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As Freguesias: a história e a reforma

territorial das freguesias

Discente: Maria Inês Azevedo n2017266868

Docente: Maria José Leal Castanheira Neves

Gestão Autárquica

Mestrado em Administração Público-Privada

2021/2022
Índice

1. O poder local ............................................................................................... 4

2. História das Freguesias ............................................................................... 6

3. A reforma territorial das freguesias ............................................................ 10

4. A repercussão da reforma territorial das freguesias .................................. 19

5. Fragmentação vs Agregação ..................................................................... 23

6. Entrevista ao Presidente da Junta da União das Freguesias de Mangualde,

Mesquitela e Cunha Alta .................................................................................. 26

Conclusão ........................................................................................................ 29

Bibliografia........................................................................................................ 30

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Sumário

Este trabalho visa apresentar as principais diretrizes que orientaram a


implementação da Reforma Administrativa do Território das Freguesias e a sua
repercussão na vida pública.

Em 2011, no contexto de crise financeira, Portugal assinou o Memorando de


Entendimento, documento que abriu portas à discussão da reforma da
administração local. Assim, surgiu o Documento ou Livro Verde da Reforma da
Administração Local, que baseava a sua atuação em 4 eixos de intervenção,
destacando-se o eixo da Organização do Território, nomeadamente da reforma
administrativa das freguesias. O objetivo do governo era reduzir os gastos, tendo
optado por reduzir o número de freguesias através de processos de agregação das
mesmas. De 4.259 freguesias, Portugal passou a ter 3.092 freguesias,
concretizando-se o previsto na Lei n.º 22/2012 e na Lei n.º 11-A/2013, procedendo-
se assim à tão mediática Reorganização Administrativa do Território das Freguesias.

Palavras-chave: freguesias, reforma administrativa, poder local, agregação territorial

Abstract

This paper aims to present the main guidelines that lead the implementation of the
Administrative Reform of the Parish Territory and its repercussion on public life

In 2011, in the context of the financial crisis, Portugal signed the Memorandum of
Understanding, a document that opened the doors to the discussion of local
government reform. Thus, the Green Paper on Local Administration Reform
emerged, which based its action on 4 axes of intervention, highlighting the axis of
Territorial Organization, namely the administrative reform of the parishes. The
government's objective was to reduce spending, and it opted to reduce the number
of parishes through processes of aggregation. From 4,259 parishes, Portugal now
has 3,092 parishes, fulfilling the provisions of Law No. 22/2012 and Law No. 11-
A/2013, thus proceeding to the much publicized Administrative Reorganization of the
Parish Territory.

Key-words: parishes, administrative reform, local administration, territorial


aggregation

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1. O poder local

O poder local está incluído na Parte III, Título VIII da CRP. O artigo 235º
da CRP dita que a organização democrática do Estado abrange a existência de
autarquias locais, que carateriza como sendo pessoas coletivas territoriais, com
órgãos representativos que visam a prossecução de interesses próprios das
populações respetivas.

A expressão “poder local” não tinha sido mencionada até à realização da


Assembleia Constituinte de 1976 e está relacionada com a autonomia cedida às
autarquias. O legislador quis garantir o papel fundamental que as autarquias
possuem como parte integrante da estrutura do poder político e não como outra
mera entidade administrativa, tendo, por isso, indicado o conjunto de autarquias
locais e o respetivo regime como poder local (Carvalho, 2020: 33-34).

A Carta Europeia do Poder Local (CEAL), é um documento de extrema


importância na definição do poder local e que contribuiu para a construção de
um poder local democrático em vários países europeus, incluindo Portugal.
Assinada em 1985 e ratificada por Portugal em 1990, a CEAL é vista como uma
“bíblia” do poder local europeu e é um tratado pioneiro, ao esclarecer e defender
os princípios da autonomia local, tendo reforçado as autarquias locais como “um
dos principais fundamentos de todo o regime democrático” (Carvalho, 2020: 39).

Esta carta é importante na medida em que, no seu artigo 3º, consagra a


autonomia local como o “direito de as autarquias locais regulamentarem e
gerirem, nos termos da lei, sob sua responsabilidade e no interesse das
respetivas populações, uma parte importante dos assuntos públicos”. As
autarquias locais têm, assim, ao seu dispor, liberdade de iniciativa no que diz
respeito a matérias que sejam da sua competência, previamente fixada por lei
(Bilhim, 2004: 13).

As autarquias locais apresentam os seguintes órgãos, como consta no


artigo 236º da CRP:

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Freguesia Município Região Administrativa

Assembleia de Freguesia Assembleia Municipal Assembleia Regional


Câmara Municipal Junta Regional

Junta de Freguesia Conselho Municipal Conselho Regional

Tabela 1 – Órgãos das autarquias locais. Fonte: Bilhim, 2004: 15.

Atualmente, o sistema autárquico português encontra-se dividido em três


tipos: em primeiro lugar, uma autarquia municipal, que recebe o nome de
Município, substituindo o nome concelho, desde a Constituição de 1976; em
segundo lugar, existe uma autarquia supramunicipal, o distrito ou região
administrativa; e, por fim, Portugal conta com uma autarquia inframunicipal,
denominada Freguesia (Bilhim, 2004: 15). Contudo, apenas se pode falar em
freguesias e municípios, uma vez que as regiões administrativas ainda não
gozaram de qualquer tipo de aplicação legislativa (Carvalho, 2020: 63).

Coutinho, (2020: 47), citando o Prof. Doutor José Joaquim Gomes


Canotilho, diz que:

“a função das autarquias locais é a prossecução dos interesses próprios


das populações respetivas, que são aqueles que radicam nas
comunidades locais enquanto tais, isto é, que são comuns aos residentes
e que se diferenciam dos interesses da coletividade nacional e dos
interesses próprios das restantes comunidades locais (…). Prosseguem
interesses próprios dos respetivos cidadãos e não interesses do Estado”

Com os acontecimentos atuais, nomeadamente a corrupção, há cada vez


uma menor confiança na política e no Estado, acompanhada de uma elevada
taxa de abstenção dos eleitores. Bilhim (2004: 58) refere mesmo que os partidos
políticos são uma espécie de oligarquias, que desejam ficar o maior tempo
possível no poder e, por isso, o cidadão não tem hipótese de escolha pois
qualquer partido que escolher, será uma oligarquia. O poder local, ao manter
relações de proximidade entre os eleitos e munícipes, é uma boa alternativa para

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conseguir que os munícipes se envolvam na política e voltem a acreditar na
utilidade da democracia local.

Este trabalho foca-se na autarquia local de menor dimensão em Portugal,


a freguesia. Será mencionada a sua evolução histórica ao longo dos séculos,
assim como a última reforma territorial que estas sofreram, por imposição da
Troika e os seus efeitos na sociedade.

2. História das Freguesias

O início da formação das freguesias, ainda que primitivas, remonta ao


período romano, simultaneamente com a cristianização da Península Ibérica, no
final do século III e início do século IV (Pauleta, 1997: 145).

Pouco mais se sabe durante este período, apenas que a freguesia esteve
sempre associada à sua origem eclesiástica e surge originalmente a partir da
divisão eclesiástica paroquial, tendo, por isso, o nome de paróquia até início do
século XX. As paróquias eclesiásticas obedeciam à Igreja e administravam o
território nacional, de forma mais próxima das comunidades, sob orientação de
um pároco. Com uma história institucional muito curta, pode-se dizer que as
freguesias foram uma importação do modelo paroquial para a organização
territorial administrativa (Monteiro, 2015: 12; 48).

Não reconhecida a freguesia como uma autarquia local desde a ocupação


romana, era a igreja que tinha o papel de estabelecer um sistema de divisão
territorial com base na propriedade rural e nos núcleos de população que vivia
nos campos, apesar de nunca ter conseguido corresponder aos objetivos e
interesses das comunidades rurais (Costa, 2018: 29; Gomes, 2012: 2). Não havia
uma distinção entre o que era a “paróquia” e a “freguesia” e à paróquia cabiam
algumas funções de administração pública de proximidade, que lhe tinham sido
atribuídas pelo Estado (Monteiro, 2015: 48).

A partir do Decreto de 26 de novembro de 1830, as freguesias veem


reconhecida a sua importância, muito devido às revoluções liberais, e são, pela
primeira vez, instituídas com a natureza de autarquia local. O primeiro artigo

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deste Decreto estipulava a criação das Juntas de Paróquia, ou seja, cada
paróquia devia ter uma junta, que era nomeada pelos vizinhos e com a
responsabilidade de gestão de todos os assuntos de interesse somente local
(Oliveira, 1993: 38). Apesar deste decreto, foi aqui que se iniciou um caminho
instável, com avanços e recuos, para a história das freguesias.

Logo em 1932, a reforma de Mouzinho da Silveira elevou os concelhos


como a base do poder local e extinguiu as freguesias por estas serem vistas
como um simples agregado social e religioso, no seu artigo 29.º “ficam extintas
as juntas de paróquia” (Oliveira, 1993: 39). Em 1835, as freguesias foram
finalmente colocadas no sistema de administração pública e na divisão
administrativa do país, sob a denominação de paróquias civis, em oposição às
paróquias religiosas. O Código Administrativo de Passos Manuel, de 1836, criou
um modelo de administração local que vigora até hoje, dividindo três níveis
distintos de administração: distritos, subdivididos em concelhos e estes formados
pelas freguesias (Oliveira, 1993: 39; Costa, 2018: 30).

Poucos anos depois, em 1842, estas foram eliminadas pelo Código


Administrativo de Costa Cabral, tendo havido uma série de iniciativas para incluir
novamente a junta da paróquia na estrutura administrativa, destacando-se a de
Almeida Garrett, em 1854. Em 1878, com o Código Administrativo de Rodrigues
Sampaio, as freguesias foram restauradas definitivamente na organização
territorial autárquica portuguesa, com um conjunto alargado de competências
(Gomes, 2012: 3-4; Delgado, 2016: 13-14).

Em 1892, quando Portugal ultrapassava uma grave crise financeira, Dias


Ferreira, apesar de considerar incorreta a inclusão das paróquias na
administração civil, reconheceu que as freguesias não podiam continuar a ser
ignoradas devido à importância destas para os costumes do país e para a
satisfação de algumas necessidades públicas (Sousa, 2013: 88). Em 1896,
Tavares (1896) afirmava que à freguesia não lhe eram reconhecidos os devidos
direitos, o que demonstra que, apesar dos avanços, esta ainda era ignorada.

Neste período, apesar da tentativa de elevar as freguesias, estas nunca


se aproximaram do poder local como é formalmente visto nem nunca se

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tornaram num poder político organizado ou reconhecido de maneira jurídica
pelas instituições estatais (Costa, 2018: 30).

Com a I República, o território continuou a ser dividido em distritos,


concelhos e paróquias civis. A terminologia “freguesia” substituiu oficialmente a
de paróquias civis no ano de 1916, tendo as freguesias sido beneficiadas e
valorizadas pela legislação da I República (Oliveira, 1993: 44). Tal denota-se,
desde logo, pela consagração do princípio da descentralização administrativa
pela Constituição de 1911. Posteriormente, com o início do período do Estado
Novo, a freguesia voltou a ser despolida de direitos. Durante este período, as
freguesias viram as suas atribuições e recursos diminuídos, com funções pouco
relevantes no domínio do recenseamento dos “chefes de família”, dos pobres e
indigentes, na gestão dos baldios, na criação de cemitérios e na emissão de
atestados que a lei lhe reconhecia, não passando assim de estruturas de
administração indireta do Estado, sem qualquer independência face a este
(Gomes, 2012: 3-4; Delgado, 2016: 13).

Após o 25 de abril de 1974, as freguesias ganham um novo relevo,


destacando-se a notabilidade que a freguesia adquiriu, no âmbito da
organização administrativa, com a Constituição da República Portuguesa (CRP)
de 1976. Até esta data, as freguesias sofreram sempre vários recuos ao longo
da sua história, algo que os autores dizem dever-se à tradição municipalista que
existe em Portugal e da qual as freguesias sempre foram reféns. É a partir de
1976 que a freguesia passa, de forma irreversível, a ser reconhecida como
autarquia local, próxima das populações, e a partir da qual se conseguiu
concretizar o objetivo de descentralização territorial (Delgado, 2016: 13-14).

As freguesias não são comuns noutros países da Europa, apesar de


serem muito semelhantes às parishes britânicas em termos funcionais e às
seniúnija na Lituânia – destacando que as freguesias em Portugal têm uma muito
maior autonomia a nível inframunicipal. Este tipo de autarquia local é
caraterizado por ser uma estrutura própria de vizinhos para satisfazer as
necessidades destes, e não por ser um pequeno município (Costa, 2018: 29;
Gato, 2014: 7).

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Pauleta (1997: 147) distingue quatro tipos de freguesias, consoante as
diversidades geográficas, sociais, económicas e demográficas das pessoas que
constituem a freguesia: as freguesias rurais; as freguesias das sedes dos
municípios; as freguesias sediadas nas áreas urbanas em expansão; e as
freguesias das grandes cidades.

A criação de freguesias deve obedecer aos termos da Lei n.º 8/93.


Aquando da sua conceção, a Assembleia da República deve ter em
consideração a vontade das populações, as razões de ordem histórica,
geográfica, demográfica, económica, social e cultural, a sua viabilidade político-
administrativa e os interesses de ordem geral ou local em causa. Para se criar
uma freguesia, devem-se ainda cumprir cumulativamente um conjunto critérios
técnicos previstos na lei, nomeadamente o número de eleitores mínimo e a
existência de um número de tipos de serviço e estabelecimentos comerciais
(Bilhim, 2004: 16).

Atualmente as freguesias são vistas como o nível mais inferior no sistema


de governo local português, apesar de ser a autarquia local que se encontra mais
próxima dos cidadãos e que melhor responde aos seus problemas (Duarte, 2016:
27). Há uma tendência superficial para assumir que a freguesia é a unidade
base, o município o grau a seguir e que as regiões administrativas ocupam o
grau mais elevado. Contudo, é errado cair nesta ideia tendenciosa pois na CRP,
não há referência a uma relação hierárquica entre as autarquias locais e, por
isso, não existe esse tipo de relação entre elas. As autarquias locais são, ao
invés do que é sugerido, entidades que frequentemente se sobrepõem entre si
e que mantém uma relação de articulação entre estas. A ordenação hierárquica
apenas se denota quanto à prevalência das normas regulamentares (Carvalho,
2020: 64).

Os limites da freguesia estão contidos no interior de cada concelho, e cada


freguesia vai representar uma população com interesses específicos comuns
(Tavares e Rodrigues, 2015: 958).

Apesar da importância das freguesias, que resulta do nível de


proximidade que mantêm com os cidadãos, as freguesias veem delegadas em
si poucas competências quando comparadas com os municípios: a gestão de

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infraestruturas rurais e urbanas, infraestruturas pré-escolares e escolas
primárias, cemitérios, canis públicos e terrenos baldios, poderes partilhados na
gestão de emergências, planeamento, desenvolvimento comunitário e diversas
declarações e atestados exigidos pelos cidadãos. Porém, as freguesias e os
respetivos executivos são confrontados com a falta de recursos humanos e
financeiros que lhes impedem de prosseguir as suas atividades na totalidade
(Tavares e Rodrigues, 2015: 959).

Apesar desse aspeto, Gomes (2012: 3-4) congratula as freguesias que,


perante uma situação de insuficiência de meios humanos e financeiros,
conseguem, através da descentralização e da subsidiariedade, ampliar e
fortalecer a sua ação de forma significativa.

3. A reforma territorial das freguesias

Entre 2009 e 2013, a freguesia teve de enfrentar situações


completamente imprevistos, nomeadamente a reforma territorial que, de certa
forma, foi feita à pressa e de forma incorreta (Oliveira, 2013: 15). Ao contrário do
que se julga, o tema de uma eventual reforma das freguesias não surgiu apenas
no âmbito da crise financeira em 2011, tendo vindo a ser debatido desde 2005,
pelo Partido Socialista.

Em 2005, quando o Partido Socialista venceu as eleições, o programa do


XVII Governo Constitucional (2005-2009) fazia menção ao objetivo de
estabelecer um novo regime legal de criação, fusão e extinção das autarquias
locais. No que diz respeito às freguesias, a intenção era extingui-las, em maior
número nas áreas urbanas com menos habitantes, sendo que as pequenas
autarquias do interior ficariam intactas. Esta extinção seria acompanhada pelo
reforço das competências das autarquias, mas a Associação Nacional de
Freguesias (ANAFRE) logo se opôs à ideia de extinguir freguesias (Gato, 2014:
15).

Contudo, tal não foi materializado pois nas eleições legislativas de 2011,
o Partido Socialista perdeu e ficou em funções o XIX Governo Constitucional -
2011-2015, liderado por Pedro Passos Coelho, do Partido Social Democrata.

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Perante o cenário de crise financeira, aumento drástico da dívida pública
portuguesa e queda do PIB, o XIX Governo Constitucional foi obrigado a assinar,
em maio de 2011, o “Memorando de Entendimento sobre as condicionalidades
de política económica” (MdE), com três instituições internacionais, o Fundo
Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia, para
o resgate de Portugal.

No respetivo documento, no ponto 3.44, onde se enunciavam medidas


orçamentais estruturais, previa-se a redução dos municípios e freguesias,
particularmente através da agregação:

“Existem atualmente 308 municípios e 4 259 freguesias. Até julho de 2012,


o Governo desenvolverá um plano de consolidação para reorganizar e
reduzir significativamente o número destas entidades. O Governo
implementará estes planos baseado num acordo com a CE e o FMI. Estas
alterações, que deverão entrar em vigor no próximo ciclo eleitoral,
reforçarão a prestação do serviço público, aumentarão a eficiência e
reduzirão os custos” (Alexandrino, 2014: 12).

Assim, as instituições internacionais financeiras reforçaram junto do


governo a necessidade de redefinir o sistema de governo local português, para
melhorar a qualidade do serviço prestado, alcançar uma melhor eficiência e,
mais importante, reduzir custos. A fragmentação territorial excessiva de Portugal
foi o principal argumento para esta diretiva, pois prejudicava a eficiência e
impedia economias de escala. A perspetiva do MdE era a de que a agregação
territorial seria a melhor forma de alcançar custos mais baixos e orçamentos
equilibrados a nível local, podendo assim voltar a ter estabilidade financeira a
nível nacional (Tavares e Rodrigues, 2015: 956-960).

Através de um diagnóstico feito pelo Governo português após a assinatura


do MdE, foi concluído que era necessária a substituição do modelo autárquico,
por este se encontrar exausto e desadequado e, para tal, o Governo decidiu
cortar o número das freguesias. Assim, apesar do que ditava o MdE, a reforma
ocorreu unicamente ao nível das freguesias. A agregação de municípios não foi
obrigatória, algo que Relvas e Júlio (2015: 113) justificam pelo facto de o governo

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ter verificado que o problema era o número de municípios, mas sim o quadro de
gestão municipal.

Costa (2018: 34) divide a Reforma Administrativa do Território das


Freguesias em três momentos legislativos de relevante importância: em primeiro
lugar, a Resolução do Conselho de Ministros n.º 40/2011 de 22 de setembro; o
Documento Verde da Reforma da Administração Local (2011); e a Proposta de
Lei nº 44/XII do Governo de 8 de fevereiro de 2012; em segundo lugar, a Lei n.º
22/2012, de 30 de maio, que aprova o regime jurídico da reorganização
administrativa territorial autárquica e, por último, a Lei n.º 11-A/2013, de 28 de
janeiro que vem concretizar a reforma prevista.

Oliveira (2011: 9), num estudo apresentado por si, concluiu que a
existência de 4.259 freguesias não era um número assim tão excessivo, como
referia o MdE, tendo em conta a dimensão do território português. A conclusão
foi que apenas 11 municípios possuíam mais de 40 freguesias e que, em média,
cada município tinha menos de 14 freguesias, o que não pode ser considerado
um problema grave e que obrigue a uma reforma nos moldes que estavam a ser
previstos.

As orientações do MdE motivaram a aprovação da Resolução do


Conselho de Ministros n.º 40/2011, de 22 de setembro, da qual saiu o
“Documento Verde da Reforma da Administração Local”. Neste documento, o
governo assumiu como objetivos o reforço do municipalismo e a promoção da
coesão e competitividade territorial, afirmando ainda que:

“a Reforma da Administração Local deverá estar orientada para a


melhoria da prestação do serviço público, aumentando a eficiência e
reduzindo custos, tendo sempre em consideração as especificidades
locais, considerando nesse sentido a existência de diferentes tipologias
de territórios, nomeadamente áreas metropolitanas, áreas
maioritariamente urbanas e áreas maioritariamente rurais” (Governo de
Portugal, 2011: 8).

A Reforma da Administração Local teve quatro eixos de atuação (Figura


1), destacando-se o eixo de Organização do Território. O governo optou por uma
análise do mapa administrativo, promovendo a redução do número de

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freguesias, pela sua aglomeração, criando novas freguesias, de maior dimensão
e escala, e sempre de acordo com as suas tipologias e defendendo as
especificidades de cada território. Como metodologia, ficou estipulada a
definição de uma Matriz de Critérios e o debate com as comunidades, com o
governo como promotor deste diálogo (Governo de Portugal, 2011: 10-11).

A Reforma da Administração Local no âmbito da Organização do Território


pretendia alcançar os seguintes objetivos:

1. Reorganização do mapa administrativo através da redução do número


de Freguesias;
2. Criação de novas Freguesias, com ganhos de escala e dimensão,
gerando a descentralização de novas competências e o reforço da sua
atuação;
3. Salvaguardar as especificidades locais, discriminando áreas de baixa
e alta densidade populacional e distinguindo áreas urbanas e áreas
rurais;
4. Considerar a contiguidade territorial como um fator determinante;
5. Redefinição das atribuições e competências entre os Municípios e as
Freguesias;
6. Incentivar a fusão de Municípios, tendo como base a identidade e a
continuidade territoriais;
7. Desenvolver contactos com a Fundação para a Ciência e Tecnologia
(FCT), para promover estudos no âmbito do Poder Local, potenciando
a investigação sobre o atual mosaico territorial municipalista.

Setor Empresarial Local

Organização do Território

Gestão municipal, intermunicipal e financiamento

Democracia Local

Figura 1 – Eixos de atuação da Reforma da Administração Local. Fonte: Governo de


Portugal (2011: 9)

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O Documento Verde definiu ainda uma matriz de critérios, tanto
demográficos como geográficos, e dividia os municípios em três tipos: os
municípios de nível 1, densamente povoados com mais de 500 habitantes por
km2, onde se contavam 37 municípios e 643 freguesias; os de nível 2,
medianamente povoados, entre os 100 e os 500 habitantes por km2, onde se
contavam 88 municípios e 1336 freguesias; e, por fim, os de nível 3, baixamente
povoados, com menos de 100 habitantes por km2, que totalizavam 183
municípios e 2280 freguesias (Governo de Portugal, 2011: 22).

Figura 2 - Proposta de Matriz de Critérios de Organização Territorial. Fonte:


Governo de Portugal, 2011: 24.

Com a agregação de Freguesias, pretendia-se diminuir as assimetrias


populacionais, ao mesmo tempo que se desejava manter a freguesia como
espaço de proximidade à comunidade, respeitando a identidade histórica e
cultural de cada uma das freguesias (Monteiro, 2015: 68).

Alexandrino (2014: 17-21) critica a nova matriz de critérios incluída no


Documento Verde, dizendo que a lei fica na dependência desses novos critérios
e questiona se a Lei Eleitoral e o Regime Jurídico dos Municípios e Freguesias
não são parâmetros suficientes do ordenamento jurídico português. Na sua
opinião, foi errado o governo português ter ignorado o quadro jurídico existente
e as normas em vigor e a reforma deveria ter sido acompanhada por uma revisão
profunda do enquadramento legal autárquico.

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Na sequência da elaboração do Documento Verde, apesar da oposição
dos restantes partidos, o governo fez a Proposta de Lei n.º 44/XII, onde
inicialmente explicava os motivos do processo da Reforma Administrativa do
Território das Freguesias, seguida de uma proposta de lei que estabelecia a
“obrigatoriedade da reorganização administrativa do território das freguesias”.
Assim, a 31 de maio de 2012, entrou em vigor a Lei n.º 22/2012, aprovada pelo
PSD-CDS, com o objetivo de regular o regime jurídico da reorganização
administrativa territorial autárquica. Esta lei estabeleceu os objetivos, os
princípios e os parâmetros da reorganização administrativa territorial autárquica,
definindo ainda como é que iria decorrer a participação das autarquias locais na
concretização da reforma (Monteiro, 2015: 63).

A Lei n.º 22/2012 tinha os seguintes objetivos:

a) Promoção da coesão territorial e do desenvolvimento local;


b) Alargamento das atribuições e competências das freguesias e dos
correspondentes recursos;
c) Aprofundamento da capacidade de intervenção da junta de freguesia;
d) Melhoria e desenvolvimento dos serviços públicos de proximidade
prestados pelas freguesias às populações;
e) Promoção de ganhos de escala, de eficiência e da massa crítica nas
autarquias locais;
f) Reestruturação, por agregação, de um número significativo de freguesias
em todo o território nacional, com especial incidência nas áreas urbanas.

Esta lei obrigou à reorganização administrativa do território das


freguesias, sendo que a reorganização administrativa do território dos municípios
não era obrigatória e foi simplesmente incentivada. Segundo o artigo 34.º, n.º1,
a redução do número de freguesias seria, e foi, efetivada pela agregação das
mesmas, de acordo com padrões de agregação distintos em função do número
de habitantes e da densidade populacional de cada município. As alterações
resultantes deveriam entrar em vigor no ciclo eleitoral local seguinte, ou seja, em
2013.

A Lei n.º 22/2012 determinou ainda que a reforma territorial das freguesias
fosse deliberada por cada assembleia municipal, com a participação das

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assembleias de freguesias. Esta deliberação, que recebeu o nome de pronúncia,
estava obrigada a respeitar os parâmetros legais de agregação de freguesias e
a respeitar os princípios e orientações estratégicas da reforma territorial,
expressamente previstos na mesma lei (artigo 11.º, n.º 1).

Com exceção das regiões autónomas e do município de Lisboa, que


seguiram um processo autónomo e diplomas distintos, a reforma era obrigatória
para 229 municípios. A lei previa a obrigatoriedade exclusivamente para
autarquias cujos territórios estivessem distribuídos por mais de quatro freguesias
e/ou que apresentassem nos seus territórios alguma freguesia com uma
população inferior a 150 habitantes, como consta no artigo 6.º (Coutinho, 2020:
55).

O artigo 6.º, n.º1, estabeleceu os parâmetros de agregação das freguesias


e previa que:

a) Nos municípios de nível 1, uma redução global do respetivo número


de freguesias correspondente a, no mínimo, 55 % do número de
freguesias cujo território se situe, total ou parcialmente, no mesmo
lugar urbano ou em lugares urbanos sucessivamente contíguos e 35
% do número das outras freguesias;
b) Nos municípios de nível 2, uma redução global do respetivo número
de freguesias correspondente a, no mínimo, 50 % do número de
freguesias cujo território se situe, total ou parcialmente, no mesmo
lugar urbano ou em lugares urbanos sucessivamente contíguos e 30
% do número das outras freguesias;
c) Nos municípios de nível 3, uma redução global do respetivo número
de freguesias correspondente a, no mínimo, 50 % do número de
freguesias cujo território se situe, total ou parcialmente no mesmo
lugar urbano ou em lugares urbanos sucessivamente contíguos e 25
% do número das outras freguesias.

No que diz respeito à denominação das novas freguesias, a lei foi


benévola e teve em consideração o princípio da preservação da identidade
histórica, cultural e social das comunidades locais, permitindo que se usasse a
expressão “União das Freguesias” seguida das denominações de todas as

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freguesias que nela se agregaram, como manda o artigo 9.º n.º 1 (Delgado, 2016:
41).

O artigo 13.º, a Lei n.º 22/2012, previa a criação da Unidade Técnica para
a Reorganização Administrativa do Território (UTRAT), que deveria funcionar
quando a assembleia municipal não desse qualquer parecer acerca da fusão das
freguesias e ficaria encarregue de apresentar na Assembleia da República
propostas relativas à reorganização administrativa do território das freguesias,
caso estas não se pronunciassem – o que efetivamente aconteceu, pois, as
assembleias não concordavam com a reforma administrativa. Os municípios que
desejassem concretizar processos de fusão, deviam apresentar a respetiva
proposta à Assembleia da República.

De forma a enfrentar a grande contestação à reforma territorial, o Governo


tentou convencer os municípios e ofereceu como recompensa aos que
apresentassem propostas de agregação, um aumento de 15% da participação
no Fundo de Financiamento das Freguesias (FFF), a transferir para a freguesia
criada por agregação, até ao final do mandato seguinte, como consta no n.º 4 do
artigo 10.º. Se os municípios não cumprissem os critérios da legislação, as
agregações seriam impostas por lei, ou seja, através da UTRAT (Duarte, 2016:
32).

Neste contexto, a verdade é que, mesmo com os incentivos do governo,


houve uma onde de resistência por parte dos municípios, sendo que apenas 98
deles emitiram uma pronúncia de forma voluntária. Desta forma, não foi possível
realizar uma reforma territorial do tipo bottom-up (de baixo para cima), sendo
necessário recorrer à UTRAT, o que prejudicou todo o processo (Coutinho, 2020:
55).

A Lei n.º 22/2012 recebeu muitas críticas e chegou a ser intitulada de


“regra e esquadro”, porque os critérios estabelecidos pelo governo para a
tomada de decisões, eram somente critérios matemáticos, o que criou resultados
absurdos (Carvalho, 2020: 19).

Contudo, a lei prosseguiu e pouco tempo depois surge a Lei n.º 11-
A/2013, para garantir o cumprimento da obrigação de reorganização

17
administrativa do território das freguesias e que materializou a reforma territorial
prevista na lei.

No seu artigo 2.º, entende-se que a criação de freguesias é possível,


através da sua agregação, quer se mantenham os limites territoriais das
freguesias agregadas, quer estes sejam alterados. A criação de freguesias por
alteração dos limites territoriais sucede quando uma freguesia incorpora outra e
por isso entende-se que isso seja uma simples modificação da freguesia, apenas
alterando os limites territoriais (Monteiro, 2015: 72).

No fim da reforma territorial, Portugal conseguiu reduzir de 4269


freguesias para apenas 3092 freguesias (Silva e Gonçalves, 2018: 5). Contudo,
há quem partilhe a opinião de que a reforma territorial não teve resultados tão
significativos nos municípios com um elevado número de freguesias, o que pode
sugerir a sua incorreta implementação (Coutinho, 2020: 57).

Gato (2014: 25) critica que, apesar de se ter notado uma redução de
27,42% do número total de freguesias do país, essa redução não foi efetivada
nos municípios com maior número de freguesias, como se verifica no município
de Barcelos, que é aquele constituído com o maior número de freguesias do
país. Neste município, apesar de a reforma ter obrigado a uma redução de 28
freguesias, existem ainda 61 freguesias, com uma área e população muito
reduzidas.

A reorganização administrativa do território das freguesias foi ainda


acompanhada de um novo regime de atribuições e competências dos órgãos das
freguesias, previsto na Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, sendo que o reforço
das competências próprias das freguesias foi apoiado pelo reforço das
correspondentes transferências financeiras do Estado (Monteiro, 2015: 72).

Carvalho (2020: 13-14) relembra a mobilização negativa em torno da Lei


nº 75/2013, que além de ter sido rejeitada pela oposição no parlamento, foi
reprovada pelo Tribunal de Contas, sob justificação de inexistência de uma
estrutura lógica e de encadeamento conceptual. Esta nova lei veio anular a sua
antecessora, a Lei nº 169/99, de 18 de setembro, mas somente em algumas
matérias, o que obrigou a que tenha de haver um maior esforço de metodização.

18
Figura 3 - Municípios abrangidos pela Reforma Administrativa do Território das
Freguesias. Fonte: Monteiro, 2015: 59.

4. A repercussão da reforma territorial das freguesias

Não obstante a resistência dos municípios, a Reforma Administrativa do


Território das Freguesias foi implementada. As leis apresentadas pelo Governo
foram alvo de um mediático debate e foram fortemente resistidas pelas
populações, sendo vários os autores que criticam todo o processo da reforma,
enumerando as repercussões negativas da agregação territorial.

A resistência face à reforma é bem visível tendo em conta o número de


municípios que aderiram voluntariamente. Do universo de municípios, a grande
maioria (151), ou seja, 65,9% dos municípios para quem a reorganização era
obrigatória, não se pronunciou ou, tendo apresentado uma pronúncia, essa não
continha a proposta de agregação de quaisquer freguesias, o que era imposto
por lei e, por isso, considerou-se a ausência de pronúncia (Gato, 2014: 23).

19
Nos municípios que rejeitaram apresentar uma pronúncia no sentido da
agregação territorial, a reforma foi feita de forma “top-down”, ou seja, de cima
para baixo e de forma coercitiva, o que é assumido como um dos fatores que
prejudicaram a implementação da reforma. É defendido que, quando o órgão
deliberativo, neste caso a assembleia municipal, não expressa a sua vontade em
determinado sentido, o Governo Central não tem direito de, por via
administrativa, avançar contra a vontade das autarquias locais, violando os
princípios fundamentais do estado de direito democrático, assim como
desrespeita profundamente as populações e a sua identidade (Duarte, 2016: 32).

Duarte (2016: 31) refere que a ideia de agregação das freguesias foi mais
bem recebida pelos cidadãos e atores políticos nos meios urbanos, onde as
pessoas se conseguem deslocar de forma mais fácil, ou nos casos onde se
verificou a duplicação de ofertas de serviços públicos, o que não aconteceu nas
freguesias do meio rural.

De facto, a reorganização de freguesias no município de Lisboa foi feita


pela Lei nº 56/2012, ou seja, por um diploma separado da Lei nº 11-A/2013. Ao
contrário do que sucedeu em Lisboa, meio urbano, onde o diploma e os
respetivos objetivos foram bem-sucedidos, o diploma geral foi pobremente
concretizado, provocando uma situação desastrosa nas eleições autárquicas de
2013. Pouco tempo passado após a reforma, houve casos em que os eleitores
votaram em freguesias que nem sequer existiam e que ainda não estavam
instaladas, no momento do voto, o que pode ser explicado pelo curto prazo de
implementação dado pela Troika (Carvalho, 2020: 20).

Provavelmente a maior crítica que é feita ao processo de reforma


administrativa, é o facto de esta ter sido imposta por decreto-lei, sem haver
previamente uma discussão pelas freguesias e respetivas comunidades
(Mendes, 2016: 258). Não houve espaço para diálogo com os visados da reforma
durante a reorganização administrativa, tendo, por isso, fracassado um dos
pilares mais importantes da reorganização administrativa: o princípio da
participação das autarquias locais (Delgado, 2016: 47).

A Reforma Administrativa do Território das Freguesias não pensou as


freguesias a partir das suas especificidades, das suas experiências e problemas

20
especiais. O grande problema deste tipo de reformas é que raramente são feitas
a pensar no cidadão e, por isso, este não é ouvido devidamente, apesar de ser
ele que vive e convive na freguesia. Segundo Silva (2014: 12), a lei poderia ter
sido uma oportunidade de mudança para as freguesias, mas falhou ao sê-lo
precisamente por não ter dedicado algum tempo a ouvir as bases e os seus
problemas. A identidade e a história das freguesias não foram tidas em conta em
todo o processo de reforma.

Já a ANAFRE criticou a falta de articulação com as comunidades e


concluiu que a sua voz não foi ouvida e que a vontade das populações não foi
respeitada, porque o Governo decidiu ignorar “os conceitos de identidade, de
territorialidade, de pertença e não pertença, de autenticidade cultural e
tradicional, que estão profundamente enraizados nos sentimentos de cada
comunidade” (ANAFRE, 2012: 4).

A ANAFRE foi uma das entidades que mais criticou a Reforma


Administrativa do Território das Freguesias, por considerar que as leis propostas
não tinham como base estudos científicos que comprovassem qualquer
benefício a nível financeiro para Portugal (ANAFRE, 2012: 1). Financeiramente,
não houve uma poupança significativa resultante da extinção das freguesias.

Neste aspeto, Armando Vieira, presidente da ANAFRE, garante que o


MdE não exigiu a extinção de freguesias, mas sim uma reforma em termos de
administração das autarquias locais. Adicionalmente, informou os responsáveis
pelo MdE que 90% dos eleitos das freguesias trabalhavam em voluntariado e
que, por isso, a fatia que estes recebiam do orçamento de Estado era apenas de
0,098%, o que dificilmente explica a teimosia do governo em ter extinguido as
freguesias sob a justificação de redução de custos (Silva, 2014: 5).

Contrariamente ao esperado, na opinião da ANAFRE, a agregação das


freguesias veio aumentar os gastos, visto que quando existe uma agregação de
freguesias, estas aumentam de escala. Consequentemente, vai haver um maior
número de eleitos locais a exercer competências de forma permanente, o que
se traduz no aumento dos valores das transferências do Orçamento do Estado
para as Freguesias para pagamento de remunerações (ANAFRE, 2012: 1).

21
É minimamente questionável de que forma é que a reforma contribuiu para
a redução de cargos e salários, uma vez que com as agregações territoriais,
subiu não só o número de presidentes de junta a “tempo inteiro” e a “meio
tempo”, em cerca de 2%, mas também a sua remuneração. Assim, não se
encontra justificação para implementação apressada e verticalizada da
reorganização levada a cabo pelo Governo, sob o pretexto de alcançar
economias de gama e redução de custos (Silva, 2014: 8).

Delgado (2016: 49) critica ainda a forma como a reforma da administração


local foi desenvolvida, por não ter sido acompanhada de um processo de revisão
constitucional, mantendo-se uma excessiva regulação constitucional a nível do
poder local.

Mendes (2016: 261) refere outros efeitos indesejados da reforma das


freguesias, como a fragmentação das relações entre as autarquias locais e as
comunidades, que em vez de se basearem na solidariedade e colaboração,
passaram a caraterizarem-se pela existência de competição e concorrência
entre estes. Adicionalmente, as reformas territoriais traduziram-se na exigência
às autarquias locais de um enorme esforço para reestruturar ou modernizar as
suas estruturas internas, de forma a demonstrar que anuíram ao discurso de
racionalização, eficácia e eficiência forçado pelo Governo.

A reforma territorial das freguesias provocou danos às populações, que


deixaram de manter uma maior proximidade com a autarquia extinguida
(Mendes, 2016: 263). É frequente que as reformas do poder local, quando
implementadas através da agregação de municípios, provoquem o
distanciamento entre o poder local e o cidadão (Duarte, 2016: 20).

A ANAFRE defendeu que a reforma deveria ter tido em conta


determinados aspetos, dos quais se destacam:

“o alargamento do tempo destinado a debate e reflexão; a prorrogação do


prazo de auscultação das Assembleias Municipais e de Freguesia que se
preveem muito participadas pelas populações; que o debate fosse,
obrigatoriamente, articulado com o conhecimento das propostas de
revisão do quadro legal das Freguesias; a concessão do tempo
necessário para amadurecer com lucidez, crescer com o suporte dos

22
consensos, firmar-se com a certeza de que é necessário, útil e com
interesse para o bem dos portugueses e a sublimação dos seus
problemas” (ANAFRE, 2012: 3).

A utilidade das freguesias não deve ser colocada em causa, algo que foi
feito com a reforma administrativa, principalmente nos meios rurais, onde as
freguesias são mais valorizadas pelas comunidades do que nos meios urbanos.
Inquéritos feitos à população mostram que a maioria vê as freguesias como
autarquias úteis para a satisfação de algumas tarefas públicas e que estas
devem ser privilegiadas por assumirem o papel de administração de proximidade
(Sousa, 2013: 95).

Para que esta reforma territorial fosse bem-sucedida, Mendes (2016:


277), como já foi dito por outros autores, sugere que deveriam ter sido analisados
os desenvolvimentos e os subdesenvolvimentos, as potencialidades e as
ameaças, as oportunidades e os riscos de cada território, pois o território
português não é homogéneo e cada um conta com especificidades culturais,
sociais, geográficas, o que não foi feito.

5. Fragmentação vs Agregação

As reformas territoriais podem ser levadas a cabo através de processos


de fragmentação ou agregação de municípios. A descentralização resultante da
fragmentação territorial tende a ser vista como uma forma de legitimar os
governos locais, dando-lhes mais autonomia, ao passo que as tentativas de
agregação territorial são vistas como uma violação da autonomia local
(Swianiewicz, 2010: 183).

A fragmentação está frequentemente associada a sistemas de governo


locais marcados pela ineficiência, não existindo economias de escala na
prestação de serviços, mas também pode ser útil para melhorar a representação,
responsabilidade e participação pública, através da multiplicação de governos
locais (Tavares, et al., 2012: 4). Não obstante, há quem olhe para a
fragmentação territorial de forma diferente e defenda que esta tem a capacidade
de fomentar uma maior competição entre os governos locais, obter menores

23
custos na produção de serviços e aumentar a eficiência governamental (Costa,
2018: 25).

Para Tavares e Rodrigues (2015: 961), a alternativa mais adequada à


fragmentação é a agregação territorial, devido às desvantagens que esta
apresenta. Na sua ótica, a fragmentação territorial aumenta os custos do Estado
porque, na ausência de economias de escala, os custos médios vão ser mais
altos. Em segundo lugar, os autores criticam a sobreposição que pode haver
entre os vários governos locais, o que leva a oportunidades perdidas de
articulação entre estes, provocando a duplicação de serviços. Adicionalmente,
quando existem muitos governos locais, os municípios vizinhos podem beneficiar
das ações de um governo, apesar de não terem contribuído para tal situação.
Com o facto de existirem muitas entidades locais, a prestação de contas aos
cidadãos e a responsabilização dos eleitos torna-se mais difícil. Concluindo, a
fragmentação ao invés de reduzir os custos, contribui para se instalar uma
organização ineficiente e aumentar os gastos públicos locais (Tavares e
Rodrigues, 2015: 961).

A agregação de municípios como forma de restruturar o sistema das


autarquias locais tem vindo a ser adotada nos países europeus desde a segunda
metade do século XX (Kopric, 2012: 1175). Os países optaram por esta
perspetiva de diminuir o número de unidades de menor dimensão, por acharem
que unidades municipais maiores permitem a criação de economias de escala
na prestação de serviços públicos e, consequentemente, a redução de custos
(Blesse e Baskaran, 2016: 54). Porém, nem sempre a agregação de autarquias
consegue alcançar os objetivos pretendidos, podendo ser uma experiência com
mais aspetos negativos do que positivos (Costa, 2018: 24).

As reformas neste sentido pretendem ampliar a capacidade do poder local


para resolver os problemas locais e representar melhor as populações, o que se
assemelha à Reforma Administrativa do Território das Freguesias em Portugal
(Monteiro, 2015: 22).

Quem defende a agregação territorial garante que reformas orientadas


neste sentido reduzem os custos unitários, pelo facto de conseguirem criar
economias de escala. Desta forma, os serviços prestados têm uma maior

24
qualidade e tornam-se financeiramente sustentáveis (Tavares e Rodrigues,
2015: 961-962).

Os governos que optam por agregações territorial procuram, além do que


já foi dito, melhorar o seu desempenho económico e a gestão do dinheiro público.
No entanto, além dos aspetos financeiros, os governos pretendem que as suas
políticas públicas locais sejam mais eficientes e que a qualidade da
administração pública sinta melhorias (Duarte, 2016: 18).

Blesse e Baskaran (2014: 54) distinguem dois tipos de agregações: por


um lado, a agregação voluntária, que ocorre quando as entidades locais são
consultadas para saber a sua opinião quanto ao processo de agregação e, por
outro lado, a agregação forçada, quando o Governo Central impõe os processos
de agregação, mesmo quando há uma oposição expressa das entidades locais.

Contudo, distinguindo-se do que aconteceu em Portugal, a maioria dos


países europeus que optou pela agregação territorial fê-lo numa perspetiva
planeada e “bottom-up”, ou seja, de forma voluntária e aprovada pelas unidades
agregadas, acompanhada sempre de debates prévios e apoiadas pelo Governo
Central. Como já dito anteriormente, o facto de algumas reformas ocorrerem
através de uma orientação “top-down”, onde o governo em funções impõe as
decisões sem consentimento dos municípios, pode colocar em causa todo o
processo de reorganização territorial (Duarte, 2016: 17).

Swianiewicz (2010: 191-192) refere algumas desvantagens que se fazem


sentir após as reformas no sentido da agregação territorial: em primeiro lugar, a
diminuição da acessibilidade à administração local, nomeadamente para as
populações de regiões periféricas, devido a infraestruturas menos desenvolvidas
e uma maior distância. Em segundo lugar, existe a perda de identidade das
comunidades locais e distanciamento entre os eleitos e os que por estes são
representados, o que leva à terceira desvantagem, com o medo das
comunidades não estarem a ser representadas. Novamente, isto nota-se
maioritariamente nas pequenas cidades, havendo receio de serem prejudicadas
em prol das grandes cidades. Por último, podem surgir discórdias entre as
diferentes partes agregadas.

25
De forma sintética, apesar da sua aplicação, a eficácia das agregações
territoriais enquanto reforma territorial não está comprovada, não havendo
suporte empírico que verifique a sua utilidade (Duarte, 2016: 18). Não há estudos
que garantam que a agregação de municípios ou freguesias contribua para a
poupança financeira, sendo necessário ter em consideração que o próprio
processo de agregação terá custos imprescindíveis de integração. Além disso,
os serviços prestados nem sempre se tornam mais eficientes e, por vezes, as
agregações dão origem a uma maior insatisfação dos cidadãos, tal como
sucedeu em Portugal, assim como ao aumento dos níveis da abstenção. O autor
reforça ainda que, aquando da agregação, as populações receiam a perda da
identidade, podendo relações comunitárias ficarem sem efeito (Duarte, 2016:
19).

Vários autores sugerem optar pela cooperação como uma solução


melhorada face à agregação territorial, assim o garante o Conselho da Europa e
das Nações Unidas, uma vez que:

“proporciona a oportunidade para o povo agir de uma forma conjunta de


modo a conseguir uma mudança, que de outra forma não seria obtida sem
que haja, contudo, uma diminuição da ligação entre o gestor municipal e
o cidadão” (Duarte, 2016: 21).

6. Entrevista ao Presidente da Junta da União das Freguesias


de Mangualde, Mesquitela e Cunha Alta

No âmbito deste trabalho, foi realizada uma entrevista ao Sr. Marco


Almeida, atual Presidente da Junta da União das Freguesias de Mangualde,
Mesquitela e Cunha Alta, para aferir a sua opinião acerca da Reforma
Administrativa do Território das Freguesias, à qual Mangualde não ficou imune.

O município de Mangualde foi qualificado como município nível 3, sendo


que das 18 freguesias que faziam parte do seu território, 2 tinham menos de 150
habitantes, o que obrigava à sua agregação. Assim, foi imposto que Mangualde
reduzisse 6 freguesias. A Assembleia Municipal de Mangualde, não se

26
pronunciou sobre a agregação das freguesias, tendo sido a UTRAT a
desenvolver propostas de reorganização administrativa do território das
freguesias (UTRAT, 2012: 1-2).

As perguntas colocadas foram as seguintes:

1. Qual a sua opinião em relação à reforma das freguesias de 2013?

A assim denominada “reforma das freguesias” foi inconsequente por três


motivos: não se enquadrou num debate mais vasto sobre a reorganização do
território, não foi precedida de discussão pública aberta e universal (que na sua
matriz estava a ser organizada pelas universidades – só aconteceu na
Universidade do Minho) e não teve em consideração a reorganização dos
serviços desconcentrados do Estado.

2. Qual considera ter sido a principal motivação do governo para a reforma


das freguesias?

No contexto da “Troika” o governo pretendeu transmitir uma ideia de


eficiência e economia de recursos que, como se constatou, não só não se
verificou como anulou o espírito de proximidade de serviços e entre eleitos e
eleitores.

3. Quais considera terem sido os principais desafios/principais dificuldades


que surgiram com a reforma das freguesias? Considera que o projeto foi
levado a cabo corretamente?

Tal como referi no número anterior, ignorou-se a virtude da proximidade,


bem como o património existente, a dimensão cultural e a noção de que no
interior em desertificação esta aumentou e foi dissuasora da fixação das
populações. Portanto, como expliquei no primeiro ponto, o projeto foi incorreto.

4. De que forma é que a reforma das freguesias de 2013 afetou o município


de Mangualde?

Diminuiu a qualidade de vida das pessoas, dificultou a sua organização


diária, sobretudo complicou a vida dos mais desfavorecidos e infoexcluídos.

5. Na sua opinião, a reforma das freguesias contribuiu para aumentar,


diminuir ou manter a proximidade das freguesias à sua população?

27
Debilitou o espírito de proximidade e colocou problemas à sua mobilidade.

6. Tendo em conta a pergunta anterior, quais considera terem sido as


principais consequências da reforma das freguesias, no que diz respeito
à proximidade na relação entre a população e a Junta de Freguesia?

As freguesias urbanas não sentiram os efeitos da falta de proximidade,


porque, em regra, nesses territórios há serviços (câmara municipal, correio,
tribunal, centros de saúde, segurança social, finanças, lojas de cidadão, escolas
…) essenciais que funcionam e são de acesso local fácil.

Nas outras, de cariz mais rural, a falta de proximidade, associada à


ausência de serviços que a junta de freguesia colmatava não só dificultou o dia
a dia como ao retirar um serviço de freguesia diminuiu um fator de fixação das
pessoas.

7. Que perspetivas tem para o futuro das freguesias, nomeadamente no


âmbito da discussão da reversão da fusão de freguesias que tem sido
levantada?

Se a metodologia adotada tiver em conta os factos que inicialmente


elenquei ou parte deles “não se enquadrou num debate mais vasto sobre a
reorganização do território, não foi precedida de discussão pública aberta e
universal (que na sua matriz estava a ser organizada pelas universidades – só
aconteceu na Universidade do Minho) e não teve em consideração a
reorganização dos serviços desconcentrados do Estado.” Acredito que a
reversão de movimentos de fusão possa ser revertida com utilidade prática e que
se traduzirá na maior proximidade entre eleitos e eleitores, valências de decisão
intermédias, institucionais e de serviços, bem como a preservação de património
único e cultura local.

28
Conclusão

De uma forma geral, pode-se dizer que a Reforma Administrativa do


Território das Freguesias não teve um impacto positivo nas populações, nem se
traduziu numa poupança significativa para o governo português, apesar de ter
sido essa a principal justificativa da implementação da resposta.

O governo da altura falhou em dialogar previamente com as populações


das freguesias e com os eleitos destas para compreender a sua posição quanto
à reforma e, por isso, foi desrespeitada a vontade das comunidades e imposta
uma reforma que trouxe mais prejuízos do que benefícios. A importância
histórica e cultural de cada freguesia, assim como as suas especificidades, não
foram tidas em conta, e ditaram o falhanço da reforma, que se baseou em
realidades político administrativas e territoriais distantes da realidade vivida
pelos cidadãos.

Como disse a ANAFRE, nada se reforma através da simples extinção das


freguesias. Uma reforma que poderia ter sido útil para as populações e para o
erário público, falhou em sê-lo pelos motivos já mencionados.

As freguesias nunca se conformaram com a reforma imposta e lutaram


para que houvesse uma reversão do que foi feito. A sua luta foi ouvida e no
presente ano, 2021, já se discute a reversão da extinção das freguesias, sendo
que cerca de 400 freguesias desejam reverter a fusão de 2013.

No mês de maio, foi aprovada uma lei-quadro das freguesias que permite
que estas se possam desagregar segundo os parâmetros definidos, sendo que
as freguesias podem apenas voltar às condições anteriores e não criar novas ou
diferentes uniões de freguesia.

Apesar deste aspeto, reforça-se a importância que as freguesias têm junto


das comunidades, por manterem um maior nível de proximidade com estas, e da
necessidade constante de se valorizarem estas autárquicas locais.

29
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Tavares, A. F.; Rodrigues, M. (2015). The Economic and Political Impacts of Top-
Down Territorial Reforms: The Case of Sub-City Governments. Government
Studies, 41 (6), 956-976.

Tavares, A. F. et al. (2012). The Economic and Political Impacts of Top-Down


Territorial Reforms: The Case of Portuguese Parishes. Paper presented at
International Political Science Association Conference. Madrid, Spain.

UTRAT. (2012). Proposta concreta de reorganização administrativa do território.


Disponível em:
https://app.parlamento.pt/utrat/Municipios/Mangualde/Mangualde_Proposta.pdf

Legislação utilizada

Lei n.º 22/2012. Diário da República n.º105/2012. I Série. Assembleia da


República.

Lei n.º 11-A/2013. Diário da República n.º19/2013, 1º Suplemento, I Série.


Assembleia da República.

Memorando de Entendimento sobre as Condicionalidades de Política Económica

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