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E TEORIA DO ESTADO
ORGANIZADORES PAULO ROBERTO DE SOUZA JUNIOR ;
TANIA CALHEIROS RODRIGUES
CM
Aproveite a leitura deste conteúdo essencial e bastante abrangente escrito
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de forma didática e que abordará os temas mais importantes da área. Bons
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estudos!
CMY
ISBN 9786555581034
Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa
Introdução ao Direito Brasileiro e Teoria do Estado / Paulo Roberto de Souza Junior ; Tania
Calheiros Rodrigues. – São Paulo: Cengage, 2020.
Bibliografia.
ISBN: 9786555581034
E-mail: sereducacional@sereducacional.com
PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL
Janguiê Diniz
Autoria
Paulo Roberto de Souza Junior
Graduado em direito e mestre em direito e desenvolvimento pela Universidade Estácio de
Sá. Atualmente é professor de Direito da Fundação de Amparo à Escola Técnica Estadual do Rio de
Janeiro. Autor de obras e artigos jurídicos.
Prefácio..................................................................................................................................................8
Este livro abrangente oferece tudo o que você precisa saber para ingressar no estudo
do Direito Brasileiro e conhecer todos os aspectos da Teoria do Estado. Dividido em
quatro unidades, serão apresentados os seguintes temas: história e conceitos do Direito;
teoria da norma jurídica; a formação do Estado e da sociedade; e, por fim, o Estado.
Na unidade 4 vamos falar sobre o Estado e seus elementos constitutivos. Você vai
conhecer aqui a evolução histórica do Estado, e terá uma explicação sobre a democracia,
seja direta, representativa, participativa. Os autores lançam luz a todos os aspectos do
Estado Democrático de Direito, da República Federativa do Brasil, apresentando temas
como representação política, eleições, voto, partidos políticos e sistemas partidários. E
o assunto que encerra o livro trata da identificação dos direitos individuais, coletivos,
sociais e econômicos estabelecidos na Constituição Federal de 1988.
O livro é escrito de forma bastante didática, com a evolução histórica muito bem
detalhada e o conteúdo explicado de forma bastante abrangente. Bons estudos!
UNIDADE 1
História e conceitos do direito
Introdução
Olá,
Você está na unidade História e Conceitos do Direito. Conheça aqui a história do Direito
no Brasil-Colônia; das ordenações do Reino Português (afonsina, manuelina e filipinas); o
Direito no Império, a República Velha e a Nova República. Aprenda também as origens, o
significado e as funções da palavra Direito e a dicotomia existente entre o direito público
e o direito privado. Compreenda ainda o conceito jurídico-filosófico de justiça, sanção e
coação e o papel do Estado na sociedade.
Bons estudos!
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1. O DIREITO NO BRASIL-COLÔNIA
A cultura colonial brasileira tem sua origem na colonização por países europeus como
Portugal, Espanha, Holanda, França, entre outros. Pedro Álvares Cabral chegou à Ilha de Vera Cruz
em 22 de abril de 1500, data que deu início ao Período Colonial no Brasil. A primeira expedição
buscando a apropriação de novos territórios foi comandada por Martim Afonso de Sousa, em
1530, tendo como principal objetivo percorrer o litoral. Portugal já possuía uma política movida
pela expansão comercial e marítima, a busca de riquezas, a descoberta de novas terras e protegia
a sua economia interna com uma política mercantilista. O primeiro produto a ser produzido no
Brasil foi o açúcar.
No mesmo ano, em 1549, com a vinda dos Jesuítas ao Brasil teve início o período da religião
cristã na História do país. Encerra-se nessa época a primeira parte da colonização brasileira,
voltada à ocupação do território, marcada pela estrutura fundiária e baseada na grande
propriedade rural, o latifúndio.
• Segundo Reinado
Vale salientar que a estrutura judicial no tempo do Império era composta por Magistrados,
que representavam os interesses do imperador ou mantinham-se fiéis aos interesses lusitanos.
#ParaCegoVer: A imagem mostra uma mulher segurando uma Constituição Federal junto ao
corpo.
Em segundo lugar, tem-se o Direito como fato social, o que equivale a ver o Direito Positivo
como uma realidade do plano histórico-cultural. Duas ciências são destinadas a estudar o
fato jurídico: a Sociologia do Direito e a História do Direito. A Sociologia do Direito distingue-
se da História do Direito, de forma que a segunda estuda o desenvolvimento dos fatos sociais
individualmente.
Diversa é, porém, a finalidade da Sociologia do Direito que estuda os fatos na sua generalidade.
A preocupação do sociólogo não é um fato que tenha acontecido, mas as condições ou as causas
geradoras do acontecimento, bem como seus nexos com os demais elementos ou fatores sociais.
É possível um terceiro olhar: considerá-lo como “estrutura normativa”. Ou seja: como processo
ou técnica de pensamento. Daí surge a Ciência Jurídica em si, como compreensão racional dos
direitos e deveres dos cidadãos na sociedade.
Projeção comportamental
Axiologia
Hermenêutica
indica a existente interação entre a parcela legislativa do Direito e a judiciária, sendo esta
última responsável pela interpretação (e aplicação, nos eventuais conflitos) das normas jurídicas.
• Direito Civil
• Direito Penal
• Direito Tributário
• Direito Trabalhista
• Direito Contratual
• Direito Ambiental
• Direito Empresarial
• Direito do Consumidor
• Direito Eleitoral
• Direito Digital
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• Direito Administrativo
Direito Civil
Direito Industrial
Direito Agrário
Direito Trabalhista
FIQUE DE OLHO
O Direito Civil é o ramo mais importante do direito privado. No Brasil, é inegável a influência
do Código Civil alemão para a sistematização do nosso Direito Civil. A palavra “código” deriva
de codex: tronco de árvore. O direito privado, nos países de tradição romano-germânica,
se pautou pela tutela da propriedade privada e da liberdade de contratar, enfatizando o
patrimonialismo e o individualismo em detrimento da pessoa humana. Assim, na origem do
direito privado, a propriedade e o contrato são os seus principais institutos, como centro do
direito positivo (MOREIRA, 2015).
4. JUSTIÇA X DIREITO
Direito e Justiça são conceitos que se inter-relacionam profundamente. Nem tudo que é
direito é justo e nem tudo que é justo é direito. Isso acontece porque a ideia de Justiça engloba
valores inerentes ao ser humano, transcendentais, tais como a liberdade, igualdade, fraternidade,
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dignidade, equidade, honestidade, moralidade, segurança, enfim tudo aquilo que vem sendo
chamado de direito natural.
O Direito é uma invenção humana, um fenômeno histórico e cultural concebido como técnica
para a pacificação social e a realização da justiça. A finalidade da justiça é a transformação social,
é a construção de uma sociedade justa, como expressamente previsto no artigo 3º da nossa
Constituição. Sociedade justa é uma sociedade sem preconceitos e discriminação de raça, sexo,
cor ou idade; uma sociedade livre, solidária, sem pobreza e desigualdades sociais.
Adequar o Direito à Justiça é tarefa constante do operador do direito. E assim é porque, sendo
a Justiça um sistema aberto de valores em constante mutação, por melhor que seja a lei, por mais
avançados os seus princípios, haverá sempre a necessidade de se criar novas fórmulas jurídicas
para ajustá-la às constantes transformações sociais e aos novos ideais da justiça.
Figura 2
Fonte: blvdone, Shutterstock (2020)
No que respeita ao aspecto dinâmico do Direito, mais uma vez nos valemos aqui de uma teoria
extrajurídica, a Teoria dos Sistemas Dinâmicos Não Lineares, objeto de estudo, entre outros campos
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FIQUE DE OLHO
Este é o desafio jurídico da pós-modernidade: o aprofundamento do estudo sobre o
transindividualismo, suas características, seus efeitos e os diversos enfoques que tem,
levando-se em conta a pluralidade de interesses e direitos envolvidos na problemática
do mundo contemporâneo, e a necessidade de se reconstruir a identidade humana
(SABELLA, 2014).
Continuando sua análise acerca da ordem jurídica, ainda em seu movimento estático, Kelsen
passa a dissertar sobre o que é, em verdade, o ilícito ou delito. Para a doutrina tradicional (ou a
jurisprudência tradicional), o ilícito seria a negação do Direito, aquela conduta que está fora do
Direito, por ser contrária a ela e, portanto, seria algo de imoral. Ao contrário, a partir da Ciência
Pura do Direito, a imoralidade não importa para a ordem jurídica, mas importa tão somente aquilo
que a própria ordem jurídica prevê como ação ou omissão. A coerção sempre estará presente no
ordenamento jurídico, pois essa visa submeter o indivíduo à aplicação da norma prevista, o que
se dará independentemente da vontade do sujeito, podendo, inclusive, se valer de força física
para tanto. Ainda que o indivíduo aceite a aplicação da sanção imposta, sem que seja necessário
o uso da força, não há a perda do caráter coativo da norma.
Aliado ao conceito de ilícito, surge o conceito de dever jurídico, que também está intimamente
ligado à sanção. Quando há uma ação ou omissão determinada pela ordem jurídica o indivíduo
tem o dever de agir conforme essa norma. Caso opte por proceder de forma oposta à conduta
devida, esse indivíduo aplica a norma, na medida em que sempre existirá uma outra norma
que liga uma sanção à conduta oposta. Para Kelsen, o Direito representa uma ordem à conduta
humana. O Direito vale-se de um ato coativo para punir um delito com uma pena. Por coação
entende-se a reação Estatal às condutas consideradas indesejáveis, reação esta externada através
da imposição de uma sanção – sempre acompanhada de um ato ou de força. O sentido subjetivo
e objetivo de um ato volitivo subentende a existência de um dever-ser onde se prescreve a sanção
como retribuição negativa ao ato delituoso. Deste modo, quando um sistema coercitivo torna-se
duradouramente eficaz, instaura-se uma ordem jurídica válida.
Além disso, Kelsen separa o ato sancionador da coação pura e simples. A coação pode
acompanhar a sanção, deixando patente a sua possibilidade (coercibilidade). Em segundo lugar, a
sanção é sempre a consequência preestabelecida para determinado comportamento. Por último,
assevera que ela será sempre imposta por autoridade competente, o que permitirá caracterizar
determinado ato de coação como sanção e não como coerção indevida, sendo a autoridade
competente determinada por norma superior.
Kelsen, traçando a distinção entre as diversas ordens sociais normativas, sublinha que o
Direito se distingue por atrelar à determinadas condutas indesejadas uma consequente aplicação
de um ato de coação, de emprego de força. Definindo Direito como uma ordem de coação, Kelsen
indica que sua função essencial é a de regulamentar o emprego da força nas relações entre os
homens. O Direito aparece, assim, como uma organização da força.
A análise da sanção para o ordenamento jurídico segundo Kelsen pode ser muito mais
desdobrada, situando sua relação com outros institutos estudados no capítulo da estática jurídica,
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Bobbio desenvolve seu conceito de sanção a partir da observação de sua função nas
sociedades modernas. Ele associa e interrelaciona em sua análise os conceitos sociedade, Direito e
jurista. Na primeira hipótese, a sociedade é estável, atuando o Direito como elemento de controle
social, regulando as relações privadas. Nestas sociedades, o operador do Direito restringe-se a
interpretar e aplicar as normas.
A segunda realidade social com a qual Bobbio se depara é a das sociedades em transformação,
onde o Direito tem sua função repressora mitigada em face ao aparecimento de novas formas de
controle social. Neste caso o Direito encontra-se também em mutação, incumbindo ao jurista
contribuir para a elaboração de uma nova realidade jurídica.
Este autor volta-se para a análise da função do Direito nas sociedades atuais, escolhendo
como pressuposto histórico-teórico a transmutação do Estado liberal em um Estado Promocional.
O Estado Liberal, essencialmente voltado para a segurança individual de seus co-partícipes e de
suas relações negociais, não se preocupa em influir no processo de desenvolvimento econômico
e social. Já o Estado Social volta suas atenções para o desenvolvimento industrial, através da
produção de bens e controle do processo econômico. Para atingir tal objetivo, amplia-se
consideravelmente sua estrutura burocrática, buscando não mais apenas castigar, mas também
incentivar as condutas entendidas como socialmente úteis (FILHO, 2013).
A sanção penal, como técnica de controle social, tornou-se inadequada para o enfrentamento
de diversos problemas da sociedade capitalista. Por isso, em paralelo com a pena, advoga-se a
utilização da sanção premial, por configurar-se como mecanismo mais aplicável à equação dos
entraves oriundos e próprios da necessidade de desenvolvimento econômico. Urge, portanto, a
elaboração de uma nova dogmática jurídica que recolha e sistematize os novos métodos jurídicos
postos em prática pelo Estado contemporâneo.
Sanção jurídica deve ser compreendida modernamente, como uma reação ou retribuição
prevista no ordenamento normativo, blindando-se esta contraprestação de uma feição premial
(sanção premial), quando o agente adota a conduta aprovada ou esperada, ou um caráter punitivo
(sanção negativa), quando o ato praticado é indesejado ou dissonante (FILHO, 2013).
Diante dessa nova realidade, da mutabilidade e da abertura das regras jurídicas ao progresso
e à mudança social, imperioso, reformular-se o arraigado pensamento jurídico, a fim de abrir-se
espaço para a existência e aceitação doutrinária da sanção premial e de novos termos jurídicos
vindouros.
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PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
FILHO, C. Direito, Justiça e Sociedade. Revista da EMERJ, v.5, n.18. 2002. Disponível em: .
Acesso em: 8 fev 2020.
FRIEDE, R. Percepção científica do Direito. 2009. Disponível em: . Acesso em: 8 fev. 2020.
REALE, M. As três acepções da palavra direito, 1949. Disponível em: . Acesso em: 8 fev.
2020.
Bons estudos!
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De forma preventiva, esta norma jurídica segundo DINIZ (2014, p. 363) “é a coluna vertebral do
corpo social”, trazendo em si alguma declaração do poder social responsável por manter a ordem
e equilíbrio. Portanto, a justiça é o principal objetivo da norma jurídica, ou seja, seu primordial
assunto. Entende-se, conforme DINIZ (2014, p. 357) por norma jurídica “não apenas a lei escrita,
mas também ao costume jurídico, às decisões normativas da justiça ou da administração e a
todos os preceitos que constituem, em cada sociedade, o campo de seu direito”.
Doutrina é definida como conjunto de princípios expostos nos livros de Direito, em que
firmam as teorias ou interpretações sobre a Ciência Jurídica (MPF, 2020). É uma necessidade
humana conseguir viver em sociedade de forma aceitável, respeitosa e organizada, para que cada
um tenha o justo direcionado pelo Direito Positivo. Para Bobbio (1997, p. 65-66), autor da Teoria
da Norma Jurídica, “a força não é o fim do Direito, mas é uma garantia de sua eficácia social”.
Função jurisdicional é definida como uma das funções o Estado que compete ao Poder
Judiciário, expressando a responsabilidade que têm os órgãos estatais de promover a realização
do direito justo e através do processo (MPF, 2020). A jurisprudência é a repetição uniforme e
contínua de uma decisão sempre no mesmo sentido (STF, 2020).
Fachin (2012, p. 232) atesta que neste cenário “a real dimensão dos problemas vai mais longe do
que tão-somente perseguir a política de alargamento do dever, de indenizar independentemente
de culpa, ou do próprio conceito de dano”. O que se vê é a fluidez de um mundo muito dinâmico,
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Vivemos hoje o chamado “Direito Pós-Moderno” e sua dúvida crucial é a seguinte, afirma
TEIXEIRA e CALHEIROS (2017, p. 352): “diante de tantas inovações, haverá mudanças nos
pressupostos que deram origem à separação clássica do Direito Público e Direito Privado?” Na
visão de juristas internacionais, Natalino Irti (Itália) e Ricardo Lorenzetti (Argentina), as esferas
dicotômicas já se tornaram esferas comunicadas e com certa desordem em suas fronteiras
(LORENZETTI, 2008).
O art. 1o da LINDB prevê: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país
quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”. Chama-se vacatio legis o tempo de
espera entre a publicação e a vigência de uma nova lei. No seu parágrafo 1o consta: “Nos Estados,
estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois
de oficialmente publicada”. Trata-se dos princípios da personalidade da lei e da territorialidade.
Veloso (2012, p. 40-41) infere as exceções:
Em alguns casos, pode a lei nacional incidir no estrangeiro, como a que trata de atribuições de
ministros, cônsules, embaixadores, funcionários de representações diplomáticas, bem como nos casos
em que a lei brasileira, por força de normas de direito internacional (público e privado), deva ser
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aplicada no exterior.
O inciso 3o cita: “Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto,
destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação”. O inciso § 4o trata: “As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova”.
No seu Art. 3o está descrito: “Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece”.
Este é o princípio da inescusabilidade do desconhecimento da lei.
O art. 7o estabelece: “A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre
o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família”. Seu inciso
§ 1o atesta: “Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos
impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração”. O inciso § 2o por sua vez afirma: O
casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares
do país de ambos os nubentes.
O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu
cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a
adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta
adoção ao competente registro.
O inciso § 6 º estabelece:
O art. 8o apresenta: “Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-
se-á a lei do país em que estiverem situados”. Aqui há o princípio “mobilia sequuntur personam”,
que segundo DINIZ et al (2012, p. 55) “somente será aplicável aos bens móveis em estado de
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mobilidade, caso em que dever-se-á aplicar a lei do domicílio de seu proprietário, afastando-se a
lei da situação”.
Em seu inciso § 1o: Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto
aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares. O inciso § 2o
esclarece: O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre
a coisa apenhada.
O art. 9o estabelece: “Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que
se constituírem”. O seu inciso § 1o regulamenta: “Destinando-se a obrigação a ser executada no
Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei
estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato”. O inciso § 2o : “A obrigação resultante do
contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente”.
O art. 10. apresenta: “A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que
domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens”.
Seu inciso § 1º afirma: “A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela
lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre
que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus”. Seu inciso § 2o afirma: “A lei do
domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder”.
O art. 11. prevê: “As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades
e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituírem”. Seu inciso § 1o: “Não poderão,
entretanto ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos
aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira”.
O art. 12. prevê: “É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado
no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação”. Seu inciso § 1o : “Só à autoridade judiciária
brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil”. Seu inciso § 2o :
O art. 13. afirma: “A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele
vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas
que a lei brasileira desconheça”. Trata-se aqui do princípio da territorialidade e prova dos fatos
ocorridos no exterior. Provas são a demonstração da veracidade ou existência daquilo que se
alega, ou seja, todo meio lícito e apto a firmar a convicção do juiz na sua decisão (MPF, 2020).
Figura 1 - Direito
Fonte: rawf8, Shutterstock (2020).
O art. 14. afirma: “Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca
prova do texto e da vigência”. Concebe-se neste caso, o princípio “iura novit cúria”, no qual o
órgão judicante deverá ter conhecimento preciso do direito nacional e saber encontrar a norma
aplicável ao caos em questão.
Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes requisitos:
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar
em que foi proferida;
Em seu art. 16, a Lei confirma: “Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de
aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão
por ela feita a outra lei”. Em seu Art. 17 esta Lei confirma: “As leis, atos e sentenças de outro país,
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bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a
soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes”.
O art. 18 esclarece:
Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar
o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de
óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado.
Já o inciso § 2o :
No caso em que a celebração desses atos tiver sido recusada pelas autoridades consulares, com
fundamento no artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao interessado é facultado renovar o pedido dentro
em 90 (noventa) dias contados da data da publicação desta lei.
Constitucionais;
Complementares;
Ordinárias;
Regulamentares;
Decisões normativas;
A lei ordinária, segundo MONTORO (2014, p. 387), é “a norma jurídica elaborada pelo Poder
Legislativo em sua atividade comum e típica”. Exemplos: Código Civil, Códigos em geral, lei
eleitoral, lei dos partidos políticos, lei do inquilinato, lei de falências, lei de sociedades anônimas,
lei do salário-família, lei de acidentes de trabalho, lei de defesa do consumidor, etc. Ao lado delas
estão, de acordo com o art. 59 da CF: as leis delegadas (art. 68 CF), as medidas provisórias (art.
62), os decretos administrativos e as resoluções.
FIQUE DE OLHO
Expectativa de direito é diferente de direito adquirido. A primeira significa direito em
formação e ainda não consumado. Já o direito adquirido é, segundo VELOSO (2012,
p. 50), “é garantido constitucionalmente, ou seja, que já está formado, concluído, e
ingressou definitivamente no patrimônio material ou moral de seu titular, mesmo que
este não o tenha ainda, exercido, e é bom não confundir aquisição com exercício do
direito”. Aqui temos os princípios constitucionais da irretroatividade da lei, respeito,
imutabilidade e intangibilidade da coisa julgada.
Transitar em julgado é expressão usada para uma decisão – sentença ou acórdão – de que não
cabe mais recurso, seja porque já passou por todos os recursos possíveis, seja porque o prazo para
recorrer terminou (STF, 2020).
As fontes materiais ou reais, por serem fontes de produção do direito positivo, consistem
no conjunto de fatos sociais determinantes do conteúdo do direito e nos valores, que o direito
procura realizar, fundamentalmente sintetizados no conceito amplo da justiça.
As fontes formais podem ser divididas em formais estatais e formais não estatais. As fontes
formais estatais são a legislação, a jurisprudência e as convenções internacionais.
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Legislação ou atividadelegiferante
É o processo pela qual um ou vários órgãos estatais formulam e promulgam normas jurídicas
de observância geral, que podem ser primárias, tais como a lei constitucional, complementar,
ordinária, delegada, a medida provisória, o decreto legislativo, as resoluções do Senado, as
portarias, as ordens de serviço. A rigor a fonte jurídica formal é o processo legislativo constituído
por conjunto de fases constitucionalmente estabelecidas, pelas quais há de passar o projeto de
lei, até sua transformação em lei vigente.
Jurisprudência
Convenção internacional
Cria norma geral (tratados) disciplinadora das relações entre Estados. Cria norma individual
se os Estados, por conveniência, resolvem uma questão relativa a cidadão de qualquer deles
Já as fontes formais não estatais são o costume, a doutrina, o poder negocial e o poder
normativo dos grupos sociais.
Poder negocial
O Estado não é o único criador de normas, os grupos sociais, como a Igreja, o clube, o
sindicato, etc., também têm o poder de estabelecer suas próprias ordenações jurídicas, desde
que conforme com a ordenação da sociedade política.
Em 2018, a Lei n. 13.655 acrescentou os arts. 20 a 30. O art. 20 determina: “Nas esferas
administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos
sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão”. Seu parágrafo único traz: “A
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Negócio jurídico consiste, de acordo com DINIZ et al (2014, p. 354), “numa autorregulamentação
dos interesses particulares reconhecida pelo ordenamento jurídico que, assim, dá força criativa
ao negócio”. Contrato é espécie de negócio jurídico, sendo os negócios jurídicos unilaterais ou
bilaterais (ou ainda plurilaterais).
O art. 21 prevê: “A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar
a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo
expresso suas consequências jurídicas e administrativas”. Seu parágrafo único traz:
A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar as condições para
que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos interesses gerais, não
se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das peculiaridades do caso,
sejam anormais ou excessivos.
O art. 22 estabelece: “Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados
os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo,
sem prejuízo dos direitos dos administrados”. Seu inciso 1º: “Em decisão sobre regularidade
de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, serão
consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado ou condicionado a ação
do agente”.
Seu inciso 2º: “Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da
infração cometida, os danos que dela provierem para a administração pública, as circunstâncias
agravantes ou atenuantes e os antecedentes do agente”. Seu inciso 3º: “As sanções aplicadas ao
agente serão levadas em conta na dosimetria das demais sanções de mesma natureza e relativas
ao mesmo fato”. O art. 23 prevê:
DINIZ et al (2014, p. 364) afirma que “é bom pôr em evidência que esse poder não constitui uma
força arbitrária, pressupõe sempre uma série de valores para a elaboração da norma jurídica”.
Lei é regra geral e contínua a que todos estão submetidos (MPF, 2020). Jurisprudência é
repetição uniforme e constante de uma decisão em mesmo sentido (MPF, 2020). Parte é toda
pessoa que participa de um processo, podendo ser a parte que iniciou o processo ou a parte que
se defende (MPF, 2020).
Ainda nesse sentido, recurso é escolha do relator do processo, por sorteio, podendo acontecer
também por prevenção, ou seja, o processo é distribuído para um ministro que já seja relator da
causa ou de processo conexo (MPF,2020).
O inciso 1º estabelece:
IV - deverá prever com clareza as obrigações das partes, o prazo para seu cumprimento e as
sanções aplicáveis em caso de descumprimento.
O art. 30 afirma: “As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na
aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a
consultas”. Seu parágrafo único: “Os instrumentos previstos no caput deste artigo terão caráter
vinculante em relação ao órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão”.
instituto pelo qual se restabelece a vigência de uma lei revogada pela revogação da lei que a
tinha revogado. Ex: a lei "A" é revogada pela lei "B"; advém a lei "C", que revoga a lei "B" e diz que a
lei "A" volta a viger. Deve haver dispositivo expresso, não existindo repristinação automática (nem a
Constituição Federal pode repristinar automaticamente uma lei).
1º. A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela
incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga
nem modifica a lei anterior.
§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido
a vigência.
O art. 24 corrobora:
A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato, contrato,
ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará em conta
as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de orientação
geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas. Parágrafo único. Consideram-se
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Cabe salientar que a jurisprudência tem valor de verdadeira fonte jurídica (MONTORO, 2014).
Reconhece-se o importante papel dela no ordenamento jurídico brasileiro, pois além de fonte,
sua pacificação resulta na ordem jurídica. Já a sentença é entendida como decisão do juiz que põe
fim a um processo (MPF, 2020).
FIQUE DE OLHO
No direito anglo-saxão (americano), a jurisprudência tem enorme peso nas decisões
jurídicas. No direito latino, essa influência é menor pois há uma predominância
legislativa para a resolução do caso concreto. Nem os juízes, nem os tribunais estão
obrigados a decidirem em mesmo sentido.
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito
adquirido e a coisa julgada. Seu inciso § 1º afirma: “Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado
segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou”. Seu inciso § 2º prevê: “Consideram-se
adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por Ele, possa exercer, como aqueles
cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a
arbítrio de outrem”.
O inciso § 3º: “Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba
recurso”. Parágrafo único:
Cabe salientar que jurisdição é a extensão do poder de julgar de um juiz (MPF, 2020).
Concluímos que o sistema codificado tem história e valores de uma determinada época e que,
no Direito Pós-Moderno, o intérprete-juiz tem nas mãos maior responsabilidade de analisar de
forma multidisciplinar o direito pretendido.
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PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
FACHIN, L. E. Teoria crítica do direito civil. 3 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2012.
Bons estudos!
47
Já Karl Marx afirma que a sociedade, sendo heterogênea, é constituída por classes sociais
que se mantêm por meio de ideologias dos que possuem o controle dos meios de produção (as
elites). Numa sociedade capitalista, o acúmulo de bens materiais é valorizado, enquanto o bem-
estar coletivo é secundário.
O ser humano se une a seu semelhante, devido a sua condição essencial de vida, já que
possui a razão, diferentemente dos demais seres, que se uniram por impulso e, por conseguinte,
entendeu o conceito de bem e mal, por exemplo. Assim, a sociedade é “um produto da conjugação
de um simples impulso associativo e da cooperação da vontade humana (idem, p. 12).
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Esta corrente possui inúmeros adeptos, na atualidade, como o italiano Ranelletti, segundo
Dallari (2005, p. 13), que acredita que
só na convivência e com a cooperação dos semelhantes o homem pode beneficiar-se das energias,
dos conhecimentos, da produção e da experiência dos outros, acumuladas através de gerações,
obtendo, assim, os meios necessários para que possa atingir os fins de sua existência, desenvolvendo
todo o seu potencial de aperfeiçoamento, no campo intelectual, moral ou técnico.
Por outro, há adeptos da teoria contratualista, como Platão, em A República, que é o primeiro a
discordar da teoria natural, entendendo que a sociedade surgiu de um contrato social. Entretanto,
este contratualismo apareceu fortemente na obra de Thomas Hobbes, Leviatã, publicado em 1651,
onde procurou se defender que o homem ao superar o estado de natureza estabeleceu o estado
social, através de um contrato social, que garante a transferência mútua de direitos.
Para Montesquieu, segundo Dallari (2005, p. 15) existem também leis naturais que o levam a
escolher a vida em sociedade.
Outro expoente da teoria do contratualismo foi Rousseau, entretanto, suas ideias vigoram
até hoje na afirmação, segundo Dallari (idem, p. 16) que o “povo é soberano, no reconhecimento
da igualdade como um dos objetivos fundamentais da sociedade, bem como na consciência que
existem interesses coletivos distintos dos interesses de cada membro da sociedade”.
2 PODER SOCIAL
A palavra poder vem do latim potere, que significa capacidade de fazer algo, remete-se a uma
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imposição de vontade, o qual está inserido dentro das relações sociais, ou seja, “se refere aos meios
necessários para se alcançar fins almejados; ele se expressa na relação com a natureza – domínio do
homem sobre esta – e nas relações que envolvem o gênero humano” (SILVA, 2018, p. 34).
Este poder, segundo Foucault, reprime, mas também produz efeitos de saber e verdade.
Trata-se (...) de captar o poder em suas extremidades, em suas últimas ramificações (...) captar
o poder nas suas formas e instituições mais regionais e locais, principalmente no ponto em que
ultrapassando as regras de direito que o organizam e delimitam. Em outras palavras, captar o poder na
extremidade cada vez menos jurídica de seu exercício (FOUCAULT, 1979, p.182).
O poder não é restrito a uma determinada relação social ou possui determinadas características
institucionais ou organizacionais. Este em sua forma “positiva” apresenta-se como positivo, já que
não se fixa apenas dentro da repressão.
O dicionário de filosofia conceitua poder, na esfera social como "a capacidade de este
conseguir algo, quer seja por direito, por controle ou por influência. O poder é a capacidade de
se mobilizar forças econômicas, sociais ou políticas para obter certo resultado" (Blackburn, 1997,
p. 301).
Este poder social é um fenômeno social, que visa uma conexão entre seres humanos, o
aspecto principal é a capacidade de agir ou influenciar ações entre terceiros.
Entretanto, para os anarquistas, representados por Diógenes, originada dos filósofos da Grécia
antiga (século V e VI a. C) chamados Cínicos, o negam, pois para o homem deve viver conforme
sua natureza, não se preocupando na aquisição de bens. Outros que o negam é o cristianismo ao
não permite um poder sobre outros durante passagens do Evangelho.
Não podem ser relacionados como manifestação política, já que política vem do latim
“politics” e significa o uso de maneiras que expressam as relações de poder na busca uma solução
pacífica de conflitos, ou seja, são ações ou atividades dentro das ações do Estado.
Poder tradicional
Poder racional
Poder carismático
é aquele exercido pelos líderes sobre seus aliados, por meio de seu carisma.
Bobbio (2009), por outro lado, reconhece três formas de poder, advindas do cenário político.
O poder econômico
é o primeiro é o que se vale da posse de certos bens, necessários ou considerados como tais, numa
situação de escassez, para induzir aqueles que não os possuem a manter um certo comportamento,
consistente sobretudo na realização de um certo tipo de trabalho. Na posse dos meios de produção
reside uma enorme fonte de poder para aqueles que os têm em relação àqueles que os não têm: o
poder do chefe de uma empresa deriva da possibilidade que a posse ou disponibilidade dos meios de
produção lhe oferece de poder vender a força de trabalho a troco de um salário (BOBBIO, 2009, p. 955).
O poder ideológico, segundo Bobbio (2009) nasce da influência que as ideias formuladas de
um certo modo, expressas em certas circunstâncias, por uma pessoa investida de certa autoridade
e difundidas mediante certos processos, exercem sobre a conduta dos consociados: deste tipo
de condicionamento nasce a importância social que atinge, nos grupos organizados, aqueles
que sabem, os sábios, sejam eles os sacerdotes das sociedades arcaicas, sejam os intelectuais
ou cientistas das sociedades evoluídas, pois é por eles, pelos valores que difundem ou pelos
conhecimentos que comunicam, que se consuma o processo de socialização necessário à coesão
e integração do grupo.
Já o poder político pertence à categoria do poder do homem sobre outro homem, não à
do poder do homem sobre a natureza. Esta relação de poder é expressa de mil maneiras,
onde se reconhecem fórmulas típicas da linguagem política: como relação entre governantes e
governados, entre soberano e súditos, entre Estado e cidadãos, entre autoridade e obediência
etc. Há várias formas de poder do homem sobre o homem; o poder político é apenas uma delas.
Estes três poderes são, comumente, observados na sociedade em que vivemos: o poder
econômico (por meio da globalização); o poder ideológico (por meio da influência dos meios de
comunicação junto à sociedade) e o poder político (por meio da relação entre sujeitos dotados
de capacidade política).
Importante frisar que o poder político tem como missão o controle da sociedade, onde os
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seus detentores determinam aos destinatários o cumprimento das decisões que representam
a todos. A limitação do exercício deste poder (quanto aos seus detentores eventuais), segundo
André Ramos Tavares (2013, p. 773) “por meio do povo é consectário do constitucionalismo e
atende, nessa perspectiva, ao princípio da dignidade da pessoa humana, consagrando de maneira
definitiva a cidadania”. Entretanto, na ausência de sua limitação o poder pode corromper-se e
transformar governos que eram legítimos em ilegítimos, dotando-os de características que
violem a dignidade humana.
como um conjunto de relações por intermédio dos quais vários indivíduos vivem e atuam
solidariamente, de forma ordenada, visando estabelecer entidade nova e superior. Seus principais
teóricos: Aristóteles, Platão, Comte (organismo materialista), Savigny (organicismo ético e idealista) e
Del Vecchio (SOARES, 2001, p. 42).
A sociedade é constituída por meio do somatório de papeis que cada ser humano representa
em sociedade. Esta teoria se divide em:
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• materialista
• sociedade é um organismo
• idealista
A teoria mecanicista é formada pela união de pessoas, que são dotados de independência
em suas atitudes, onde agem com autonomia e liberdade. Para estes a sociedade surgiu da
união voluntaria de pessoas. Há pontos positivos e negativos, como positivo, podemos destacar
a valorização do individual, através do desenvolvimento de suas funções; e, como negativo, lesa
a concepção do conceito de bem comum.
4 ESTADO E SOBERANIA
O Estado é tido como uma pessoa jurídica de direito público, que possui autonomia em suas
decisões e que visa cuidar dos interesses dos membros da sociedade que se formou.
O conceito de Estado pode ser estudado por vários ângulos, segundo Guilherme Peña de
Moraes (2014). Assim, o conceito filosófico foi proposto por Georg Hegel, onde o Estado deduziria
a realidade da ideia ética, a partir da relação entre a família e a sociedade; o conceito sociológico
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por Max Weber, o Estado era detentor do monopólio da força física legitima; e, o conceito jurídico
de Georg Jellinek, o Estado possuía o poder político, constituído sobre determinado território
dirigido a certa população.
A teoria não contratual baseia no aparecimento do Estado que define seu nascimento através
de uma formação natural ou espontânea do Estado. A causa determinante deste aparecimento
pode ser de origem familial ou patriarcal, que tem como base a família ou de origem em atos de
força, de violência ou de conquista, que um determinado grupo é considerado como superior ao
mais fraco, originando o Estado desta associação entre dominantes e dominado.
A teoria contratual, expostas por Thomas Hobbes, Jonh Locke e Jean-Jacques Rousseau, narra
que o Estado teve seu início através de um contrato social, ou seja, um acordo de vontades entre
os membros da sociedade.
Para muitos autores, o Estado, assim como a própria sociedade, existiu sempre, pois desde que
o homem vive sobre a Terra acha-se integrado numa organização social, dotada de poder e com
autoridade para determinar o comportamento de todo o grupo.
Uma segunda ordem de autores admite que a sociedade humana existiu sem o Estado durante um
certo período. [...] não houve concomitância na formação do Estado em diferentes lugares, uma vez
que este foi aparecendo de acordo com as condições concretas de cada lugar.
A terceira posição é a que é a que foi referida: a dos autores que só admitem como Estado a
sociedade política dotada de certas características bem definidas.
FIQUE DE OLHO
Há outras teorias de origem do Estado, como mencionado por Guilherme Peña de
Moraes (2004), a teoria de origem patriarcal de Robert Filmer; teoria de origem
patrimonial deFriedrich Engels; teoria de origem violenta de Franz Oppenheimer;
teoria de formação natural de Maurice Hauriou; teoria de formação histórica de Johann
Bluntschli; e, teoria de formação jurídica de Carré de Malberg.
População
é o centro de vida do Estado e de suas instituições. A organização política tem por finalidade
controlar a sociedade e, ao mesmo tempo, protegê-la.
Território
A sede do organismo estatal é constituída por seu território - base geográfica que se estende
em uma linha horizontal de superfície terrestre ou de água e uma vertical, que corresponde tanto
à parte interior da terra e do mar quanto à do espaço aéreo.
Soberania
soberania é o poder absoluto e perpétuo de uma República, palavra que se usa tanto em relação
aos particulares quanto em relação aos que manipulam todos os negócios de estado de uma República.
(DALLARI, 2005, p. 77).
A soberania vincula-se ao poder político de organização jurídica que o Estado tem sobre seu
elemento físico e humano. Pode-se compreender a soberania, a partir de FOUCAULT (2015), como
uma forma de poder que possibilita a retirada de recursos dos espaços físicos por determinados
atores sociais. Nesse sentido, a soberania
está vinculada a uma forma de poder que se exerce muito mais sobre a terra e seus produtos
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do que sobre os corpos e seus atos: se refere à extração e apropriação pelo poder dos bens e da
riqueza e não do trabalho (...) Este novo tipo de poder, que não pode mais ser transcrito nos termos da
soberania, é uma das grandes invenções da sociedade burguesa. Ele foi um instrumento fundamental
para a constituição do capitalismo industrial e do tipo de sociedade que lhe é correspondente; este
poder não soberano, alheio à forma da soberania, é o poder disciplinar (FOUCAULT (2015, p. 291).
Entretanto, Oliveira (1998) salienta que os Estados não podem viver sozinhos, pois há
necessidade de interagirem, ou seja, trocarem informações, mercadorias e conhecimentos. Há
necessidade de uma integração econômica. Assim, ela não é ilimitada como era dirigida em
épocas passadas. “Tampouco essencial à definição de Estado, como queria Bodin” (OLIVEIRA,
1998, p. 237).
Há mudanças sociopolíticas que deverão ser levadas em conta quando nos deparamos com
o conceito de soberania.
• Una
• Indivisível
• Inalienável
não poder doada, vendida ou empresta, já que quando alguém a perde desaparece;
• Imprescritível
Não há limites impostos à mesma (poder, cargo ou tempo) e possui caráter absoluto (não há
tempo de duração). Soma-se a inalienabilidade, que Bodin não mencionou, mas outros a fizeram.
Esta coloca seu titular acima do direito interno e permite escolher se aceita as determinações
internacionais. A soberania só é desfeita quando se extinguir o próprio Estado.
Todavia, Kelsen salienta que soberana não é um “poder”, nem tão pouco uma “qualidade de poder”,
mas representa apenas a validade e a unidade de um dado sistema de normas. O Estado é soberano
quando suas normas têm validade suprema, ou seja, a uma ordem jurídica total e não parcial.
5 REGIMES POLÍTICOS
O conjunto de regras e critérios que define quem será o detentor desse poder consiste nos
chamados regimes políticos, segundo Paraíso (2017). Existem dos principais: os democráticos e
os autoritários.
#ParaCegoVer: A imagem mostra dois regimes políticos: um que respeita o povo, chamado
de democracia, e, o outro que agride o povo, conhecido como ditadura, instalada em regimes
autoritários e totalitários.
Já, nas autocracias, ou regimes autocráticos, são as formas “menos graves” de regimes
autoritários – ao menos, quando comparados com os totalitários. As liberdades fundamentais
encontram-se limitadas, com aconteceu no Brasil durante o período da ditadura militar (1964-
1985).
Os Estados compostos possuem os seguintes tipos: união pessoal, união real, união
incorporada, federação e confederação. A União pessoal é característico da monarquia ocorrendo
quando o mesmo monarca é o ocupante do trono em duas ou mais monarquias. Entretanto, quer
dentro do Estado quer fora deste espaço, as monarquias não perdem características próprias e
nem sua independência. Esta é transitória e não mais existe na atualidade.
A União real é observada apenas dentro das monarquias, onde há uma fusão destas, assim,
no plano internacional, forma-se apenas uma única pessoa jurídica, entretanto, cada Estado terá
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Por fim, o Estado Federal ou Federação de Estados é um Estado composto de outros Estados
que ao longo de sua existência perderam sua soberania e a representação política diante
dos demais Estados nacionais. Há repartição de competências entre os entes federados, sem
hierarquia entre estes e autonomia, decorrente do poder constituinte originário que uniu as
entidades federativas.
• onde o Poder Central se sobrepõe aos poderes das demais unidades federativas;
a teoria do ordenamento jurídico se baseia em três caracteres fundamentais a ela atribuídos: a unidade,
a coerência e a completitude; são estas três características que fazem com que o direito no seu conjunto seja
um ordenamento e, portanto, uma entidade nova, distinta das normas singulares que o constituem.
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Para Kelsen, não há a possibilidade de direito fora do Estado. Todo direito é estatal, e se alguma
possibilidade existe de criação paralela de normas jurídicas, essa possibilidade deve-se a uma
espécie de delegação, consentimento ou tolerância do próprio Estado. (WALD, 2003, pág. 20).
c) considera que a validade dos tratados repousa na norma interna, o que implicaria em
equivocada revogação, modificação ou caducidade da norma internacional toda vez que a norma
interna fosse alterada.
Para definir qual norma deverá prevalecer em caso de conflito entre o direito interno e o direito
internacional foram desenvolvidas duas vertentes distintas dentro do próprio monismo: o monismo
internacionalista, no qual se defende a primazia do direito internacional, com o ajuste a ele de todas
as ordens internas, e o monismo nacionalista, que pugna pela primazia conferida ao direito interno,
com a adoção discricionária dos preceitos de direito internacional (REZEK, 2006, p. 4).
Assim, há apenas ordem jurídica, onde a norma interna tem prevalência sobre a norma
internacional.
Refere-se a uma teoria segundo a qual o direito internacional se aplica diretamente nas ordens
jurídicas dos Estados, independentemente de qualquer transformação, uma vez que esses mesmos
entes, em sua relação com outros sujeitos de direito das gentes, contrairiam compromissos que
se interpenetrariam e que somente se sustentariam juridicamente por pertencer a um sistema
jurídico uno, baseado na identidade de sujeitos e de fontes, as quais seriam sempre objetivas, e não
dependentes, em rechaçamento ao voluntarismo estatal (MAZZUOLI, 2011, p. 81).
o dualismo (ou pluralismo), partindo de Gierke e Gurvitch, ganhou terreno com a doutrina de
Léon Duguit o qual condenou formalmente a concepção monista, admitiu a pluralidade das fontes do
Direito positivo e demonstrou que as normas jurídicas têm sua origem no corpo social. Desdobrou-se
o pluralismo nas correntes sindicalista e corporativistas, e, principalmente, no institucionalismo de
Hauriou e Rennard, culminando, afinal, com a preponderante e vigorosa doutrina de Santi Romano,
que lhe deu um alto teor de precisão científica.
Por outro lado, o primeiro estudo sistemático do conflito entre a norma interna e a norma
internacional foi feito por Triepel (1964), que diz que
o direito internacional e o direito nacional não são somente diferentes disciplinas jurídicas
como também diferentes ordens jurídicas. São dois círculos que, no máximo, se tocam, mas nunca
se entrecortam. Assim, de nosso ponto de vista, é de uma perfeita contradição considerar o direito
internacional como direito nacional ou vice-versa (TRIEPEL, 1964, p. 111 apud MADEIRA E MARÓN,
2016, p. 67).
62
Essa posição é fundamentada em três diferenças básicas que existiriam nessas ordens
jurídicas:
• na ordem internacional, o Estado seria o único sujeito de direito, enquanto que, na or-
dem interna, o homem também poderia ser sujeito de direitos;
PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. (Orgs). Dicionário de política A-K. 5ª ed.
Brasília: EDUNB, 1993.
DALLARI, D. A. Elementos de Teoria Geral do Estado. 25ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
NUNES, R. Manual de Introdução ao Estudo do Direito. 10 ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
PORFÍRIO, F. Poder. In: Brasil Escola. Disponível em: . Acesso em: 19 mar. 2020.
SANTOS, B. S. Pela mão de Alice: o social e o político na pós modernidade. São Paulo:
Cortez, 1995. In: SANTOS, Boaventura de Sousa. Reinventar a democracia. Lisboa:
Fundação Mário Soares; Gradiva, 1999.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
WALD, A. Direito Civil: introdução e parte geral. 10.ed. São Paulo: Saraiva, 2003
Bons estudos!
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Outros o entendem como ordem jurídica soberana cujo fim é o bem comum de um povo
localizado em determinado território (DALARI, 2000). Sob uma perspectiva cronológica, o Estado
viveu as seguintes fases: Estado Antigo, Estado Grego, Estado Romano, Estado Medieval, Estado
Moderno e Pós-Moderno.
g) Confusão entre as ideias de família, Estado, religião e indústria (MALUF; DALARI; MENEZES,
1999).
O Estado Romano foi o berço do Direito e ergueu-se estruturado na família, com o objetivo de
expansão territorial e política. O povo participava diretamente do governo nos comícios, contudo
a palavra final era sempre dos cidadãos romanos.
Já o Estado Medieval dá-se com a queda do Império Romano. Suas principais características são:
d) a descentralização feudal;
Já o Estado Pós-moderno é entendido por como a sociedade das novas tecnologias após
o Estado Moderno, no qual há a ruptura da ideia Direito Público e Direito Privado, cabendo o
surgimento de microssistemas jurídicos que se relacionam entre si (LORENZETTI, 2008).
Segundo essa doutrina, logo abraçada por G. Meyer, Jellinek, Anschuetz, Otto Mayer, Stammler e
outros clássicos da literatura jurídica alemã, o território do Estado nada mais significa que a extensão
espacial da soberania do Estado. Consoante a teoria de Fricker, a relação do Estado com o território
deixa de ser uma relação jurídica, visto que, não sendo o território objeto do Estado como sujeito, não
pode haver nenhum direito do Estado sobre seu território. A essa conclusão de Fricker, acrescentava-
se outra de que o poder do Estado não é poder sobre o território, mas no território e qualquer
modificação do território do Estado implica a modificação mesma do Estado (BONAVIDES, 1997).
Além de ser compreendido como parte essencial do Estado, o território também é elemento
de integração social e cidadania. Há ainda autores que defendem o fato de a Nação poder
existir sem território próprio e demarcado, como o caso da nação judaica. São exceções que não
invalidam a regra.
• Poder originário
• Poder indivisível
• Poder inalienável
• Poder coercitivo
Ela é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, e tem
como fundamentos:
I – Soberania;
II – Cidadania;
IV – Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, e quaisquer
outras formas de discriminação (CF, 1988, Art. 3).
I – Independência nacional;
IV – Não-intervenção;
VI – Defesa da paz;
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social
e cultural dos povos da América Latina, visando a formação de uma comunidade latino-americana de
nações (CF, 1988, Art. 4).
O atual Estado Democrático de Direito Brasileiro estabelece como seus pilares sociais:
a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança,
a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, bem como a assistência aos
desamparados (CF, 1988, Art. 6). O art. 7 prevê todos os direitos dos trabalhadores urbanos e
rurais. Já o art. 8 determina que é livre a associação profissional ou sindical, assegurado também
o direito de greve, sendo estes direitos advindos do Estado Social.
Tem como premissa máxima seu art. 5, o qual determina que todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade
(CF, 1988, art. 5).
Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar
obrigatório, os conscritos. São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. São condições de
elegibilidade:
I – a nacionalidade brasileira;
V – a filiação partidária;
FIQUE DE OLHO
A perda ou suspensão dos direitos políticos somente se dará nos seguintes casos:
V – improbidade administrativa, nos termos do art. 37, parágrafo 4 (CF, 1988, Art. 15).
A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se
aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência (CF, 1988, Art. 16).
Pesquisa feita em 29 de abril de 2019 aponta que no Brasil, 83% das pessoas estão
descontentes desde 2016 com a democracia como sistema político (UOL, 2019).
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#ParaCegoVer: Os dados do gráfico demonstram que a crença na democracia por parte dos
brasileiros vem diminuindo.
É percebido que boas democracias geram menos corrupção, maior grau de instrução, menor
criminalidade e maior crescimento econômico. Vejamos os índices brasileiros a seguir.
Seu parágrafo 1º assegura que é dada aos partidos políticos autonomia para definir sua
estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos
permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios
de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas
eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito
nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de
disciplina e fidelidade partidária (CF, 1988, art. 17, parágrafo 1).
O órgão que representa melhor esta democracia indireta e representativa é a Câmara dos
Deputados em Brasília, conforme a figura.
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válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2%
(dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou II - tiverem elegido pelo menos quinze
Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação (CF, 1988,
art. 17, parágrafo 2 e 3).
6. O ESTADO E O INDIVÍDUO
o Título II, Capítulo I, art. 5º da CF traz o rol dos direito individuais e coletivos, sendo eles:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; II
- ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; III -
ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; IV - é livre a
manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.
O inciso VIII diz ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos
imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; IX - é livre a expressão da
atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura
ou licença; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
O inciso XI diz a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro,
ou, durante o dia, por determinação judicial; XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal
ou instrução processual penal.
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O inciso XIII diz é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer; XIV - é assegurado a todos o acesso à informação
e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; XV - é livre a
locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei,
nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
O inciso XVI diz todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; XVIII - a
criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo
vedada a interferência estatal em seu funcionamento.
O inciso XIX diz as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas
atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; XXI - as entidades
associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados
judicial ou extrajudicialmente.
O inciso XXII diz é garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a sua
função social; XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade
ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constituição; XXV - no caso de iminente perigo público, a
autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário
indenização ulterior, se houver dano.
O inciso XXVI diz a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada
pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade
produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; XXVII - aos autores
pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível
aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: a) a proteção
às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas,
inclusive nas atividades desportivas; b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico
das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas
representações sindicais e associativas.
O inciso XXIX diz a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para
sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes
de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento
tecnológico e econômico do País; XXX - é garantido o direito de herança; XXXI - a sucessão de bens
de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos
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filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus".
O inciso XXXII diz o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; XXXIII -
todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; XXXIV -
são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos
Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção
de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de
interesse pessoal.
O inciso XXXV diz a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito; XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com
a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c)
a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.
O inciso XXXIX diz não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal; XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; XLI - a lei punirá qualquer
discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; XLII - a prática do racismo
constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; XLIII - a
lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
O inciso XLIV diz constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis
ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; XLV - nenhuma pena passará
da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento
de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite
do valor do patrimônio transferido; XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará,
entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d)
prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos.
O inciso XLVII diz não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e)
cruéis; XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do
delito, a idade e o sexo do apenado; XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física
e moral; L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus
filhos durante o período de amamentação.
O inciso LI diz nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime
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O inciso LVI diz são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; LVII -
ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
previstas em lei; LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal; LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando
a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem.
O inciso LXI diz ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou
crime propriamente militar, definidos em lei; LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa
por ele indicada; LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado.
O inciso LXIV diz o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por
seu interrogatório policial; LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade
judiciária; LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança; LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável
pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
O inciso LXIX diz conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data , quando o responsável pela ilegalidade ou
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições
do Poder Público; LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido
político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos
interesses de seus membros ou associados.
O inciso LXXI diz conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; LXXII - conceder-se-á habeas
data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes
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O inciso LXXIII diz qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento
de custas judiciais e do ônus da sucumbência; LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; LXXV - o Estado indenizará o condenado por
erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença.
O inciso LXXVI diz são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: a) o
registro civil de nascimento; b) a certidão de óbito; LXXVII - são gratuitas as ações de habeas
corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania; LXXVIII - a
todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os
meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
Seu inciso VI diz irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria; IX
- remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; X - proteção do salário na forma da lei,
constituindo crime sua retenção dolosa; XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da
remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei.
Seu inciso XII diz salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda
nos termos da lei; XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e
quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo
ou convenção coletiva de trabalho; XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
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Seu inciso XVII diz gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do
que o salário normal; XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a
duração de cento e vinte dias; XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; XX - proteção
do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; XXI - aviso
prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; XXII
- redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
Seu inciso XXIII diz adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou
perigosas, na forma da lei; XXIV - aposentadoria; XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes
desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; XXVI - reconhecimento
das convenções e acordos coletivos de trabalho; XXVII - proteção em face da automação, na
forma da lei; XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a
indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
O inciso XXIX diz ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos
após a extinção do contrato de trabalho; XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de
funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; XXXI - proibição
de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador
de deficiência; XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou
entre os profissionais respectivos; XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre
a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
aprendiz, a partir de quatorze anos.
O inciso XXXIV diz igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício
permanente e o trabalhador avulso. Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII,
XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei
e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias,
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII,
XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social.
definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de
um Município.
Seu inciso III diz ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais
da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; IV - a assembléia geral fixará
a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para
custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente
da contribuição prevista em lei; V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a
sindicato; VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho.
Seu inciso VII diz o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações
sindicais; VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura
a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o
final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Parágrafo único. As disposições
deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas
as condições que a lei estabelecer.
FIQUE DE OLHO
O art. 9º assegura o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a
oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. O
art. 10 atesta que é assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos
colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários
sejam objeto de discussão e deliberação. O art. 11 prevê que nas empresas de mais
de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a
finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.
PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
LEE, J.; WRAY, A. Status epilepticus. Journal of Education and Teaching in Emergency
Medicine, v. 2, n. 2, 2017.
LIMA, A.; ROCHA, M. AVC isquémico: quando o risco cardiovascular é inocente! SESSÕES
CLÍNICAS DO HFF. Serviço de Medicina 3, 2018.