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ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL

ANÁLISE: ESTATUTO DA OAB


Identificação de disposições estatutárias que se coadunam às noções de competência, lealdade,
independência, sigilo e responsabilidade (5 virtudes profissionais).

CO M PE TÊ NCIA
§3º É vedada a divulgação de advocacia em conjunto com outra atividade.
Advogado tem publicidade muito restrita = deve fazer seu nome/fama
Art. 1º
com base em uma boa reputação (que, por sua vez, advém da
competência).

Os serviços profissionais de advogado são, por sua natureza, técnicos e


singulares, quando comprovada sua notória especialização, nos termos da lei.
(Incluído pela Lei nº 14.039, de 2020)

Parágrafo único. Considera-se notória especialização o profissional ou a


sociedade de advogados cujo conceito no campo de sua especialidade,
decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações,
Art. 3º-A organização, aparelhamento, equipe técnica ou de outros requisitos
relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é
essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do
contrato. (Incluído pela Lei nº 14.039, de 2020)

Pode não ter a ver com a ‘virtude da competência’ em si, mas incluí este
artigo, pois achei interessante a forma como a habilitação técnica (que
se relaciona à competência) veio disciplinada nesta alteração de 2020.

X - usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante


intervenção sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação
a fatos, documentos ou afirmações que influam no julgamento, bem como para
replicar acusação ou censura que lhe forem feitas;
XI - reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou
autoridade, contra a inobservância de preceito de lei, regulamento ou
regimento; Vejo relação com a competência na medida em que aqui se
alia uma questão de alto rigor na técnica jurídica (saber ‘quando’
intervir e ‘o que’ alegar) à subjetividade das relações humanas (saber
Art. 7º
‘como’ intervir, para não prejudicar sua imagem/relação com aqueles
sujeitos processuais). Embora a ‘independência’ seja garantida ao
causídico, sabemos que nem sempre conseguimos reverter o ‘orgulho
ferido’ de um juiz por meio de agravo de instrumento...

§ 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria,


difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no
exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções
disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer.

Acadêmico: Felipe E. D. Cassel


Professor: Jose Rodrigo Rodriguez
Novembro de 2020
A relação de emprego, na qualidade de advogado, não retira a isenção
Art. 18
técnica nem reduz a independência profissional inerentes à advocacia.

O advogado deve proceder de forma que o torne merecedor de respeito e que


contribua para o prestígio da classe e da advocacia.
[...]
§ 2º Nenhum receio de desagradar a magistrado ou a qualquer
Art. 31
autoridade, nem de incorrer em impopularidade, deve deter o advogado no
exercício da profissão. Mais uma vez: a relação com outras virtudes pode
ser até mais evidente, mas a competência parece ser essencial para
balizar essa parte mais delicada (combativa e conflituosa) da atuação.

Constitui infração disciplinar:[...]


VI - advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa-fé quando
fundamentado na inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em
pronunciamento judicial anterior; Logo, é obrigado a conhecer (bem) a
legislação.
Art. 34.
XVI - deixar de cumprir, no prazo estabelecido, determinação emanada do
órgão ou de autoridade da Ordem, em matéria da competência desta, depois
de regularmente notificado; Competência na organização
pessoal/profissional = não perder prazo.
XXIV - incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional;

LE ALDADE
§2º No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão
Art. 2º favorável ao seu constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos
constituem múnus público..

§ 3º O advogado que renunciar ao mandato continuará, durante os dez dias


seguintes à notificação da renúncia, a representar o mandante, salvo se for
Art. 5º
substituído antes do término desse prazo. Não se pode abandonar o cliente
repentinamente.

§ 4o Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados,


constituir mais de uma sociedade unipessoal de advocacia, ou integrar,
simultaneamente, uma sociedade de advogados e uma sociedade unipessoal de
advocacia, com sede ou filial na mesma área territorial do respectivo Conselho
Art. 15 Seccional. Parece que há aqui uma tentativa de evitar conflitos de
interesse = + independência e +lealdade.

§ 6º Os advogados sócios de uma mesma sociedade profissional não podem


representar em juízo clientes de interesses opostos.

Das Incompatibilidades e Impedimentos. Ideia de afastamento de conflitos


CAPÍTULO VII de interesse, que comprometeriam a independência do profissional, a
lealdade perante clientes e – em última análise – a classe como um todo.

Art. 34 Constitui infração disciplinar:[...]

Acadêmico: Felipe E. D. Cassel


Professor: Jose Rodrigo Rodriguez
Novembro de 2020
VIII - estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização do
cliente ou ciência do advogado contrário;
IX - prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu patrocínio;
Também evidencia falta de ‘competência’.
XI - abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos dez dias da
comunicação da renúncia;
XV - fazer, em nome do constituinte, sem autorização escrita deste, imputação
a terceiro de fato definido como crime;
XIX - receber valores, da parte contrária ou de terceiro, relacionados com o
objeto do mandato, sem expressa autorização do constituinte;
XXI - recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de quantias
recebidas dele ou de terceiros por conta dele;

INDE PE NDÊ NCIA


No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e
Art. 2º, §3º
manifestações, nos limites desta lei.

Não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e


membros do Ministério Público, devendo todos tratar-se com consideração e
Art. 6º
respeito recíprocos. A parte do bom tratamento aos demais sujeitos
processuais tem a ver com ‘competência’.

São direitos do advogado:


I - exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional;
V - não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em
sala de Estado Maior, com instalações e comodidades condignas, assim
reconhecidas pela OAB, e, na sua falta, em prisão domiciliar; A meu ver, há
uma relação com a independência neste inciso V, pois possibilita
Art. 7º postura mais combativas e enérgicas em alguns casos, especialmente
no enfrentamento de atos ilegais em audiência. De igual forma: Art. 7º,
§3º.
VI - ingressar livremente: [...] Este inciso é extenso, por isso não colaciono
aqui. O fato é que a liberdade de ingresso é certamente ligada à
independência, pois não deixa o advogado à mercê de arbitrariedades
neste aspecto.

A relação de emprego, na qualidade de advogado, não retira a isenção técnica


nem reduz a independência profissional inerentes à advocacia.
Art. 18 Parágrafo único. O advogado empregado não está obrigado à prestação de
serviços profissionais de interesse pessoal dos empregadores, fora da relação
de emprego.

O advogado deve proceder de forma que o torne merecedor de respeito e que


contribua para o prestígio da classe e da advocacia.
Art. 31
§ 1º O advogado, no exercício da profissão, deve manter independência em
qualquer circunstância.

Acadêmico: Felipe E. D. Cassel


Professor: Jose Rodrigo Rodriguez
Novembro de 2020
§ 2º Nenhum receio de desagradar a magistrado ou a qualquer
autoridade, nem de incorrer em impopularidade, deve deter o advogado no
exercício da profissão.

§ 1º A OAB não mantém com órgãos da Administração Pública qualquer


Art. 44
vínculo funcional ou hierárquico. Independência da OAB.

SIG ILO
São direitos do advogado:
II – a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de
seus instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica,
telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia;
III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo
sem procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em
estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis;

§ 6o Presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime por


Art. 7º
parte de advogado, a autoridade judiciária competente poderá decretar a
quebra da inviolabilidade de que trata o inciso II do caput deste artigo, em
decisão motivada, expedindo mandado de busca e apreensão, específico e
pormenorizado, a ser cumprido na presença de representante da OAB, sendo,
em qualquer hipótese, vedada a utilização dos documentos, das mídias e dos
objetos pertencentes a clientes do advogado averiguado, bem como dos demais
instrumentos de trabalho que contenham informações sobre clientes. A
interpretação a contrario sensu ilustra a extensão do sigilo.

Constitui infração disciplinar:


Art. 34
VII - violar, sem justa causa, sigilo profissional;

RE SPO NSABILIDA DE
O advogado é indispensável à administração da justiça.

§ 1º No seu ministério privado, o advogado presta serviço público e exerce


Art. 2º
função social.

Responsabilidade perante o sistema de justiça.

Para inscrição como advogado é necessário:


[...]
VI - idoneidade moral;
Art. 8º
VII - prestar compromisso perante o conselho.
§ 4º Não atende ao requisito de idoneidade moral aquele que tiver sido
condenado por crime infamante, salvo reabilitação judicial.

Acadêmico: Felipe E. D. Cassel


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Além da sociedade, o sócio e o titular da sociedade individual de advocacia
respondem subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados aos clientes por
Art. 17
ação ou omissão no exercício da advocacia, sem prejuízo da responsabilidade
disciplinar em que possam incorrer.

O advogado deve proceder de forma que o torne merecedor de respeito e que


contribua para o prestígio da classe e da advocacia.
§ 1º O advogado, no exercício da profissão, deve manter independência em
Art. 31 qualquer circunstância.
§ 2º Nenhum receio de desagradar a magistrado ou a qualquer autoridade,
nem de incorrer em impopularidade, deve deter o advogado no exercício da
profissão.

O advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional, praticar


com dolo ou culpa.
Art. 32 Parágrafo único. Em caso de lide temerária, o advogado será solidariamente
responsável com seu cliente, desde que coligado com este para lesar a parte
contrária, o que será apurado em ação própria.

O advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os deveres consignados no


Código de Ética e Disciplina.
Parágrafo único. O Código de Ética e Disciplina regula os deveres do advogado
Art. 33
para com a comunidade, o cliente, o outro profissional e, ainda, a publicidade,
a recusa do patrocínio, o dever de assistência jurídica, o dever geral de
urbanidade e os respectivos procedimentos disciplinares.

Constitui infração disciplinar: [...]


XII - recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência jurídica, quando
nomeado em virtude de impossibilidade da Defensoria Pública;
XXV - manter conduta incompatível com a advocacia;
XXVII - tornar-se moralmente inidôneo para o exercício da advocacia;
XXVIII - praticar crime infamante;

Parágrafo único. Inclui-se na conduta incompatível:


a) prática reiterada de jogo de azar, não autorizado por lei;
b) incontinência pública e escandalosa;
Art. 34 c) embriaguez ou toxicomania habituais. Ao mesmo tempo em que não
discordo desses itens, a questão do alcoolismo e da dependência
química parecem um pouco delicadas. Considerando que ambas
podem ser encaradas como ‘doenças’, a punição do paciente por
infração disciplinar parece estranha. Óbvio que cabe o afastamento da
profissão, por questões de saúde, meu breve questionamento diz
respeito ao cabimento da sanção em desfavor de alguém que se
encontra fragilizado por um quadro clínico de dependência... Uma
leitura dos artigos seguintes sugere que a multa não seria (sempre)
aplicável nestes casos. De todo modo, creio ser um ponto interessante
para debate.

Acadêmico: Felipe E. D. Cassel


Professor: Jose Rodrigo Rodriguez
Novembro de 2020

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