Você está na página 1de 36

REVISÃO TÉCNICA

Rodrigo Moura Karolczak


Mestre em Ciência Política pela New York University e bacharel em
Relações Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo. Atua como pesquisador do Centro de Ensino e Pesquisa em
Inovação da FGV Direito SP.
APRESENTAÇÃO DO CURSO ....................................................................................................................................................... 1
OBJETIVOS ................................................................................................................................................................................................. 1
Objetivo geral ............................................................................................................................................................................. 1
Objetivos específicos............................................................................................................................................................ 1
AUTORES DA APOSTILA ..................................................................................................................................................................2
ESTRUTURA DO CURSO ..................................................................................................................................................................3
BIBLIOGRAFIA COMENTADA ........................................................................................................................................................4

INICIANDO O ESTUDO ....................................................................................................................................................................5

UNIDADE I – O QUE É INFORMAÇÃO? ....................................................................................................................................7

UNIDADE II – INFORMAÇÃO E CONTEXTO...........................................................................................................................9


INFORMAÇÕES PÚBLICAS .......................................................................................................................................................... 10
INFORMAÇÕES PRIVADAS ........................................................................................................................................................... 11

UNIDADE III – TRANSPARÊNCIA, FISCALIZAÇÃO E CIDADANIA ............................................................................ 13


TRANSPARÊNCIA ................................................................................................................................................................................14
QUEM RESPONDE À LAI? ..............................................................................................................................................................15

UNIDADE IV – FISCALIZAÇÃO: COMO COMBATER NOTÍCIAS FRAUDULENTAS COTIDIANAMENTE 17


NOTÍCIAS FRAUDULENTAS.........................................................................................................................................................17
RECEBI UMA NOTÍCIA. E AGORA?.......................................................................................................................................... 19
QUE POSTURAS BÁSICAS DEVO ADOTAR? ................................................................................................................... 22
O QUE DEVO FAZER PARA ME INFORMAR MELHOR E COMPARTILHAR INFORMAÇÕES DE
QUALIDADE? .......................................................................................................................................................................................... 23
APRESENTAÇÃO
DO CURSO
Por conta da intensa utilização de tecnologias da informação e comunicação, principalmente
a Internet, todos os dias somos bombardeados de informações. São mensagens, imagens, áudios e
vídeos que chegam dos mais diferentes grupos sociais de que fazemos parte – desse os colegas de
trabalho com que convivemos todos os dias até aquela tia que encontramos apenas ocasionalmente
nas festas da família. Passamos a usar as tecnologias para facilitar a comunicação, mas ainda estamos
aprendendo a lidar com o grande volume de conteúdo que chega até nós.
Neste curso, o nosso intuito é levar você a compreender de que forma podemos usufruir do
nosso direito à informação. Para tanto, vamos aprender o que fazer com as informações que
recebemos de diferentes fontes e como reagir a elas bem como conhecer ferramentas para verificá-
las. Além disso, vamos refletir sobre a importância do acesso à informação para o exercício da
cidadania e compreender como a adoção de boas práticas pode ajudar a combater o pânico moral
causado por notícias fraudulentas.

OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
Levar o aluno a desenvolver uma visão crítica para melhor aproveitar as informações que recebe
no dia a dia, o que deve ser feito do meio da utilização das ferramentas disponíveis para buscar, verificar
e compartilhar informações com base em critérios éticos de veracidade, credibilidade e confiança, ou
seja, critérios que o levem a lidar com as informações de forma responsável.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• compreender como se dá a circulação de informações;
• entender a diferença entre fontes de informação qualificadas e duvidosas;
• identificar e combater a disseminação das chamadas fake news e
• verificar o uso de ferramentas de transparência para o exercício da cidadania.
AUTORES DA APOSTILA
Jéssica Tainah da Silva Botelho
É mestre (2019) em Ciências da Comunicação pela
Universidade Federal do Amazonas e graduada (2016) em
Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal do
Amazonas. Atua como colaboradora no Centro Popular do
Audiovisual/Núcleo de Estudos e Práticas em Cibercultura.

Guilherme Forma Klafke


É doutorando (2019) e mestre (2015) em Direito
Constitucional pela Universidade de São Paulo e bacharel
(2011) em Direito pela Universidade de São Paulo. Atua
como colaborador na Sociedade Brasileira de Direito
Público desde 2011, onde coordenou a Escola de Formação
Pública (2017), e também como líder de projetos e
pesquisador no Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação da
FGV Direito SP. Foi professor de Filosofia do Direito na
Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo (2017-
2018). Atualmente, coordena e desenvolve pesquisas nas
áreas de Direito Constitucional, Jurisdição Constitucional,
Ensino Jurídico, Ensino Participativo, Direitos Humanos
Digitais e Filosofia do Direito.

Stephane Hilda Barbosa Lima


É doutoranda (2019) em Teoria do Estado pela Universidade
de São Paulo, mestre (2018) em Direito Constitucional pela
Universidade Federal do Ceará, especialista (2016) em Direito
Tributário e Processo Tributário pela Escola Jurídica Juris e
graduada (2014) em Direito pela Universidade Federal do
Ceará. Atua como pesquisadora no Centro de Ensino e
Pesquisa em Inovação da FGV Direito SP. Atualmente,
desenvolve pesquisas e atividades de ensino nas áreas de Ensino
Jurídico, Metodologias Participativas, Direitos Humanos
Digitais, Direito Educacional, Educação Digital e Regulação.

2
Tatiane Guimarães
É graduada (2019) em Direito pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo e atua como pesquisadora no Centro
de Ensino e Pesquisa em Inovação da FGV Direito SP.

ESTRUTURA DO CURSO
Neste curso, vamos abordar o conteúdo sobre acesso à informação por meio da seguinte estrutura:

• Unidade 1: Acesso à informação


Apresentaremos aqui algumas situações para levar você a entender o conceito de
informação e a compreender como o acesso à informação de qualidade pode contribuir
para a solução de problemas.

• Unidade 2: Informação e contexto


Nesta unidade, entenderemos a diferença entre informação de interesse público e informação
de interesse privado assim como entre informação pública e informação privada.

• Unidade 3: Transparência, fiscalização e cidadania


Aprofundaremos então o nosso conhecimento a respeito do acesso a informações
públicas. Para tanto, analisaremos a Lei de Acesso à Informação e as suas hipóteses
de aplicação.

• Unidade 4: Fiscalização: como combater notícias fraudulentas cotidianamente


Por fim, compreenderemos a importância do nosso papel como disseminadores de
informações. Veremos ainda dicas práticas para que possamos identificar notícias
fraudulentas e disseminar informação de qualidade.

3
BIBLIOGRAFIA COMENTADA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE JORNALISMO INVESTIGATIVO. Fórum de Direito de
Acesso a Informações Públicas. Lei de acesso a informações públicas: o que você precisa saber. São
Paulo: Abraji, 2014. Disponível em: https://www.abraji.org.br/publicacoes/lei-de-acesso-a-
informacoes-publicas-o-que-voce-precisa-saber. Acesso em: 12 ago. 2019.
Guia indicado para aqueles que ainda não estão familiarizados com a Lei de Acesso à
Informação (LAI) e querem começar a acessar informações públicas.

BRANCO, Sérgio. Fake news e os caminhos para fora da bolha. Revista Interesse Nacional, ano 10,
n. 38, ago./out. 2017. Disponível em: https://itsrio.org/wp-content/uploads/2017/08/sergio-
fakenews.pdf. Acesso em: 12 ago. 2019.
Artigo em que o autor descreve como o conteúdo que consumimos é influenciado por
algoritmos responsáveis pela personificação do uso das redes sociais a partir de dados
pessoais, levando os usuários a viverem em “bolhas” digitais. O autor alerta ainda sobre
os perigos de vivermos em tais bolhas, com menor diversidade de opiniões e perspectivas.

NÓBREGA, Camila (coord.). Os 5 anos da lei de acesso à informação: uma análise de casos de
transparência. São Paulo: Artigo 19 Brasil, 2017. Disponível em: https://artigo19.org/blog/2017/
05/15/os-5-anos-da-lei-de-acesso-a-informacao-uma-analise-de-casos-de-transparencia/. Acesso em:
12 ago. 2019.
Relatório fundamental para compreender a trajetória da LAI no Brasil. Nele os autores
discorrem sobre a aplicação da LAI e mostram o que ainda precisa melhorar para que,
de fato, haja uma cultura de transparência no poder público brasileiro.

PIMENTA, Angela; BELDA, Francisco Rolfsen. Manual da credibilidade jornalística. São Paulo:
Projor: Unesp. Disponível em: https://www.credibilidade.org/. Acesso em: 12 ago. 2019.
Manual em que pesquisadores explicam como funciona a desinformação e refletem sobre
a importância do jornalismo profissional para estabelecer parâmetros de qualidade e
credibilidade para a informação. No manual são apresentadas ainda ferramentas para
identificar e combater desinformação.

SORJ, Bernardo; CRUZ, Francisco Brito; SANTOS, Maike Wile dos; RIBEIRO, Marcio Moretto;
ORTELLADO, Pablo. Sobrevivendo nas redes: guia do cidadão. Rio de Janeiro: Plataforma
Democrática – Fundação FHC e Centro Edelstein de Pesquisa Sociais, mar. 2018. (Coleção Ensaios
Democracia Digital). Disponível em: http://www.internetlab.org.br/wp-content/uploads/
2018/05/Sobrevivendo_nas_redes.pdf. Acesso em: 12 ago. 2019.
Guia que explica como funciona o processo de desinformação na Internet e apresenta
dicas de como identificar e combater notícias fraudulentas.

4
INICIANDO O ESTUDO

Para que possamos compreender como o acesso à informação é fundamental para o exercício
da nossa cidadania, vamos ter em mente as seguintes situações:
Investigando atos de corrupção – Você assiste a uma reportagem no telejornal que fala
sobre um novo escândalo de corrupção no governo. Indignado, passa algum tempo
refletindo sobre como os políticos podem fazer isso enquanto temos problemas sociais sérios
para resolver. Sendo assim, você pensa: “Eu mesmo gostaria de saber investigar esses caras.”
Questionando decisões políticas – A prefeitura da sua cidade decidiu que vai reduzir o
orçamento da educação, alegando que os gastos são muito altos para quantidade de alunos
existente. No seu cotidiano de educador, você percebe que não é bem assim, mas não tem
informações suficientes para contrapor os argumentos da prefeitura e sugerir que a decisão
pública seja reavaliada.
Contratando um plano de saúde – Você quer contratar um plano de saúde. Como ainda
não decidiu qual contratar, perguntou a pessoas próximas, pediu recomendações e dicas,
mas as informações passadas não lhe ajudaram a tomar uma decisão. Você sente então que,
antes de escolher, precisa de informações mais precisas, mas não sabe a quem recorrer.

As situações apresentadas têm um ponto em comum: todas elas apresentam dúvidas que
podem ser resolvidas por meio do acesso a informações. Sendo assim, o nosso objetivo é levá-lo a
compreender como a Internet pode ser utilizada para acessar informações públicas e privadas,
auxiliando-o a conhecer práticas e ferramentas de busca de informação que lhe ajudem a tomar
decisões cotidianas, como escolher o seu plano de saúde, a tomar atitudes em relação ao poder
público, como fiscalizar instituições do governo ou escolher o seu candidato na próxima eleição, e
a realizar outras ações relacionadas à obtenção de informações.

5
UNIDADE I – O QUE É INFORMAÇÃO?

Certamente, você já deve ter ouvido expressões como “informação é poder” ou “vivemos em
uma sociedade da informação.” Pois bem, isso significa que você sabe como a informação é
importante no contexto social atual. Mas de que informação estamos falando?
São informações:
• os produtos gerados pelo trabalho dos jornalistas;
• os dados sobre o funcionamento de órgãos públicos, empresas ou quaisquer instituições
de interesse da sociedade;
• os resultados de pesquisas realizadas em áreas específicas;
• o conhecimento a respeito da vida de alguém próximo a você;
• a previsão do tempo e do clima semanal etc.

Como pudemos observar, há diversas informações disponíveis. Cabe a cada um de nós buscar
aquelas que melhor se adaptam às nossas necessidades. Para encontrar as respostas aos
questionamentos que surgiram em cada uma das situações apresentadas e propor soluções, por
exemplo, você pode recorrer a dados diversos. Vejamos:

7
Figura 1 — Como buscar informações

Ter acesso a informações, recebê-las, trocá-las, enfim, saber o que está acontecendo é essencial
para a comunicação e a convivência em sociedade. Ao buscarmos informações sobre as diversas
situações que se apresentam no nosso cotidiano, podemos compreender e exercer direitos e deveres,
identificar possibilidades de risco ou dano, assim como contribuir para a construção de uma
sociedade que tenha como fundamento a disseminação de informações confiáveis. A Internet facilita
esse processo, oferecendo-nos várias ferramentas.

8
UNIDADE II – INFORMAÇÃO E CONTEXTO

O que é e o que representa cada informação depende do contexto em que a informação está
sendo produzida e comunicada.
A informação de interesse público diferencia-se daquela de interesse privado (particular) em
razão do seu público-alvo. Por exemplo, as informações que você buscará para decidir que plano de
saúde vai contratar (Contratando um plano de saúde) terão significado apenas para pessoas com
o mesmo interesse, logo são informações de interesse privado. Já o corte na verba municipal da
educação (Questionando decisões políticas) ou o escândalo de corrupção (Investigando
corrupção) afetam uma parte maior da população e, por isso, são consideradas informações de
interesse público.

Reflexão

Há vários casos de pessoas famosas que são fotografadas realizando atividades normais e isso
acaba por torna-se notícia. Leia a reportagem a seguir, em que Caetano Veloso foi fotografado
estacionando o carro no Leblon.

Para ler a reportagem, acesse:


https://www.terra.com.br/diversao/gente/caetano-estaciona-carro-no-leblon-nesta-
quinta-feira,41d3399ae915a310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html

Agora, leia o artigo a seguir, que apresenta uma reflexão sobre o tema.

Para ler o artigo, acesse: https://medium.com/@shin70/e-o-que-caetano-pensa-


sobre-caetano-estaciona-carro-no-leblon-5b969d07f7a4#.gwigripa2.

Afinal, saber que um artista estacionou um carro é uma informação de interesse público ou
privado? Tudo depende do contexto. Imagine que a reportagem apresentada tenha sido veiculada
em um contexto de dúvida: Caetano Velloso está saudável? Nesse caso, muitas pessoas teriam
interesse em saber que ele foi visto saindo do seu carro por conta própria, sem problemas.

9
Casos como esse podem ir parar na Justiça. É o que acontece quando celebridades desejam
preservar a sua intimidade. Imagine que uma princesa esteja realizando atividades de lazer e seja
surpreendida por fotógrafos. Ela pode não querer que as fotos retiradas sejam divulgadas. Os canais
de comunicação alegam, contudo, que a sociedade tem direito à informação. Quem está com a
razão? Uma situação muito parecida com essa ocorreu com a Princesa Carolina de Mônaco (um
pequeno país europeu). Depois de idas e vindas, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos
entendeu que a imprensa deveria publicar apenas notícias que contribuíssem para algum debate de
interesse geral, ou seja, notícias que fossem de interesse público.
A distinção entre informação de interesse público e de interesse privado é diferente da
distinção entre informação pública e privada. Nesse último caso, o que importa é saber a origem da
informação e o tema abordado por ela. Essa distinção tem consequências importantes, como
veremos adiante.

Informações públicas
Informações públicas são aquelas que dizem respeito à sociedade e são de responsabilidade
do poder público (Estado). A partir dessa definição, podemos compreender como o direito à
informação pública está diretamente ligado à ideia de democracia. Somente governos
transparentes, acessíveis e que prestam contas à população podem garantir uma sociedade
verdadeiramente democrática.
Nesse caso, os ganhos para a sociedade são inúmeros, destacando-se os seguintes:

Melhorias de gestão e processos de decisão:


Quando os órgãos públicos prestam contas sobre o que fazem e como fazem, sobre a
implementação de políticas públicas ou sobre a efetividade das suas ações, é possível identificar
pontos de melhoria nos fluxos de trabalho e na organização, assim como no atendimento de
demandas e necessidades.
A situação Questionando decisões políticas, apresentada anteriormente, é um exemplo que
cabe aqui. Ao acessar informações públicas relacionadas às verbas para educação municipal, você
pode questionar o corte anunciado e organizar-se junto a outras pessoas ou instituições para propor
uma solução melhor.

Combate à corrupção:
Você lembra da situação Investigando atos de corrupção, sobre o caso de corrupção que lhe
causou indignação? Então, os cidadãos têm maiores condições de fiscalizar os governantes quando
as informações de gestão estão disponíveis e são de fácil acesso. Dessa forma, tornam-se aliados dos
órgãos de fiscalização.

10
Informações privadas
Informações privadas são aquelas relacionadas a empresas e organizações privadas (ONGs,
associações, etc.), as quais não são obrigadas a publicar dados sobre o seu funcionamento. No
entanto, devemos ressaltar que, geralmente, as empresas respondem a agências estatais de
regulação. Os planos de saúde, por exemplo, têm os seus serviços estipulados e fiscalizados pela
Agência Nacional de Saúde (ANS). Buscar informações nesse órgão é um bom caminho para
saber o que exigir do plano que você irá contratar, conforme ilustrado na situação Contratando
um plano de saúde.

Site

Cada agência reguladora é responsável por acompanhar um setor econômico e seus serviços.
Veja as principais:
• Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) – especialmente planos de saúde e
saúde em geral
Site para registrar algum incidente: http://www.ans.gov.br/planos-de-saude-e-
operadoras/espaco-do-consumidor/central-de-atendimento-ao-consumidor.
• Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) – especialmente telefonia
Site para registrar algum incidente: https://www.anatel.gov.br/consumidor/reclamacao.
• Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) – especialmente setor elétrico
Site para registrar algum incidente: https://www.anatel.gov.br/consumidor/reclamacao.
• Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) – especialmente serviços de
transporte entre Estados por ferrovias e rodovias
Site para registrar algum incidente: http://www.antt.gov.br/faleConosco/index.html.

Além disso, as empresas devem manter canais de atendimento ao consumidor. Os conhecidos


SACs (serviços de atendimento ao consumidor) são obrigatórios por lei e devem atender a critérios
de disponibilidade, tempo de atendimento, publicidade, etc.

Site

Para obter mais informações sobre SACs, acesse: https://idec.org.br/consultas/dicas-e-


direitos/conheca-as-regras-para-os-sacs-das-empresas.

Como é do interesse das empresas que os seus serviços e produtos tenham uma boa reputação
no mercado, muitas criam perfis em redes sociais e utilizam-nos como canais de comunicação com
os clientes. Há também a possibilidade de encontrar informações pertinentes sobre empresas em
fóruns da Internet, onde consumidores comentam a suas experiências pessoais.

11
Atenção!

Lembre-se de que o consumidor está amparado pelo Código de Defesa do Consumidor e


pode recorrer ao Programa de Defesa e Proteção do Consumidor (Procon) da sua localidade.
Os sites do Procon publicam informações sobre ações de fiscalização, mas você pode ir além e
pesquisar por entidades da sociedade civil que trabalham em defesa do consumidor.

Há sempre um caminho para buscar informações. É bem provável que você consiga encontrar
as informações desejadas ao fazer uma busca em plataformas específicas ou até mesmo realizando
uma pesquisa mais geral em sites de busca. O importante é saber que, com o auxílio da Internet,
ficou mais fácil manter-se bem informado em qualquer situação.

12
UNIDADE III – TRANSPARÊNCIA,
FISCALIZAÇÃO E CIDADANIA

As informações públicas são tão importantes que vale a pena explorar um pouco mais o tema.
O acesso à informação pública é um direito previsto pela Constituição Federal e, especificamente,
pela Lei de Acesso à Informação (LAI). A LAI é um instrumento de controle social e participação
política, sendo essencial ao exercício da democracia.

Site
Para obter mais informações sobre a Lei de Acesso à Informação, acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm.

Para que o acesso à informação pública seja de qualidade, uma legislação sobre direito à
informação deve basear-se em um conjunto de padrões estabelecidos com base nos melhores
critérios e práticas internacionais. A Lei de Acesso à Informação segue os seguintes aspectos gerais:

Divulgação máxima:
Um órgão público deve considerar como sigilosas as informações que comprometem, de
alguma forma, o funcionamento da instituição caso sejam publicadas. Ainda assim, é necessário
seguir um conjunto de regras para limitar que tipos de informação não podem ser acessadas
facilmente. Nesse caso, o princípio que deve nortear a divulgação de informações públicas é o
acesso, utilizando-se o sigilo em casos de exceção.
Por exemplo, na situação Investigando atos de corrupção, o primeiro passo a ser dado
para pesquisar detalhes sobre o caso seria analisar as informações disponíveis nos sites dos órgãos
públicos envolvidos.

Não exigência de motivação:


Ainda sobre a situação Investigando atos de corrupção, imagine que, ao solicitar
informações relacionadas ao escândalo de corrupção, você tivesse de explicar, detalhadamente, a sua
motivação. Isso pode fazer com que você fique constrangido, com dúvidas sobre o atendimento do

13
seu pedido. Requerer o objetivo ou a motivação de quem solicita informações públicas não é
permitido. Nesse caso, por serem públicas, entende-se que tais informações devem ser cedidas às
pessoas independentemente da vontade do órgão público em questão.

Atenção!
Apesar da não exigência de motivação, quando alguém solicita informações via LAI, na prática,
ainda é preciso identificar-se. Por conta disso, profissionais como jornalistas e pesquisadores
recorrem a ferramentas como a plataforma Queremos Saber, protegendo assim os seus dados
pessoais dentro das normas previstas na lei.

Para obter mais informações sobre a plataforma Queremos Saber, acesse:


https://queremossaber.org.br/

Limitação de exceções:
Apesar de haver o entendimento de que a maioria das informações deve ser divulgada, há
situações em que o sigilo pode ser aplicado, principalmente quando a divulgação de determinada
informação venha a comprometer as atividades dos órgãos públicos.
Os parâmetros para definição de sigilo e de quem pode aplicá-lo são, contudo, limitados e
estabelecidos por lei. O intuito dessa limitação é coibir práticas de ocultação de informações, que
dificultam o acesso do cidadão a dados públicos.

Informação gratuita:
As informações públicas devem ser disponibilizadas gratuitamente. Não é permitido cobrar
custos pelo acesso, exceto quando há necessidade de obter cópias físicas, como um CD ou páginas
impressas de um processo.

Transparência
Uma democracia só é efetiva
quando o povo tem poder.

Para que o processo de tomada de decisões seja pleno e legítimo, é imprescindível que,
individual e coletivamente, a sociedade tenha amplo acesso às informações da administração pública
em todos os níveis (federal, estadual e municipal) e poderes (legislativo, executivo e judiciário).
A transparência é o parâmetro por meio do qual o poder público se orienta para prestar contas
ao cidadão. De posse das informações necessárias, o cidadão pode ter controle social e desenvolver
iniciativas de participação comunitária. Segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), “a
transparência é o melhor antídoto contra a corrupção, uma vez que ela é um importante mecanismo
indutor para que os gestores públicos ajam com responsabilidade.” 1

1
Disponível em: https://www.cgu.gov.br/assuntos/transparencia-publica. Acesso em: 12 ago. 2019.

14
Existem dois tipos de transparência estipulados pela Lei de Acesso à Informação a que os
órgãos públicos brasileiros devem responder:
• transparência ativa – refere-se a informações que devem ser divulgadas por iniciativa dos
órgãos públicos, com base no interesse coletivo. Por exemplo, nomes e cargos de
autoridades e funcionários da instituição, funções e atividades do órgão, lista com
endereços e contatos, etc. e
• transparência passiva – refere-se a informações que não são normalmente divulgadas. Tais
informações podem ser abrangentes ou específicas, como documentos, listas, bases de dados,
etc. Nesse caso, existem procedimentos e prazos para resposta estabelecidos pela LAI.

Todos os sites de órgãos públicos devem ter um espaço para


facilitar o acesso às informações públicas e a solicitação de
pedidos, o que, geralmente, é indicado por esse ícone.

Quem responde à LAI?


Vejamos, no quadro a seguir, que órgãos e entidades respondem à Lei de Acesso à Informação:

Quadro 1 — Quem responde à LAI

Todos os órgãos e entidades Federais, estaduais, distritais e municipais.

Todos os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Direta (órgãos públicos) e indireta (autarquias, fundações,


empresas públicas, sociedades de economia mistas), e demais
Toda Administração Pública
entidades controladas direta ou indiretamente pela União,
pelos estados, pelo Distrito Federal ou pelo município.

Aquelas que receberam recursos públicos para realização de


ações de interesse público, diretamente do orçamento ou
Entidades sem fins mediante subvenção social, contrato de gestão, termo de
lucrativos parceria, convênio, acordo ou ajuste. Nesse caso, a publicidade
a que estão submetidas refere-se à parcela dos recursos
recebidos e à sua destinação.

Fonte: Portal Acesso à Informação. 2

2
Disponível em: http://www.acessoainformacao.gov.br/assuntos/conheca-seu-direito/principais-aspectos. Acesso em: 12 ago. 2019.

15
Como vimos, saber acessar informações é importante não só para resolver problemas do dia
a dia mas também para compreender problemas da sociedade em geral. Seja para contratar um
plano de saúde ou para questionar a verba pública destinada à educação, você deve ter conhecimento
para informar-se com autonomia.
Trabalhar questões sobre o acesso à informação em sala de aula, principalmente utilizando a
Internet como ferramenta, é proveitoso para uma educação pautada no desenvolvimento da
cidadania dos educandos. Ao debater e propor atividades sobre a fiscalização do poder público, por
exemplo, você está incentivando a participação social. Essa é, portanto, uma oportunidade para
construir conhecimentos e posturas a partir de uma política pautada na ética e na transparência.

16
UNIDADE IV – FISCALIZAÇÃO: COMO
COMBATER NOTÍCIAS FRAUDULENTAS
COTIDIANAMENTE

Você já deve ter notado que uma informação não é algo que é apenas recebido e pronto. Ao
obter uma informação do SAC de uma empresa, ler uma notícia ou receber dados do Poder Público,
provavelmente, você passará essa informação adiante. Todos nós somos, portanto, receptores,
produtores e compartilhadores de conteúdo. Por conta disso, também temos responsabilidade sobre
aquilo que dizemos ou enviamos aos outros.
A qualidade do acesso à informação depende não só da transparência do governo, da abertura
das empresas ou da ética da imprensa, mas também da conduta de cada indivíduo. Não basta,
portanto, que fiscalizemos o governo. Devemos exercer a nossa cidadania analisando a veracidade
de tudo aquilo que recebemos. Daí a importância de aprendermos a reconhecer informações
duvidosas ou enganosas assim como situações que exigem a busca de mais dados para o
compartilhamento de informações verídicas. E é essencial que o ensinemos para os estudantes
também, seja para que possam entender e colocar em prática o conhecimento das matérias estudadas
em sala de aula, seja para que se informem sem cair em pegadinhas da moda.

Notícias fraudulentas
Entramos no universo das notícias fraudulentas e, para compreendê-lo, vamos ter em mente
as situações a seguir:

I) Momo no celular:
Você acabou de receber uma mensagem no seu celular informando que a nova moda entre
os adolescentes é responder a desafios perigosos (envolvendo automutilação) de um demônio
chamado Momo. A mensagem ainda alerta sobre um número de telefone que pode hackear o seu
aparelho e roubar todos os seus dados.

17
II) Bruxaria e redes sociais:
Na sua cidade, estão circulando rumores sobre uma mulher que pratica "bruxaria" e sequestra
crianças para usá-las nos seus rituais. As famílias estão nervosas e preocupadas. A polícia divulgou
um retrato falado que passou a circular nas redes sociais da região.

III) Confisco da aposentadoria:


A sua mãe é idosa e recebe aposentadoria. De repente, ela liga chorando, desesperada, pois
acabou de saber no grupo da família que o governo vai tomar todo o dinheiro da sua conta bancária.
Sendo assim, pede que você a acompanhe, o mais rápido possível, até o caixa eletrônico mais
próximo para sacar o que está guardado na sua conta.

Pense rápido! Qual seria a sua reação em


cada uma dessas situações?
O que você faria?

A disseminação de notícias fraudulentas não é exatamente uma novidade, assim como o


pânico e as reações equivocadas que tais notícias podem provocar. No entanto, é importante
observarmos que informações não têm rótulos dizendo se são enganosas, confiáveis ou se já foram
verificadas. Obviamente, seria muito mais fácil se assim fosse. No entanto, devido ao grande volume
de informações que circula na Internet, é muito difícil verificar tudo o que está on-line. A educação
é o melhor caminho para identificar, verificar e compartilhar informações confiáveis e, dessa forma,
contribuir para o exercício do direito à informação.

Atenção!

O direito à informação está conectado ao direito à liberdade de opinião e expressão, sendo


fundamental para que você possa procurar, receber ou compartilhar informações. Esses
direitos são reconhecidos como essenciais para o fluxo de informações na sociedade, pois
garantem o desenvolvimento da cidadania e a participação política, de forma a mantê-lo
suficientemente informado sobre a atuação pública.

Para obter mais informações sobre o direito à liberdade de opinião e expressão, acesse
a Declaração universal de direitos humanos e leia o artigo XIX:
https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf.

18
Recebi uma notícia. E agora?
Ao contrário do que parece, não existe apenas um tipo de notícia fraudulenta. Existem
diferenças que envolvem a forma de abordar contextos, de narrar conteúdos e de aproximar fatos
concretos de dados duvidosos. A jornalista Claire Wardle, do projeto First Draft News, destaca sete
tipos de notícia fraudulenta 3. Vejamos:

Figura 2 — Sete tipos de desinformação intencional e não intencional

4
Fonte: Adaptado de WARDLE (2017).

Atenção!
Assim como existem diversos tipos de notícia falsa, existem também diversas formas de enviá-
las. Notícias falsas podem chegar até você por meio de mensagens, vídeos, áudios ou links
para sites.

3
Disponível em: https://firstdraftnews.org/fake-news-complicated/. Acesso em: 12 ago. 2019.

4
Disponível em: https://firstdraftnews.org/fake-news-complicated/. Acesso em: 12 ago. 2019

19
As notícias fraudulentas que circulam na Internet possuem algumas características específicas.
São alguns elementos que, sozinhos ou combinados, têm potencial para desinformar, enganar ou
confundir o leitor. Vejamos um exemplo a seguir:

Figura 3 — Mensagem veiculada pelo aplicativo WhatsApp

5
Fonte: Projeto de checagem O Poder de Eleger.

Observando a composição do título (popularmente conhecido como manchete) e do restante


do texto, vejamos algumas conclusões a que podemos chegar:
• não é possível identificar quem é responsável pelo conteúdo ou o veículo que o
publicou – isso é essencial para checar as credenciais e a credibilidade de quem se
responsabiliza pelo conteúdo/plataforma. Pense: se você recebeu, recebeu de alguém.
Quem escreveu? De onde veio?

5
Disponível em: https://web.facebook.com/ElPoderDeElegir/photos/a.549421595431550/745300122510362/?type=3&theater. Acesso em:
12 ago. 2019.

20
• as informações são apresentadas sem indicação de fontes – um conteúdo informativo
sério e de qualidade oferece aos seus leitores a possibilidade de refazer o caminho da
construção do texto, de modo que eles possam verificar, por conta própria, se as
informações apresentadas, de fato, existem e estão corretas. Acessar links sem saber a sua
fonte é bastante perigoso, podendo comprometer o seu aparelho. Por exemplo, na
situação VI (Confisco de aposentadoria), a sua mãe poderia ter recebido um link com
uma mensagem do seguinte tipo: “Clique aqui para acessar o site do INSS e saber seu
saldo”;
• não há identificação de quem escreveu o texto ou do responsável pela publicação –
nesse caso, perceba que não há como pesquisar o autor para saber de quem se trata ou
responsabilizá-lo pelo conteúdo;
• não há preocupação em reconhecer ou corrigir erros – no jornalismo profissional,
quando um erro é identificado em uma reportagem, o jornal publica uma nota
reconhecendo o erro e corrigindo-o. Na situação 1 (Momo no celular), seria algo como:
“Ontem publicamos uma notícia que afirmava que vídeos da Momo circulavam, sem
avisos, em uma plataforma de vídeos. A empresa responsável alertou que não recebeu
notificações sobre o caso e que tem uma equipe responsável por rastrear e retirar
conteúdos violentos da plataforma.”;
• o conteúdo está muito enviesado e não há espaço para o "outro lado" da notícia –
geralmente, confirma ou concorda com um único ponto de vista porque procura leitores
em momentos políticos em que não se respeitam as diferenças de opiniões;
• não é possível entender exatamente o que é publicidade, opinião, notícia ou editorial;
• para que não haja qualquer questionamento sobre o conteúdo, não há espaço para
comentários dos leitores;
• há um tom de urgência e é alarmista – o conteúdo é apresentado como algo muito
importante, que não pode ser escondido das pessoas. Nesses casos, é muito comum o
uso da caixa alta para evidenciar a importância da mensagem. Geralmente, também são
apresentadas ideias conspiratórias, que provocam sensações de medo, desespero,
surpresa ou preocupação. É aquela mensagem que nos faz pensar: “Preciso fazer algo
sobre isso agora!”;
• as palavras escolhidas não poupam ofensas, xingamentos ou apelidos pejorativos –
o objetivo é depreciar aquilo que está sendo exposto e
• há erros na escrita – não há preocupação com a qualidade texto, e o conteúdo apresenta
erros básicos de concordância, regência, grafia, etc. Pode conter erros em nomes de
pessoas, instituições, lugares, etc.

21
Quantas dessas características você
consegue identificar na mensagem
apresentada na Figura 3?

Se você identificou três ou mais características, há uma grande probabilidade de essa notícia
ser fraudulenta. E sim, a mensagem apresentada na Figura 3 é de uma notícia fraudulenta, um
conteúdo do tipo enganoso. Ela distorce uma informação verdadeira – a mudança do horário de
verão em 4 de novembro de 2018 – para tratar, de maneira tendenciosa e manipulada, da votação
nas urnas eletrônicas.

Atenção!

Nem toda informação incorreta é necessariamente fraudulenta. Algumas informações são


publicadas incorretamente devido a erros jornalísticos, ou são extrapoladas para dar um tom
humorístico ao conteúdo, ou estão fora de contexto. O que faz uma notícia ser fraudulenta é a
intenção de enganar o leitor e causar problemas tanto para os leitores quanto para as pessoas
mencionadas. Conteúdos fabricados e rumores são, portanto, conteúdos suspeitos de causar
dano a alguém.

Que posturas básicas devo adotar?


Em síntese, adote duas posturas básicas ao receber uma notícia:

Desconfie:
Relembre a situação Momo no celular. Ao receber o alerta sobre o desafio da Momo, você
estranhou o tom da mensagem? Chegou a questionar como isso pode acontecer? Uma situação
grave assim deve ser levada a sério, deve ser de conhecimento público e, provavelmente, vai envolver
as autoridades e a cobertura da imprensa.
É preciso ter cautela ao analisar a mensagem e desconfiar dela. Provavelmente, em algum
momento você pensou: “Há muitas pessoas comentando. Deve ser verdade.” Nem sempre. Ainda
que você receba a mensagem de alguém em que confia ou que esteja verdadeiramente preocupado
com as potenciais vítimas do desafio (crianças e adolescentes), isso não é suficiente para atestar a
sua veracidade. Sendo assim, mesmo que a mensagem esteja de acordo com a sua opinião ou
preferência, desconfiar é a regra.

Para ler uma reportagem sobre como pessoas da nossa confiança também enviam mensagens
falsas, acesse: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-43797257.

22
Não repasse o conteúdo a outras pessoas sem refletir sobre ele:
Na situação Bruxaria e redes sociais, imagine que o compartilhamento da mensagem sobre
a “bruxa” da cidade tenha chegado a um nível tão absurdo que alguém tenha visto uma mulher na
rua com características físicas próximas às apresentadas na mensagem e tenha dito que ela era a
bruxa. Suponhamos que, com isso, um grupo tenha se reunido para fazer justiça com as próprias
mãos e que o final tenha sido trágico, resultando na morte da mulher.
Parece extremo? Infelizmente, isso aconteceu em 2014, na cidade do Guarujá (SP). A atitude
violenta e criminosa da população foi um erro provocado pelo compartilhamento de informações
equivocadas e enganosas. Após o ocorrido, a polícia descobriu que a mulher em questão não era a
acusada e nem sequer era parecida com a descrita no retrato falado.

Para obter mais informações a respeito do caso, acesse: http://g1.globo.com/sp/santos-


regiao/noticia/2014/05/mulher-morta-apos-boato-em-rede-social-e-enterrada-nao-vou-
aguentar.html.

Como pudemos notar, a disseminação de notícias fraudulentas não fica somente na esfera
digital, podendo gerar consequências que envolvem atos violentos irreversíveis. Dessa forma,
mesmo que você pense “Mas eu preciso alertar as pessoas. Isso é grave!”, pare e reflita: caso não seja
verdade, você estará melhorando ou piorando a situação? Quais são os riscos e danos que essa
mensagem pode provocar?
No caso de crianças e adolescentes, que ainda estão em processo de formação escolar, é
necessário cautela e cuidado ao orientá-los nesse tipo de situação. Na situação Momo no celular,
além de ter cuidado com crianças e adolescentes, é preciso ter calma ao abordar o assunto com os
pais e responsáveis, evitando criar pânico desnecessário.

O que devo fazer para me informar melhor e compartilhar


informações de qualidade?
Podemos começar a fazer a diferença para melhorar a qualidade da informação que recebemos
e compartilhamos. A seguir, veremos três dicas que têm como base a chamada verificação de fatos:

Identificar fontes de informação confiáveis:


Diferenciar os tipos de informação incorreta é um bom começo para saber identificar fontes
de informação confiáveis. Priorize fontes que tenham algum tipo de conhecimento baseado em
verificação, como:
• jornalismo profissional – possui estrutura organizada, editores(as) e repórteres treinados
para investigar notícias a fundo;

23
• agências de checagem – são instituições profissionais de verificação de informação. Alguns
exemplos são Aos Fatos, Lupa, Boatos.Org e E-farsas, e
• pesquisadores acadêmicos – conhecem os temas que estudam em profundidade e baseiam
os seus trabalhos em métodos científicos verificáveis.

Em casos em que são apresentadas falas de representantes de alguma organização pública ou


privada, busque diretamente o pronunciamento dos envolvidos:
• órgãos públicos – a maioria das instituições públicas possui assessorias de imprensa que,
habitualmente, respondem a demandas desse tipo e
• empresas privadas – quando há alguma polêmica, as empresas costumam emitir notas
de esclarecimento nas suas redes sociais.

Lembre que você tem a Lei de Acesso à Informação para ajudar nesse caso”

Buscar informações sobre o fato:


Para averiguar se uma informação é verdadeira, é fundamental reunir o máximo de dados de
diferentes fontes, comparar tais dados e buscar indícios sobre a veracidade da informação.
Lembre-se de que não é recomendado repassar um conteúdo suspeito adiante, mesmo que
você já tenha algumas informações a respeito do que nele é abordado. É necessário ter certeza sobre
os fatos e cuidado com o modo de avisar outras pessoas. Para tanto:
• verifique se o assunto ou o fato aparece em outras plataformas digitais;
• se o conteúdo apresentar um alerta (algo como “Urgente!”) sobre algo que está
acontecendo, verifique outras mídias, como rádio ou televisão, e
• pergunte a outras pessoas se elas ouviram falar algo sobre o assunto.

Verificar a informação por conta própria:


Você não precisa esperar que outras pessoas verifiquem o conteúdo de que suspeita. É possível
verificar informações de diversas formas. Vejamos:
• pesquise em buscadores usando palavras-chave – por exemplo, se você receber uma
mensagem com o conteúdo "Questão de matemática do Enem vazou na Internet",
busque por: “Enem” (tema principal) + “vazamento” (ação principal) + “Inep” (órgão
responsável pela elaboração do exame);
• reflita sobre o contexto – o momento em que uma notícia fraudulenta circula diz muito
sobre ela e
• analise o público-alvo – costumamos acreditar em conteúdos que estão de acordo com
as nossas opiniões e crenças. Pense no público a que se direciona a mensagem e reflita se
esse direcionamento não a torna suspeito.

24
Para acessar uma análise sobre a informação do vazamento da prova de Matemática do Enem,
acesse: http://www.e-farsas.com/questao-de-matematica-do-enem-2019-vazou-nas-redes-
sociais.html.

Cuidado! Nem sempre investigar a


veracidade de um conteúdo é suficiente
para combater o prejuízo que ele pode causar.

A seguir, indicamos outras três ações que, combinadas às ações de verificação, ajudam a evitar
ou diminuir os possíveis danos causados por notícias fraudulentas. Vejamos:

Denunciar as notícias fraudulentas nas plataformas:


Toda plataforma de rede social possui padrões de comunidade, ou seja, políticas de boa
conduta na rede. Um conteúdo pode ser excluído se, por exemplo, incitar comportamento violento
ou conter plágio. Por conta desses padrões de comunidade, os próprios usuários podem denunciar
conteúdos para que sejam removidos da rede social. Os aplicativos mensageiros também estão
adotando esse mecanismo.

É fundamental que, após fazer a devida


verificação, você denuncie o conteúdo e
peça a sua remoção da plataforma.

Compartilhar conteúdo verificado:


Notícias fraudulentas circulam com muita facilidade na Internet, tornando-se um desafio ao
exercício da cidadania baseada em informações de boa qualidade. Uma boa prática para combatê-
las é compartilhar a notícia correta e verificada. Compartilhar notícias fraudulentas, mesmo com a
intenção de denunciá-las, pode gerar mais visualizações e mais desinformação.
Compartilhe o resultado da sua checagem, recomende fontes de informação confiáveis e
mostre os passos básicos para investigar a veracidade do conteúdo. Caso veja alguém publicando o
conteúdo fraudulento original, comente apresentado links da verificação.

Alertar sobre o pânico moral:


As reações diante de um conteúdo enganoso e alarmista variam de pessoa para pessoa. Dessa
forma, é preciso ter cautela ao lidar com o tema, principalmente quando se trata de informações
que possam gerar efeitos emocionais extremos, como explosões de raiva, tristeza ou pânico. Como
vimos nas etapas de verificação, o pânico é desnecessário. Tente tranquilizar as pessoas e mostre o
resultado da sua checagem para que pensem sobre as suas ações.

25
Figura 4 – Checagem de fatos contra o pânico moral

IMPORTANTE: Como educador(a), você representa uma autoridade em sala de aula e em


sociedade. Por isso, a sua responsabilidade em relação ao cuidado com as informações é maior em
razão da sua credibilidade e confiança.

26
• A informação é um direito fundamental para o exercício da cidadania.
• Para aproveitar as informações de modo responsável e seguro, é preciso saber como
identificar e analisar as informações que recebemos no dia a dia;
• Todas as pessoas podem contribuir ativamente para a manutenção de uma postura ética
no consumo e compartilhamento de informações, bem como utilizar os conhecimentos
adquiridos neste curso para ensinar familiares, colegas de trabalho, vizinhos, alunos etc. a
acessar fontes de informação confiáveis e adequadas.
• Agora que já sabe identificar os elementos típicos de notícias fraudulentas e os tipos de
informação incorretos, você já pode adotar as boas práticas de consumo de informações e
está capacitado para combater a disseminação de notícias falsas, ajudando a diminuir o
pânico moral por elas causado.

27
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE JORNALISMO INVESTIGATIVO. Fórum de Direito de
Acesso a Informações Públicas. Lei de acesso a informações públicas: o que você precisa saber. São
Paulo: Abraji, 2014. Disponível em: https://www.abraji.org.br/publicacoes/lei-de-acesso-a-
informacoes-publicas-o-que-voce-precisa-saber. Acesso em: 12 ago. 2019.

SORJ, Bernardo; CRUZ, Francisco Brito; SANTOS, Maike Wile dos; RIBEIRO, Marcio Moretto;
ORTELLADO, Pablo. Sobrevivendo nas redes: guia do cidadão. Rio de Janeiro: Plataforma
Democrática – Fundação FHC e Centro Edelstein de Pesquisa Sociais, mar. 2018. (Coleção Ensaios
Democracia Digital). Disponível em: http://www.internetlab.org.br/wp-content/uploads/
2018/05/Sobrevivendo_nas_redes.pdf. Acesso em: 12 ago. 2019.

NÓBREGA, Camila (coord.). Os 5 anos da lei de acesso à informação: uma análise de casos de
transparência. São Paulo: Artigo 19 Brasil, 2017. Disponível em: https://artigo19.org/blog/2017/
05/15/os-5-anos-da-lei-de-acesso-a-informacao-uma-analise-de-casos-de-transparencia/. Acesso em:
12 ago. 2019.

PIMENTA, Angela; BELDA, Francisco Rolfsen. Manual da credibilidade jornalística. São Paulo:
Projor: Unesp. Disponível em: https://www.credibilidade.org/. Acesso em: 12 ago. 2019.

BRANCO, Sérgio. Fake news e os caminhos para fora da bolha. Revista Interesse Nacional, ano 10,
n. 38, ago./out. 2017. Disponível em: https://itsrio.org/wp-content/uploads/2017/08/sergio-
fakenews.pdf. Acesso em: 12 ago. 2019.

28
Boato – Informação de rápida propagação e sem fonte conhecida. Também associado à prática
popular da "fofoca", o boato pode atingir grandes proporções, destruir reputações, causar
transtornos públicos e dar início a ondas de pânico.

Desinformação – Processo que envolve, sobretudo, a atuação política em prol da propagação de


informações falsas, com a intenção de enganar o leitor.

Notícia – Informação de interesse público que passou por procedimentos de averiguação e


checagem, podendo ser comparada, tecnicamente, a outras informações do mesmo tipo.

Fato – Aquilo que é conhecido por ser consistente com a realidade objetiva e que pode ser
comprovado por meio de evidência.

29

Você também pode gostar