasma para correr.
Talvez vocês estejam pensando aí com os seus botões que, afinal de contas, se durou apenas um
dia, a Revolta das Palavras não adiantou coisa alguma.
Mas se pensam assim, se enganam.
De agora em diante – eu aposto -, todos vocês vão prestar mais atenção no que dizem as pessoas
aproveitadoras, para ver se elas estão mesmo dizendo a verdade quando prometem mundos e fundos.
Sempre que vocês fizerem isso, lembrem-se de encostar bem o ouvido ao dicionário. Talvez
consigam escutar lá dentro uma porção de risadinhas.

Fonte: Era uma vez um conto. São Paulo : Companhia das Letrinhas, 2002.
Moacyr Scliar; José Paulo Paes; Milton Hatoum; Marcelo Coelho; Drauzio Varella

A palavra tem origem no termo em latim “fallacia”, aquilo que engana ou


ilude. Desta forma, falácia será algo enganoso.
As falácias são construídas por raciocínios aparentemente corretos que
levam à falsas conclusões. Este tipo de argumento está muito presente
nos textos dissertativos.

https://queridojeito.com/frases-e-citacoes-de-aristoteles
A falácia foi um recurso utilizado por Aristóteles, pela Escolástica, pela
Demagogia e serve como figura de linguagem em discursos e temas
argumentativos.
A filosofia de Aristóteles contemplou a falácia formal como sofisma. Em
outras palavras, um raciocínio duvidoso que tenta passar como correto, isso com
a intenção de ludibriar as pessoas.
Ainda na lógica filosófica aristotélica, a falácia informal se distingue da
formal por empregar, primeiramente, raciocínios válidos e, só depois, qualificar
os resultados inconsistentes e com premissas falsas.

https://escolaeducacao.com.br/falacia/

Muitos são os tipos de falácias, porém elencamos alguns exemplos


comuns para melhor visualização do conteúdo.
Apelo à força: O apelo à força é a falácia que acontece quando há ameaça
ao interlocutor com o intuito de que aceite certa conclusão como verdadeira.
Exemplo: Cuidado com o que você vai falar, não se esqueça de quem é que
paga o seu salário.

http://www.cordeiroeaureliano.com.br/blog/post/noticias/rescisao-indireta-quando-o-empregado-demite-o-
patrao-por-justa-causa/6184
Apelo à ignorância: No caso, apela-se para que se aceite uma conclusão
por não conter provas em contra-argumento. Exemplo: Ninguém provou até hoje
que Deus existe, portanto ele não existe.
Apelo à piedade: Também conhecida como ad misericordiam, nesse tipo
de falácia há o apelo à compaixão de uma pessoa para tentar convencê-la de
um ponto de vista. Exemplo: Eu deveria receber uma nota excelente no trabalho,
pois fui parar até no hospital para terminá-lo dentro do prazo.

http://pdhpsicologia.com.br/compaixao-e-uma-habilidade/

Ad hominem: No tipo, ataca-se o caráter ou traços pessoais do oponente


ao invés de refutar o seu argumento. Exemplo: Uma pessoa está dando
conselhos e expondo dados sobre a criminalidade no município, no entanto
questiona-se ela pelo fato de ter vivido muitos anos nesse mundo.

https://www.elo7.com.br/duendes-em-feltro/dp/CA966E

Ad populum: Essa falácia apela para a popularidade de fato, levantando


o fato de muitas pessoas fazerem e concordarem com aquela informação, sendo
essa uma tentativa de validação. Exemplo: Luciano, bêbado, apontou um dedo
para João e questionou como é que tantas pessoas acreditam em duendes se
eles são só uma superstição antiga e boba. João, por sua vez, já havia tomado
mais Guinness do que deveria e afirmou que já que tantas pessoas acreditam, a
probabilidade de duendes de fato existirem é grande.
Apelo à autoridade: Nesse tipo de falácia, é utilizado a posição ou
autoridade no lugar de um argumento válido. Exemplo: Um aluno questiona uma
explicação do professor por não condizer com os dados divulgados em um
material. O professor refuta a fala do aluno com a argumentação de que é doutor
e mestre naquela temática apresentada pelo discente.

https://www.istockphoto.com/br/foto/professor-gm157418791-8393296

Post hoc: O nome designa um tipo de falácia que determina uma relação
causal entre dois eventos pelo fato de acontecerem geralmente em sequência.
Exemplo: Observei vários dias que sempre que o galo canta, o sol nasce.
Portanto, o sol nasce por causa do canto do galo.

Razão Comunicativa

Habermas o filósofo com maior influência na escola de Frankfurt, ele


discorda essencialmente da filosofia de Adorno e Horkheimer, no que se referem
aos conceitos centrais da análise realizada por ambos.
Adorno e Horkheimer chegaram a um impasse epistemológico, quanto a
possibilidade da razão ser emancipatória, uma crítica veemente a filosofia
iluminista liberal.
A razão está asfixiada pelo desenvolvimento do capitalismo liberal, a
chamada economia de exclusão, portanto, a filosofia pouco poderia fazer diante
da razão instrumentalizada politicamente.

https://revistacult.uol.com.br/home/um-pensador-da-razao-publica/

Habermas chegou à conclusão, que tal epistemologização é


extremamente perigosa, pois conduz uma crítica radical a modernidade, com
consequências irreparáveis devido a irracionalidade da própria crítica.
Habermas propõe uma nova perspectiva de conceito de razão,
denominada de razão dialógica, o diálogo como arte da argumentação, entre as
diversas forças de transformação.
A linguagem como mediação para o consenso, necessário, com efeito,
que novas estruturas promovam as condições de liberdade para o diálogo. A
verdade não é mais entendida, como adequação do pensamento a realidade,
todavia como fruto da ação comunicativa, não como verdade subjetiva como
propõe o mundo pós-moderno, todavia, como verdade intersubjetiva.

http://hoje.unisul.br/ciencias-da-linguagem-tem-seletivo-especial-para-o-mestrado/
Desse modo, a razão deixa de formular valores absolutos, sendo que a
verdade toma conceitos de substancialidades de consensos. Sendo assim, a
validade da verdade será tanto maior, quanto mais consensualidades
tiverem, por meio do entendimento dialógico.
Herdeiro das discussões da Escola de Frankfurt, Jürgen Habermas
aponta a ação comunicativa como superação da razão iluminista transformada
num novo mito que encobre a dominação burguesa (Razão Instrumental). Para
ele, importa cultivar o logos da troca de ideias, opiniões e informações entre os
sujeitos históricos estabelecendo o diálogo.

https://soap.com.br/tag/linguagem-verbal/

O filósofo e sociólogo alemão defende também uma ética universalista,


deontológica, formalista e cognitivista. Para ele, os princípios éticos não devem
ter conteúdo, mas, através da participação nas decisões públicas através de
discussões (Discursos), possibilitar a avaliação dos conteúdos normativos
demandados naturalmente pelo mundo da vida.
Dessa forma, para compreender a posição de Habermas no que se refere
à reflexão ética e moral é necessário partir da distinção entre três possíveis usos
da razão prática: o uso pragmático, o uso ético e o uso moral.

https://www.promoview.com.br/categoria/geral/etica-na-moral.html
Os principais elementos de um modelo organizacional baseado na teoria
da ação comunicativa são:
1 - Libertação do mundo da vida dos imperativos sistêmicos, mediante
uma desregulamentação e desmonetarização de suas estruturas (cultura,
sociedade, pessoa). Na prática, isto implica em:
a- Luta contra os imperativos financeiros e burocráticos que regem a
produção tanto cultural quanto científica; controle público sobre os meios de
comunicação de massa com vistas a garantir uma formação democrática da
vontade;
b- Enxugamento progressivo da tessitura legal que rege as relações entre
pessoas enquanto componentes de uma estrutura social normativamente
legitimada. Preocupar-se mais com o conteúdo das normas do que com sua
processualística. Promover uma moralização dos temas públicos, via discussão
política, aberta a todos;

https://blog.maxieduca.com.br/diferenca-moral-etica/

c- Restringir ao máximo a legislação sobre a família e a escola e


empreender a sua desburocratização radical, visando assegurar a formação de
uma personalidade autônoma;
2 - Manutenção dos sistemas econômicos e administrativos guiados pelos
mecanismos do mercado e da administração burocrática mas submetidos a
controle externo;
3 - Este controle será exercido por associações espontâneas (vemos aqui
as Organizações Não-governamentais, ONGs), organizadas na esfera dos
espaços públicos autônomos (vemos aqui a presença dos Conselhos). Fica claro
que sua força não advirá de mecanismos formais de poder mas de sua
legitimidade;
4 - Valorização de mecanismos de deliberação coletiva que estimulem o
entendimento e não a mera conquista do poder (por exemplo, deliberação por
consenso e não por votação).

http://paulosociofilo.blogspot.com/2011/05/aula-de-filosofia-filosofia-politica.html

O que se constata é que este autor não propõe a destruição do aparato


estatal-burocrático, ou do mercado. No fundo, o que ele sugere é uma
democracia processual, uma "soberania em procedimento", na qual os
mecanismos de ação do mercado e do poder administrativo serão controlados
no âmbito de conselhos populares (espaços públicos autônomos) no qual
intervém as associações não governamentais e que se valem de processos
comunicativos de busca do entendimento.
Para Habermas, a razão comunicativa não se fundamenta numa
concepção instrumental de consciência humana (como meio para conhecer e
dominar o mundo e o outro). Seu fundamento é a comunicação, em que
diferentes sujeitos buscam o consenso em relação aos temas que interferem em
sua vida prática.
Referências

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ALEXY, Robert. Teoria da argumentação jurídica: A Teoria do Discurso Racional


como Teoria da Justificação Jurídica. Trad. Zilda Hutchinson Schild Silva. São
Paulo: Landy, 2001

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Habermas. Rio de Janeiro: 1992. Tempo Brasileiro.

AZEVEDO, Antônio Carlos do Amaral. Dicionário de nomes, termos e conceitos


históricos. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

BARRETO, R. A. Atemporalidade e existência: ser um psicanalista. Estudos de


Psicanálise, Belo Horizonte, n. 47, p. 187-192, jul. 2017a. Publicação semestral
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FREUD, S. Conferências introdutórias sobre psicanálise (Parte III. Teoria geral


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PAES, José Paulo. A revolta das palavras: uma fábula moderna. São Paulo:
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