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ESTUDANTES DA UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA DE MAPUTO (UP-M)

Ao

Tribunal Administrativo

Maputo

14 de fevereiro de 2023

Assunto: Pedido de intervenção face aos actos administrativos observados na UP-M


relacionados às propinas e demais taxas aplicadas na mesma.

Meritíssimo

Imbuídos dos mais sublimes motivos, apraz-nos antes de mais e com devida vénia, endereçar as
mais cordiais saudações estudantis, desejando votos uma jornada laboral coroada de êxitos.

Meritíssimo

Após tomarmos conhecimento no mês de janeiro através de um edital datado de 18 de janeiro


do corrente ano, representados pelos chefes das turmas, estivemos reunidos com a associação
dos estudantes da UP-M (AEUP), com vista a analisar as alterações verificadas no mesmo.

Da mesma reunião, ao abrigo do disposto no artigo 69 da Constituição da República de


Moçambique (CRM), aprovado pela lei 1/2018 de 12 de junho, escrevemos uma carta datada de
27 de janeiro último, cuja assunto era : Impugnação a subida das propinas e demais taxas
aplicadas na UP-M, que colocaremos em anexo, cujo cerne do pedido dos estudantes era a
NÃO APLICAÇÃO DAS NOVAS TAXAS AOS ESTUDANTES JÁ INSCRITOS.

Meritíssimo

Através da portaria nr 162/GR/UP-M/215/2023, a UP-M emitiu uma informação em resposta a


nossa carta, cujos pronunciamentos não satisfazem ao nosso pedido, pois percebemos
claramente a questão da inflação por eles invocada, porém a mesma afecta também os
estudantes, concorrendo para a suspensão da inscrição por um número significativo dos
estudantes, em particular aos com propinas mensais (do regime pós-laboral e à distância).

Consta ainda na referida carta, que o acordo que fizemos com a universidade não trata-se de
um contrato, afinal, quando define-se critérios com deveres e direitos entre duas ou ou mais
pessoas não seria essa base de um contrato?

Ademais, diz a universidade através da referida carta, que o agravamento observado foi de 30%
a 45%, porém em algumas situações observamos o agravamento de 95% a 100%, ao exemplo
dos cursos de (Ensino de Física, Ensino de Química e ensino de Biologia), cuja taxa de inscrição
semestral era de 420mt/cadeira tendo passado para 820mt/cadeira, observando um
incremento de 400mt correspondents a 95.2%. Na mesma senda, o exame de recorrência que
antes era gratuito, teve um incremento de 100% da inscrição semestral.

É verdade que nos documentos por nós assinados não encontramos alguma cláusula que prevê
a manutenção das taxas durante o decurso do curso porém, também não encontramos alguma
que previsse a alteração das mesmas, por isso questionámo-nos sobre a base usada pela
universidade para esta finalidade.

Meritíssimo

O artigo 88 da Constituição da República de Moçambique (CRM),no seu número 1 prevê que:


Na República de Moçambique, a educação constitui um direito e dever de cada cidadão. No se
número 2 o mesmo prevê que: o Estado promove a extensão da educação, à formação
profissional contínua e a igualdade de acesso de todos os cidadãos ao gozo deste direito.

Não seriam os estabelecimentos públicos de ensino que garantiriam o gozo deste direito
constitucionalmente estabelecido?

Em Moçambique existem várias instituições de natureza privada que formam os diferentes


tipos de profissionais exigidos pelo mercado porém o acesso a essas instituições privilegia uma
determinada classe social, podendo os demais cidadão não poderem progredir
profissionalmente caso essa réplica se verifique nas instituições públicas.
Meritíssimo

Nós os estudantes da UP-M, acreditamos na administração da justiça moçambicana,


acreditamos na competência de V.Excia na resolução deste diferendo.

Para melhor avaliação e análise, colocaremos em anexo a carta por nós enviada, a carta da UP-
M em resposta, o edital das taxas e propinas recém publicado e o anteriormente usado na UP-
M.

Sem mais no momento, desejamo-vos um bom trabalho.

Atenciosamente

Maputo

14 de fevereiro de 2023

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