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em face de UBER BRASIL TECNOLOGIA LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
CNPJ sob o n° ___, com sede na Rua ___, n° ___, bairro ___, São Paulo/SP, CEP ___, pelos motivos
de fato e de direito a seguir expostos.
I – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
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BRASIL. Constituição Federal. Art. 5º, inc. LXXIX: o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos.
garantia constitucional, delineando as diretrizes para a efetivação desse feito.
In verbis:Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com
insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários
advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.
Dessa forma, comprovada sua condição, o Requerente faz jus aos benefícios da justiça
gratuita, com fulcro no artigo 98, caput, e 99, §4º, ambos do Co digo de Processo Civil, e artigo 5º,
inciso LXXIV, da Constituição Federal de 1988, em virtude de não ter condições de arcar com os
encargos decorrentes do processo sem prejuízo de seu próprio sustento.
Ante o exposto, requer a parte Autora a concessão dos benefícios da justiça gratuita,
em razão de sua comprovada hipossuficiência.
II – DOS FATOS
O Autor, ao longo de mais de seis anos, desempenhou suas funções como motorista de
aplicativo na plataforma Uber de maneira íntegra, digna e honesta, conquistando uma notável avaliação
de 4.88 estrelas em um total de 5. Contudo, em fevereiro de 2023, mesmo com essa expressa pontuação,
foi surpreendido pela notificação em seu aplicativo, informando abruptamente a desativação permanente
de sua conta sob a acusação infundada de LGBTfobia, sem prévio aviso ou a oportunidade de apresentar
sua defesa.
Ocorre que, mesmo a parte Autora possuindo nota alta dentro da plataforma, em fevereiro
de 2023 foi surpreendido com a notificação em seu aplicativo informando que sua conta havia sido
desativada permanentemente, por acusação de LGBTfobia, sem qualquer aviso prévio ou oportunidade
de defesa.
▪ 2021: R$ 60.000,00
▪ 2022: R$ 72.000,00
▪ Janeiro/2023: R$ 6.107,00
▪ Fevereiro/2023 (até a exclusão): R$ 3.520,00
III – DO MÉRITO
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final.
Desse modo, evidente que o contrato de adesão o qual o motorista foi subordinado é
extremamente abusivo, além de que a Ré é a única que pode apresentar as provas em juízo, devendo
ser obrigada a apresentar as telas sistêmicas, conforme solicitado ao final.
Nesse sentido, nota-se que deve prevalecer a boa-fé objetiva na relação dos
contratos, conforme estabelece o art. 422 do Código Civil. Porém, no presente caso, a Ré não
agiu de boa-fé ao desativar de forma repentina e arbitrária a conta da parte Autora, sem
qualquer aviso prévio assim como se manteve inerte perante as inúmeras tentativas do
motorista para resolver o ocorrido de forma administrativa.
Além do mais, outro ponto que deve se observar na presente relação UBER X
MOTORISTA, é a função social do contrato que se trata de um princípio contratual de ordem pública,
um dos muitos que emergiram junto coma Lei 10.406/2002.
A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, não elimina o
princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio quando presentes
interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana. (Enunciado
n. 23 da I Jornada de Direito Civil).
De tal forma, todo contrato deve respeitar o princípio da função social, estando este
acima de outros que disciplinam o instituto, assim como a dignidade da pessoa humana,
eventualmente, está acima de outros direitos e garantias fundamentais.
Vicente Greco Filho (2009, p. 249) sintetiza esse princípio de maneira bem prática e
simples:
Evidentemente que a sua inobservância causa grave dano ao autor, que não teve a
oportunidade de defesa às acusações imputadas, devendo ter a intervenção do judiciário, conforme
precedentes sobre o tema:
Sendo assim, é explícito que os direitos fundamentais básicos não foram analisados,
haja vista que a parte autora não teve direito de se defender perante o bloqueio de sua conta.
Assim, nota-se que a conta do motorista foi desativada de forma ilícita. Dessa forma
no que tange à responsabilidade civil por danos decorrentes de ato ilícito civil, depreende-se da leitura
aos artigos 186, 187 e 927, parágrafo único, do Código Civil a imputação ocorrerá sempre que o autor
do dano, por conduta ativa ou omissiva, praticada em circunstâncias que façam presumir a negligência
ou imprudência, viole direito e cause dano a outrem.
Dessa forma, tendo em vista que não foi assegurado ao Autor o seu direito
constitucional de ampla defesa, resta claro o quão injusto foi o processo para o bloqueio de sua conta.
Portanto, a violação à personalidade da parte autora ultrapassa o mero dissabor, ao não ter o
fundamental direito de se defender diante das acusações, em vias administrativas.
O Autor confiava legitimamente nos valores que recebia há mais de 6 anos através do
seu trabalho como motorista parceiro da plataforma, para pagar suas dívidas e manter o seu sustento,
e de forma repentina ter sua fonte de renda interrompida, vêm lhe causando diversos transtornos
psicológicos e financeiros.
Ora, um trabalhador vem sofrendo enormes desgastes, tanto na esfera judicial, quanto
emocional, para apenas conseguir seu direito de TRABALHAR DE FORMA DIGNA E HONESTA
NOVAMENTE!
Dessa forma, torna-se evidente que não foi dado ao autor o direito de defesa, haja vista
que os motivos apresentados pela ré não condizem com a realidade fáctica do presente caso, posto que
a parte autora NUNCA atuou de maneira contrária aos Termos de Uso determinados pela plataforma,
bem como as legislações brasileiras.
Diante disso, a indenização por dano moral deve representar para a vítima uma
satisfação capaz de amenizar de alguma forma o abalo sofrido e de infligir ao causador sanção e alerta
para que não volte a repetir o ato, uma vez que fica evidenciado completo descaso aos transtornos
causados.
Portanto, é evidente que a ré causou ao autor danos que superam o mero aborrecimento,
uma vez que a conta do Autor foi desativada de forma totalmente injusta e ilícita, e o bloqueio vem
lhe causando diversos prejuízos, gerando a obrigação de ser ressarcido no montante não inferior a
R$10.000,00 (dez mil reais).
Os lucros cessantes são uma das espécies de dano material e representam os valores
que a parte deixa de auferir em razão de determinado evento danoso e possuem natureza
compensatória.
Nos termos do Art. 300 do Código de Processo Civil "a tutela de urgência será
concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou
o risco ao resultado útil do processo”.
Nesse sentido, conforme destaca a doutrina, não há razão lógica para aguardar o
desfecho do processo, quando diante de direito inequívoco:
Ainda, notório que a Ré não realiza qualquer esforço a fim de resolver o conflito de
forma administrativa, haja vista que apenas tenta se desvincular de suas responsabilidades, prolongando
ainda mais o sofrimento do autor, que se encontra desempregado, desejando apenas ter seu direito de
TRABALHAR de forma digna e honesta novamente
Nesse sentido, caso o Autor necessite de aguardar o trânsito em julgado para ver seu
direito satisfeito, este corre o risco de tornar a decisão inócua, pois o Autor ficaria longos meses sem
conseguir levar para casa o seu sustento, e, nas palavras da Ministra Carmem Lúcia, “justiça que tarda,
é falha”. Além disso, conforme leciona Humberto Theodoro Júnior:
"um risco que corre o processo principal de não ser útil ao interesse demonstrado pela
parte", em razão do "periculum in mora", risco esse que deve ser objetivamente
apurável, sendo que e a plausibilidade do direito substancial consubstancia-se no
direito "invocado por quem pretenda segurança, ou seja, o "fumus boni iuris" (in
Curso de Direito Processual Civil, 2016. I. p. 366).
Por fim, cabe destacar que o presente pedido não caracteriza conduta irreversível, não
conferindo nenhum dano ao réu, já que a medida pode ser revertida a qualquer tempo, sem prejuízo
para a empresa multinacional como a Ré.
Assim resta claro, o perigo de dano, pois na medida em que a demora do processo, vem
acarretando na suspensão do exercício das atividades laborais do Promovente, o que compromete
diretamente seu sustento.
Portanto, tendo em vista que o Autor utiliza a plataforma como sua única e principal
fonte de trabalho, é de extrema urgência que este volte a ter acesso à sua conta, uma vez que sempre
trabalhou de forma correta, seguindo e respeitando à risca todas as diretrizes da plataforma.
IV – DOS PEDIDOS
Termos em que,
Pede deferimento.
OAB/DF