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DEONTOLOGIA PROFISSIONAL

Regime de Incompatibilidades e Impedimentos na Advocacia Portuguesa

- Perspectiva Crítica

João Pedro Galhofo

Cédula Profissional 41804L

Conselho Regional de Lisboa

Curso de Estágio OA 2016

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ÍNDICE

I. Índice _________________________________________________________ Pág.2


II. Introdução _____________________________________________________ Pág.3
III. Princípio da Independência ______________________________________ Pág. 4-5
IV. Princípio da Dignidade ____________________________________________ Pág.6
V. Regime Jurídico das Incompatibilidades ____________________________ Pág. 7-8
VI. Exceções às Incompatibilidades ____________________________________ Pág.9
VII. Regime Jurídico dos Impedimentos ______________________________ Pág.10-11
VIII. Violações ao Regime das Incompatibilidades e dos Impedimentos________ Pág.12
IX. Exclusividade no exercício da Advocacia __________________________ Pág.14-16
X. Sanções às violações ao Regime Incompatibilidades e Impedimentos ______ Pág.17
XI. Conclusão _____________________________________________________ Pág.18
XII. Bibliografia ____________________________________________________ Pág.19
XIII. Legislação ____________________________________________________ Pág.20

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho insere-se no contexto da formação de Deontologia


Profissional da Ordem dos Advogados e pretende esclarecer os afloramentos
estatutários do regime jurídico das incompatibilidades e dos impedimentos no exercício
da Advocacia. A escolha deste tema prende-se com o interesse de que o tema se reveste,
pese embora não haja ainda extensa obra publicada sobre o tema das
incompatibilidades e dos impedimentos no contexto da prática da Advocacia, para quem
estuda a Deontologia dos Advogados. O regime jurídico dos impedimentos e da
advocacia encontra-se sobremaneira plasmado nos actuais Estatutos da Ordem dos
Advogados, com algumas inovações quanto a novas funções incompatíveis com o
exercício da Advocacia assim como actividades que passam agora a estar impedidos de
levar a cabo quando praticadas em simultâneo com actos próprios exclusivos do
Advogado.

Pretendeu-se assim, aprofundar o tema das incompatibilidades e dos


impedimentos não só não na perspectiva do regime jurídico, ainda que seja essa a
análise predominante do trabalho aqui apresentado, mas também as excepções às
regras normativas do regime, as violações deontológicas e as sanções a aplicar perante
essas violações no contexto do regime dos impedimentos e incompatibilidades.
Ousámos ainda avaliar numa perspectiva crítica o regime da exclusividade no exercício
da Advocacia que não vigorando já entre os preceitos normativos dos Estatutos, foi
matéria de discussão e de intenções entre os últimos Bastonários da Ordem dos
Advogados.

Esperamos que o presente trabalho de Deontologia Profissional permita o


mesmo agrado a leitor como aquele que quem o redigiu retirou da sua escrita,
sobretudo pelo dinamismo do tema, que se manifesta sempre actual e que permite
discordâncias doutrinais quanto à acumulação de funções que geram aparentemente
situações de conflitos de interesses.

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PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA

O Princípio da Independência está intimamente relacionado com o regime


jurídico das incompatibilidades e impedimentos no exercício da Profissão da Advocacia,
previsto nos Art.º 82 e 83 dos Estatutos da Ordem dos Advogados (doravante EOA). Se
o Princípio da Independência visa defender o exercício da Advocacia de qualquer
pressão intrínseca ou extrínseca, compreenda-se aquele que é resultado dos interesses
do próprio Advogado ou Advogado estagiário ou de influências exteriores de outrem, é
perceptível o grau de intensidade na relação deste princípio deontológico dos
Advogados e candidatos a sê-lo com um regime jurídico que coloca restrições ao
exercício da prática da Advocacia, seja como Advogado independente ou em Associação
de Advogados, vulgarmente conhecida como Sociedades de Advogados. A
Independência de que nos fala o Art.º 89 EOA resulta não só da não cedência aos
interesses pessoais do próprio Advogado e Advogado estagiário mas refere-se à
abstenção de negligência da sua própria deontologia profissional, com vista a satisfazer
as pretensões do seu cliente, dos seus colegas, do tribunal até de terceiros.

A norma preambular do Decreto- Lei 84/84, o primeiro Estatuto da Ordem dos


Advogados, estabeleceu logo de início que o exercício da Advocacia tinha limitações e
restrições, estabelecendo expressamente que “o exercício da Advocacia é incompatível
com qualquer actividade ou função que diminua a independência e a dignidade da
profissão.” Por outras palavras, sempre foram impostos limites ao exercício da
Advocacia quando esse exercício era cumulado com outras funções, que não podiam em
momento algum colidir com a livre apreciação e actuação do Advogado ou Advogado
estagiário, especialmente nos casos acima referidos de pressões exteriores ou de
interesses próprios. Em suma, de acordo com o Princípio da Independência nenhum
Advogado pode estar sujeito a relações de dependência a qualquer sujeito ou
instituição, seja por razões de ordem laboral, económica ou política. O Advogado e o
Advogado estagiário devem, assim, ao requer a inscrição das suas respectivas condições
na Ordem dos Advogados (doravante AO), informar a Associação representativa da sua
classe profissional de qualquer cargo ou actividade profissional que exerçam em
simultâneo com o exercício da Advocacia, nos termos do Art.º 91- al. c) EOA, assim como
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suspender imediatamente o exercício da profissão de Advogado e requerer, até ao prazo
máximo de 30 dias, da suspensão de inscrição na OA em caso de incompatibilidade
superveniente. A tutela da fiscalização das incompatibilidades e dos impedimentos
incumbe à OA, que deve verificar todas as situações de que tenha conhecimento que
podem implicar estas restrições ou limitações no exercício da Advocacia, como resulta
do Art.º 84- Nº1 EOA. De acordo com esta norma, os Conselhos Regionais ou o Conselho
Geral podem inclusive solicitar às entidades com quem os Advogados ou Advogados
estagiários possam ter estabelecido vínculos profissionais, informações necessárias à
averiguação da existência de incompatibilidades ou impedimentos. Caso o próprio
Advogado se recuse a prestar essas informações ou não sendo prestados até ao prazo
máximo de 30 dias pelo próprio, o Conselho Geral pode deliberar a suspensão da sua
inscrição na Ordem.

O respeito pelo Princípio da Independência implica que o Advogado não possa


estar nunca subordinado ao poder político, ao poder económico, nem a interesse de
terceiros nem aos do seu próprio cliente. Enquanto Advogado fica apenas vinculado à
sua consciência, a única julgadora das suas apreciações e da sua actuação quando
respeite escrupulosamente as normas deontológicas a que se encontra sujeito ao abrigo
dos Estatutos da Ordem dos Advogados. O exercício da Advocacia não se compadece
com hierarquias de chefias, qualquer forma de pressão, temor reverencial ou receio de
futuras represálias. Os Estatutos têm no Princípio da Independência (Art.º89 EOA) a sua
pedra angular, devendo o Advogado e o Advogado- estagiário manter sempre a sua
independência no exercício da profissão. A Independência é, portanto, fundamento do
regime das incompatibilidades e dos impedimentos.

Conclui-se, portanto, que o Princípio da Independência norteia toda a


deontologia profissional do Advogado e do Advogado estagiário no que diz respeito às
circunstâncias de livre apreciação, autonomia técnica e oportunidade da decisão no
exercício da Advocacia, com especial relevância na temática das incompatibilidades e
dos impedimentos, onde só a Independência poderá assegurar um comportamento
condizente com a dignidade, adequação e credibilidade da profissão de Advogado,
vertentes do Princípio da Integridade sobre o qual nos pronunciaremos de seguida.

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PRINCÍPIO DA DIGNIDADE

O Princípio da Dignidade, enquanto vertente do Princípio da Integridade,


previsto no Art.º 88- Nº1 EOA, sustenta que o Advogado e o Advogado estagiário estão
obrigados a um comportamento digno, responsável e adequado às funções que
exercem, devendo agir em conformidade com estes ditames na sua actividade
profissional bem como no quotidiano em público. O Princípio da Integridade obriga o
Advogado e o Advogado estagiário a não negligenciar o seu comportamento público, no
respeito pelas normas e princípios deontológicos plasmados no EOA. O exercício da
profissão de Advogado rege-se historicamente por princípios como a independência, a
isenção, a integridade e a dignidade, mas também pela honestidade, pela probidade,
pela rectidão, pela lealdade, cortesia e sinceridade que são encarados como deveres
profissionais do Advogado e do Advogado estagiário, nos termos do Art.º 88- Nº2 EOA.

Na verdade as incompatibilidades e os impedimentos entre o exercício da


Advocacia em cumulação com outras funções públicas nasceram através do fenómeno
da institucionalização da Advocacia. O Advogado foi desde os primórdios da profissão
sempre um homem livre, adepto dos bons costumes da sociedade em que se encontrava
inserido. O regime das incompatibilidades estabelecido nos EOA trata-se apenas de uma
imposição e garantia legal, em simultâneo, da independência e da dignidade profissional
do Advogado, condições essenciais e indispensáveis ao exercício da profissão condigna
ao longo da história da Advocacia. A liberdade no exercício da profissão que é concedida
ao Advogado pelos próprios Estatutos da sua Ordem Profissional permite-lhe alguma
irreverência perante casos de manifesta injustiça, decisões arbitrárias e prepotência dos
Magistrados, o que é uma prorrogativa apenas do Advogado em tribunal, mas que deve
ainda assim não beliscar as normas deontológicas a que se encontra sujeito ao abrigo
dos mesmos Estatutos.

Conclui-se, portanto, que o Princípio da Dignidade, enquanto vertente do


Princípio da Integridade visa defender que sendo o Advogado e o Advogado estagiário
indispensáveis à boa administração da justiça se devem reger por um comportamento
digno e responsável de acordo com as responsabilidades da profissão que exercem.
Significa tal conclusão que o comportamento condigno e probo são características
essenciais na prática da Advocacia, assim como a rectidão e a honestidade para com os
clientes, pelo que qualquer desvio a estas normas deontológicas importará
necessariamente a aplicação das sanções disciplinares previstas no Art.º130- Nº1 al. a)
a f) EOA de acordo com a gravidade da violação a estes princípios.

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REGIME JURÍDICO DAS INCOMPATIBILIDADES

No exercício da Advocacia

A formulação do Art.º 81- Nº1 EOA concretiza alguns princípios deontológicos a


par do próprio Princípio da Independência e da Dignidade, como sejam a plena
autonomia técnica e a isenção, excluindo qualquer função ou actividade que seja
incompatível com a profissão de Advogado por violação destes princípios deontológicos.

Os EOA prevêem expressamente no seu Art.º 81- Nº2 a existência de funções,


cargos e actividades que são inconciliáveis com o exercício da Advocacia, se afectarem
a isenção, a independência e a dignidade da profissão, elencando designadamente
catorze profissões que são incompatíveis com o exercício da Advocacia no seu Art.º82-
Nº1 al. a) a n). Este elenco é meramente exemplificativo, não contemplando por isso
todas as funções incompatíveis com a actividade causídica.

Apesar de não se encontrarem expressamente previstos no elenco exemplificativo do


Art.º82- Nº1 EOA, existem um conjunto de profissões cuja compatibilidade com o
Advocacia é discutível, como sejam os membros do Clero, os jornalistas, os
comerciantes, os directores de instituições bancárias ou banqueiros e por último, a
muito discutida compatibilidade entre o exercício da profissão de Advogado e de
Deputado à Assembleia da República. Para além das catorze profissões elencadas do
Art.º82- Nº1 EOA que são, sem margem para dúvida, incompatíveis com a Advocacia
estas cinco profissões acima referidas têm, cada uma delas, um fundamento específico
para que devam ser inconciliáveis.

No caso dos membros do Clero, há dois tipos de razões essenciais: primeiro,


porque os membros do Clero estão sujeitos a uma hierarquia própria do Poder Secular,
perante qual respondem através de uma jurisdição eclesiástica própria; segundo,
porque estão obrigados a guardar segredo dos factos que lhe sejam transmitidos em
Confissão, pelo que mesmo perante alguma das excepções ao Segredo Profissional não
poderiam denunciar a prática de um crime, por exemplo. No caso dos jornalistas, pelas
mesmas ordens de razão, pela questão do poder hierárquico e disciplinar a que estão
subordinados pela sua entidade empregadora e pela sua própria Ordem Profissional,
assim como pelo sigilo profissional a que estão deontologicamente obrigados, não
podendo revelar fontes mesmo quando podem ser essenciais à descoberta da verdade
material, o que não é compaginável com exercício da profissão de Advogado.
Relativamente à situação dos comerciantes, pela influência que movem junto de clientes
e credores, comportamento típico da actividade comercial, assim como à possibilidade
de prestar garantias, efectuar endossos e passar avales, o que contaminaria a
independência da actividade causídica.

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A incompatibilidade entre a actividade bancária, seja por via de directores de
instituições financeiras de crédito ou de investimento ou dos próprios banqueiros, é
notória tendo em conta a sujeição hierárquica no primeiro caso e o segredo de sigilo de
bancário a que está sujeito, mesmo perante a evidência de um crime de fuga ao fisco
por levantamento de depósitos ou transacções bancárias para o estrangeiro, e no
segundo caso pela influência que move junto dos clientes e mesmo do poder político,
podendo facilmente ceder a pressões exteriores.

Por último e com mais dificuldade, se entenderá a incompatibilidade suscitada


entre o Advogado e o Deputado à Assembleia da República, vista a excepção prevista no
Art.º82- Nº2 al. a) EOA. A questão que aqui se coloca ao nível das incompatibilidades é
a da violação do Princípio da Independência em função da vinculação a mandatos
nacionais, apesar da eleição por círculos plurinominais em função do Distrito eleitoral,
e aos partidos políticos pelos quais são eleitos. Sucede que neste campo o Advogado e
o Advogado estagiário devem informar primeiramente a OA de qualquer cargo ou
actividade profissional que exerça cumulativamente com a Advocacia (Art.º91- al. c)
EOA. Tal obrigação é sistematicamente violada pelos Advogados com funções
partidárias, de assessoria parlamentar ou mesmo pelos Deputados, cabendo à OA fazer
essa verificação de incompatibilidades nos termos do Art.º84- Nº EOA.

O Art.º 20 da Lei 16/2009, de 1 de Abril que estabelece o Estatuto dos Deputados


prevê o elenco de quinze funções públicas ou de interesse público incompatíveis com o
exercício do mandato de Deputado à Assembleia da República, não vigorando nesse
elenco a profissão de Advogado, embora a mesma seja uma profissão de interesse
público, tendo inclusive respaldo constitucional no Art.20- Nº2 da Constituição da
República Portuguesa. Os Deputados à Assembleia da República estão ainda obrigados
a formular uma declaração de inexistência de incompatibilidades, que depositam na
Comissão de Ética eventual de interesses dos Deputados, que fiscaliza os casos de
incompatibilidades e impedimentos dos membros da Assembleia da República, nos
termos do Art.º 27-A al. a) Estatuto dos Deputados.

Sucede que desde 1984, ano da aprovação dos primeiros Estatutos da Ordem
dos Advogados, através do DL 84/84, de 16 de Março, os Deputados à Assembleia da
República que cumulassem funções como Advogados estavam impedidos de exercer
mandato judicial exclusivamente enquanto autores em acções cíveis contra o Estado, o
que juridicamente consubstanciava apenas um impedimento e não uma
incompatibilidade, visto que poderiam exercer as duas actividades em simultâneo.

Em suma, não sendo possível conceber-se a ideia de Independência com


restrições à liberdade de actuação e de expressão do Advogado, se tal se verificar em
função de outras funções assumidas cumulativamente deparamo-nos perante um caso
manifesto de incompatibilidade. Por outras palavras, essa inconciliabilidade do exercício

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da profissão da Advocacia com outra função em simultâneo, resulta de uma violação
clara do princípio deontológico da Independência profissional do Advogado.

EXCEPÇÕES AO REGIME DAS INCOMPATIBILIDADES

No exercício da Advocacia

O Regime jurídico regra das incompatibilidades no exercício da Advocacia


conhece excepções à cumulação de funções de Advogado e de Deputado à Assembleia
da República, bem como dos seus adjuntos, assessores políticos, secretários, pessoal
administrativo de apoio ao gabinete dos Deputados, trabalhadores com vínculo de
função pública ao serviço do grupo parlamentar ou outros contratados pelos respectivos
gabinetes, nos termos do Art.º 82- Nº2 EOA. Esta excepção à regra geral do Art.º82- Nº1
EOA tem sido muito criticada entre a doutrina, que a acusam a actual formulação de não
primar pela clareza e que afirmam que a vacuidade fora intencional visto o diploma ter
de ser obrigatoriamente votado pelos próprios Deputados da Assembleia da República,
enquanto parte interessada na decisão da causa.

Para além da excepção de incompatibilidade aos Deputados da Nação, também


os Advogados aposentados, reformados, inactivos, com licença ilimitada e na reserva
podem praticar actos próprios dos Advogados e exercerem a Advocacia sem restrições,
assim como os Docentes universitários das Faculdades de Direito, juristas de
reconhecido mérito e Mestres e Doutores em Direito cujo grau académico seja
reconhecido em Portugal, nos termos e para os efeitos do Art.º2 e 3 da Lei 49/2004, de
24 de Agosto (Lei dos Actos Próprios dos Advogados).

Estão também abrangidos por esta excepção ao regime jurídico de


incompatibilidade no exercício da Advocacia todos aqueles que se encontrem
contratados em regime de prestação de serviços ou de comissão de serviço para o
exercício de funções de comissão de serviço para o exercício de funções de
representação em juízo no âmbito do contencioso administrativo e constitucional ou
para funções de consultor nas áreas de planeamento e política legislativa da Direcção-
Geral da Política de Justiça, nos termos do Art.º 10 DL 163/2012, de 31 de Julho, Lei
Orgânica da Direcção- Geral da Política de Justiça.

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Concluímos sobre a matéria da excepção das incompatibilidades que a Lei
145/2015, de 9 de Setembro, que estabeleceu os Estatutos da Ordem dos Advogados
em vigor, é mais permissiva em matéria de excepções à regra geral de
incompatibilidades que qualquer outro Estatuto anterior. Recordamos, para o efeito,
que por exemplo, a Lei 80/2001, de 20 de Julho, que configurou a 6ª Alteração aos EOA,
previa no seu Art.º 73 que estavam impedidos (neste caso trata-se de um impedimento
absoluto, ou seja, de uma verdadeira incompatibilidade) de exercer mandato judicial os
Deputados à Assembleia da República, enquanto autores em acções cíveis contra o
Estado, bem como os Deputados às Assembleias Regionais, como autores nas acções
cíveis contra as suas respectivas Regiões Autónomas e os Vereadores, não distinguindo
entre membros do Executivo Municipal a tempo inteiro ou a tempo parcial, nas acções
em que sejam partes os respectivos Municípios e ainda todos funcionários ou agentes
administrativos, na situação de aposentados, de inactividade, de licença limitada ou de
reserva, em quaisquer assuntos em que estejam em causa os serviços públicos ou
administrativos a que estiverem ligados, durante um período de 3 Anos a contar da data
em que tenham passado a estar numa daquelas referidas situações.

Os actuais EOA alargaram ainda o regime das incompatibilidades aos Vice-


Presidentes das Câmaras Municipais, aos substitutos legais do Presidentes de Câmara e
aos Vereadores a tempo inteiro ou a tempo parcial que são agora funções incompatíveis
com o exercício da profissão da Advocacia, nos termos do Art.º82- Nº1 al. a) EOA.

REGIME JURÍDICO DOS IMPEDIMENTOS

No exercício da Advocacia

Os impedimentos no exercício da Advocacia são o resultado de qualquer


circunstância perante a qual Advogado e Advogado- estagiário, se encontrem voluntária
ou em virtude da função que desempenham no mandato forense, em colisão com a sua
liberdade e independência de avaliação e autonomia técnico- jurídica, o que diminui
necessariamente a amplitude do exercício da profissão de Advogados, nos termos do
Art.º83- Nº1 EOA.

O impedimento difere da incapacidade no grau de intensidade na restrição ao


exercício da profissão, sendo no caso do impedimento uma limitação relativa e não

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absoluta, diminuindo apenas a amplitude da prática forense, nomeadamente
configurando situações de incompatibilidades relativas ao mandato forense e à consulta
jurídica enquanto actos próprios do advogados, nos termos do Art.º 2 e 3 da Lei 49/2004,
de 24 de Agosto, Lei dos Actos próprios dos Advogados.

Os impedimentos, previstos no Art.º 83 EOA, são impedimentos relativos por se


tratar de incompatibilidades mitigadas que apenas diminuem o alcance da amplitude do
exercício da Advocacia quando o mandatário forense desempenhe ou tenha
desempenhado funções cujo exercício possa suscitar concretamente uma
incompatibilidade (Art.º83- Nº2 EOA) ou seja membro de Assembleia representativa de
Autarquias Local e patrocine directa ou indirectamente acções judiciais contra essas
autarquias locais (Art.º83- Nº3 EOA). Por membro de Assembleia representativa local,
entende-se as figuras do Deputado Municipal e do Eleito das Assembleias de Freguesia.

Todavia a previsão normativa deste preceito estatutário vai ainda mais longe,
impedindo inclusive adjuntos, assessores, secretários administrativos e de nomeação
política, trabalhadores com vínculo de função pública ou outros trabalhadores
contratados para os respectivos gabinetes de Vereação ou Presidência do Executivo
Municipal ou de contratados para os respectivos gabinetes de Vogais de Junta de
Freguesia ou do Presidente de Junta. Também os Vereadores a tempo parcial ficam
impedidos de cumular funções com o exercício da Advocacia, quando patrocinem
directa ou indirectamente acções contra a respectiva Autarquia Local, assim como
intervir em qualquer actividade do Executivo Municipal sobre assuntos em que tenham
interesse profissional directa ou indirectamente por intermédio de sociedade
advogados da qual façam parte.

De acordo com o Art.º 83- Nº2 EOA, os Advogados ficam, assim, impedidos de
praticar actos profissionais, bem mover influência junto de entidades públicas ou
privadas, onde desempenhem funções ou tenham desempenhado anteriormente cujo
exercício possa suscitar, em concreto, uma incompatibilidade, se aqueles entrarem em
conflito com regras deontológicas. O conceito vago e indeterminado de “mover
influência” suscitou desde a primeira hora muitas interrogações sobre o seu efectivo
significado, não tendo o próprio legislador densificado o conceito esclarecendo o que se
deve interpretar de influência no âmbito da actividade profissional do Advogado.

Nos termos do Art.83- Nº3 EOA, encontram-se igualmente impedidos de exercer


mandato judicial, em qualquer foro, os Advogados que sejam em simultâneo Deputados
Municipais bem como os Eleitos nas Assembleias representativas das Autarquias Locais,
bem como os respectivos adjuntos, assessores, secretários, trabalhadores com vínculo
de função pública, ou outros contratados para os respectivos gabinetes ou serviços
administrativos, de patrocinar, directamente ou por intermédio da sociedade de que
sejam sócios, acções contra as suas próprias Autarquias, bem como de intervir em
qualquer actividade da Assembleia a que pertençam sobre assuntos em que tenham

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interesse profissional directamente ou por intermédio de sociedade de Advogados a que
pertençam.

Quanto à parte final do Art.º 83- Nº3 EOA a proibição de intervenção enquanto
Advogado ou Advogado estagiário não fundamenta a que título está o Deputado
Municipal ou Eleito da Assembleia de Freguesia impedido de deliberar nas Assembleias
sobre assuntos do seu interesse profissional, enquanto mandatário judicial ou forense,
mas conclui-se pelo fundamento do conflito de interesses nos termos do Art.99- Nº1
EOA. Segundo esta previsão normativa, ao Advogado e Advogado estagiário cabe
sempre a recusa do patrocínio em questão sobre a qual tenha já intervindo noutra
qualidade, nomeadamente enquanto mandatário judicial ou forense, ou sendo a causa
conexa com outra questão na qual represente ou tenha representado a parte contrária.

Os actuais EOA alargaram ainda o regime de impedimentos aos Vereadores sem


tempo atribuído que se encontram agora impedidos, de patrocinar directa ou
indirectamente por intermédio de Sociedade de Advogados da qual sejam sócios, acções
contra a própria Autarquia, bem como intervir em actividade do Executivo Municipal
sobre assuntos em que tenha interesse profissional directa ou indirectamente, nos
termos do Art.º83- Nº5 EOA.

VIOLAÇÕES AO REGIME DAS INCOMPATIBILIDADES E DOS IMPEDIMENTOS

No exercício da Advocacia

Todos os titulares dos cargos, funções e actividades profissionais elencadas no


Art.º 82- Nº2 que exercerem cumulativamente os referidos cargos com o exercício da
Advocacia ocupam funções incompatíveis, pelo que incorrem em fracção disciplinar nos
termos do Art.º 115- Nº1 EOA.

Estão impedidos de praticar actos profissionais e de mover influência todos


aqueles que ocupem funções ou tenham desempenhado funções em entidades públicas
ou privadas em momento anterior, cujo exercício possa agora suscitar concretamente
uma incompatibilidade, caso a prática desses actos profissionais ou influências entre em
conflito com os princípios deontológicos da independência, da isenção, da autonomia
técnica e da dignidade da profissão (Art.º 83- Nº3 e Art.º81- Nº1 e 2 ambos EOA).
Também neste caso a violação dos deveres deontológicos importa a ocorrência de
fracção disciplinar, nos termos do Art.º 115-Nº1 EOA.

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O Artigo dos Estatutos relativo às Infracções Disciplinares compreende todas as
práticas contrárias às disposições dos EOA, podendo tratar-se designadamente de uma
violação por acção ou por omissão; de uma situação de desrespeito pelo exercício de
funções incompatíveis entre si ou de uma situação de impedimento no exercício de
outras actividades que colidam com a prática da Advocacia; ou simplesmente de uma
violação dos princípios básicos da deontologia profissional do Advogado e Advogado
estagiário. A graduação das infracções é aferida de acordo com os comportamentos
violadores dos EOA que lhe deram origem, podendo tratar-se de uma infracção leve, nos
casos em que o Advogado viole de forma pouco intensa os seus deveres profissionais;
de uma infracção grave, nos casos em que o arguido viole de forma séria os deveres
profissionais a que se encontra vinculado; e muito grave, quando o Advogado viole os
seus deveres profissionais prejudicando com a sua conduta a dignidade e o prestígio da
própria profissão da Advocacia, ficando definitivamente inviabilizado para o exercício da
advocacia.

Concluímos, portanto, que pese embora a necessidade de uma avaliação


casuística da violação estatutária geradora da infracção, as violações relativas ao regime
jurídico das incompatibilidades e dos impedimentos, consagrados no Art.º 82 e 83 EOA
respectivamente, originam infracções graves, tendo em conta a violação séria causada
aos deveres profissionais a que o Advogado e Advogado estagiário está adstrito.

EXCLUSIVIDADE NO EXERCÍCIO DA ADVOCACIA

O regime de exclusividade no exercício da profissão da Advocacia não opera no


ordenamento jurídico português, ficando os Advogados e Advogados estagiários apenas
limitados à prática da Advocacia nos casos expressamente previstos do Art.º82- Nº1 e
Art.º83- Nº2 e 3 EOA, quando se deparem com uma situação de incompatibilidade ou
impedimento respectivamente. Há muito que se aborda o tema da exclusividade entre
as mais ilustres figuras nacionais do Direito, inclusive os dois últimos Bastonários da
Ordem dos Advogados (doravante BOA) defenderam abertamente a necessidade de
uma dedicação à profissão de Advogado em regime de exclusividade, ou seja, não
cumulando esta função com qualquer outro cargo ou função e desempenhando-a a
tempo inteiro. Desde os primeiros Estatutos que essa solução foi já cogitada por muitos
protagonistas com responsabilidades nos órgãos superiores da OA, mas nunca foi
positivada numa proposta de EOA que ultrapasse o crivo das votações dos Deputados à

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Assembleia da República, muitos deles cumulando em simultâneo funções
parlamentares com o exercício da Advocacia.

Recentemente numa entrevista concedida à Revista Advocatus, o Bastonário da


Ordem dos Advogados declarou que “A advocacia tem que ser uma profissão exclusiva
e vamos tentar que, a começar pelo Estatuto da Ordem, a incompatibilidade esteja em
cima da mesa. Estou a falar de incompatibilidades das profissões, não estou a ir ao resto.
Precisa de ser na nossa e nas outras profissões”. Resulta do entendimento do actual
Bastonário que a profissão de Advogado não se compadece com a cumulação com
outras funções ou actividades profissionais, devendo a dedicação do profissional da
Advocacia ser exclusiva, configurando um caso de incompatibilidade com outras
profissões para além das actualmente elencadas no Art.º 82- Nº1 EOA. Podemos assim
legitimamente deduzir que o actual BOA tem uma posição crítica quanto à possibilidade
de cumulação de funções entre Advogados e os membros do órgão deliberativo que
aprovam leis como o Estatuto jurídico da sua própria Ordem Profissional, agindo em
conformidade com os seus próprios interesses enquanto Advogados. Parece-nos ser
uma crítica assumida aos Deputados à Assembleia da República que cumulam funções
com o exercício da Advocacia, ainda que a tempo parcial.

Acontece que de acordo com o Art.º 21- Nº6 al. a) do Estatuto dos Deputados,
relativo a impedimentos, os Deputados à Assembleia da República estão impedidos de,
em regime de acumulação, exercerem actividade de comércio ou indústria, direta ou
indiretamente, com cônjuge não separado de pessoas e bens, por si ou entidade em que
detenha participação relevante e designadamente superior a 10% do Capital Social,
celebrar contratos com o Estado. Porém, são frequentes os casos de Sociedades de
Advogados que prestam serviços de consultoria jurídica à Assembleia da República, em
situação de impedimento sendo alguns dos Sócios dessas Sociedades de Advogados
simultaneamente Deputados, ocupando cumulativamente o papel de prestador do
apoio jurídico e representante do cliente a quem é prestado o apoio.

Apesar de não vigorar actualmente no nosso ordenamento jurídico o regime de


exclusividade da profissão da Advocacia, a OA foi sempre bastante ciosa dos limites
segundo o qual o Advogado pode exercer outra actividade, sobretudo ao nível dos
incompatibilidades e dos impedimentos, como comprova o Parecer N.º 44/PP/2008–G
do Conselho Geral da OA, de 28 de Janeiro de 2009, cujo Relator foi o Dr. Amândio Pires
de Almeida. No caso em apreço, uma ilustre colega Advogada suscita ao Conselho Geral
parecer sobre a questão do exercício da Advocacia em regime de subordinação e
exclusividade ao serviço de uma Câmara Municipal. Face ao pedido de parecer, o
Conselho Geral concluiu pela exigência do exercício da advocacia em regime de
subordinação e em exclusividade, prevista no Art.º 77- Nº3 dos EOA de então, como
forma de suprir a incompatibilidade prevista na al. j) do mesmo preceito, em função do
respeito pelos princípios isenção, independência e dignidade da profissão que se

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pretendeu acautelar; e Considerou que o exercício de actos próprios do Advogado, neste
caso, só será permitido no exclusivo interesse e sob orientação da Câmara Municipal
empregadora em causa, equivalendo a eventual consulta jurídica prestada a terceiros à
prática de um acto de procuradoria ilícita.

Em sentido diverso ao Parecer supra referido, podemos encontrar o Parecer do


Conselho Superior após de 8 de Fevereiro 2006, cuja Relatora foi a Dr.ª Luísa Novo Vaz,
após recurso da ilustre colega Advogada da decisão do Conselho de Deontologia do
Porto de 11 de Julho de 2003, segundo a qual foi acusada pela prática de acto violador
do disposto no Artº 79 al. e) do EOA de então, alegando não ter ocorrido qualquer
situação de incompatibilidade. Este recurso para o Conselho Superior prende-se com
uma eventual incompatibilidade resultante do exercício da actividade profissional de
advogada com a celebração de um contrato de trabalho subordinado celebrado entre a
colega Advogada e o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social. Houve assim
lugar a uma inovação legislativa sobre a matéria das incompatibilidades desde a Lei
80/2001, de 20 de Julho, sentido o legislador necessidade de alterar o regime das
incompatibilidades previsto no EOA aprovado pelo DL 84/87, de 16 de Março, com as
alterações introduzidas pela Lei 15/2005, de 26 de Janeiro. De facto, o EOA de 2005
previa no seu Art.º 77- Nº11 al. j) que eram, designadamente, incompatíveis com o
exercício da advocacia “o funcionário, agente ou contratado de quaisquer serviços ou
entidades que possuam natureza pública ou prossigam finalidades de interesse público,
de natureza central, regional ou local”.

Ainda sobre a exclusividade da profissão da Advocacia, há que recordar que pese


embora os actuais EOA prevejam exemplificativamente a proibição de cumulação de
funções incompatíveis com a de Advogado ou Advogado estagiário, existem outras
funções não expressamente elencadas no Art.º82- Nº1 EOA que são incompatíveis com
a profissão causídica, como se sabe ser o caso dos cargos políticos ou cargos públicos.
De acordo com o Artº4- Nº1 da Lei Orgânica 1/ 2011, de 30 de Novembro, que
estabelece o Regime Jurídico de Incompatibilidades e Impedimentos de Titulares de
Cargos Políticos e Cargos Públicos, os Membros do Governo Regional, o Provedor de
Justiça, o Governador e Secretários- adjuntos de Macau, o Presidente e o Vereador da
Câmara Municipal a tempo inteiro e os Deputados ao Parlamento Europeu estão
obrigados a exclusividade, com a ressalva legal dos Deputados à Assembleia da
República prevista na Lei 16/2009, de 1 de Abril, que estabelece o Estatuto dos
Deputados.

Os titulares dos cargos políticos e públicos supra referidos são ainda


incompatíveis com quaisquer outras funções remuneradas, assim como a integração nos
corpos sociais de qualquer pessoa colectiva com fins lucrativas, como sejam uma
empresas públicas ou privadas e demais pessoas colectivas que visem a prossecução do
lucro, nos termos do Art.º4- Nº2 Lei 1/2011, de 30 de Novembro.

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SANÇÕES ÀS VIOLAÇÕES AO REGIME JURÍDICO

Da Incompatibilidade e do Impedimento

As Sanções Disciplinares, incluindo para os casos de violações ao regime jurídico da


incompatibilidade e do impedimento, funcionam como penas que pretendem sancionar
os desvios ao cumprimento escrupuloso dos princípios deontológicos previsto no EOA.
As Sanções Disciplinares encontram-se previstas no Art.º130 EOA, numa escala de
graduação das penas que pode ir desde a Advertência, sanção mais leve que apenas
resulta de uma violação dos deveres profissionais do Advogado sem grave prejuízo para
o a reputação do próprio e para honorabilidade da sua Classe Profissional, até à
Expulsão, pena muito grave que consiste no afastamento total, sem que tenha que ser
obrigatoriamente definitiva, da profissão da Advocacia. O Advogado expulso pode ser
posteriormente reabilitado após o prazo de 15 anos após a data da decisão definitiva da
sanção de expulsão ou caso demonstre uma conduta condigna após a sua expulsão, de
acordo com previsto no Art.º 176- Nº1 al.a) e b) EOA.

A aplicabilidade das sanções disciplinares deve ser sempre avaliada casuisticamente,


dependendo da intensidade de violação em causa e em função do princípio ou norma
jurídica violados, ainda que diga sempre respeito a princípios deontológicos da
Advocacia. Para determinar a medida ou a graduação das sanções a aplicar devemos
socorrer-nos da análise dos antecedentes profissionais e disciplinares do Advogado, da
avaliação do seu grau de culpa, da gravidade da acção sancionável, do resultado que
produziu esse comportamento típico e ilícito na relação com o cliente, para com o colega
ou para com o tribunal, ou mesmo na comunidade em que se encontra inserido ou para
o prestígio da OA, bem como analisar todos os demais factos que possam agravar ou
atenuar a pena a que ficará sujeito. Os elementos que devem graduar a aplicação dessa
sanção estão expressamente elencados no Art.º 131- Nº1 EOA.

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CONCLUSÃO

Realizámos neste trabalho uma análise comparativa ao regime das


incompatibilidades e dos impedimentos à luz das múltiplas revisões dos Estatutos da
Ordem dos Advogados, até às actuais redacções dos Artigos 82º e 83º dos Estatutos em
vigor, que trouxeram inegáveis inovações quanto à inconciliabilidade do exercício de
Advocacia com outras funções e actividades, as quais anteriormente não configuravam
uma situação de impedimento ou de incompatibilidade.

Podemos constatar que existem ainda resquícios dos antigos regimes jurídicos
das incompatibilidades plasmados ainda na actual redacção dos Estatutos, de que é
exemplo maior o Artigo dos Impedimentos do primeiro Estatuto da Ordem dos
Advogados de 1984. Deixámos clara a diferença entre os próprios regimes dos dois
institutos jurídicos, separados pela intensidade da limitação do exercício da profissão de
Advogado quando cumulada com um cargo público, político ou da esfera privada.

Concluímos assim que os regimes jurídicos que analisamos numa perspectiva


crítica ao longo deste trabalho são indissociáveis de dois princípios fundamentais da
Deontologia dos Advogados, a Independência e a Dignidade, segundo os quais a conduta
do Advogado e Advogado estagiário se deve sempre reger sob pena de violar os
princípios deontológicos a que está vinculado pelos Estatutos e através disso configurar
uma situação de infracção disciplinar punida pelas sanções especialmente previstas no
Capítulo III dos Estatutos da Ordem dos Advogados.

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BIBLIOGRAFIA

- ARNAUT, ANTÓNIO, Iniciação à Advocacia: História da Deontologia e Questões Práticas, Coimbra


Editora;

- RAMIREZ FERNANDES, MANUEL, Súmulas de Deontologia Profissional do Advogado, Quid Juris


Editora;

- GUEDES DA COSTA, ORLANDO, Direito Profissional do Advogado- Noções Elementares, Almedina


Editora;

- FIGUEIREDO, GUILHERME, Entrevista do Bastonário da Ordem dos Advogados, in Revista


Advocatus, Edição Nº83 de Fevereiro 2017, ANO VI.

LEGISLAÇÃO

- Lei 145/2015, de 9 de Setembro, Estatutos da Ordem dos Advogados actuais;

- Lei 80/2001, de 20 de Julho, 6ª alteração aos Estatutos da Ordem dos Advogados;

- DL 84/84, de 16 de Março, 1ª redacção dos Estatutos da Ordem dos Advogados;

- Lei 16/2009, 1 de Abril, Estatuto dos Deputados;

- DL Nº. 163/ 2012, Lei Orgânica da Direcção- Geral da Política de Justiça;

- Lei Orgânica 1/ 2011, Regime Jurídico de Incompatibilidades e Impedimentos de Titulares de


Cargos Políticos e Cargos Públicos;

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