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GRUPO FALCÃO – ADVOGADOS ASSOCIADOS

Avenida Presidente Kennedy, n.º 1.495, Sala 309, Centro - Duque de Caxias/ RJ - Cep 25.010-007

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DE FAZENDA


PÚBLICA/RJ.

ELIAS MOREIRA SILVA, brasileiro, separado judicialmente,


professor, portador da carteira de identidade nº 05492647-2 IFP/RJ e do CPF sob
o nº 706.741.327-34, residente e domiciliado na Rua Leocádia Rego, nº 15 – Aptº
102 – Olaria/RJ – CEP: 21.021-470, por sua advogada infra-assinada, inscrita na
OAB/RJ sob o N.º 128.021, com escritório profissional estabelecido na Avenida
Presidente Kennedy, n.º 1.495, Sala 309, Centro - Duque de Caxias/RJ – CEP:
25.010-007, onde receberá eventuais notificações e intimações, à presença de
Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO

Em face do ESTADO DO RIO DE JANEIRO, com endereço da


Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro, situado na Rua Dom Manuel, nº
01 – Centro, nesta Cidade – RJ, pelos fatos e fundamentos adiante expostos:

INICIALMENTE

Inicialmente requer os benefícios da GRATUIDADE DE JUSTIÇA,


eis que, o autor não reúne condições para arcar com custas e honorários de
advogado sem prejuízo de sustento próprio e de sua família declaração doc.

DOS FATOS

Que o demandante é funcionário estatutário do demandado, estando


lotado no Colégio Estadual de Ensino Fundamental e Médio como professor
docente I.
Que o autor é professor e exerce sua função junto ao sistema
DEGASE ministrando aulas, orientando, educando, disciplinando, coordenando e
dirigindo os menores infratores.
Que a atividade do demandante visa o ensino e educação regular
dos presos e menores infratores, internos do sistema DEGASE.
Que o autor desempenha suas atividades ligadas ao Colégio
Estadual Padre Carlos Leôncio da Silva onde o autor está lotado e as aulas
somente são ministradas para os internos do sistema DEGASE, e, submetidos a
medida sócio educativa, não havendo alunos de fora.
Que o contato do autor com os presos e menores infratores em
cumprimento de pena é diário, constante e ininterrupto durante os horários de
trabalho do mesmo.
Que o autor cumpri jornada de trabalho para a acionada não inferior
a 8 horas.
Que o executivo estadual editou a legislação 3684 de 26.10.2001
regulamentando o plano de quadro e remuneração, com gratificação de 230%
sobre os ganhos dos funcionários lotados na Secretaria de Justiça – DEGASE
legislação doc.
Que a gratificação antes mencionada, é paga aos funcionários que
trabalham em centros educacionais para menores infratores, face ao trabalho
perigo que desempenham.
Que entre as atividades perigosas está a convivência diária com
menores infratores, as brigas dos mesmos, as rebeliões, a possibilidade continua
do autor vir a se tornar vitima como refém, além de represálias em geral.
Que tanto o pessoal da Secretaria de Justiça – DEGASE (Escola de
menores Infratores), como o pessoal da Secretaria de Educação (professores de
ensino regulamentar) estão expostos a atividades perigosas, pois o material de
contato são os mesmos, ou seja, os menores infratores.
Que o demandante exerce a função de professor lotado no colégio
antes mencionado para menores infratores sistema DEGASE, promovendo o
ensino regular aos mesmos doc.
Que o autor desta forma sempre trabalhou em atividade perigosa,
mas até os dias atuais não recebe gratificação de 230% direcionada aos
funcionários vinculados as atividades da demandante.
Que em tais condições encontravam-se outros servidores que
através do Poder Judiciário fora conferido o direito a gratificação, sendo o Estado
condenado ao pagamento da gratificação ora requerida aos funcionários lotados
no mesmo órgão. Vencendo assim, judicialmente, o direito a receber a gratificação
em tela.
Que a procuradoria da ré editou parecer favorável a pretensão em
foco, reconhecendo que em razão das mesmas funções desenvolvidas pelos
funcionários da Secretaria Estadual de Educação com os funcionários da
Secretaria de Justiça – DEGASE era devida a gratificação de atividades especiais
e perigosas, no percentual percebido os paradigmas antes discriminadas de 230%
reclamados, sendo modelos para a pretensão Autoral parecer e folha de ponto
doc.
Que tentando dar forma ao pagamento antes mencionado a ré
deliberou formalizar transferência do primeiro modelo para a Secretaria de Justiça
– DEGASE, quiçá para tentar uma avalanche de ações em busca do direito líquido
e certo de perceber a gratificação especial e em atividade perigosa no percentual
de 230%, situação que frente ao judiciário deve ser vista como discriminatória,
pois é evidente o direito do autor a aludida gratificação.
Que neste sentido registre-se o autor trabalha nas mesmas
condições e exposições que os funcionários da Secretaria de Justiça – DEGASE,
o que faz a diferença é a gratificação que a ré não paga para o demandante no
percentual de 230%, o que deve ser reconhecido face a atividade perigosa
desempenhada pelo demandante.
Que no particular tem-se como forçoso que a gratificação especial e
de atividade perigosa é devido pelo fato de estarem os servidores desenvolvendo
funções perigosas, ou seja, os requisitos da concessão da gratificação é atrelado
a função exercida, e não a origem do servidor, logo qualquer servidor da ré cedido
ao DEGASE, ou mesmo que trabalhe nas unidades das escolas de menores
infratores, fazem jus a gratificação reclamada, sendo o caso do autor.
Que repita-se a atividade do acionante é exercida exposta ao perigo
desde 01.02.2005, de sorte que deve a ré responder pelo pagamento da
gratificação de atividade especiais e perigosa mês a mês desde a época da
legislação que criou tal gratificação, mantendo a mesma enquanto perdurar a
atividade perigosa e garantido os reflexos da mesma para efeitos de férias mais
1/3, 13º salário e demais vantagens do servidor em foco ou ainda na forma a ser
fixada em sentença judicial.
Que vale registrar que o autor além de toda narrativa, ainda é
controlado pela direção do Colégio citado que pertence ao sistema DEGASE que
emite declaração de freqüência do mesmo, ou seja, definitivamente inexiste
motivos para o não pagamento da gratificação de atividade perigosa, o que deve
ser reconhecido pelo judiciário.
DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA que no presente pleito, temos os
requisitos que autorizam a concessão de medida eficaz de imediato, tanto pelo
lado da tutela como para o de liminar inaudita altera partes, de se verificar a
verossimilhança existente, havendo dano continuado e ininterrupto tanto na esfera
material como na moral, sem contar que a verba reclamada tem natureza jurídica
de alimentos, logo a urgência se faz presente.
Que da mesma forma que, pela narrativa dos autos, tem-se a
presença do periculum in mora, pois quanto mais tempo se passar mais riscos o
autor corre e sem receber pelos mesmos, o que é injusto se outros funcionários
nas mesmas atividades e exposições recebem a gratificação de trabalho perigoso.
Que ao caso contrata-se a presença do fumus boni iuris, tanto pelo
lado jurídico, como administrativo, no primeiro caso a lei permite o pagamento de
gratificação aos servidores em atividades perigosas, no segundo a via
administrativa determinou o pagamento da gratificação a servidores de outra
secretaria e que estivessem em atividades perigosas como o caso do paradigma,
logo não há motivos para que o autor continue trabalhando em atividades
perigosas sem a paga da gratificação reclamada.
Que a tutela em foco, visa proteger direito presente e futuro, ou seja,
o autor requer os efeitos da tutela para que seja determinado a ré que inicie o
pagamento da gratificação de 230% relativa a atividade perigosa desempenhada
pelo demandante mantendo tal pagamento, enquanto o autor exercer atividade
perigosa.
DO DANO MORAL que a discriminação de tratamento, motivada
pela acionada, associada as atividades ininterruptas e continuadas exposta a risco
de vida e perigosa, bem como o stress do dia a dia de trabalho do autor frente ao
perigo eminente lhe deixam passar por sofrimentos, angustias, amarguras e
dissabores diversos, que devem ser indenizados, pois caracterizam danos morais,
agravados pelo dano material demonstrado, até porque o autor como trabalha nas
mesmas condições das paradigmas e recebe menos do que as mesmas, tudo por
conta da gratificação em tela que os modelos recebem.
Quer a reparação por danos morais, acompanhando a modernização
de nosso sistema jurídico, vem sendo alvo de grande atenção por parte de nossos
legisladores – tendo sido alçado a nível Constitucional – doutrinadores que
elaboram magníficas e inovadas teses a respeito – e, por nossos Tribunais – os
quais, atentos ao inafastável avanços com que vem sendo tratada a matéria,
proferem decisões de elevada qualidade jurídica, retratando a importância que
merece a matéria.
Efetivamente, a nossa atual Constituição Federal, nos incisos V e X
do artigo 5º, assegura de forma categórica a reparação por danos morais, in
verbis:

“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da


indenização por dano material, moral ou à imagem;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou
moral decorrente de sua violação.”

Segundo a determinação veiculada pela nossa Carta Política no


sentido que é assegurada a indenização por dano moral, além do dano
eminentemente material, ou seja, de qualquer verba por danos morais é autônoma
e distinta de outras demais eventuais devidas, o Superior Tribunal de Justiça erigiu
a sumula 37, a qual consagra o seguinte entendimento:

“São acumuláveis as indenizações por Dano Material e Moral oriundos


do mesmo fato.” Sumula 7 do STJ.

Na hipótese, é inafastável a obrigação da ré em reparar os danos


morais indiscutivelmente suportados pelo autor em virtude da grave lesão sofrida
e a infinita dor moral – dor sentimento – de causa material, conseqüente da
irresponsabilidade da ré, face as irregularidades narradas na presente.
A compensação pela dor intima sofrimento psíquico e dissabores
sofridos na esfera moral pelo autor, é, pois, indiscutivelmente devido,
principalmente em face e com base do que dispõe a atual Carta Magna, que
inspirou o sábio PAPA DA RESPONSABILIDADE CIVIL, que assevera com
maestria, o seguinte comentário:

- NÃO CABE, POR OUTRO LADO, CONSIDERAR QUE SÃO INCOMPATÍVEIS


OS PEDIDOS DE REPARAÇÃO PATRIMONIAL E INDENIZAÇÃO POR DANO
MORAL. O FATO GERADOR PODE SER O MESMO. PORÉM O EFEITO PODE
SER MÚLTIPLO. A MORTE DE UMA PESSOA FUNDAMENTA UMA
INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL NA MEDIDA QUE SE AVALIE O QUE SE
PERDE PECUNIARIAMENTE OS SEUS DEPENDENTES. AO MESMO TEMPO,
JUSTIFICA A REPARAÇÃO POR DANO MORAL QUANDO SE TEM EM VISTA A
DOR, O SOFRIMENTO QUE REPRESENTA PARA SEUS PARENTES OU
ALIADOS A ELIMINAÇÃO VIOLENTA E INJUSTA DE ENTE QUERIDO,
INDEPENDENTE DE QUE A SUA FALTA ATINGE A ECONOMIA DOS
FAMILIARES E DEPENDENTES.

A CONSTITUIÇÃO DE 1988 VEIO POR UMA PÁ DE CAL NA RESISTÊNCIA À


REPARAÇÃO DO DANO MORAL, O ARTIGO 5º - X DISPÕE “SÃO INVIOLÁVEIS
A INTIMIDADE, A VIDA PRIVADA, HONRA E A IMAGEM DAS PESSOAS,
ASSEGURANDO O DIREITO À INDENIZAÇÃO PELO DANO MATERIAL OU
MORAL, DECORRENTE DE SUA VIOLAÇÃO”. DESTARTE, O ARGUMENTO
BASEADO NA AUSÊNCIA DE UM PRINCÍPIO GERAL DESAPARECE. E ASSIM,
A REPARAÇÃO DO DANO MATERIAL INTEGRA-SE DEFINITAVMENTE EM
NOSSO DIREITO MORAL. O PROBLEMA DE SUA REPARAÇÃO DEVE SER
POSTO EM TERMOS DE QUE A REPARAÇÃO DO DANO MORAL, A PAR DO
CARÁTER. SEM A NOÇÃO DE EQUIVALÊNCIA, QUE E PRÓPRIO DA
INDENIZAÇÃO DO DANO MATERIAL, CORRESPONDERÁ A FUNÇÃO
COMPENSATÓRIA PELO QUE TIVER SOFRIDO. SOMENTE ASSUMINDO UMA
CONCEPÇÃO DESTA ORDEM É QUE SE COMPREENDERÁ QUE O DIREITO
POSITIVO ESTAVELECE O PRINCÍPIO DA REPARAÇÃO DO DANO MORAL,
INSERE-SE UMA ATITUDE DE SOLIDARIEDADE À VITIMA.” (J. A. DIAS).

DO PEDIDO

Face a todo exposto requer:

1- A concessão da antecipação da tutela para determinar a ré que passe a


pagar a partir da mesma a gratificação de 230% dos ganhos da acionante,
pelas atividades especiais e perigosas desempenhada pela mesma;

2- O deferimento da Justiça Gratuita em favor do acionante;

3- A citação da ré, para, querendo, oferecer defesa/contestação, sob pena de


revelia e os efeitos da confissão, prosseguindo-se até sentença final com a
condenação da mesma a satisfazer os pedidos condenatórios elencados
em item próprio;

4- A intimação do MP para querendo se manifestar no feito;

5- A intimação da demandada para tarifar a ficha funcional das paradigmas


JUREMA BATISTA DE SOUZA, VERA GENTIL, JEANN D’ARC e/ou
JANETE BAPTISTA DA SILVA os recibos de pagamento da mesma desde
da admissão até os dias atuais;

6- A juntada das inclusas cópias para que surtam seus efeitos legais;

7- A declaração de que a atividade do acionante é desenvolvida no mesmo


local, espaço físico e materiais da dos funcionários do Colégio Padre Carlos
Leôncio da Silva ou sistema DEGASE, reconhecendo que a atividade é
perigosa na forma da legislação do parecer da PGERJ, das condições do
modelo indicado e de todos os demais funcionários que trabalham com
menores infratores no referido sistema DEGASE e que percebam a
gratificação em tela, reconhecendo-se que o direito a gratificação esta
vinculado e depende da atividade desenvolvida ou trabalhada e não a
origem do servidor;

8- A condenação da ré a:

a- Indenizar o autor mês a mês desde 26.10.2001 edição da lei que confere a
gratificação em tela no valor de 230% de gratificação a incidir sobre os
ganhos do mesmo, tendo em vista a atividade especial e perigosa, pelo
trabalho com menores infratores ou na forma a ser fixada observada a
lotação do autor;

b- Indenizar diferenças de férias mais 1/3 de, 2005/2006, 2006/2007,


2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012, e demais
parcelas vencidas, vincendas e/ou vinculadas ano a ano até decisão de
mérito da presente transitada em julgado, pela integração da gratificação de
atividade especial e perigosa a tais parcelas;

c- Indenizar diferenças de 13º salários de, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009,
2010, 2011, 2012 e demais parcelas ano a ano até decisão de mérito da
presente transitada em julgado, pela integração das gratificação de
atividade especial e perigosa a tais verbas;

d- A manter o pagamento da gratificação de atividade especial para efeito de


incoporação aos vencimentos do autor;

e- Danos Morais a ser arbitrados pelos sofrimentos que a demandante vem


passando com sua situação funcional na forma narrada nos autos.

9- Protesta por todos os meios de prova em direito admitidos;

10- Valor da causa R$ ( );

Nestes Termos,
Pede deferimento.

Duque de Caxias, 19 de dezembro de 2013.

Maria Estela da Silva Falcão


OAB/RJ- 128.021

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