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CURSO: DIREITO (Aracaju)

DISCIPLINA: ÉTICA PROFISSIONAL


DOCENTE: RAFAEL SOARES DE CERQUEIRA

Pró Reitoria de Graduação


Data da Entrega
MAPA DE NOTAS
Código de Acervo Acadêmico 125.31 20/09/2018 TURMA
Data da Devolução N6 ME
ATIVIDADE SUBSTITUTIVA - CONADI 02/10/2018
ESTUDANTE: Raquel Rocha Almeida

Critérios de Avaliação
1. A presente atividade substitutiva ao CONADI será realizada SOMENTE pelos alunos que não participaram de nenhuma
das atividades do CONADI, conforme aviso postado anteriormente para vocês no Magister.

2. Os discentes que participaram de qualquer um dos eventos realizados durante o CONADI deverão apresentar relatório à
parte sobre a referida atividade, nos moldes do outro arquivo postado para vocês no Magister, indicando especificamente à
qual evento o relatório se refere.

3. Após responder esta atividade, o aluno irá enviar a mesma anexada, para o seguinte endereço eletrônico:
soaresdecerqueira.advocacia@yahoo.com.br

5. O título do e-mail deverá ser o seguinte: “Atividade Substitutiva – CONADI – Raquel Rocha Almeida”.

6. A data final e improrrogável para o envio da mesma será até as 23hs59min do dia 02/10/2018.

7. No dia previsto para a nossa próxima aula após a prova da Unidade 1, dia 11/10/18, serão feitos os comentários e a
correção da referida ME ao final da aula, somente para os alunos que deverão realizar a referida atividade, de forma a não
atrasar o conteúdo programático para os demais discentes.

8. A atividade substitutiva poderá ser realizada com consulta aos livros da bibliografia e a legislação “seca” do EOAB, devendo
haver a indicação da fonte utilizada para elaborar tal resposta.

QUESTÃO GERAL – ÉTICA PROFISSIONAL

Imaginem que vocês estão atuando em determinada empresa como advogad@s ocupando um cargo de diretoria dentro
da mesma, portanto um cargo de confiança. Posteriormente vocês resolvem se desligar da empresa e, logo após sua
saída da mesma, decidem patrocinar determinado cliente que lhes procura para ajuizar demanda contra seu ex-
empregador.

Considerando as disposições contidas no EOAB, responda:

a) É vedada ou permitida este tipo de atuação?

b) Caso entenda ser permitida esta atuação, indique o fundamento previsto no EOAB.

c) Caso entenda ser vedada tal prática, seria aplicável somente quando o advogad@ ocupou cargo de confiança
ou em qualquer cargo? Sob qual fundamento?
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RESPOSTA

O art. 28 do EOAB traz as hipóteses de incompatibilidade da advocacia com outras atividades, mesmo
atuando em causa própria. Ainda, o texto afirma que a incompatibilidade permanece mesmo que o ocupante
do cargo ou função deixe de exercê-lo temporariamente. São algumas delas:
Ocupantes de cargos ou funções de direção em Órgãos da Administração Pública direta ou indireta,
em suas fundações e em suas empresas controladas ou concessionárias de serviço público; ocupantes de
cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a qualquer órgão do Poder Judiciário e os que exercem
serviços notariais e de registro; ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a atividade
policial de qualquer natureza; ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento,
arrecadação ou fiscalização de tributos e contribuições parafiscais; e ocupantes de funções de direção e
gerência em instituições financeiras, inclusive privadas.
Antes de tudo, é necessário esclarecer que para que configure ao advogado empregado exercício de
cargo de confiança, é necessário que haja, além da procuração em nome da empresa, para que possa
representa-la, é preciso que haja representatividade, direção ou gestão do mesmo na empresa em que trabalha,
e não somente a confiança e mandato inerentes ao exercício da profissão de advogado.
Isto posto, a 1ª Turma de ética profissional do Tribunal de Ética e Disciplina da Ordem dos
Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP) decidiu que o advogado não pode patrocinar qualquer causa
contra ex-empregador caso o processo envolva informação da empresa obtida quando prestava o serviço,
ficando o advogado proibido de atuar. A vedação se faz necessária para que não surja receio de que
informações sigilosas sejam utilizadas no curso dos processos. Assim, o advogado, quando contratado para
postular contra ex-empregador ou ex-cliente, “deve resguardar o segredo profissional e as informações
reservadas ou privilegiadas que lhe tenham sido confiadas”.
Porém, além das recomendações, que são descritas no art. 19, existe um impedimento temporal de
dois anos para que este advogado postule causas contra quem já o remunerou. Dessa forma, o patrocínio de
novas demandas somente será admissível se o objeto da ação judicial que se pretender patrocinar não tiver a
mais remota relação com as informações sigilosas obtidas pelo advogado no curso da prestação de serviços.
Em se tratando de sociedades, um sócio impedido não “contamina” os demais. Porém, o Tribunal de
Ética e Disciplina decidiu que não pode constar “nome na procuração, nem no contrato de prestação de
serviços e nos impressos da sociedade, devendo, enfim, estar totalmente alheio às relações costumeiras entre
cliente e advogado na lide diária, nas causas que houver impedimento, sob pena de infringir os ditames ético-
estatutários”.

Assim foi o entendimento do TED-SP:

SIGILO E SEGREDO PROFISSIONAL – PATROCÍNIO DE AÇÃO CONTRA EX-


EMPREGADOR – EXERCÍCIO DE CARGO DE CONFIANÇA – AÇÕES QUE GUARDAM RELAÇÃO
COM INFORMAÇÕES SIGILOSAS OBTIDAS PELO ADVOGADO NO CURSO DA PRESTAÇÃO DE
SERVIÇO -IMPOSSIBILIDADE – O PATROCÍNIO DE AÇÕES DE TERCEIROS CONTRA EX-
EMPREGADOR SOMENTE É POSSÍVEL SE O OBJETO DAS NOVAS AÇÕES NÃO GUARDAR
QUALQUER RELAÇÃO COM AS INFORMAÇÕES OBTIDAS PELO ADVOGADO NO CURSO DA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. O advogado não pode patrocinar ações de ex-empregados ou terceiros contra
o ex-empregador quando exerceu cargo de confiança no quadro de funcionários da empresa, uma vez que essa
hipótese levantaria o fundado receio que alguma informação sigilosa pudesse ser utilizada no patrocínio das
ações. O patrocínio de ações contra ex-empregador deve ser sempre verificado com muita cautela. O
patrocínio de novas demandas, a qualquer tempo, somente será admissível se o objeto da ação judicial que se
pretender patrocinar não tiver a mais remota relação com as informações sigilosas obtidas pelo advogado no
curso da prestação de serviços. O respeito ao sigilo profissional é eterno e deve perdurar durante toda a vida
do advogado. Inteligência dos artigos 21, 22, 35, 36, § 1º do CED e da Resolução nº 17/00 deste TED I.
Precedentes: E-2.726, E-1260/95, E-2.357/01, E-3.262/05 e E-4042/11. Proc. E-4.998/2018 - v.u., em
17/05/2018, do parecer e ementa do Rel. Dr. JOÃO LUIZ LOPES, Rev. Dr. ZANON DE PAULA BARROS -
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Presidente Dr. PEDRO PAULO WENDEL GASPARINI".


O fato de o advogado empregado ter exercido cargo de confiança apenas justifica o seu impedimento,
pois, dada a natureza da função que desempenhava, este provavelmente teria mais acesso a informações
sigilosas e que venham a causar maiores danos à empresa em que trabalhou, caso venha a litigar em desfavor
a dela.
Entretanto, há casos em que, quando o advogado que na empresa não houver exercido atividade
diversa da advocacia, o entendimento se dá no sentido de que é possível que este advogue contra o ex-
empregador, observando sempre a conduta ética e cuidando para que, caso tenha sido contaminado com
informações privilegiadas ou sigilosas, não venha a usá-las no curso do processo.

Vejamos:
IMPEDIMENTO ÉTICO – EXERCÍCIO DE ATIVIDADE NÃO ADVOCATÍCIA POR ADVOGADO –
POSSIBILIDADE DE ADVOGAR CONTRA EX-EMPREGADOR, POIS LÁ NÃO ATUOU COMO TAL –
DISPENSA DO LAPSO TEMPORAL DE DOIS ANOS – PARÂMETROS ÉTICOS A SEREM
OBSERVADOS.
A restrição do impedimento ético exsurgi quando o advogado atua como tal e não quando está a exercer outra
atividade profissional que não se confunde com a primeira. O exercício por advogado de atividade não
advocatícia é permitido, salvo as exceções elencadas no artigo 28 do Estatuto. Não atuou como advogado da
empregadora e nem estava lá a procura de captar causas e/ou clientes. Seu labor era lecionar. Cabe ponderar
dever o advogado, mesmo não atuando como tal para seu antigo empregador, preservar sua conduta ética,
resguardando de forma perene, o sigilo, caso tenha tido acesso a informações privilegiadas. O conhecimento
deste quanto ao funcionamento interno da empregadora e suas relações de amizade com os demais
professores, sejam eles da área jurídica ou não, não caracterizam qualquer impedimento, seja legal ou ético eis
que não viola sigilo a que tivesse conhecimento por dever do oficio de advogar. Afinal, a clientela do
advogado, regra geral, advém do próprio ambiente que frequenta, de seu círculo de conhecidos e amigos, dos
parentes, não sendo crível impedir que advogue para tais. O princípio a ser seguido é simples, básico e
natural: o cliente que procura o advogado e não este àquele!
Proc. E-4.466/2015 - v.u., em 02/02/2015, do parecer e ementa do Rel. Dr. FABIO KALIL VILELA LEITE -
Rev. Dra. BEATRIZ M. A. CAMARGO KESTENER - Presidente Dr. CARLOS JOSÉ SANTOS DA SILVA.

Referências:

BRASIL, SÃO PAULO. Ementa OAB-SP, nº 02, 19/06/2008. EXERCÍCIO PROFISSIONAL – ADVOGADO
EMPREGADO E POSTERIORMENTE ASSOCIADO À SOCIEDADE DE ADVOGADOS –
IMPEDIMENTO – LAPSO DE 2 (DOIS) ANOS PARA ADVOGAR CONTRA EX-CLIENTE OU
EMPREGADOR – SOCIEDADE DE ADVOGADOS – EXTENSÃO DO IMPEDIMENTO À SOCIEDADE E
DEMAIS SÓCIOS, ASSOCIADOS, EMPREGADOS E PRESTADORES DE SERVIÇOS –
INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA – CAUTELAS A SEREM ADOTADAS. Ementa nº 02. Disponível em: <
http://www.cesa.org.br/arquivos/ementas_junho08.pdf >. Acesso em: 30 de set. 2018.

BRASIL. LEI N° 8.906, DE 4 DE JULHO DE 1994. Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB). BRASÍLIA, DF, jul. 1994. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8906.htm >. Acesso em: 30 de set. 2018.

BRASIL, SÃO PAULO. Ementa OAB-SP, 02/02/2015. IMPEDIMENTO ÉTICO – EXERCÍCIO DE


ATIVIDADE NÃO ADVOCATÍCIA POR ADVOGADO – POSSIBILIDADE DE ADVOGAR CONTRA EX-
EMPREGADOR, POIS LÁ NÃO ATUOU COMO TAL – DISPENSA DO LAPSO TEMPORAL DE DOIS
ANOS – PARÂMETROS ÉTICOS A SEREM OBSERVADOS.
(Proc. E-4.466/2015 - v.u., em 02/02/2015, do parecer e ementa do Rel. Dr. FABIO KALIL VILELA LEITE -
Rev. Dra. BEATRIZ M. A. CAMARGO KESTENER - Presidente Dr. CARLOS JOSÉ SANTOS DA SILVA).
Disponível em: < https://www2.oabsp.org.br/asp/tribunal_etica/pop_ementasano.asp?ano=2015 >. Acesso em: 30 de
set. 2018.
Pá gina3

BRASIL, SÃO PAULO. Ementa OAB-SP. PRESTADOR DE SERVIÇO PARA PREFEITURA NO CARGO DE
DIRETOR DE RELAÇÕES DO TRABALHO – CARÊNCIA DE 2 (DOIS) ANOS PARA PATROCINAR
CAUSAS NA ÁREA TRABALHISTA CONTRA AQUELA QUE O REMUNEROU – IMPEDIMENTO
PERENE NA HIPÓTESE DE ADVOGAR CONTRA ATO JURÍDICO EM QUE TENHA COLABORADO,
ORIENTADO OU CONHECIDO EM CONSULTA – IMPEDIMENTO ETERNO DE REVELAR SEGREDOS
OBTIDOS NO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO OU QUE SOB ESTE TENHA O CONSULENTE DADO
PARECER. Disponível em: < http://www.cesa.org.br/arquivos/ementas_junho08.pdf >. Acesso em: 30 de set. 2018.

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