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INTRODUÇÃO AO DIREITO INTRODUÇÃO AO

Introdução ao Direito Brasileiro e Teoria do Estado


BRASILEIRO E TEORIA DO ESTADO DIREITO BRASILEIRO
ORGANIZADORES PAULO ROBERTO DE SOUZA JUNIOR ; TANIA CALHEIROS RODRIGUES

E TEORIA DO ESTADO
ORGANIZADORES PAULO ROBERTO DE SOUZA JUNIOR ;
TANIA CALHEIROS RODRIGUES

Esta obra abrangente traz a evolução histórica e os aspectos mais impor-


tantes que o estudante de Direito deve saber para iniciar seus estudos do
Direito brasileiro e teoria do Estado. Os autores apresentam o conteúdo
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em quatro unidades, a saber: história e conceitos do Direito; teoria da
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norma jurídica; a formação do Estado e da sociedade; e, por fim, o Estado.
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Aproveite a leitura deste conteúdo essencial e bastante abrangente escrito
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de forma didática e que abordará os temas mais importantes da área. Bons
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estudos!
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GRUPO SER EDUCACIONAL

ISBN 9786555581034

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gente criando futuro
INTRODUÇÃO AO
DIREITO BRASILEIRO
E TEORIA DO
ESTADO
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de
informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional.

Diretor de EAD: Enzo Moreira

Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato

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Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa

Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha

Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi

Souza Junior, Paulo Roberto.

Introdução ao Direito Brasileiro e Teoria do Estado / Paulo Roberto de Souza Junior ; Tania
Calheiros Rodrigues. – São Paulo: Cengage, 2020.

Bibliografia.

ISBN: 9786555581034

1. Direito. 2. Direito brasileiro. 3. Direito – teoria do Estado. 4. Rodrigues, Tania Calheiros.

Grupo Ser Educacional

Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro

CEP: 50100-160, Recife - PE

PABX: (81) 3413-4611

E-mail: sereducacional@sereducacional.com
PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL

“É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com


isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns
anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também
passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o
aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino
Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil.

O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec,


tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar
seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento
da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da
democracia com a ampliação da escolaridade.

Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar


as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer-
lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no
contexto da sociedade.”

Janguiê Diniz
Autoria
Paulo Roberto de Souza Junior
Graduado em direito e mestre em direito e desenvolvimento pela Universidade Estácio de
Sá. Atualmente é professor de Direito da Fundação de Amparo à Escola Técnica Estadual do Rio de
Janeiro.  Autor de obras e artigos jurídicos.

Tânia Calheiros Rodrigues


Mestra em gestão da informação e do conhecimento pela universidade estadual de londrina (2017) e
graduada em direito pela mesma instituição (2011). Atuou como membro da international society for
knowledge organization (isko - brasil), colunista da revista eletrônica direito&ti (porto alegre) e da
innovagestão - consultoria e treinamentos em gestão da informação (distrito federal). Atuou também
como pesquisadora lawtech do departamento de direito privado/uel (projeto "internet -
aspectos jurídicos"), do grupo de pesquisa "direito e inovação tecnológica" da pucpr
londrina, do projeto segurança na rede - escritório de advocacia fernando peres e como professora
conteudista na research assessoria científica. Cursou controladoria jurídica pela radar - gestão para
advogados (2018) e tendências na organização do conhecimento: ênfase jurídica com prof. dr. mario
barité (universidad de la república, uruguay).

Atualmente é integrante do banco de avaliadores ad hoc da revista de constitucionalização do direito


- faculdade de tecnologia e ciências do norte do paraná (unifatecie/paranavaí), professora jurídica
conteudista do grupo dtcom (florianópolis) e conciliadora jurídica do tribunal do consumidor (minas
gerais). Autora das obras "o marco civil da internet e a ciência da informação: uma mudança
de olhar" e "direito & ti". Publicações aprovadas na usp, uel, unesp, ufrgs,
revista dos tribunais e congresso internacional - itália. Interesse por disciplinas introdutórias do direito,
metodologia da pesquisa jurídica, disciplinas de gestão legal (ou jurídica) e empreendedorismo.
Proprietária da dkm academy - empresa de produção de conteúdo instrucional e treinamentos
corporativos.
SUMÁRIO

Prefácio..................................................................................................................................................8

UNIDADE 1 - História e conceitos do direito....................................................................................9


Introdução.............................................................................................................................................10
1. O Direito no Brasil-colônia................................................................................................................. 11
2. Direito: origens, significados e funções............................................................................................. 14
3. A dicotomia entre o direito público e o direito privado..................................................................... 16
4. Justiça X Direito.................................................................................................................................. 17
5. Sanção e coação: o papel do estado na sociedade............................................................................ 19
PARA RESUMIR...............................................................................................................................23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................24

UNIDADE 2 - Teoria da norma jurídica............................................................................................25


Introdução.............................................................................................................................................26
1. Teoria da norma jurídica.................................................................................................................... 27
2. Atributos, dimensões e classificações das normas jurídicas.............................................................. 32
3. Do processo legislativo como fonte legal: etapas e procedimentos.................................................. 37
4. Causas e formas de cessação de validade: revogação e repristinação.............................................. 39
PARA RESUMIR...............................................................................................................................41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................42

UNIDADE 3 - A formação do estado e da sociedade........................................................................45


Introdução.............................................................................................................................................46
1 A formação do Estado e da sociedade................................................................................................ 47
2 Poder social......................................................................................................................................... 48
3 Teorias sobre os fundamentos da sociedade...................................................................................... 51
4 Estado e soberania.............................................................................................................................. 52
5 Regimes políticos................................................................................................................................ 57
6 As teorias do estado e o direito.......................................................................................................... 59
PARA RESUMIR...............................................................................................................................63
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................64
UNIDADE 4 - O estado....................................................................................................................67
Introdução.............................................................................................................................................68
1. O Estado e sua evolução histórica...................................................................................................... 69
4. Modelos de democracia: democracia direta, representativa e participativa.....................................75
5. A representação política e as eleições............................................................................................... 78
6. O Estado e o indivíduo....................................................................................................................... 80
PARA RESUMIR...............................................................................................................................87
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................88
PREFÁCIO

Este livro abrangente oferece tudo o que você precisa saber para ingressar no estudo
do Direito Brasileiro e conhecer todos os aspectos da Teoria do Estado. Dividido em
quatro unidades, serão apresentados os seguintes temas: história e conceitos do Direito;
teoria da norma jurídica; a formação do Estado e da sociedade; e, por fim, o Estado.

Na primeira unidade, este livro apresenta a história do Direito no Brasil-Colônia


e as ordenações do Reino Português, do Direito no Império, República Velha e Nova
República. Você vai conhecer o significado do termo “Direito”, a origem, significado e
função, e descobrirá qual a dicotomia existente entre Direito Público e Direito Privado. O
conceito jurídico-filosófico de justiça e justiça social será abordado aqui também, além de
apresentar os conceitos de sanção, coerção e coação e o papel do Estado na sociedade.

Na sequência, trataremos da teoria da norma jurídica, apresentando os conceitos-


chave da introdução ao estudo do Direito Brasileiro. Discutiremos amplamente sobre a
teoria da norma jurídica e seus atributos, classificações e dimensões, além de discutir
sobre as fontes do direito e como funciona o processo legislativo como fonte legal. As
causas e formas de cessão de validade de uma norma e o significado de jurisprudência
e sistemas jurisprudenciais também são assuntos abordados nesta unidade.

Depois de aprender sobre a teoria da norma jurídica, estudaremos os conceitos


fundamentais que norteiam o Estado e a sociedade, iniciando pelo conceito de cada
um destes e seus elementos de formação, pois demonstram a configuração de onde
estamos e onde vivemos. As teorias que fundamentam a sociedade e a soberania
como elemento norteador do Estado serão descritas nesta unidade, onde também
debateremos o regime político e as formas de Estado. A descrição das teorias monística,
dualística e paralelística fecham a unidade 3.

Na unidade 4 vamos falar sobre o Estado e seus elementos constitutivos. Você vai
conhecer aqui a evolução histórica do Estado, e terá uma explicação sobre a democracia,
seja direta, representativa, participativa. Os autores lançam luz a todos os aspectos do
Estado Democrático de Direito, da República Federativa do Brasil, apresentando temas
como representação política, eleições, voto, partidos políticos e sistemas partidários. E
o assunto que encerra o livro trata da identificação dos direitos individuais, coletivos,
sociais e econômicos estabelecidos na Constituição Federal de 1988.

O livro é escrito de forma bastante didática, com a evolução histórica muito bem
detalhada e o conteúdo explicado de forma bastante abrangente. Bons estudos!
UNIDADE 1
História e conceitos do direito
Introdução
Olá,

Você está na unidade História e Conceitos do Direito. Conheça aqui a história do Direito
no Brasil-Colônia; das ordenações do Reino Português (afonsina, manuelina e filipinas); o
Direito no Império, a República Velha e a Nova República. Aprenda também as origens, o
significado e as funções da palavra Direito e a dicotomia existente entre o direito público
e o direito privado. Compreenda ainda o conceito jurídico-filosófico de justiça, sanção e
coação e o papel do Estado na sociedade.

Bons estudos!
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1. O DIREITO NO BRASIL-COLÔNIA
A cultura colonial brasileira tem sua origem na colonização por países europeus como
Portugal, Espanha, Holanda, França, entre outros. Pedro Álvares Cabral chegou à Ilha de Vera Cruz
em 22 de abril de 1500, data que deu início ao Período Colonial no Brasil. A primeira expedição
buscando a apropriação de novos territórios foi comandada por Martim Afonso de Sousa, em
1530, tendo como principal objetivo percorrer o litoral. Portugal já possuía uma política movida
pela expansão comercial e marítima, a busca de riquezas, a descoberta de novas terras e protegia
a sua economia interna com uma política mercantilista. O primeiro produto a ser produzido no
Brasil foi o açúcar.

No ano de 1534 foram criadas as capitanias hereditárias e, ao todo, o território brasileiro


foi dividido em 15 diferentes capitanias, desde o litoral até a linha do Tratado de Tordesilhas.
De todas as Capitanias Hereditárias subsistiram apenas duas. Uma em São Vicente e uma em
Pernambuco, governadas por Martim Afonso de Sousa e Duarte Coelho, respectivamente. Para
conter a tentativa dos indígenas de retomarem suas posses, foi instaurado o Governo-Geral por
Tomé de Sousa em 1549 em Salvador, criando, assim, a primeira cidade no Brasil. Para gerir a
administração municipal foram fundadas as Câmaras Municipais, compostas por três ou quatro
vereadores eleitos (SCHNEIDER, 2012).

No mesmo ano, em 1549, com a vinda dos Jesuítas ao Brasil teve início o período da religião
cristã na História do país. Encerra-se nessa época a primeira parte da colonização brasileira,
voltada à ocupação do território, marcada pela estrutura fundiária e baseada na grande
propriedade rural, o latifúndio.

No ano de 1446, em Portugal, foram constituídas as Ordenações Afonsinas, recebendo esse


nome devido ao rei Afonso V. Tiveram influência do Direito Canônico, das Leis das Sete Partidas e
dos costumes portugueses. Foram divididas em cinco livros que continham matérias como Direito
Penal, Civil, Administrativo, Marítimo, Comercial, Eclesiástico, do Rei, da Nobreza, Processual Civil
e Processual Penal. Essa estrutura jurídica foi adotada no Brasil, mais tarde, com as Ordenações
Manuelinas, e o Judiciário nessa época era dividido em três graus de jurisdição: em 1º grau
existia os Juízes Singulares, em 2º grau os Tribunais Colegiados e em 3º grau a Casa de Suplicação
(ZIMMERMANN, 2014).

As Ordenações Manuelinas de 1512 receberam este nome devido a D. Manuel I. Tiveram


influência de leis extravagantes da época, além de reunir as Ordenações Afonsinas e eram
constituídas por duas matérias principais: o Direito Marítimo e os Contratos Mercantis.
Posteriormente as Ordenações Filipinas influenciaram o direito português intrinsecamente
durante 60 anos.
12

Posteriormente, o período Imperial Brasileiro foi dividido em três fases:

• Primeiro Reinado (período inicial do Brasil)

Império entre os anos de 1822 e 1831;

• Período Regencial (de 1831 até 1840)

governado pelos chamados governos-regenciais;

• Segundo Reinado

governado por D. Pedro II.

Vale salientar que a estrutura judicial no tempo do Império era composta por Magistrados,
que representavam os interesses do imperador ou mantinham-se fiéis aos interesses lusitanos.

O enfraquecimento do Império foi um dos motivos mais significativos para o surgimento


da República, e a passagem do período imperial para o período republicano teve na guerra do
Paraguai, o fortalecimento dos militares no país, o que levou a um conflito entre militares e
governantes; também uma das causas do enfraquecimento da monarquia foi a perda de influência
que a igreja tinha nos Estados; houve, ainda, a abolição da escravidão com a Lei Áurea, em 1888,
sendo o estopim para o fim da base de exploração monárquica, a expansão cafeeira, a Revolução
Industrial e a crise econômica. Extinguiu-se o poder moderador e passaram apenas a existir os
Poderes Executivo, Judiciário e o Legislativo na República Velha anteriormente à Ditadura Militar.

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13

1.2 Direito na Nova República


A Constituição Brasileira de 1988 marcou o retorno à democracia e a consagração de diversos
direitos oriundos de reivindicações sociais. Foi restabelecida a eleição direta no âmbito federal,
estadual e municipal, estendeu-se o direito de voto aos analfabetos, e legalizaram-se os partidos
clandestinos. Houve a extinção da fidelidade partidária e a reabilitação de diretorias sindicais
cassadas pelos militares.

Nessa nova Constituição ocorreram inúmeros progressos, como a defesa do regime


democrático, direitos civis e direitos humanos.

Figura 1 - Constituição Federal de 1988 e os direitos humanos


Fonte: Rafapress, Shutterstock (2020).

#ParaCegoVer: A imagem mostra uma mulher segurando uma Constituição Federal junto ao
corpo.

Também foram estabelecidos Direitos e Garantias Fundamentais, mecanismos de freios


e contrapesos ao abuso do poder político bem como a repartição dos poderes, sendo estes
“independentes e harmônicos” entre si. Apesar de uma série de direitos estarem positivados,
essa constituição deixou algumas lacunas quanto à forma de concretização dos mesmos. O Estado
brasileiro encontrou dificuldades de garantir e proteger os direitos elencados na constituinte de
1988 (ZIMMERMANN, 2014).
14

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2. DIREITO: ORIGENS, SIGNIFICADOS E FUNÇÕES


Segundo Reale (1949, p. 70), se tomarmos a palavra Direito e desdobrarmos as camadas
de seu conteúdo, verificaremos que ela se apresenta com três acepções fundamentais, que
assinalam três facetas de uma única realidade indecomponível. A primeira acepção da palavra
Direito prende-se aos primórdios da cultura e representa o significado primordial: é o Direito
significando o “justo”. A ciência que estuda a justiça como valor é a Filosofia do Direito.

Em segundo lugar, tem-se o Direito como fato social, o que equivale a ver o Direito Positivo
como uma realidade do plano histórico-cultural. Duas ciências são destinadas a estudar o
fato jurídico: a Sociologia do Direito e a História do Direito. A Sociologia do Direito distingue-
se da História do Direito, de forma que a segunda estuda o desenvolvimento dos fatos sociais
individualmente.

Diversa é, porém, a finalidade da Sociologia do Direito que estuda os fatos na sua generalidade.
A preocupação do sociólogo não é um fato que tenha acontecido, mas as condições ou as causas
geradoras do acontecimento, bem como seus nexos com os demais elementos ou fatores sociais.
É possível um terceiro olhar: considerá-lo como “estrutura normativa”. Ou seja: como processo
ou técnica de pensamento. Daí surge a Ciência Jurídica em si, como compreensão racional dos
direitos e deveres dos cidadãos na sociedade.

2.1 Características basilares do Direito como ciência

Toda a ciência resume-se a um processo de percepção valorativa objetiva (inerente ao mundo


real) ou subjetiva (inerente ao mundo cultural) de um dado fato natural ou social, produzindo
uma norma explicativa (descritiva da realidade física) ou de projeção não-comportamental
(descritivas e analíticas da realidade histórica, cultural e social) e comportamental (FRIEDE, 2009).
15

O Direito se caracteriza pela existência de um processo complexo de interpretação. A este


fenômeno particular e próprio do Direito é que convencionalmente a doutrina costuma denominar
de interpretação normativa ou hermenêutica jurídica. Como os valores axiológicos do Direito
podem, inclusive (em dadas circunstâncias), ser antagônicos (segurança versus justiça, por exemplo),
incumbe ao processo valorativo (de feição axiológica) particular do Direito a busca permanente de
uma solução conciliadora, que pondere os diferentes valores intrínsecos a cada situação.

As três características basilares do Direito como ciência são:

Projeção comportamental

refere-se ao fato de que a preocupação vital do Direito resume-se em moldar comportamentos


individuais e grupais, a partir de um quadro de ideias e valores idealizado pelos seus legisladores.

Axiologia

corresponde à existência de valores intrínsecos ao Direito, donde se destacam os valores da


justiça e da segurança.

Hermenêutica

indica a existente interação entre a parcela legislativa do Direito e a judiciária, sendo esta
última responsável pela interpretação (e aplicação, nos eventuais conflitos) das normas jurídicas.

Algumas áreas do Direito como ciência:

• Direito Civil

• Direito Penal

• Direito Tributário

• Direito Trabalhista

• Direito Contratual

• Direito Ambiental

• Direito Empresarial

• Direito do Consumidor

• Direito Eleitoral

• Direito Digital
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• Direito Administrativo

3. A DICOTOMIA ENTRE O DIREITO PÚBLICO E O


DIREITO PRIVADO
Normalmente, a legislação dirigida ao Estado é de direito público, em que numa relação
jurídica as pessoas exercem poderes de império, cujo sujeito de direito só pode agir se autorizado
pela lei. O foco do direito público é o bem comum e visa à proteção de interesses públicos,
possibilitando a proteção do homem em sociedade e em um território, atuando na construção de
um sistema jurídico, regulamentando a estrutura do poder.

O Estado Democrático de Direito possibilitou o abrandamento da dicotomia direito público e


direito privado. É patente a interferência do direito público no direito privado com a entrada em
vigor da Constituição Federal de 1988, na qual espaços privados

mereceram proteção constitucional ensejando a constitucionalização do direito privado, que


será objeto de ponderação, em momento oportuno.

O direito público, mais que um ramo autônomo, é um conjunto de sub-ramos com


especificidades próprias. Suas principais áreas são:

Direito público externo (ou direito internacional)

dividido em direito internacional público e direito internacional privado

Direito público interno

dividido em direito constitucional, direito administrativo, direito processual, direito penal e


direito tributário e financeiro.

3.1 Direito privado e suas peculiaridades


A legislação que regulamenta interesses inter partes é de direito privado. Na relação jurídica
de direito privado prepondera o interesse privado cujo sujeito tudo pode, desde que não proibido
por lei. O direito privado tem o foco em utilidade privada, ou seja, na tutela de interesses privados,
a viabilizar o exercício das necessidades da pessoa humana. O Estado Democrático de Direito
propiciou a evolução do direito privado a evidenciar a primazia da pessoa humana nas relações
civis. A evolução histórica do direito privado nos trouxe o Código Civil de 2002. O direito privado,
na origem, mostrou-se individualista e patrimonialista, evoluindo para a eticidade e solidariedade.

Os principais ramos do direito privado são:


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Direito Civil

Direito Comercial e Empresarial

Direito Industrial

Direito Agrário

Direito Trabalhista

FIQUE DE OLHO
O Direito Civil é o ramo mais importante do direito privado. No Brasil, é inegável a influência
do Código Civil alemão para a sistematização do nosso Direito Civil. A palavra “código” deriva
de codex: tronco de árvore. O direito privado, nos países de tradição romano-germânica,
se pautou pela tutela da propriedade privada e da liberdade de contratar, enfatizando o
patrimonialismo e o individualismo em detrimento da pessoa humana. Assim, na origem do
direito privado, a propriedade e o contrato são os seus principais institutos, como centro do
direito positivo (MOREIRA, 2015).

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4. JUSTIÇA X DIREITO
Direito e Justiça são conceitos que se inter-relacionam profundamente. Nem tudo que é
direito é justo e nem tudo que é justo é direito. Isso acontece porque a ideia de Justiça engloba
valores inerentes ao ser humano, transcendentais, tais como a liberdade, igualdade, fraternidade,
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dignidade, equidade, honestidade, moralidade, segurança, enfim tudo aquilo que vem sendo
chamado de direito natural.

O Direito é uma invenção humana, um fenômeno histórico e cultural concebido como técnica
para a pacificação social e a realização da justiça. A finalidade da justiça é a transformação social,
é a construção de uma sociedade justa, como expressamente previsto no artigo 3º da nossa
Constituição. Sociedade justa é uma sociedade sem preconceitos e discriminação de raça, sexo,
cor ou idade; uma sociedade livre, solidária, sem pobreza e desigualdades sociais.

Adequar o Direito à Justiça é tarefa constante do operador do direito. E assim é porque, sendo
a Justiça um sistema aberto de valores em constante mutação, por melhor que seja a lei, por mais
avançados os seus princípios, haverá sempre a necessidade de se criar novas fórmulas jurídicas
para ajustá-la às constantes transformações sociais e aos novos ideais da justiça.

4.1 Justiça social


A sociedade forma-se e desenvolve-se em razão de uma característica natural do homem: a
necessidade de sociabilizar-se, que o impele a coexistir em grupo, exercitando a solidariedade.
Cabe ao Direito instrumentalizar a convivência social. O Direito deve ser compreendido em face da
complexidade do mundo contemporâneo. Um mundo cuja realidade se materializa na produção
e difusão de conhecimentos de forma massificada, cujas relações sociais, em decorrência dos
novos formatos comunicacionais, primam pela rapidez e transitoriedade.

Figura 2
Fonte: blvdone, Shutterstock (2020)

#ParaCegoVer: A imagem mostra dezenas de pessoas circulando na calçada de uma cidade.

No que respeita ao aspecto dinâmico do Direito, mais uma vez nos valemos aqui de uma teoria
extrajurídica, a Teoria dos Sistemas Dinâmicos Não Lineares, objeto de estudo, entre outros campos
19

da ciência, da Matemática e da Física. Entendemos que a sociedade é um sistema complexo, não


linear e não determinista. Não pode a lei, por mais extensa e completa que busque ser, abarcar todos
os fatos que ocorrem. (SABELLA, 2014). O papel do Estado no que tange ao Direito é o de zelar para
que a Justiça seja mantida ou restaurada, que ele pode (e deve) realizar valendo-se de princípios
e normas genéricas. O mundo contemporâneo caracteriza-se pela noção do agigantamento: a
indústria produz bens em larga escala, o ser humano consome indiscriminadamente e a despeito
de refletir sobre suas necessidades. É a dor da busca constante, da insatisfação com o que se
tem, em face do que se poderia ter. A evolução no mundo contemporâneo leva-nos a identificar
características bastante peculiares aos novos tempos que suscitam a formação de novos valores:
uma constante revolução e evolução das tecnologias. A sociedade organizada segundo a concepção
de Estado norteia-se pelo seguinte ditame: estabelecer e perpetuar o bem comum, ou seja, o Estado
não é um fim em si mesmo. Ao direito, resta uma atuação protetiva e restauradora, buscando
resguardar a coletividade. É imprescindível que o direito se desenvolva de modo interdisciplinar,
tanto na Academia quanto no que respeita à sua aplicação prática, para a solução da problemática
jurídica da pós-modernidade, buscando incorporar ao seu núcleo elementos colhidos em seara
diversa. Esta é uma mudança que passa por uma reestruturação paradigmática, por uma revolução
de valores, pelo desenvolvimento de uma nova maneira de formação do conhecimento, aliados à
noção do coletivo que são o fim primeiro e último do Estado.

FIQUE DE OLHO
Este é o desafio jurídico da pós-modernidade: o aprofundamento do estudo sobre o
transindividualismo, suas características, seus efeitos e os diversos enfoques que tem,
levando-se em conta a pluralidade de interesses e direitos envolvidos na problemática
do mundo contemporâneo, e a necessidade de se reconstruir a identidade humana
(SABELLA, 2014).

5. SANÇÃO E COAÇÃO: O PAPEL DO ESTADO NA


SOCIEDADE
Hans Kelsen foi um teórico do Direito pertencente à linha de pensamento chamada de
positivismo jurídico, juntamente com outros autores conhecidos, como, por exemplo, Herbert
Hart e Norberto Bobbio. Sua Teoria Pura do Direito foi (e ainda é) considerada uma das matrizes
epistemológicas da teoria jurídica, através da delimitação objetiva de uma Ciência do Direito.
Dentre os itens estudados no capítulo da estática jurídica da obra de Kelsen, a sanção é que tem
maior destaque. Assim, o capítulo IV de sua Teoria Pura do Direito dedica ao que ele chama de
20

estática jurídica, propondo um estudo de como o ordenamento jurídico se distingue de outras


ordens sociais e de que forma a coerção tem um papel fundamental para esta ciência.

Continuando sua análise acerca da ordem jurídica, ainda em seu movimento estático, Kelsen
passa a dissertar sobre o que é, em verdade, o ilícito ou delito. Para a doutrina tradicional (ou a
jurisprudência tradicional), o ilícito seria a negação do Direito, aquela conduta que está fora do
Direito, por ser contrária a ela e, portanto, seria algo de imoral. Ao contrário, a partir da Ciência
Pura do Direito, a imoralidade não importa para a ordem jurídica, mas importa tão somente aquilo
que a própria ordem jurídica prevê como ação ou omissão. A coerção sempre estará presente no
ordenamento jurídico, pois essa visa submeter o indivíduo à aplicação da norma prevista, o que
se dará independentemente da vontade do sujeito, podendo, inclusive, se valer de força física
para tanto. Ainda que o indivíduo aceite a aplicação da sanção imposta, sem que seja necessário
o uso da força, não há a perda do caráter coativo da norma.

Aliado ao conceito de ilícito, surge o conceito de dever jurídico, que também está intimamente
ligado à sanção. Quando há uma ação ou omissão determinada pela ordem jurídica o indivíduo
tem o dever de agir conforme essa norma. Caso opte por proceder de forma oposta à conduta
devida, esse indivíduo aplica a norma, na medida em que sempre existirá uma outra norma
que liga uma sanção à conduta oposta. Para Kelsen, o Direito representa uma ordem à conduta
humana. O Direito vale-se de um ato coativo para punir um delito com uma pena. Por coação
entende-se a reação Estatal às condutas consideradas indesejáveis, reação esta externada através
da imposição de uma sanção – sempre acompanhada de um ato ou de força. O sentido subjetivo
e objetivo de um ato volitivo subentende a existência de um dever-ser onde se prescreve a sanção
como retribuição negativa ao ato delituoso. Deste modo, quando um sistema coercitivo torna-se
duradouramente eficaz, instaura-se uma ordem jurídica válida.

Além disso, Kelsen separa o ato sancionador da coação pura e simples. A coação pode
acompanhar a sanção, deixando patente a sua possibilidade (coercibilidade). Em segundo lugar, a
sanção é sempre a consequência preestabelecida para determinado comportamento. Por último,
assevera que ela será sempre imposta por autoridade competente, o que permitirá caracterizar
determinado ato de coação como sanção e não como coerção indevida, sendo a autoridade
competente determinada por norma superior.

Kelsen, traçando a distinção entre as diversas ordens sociais normativas, sublinha que o
Direito se distingue por atrelar à determinadas condutas indesejadas uma consequente aplicação
de um ato de coação, de emprego de força. Definindo Direito como uma ordem de coação, Kelsen
indica que sua função essencial é a de regulamentar o emprego da força nas relações entre os
homens. O Direito aparece, assim, como uma organização da força.

A análise da sanção para o ordenamento jurídico segundo Kelsen pode ser muito mais
desdobrada, situando sua relação com outros institutos estudados no capítulo da estática jurídica,
21

tais como a capacidade de exercício, a competência, a organicidade, a capacidade jurídica e a


representação, assim como a relação jurídica. Assim sendo, no que toca ao objeto proposto, a
centralidade da sanção, conclui-se que é notória a sua importância para Kelsen no ordenamento
jurídico e como o autor coloca os demais institutos ao seu redor.

5.1 Sanção, coação e coerção: conceitos jurídicos


Para entendermos esta diferença, trabalha-se, inicialmente, com os conceitos aristotélicos
de “potência” e “ato”. Assim, verifica-se que coerção refere-se à possibilidade ou menção ao uso
da força caso certa determinação reste desatendida. Já a coação corresponde ao ato em si, a
concretização da potência, da ameaça, é, pois, o emprego direto da força. A ideia da coação e/ou
coerção como parte indispensável de toda norma, defendida pela chamada corrente coercitiva, é
lugar-comum ao longo de toda a história da filosofia jurídica (FILHO, 2013).

Bobbio desenvolve seu conceito de sanção a partir da observação de sua função nas
sociedades modernas. Ele associa e interrelaciona em sua análise os conceitos sociedade, Direito e
jurista. Na primeira hipótese, a sociedade é estável, atuando o Direito como elemento de controle
social, regulando as relações privadas. Nestas sociedades, o operador do Direito restringe-se a
interpretar e aplicar as normas.

A segunda realidade social com a qual Bobbio se depara é a das sociedades em transformação,
onde o Direito tem sua função repressora mitigada em face ao aparecimento de novas formas de
controle social. Neste caso o Direito encontra-se também em mutação, incumbindo ao jurista
contribuir para a elaboração de uma nova realidade jurídica.

Este autor volta-se para a análise da função do Direito nas sociedades atuais, escolhendo
como pressuposto histórico-teórico a transmutação do Estado liberal em um Estado Promocional.
O Estado Liberal, essencialmente voltado para a segurança individual de seus co-partícipes e de
suas relações negociais, não se preocupa em influir no processo de desenvolvimento econômico
e social. Já o Estado Social volta suas atenções para o desenvolvimento industrial, através da
produção de bens e controle do processo econômico. Para atingir tal objetivo, amplia-se
consideravelmente sua estrutura burocrática, buscando não mais apenas castigar, mas também
incentivar as condutas entendidas como socialmente úteis (FILHO, 2013).

Neste objetivo, Bobbio destaca a importância da função promocional do Direito, exercida


através da criação de incentivos, subsídios e prêmios. Assim, o Direito perde seu caráter
essencialmente coativo, deixando a sanção negativa de ser elemento central do sistema jurídico.
Considerando a significativa transformação sofrida pela sociedade, ele desenvolve uma nova
teoria das sanções, mais adequada à função promocional do Direito: a teoria das sanções
positivas (FILHO, 2013).
22

Outra comparação é feita entre as sanções positivas preventivas e as sucessivas. As


preventivas são anteriores à ação e procuram incentivá-las, como as isenções fiscais. As sucessivas
são posteriores ao ato, sendo recompensas devidas e em razão da prática de ações meritórias.
A teoria das sanções positivas de Bobbio acarreta uma mudança na tradicional interpretação
estrutural do Direito, necessária para uma interpretação do fenômeno normativo.

A sanção penal, como técnica de controle social, tornou-se inadequada para o enfrentamento
de diversos problemas da sociedade capitalista. Por isso, em paralelo com a pena, advoga-se a
utilização da sanção premial, por configurar-se como mecanismo mais aplicável à equação dos
entraves oriundos e próprios da necessidade de desenvolvimento econômico. Urge, portanto, a
elaboração de uma nova dogmática jurídica que recolha e sistematize os novos métodos jurídicos
postos em prática pelo Estado contemporâneo.

Sanção jurídica deve ser compreendida modernamente, como uma reação ou retribuição
prevista no ordenamento normativo, blindando-se esta contraprestação de uma feição premial
(sanção premial), quando o agente adota a conduta aprovada ou esperada, ou um caráter punitivo
(sanção negativa), quando o ato praticado é indesejado ou dissonante (FILHO, 2013).

Diante dessa nova realidade, da mutabilidade e da abertura das regras jurídicas ao progresso
e à mudança social, imperioso, reformular-se o arraigado pensamento jurídico, a fim de abrir-se
espaço para a existência e aceitação doutrinária da sanção premial e de novos termos jurídicos
vindouros.
23

PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• conhecer a história do Direito no Brasil-Colônia e as ordenações do Reino Português;


aprender sobre a história do Direito no Império, República Velha e Nova República;

• entender o significado da palavra Direito, suas origens, significados e funções;


conhecer a dicotomia existente entre Direito Público e Direito Privado;

• compreender o conceito jurídico-filosófico de justiça e justiça social;

• aprender sobre os conceitos de sanção, coerção e coação e o papel do Estado na


sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FILHO, C. Direito, Justiça e Sociedade. Revista da EMERJ, v.5, n.18. 2002. Disponível em: .
Acesso em: 8 fev 2020.

FILHO, M. O que é sanção? Revista da Faculdade de Direito, Fortaleza, v. 34, n. 1. 2013.


Disponível em: . Acesso em: 7 fev. 2020.

FRIEDE, R. Percepção científica do Direito. 2009. Disponível em: . Acesso em: 8 fev. 2020.

MOREIRA, J. A constitucionalização do Direito Civil: o direito público matou o direito


privado?, 2015. Disponível em: . Acesso em: 8 fev. 2020.

NASCIMENTO, S. O ordenamento coercitivo de Hans Kelsen: uma análise (crítica) acerca


da centralidade da sanção. Revista Acadêmica da Faculdade de Direito de Recife. 2017.
Disponível em: . Acesso em: 8 fev. 2020.

REALE, M. As três acepções da palavra direito, 1949. Disponível em: . Acesso em: 8 fev.
2020.

SABELLA, V. Direito e transindividualismo: a justiça na sociedade pós-moderna. Associa-


ção Nacional dos Membros do Ministério Público. Disponível em: <https://www.conamp.
org.br/pt/biblioteca/artigos/item/427-direito-e-transindividualismo-a-justica-na-socie-
dade-pos-moderna.html>. Acesso em: 8 fev 2020.

SCHNEIDER, G. Apontamentos históricos acerca do direito e da justiça no Brasil colonial.


2012. Disponível em: . Acesso em: 7 fev. 2020.

ZIMMERMANN, R. Apontamentos sobre a história do Direito no Brasil: fatos políticos e


históricos-sociais. 2014. Disponível em: . Acesso em: 7 fev. 2020.
UNIDADE 2
Teoria da norma jurídica
Introdução
Você está na unidade Teoria da Norma Jurídica. Conheça aqui os conceitos-chave da
Introdução ao Estudo do Direito Brasileiro. Aprenda o que é a teoria da norma jurídica
e quais são os seus atributos, classificações e dimensões. Descubra também quais são
as fontes do direito e como funciona o processo legislativo como fonte legal. Saiba,
ainda, quais são as causas e formas de cessão de validade de uma norma e o que são
jurisprudência e sistemas jurisprudenciais.

Bons estudos!
27

1. TEORIA DA NORMA JURÍDICA


As normas morais, religiosas, culturais são norteadoras do comportamento social mundial,
de forma que se essas regras são violadas ali está o Direito para redirecionar a conduta. Norma
é regra, paradigma ou tudo o que estabelece em lei ou regulamento para servir de padrão na
maneira de agir (MPF, 2020).

De forma preventiva, esta norma jurídica segundo DINIZ (2014, p. 363) “é a coluna vertebral do
corpo social”, trazendo em si alguma declaração do poder social responsável por manter a ordem
e equilíbrio. Portanto, a justiça é o principal objetivo da norma jurídica, ou seja, seu primordial
assunto. Entende-se, conforme DINIZ (2014, p. 357) por norma jurídica “não apenas a lei escrita,
mas também ao costume jurídico, às decisões normativas da justiça ou da administração e a
todos os preceitos que constituem, em cada sociedade, o campo de seu direito”.

Doutrina é definida como conjunto de princípios expostos nos livros de Direito, em que
firmam as teorias ou interpretações sobre a Ciência Jurídica (MPF, 2020). É uma necessidade
humana conseguir viver em sociedade de forma aceitável, respeitosa e organizada, para que cada
um tenha o justo direcionado pelo Direito Positivo. Para Bobbio (1997, p. 65-66), autor da Teoria
da Norma Jurídica, “a força não é o fim do Direito, mas é uma garantia de sua eficácia social”.

Função jurisdicional é definida como uma das funções o Estado que compete ao Poder
Judiciário, expressando a responsabilidade que têm os órgãos estatais de promover a realização
do direito justo e através do processo (MPF, 2020). A jurisprudência é a repetição uniforme e
contínua de uma decisão sempre no mesmo sentido (STF, 2020).

Já o processo é o instrumento de composição dos pleitos judiciais, dos litígios, também


entendido como o conjunto de peças que documentam o exercício da atividade jurisdicional em
um caso concreto (MPF, 2020,).

Em contraposição a esta visão clássica dicotômica está o Direito na Sociedade da Informação,


onde o que está em pauta são os problemas advindos desta complexidade. Gouveia (2004, p. 1)
traz o este conceito:

A Sociedade da Informação está baseada nas tecnologias de informação e comunicação que


envolvem a aquisição, o armazenamento, o processamento e a distribuição da informação por meios
eletrônicos, como o rádio, a televisão, telefone e computadores, entre outros. Estas tecnologias
não transformam a sociedade por si só, mas são utilizadas pelas pessoas em seus contextos sociais,
econômicos e políticos, criando uma nova comunidade local e global: a Sociedade da Informação.

Fachin (2012, p. 232) atesta que neste cenário “a real dimensão dos problemas vai mais longe do
que tão-somente perseguir a política de alargamento do dever, de indenizar independentemente
de culpa, ou do próprio conceito de dano”. O que se vê é a fluidez de um mundo muito dinâmico,
28

voltado para tecnologias admiravelmente inovadoras diante da vida moderna.

Vivemos hoje o chamado “Direito Pós-Moderno” e sua dúvida crucial é a seguinte, afirma
TEIXEIRA e CALHEIROS (2017, p. 352): “diante de tantas inovações, haverá mudanças nos
pressupostos que deram origem à separação clássica do Direito Público e Direito Privado?” Na
visão de juristas internacionais, Natalino Irti (Itália) e Ricardo Lorenzetti (Argentina), as esferas
dicotômicas já se tornaram esferas comunicadas e com certa desordem em suas fronteiras
(LORENZETTI, 2008).

Este é o chamado fenômeno da “descodificação”, no qual os códigos rígidos abrem espaço


para novos entendimentos do intérprete jurídico visando abranger os problemas da sociedade
pós-moderna numa decisão justa. Decisão é denominação genérica dos atos do juízo, provocada
por petições das partes ou do julgamento do pedido (MPF, 2020).

Nascem então, os microssistemas setoriais do Direito, relacionais entre si e multidisciplinares


(LORENZETTI, 2008). CALHEIROS apresenta o Direito Pós-Moderno e seus vários microssistemas
setoriais conforme a figura a seguir.

A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB - Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro


de 1942) representa atualmente este momento normativo após suas alterações substanciais. A antiga
Lei de Introdução ao Código Civil (LICC) deu lugar à Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
em 2010. Entendida por VELOSO (2012, p. 39) como “lei autônoma, independente, editando princípios
e regras sobre todas as normas, a respeito das leis em geral”. Portanto, é um conjunto basilar do direito
brasileiro como um todo, não apenas do Direito Civil Brasileiro.

1.1 Princípios e regras da norma jurídica na LINDB


Princípios são mandamentos que se irradiam sobre as normas, dando-lhes sentido, harmonia
e lógica; constituem o “espírito” do sistema jurídico-constitucional (MPF, 2020). Neste subtópico
citaremos os princípios e normas contidos nos primeiros artigos desta Lei, cabendo aos demais
subtópicos os comentários finais.

O art. 1o da LINDB prevê: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país
quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”. Chama-se vacatio legis o tempo de
espera entre a publicação e a vigência de uma nova lei. No seu parágrafo 1o consta: “Nos Estados,
estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois
de oficialmente publicada”. Trata-se dos princípios da personalidade da lei e da territorialidade.
Veloso (2012, p. 40-41) infere as exceções:

Em alguns casos, pode a lei nacional incidir no estrangeiro, como a que trata de atribuições de
ministros, cônsules, embaixadores, funcionários de representações diplomáticas, bem como nos casos
em que a lei brasileira, por força de normas de direito internacional (público e privado), deva ser
29

aplicada no exterior.

O inciso 3o cita: “Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto,
destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação”. O inciso § 4o trata: “As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova”.
No seu Art. 3o está descrito: “Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece”.
Este é o princípio da inescusabilidade do desconhecimento da lei.

O art. 7o estabelece: “A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre
o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família”. Seu inciso
§ 1o atesta: “Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos
impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração”. O inciso § 2o por sua vez afirma: O
casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares
do país de ambos os nubentes.

O inciso § 3o prevê: “Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade


do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal”. O inciso § 4o define: “O regime de bens,
legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for
diverso, a do primeiro domicílio conjugal”. O inciso § 5º determina:

O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu
cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a
adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta
adoção ao competente registro.

O inciso § 6 º estabelece:

O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será


reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de
separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas
as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal
de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado,
decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros,
a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais.

O inciso § 7o atesta: “Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se


ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua
guarda”. O inciso § 8o prevê: “Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada
no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre”.

O art. 8o apresenta: “Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-
se-á a lei do país em que estiverem situados”. Aqui há o princípio “mobilia sequuntur personam”,
que segundo DINIZ et al (2012, p. 55) “somente será aplicável aos bens móveis em estado de
30

mobilidade, caso em que dever-se-á aplicar a lei do domicílio de seu proprietário, afastando-se a
lei da situação”.

Em seu inciso § 1o: Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto
aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares. O inciso § 2o
esclarece: O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre
a coisa apenhada.

O art. 9o estabelece: “Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que
se constituírem”. O seu inciso § 1o regulamenta: “Destinando-se a obrigação a ser executada no
Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei
estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato”. O inciso § 2o : “A obrigação resultante do
contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente”.

O art. 10. apresenta: “A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que
domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens”.
Seu inciso § 1º afirma: “A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela
lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre
que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus”. Seu inciso § 2o afirma: “A lei do
domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder”.

O art. 11. prevê: “As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades
e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituírem”. Seu inciso § 1o: “Não poderão,
entretanto ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos
aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira”.

Já seu inciso § 2o : “Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer


natureza, que eles tenham constituído, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não
poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou suscetíveis de desapropriação”. O inciso § 3o :
“Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios necessários à sede dos
representantes diplomáticos ou dos agentes consulares”.

O art. 12. prevê: “É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado
no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação”. Seu inciso § 1o : “Só à autoridade judiciária
brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil”. Seu inciso § 2o :

A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida


pele lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente, observando a lei
desta, quanto ao objeto das diligências.
31

O art. 13. afirma: “A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele
vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas
que a lei brasileira desconheça”. Trata-se aqui do princípio da territorialidade e prova dos fatos
ocorridos no exterior. Provas são a demonstração da veracidade ou existência daquilo que se
alega, ou seja, todo meio lícito e apto a firmar a convicção do juiz na sua decisão (MPF, 2020).

Figura 1 - Direito
Fonte: rawf8, Shutterstock (2020).

#ParaCegoVer: A imagem mostra um martelo, símbolo do Direito em frente a uma prateleira


de livros jurídicos.

O art. 14. afirma: “Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca
prova do texto e da vigência”. Concebe-se neste caso, o princípio “iura novit cúria”, no qual o
órgão judicante deverá ter conhecimento preciso do direito nacional e saber encontrar a norma
aplicável ao caos em questão.

O art. 15. estabelece:

Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes requisitos:

a) haver sido proferida por juiz competente;

b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;

c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar
em que foi proferida;

d) estar traduzida por intérprete autorizado;

e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal.

Em seu art. 16, a Lei confirma: “Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de
aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão
por ela feita a outra lei”. Em seu Art. 17 esta Lei confirma: “As leis, atos e sentenças de outro país,
32

bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a
soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes”.

O art. 18 esclarece:

Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar
o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de
óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado.

O seu inciso § 1º afirma:

As autoridades consulares brasileiras também poderão celebrar a separação consensual e o divórcio


consensual de brasileiros, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos
legais quanto aos prazos, devendo constar da respectiva escritura pública as disposições relativas à
descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada
pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento.

Já o inciso § 2o :

É indispensável a assistência de advogado, devidamente constituído, que se dará mediante a


subscrição de petição, juntamente com ambas as partes, ou com apenas uma delas, caso a outra constitua
advogado próprio, não se fazendo necessário que a assinatura do advogado conste da escritura pública.

O art. 19 esclarece: “Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior e


celebrados pelos cônsules brasileiros na vigência do Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de
1942, desde que satisfaçam todos os requisitos legais”. Diz o parágrafo único:

No caso em que a celebração desses atos tiver sido recusada pelas autoridades consulares, com
fundamento no artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao interessado é facultado renovar o pedido dentro
em 90 (noventa) dias contados da data da publicação desta lei.

2. ATRIBUTOS, DIMENSÕES E CLASSIFICAÇÕES


DAS NORMAS JURÍDICAS
A norma jurídica pode ser classificada quanto à sua hierarquia, obrigatoriedade, sanção,
natureza de suas disposições, aplicabilidade, sistematização e esfera do Poder Público de que
emanam.

2.1 Normas do ordenamento jurídico brasileiro


Os atributos mais importantes das normas jurídicas são: genérica, abstrata e permanente
(MONTORO, 2014). A classificação mais basilar referente à sua posição hierárquica no
ordenamento jurídico brasileiro, as normas podem ser:
33

Constitucionais;

Complementares;

Ordinárias;

Regulamentares;

Decisões normativas;

Normas individuais ou singulares.

O princípio da constitucionalidade exige que todas as demais normas se subordinem à


Constituição, Carta Magna do ordenamento jurídico brasileiro. As leis complementares ocupam
posição intermediária entre a norma constitucional e a lei ordinária (lei delegada e medida
provisória também).

A lei ordinária, segundo MONTORO (2014, p. 387), é “a norma jurídica elaborada pelo Poder
Legislativo em sua atividade comum e típica”. Exemplos: Código Civil, Códigos em geral, lei
eleitoral, lei dos partidos políticos, lei do inquilinato, lei de falências, lei de sociedades anônimas,
lei do salário-família, lei de acidentes de trabalho, lei de defesa do consumidor, etc. Ao lado delas
estão, de acordo com o art. 59 da CF: as leis delegadas (art. 68 CF), as medidas provisórias (art.
62), os decretos administrativos e as resoluções.

Quanto às dimensões, podem ser: federais, estaduais e municipais. Federais tratam-se


da Constituição Federal, suas leis complementares e as editadas pela União. Estaduais são a
Constituição dos Estados e respectivas leis complementares. Municipais são as leis orgânicas dos
municípios.

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2.2 Princípios e conceitos nucleares do art. 5 da LINDB


O art. 5o da LINDB afirma: ‘Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se
dirige e às exigências do bem comum”. Este artigo apresenta uma regra de interpretação, a qual
determina que o juiz deverá descobrir não a vontade do legislador, mas a vontade atual da lei, a
extensão do seu comando ao caso concreto (VELOSO, 2012).

FIQUE DE OLHO
Expectativa de direito é diferente de direito adquirido. A primeira significa direito em
formação e ainda não consumado. Já o direito adquirido é, segundo VELOSO (2012,
p. 50), “é garantido constitucionalmente, ou seja, que já está formado, concluído, e
ingressou definitivamente no patrimônio material ou moral de seu titular, mesmo que
este não o tenha ainda, exercido, e é bom não confundir aquisição com exercício do
direito”. Aqui temos os princípios constitucionais da irretroatividade da lei, respeito,
imutabilidade e intangibilidade da coisa julgada.

Transitar em julgado é expressão usada para uma decisão – sentença ou acórdão – de que não
cabe mais recurso, seja porque já passou por todos os recursos possíveis, seja porque o prazo para
recorrer terminou (STF, 2020).

Fontes doutrinárias entendem a influência da doutrina, autoridade jurídica de prestígio. Elas


podem ser classificadas em fontes materiais ou reais, fontes formais e fontes forma-materiais.

• fatores que condicionam a gênese da norma jurídica.

• fundamento da validade da ordem jurídica.

• toda fonte formal contém, implicitamente, a material, dando-lhe a forma, demonstrando


quais são os meios empregados para conhecer o direito.

fundamento da validade da ordem jurídica.

As fontes materiais ou reais, por serem fontes de produção do direito positivo, consistem
no conjunto de fatos sociais determinantes do conteúdo do direito e nos valores, que o direito
procura realizar, fundamentalmente sintetizados no conceito amplo da justiça.

As fontes formais podem ser divididas em formais estatais e formais não estatais. As fontes
formais estatais são a legislação, a jurisprudência e as convenções internacionais.
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Legislação ou atividadelegiferante

Expectativa de direito é diferente de direito adquirido. A primeira significa direito em formação


e ainda não consumado. Já o direito adquirido é, segundo VELOSO (2012, p. 50), “é garantido
constitucionalmente, ou seja, que já está formado, concluído, e ingressou definitivamente no
patrimônio material ou moral de seu titular, mesmo que este não o tenha ainda, exercido, e é
bom não confundir aquisição com exercício do direito”. Aqui temos os princípios constitucionais
da irretroatividade da lei, respeito, imutabilidade e intangibilidade da coisa julgada.

É o processo pela qual um ou vários órgãos estatais formulam e promulgam normas jurídicas
de observância geral, que podem ser primárias, tais como a lei constitucional, complementar,
ordinária, delegada, a medida provisória, o decreto legislativo, as resoluções do Senado, as
portarias, as ordens de serviço. A rigor a fonte jurídica formal é o processo legislativo constituído
por conjunto de fases constitucionalmente estabelecidas, pelas quais há de passar o projeto de
lei, até sua transformação em lei vigente.

Jurisprudência

É o conjunto de decisões uniformes e constantes dos tribunais, resultantes da aplicação de


normas a casos semelhantes, sendo uma norma geral aplicável a todas as hipóteses similares
ou idênticas, enquanto não houver nova lei ou modificação na orientação jurisprudencial. Os
recursos ordinários e extraordinários do Supremo Tribunal Federal é que vão estabelecendo a
possível uniformização das decisões judiciais, mediante enunciados normativos, mais conhecidos
como Súmulas, que resumem as teses consagradas em reiteradas decisões.

Convenção internacional

Cria norma geral (tratados) disciplinadora das relações entre Estados. Cria norma individual
se os Estados, por conveniência, resolvem uma questão relativa a cidadão de qualquer deles

Já as fontes formais não estatais são o costume, a doutrina, o poder negocial e o poder
normativo dos grupos sociais.

Costume ou prática consuetudinária

É a forma de expressão do direito decorrente da prática reiterada e constante de certo ato,


com a convicção de sua necessidade jurídica. Requer, o costume, como condição de sua vigência,
continuidade, uniformidade, diuturnidade, moralidade e obrigatoriedade, dividindo-se em três
espécies: secundum legem, praetem legem e o contra legem.
36

Doutrina ou atividade científico-jurídica

É a forma de expressão do direito consuetudinário, resultante da prática reiterada de juristas


sobre certo assunto, cujos pensamentos são aceitos pelos seus contemporâneos.

Poder negocial

É a atividade negocial força geradora de normas jurídicas particulares e individualizadas


(contratos) que vinculam apenas os participantes da relação jurídica.

Poder normativo dos grupos sociais

O Estado não é o único criador de normas, os grupos sociais, como a Igreja, o clube, o
sindicato, etc., também têm o poder de estabelecer suas próprias ordenações jurídicas, desde
que conforme com a ordenação da sociedade política.

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2.3 Princípios e conceitos nucleares dos art. 4, 20 a 23 da LINDB


O art. 4o da LINDB define: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”. GUSMÃO (2014, p. 264) entende que o
conceito de ordem pública compreende “tanto as leis de ordem pública como as que estão ligadas
às tradições fundamentais de um povo”. Ainda sobre bons costumes (direito consuetudinário)
entende GUSMÃO (2014, p. 264) como “a média de sentimentos e padrões morais vigentes em
um meio social”.

Em 2018, a Lei n. 13.655 acrescentou os arts. 20 a 30. O art. 20 determina: “Nas esferas
administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos
sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão”. Seu parágrafo único traz: “A
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motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da invalidação de ato,


contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis alternativas”.

Negócio jurídico consiste, de acordo com DINIZ et al (2014, p. 354), “numa autorregulamentação
dos interesses particulares reconhecida pelo ordenamento jurídico que, assim, dá força criativa
ao negócio”. Contrato é espécie de negócio jurídico, sendo os negócios jurídicos unilaterais ou
bilaterais (ou ainda plurilaterais).

O art. 21 prevê: “A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar
a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo
expresso suas consequências jurídicas e administrativas”. Seu parágrafo único traz:

A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar as condições para
que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos interesses gerais, não
se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das peculiaridades do caso,
sejam anormais ou excessivos.

O art. 22 estabelece: “Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados
os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo,
sem prejuízo dos direitos dos administrados”. Seu inciso 1º: “Em decisão sobre regularidade
de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, serão
consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado ou condicionado a ação
do agente”.

Seu inciso 2º: “Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da
infração cometida, os danos que dela provierem para a administração pública, as circunstâncias
agravantes ou atenuantes e os antecedentes do agente”. Seu inciso 3º: “As sanções aplicadas ao
agente serão levadas em conta na dosimetria das demais sanções de mesma natureza e relativas
ao mesmo fato”. O art. 23 prevê:

A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orientação


nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento
de direito, deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou
condicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo
aos interesses gerais.

3. DO PROCESSO LEGISLATIVO COMO FONTE


LEGAL: ETAPAS E PROCEDIMENTOS
É impossível que uma norma se torne uma norma de direito positivo sem poder legítimo e
efetivo, visto que o Poder Legislativo tem responsabilidade constitucional de criar normas gerais.
38

DINIZ et al (2014, p. 364) afirma que “é bom pôr em evidência que esse poder não constitui uma
força arbitrária, pressupõe sempre uma série de valores para a elaboração da norma jurídica”.

Lei é regra geral e contínua a que todos estão submetidos (MPF, 2020). Jurisprudência é
repetição uniforme e constante de uma decisão em mesmo sentido (MPF, 2020). Parte é toda
pessoa que participa de um processo, podendo ser a parte que iniciou o processo ou a parte que
se defende (MPF, 2020).

Ainda nesse sentido, recurso é escolha do relator do processo, por sorteio, podendo acontecer
também por prevenção, ou seja, o processo é distribuído para um ministro que já seja relator da
causa ou de processo conexo (MPF,2020).

3.1 Princípios e conceito nucleares dos arts. 26 a 30 da LINDB


Sobre este assunto, o art. 26. Da LINDB determina:

Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação do direito


público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa poderá, após oitiva
do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e presentes razões de
relevante interesse geral, celebrar compromisso com os interessados, observada a legislação aplicável,
o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial.

O inciso 1º estabelece:

O compromisso referido no caput deste artigo:

I - buscará solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e compatível com os interesses


gerais;

III - não poderá conferir desoneração permanente de dever ou condicionamento de direito


reconhecidos por orientação geral;

IV - deverá prever com clareza as obrigações das partes, o prazo para seu cumprimento e as
sanções aplicáveis em caso de descumprimento.

O art. 27 prevê: “A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora ou


judicial, poderá impor compensação por benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos
resultantes do processo ou da conduta dos envolvidos”. Seu inciso 1º : “A decisão sobre a
compensação será motivada, ouvidas previamente as partes sobre seu cabimento, sua forma
e, se for o caso, seu valor”. Seu inciso 2º: “Para prevenir ou regular a compensação, poderá ser
celebrado compromisso processual entre os envolvidos”.

O art. 28 regulamenta: “O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou


opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro”. Já o Art. 29:
39

Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade administrativa,


salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta pública para manifestação
de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a qual será considerada na decisão. § 1º
A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o prazo e demais condições da consulta
pública, observadas as normas legais e regulamentares específicas, se houver.

O art. 30 afirma: “As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na
aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a
consultas”. Seu parágrafo único: “Os instrumentos previstos no caput deste artigo terão caráter
vinculante em relação ao órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão”.

4. CAUSAS E FORMAS DE CESSAÇÃO DE VALIDADE:


REVOGAÇÃO E REPRISTINAÇÃO
Admite-se a revogação em três casos: a) quando expressamente o declare (revogação
expressa); b) quando seja com ela incompatível (revogação implícita); c) quando regule
inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior (revogação implícita). Já a repristinação,
conforme Conselho Nacional do Ministério Público (2020, p. 2), é o

instituto pelo qual se restabelece a vigência de uma lei revogada pela revogação da lei que a
tinha revogado. Ex: a lei "A" é revogada pela lei "B"; advém a lei "C", que revoga a lei "B" e diz que a
lei "A" volta a viger. Deve haver dispositivo expresso, não existindo repristinação automática (nem a
Constituição Federal pode repristinar automaticamente uma lei).

4.1 Princípios e conceitos nucleares dos arts. 2 e 24 da LINDB


O art. 2o estabelece: “Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra
a modifique ou revogue”. Já seus incisos:

1º. A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela
incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga
nem modifica a lei anterior.

§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido
a vigência.

O art. 24 corrobora:

A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato, contrato,
ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará em conta
as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de orientação
geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas. Parágrafo único. Consideram-se
40

orientações gerais as interpretações e especificações contidas em atos públicos de caráter geral ou


em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas por prática administrativa
reiterada e de amplo conhecimento público.

Cabe salientar que a jurisprudência tem valor de verdadeira fonte jurídica (MONTORO, 2014).
Reconhece-se o importante papel dela no ordenamento jurídico brasileiro, pois além de fonte,
sua pacificação resulta na ordem jurídica. Já a sentença é entendida como decisão do juiz que põe
fim a um processo (MPF, 2020).

FIQUE DE OLHO
No direito anglo-saxão (americano), a jurisprudência tem enorme peso nas decisões
jurídicas. No direito latino, essa influência é menor pois há uma predominância
legislativa para a resolução do caso concreto. Nem os juízes, nem os tribunais estão
obrigados a decidirem em mesmo sentido.

Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito
adquirido e a coisa julgada. Seu inciso § 1º afirma: “Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado
segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou”. Seu inciso § 2º prevê: “Consideram-se
adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por Ele, possa exercer, como aqueles
cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a
arbítrio de outrem”.

O inciso § 3º: “Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba
recurso”. Parágrafo único:

Consideram-se orientações gerais as interpretações e especificações contidas em atos públicos


de caráter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas por
prática administrativa reiterada e de amplo conhecimento público.

Cabe salientar que jurisdição é a extensão do poder de julgar de um juiz (MPF, 2020).
Concluímos que o sistema codificado tem história e valores de uma determinada época e que,
no Direito Pós-Moderno, o intérprete-juiz tem nas mãos maior responsabilidade de analisar de
forma multidisciplinar o direito pretendido.
41

PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• entender sobre a teoria da norma jurídica;

• conhecer os atributos, dimensões e classificações da norma jurídica;

• saber quais são as fontes do Direito e conceitos do processo legislativo;

• reconhecer a LINDB como principal norma introdutória do ordenamento jurídico


brasileiro;

• entender a diferença entre sentença e jurisprudência.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOBBIO, N. Teoria do ordenamento jurídico. 10 ed. Brasília: UNB, 1997.

BRASIL. Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942. Lei de Introdução às Normas


do Direito Brasileiro. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
del4657compilado.htm>. Acesso em: 9 fev. 2020.

CALHEIROS, T. C. Terminologias do marco civil da internet na perspectiva da organização


e representação do conhecimento. Londrina: UEL, 2017. Dissertação de Mestrado em
Ciência da Informação. 141 p.

CALSING, R. A. A teoria da norma jurídica e a efetividade do Direito. Disponível em:


<http://periodicos.ufc.br/nomos/article/view/362/344>. Acesso em: 10 fev. 2020.

CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO. Site oficial. Disponível em: <https://


www.cnmp.mp.br/portal/institucional/476-glossario/7812-repristinacao>. Acesso em:
11 fev. 2020.

DINIZ, M. H. et al. Compêndio de introdução à ciência do direito, à filosofia do direito, à


sociologia jurídica. 25 ed. São Paulo, Saraiva, 2014.

FACHIN, L. E. Teoria crítica do direito civil. 3 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2012.

GOUVEIA, L. M. B. Sociedade da informação: notas de contribuição para uma definição


operacional. Universidade Fernando Pessoa (Portugal), 2004.

GUSMÃO, P. D. Introdução ao estudo do Direito. 47 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014.

LORENZETTI, R. L. A era da desordem e o fenômeno da descodificação. Revista do Direito


do Consumidor. RDC, v. 17, n. 68, out./dez. 2008.

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. Glossário de termos jurídicos. Disponível em: <http://


www.prba.mpf.mp.br/sala-de-imprensa/glossario>. Acesso em: 9 fev. 2020.

PALÁCIO, F. G. L.; LIMA, V. M. A. Categorização conceitual da informação jurídica.


Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação. João Pessoa, v. 8, n.1, p.
49-68, jan./jun./ 2015.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Glossário jurídico. Disponível em: <http://www.stf.jus.


br/portal/glossario/>. Acesso em: 10 fev. 2020.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

TEIXEIRA, T.; CALHEIROS, T. C. Direito eletrônico: um microssistema setorial do Direito


Pós-Moderno. Revista dos Tribunais. Ano 106, v. 986, dez. 2017.

VELOSO, Z. Código Civil Comentado. 8 ed. São Paulo: Saraiva, 2012.


UNIDADE 3
A formação do estado e da sociedade
Introdução
Você está na unidade A formação do Estado e da sociedade. Conheça aqui os conceitos
fundamentais e os elementos de formação que norteiam a temática. Compreenda
as teorias que fundamentam a sociedade e a soberania como elemento norteador do
Estado. A soberania: ontem e hoje. No penúltimo item debateremos o regime político e as
formas de Estado, onde demonstraremos a influência destes na construção e manutenção
do Estado. Por último, identificaremos a importância da teoria do estado e o direito.

Bons estudos!
47

1 A FORMAÇÃO DO ESTADO E DA SOCIEDADE


A modernidade trouxe uma série de benefícios materiais e imateriais à existência humana,
como a melhoria do padrão de vida em todos os seus sentidos, a ideia de liberdade individual e
a possibilidade de escolha de acordo Berger, Berger, Kellner (1974 apud ALBUQUERQUE, 1999, p.
51). Tais transformações econômicas e institucionais marcaram a sociedade moderna.

Na gênese da sociedade moderna traça-se, de forma articulada, a organização: do Estado


moderno; da economia política; do capitalismo comercial e industrial e da produção da ciência
moderna e da educação. Constituem-se saberes e práticas voltadas para a substituição: da
emoção pela razão, da autoridade pela liberdade, do mito pela ciência (BOBBIO, MATTEUCCI e
PASQUINO, 1993, p. 695).

O paradigma desta sociedade moderna fundar-se no entrelaçamento de relações específicas,


criadas pela vontade, através das quais os homens se ligariam livre e racionalmente.

1.1 A sociedade: origem e seus elementos constitutivos


A sociedade possui vários conceitos relacionados aos papeis políticos, sociais ou econômicos
desenvolvidos pelo indivíduo. Para Émile Durkheim, por exemplo, o homem é coagido a seguir
determinadas regras em cada sociedade. A isso deu o nome de fatos sociais, que são regras
exteriores e anteriores ao indivíduo e que controlam sua ação perante os outros membros da
sociedade.

Já Karl Marx afirma que a sociedade, sendo heterogênea, é constituída por classes sociais
que se mantêm por meio de ideologias dos que possuem o controle dos meios de produção (as
elites). Numa sociedade capitalista, o acúmulo de bens materiais é valorizado, enquanto o bem-
estar coletivo é secundário.

1.2 A formação da sociedade


Dalmo de Abreu Dallari menciona que Santo Tomás de Aquino, um dos expoentes da teoria
natural, a qual possui maior número de adeptos, afirmou que o “homem é ser por natureza,
animal social e político, vivendo em multidão, ainda mais que todos os outros animais, o que se
evidencia pela natural necessidade” (DALLARI, p. 10). Para ele a vida solitária é uma exceção, pois
a espécie humana nasceu para vida em comum.

O ser humano se une a seu semelhante, devido a sua condição essencial de vida, já que
possui a razão, diferentemente dos demais seres, que se uniram por impulso e, por conseguinte,
entendeu o conceito de bem e mal, por exemplo. Assim, a sociedade é “um produto da conjugação
de um simples impulso associativo e da cooperação da vontade humana (idem, p. 12).
48

Esta corrente possui inúmeros adeptos, na atualidade, como o italiano Ranelletti, segundo
Dallari (2005, p. 13), que acredita que

só na convivência e com a cooperação dos semelhantes o homem pode beneficiar-se das energias,
dos conhecimentos, da produção e da experiência dos outros, acumuladas através de gerações,
obtendo, assim, os meios necessários para que possa atingir os fins de sua existência, desenvolvendo
todo o seu potencial de aperfeiçoamento, no campo intelectual, moral ou técnico.

Por outro, há adeptos da teoria contratualista, como Platão, em A República, que é o primeiro a
discordar da teoria natural, entendendo que a sociedade surgiu de um contrato social. Entretanto,
este contratualismo apareceu fortemente na obra de Thomas Hobbes, Leviatã, publicado em 1651,
onde procurou se defender que o homem ao superar o estado de natureza estabeleceu o estado
social, através de um contrato social, que garante a transferência mútua de direitos.

Para Montesquieu, segundo Dallari (2005, p. 15) existem também leis naturais que o levam a
escolher a vida em sociedade.

Outro expoente da teoria do contratualismo foi Rousseau, entretanto, suas ideias vigoram
até hoje na afirmação, segundo Dallari (idem, p. 16) que o “povo é soberano, no reconhecimento
da igualdade como um dos objetivos fundamentais da sociedade, bem como na consciência que
existem interesses coletivos distintos dos interesses de cada membro da sociedade”.

Atualmente, a aceitação de que a sociedade é resultante de uma necessidade natural do


homem, sem excluir a participação da consciência e da vontade humana. É inegável, entretanto,
que o contratualismo exerceu e continua exercendo grande influência prática, devendo-se mesmo
reconhecer sua presença marcante na ideia contemporânea de democracia.

1.3 Elementos constitutivos de uma sociedade


Os elementos que são encontrados em todos os tipos de sociedade são: finalidade ou valor
social; manifestações de conjunto ordenadas; e, o poder social. Na finalidade ou valor social, a
sociedade tem como finalidade o bem comum dos que ali estão, assim, busca-se a garantia que
seus membros tenham condições de atingir seus fins particulares. Este bem comum vislumbra
uma união de fatores que possibilitam o desenvolvimento integral de sua personalidade.

Já na ordem social e na ordem jurídica há necessidade de um conjunto de manifestações


ordenadas, que visam a realização dos objetivos da sociedade, onde deverá ser atendido três
requisitos: reiteração, ordem e adequação.

2 PODER SOCIAL
A palavra poder vem do latim potere, que significa capacidade de fazer algo, remete-se a uma
49

imposição de vontade, o qual está inserido dentro das relações sociais, ou seja, “se refere aos meios
necessários para se alcançar fins almejados; ele se expressa na relação com a natureza – domínio do
homem sobre esta – e nas relações que envolvem o gênero humano” (SILVA, 2018, p. 34).

Este poder, segundo Foucault, reprime, mas também produz efeitos de saber e verdade.

Trata-se (...) de captar o poder em suas extremidades, em suas últimas ramificações (...) captar
o poder nas suas formas e instituições mais regionais e locais, principalmente no ponto em que
ultrapassando as regras de direito que o organizam e delimitam. Em outras palavras, captar o poder na
extremidade cada vez menos jurídica de seu exercício (FOUCAULT, 1979, p.182).

O poder não é restrito a uma determinada relação social ou possui determinadas características
institucionais ou organizacionais. Este em sua forma “positiva” apresenta-se como positivo, já que
não se fixa apenas dentro da repressão.

O dicionário de filosofia conceitua poder, na esfera social como "a capacidade de este
conseguir algo, quer seja por direito, por controle ou por influência. O poder é a capacidade de
se mobilizar forças econômicas, sociais ou políticas para obter certo resultado" (Blackburn, 1997,
p. 301).

Este poder social é um fenômeno social, que visa uma conexão entre seres humanos, o
aspecto principal é a capacidade de agir ou influenciar ações entre terceiros.

Entretanto, para os anarquistas, representados por Diógenes, originada dos filósofos da Grécia
antiga (século V e VI a. C) chamados Cínicos, o negam, pois para o homem deve viver conforme
sua natureza, não se preocupando na aquisição de bens. Outros que o negam é o cristianismo ao
não permite um poder sobre outros durante passagens do Evangelho.

Não podem ser relacionados como manifestação política, já que política vem do latim
“politics” e significa o uso de maneiras que expressam as relações de poder na busca uma solução
pacífica de conflitos, ou seja, são ações ou atividades dentro das ações do Estado.

2.1 As diversas formas de olhar o poder: Aristóteles, Weber e Bobbio


Aristóteles utiliza o critério por meio do interesse daquele em benefício de quem se exerce
o poder. Assim, o poder paterno é exercido pelo interesse dos filhos; o poder despótico, em
benefício do senhor; e o poder político tem como base o interesse do governante e do governado
– isto, nas formas corretas de governo; nas formas degeneradas, o poder político exerce-se em
benefício do governante (SILVA, 2018, p. 38).

A análise legitimidade do poder indica três correntes, segundo Fraga (2013):


50

Poder tradicional

é observado nas monarquias;

Poder racional

é o praticado pelas autoridades dotadas de poder conferido pela lei;

Poder carismático

é aquele exercido pelos líderes sobre seus aliados, por meio de seu carisma.

Bobbio (2009), por outro lado, reconhece três formas de poder, advindas do cenário político.
O poder econômico

é o primeiro é o que se vale da posse de certos bens, necessários ou considerados como tais, numa
situação de escassez, para induzir aqueles que não os possuem a manter um certo comportamento,
consistente sobretudo na realização de um certo tipo de trabalho. Na posse dos meios de produção
reside uma enorme fonte de poder para aqueles que os têm em relação àqueles que os não têm: o
poder do chefe de uma empresa deriva da possibilidade que a posse ou disponibilidade dos meios de
produção lhe oferece de poder vender a força de trabalho a troco de um salário (BOBBIO, 2009, p. 955).

O poder ideológico, segundo Bobbio (2009) nasce da influência que as ideias formuladas de
um certo modo, expressas em certas circunstâncias, por uma pessoa investida de certa autoridade
e difundidas mediante certos processos, exercem sobre a conduta dos consociados: deste tipo
de condicionamento nasce a importância social que atinge, nos grupos organizados, aqueles
que sabem, os sábios, sejam eles os sacerdotes das sociedades arcaicas, sejam os intelectuais
ou cientistas das sociedades evoluídas, pois é por eles, pelos valores que difundem ou pelos
conhecimentos que comunicam, que se consuma o processo de socialização necessário à coesão
e integração do grupo.

Já o poder político pertence à categoria do poder do homem sobre outro homem, não à
do poder do homem sobre a natureza. Esta relação de poder é expressa de mil maneiras,
onde se reconhecem fórmulas típicas da linguagem política: como relação entre governantes e
governados, entre soberano e súditos, entre Estado e cidadãos, entre autoridade e obediência
etc. Há várias formas de poder do homem sobre o homem; o poder político é apenas uma delas.

Estes três poderes são, comumente, observados na sociedade em que vivemos: o poder
econômico (por meio da globalização); o poder ideológico (por meio da influência dos meios de
comunicação junto à sociedade) e o poder político (por meio da relação entre sujeitos dotados
de capacidade política).

Importante frisar que o poder político tem como missão o controle da sociedade, onde os
51

seus detentores determinam aos destinatários o cumprimento das decisões que representam
a todos. A limitação do exercício deste poder (quanto aos seus detentores eventuais), segundo
André Ramos Tavares (2013, p. 773) “por meio do povo é consectário do constitucionalismo e
atende, nessa perspectiva, ao princípio da dignidade da pessoa humana, consagrando de maneira
definitiva a cidadania”. Entretanto, na ausência de sua limitação o poder pode corromper-se e
transformar governos que eram legítimos em ilegítimos, dotando-os de características que
violem a dignidade humana.

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3 TEORIAS SOBRE OS FUNDAMENTOS DA


SOCIEDADE
Interpretação organicista e mecanicista da sociedade são duas formulações clássicas dos
fundamentos da sociedade à luz da teoria da sociedade.

3.1 Teoria organicista


Soares (2001) salienta que a teoria organicista é compreendida

como um conjunto de relações por intermédio dos quais vários indivíduos vivem e atuam
solidariamente, de forma ordenada, visando estabelecer entidade nova e superior. Seus principais
teóricos: Aristóteles, Platão, Comte (organismo materialista), Savigny (organicismo ético e idealista) e
Del Vecchio (SOARES, 2001, p. 42).

A sociedade é constituída por meio do somatório de papeis que cada ser humano representa
em sociedade. Esta teoria se divide em:
52

• materialista

• sociedade é um organismo

• idealista

• tradições e crenças populares são as bases de uma sociedade.

Há pontos positivos e negativos neste tipo de formação da sociedade. Como positivo,


podemos relacionar a formação de uma sociedade maior que é a nação através de sociedades
menores, como exemplo, as universidades; e, os negativos, através de posições que não se filiam
a democracia, devido a um possível governo autoritário e ditador.

3.2 Teoria mecanicista


A teoria mecanicista, segundo Soares (2001), apresenta três hipóteses referentes ao
surgimento da sociedade:

Na primeira, a sociedade originou-se exclusivamente da vontade humana, efetivada por pacto;


na segunda, a sociedade manifestou-se como derradeira etapa da evolução da primeira hipótese,
em perspectiva material ou espiritual; na terceira, a sociedade teria nascido da predisposição e das
necessidades da natureza humana (SOARES, 2001, p. 43).

A teoria mecanicista é formada pela união de pessoas, que são dotados de independência
em suas atitudes, onde agem com autonomia e liberdade. Para estes a sociedade surgiu da
união voluntaria de pessoas. Há pontos positivos e negativos, como positivo, podemos destacar
a valorização do individual, através do desenvolvimento de suas funções; e, como negativo, lesa
a concepção do conceito de bem comum.

4 ESTADO E SOBERANIA
O Estado é tido como uma pessoa jurídica de direito público, que possui autonomia em suas
decisões e que visa cuidar dos interesses dos membros da sociedade que se formou.

Os contornos deste conceito nasceram da popularização da obra de Nicolau Maquiavel,


publicada, em 1513, intitulada O Príncipe. Este Estado é uma realidade cultural “constituída
historicamente em virtude da própria natureza social do homem, mas isto não implica, de forma
alguma, a negação de que se deva também levar em conta a contribuição que consciente e
voluntariamente o homem tem trazido à organização da ordem estatal” (REALE, 2000, p. 9).

O conceito de Estado pode ser estudado por vários ângulos, segundo Guilherme Peña de
Moraes (2014). Assim, o conceito filosófico foi proposto por Georg Hegel, onde o Estado deduziria
a realidade da ideia ética, a partir da relação entre a família e a sociedade; o conceito sociológico
53

por Max Weber, o Estado era detentor do monopólio da força física legitima; e, o conceito jurídico
de Georg Jellinek, o Estado possuía o poder político, constituído sobre determinado território
dirigido a certa população.

4.1 Formação do Estado


O estudo da origem do Estado requer o estudo de duas questões diferentes: formação
originária e a formação derivada. Na primeira, a formação do Estado deu-se através da formação
de agrupamentos humanos que não estavam integrados a nenhum Estado; e, a formação derivada
define que a criação de novos Estados foi a partir dos preexistentes.

A formação originária poderá abranger a chamada de teoria não contratual e a teoria


contratual.

A teoria não contratual baseia no aparecimento do Estado que define seu nascimento através
de uma formação natural ou espontânea do Estado. A causa determinante deste aparecimento
pode ser de origem familial ou patriarcal, que tem como base a família ou de origem em atos de
força, de violência ou de conquista, que um determinado grupo é considerado como superior ao
mais fraco, originando o Estado desta associação entre dominantes e dominado.

A teoria contratual, expostas por Thomas Hobbes, Jonh Locke e Jean-Jacques Rousseau, narra
que o Estado teve seu início através de um contrato social, ou seja, um acordo de vontades entre
os membros da sociedade.

Dallari (2005, p. 52/53) aponta três posições fundamentais em relação a época do


aparecimento do Estado:

Para muitos autores, o Estado, assim como a própria sociedade, existiu sempre, pois desde que
o homem vive sobre a Terra acha-se integrado numa organização social, dotada de poder e com
autoridade para determinar o comportamento de todo o grupo.

Uma segunda ordem de autores admite que a sociedade humana existiu sem o Estado durante um
certo período. [...] não houve concomitância na formação do Estado em diferentes lugares, uma vez
que este foi aparecendo de acordo com as condições concretas de cada lugar.

A terceira posição é a que é a que foi referida: a dos autores que só admitem como Estado a
sociedade política dotada de certas características bem definidas.

As tensões e antinomias que subjazem à contratualização social não são, em última


instância, resolúveis por via contratual. A sua gestão controlada assenta em três pressupostos
metacontratuais: um regime geral de valores, um sistema comum de medidas, um espaço tempo
privilegiado (SANTOS, 1999, p. 2-3), os quais possuem a mesma posição na formatação do
contrato social.
54

FIQUE DE OLHO
Há outras teorias de origem do Estado, como mencionado por Guilherme Peña de
Moraes (2004), a teoria de origem patriarcal de Robert Filmer; teoria de origem
patrimonial deFriedrich Engels; teoria de origem violenta de Franz Oppenheimer;
teoria de formação natural de Maurice Hauriou; teoria de formação histórica de Johann
Bluntschli; e, teoria de formação jurídica de Carré de Malberg.

4.2 Elementos do Estado


A condição de Estado perfeito pressupõe a presença concomitante e conjugada desses três
elementos – população, território e governo– revestidos de características essenciais: população
homogênea, território certo e inalienável e governo independente. (MALUF, 2011, p. 23). Tais
elementos são definidos por Nader (2014, p. 153) como

População

é o centro de vida do Estado e de suas instituições. A organização política tem por finalidade
controlar a sociedade e, ao mesmo tempo, protegê-la.

Território

A sede do organismo estatal é constituída por seu território - base geográfica que se estende
em uma linha horizontal de superfície terrestre ou de água e uma vertical, que corresponde tanto
à parte interior da terra e do mar quanto à do espaço aéreo.

Soberania

É o necessário poder de autodeterminação do Estado. Expressa o poder de livre administração


interna de seus negócios. É a maior força do Estado, pela qual dispõe sobre a organização
política, social e jurídica, aplicável em seu território. No plano externo, a soberania significa a
independência do Estado em relação aos demais.
55

Figura 1 - Elementos que compõem o Estado


Fonte: Andrea Danti, Shutterstock, 2020.

#ParaCegoVer: A imagem mostra os elementos que compõem o Estado: pessoas, território


(espaço físico) e governo soberano.

O Estado é uma sociedade política constituída por um agrupamento humano em território


definido, dotado de soberania para suas decisões internas e externas.

Ressalta-se que, a população é o conceito demográfico; o povo é o conceito político; e, a


nação é o conceito sociológico.

4.3 A soberania e os seus mecanismos


A soberania é um fenômeno complexo que se apresenta através de aspectos políticos,
sociológicos e jurídicos. O primeiro expositor de seu conceito foi Jean Bodin através da obra Les
Six Livres de la République, onde esclarece que, segundo Dalmo de Abreu Dallari (2005), que

soberania é o poder absoluto e perpétuo de uma República, palavra que se usa tanto em relação
aos particulares quanto em relação aos que manipulam todos os negócios de estado de uma República.
(DALLARI, 2005, p. 77).

A soberania vincula-se ao poder político de organização jurídica que o Estado tem sobre seu
elemento físico e humano. Pode-se compreender a soberania, a partir de FOUCAULT (2015), como
uma forma de poder que possibilita a retirada de recursos dos espaços físicos por determinados
atores sociais. Nesse sentido, a soberania

está vinculada a uma forma de poder que se exerce muito mais sobre a terra e seus produtos
56

do que sobre os corpos e seus atos: se refere à extração e apropriação pelo poder dos bens e da
riqueza e não do trabalho (...) Este novo tipo de poder, que não pode mais ser transcrito nos termos da
soberania, é uma das grandes invenções da sociedade burguesa. Ele foi um instrumento fundamental
para a constituição do capitalismo industrial e do tipo de sociedade que lhe é correspondente; este
poder não soberano, alheio à forma da soberania, é o poder disciplinar (FOUCAULT (2015, p. 291).

Entretanto, Oliveira (1998) salienta que os Estados não podem viver sozinhos, pois há
necessidade de interagirem, ou seja, trocarem informações, mercadorias e conhecimentos. Há
necessidade de uma integração econômica. Assim, ela não é ilimitada como era dirigida em
épocas passadas. “Tampouco essencial à definição de Estado, como queria Bodin” (OLIVEIRA,
1998, p. 237).

Há mudanças sociopolíticas que deverão ser levadas em conta quando nos deparamos com
o conceito de soberania.

A soberania possui as seguintes características:

• Una

há apenas uma dentro do Estado;

• Indivisível

não pode ser dividida em partes;

• Inalienável

não poder doada, vendida ou empresta, já que quando alguém a perde desaparece;

• Imprescritível

não tem prazo de duração.

Não há limites impostos à mesma (poder, cargo ou tempo) e possui caráter absoluto (não há
tempo de duração). Soma-se a inalienabilidade, que Bodin não mencionou, mas outros a fizeram.
Esta coloca seu titular acima do direito interno e permite escolher se aceita as determinações
internacionais. A soberania só é desfeita quando se extinguir o próprio Estado.

Todavia, Kelsen salienta que soberana não é um “poder”, nem tão pouco uma “qualidade de poder”,
mas representa apenas a validade e a unidade de um dado sistema de normas. O Estado é soberano
quando suas normas têm validade suprema, ou seja, a uma ordem jurídica total e não parcial.

Outro aspecto importante é a titularidade da soberania, esta é dividida em dois grupos:


teocráticas (titular advém da pessoa do monarca) e democrática (soberania popular).
57

5 REGIMES POLÍTICOS
O conjunto de regras e critérios que define quem será o detentor desse poder consiste nos
chamados regimes políticos, segundo Paraíso (2017). Existem dos principais: os democráticos e
os autoritários.

5.1 Regime democrático


No regime democrático, a sociedade participa das decisões, direta ou indiretamente.

Na forma indireta temos a democracia representativa, a qual os representantes eleitos pelo


povo decidem em nome da sociedade os rumos do país; já, na forma direta, ou seja, na democracia
direta ou deliberativa, as decisões são tomadas pelos cidadãos. Um exemplo deste formato de
democracia na antiguidade era a Grécia e, hoje, a Suíça, onde grande parte das decisões políticas
são realizadas por meio de plebiscitos e referendos.

Figura 2 - Democracia X ditadura


Fonte: M-SUR, Shutterstock, 2020.

#ParaCegoVer: A imagem mostra dois regimes políticos: um que respeita o povo, chamado
de democracia, e, o outro que agride o povo, conhecido como ditadura, instalada em regimes
autoritários e totalitários.

5.2 Regimes autoritários e totalitários


Nos regimes políticos autoritários há uma pessoa, entidade ou um partido político no
comando das orientações e decisões que envolvem o Estado. O governante reprime as liberdades
individuais e definem regras e formato da sociedade. A Coreia do Norte adota este tipo de regime,
atualmente, o qual já foi cultuado pela Alemanha nazista (1933-1945) e a antiga União Soviética
(1917-1991).
58

Já, nas autocracias, ou regimes autocráticos, são as formas “menos graves” de regimes
autoritários – ao menos, quando comparados com os totalitários. As liberdades fundamentais
encontram-se limitadas, com aconteceu no Brasil durante o período da ditadura militar (1964-
1985).

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5.3 Formas de Estado


A divisão territorial do poder político do Estado o conduz a uma classificação: Estado unitário
e Estado federal.

O Estado unitário é dividido em três espécies: puro, descentralizado administrativamente;


e, descentralizado administrativa e politicamente. No primeiro há centralização do poder total,
diferentemente, no Estado unitário descentralizado administrativamente e no Estado unitário
descentralizado administrativa e politicamente; no segundo, o Estado Unitário descentralizado
administrativamente, o Governo Central continua a responsável pelas decisões, entretanto,
coloca pessoas para em seu nome, executam decisões políticas já tomadas; e, já no último, o
Estado Unitário descentralizado administrativa e politicamente, há uma certa autonomia no
cumprimento das decisões do Governo Central.

Os Estados compostos possuem os seguintes tipos: união pessoal, união real, união
incorporada, federação e confederação. A União pessoal é característico da monarquia ocorrendo
quando o mesmo monarca é o ocupante do trono em duas ou mais monarquias. Entretanto, quer
dentro do Estado quer fora deste espaço, as monarquias não perdem características próprias e
nem sua independência. Esta é transitória e não mais existe na atualidade.

A União real é observada apenas dentro das monarquias, onde há uma fusão destas, assim,
no plano internacional, forma-se apenas uma única pessoa jurídica, entretanto, cada Estado terá
59

sua personalidade interna preservada.

A União incorporada resulta da junção de dois ou mais Estados independentes formando um


novo Estado, onde a designação de Estados ou reinos são conservadas apenas.

Já a Confederação de Estados ou Estado Confederado, segundo Jellinek (1913, apud Azambuja,


1990, p. 368), define-se como “a união permanente e contratual de Estados independentes que
se unem com o objetivo de defender o território da confederação e assegurar a paz interior além
de outras finalidades que podem ser pactuadas”, tendo como exemplos os Estados Unidos e a
Suíça (Confederação Helvética), que se tornaram federações posteriormente.

Por fim, o Estado Federal ou Federação de Estados é um Estado composto de outros Estados
que ao longo de sua existência perderam sua soberania e a representação política diante
dos demais Estados nacionais. Há repartição de competências entre os entes federados, sem
hierarquia entre estes e autonomia, decorrente do poder constituinte originário que uniu as
entidades federativas.

O federalismo pode ser:

• formação por meio de um Estado Unitário que se descentraliza;

• reunião de Estados independentes;

• separação das atribuições de cada ente federado;

• onde o Poder Central se sobrepõe aos poderes das demais unidades federativas;

• considera-se o Estado como organismo;

• há um Estado descentralizado constitucional;

• há um equilíbro entre as entidades federativas.

6 AS TEORIAS DO ESTADO E O DIREITO


Estamos diante de um mundo globalizado que proporciona uma integração entre pessoas,
culturas, crenças possibilitando, assim, uma integração entre normas internacionais e normas
internas. Todavia, apesar desta aproximação, existem casos que a norma internacional dependerá
da norma interna para sobreviver dentro do Ordenamento Jurídico. Segundo Bobbio (1995, p. 198),

a teoria do ordenamento jurídico se baseia em três caracteres fundamentais a ela atribuídos: a unidade,
a coerência e a completitude; são estas três características que fazem com que o direito no seu conjunto seja
um ordenamento e, portanto, uma entidade nova, distinta das normas singulares que o constituem.
60

O primeiro ponto a avaliar é a existência de duas normas distintas, a interna e a internacional,


é importante e em casos, momentos deverão ser aplicadas. Daí a importância das teorias teoria
monística, dualística e paralelística.

6.1 Teoria monística


A teoria monística ou estatismo jurídico, segundo a qual o Estado e o Direito confundem-se
em uma só realidade, já que o Estado é considerado como a única base do direito. “Regra jurídica
sem coação é uma contradição em si” (IHERING apud MALUF, 2011, p.1).

Para Kelsen, não há a possibilidade de direito fora do Estado. Todo direito é estatal, e se alguma
possibilidade existe de criação paralela de normas jurídicas, essa possibilidade deve-se a uma
espécie de delegação, consentimento ou tolerância do próprio Estado. (WALD, 2003, pág. 20).

Madeira e Marón (2016, p. 74) ao analisarem a presente teoria mencionam que

a) nega a existência do próprio direito internacional como um direito autônomo, reduzindo-o a um


simples direito estatal exterior;

b) considera o Estado como detentor de soberania absoluta, retirando a função do direito


internacional enquanto mecanismo de limitação externo do poder originário estatal;

c) considera que a validade dos tratados repousa na norma interna, o que implicaria em
equivocada revogação, modificação ou caducidade da norma internacional toda vez que a norma
interna fosse alterada.

Para definir qual norma deverá prevalecer em caso de conflito entre o direito interno e o direito
internacional foram desenvolvidas duas vertentes distintas dentro do próprio monismo: o monismo
internacionalista, no qual se defende a primazia do direito internacional, com o ajuste a ele de todas
as ordens internas, e o monismo nacionalista, que pugna pela primazia conferida ao direito interno,
com a adoção discricionária dos preceitos de direito internacional (REZEK, 2006, p. 4).

6.2 Teoria monista nacionalista


O Estado é a efetividade da ideia ética e um auto fim imóvel absoluto em que a liberdade
chega a seu direito supremo (HEGEL, 2010, pp. 257-258). A soberania externa seria incorporada,
portanto, ao direito interno estatal, de maneira a restringir a sua concepção ao ideal de que as
relações entre os Estados pertenceriam à soberania interna. Tal qual argumenta, o Estado seria,
essencialmente, um ser-para-si, que assumiria dentro de si a diferença subsistente e que seria,
com isso, excludente. Através da relação com outros Estados, cada Estado deteria a determinação
de sua individualidade, reafirmando, ao mesmo tempo, a sua independência e a sua relativa
incorporação nessa pluralidade de Estados (HEGEL, 2010, pp. 321-329).
61

Assim, há apenas ordem jurídica, onde a norma interna tem prevalência sobre a norma
internacional.

6.3 Teoria monista internacionalista


As normas de direito internacional são hierarquicamente superiores às normas de direito
interno, ou seja, a sua base é o princípio pacta sunt servanda, onde a norma mais elevada é a
norma internacional e as demais normas derivam desta. Um ato internacional prevalece sobre
uma norma interna ou uma norma de um organismo internacional, sem necessitar de uma norma
que expresse esta determinação. Kelson é o principal expoente desta corrente.

Refere-se a uma teoria segundo a qual o direito internacional se aplica diretamente nas ordens
jurídicas dos Estados, independentemente de qualquer transformação, uma vez que esses mesmos
entes, em sua relação com outros sujeitos de direito das gentes, contrairiam compromissos que
se interpenetrariam e que somente se sustentariam juridicamente por pertencer a um sistema
jurídico uno, baseado na identidade de sujeitos e de fontes, as quais seriam sempre objetivas, e não
dependentes, em rechaçamento ao voluntarismo estatal (MAZZUOLI, 2011, p. 81).

6.4 Teoria dualística


A teoria dualística ou pluralística, para esta teoria o Estado e o Direito são duas realidades
distintas, já que apenas o direito positivo é o que nasce do direito. Há ao lado deste o direito
natural, as normas advindas do costume e as que florescem da consciência coletiva que buscam
guardo no direito positivo e, os demais casos que são gerados pela omissão, onde o Estado deverá
atuar. A função do Estado é positivar o Direito.

Ayello e Araújo (2015) salientam que

o dualismo (ou pluralismo), partindo de Gierke e Gurvitch, ganhou terreno com a doutrina de
Léon Duguit o qual condenou formalmente a concepção monista, admitiu a pluralidade das fontes do
Direito positivo e demonstrou que as normas jurídicas têm sua origem no corpo social. Desdobrou-se
o pluralismo nas correntes sindicalista e corporativistas, e, principalmente, no institucionalismo de
Hauriou e Rennard, culminando, afinal, com a preponderante e vigorosa doutrina de Santi Romano,
que lhe deu um alto teor de precisão científica.

Por outro lado, o primeiro estudo sistemático do conflito entre a norma interna e a norma
internacional foi feito por Triepel (1964), que diz que

o direito internacional e o direito nacional não são somente diferentes disciplinas jurídicas
como também diferentes ordens jurídicas. São dois círculos que, no máximo, se tocam, mas nunca
se entrecortam. Assim, de nosso ponto de vista, é de uma perfeita contradição considerar o direito
internacional como direito nacional ou vice-versa (TRIEPEL, 1964, p. 111 apud MADEIRA E MARÓN,
2016, p. 67).
62

Essa posição é fundamentada em três diferenças básicas que existiriam nessas ordens
jurídicas:

• na ordem internacional, o Estado seria o único sujeito de direito, enquanto que, na or-
dem interna, o homem também poderia ser sujeito de direitos;

• a fonte do direito interno seria o resultado da vontade de um Estado, enquanto o direito


internacional teria como fonte a vontade dos Estados;

• a estrutura da ordem interna estaria pautada em um sistema de subordinação ao passo


que a ordem internacional repousaria sobre o primado da coordenação.

6.5 Teoria do paralelismo


A teoria do paralelismo entende que Estados e Direito são posições diversas, entretanto,
obrigatoriamente interdependentes. Esta teoria “reconhece a existência do direito não estatal,
sustentando que vários centros de determinação jurídica surgem e desenvolvem-se fora do
Estado, obedecendo a uma graduação de positividade (MALUF, 2011, p. 3).

As teorias do paralelismo e pluralista se completam, entretanto, se confrontam com a teoria


monista.

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63

PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• analisar a origem e os elementos da sociedade;

• compreender o que é o poder social e suas formas;

• diferenciar as teorias sobre os fundamentos da sociedade: a interpretação organicis-


ta e mecanicista da sociedade;

• verificar a formação do Estado e sua soberania, regime de governo e a forma de


Estado;

• identificar a importância da teoria do estado e o direito: a teoria monística, dualísti-


ca e paralelística.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBURQUEQUE, L. M. B. Comunidade e sociedade: conceito e utopia. Raízes, ano XVIII,


n. 20, nov. 1999, p. 50-53. Disponível em: <http://revistas.ufcg.edu.br/raizes/artigos/
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BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. (Orgs). Dicionário de política A-K. 5ª ed.
Brasília: EDUNB, 1993.

CAMARGO, O. Sociedade. In: Brasil Escola. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.


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DALLARI, D. A. Elementos de Teoria Geral do Estado. 25ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.

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NISBET, R. Comunidade. In: FORACCHI, M.M., MARTINS, J.S. (orgs.). Sociologia e


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NUNES, R. Manual de Introdução ao Estudo do Direito. 10 ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

REALE, M. Teoria do direito e do Estado. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

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OLIVEIRA, R. F. Princípios gerais do direito comunitário. São Paulo. LTR, 1998.

PARAISO, R. Quais são os principais tipos de regimes políticos? Politiquê, 21 de dezembro


de 2017. Disponível em: < https://politique.org.br/quais-sao-os-principais-tipos-de-
regimes-politicos/>. Acesso em: 19 mar. 2020.

SANTOS, B. S. Pela mão de Alice: o social e o político na pós modernidade. São Paulo:
Cortez, 1995. In: SANTOS, Boaventura de Sousa. Reinventar a democracia. Lisboa:
Fundação Mário Soares; Gradiva, 1999.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SOARES, M. L. Q. Teoria do Estado: o substrato clássico e os novos paradigmas como pré-


compreensão para o Direito Constitucional. Belo Horizonte: Del Rey, 2001.

WALD, A. Direito Civil: introdução e parte geral. 10.ed. São Paulo: Saraiva, 2003

ZANELLA, A. V. Z.; PRADO FILHO, K.; ABELLA, S. I. S. Relações sociais e poder em um


contexto grupal: reflexões a partir de uma atividade específica. Estudos de Psicologia,
vol.8 n.1, Natal, jan./apr. 2003. Disponível em: . Acesso em: 18 mar. 2020.
UNIDADE 4
O estado
Introdução
Você está na unidade O Estado. Conheça aqui a evolução histórica do Estado, os direitos
políticos no Estado Democrático de Direito brasileiro, os modelos de democracia e
representação política e eleições no Brasil.

Bons estudos!
69

1. O ESTADO E SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA


O Estado está na vida de cada um desempenhando múltiplos papéis na sociedade. Palavra
originada do latim status, significa condição, posição e ordem. Durante o Império Romano, em
sua fase de expansão, e mais tarde entre os germanos invasores, os vocábulos “imperium” e
“regnum” também passaram a exprimir a ideia de Estado, nomeadamente como organização de
domínio e poder (BONAVIDES, 1997).

Outros o entendem como ordem jurídica soberana cujo fim é o bem comum de um povo
localizado em determinado território (DALARI, 2000). Sob uma perspectiva cronológica, o Estado
viveu as seguintes fases: Estado Antigo, Estado Grego, Estado Romano, Estado Medieval, Estado
Moderno e Pós-Moderno.

O Estado Antigo é de aproximadamente 3000 a.C e se situou na região da Baixa Mesopotâmia,


às margens do Rio Tigre e Eufrates, com cunho eminentemente religioso, místico. Suas principais
características são:

a) Religiosidade: o governante exercia o poder sobre o povo em nome de uma divindade;

b) Concentração de poderes: um mesmo governante acumulava as funções militar, judicial,


sacerdotal e de coleta de impostos, denotando a natureza unitária do poder;

c) Heterogeneidade: era baseado e mantido pela força das armas;

d) Instabilidade territorial: a base territorial do Estado era definida conforme as conquistas ou


derrotas do imperador;

e) Agrupamento de pessoas: reuniam diferente raças escravizadas;

f) Diferenças de classes: os nobres, os chefes, os sacerdotes gozavam de regalias, enquanto os


párias e escravos viviam à margem da lei;

g) Confusão entre as ideias de família, Estado, religião e indústria (MALUF; DALARI; MENEZES,
1999).

O Estado Grego foi o berço da filosofia de Platão e Aristóteles. As pessoas se reuniam em


praças públicas para discutir e resolver os problemas da sociedade, sendo uma monarquia
patriarcal baseada na aristocracia. Aqui já não se confundiam Estado e Religião.

O Estado Romano foi o berço do Direito e ergueu-se estruturado na família, com o objetivo de
expansão territorial e política. O povo participava diretamente do governo nos comícios, contudo
a palavra final era sempre dos cidadãos romanos.

Estado Medieval, Moderno e Pós-Moderno


70

Já o Estado Medieval dá-se com a queda do Império Romano. Suas principais características são:

a) a forma monárquica de governo;

b) a supremacia do direito natural;

c) a confusão entre direito público e direito privado;

d) a descentralização feudal;

e) a submissão do poder temporal ao poder espiritual (MALUF; DALARI; MENEZES, 1999).

O feudalismo era alicerçado na propriedade da terra, com influência predominante da Igreja.


Por sua vez, o Estado Moderno nasceu a partir dos tratados de paz de Vestfália, passando das
monarquias medievais às absolutistas com Nicolau Maquiavel e Thomas Hobbes. Alguns anti-
absolutistas da época: Locke, Rousseau, Montesquieu, e precursores do Estado Liberal. Foi
caracterizado pelo intenso mercantilismo, o que posteriormente originou o Estado Liberal com os
chamados Estados Constitucionais e Sociais (RAMOS, 2012).

Já o Estado Pós-moderno é entendido por como a sociedade das novas tecnologias após
o Estado Moderno, no qual há a ruptura da ideia Direito Público e Direito Privado, cabendo o
surgimento de microssistemas jurídicos que se relacionam entre si (LORENZETTI, 2008).

A palavra “território” origina-se do verbo latino térreo, territo, significando intimidação,


causo, medo, receio. São partes constitutivas do território o solo, subsolo, espaço aéreo, águas
internas (rios, lagos) e as águas litorâneas. A teoria que melhor explica a relação jurídica entre
Estado e território é a de território-espaço sistematizada por Carl Victor Fricker. Nesse sentido
manifesta-se:

Segundo essa doutrina, logo abraçada por G. Meyer, Jellinek, Anschuetz, Otto Mayer, Stammler e
outros clássicos da literatura jurídica alemã, o território do Estado nada mais significa que a extensão
espacial da soberania do Estado. Consoante a teoria de Fricker, a relação do Estado com o território
deixa de ser uma relação jurídica, visto que, não sendo o território objeto do Estado como sujeito, não
pode haver nenhum direito do Estado sobre seu território. A essa conclusão de Fricker, acrescentava-
se outra de que o poder do Estado não é poder sobre o território, mas no território e qualquer
modificação do território do Estado implica a modificação mesma do Estado (BONAVIDES, 1997).

Além de ser compreendido como parte essencial do Estado, o território também é elemento
de integração social e cidadania. Há ainda autores que defendem o fato de a Nação poder
existir sem território próprio e demarcado, como o caso da nação judaica. São exceções que não
invalidam a regra.

A soberania é o poder institucionalizante que constitui o próprio Estado, indispensável à sua


personalidade jurídica. Apresenta quatro atributos básicos:
71

• Poder originário

À medida que surge com o próprio Estado;

• Poder indivisível

Apenas o exercício do poder é que é divisível;

• Poder inalienável

Pois emana diretamente do povo;

• Poder coercitivo

À medida que baixa normas e obriga o seu cumprimento.

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2.1 Povo brasileiro e Mercosul


A palavra povo é entendida por FRIEDE (2020, p. 4) como “o somatório de todos os
cidadãos do Estado presentes no território pátrio e no exterior (soma de todos os nacionais,
independentemente de sua exata localização espaço-temporal)”. Já o conceito de população está
atrelado à perspectiva econômica e estatística, abrangendo também os estrangeiros situados em
território nacional.

Nação exprime um conceito profundamente subjetivo, o qual se baseia no vínculo comum


entre os habitantes de um determinado território, dando origem ao conceito de nacionalidade.
A República Democrática do Brasil estabelece em sua Constituição Federal de 1988 que os
representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir o
Estado Democrático de Direito em território brasileiro (União), promulga este documento oficial.
72

Ela é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, e tem
como fundamentos:

I – Soberania;

II – Cidadania;

III – Dignidade da pessoa humana;

IV – Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V – Pluralismo político (CF, 1988, art. 1).

Os poderes da União são: Legislativo, Executivo e Judiciário. São objetivos fundamentais da


República Federativa do Brasil:

I – Construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II – Garantir o desenvolvimento nacional;

III – Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV – Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, e quaisquer
outras formas de discriminação (CF, 1988, Art. 3).

A República Federativa do Brasil orienta-se nas suas relações internacionais (MERCOSUL),


pelos seguintes princípios:

I – Independência nacional;

II – Prevalência dos direitos humanos;

III – Autodeterminação dos povos;

IV – Não-intervenção;

V – Igualdade entre os Estados;

VI – Defesa da paz;

VII – Solução pacífica dos conflitos;

VIII – Repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX – Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

X – Concessão de asilo político;


73

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social
e cultural dos povos da América Latina, visando a formação de uma comunidade latino-americana de
nações (CF, 1988, Art. 4).

O atual Estado Democrático de Direito Brasileiro estabelece como seus pilares sociais:
a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança,
a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, bem como a assistência aos
desamparados (CF, 1988, Art. 6). O art. 7 prevê todos os direitos dos trabalhadores urbanos e
rurais. Já o art. 8 determina que é livre a associação profissional ou sindical, assegurado também
o direito de greve, sendo estes direitos advindos do Estado Social.

Tem como premissa máxima seu art. 5, o qual determina que todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade
(CF, 1988, art. 5).

A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende: a União,


os Estados, a Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos. Brasília é a capital federal,
vejamos a seguir na Figura 2 a Praça dos Três Poderes, a qual abriga as sedes dos três poderes
do Estado: o Palácio do Planalto (poder Executivo), o Congresso Nacional (poder Legislativo) e o
Supremo Tribunal Federal (poder Judiciário).

Figura 1 - Brasília: praça dos três poderes


Fonte: Diego Grandi, Shutterstock (2020).
74

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3.1 Direitos políticos no Estado Democrático de Direito Brasileiro


O Capítulo IV da nossa Constituição traz importante rol de direitos políticos a serem exercidos
pelos cidadãos brasileiros. Atesta que a soberania popular será exercida pelo sufrágio (voto)
universal, direito e secreto, com valor igual para todos mediante plebiscito, referendo e iniciativa
popular. O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os maiores de dezoito anos, e
facultativos (não-obrigatórios) para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os maiores de
dezesseis e menores de dezoito anos (CF, 1988, Art. 14, caput e parágrafo 1).

Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar
obrigatório, os conscritos. São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. São condições de
elegibilidade:

I – a nacionalidade brasileira;

II – o pleno exercício dos direitos políticos;

III – o alistamento eleitoral;

IV – o domicílio eleitoral na circunscrição;

V – a filiação partidária;

VI – a idade mínima de: a) 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador, b)


30 anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, c) 21 anos para Deputado
Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz, d) dezoito anos para
Vereador (CF, 1988, Art. 14, parágrafo 3).
75

FIQUE DE OLHO
A perda ou suspensão dos direitos políticos somente se dará nos seguintes casos:

I – cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

II – incapacidade civil absoluta;

III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;

IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa nos termos


do art. 5, VIII;

V – improbidade administrativa, nos termos do art. 37, parágrafo 4 (CF, 1988, Art. 15).

A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se
aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência (CF, 1988, Art. 16).

4. MODELOS DE DEMOCRACIA: DEMOCRACIA


DIRETA, REPRESENTATIVA E PARTICIPATIVA
Nascida na Grécia antiga, a democracia era a forma política na qual todo cidadão tinha o
direito a expor sua opinião num debate público (democracia direta). Entretanto, trata-se de um
modelo aplicável apenas a populações e territórios pequenos. A maioria dos governos atuais, bem
como o Brasil, utiliza a forma de democracia indireta, a chamada democracia representativa, em
que as decisões políticas não são tomadas diretamente pelos cidadãos, mas por representantes
eleitos por eles. Neste caso, as opiniões, demandas e interesses dos cidadãos são representados
pelos políticos eleitos nas assembleias, câmaras e parlamentos do país.

Pesquisa feita em 29 de abril de 2019 aponta que no Brasil, 83% das pessoas estão
descontentes desde 2016 com a democracia como sistema político (UOL, 2019).
76

Figura 2 - Democracia x Estado brasileiro


Fonte: FOLHA DE S. PAULO, 2019.

#ParaCegoVer: Os dados do gráfico demonstram que a crença na democracia por parte dos
brasileiros vem diminuindo.

É percebido que boas democracias geram menos corrupção, maior grau de instrução, menor
criminalidade e maior crescimento econômico. Vejamos os índices brasileiros a seguir.

Figura 3 - Taxa de analfabetismo em 2018


Fonte: IBGE, 2018.

#ParaCegoVer: Os dados do gráfico demonstram que a taxa de analfabetismo em 2018 era


maior no Norte e Nordeste como regiões brasileiras.
77

Figura 4 - Controle de corrupção x democracia


Fonte: IBGE, 2018.

#ParaCegoVer: Os dados do gráfico mostram que o controle da corrupção diminui em Estados


não-representativos.

Fonte: CARTA CAPITAL, 2019.

#ParaCegoVer: Os dados do afirmam que assassinatos de jovens negros no Brasil aumentam


429% em 20 anos.
78

Fonte: CARTA CAPITAL, 2019.

#ParaCegoVer: Os dados do gráfico demonstram que a quantidade de empregos formais


despencou de 2014 a 2019.

5. A REPRESENTAÇÃO POLÍTICA E AS ELEIÇÕES


O art. 17 da Constituição Federal de 1988 prevê que é livre a criação, fusão, incorporação e
extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o
pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:
I - caráter nacional; II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo
estrangeiros ou de subordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça Eleitoral (Tribunal
Superior Eleitoral); IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei (CF, 1988, art. 17).

Seu parágrafo 1º assegura que é dada aos partidos políticos autonomia para definir sua
estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos
permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios
de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas
eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito
nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de
disciplina e fidelidade partidária (CF, 1988, art. 17, parágrafo 1).

O órgão que representa melhor esta democracia indireta e representativa é a Câmara dos
Deputados em Brasília, conforme a figura.
79

Figura 5 - Câmara dos Deputados em Brasília


Fonte: Diego Grandi, Shutterstock (2020).

#ParaCegoVer: A imagem mostra a estrutura interna da Câmara dos Deputados, em Brasília.

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

5.1 Sistemas partidários


No parágrafo 2º e 3º do art. 17 da Constituição Federal de 1988, determina-se que os partidos
políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos
no Tribunal Superior Eleitoral. Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso
gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que alternativamente: I -
obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos
80

válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2%
(dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou II - tiverem elegido pelo menos quinze
Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação (CF, 1988,
art. 17, parágrafo 2 e 3).

Já os parágrafos 4º e 5º atestam que é proibida a utilização pelos partidos políticos de


organização paramilitar. Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no §
3º deste artigo é assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro
partido que os tenha atingido, não sendo essa filiação considerada para fins de distribuição dos
recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão.

O órgão máximo da Justiça Eleitoral é o Tribunal Superior Eleitoral.

6. O ESTADO E O INDIVÍDUO
o Título II, Capítulo I, art. 5º da CF traz o rol dos direito individuais e coletivos, sendo eles:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; II
- ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; III -
ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; IV - é livre a
manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.

O inciso V diz é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização


por dano material, moral ou à imagem; VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos
locais de culto e a suas liturgias; VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva.

O inciso VIII diz ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos
imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; IX - é livre a expressão da
atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura
ou licença; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.

O inciso XI diz a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro,
ou, durante o dia, por determinação judicial; XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal
ou instrução processual penal.
81

O inciso XIII diz é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer; XIV - é assegurado a todos o acesso à informação
e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; XV - é livre a
locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei,
nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.

O inciso XVI diz todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; XVIII - a
criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo
vedada a interferência estatal em seu funcionamento.

O inciso XIX diz as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas
atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; XXI - as entidades
associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados
judicial ou extrajudicialmente.

O inciso XXII diz é garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a sua
função social; XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade
ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constituição; XXV - no caso de iminente perigo público, a
autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário
indenização ulterior, se houver dano.

O inciso XXVI diz a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada
pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade
produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; XXVII - aos autores
pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível
aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: a) a proteção
às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas,
inclusive nas atividades desportivas; b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico
das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas
representações sindicais e associativas.

O inciso XXIX diz a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para
sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes
de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento
tecnológico e econômico do País; XXX - é garantido o direito de herança; XXXI - a sucessão de bens
de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos
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filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus".

O inciso XXXII diz o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; XXXIII -
todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; XXXIV -
são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos
Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção
de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de
interesse pessoal.

O inciso XXXV diz a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito; XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com
a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c)
a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

O inciso XXXIX diz não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal; XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; XLI - a lei punirá qualquer
discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; XLII - a prática do racismo
constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; XLIII - a
lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.

O inciso XLIV diz constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis
ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; XLV - nenhuma pena passará
da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento
de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite
do valor do patrimônio transferido; XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará,
entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d)
prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos.

O inciso XLVII diz não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e)
cruéis; XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do
delito, a idade e o sexo do apenado; XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física
e moral; L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus
filhos durante o período de amamentação.

O inciso LI diz nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime
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comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de


entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; LII - não será concedida extradição de estrangeiro
por crime político ou de opinião; LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente; LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal; LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

O inciso LVI diz são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; LVII -
ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
previstas em lei; LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal; LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando
a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem.

O inciso LXI diz ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou
crime propriamente militar, definidos em lei; LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa
por ele indicada; LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado.

O inciso LXIV diz o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por
seu interrogatório policial; LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade
judiciária; LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança; LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável
pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.

O inciso LXIX diz conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data , quando o responsável pela ilegalidade ou
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições
do Poder Público; LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido
político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos
interesses de seus membros ou associados.

O inciso LXXI diz conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; LXXII - conceder-se-á habeas
data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes
84

de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a


retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.

O inciso LXXIII diz qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento
de custas judiciais e do ônus da sucumbência; LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; LXXV - o Estado indenizará o condenado por
erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença.

O inciso LXXVI diz são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: a) o
registro civil de nascimento; b) a certidão de óbito; LXXVII - são gratuitas as ações de habeas
corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania; LXXVIII - a
todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os
meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

O art. 6º traz o rol de direitos sociais: a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a


moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. O art. 7º prevê os direitos
dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de
lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos.

Seu inciso II diz seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; III - fundo de


garantia do tempo de serviço; IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz
de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação,
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes
periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer
fim; V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho.

Seu inciso VI diz irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria; IX
- remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; X - proteção do salário na forma da lei,
constituindo crime sua retenção dolosa; XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da
remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei.

Seu inciso XII diz salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda
nos termos da lei; XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e
quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo
ou convenção coletiva de trabalho; XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
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ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; XV - repouso semanal remunerado,


preferencialmente aos domingos; XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no
mínimo, em cinquenta por cento à do normal.

Seu inciso XVII diz gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do
que o salário normal; XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a
duração de cento e vinte dias; XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; XX - proteção
do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; XXI - aviso
prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; XXII
- redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.

Seu inciso XXIII diz adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou
perigosas, na forma da lei; XXIV - aposentadoria; XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes
desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; XXVI - reconhecimento
das convenções e acordos coletivos de trabalho; XXVII - proteção em face da automação, na
forma da lei; XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a
indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.

O inciso XXIX diz ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos
após a extinção do contrato de trabalho; XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de
funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; XXXI - proibição
de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador
de deficiência; XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou
entre os profissionais respectivos; XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre
a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
aprendiz, a partir de quatorze anos.

O inciso XXXIV diz igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício
permanente e o trabalhador avulso. Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII,
XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei
e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias,
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII,
XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social.

O art. 8º prevê que é livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:


I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o
registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na
organização sindical; II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer
grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será
86

definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de
um Município.

Seu inciso III diz ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais
da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; IV - a assembléia geral fixará
a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para
custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente
da contribuição prevista em lei; V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a
sindicato; VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho.

Seu inciso VII diz o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações
sindicais; VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura
a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o
final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Parágrafo único. As disposições
deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas
as condições que a lei estabelecer.

FIQUE DE OLHO
O art. 9º assegura o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a
oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. O
art. 10 atesta que é assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos
colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários
sejam objeto de discussão e deliberação. O art. 11 prevê que nas empresas de mais
de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a
finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.

6.1 Visão neoliberal na pós-modernidade


Enquanto na modernidade do pós-guerra (2ª Guerra Mundial) um novo otimismo e uma nova
crença na racionalidade prevaleceram, reconstruindo o mundo e a razão de maneira inovadora
e crítica, na modernidade dos críticos pós-modernos a crença na razão e na prática volta a se
perder. A modernidade neoliberal se tornou parte da nova visão do mundo, assim como um
individualismo feroz e uma insegurança generalizada (BRESSER-PEREIRA, 2014).

A crescente fragmentação e complexidade desse mundo Pós-Moderno, onde os indivíduos


ficam confusos diante da incrível variedade de informações, deve nos impulsionar à uma
participação mais ativa, justa e consciente na política brasileira atual.
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PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• compreender a avaliação dos pacientes com distúrbios neurológicos;

• compreender o processo de realização do exame físico em pacientes com distúrbios


neurológicos;

• avaliar o nível de consciência dos pacientes;

• identificar as alterações relacionadas ao sistema neurológico;

• identificar as principais patologias relacionadas ao sistema neurológico.


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enfermagem na assistência em crise convulsiva. Trabalho de Conclusão de Curso
(especialização). Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Universidade Federal
de Santa Catarina, Florianópolis, 2017.
Esta obra abrangente traz a evolução histórica e os aspectos
mais importantes que o estudante de Direito deve saber para iniciar
seus estudos do Direito brasileiro e teoria do Estado. Os autores
apresentam o conteúdo em quatro unidades, a saber: história e
conceitos do Direito; teoria da norma jurídica; a formação do Estado
e da sociedade; e, por fim, o Estado.

Aproveite a leitura deste conteúdo essencial e bastante


abrangente escrito de forma didática e que abordará os temas mais
importantes da área. Bons estudos!

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