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Portanto, tal trajectória poderá ser analisada tendo em conta o levantamento empírico
feito em instrumentos legais que aprovados pelo Governo no sentido de regular a
relação entre o Estado Colonial Português e a Igreja Católica, ao longo do período em
análise, a citar: o Decreto nº 233 de 1913, o Acordo Missionário e a Concordata de
1940, o Estatuto Missionário de 1941, a Constituição da República Popular de
Moçambique de 1975.
Neste sentido, a laicidade do Estado não extingue a personalidade jurídica das missões
religiosas, muito menos o seu papel civilizador no ultramar, só que este não mais
interfere nos assuntos ligadas às confissões religiosas, no que diz respeito à sua
organização e funcionamento das mesmas. Embora, a constituição de novas missões
carecesse da devida permissão ou autorização do governo a nível do ultramar.
Por este decreto fica claro que o Estado não mais interferia nos assuntos religiosos, no
entanto, em caso de actos que transgridam os princípios emanadas pela constituição,
ainda que que praticados por clérigos, o Estado poderia no uso do seu ius imperii
sancionar os responsáveis nos termos da lei, facto que revela a supremacia e soberania
estatal.
Deste modo, estes três instrumentos legais vem marcar o fim de quase tudo que havia
sido postulado no âmbito da república no tange à laicidade como princípio basilar do
divórcio oficioso entre o Estado Colonial Português e a Igreja Católica, ou seja, as
missões religiosas do catolicismo não só recuperam o estatuto anterior ao decreto de
1913, mas também ganha mais poder actuante e interventivo.
Para além dos domínios educativos, a missões católicas, podiam dirigir hospitais, e
administrar os serviços de saúde as comunidades, daí o papel preponderante
desempenhada pelas mulheres, visto que as irmãs é que estavam mais encarregues por
tal actividade nas unidades sanitárias.
Como forma de prestação de contas por parte da Igreja Católica junto ao Governo
Colonial Português, esta devia remeter ao executivo relatórios de cunho anual, expondo
as actividades exercidas ao longo de um dado ano, o que prova claramente que a Igreja
Católica era parte das instituições estatais, ainda que não formalizado de forma nítida,
mas a forma de actuação e de relacionamento entre ambos, era um indicador irrefutável
da institucionalização das missões católicas.
O outro aspecto que evidencia tal argumento, é que embora os missionários não fossem
declarados por lei como funcionários públicos, o Estatuto do Missionário de 1941, lhes
outorga privilégios equiparados, em algumas situações até mais vulto do que de
próprios funcionários do Estado, embora, por ausência dessa formalidade, não fossem
sancionados à luz do Regulamento que rege os funcionários públicos.
Bibliografia
MINISTÉRIO DAS COLONIAS. Decreto-Lei nº 233. Boletim Oficial, Província de
Moçambique, 1913.