Você está na página 1de 9

“O CHOQUE DAS CIVILIZAÇÕES”

A CIVILIZAÇÃO UNIVERSAL E AS NOVAS CIVILIZAÇÕES


Francisco de Assis Grieco(*)

Não se pode, a rigor, ignorar que a tese da “civilização universal”, como única e normativa do
progresso humano, resultou da ascendência política e militar do núcleo geopolítico constituído pela
Europa a partir da era cultural greco-latina no Mediterrâneo. Nesse aspecto, vale ressaltar as conside-
rações de Samuel Huntington sobre o “choque das civilizações”, que, há pouco tempo, ganharam certa
notoriedade como base analítica da história política e da presente recomposição da ordem mundial.
Huntington não foge ao método clássico da apresentação e de avaliação conceitual, com o propósi-
to de fundamentar seus postulados em análise conclusiva. Seria, neste caso, a revisão do conceito
tradicional da “civilização universal” pela definição de várias “civilizações”, com: núcleos, culturas e
objetivos políticos e econômicos globais próprios. Tese que possui originalidade quando examina a
realidade internacional à luz da pluralidade de culturas nacionais e/ou regionais, antepostas à hegemonia
ocidental, atualmente assumida pelos Estados Unidos, no pós-Guerra Fria.
O conceito-ônibus de uma “civilização universal”, à imagem do figurino cultural ocidental, jamais
foi disputado por teorias formais de destaque. O hiato entre as culturas orientais e ocidentais foi,
senão, o resultado da ignorância profunda das civilizações e culturas do Oriente: suas diversidades
lingüísticas, filosóficas e religiosas.
No continente americano, a cultura européia predominou pelo legado das instituições políticas
liberais, línguas e religiões em sociedades multirraciais. Na África e na Ásia, a cultura ocidental afir-
mou-se, essencialmente, pela imposição do imperialismo, limitada à constituição de elites locais assi-
miladas e de formação cultural européia.
Seria tendenciosa a ilação de que a contribuição ocidental àqueles continentes se tenha restringido
à introdução de padrões materiais estranhos aos valores espirituais e filosóficos locais. A integração
asiática à nova era de globalização econômica constitui a comprovação de que existe, hoje, cenário
onde, após o Japão, a China emerge com papel distorsivo nos futuros fluxos de circulação da riqueza
mundial.
Há uma tendência de sistematização de conceitos nas considerações analíticas, quando se procu-
ram compreender certos fenômenos econômicos e políticos. No caso da tese de Huntington, essa
tendência busca a enumeração de eixos ideológicos e culturais que disputam a supremacia ocidental,
atribuída antes à Europa e, atualmente, aos Estados Unidos (sem, evidentemente, ignorar que cabem
os papéis de destaque à Rússia, China e à Comunidade Islâmica). A Índia e o Japão teriam chegado à
síntese da preservação de valores tradicionais, sem prejuízo à assimilação de padrões de consumo e
absorção dos métodos ocidentais de arregimentação econômica.
Estranhamente, a América Latina não é considerada como parte ativa (integrante) do “núcleo oci-
dental”: resultado de suas fragilidades sociais e da ausência de poder militar impositivo. O continente
africano estaria longe de atingir uma cultura regional, como resultado de herança de colcha de retalhos
tribais e de suas centenas de dialetos. Sua “fidelidade cultural” ao ocidente permanece condicionada à
recuperação econômica e ao processo de reformulação social, com recursos de proveniência ocidental.
Na avaliação histórica dos fenômenos culturais, para chegar a uma projeção futura, a inter-relação
entre cultura e causa oferece riscos de avaliação. Seria extremamente abrangente atribuir a cultura dos
povos à motivação de conflitos políticos e de equilíbrio do poder hegemônico, ignorando fatores
econômicos e a própria irracionalidade de homens de governo. As ideologias não são, por definição,
identificadas às culturas dos povos. A aberração nazista não dissociou a Alemanha de seu papel cultu-
ral e de sua contribuição à civilização universal.
Não se poderia, tampouco, invalidar as contribuições éticas, filosóficas e liberais da Europa pela
sua condução do imperialismo ou pelo tráfico e escravidão negra. A Inquisição ibérica não exclui o
papel gigante de dois países à colonização da América meridional. O julgamento crítico das civiliza-
ções pela sua história cultural limita os propósitos de uma análise ideal, bem mais complexa em seu
conjunto.
Não menos importante é reavaliar como a reformulação de certas heranças caducas da chamada
“civilização universal” levou a transformações radicais dos conceitos seculares da religião, da moral e
do progresso científico ilimitado. A extensão dessas transformações, todavia, está longe de merecer
concordância, gerando polêmicas sobre as experiências revolucionárias genéticas, como a reprodução
artificial da vida, dos transplantes e dos “clones” que não mais se sujeitam aos valores éticos tradicio-
nais.
A Federação Russa no Jogo Mundial do Poder
A Rússia possui cultura de valores tradicionais inspiradas na “civilização européia”, cuja evolução
política e social se distanciou, porém, da Europa Ocidental em virtude de seu isolamento peculiar sob
séculos de autocracia tzarista. As extroversões de Pedro, o Grande e Catarina foram episódicas e
aculturação parcial ao progresso europeu; com a inspiração de reformas, nem sempre arraigadas, e,
sobretudo, objetivando a participação russa de preservação nacional ou de conquista territorial.
As tradições russas deram contribuição notável às letras e à música, às artes cênicas e, mais recen-
temente, às ciências e à pesquisa espacial. A religião ortodoxa, que pode ser considerada a mais bela e
mística do cristianismo, permaneceu no espírito e na inspiração humana dos russos – mesmo durante
quase sete décadas de repressão comunista. Sua influência no caráter russo deu a seu povo a paixão
ritual e a consciência nacional da mãe-pátria, acima de governos e ideologias, como testemunhou a
Segunda Guerra Mundial.
Recorde-se que Boris Ieltsin, em sua ascensão ao poder, foi empossado no estilo clássico bizantino,
com a restauração da bandeira e do hino nacional tzaristas. Nem tão pouco faltou a Gorbachev e, mais
ainda, à sua mulher o apuro da elegância e o respeito às exigências protocolares. Ao regime comunista
não passou desapercebido o orgulho nacional das grandes obras públicas, do Bolshoi e do Hermitage,
do metrô de Moscou e, criando pânico momentâneo ao povo americano, a glória do sputnik girando
único em torno do planeta.
O domínio da Rússia sobre grande parte do continente eurasiano foi consolidado através de proces-
so histórico de expansão de vários séculos, desde o Grão-Ducado de Moscóvia à União Soviética.
Parte integrante e de ação decisiva nos jogos do equilíbrio europeu, a Rússia chegaria ao início do
nosso século como potência econômica, militar e política que participara ativamente na definição dos
destinos da Europa durante a era francesa da Revolução e Império; presidira à liquidação do Império
Otomano e, em certo grau, concorrera para a vitória aliada no I Conflito Mundial. Durante o Século
XIX, enquanto se envolvia nos choques de poder na Europa, a Rússia conquistou pela diplomacia e
pela força do Exército tzarista toda a região setentrional da Ásia, chegando mesmo a ocupar parte do
continente americano (Alasca). Subjugou cultural e administrativamente vasto império de dezenas de
povos e línguas. A Revolução Bolchevista de 1917 herdou comunidade política e econômica, que se
estendia por 24 milhões de quilômetros quadrados, embora, na verdade, em sua maior parte subdesen-
volvida. Fosse pela estagnação e atraso econômicos, pela vastidão de regiões desprovidas de transpor-
tes em comunicações, ou pelas rivalidades raciais em choque, exploradas por Moscou – a expansão e
o domínio russos devem ser reconhecidos como fenômenos sem precedentes na história mundial.
A União Soviética tentaria acelerar, sem êxito, porém, a amalgamação sistemática dessa vasta confederação que, por
inércia do poder central tzarista, permitira, até então, relativa autonomia a seus povos de origem asiática e de religião
mulçumana. O regime comunista, nos seus quase 30 anos de ditadura stalinista, criou repúblicas socialistas soviéticas com
pretensa autonomia política e cultural, tratando, ao mesmo tempo, de assegurar a imposição da “russificação” às demais
repúblicas da URSS. A língua russa predominou na liderança política e nas elites partidárias nas regiões asiáticas, enquanto
Moscou e Leningrado moldavam a formação das classes administrativas e doutrinavam os intelectuais ativistas. A Repúbli-
ca Socialista Russa (RSS) dirigiu a União Soviética durante quase 70 anos, através da centralização, quer política quer
econômica. A guerra contra o nazismo – exceção feita à Ucrânia – ratificou o apoio efetivo das demais repúblicas soviéti-
cas sem que Moscou arriscasse comprovar a fidelidade de suas regiões orientais numa conflagração com o Império japo-
nês.
A implantação da economia de mercado na Rússia – e, obviamente, muito mais nas outras repúblicas da CEI – levará
tempo e exigirá sacrifícios sociais que dirão da estabilidade do regime político, supostamente democrático. São riscos
capazes de pôr em perigo a sobrevivência do próprio Boris Ieltsin no poder. Nessa linha de idéias antecipam-se, principal-
mente, comoções decorrentes de eventuais choques econômicos ortodoxos (com respeito devido ao Patriarca de Moscou),
que serão necessários à privatização do gigantesco complexo industrial; à quebra dos conglomerados agrícolas; ao livre-
acesso de capitais estrangeiros; à supressão dos privilégios da burocracia e dos antigos dirigentes partidários. A necessida-
de de capitais e da participação ocidentais na reativação dos investimentos pode ser aceita pelos russos como indispensável
à recuperação do desenvolvimento tecnológico. Criará, porém, resistências emocionais e nacionalistas com repercussões
perigosas à estabilidade política.
O combate à inflação galopante, ocorrida com a débacle da União Soviética ainda exige, após anos, medidas de impac-
to social nem sempre bem acolhidas. A revivescência de oposição nostálgica dos comunistas russos visa à abolição de
subsídios a gêneros de primeira necessidade e à diminuição de benefícios previdenciários que, embora não fossem antes
suficientes a padrões de vida condignos, garantiam, pelo menos, alguma estabilidade dos minguados orçamentos familia-
res. As crises do abastecimento, os preços ascendentes, o desemprego e a emergência de classes sociais diferenciadas pelo
poder aquisitivo agravar-se-ão com a austeridade monetária, bem como a liberação de tarifas, dos preços e salários. Não é
possível, atualmente, arriscar previsão sobre e por quanto tempo os russos e demais povos da CEI continuarão perplexos
em relação ao que esperavam do “capitalismo milagroso”, comprovado no consumismo exuberante dos países vizinhos da
Europa Ocidental.
À própria Rússia, porém, confrontam-se problemas geopolíticos de manutenção da unidade da federação Russa, que
possui superfície de cerca de 17 milhões de quilômetros quadrados dos Urais até Vladivostoque. São 21 repúblicas autôno-
mas com constituições, poderes legislativos e governos próprios e mais dez regiões semi-autônomas. Nas repúblicas, cerca
de metade da população é de etnia russa e, nas regiões autônomas, a porcentagem é também significativa. Quatro das
repúblicas – Tuva, Tartária, Ossélia Setentrional e Chechênia – sequer permitiram aos seus cidadãos votar no plebiscito
para a eleição de Ieltsin (março de 1991), que perdeu pelo menos em quatro das doze regiões autônomas consultadas. A
disposição democrática em apoiar as transformações liberais na Rússia levou a consórcio tácito de ajuda financeira que
reuniu grupos multilaterais – FMI, Banco Mundial, Grupo-7, BERD e Clube de Paris – e mais a Comunidade (União
Européia, os Estados Unidos e Japão).
Conhecendo bem as agruras com que se defronta o presidente russo, os Estados Unidos trataram de liderar esquema
financeiro multibilionário para garantir a Ieltsin as bases e recursos para a transformação política e econômica da Rússia.
Essa ajuda, convenientemente canalizada por aquelas entidades das Nações Unidas e pelos principais países ocidentais,
tem sido desembolsada ao sabor das crises de estabilidade política. Apenas a assistência de programas de alimentos teve
curso regular, além de créditos de alongamento da dívida externa e do fundo de estabilização do rublo.
Em 1993, “pacotes” do Grupo dos Sete (e encontros Clinton-Ieltsin) chegaram a somar US$ 58,4 bilhões de ajuda, mais
a promessa japonesa de US$ 4 bilhões à base de conversações sobre as Ilhas Curilas. Esses montantes, embora se desco-
nheça o total realmente do desembolso (1993 = US$ 5 bilhões apenas), tiveram pelo menos a vantagem de fortalecer Ieltsin
quando, naquele ano, apoiado pelas forças armadas não vacilou em bombardear deputados entrincheirados, fechando o
Duma.
Mais do que nas nações do leste Europeu, a Rússia (federação e outras ex-repúblicas soviéticas), principalmente a
Ucrânia, pelas suas dimensões e potencial econômico, começaram a dar-se conta de que a abertura ao comércio e aos
investimentos estrangeiros levariam a polêmicas de opinião pública. Estimuladas, inclusive, pelos remanescentes do mar-
xismo-leninismo, eventuais posiciona-mentos das Forças Armadas em processo de politização e pela demagogia das fac-
ções partidárias à procura de votos e com plataformas populistas.
Em outubro de 1995, segundo analistas internacionais, as reformas econômicas começavam a mostrar os primeiros
resultados positivos. A inflação mensal de 11% (abril) caiu para 4,5% (setembro), ou seja, ao nível mais baixo desde o
início das reformas. Chegou ao fim a queda vertical da produção industrial. As organizações internacionais teceram louvo-
res a esses resultados, chegando o presidente do Banco Mundial a dizer: “Acho que o povo russo deve estar maravilhado
com o obtido em tão pouco tempo”. Não podia estar mais enganado, como mostraram os resultados eleitorais subseqüen-
tes.
A austeridade econômica causou grandes problemas a milhões de russos, quando se sabe que o salário mínimo recebido
por poucos, mas usado como referência para muitos pagamentos do governo, fica por volta de US$ 10 mensais. Em
princípio de dezembro de 1995, dos 150 milhões de habitantes da Rússia, cerca de 35% tinham mais de 45 anos e 20% mais
de 60 anos. Previa-se que dos 35 milhões de aposentados, vivendo praticamente na “miséria envergonhada” de confessar-
se como tal, cerca de 20 milhões iriam às urnas votar seu protesto. Os jovens, de modo geral, com maiores oportunidades
tendiam a aceitar as reformas, mas sabia-se que sua abstenção seria imensa. Em termos práticos: “As pessoas esqueceram
as filas e as prateleiras vazias, mas recordavam-se de que a lingüiça custava 2,20 rublos e hoje o quilo custa 8 mil rublos”.
Dois ataques cardíacos tiraram Ieltsin do fogareiro eleitoral e os resultados, já esperados, deram vitória aos partidos
extremados. Os comunistas e os ultranacionalistas bateram juntos os reformistas de três para dois. O Partido Comunista,
liderado por Guenadi Ziuganov, obteve 22% das cadeiras do Duma, tornando-se candidato potencial às eleições presiden-
ciais de junho de 1996. Radical, conhecido como “nacionalista hidrófobo”, Jirinovski perdeu votos em relação ao pleito
parlamentar de 1993 (20%), pois só conseguiu 11% na eleição de dezembro de 1995.
Em princípio de janeiro, Ieltsin voltava à cena política, anunciando sua decisão de candidatar-se à reeleição com todos
os riscos de saúde e disposto a enfrentar a maré avassaladora dos filocomunistas. Pouco depois (fevereiro de 1996), o FMI
anunciou empréstimo de US$ 10,2 bilhões à Rússia, a ser liberado em três anos, mediante cumprimento de rigoroso
programa econômico. Por via das dúvidas, o diretor do FMI (Camdessus) conversou, na ocasião, com Guenadi Ziuganov,
candidato comunista.
As perspectivas eleitorais do presidente russo eram, fortemente, afetadas pelos dados negativos de seis anos de governo
de transição radical. O produto industrial caiu (1991-96) pela metade e o PIB acumulou déficit negativo de 45%, não sendo
melhores os níveis sociais. O número de pessoas abaixo do padrão digno de subsistência chegou a 36 milhões, ou seja,
cerca de 40% da mão-de-obra empregada que, por sua vez, registrou queda de 8,5% da população ativa. No lado positivo,
no entanto, e que pouco impressionou a população, Ieltsin privatizou dois terços do PIB, com mais de 120 mil empresas
privatizadas pela distribuição, na maior parte, de ações aos trabalhadores.
Não foi, portanto, surpresa quando Ieltsin conseguiu maioria exígua, no primeiro turno (junho de 1996), contra o
arquicomunista Guenadi Ziuganov. Sem vacilar, o presidente cortejou, demitiu generais e conseguiu o apoio do general
Alexander Lebed: com seus 11 milhões de votos e um incontestável apetite pelo poder. Seu lema era nacionalismo e ordem,
mesmo com sacrifício da democracia e da liberdade.
Logo depois da vitória eleitoral, Boris Ieltsin voltava ao hospital para cirurgia cardíaca delicada e acompanhada pelo
mundo democrático com apreensão. O conflito pelo poder não tardou a estimular Lebed e terminou com a demissão do
general. Atitude corajosa do presidente, com demonstração de sua força política nos bastidores e sua popularidade recon-
quistada pela vitória eleitoral. O exército (antes vermelho) esmaeceu como força política e submeteu-se à ordem institucional.
Com o apoio aparente da opinião pública e das facções políticas moderadas, Ieltsin pôde transigir em suas relações com
os Estados Unidos aceitando as imposições da OTAN: reformulada em novas diretrizes globais e regionais e tendo a
Europa Oriental como objetivo. O primeiro estágio de integração russa à segurança coletiva mundial, em negociações
progressivas e permanentes, dirigiu-se à Europa comunitária no propósito (ideal) da criação de um mercado continental do
Atlântico aos Urais, ou mesmo além.
O crescimento do consumo na Rússia (CEI) abrirá as portas às transferências institucionais e pagas de tecnologia e
know-how ocidentais de ponta para modernização dos métodos e dos processos de gerência, de produ-
ção e comercialização, desconheci-dos ou não utilizados na então URSS. Nesse ângulo, o voto pelo
poder aquisitivo garantirá o apoio dos consumidores à introdução de técnicas e a presença do capital
estrangeiro em sistema econômico secularmente fechado ao exterior.
No contexto comercial a Federação Russa encontrará pontos de divergência em relação aos esque-
mas de protecionismo da UE, como, por exemplo, na execução da Política Agrícola Comum (PAC). A
recuperação das técnicas de produção e a descentra-lização da agricultura tornarão o país mais compe-
titivo no mercado internacional, esbarrando nas regras européias de subsídios que o GATT tentou
eliminar mas não conseguiu de todo.
Entre os aspectos macroeconômicos da integração progressiva da Rússia à UE, destacar-se-ão pro-
gramas conjuntos de pesquisas científica pura e aplicada, principalmente na cooperação tecnológica.
A massa de cientistas russos disponíveis causou evasão de “cérebros”, ao menos na fase de crise russa.
A coordenação no campo da tecnologia de ponta – quando se conhece a superioridade dos Estados
Unidos e do Japão – constituirá uma das primeiras etapas de conjugação setorial na direção dos esfor-
ços de integração.
O primeiro encontro de cúpula entre a então CE e a Federação Russa realizou-se (novembro de
1993) em Moscou, quando Delors visitou Boris Ieltsin, e dele ouviu empenho de que “a Rússia fosse
finalmente considerada um Estado europeu” pela adesão à integração continental. Em princípio de
dezembro, foi assinado acordo em Bruxelas para estabelecer sistema de consultas entre a União Euro-
péia e a Federação Russa para coordenação de medidas de abertura de mercados e assistência aos
esforços da Rússia para consolidação e transição rumo à economia descentra-lizada. Em junho de
1994, a Rússia assinava acordo com a União Européia, que reconhecia à Federação o caráter de “eco-
nomia em transição”. Dava garantias aos investidores estrangeiros; iniciava diálogo político e parla-
mentar; e igualdade de tratamento às empresas européias e ao estabelecimento de bancos russos na
UE.
O Fundamentalismo Islâmico: Propagação e Perspectivas
O fundamentalismo islâmico é elemento novo e sui generis no propalado processo de reformulação
da ordem mundial. Proposição de análise complexa na ausência de uma doutrina formal fundamentalista;
pela pluralidade de interpretações religiosas sectárias e, principalmente, agora, apelo extremado terro-
rismo militante. A compreensão dos valores intrínsecos das bases pristinas fundamentalistas remonta
a princípios seculares, hoje desafiadas pela ciência e pelo materialismo avassalador. A reação
fundamentalista, diga-se de passagem, não é fenômeno apenas islâmico, mas preocupação das própri-
as igrejas cristãs e, principalmente, da ortodoxia judaica.
A atual expansão do fundamentalismo demanda a compreensão dos valores culturais do Islã e seu
papel na contribui-ção humanística. Princípios que, indubitavelmente, tenderão a levar o
fundamentalismo islâmico a uma divergência doutrinária nos vários e todos os continentes que rece-
beram o Corão como código religioso e social. No decorrer de dez séculos, o credo de Maomé conso-
lidou um vasto império político que se estendeu pela Europa, África setentrional e Ásia. Sua presença
na Península Ibérica e no Mediterrâneo (Sicília e Magrebe) marcou contribuição cultural de grande
importância para a civilização européia: nos campos da medicina, botânica, astronomia e matemática.
Caracterizada a decadência árabe das dinastias amíada e abássida, o império otomano assumiu a lide-
rança na expansão do credo muçulmano como fator de congraçamento político-religioso. A partir da
queda de Constantinopla, a Turquia figuraria, por quatro séculos e até a Primeira Guerra Mundial,
entre as potências principais no jogo do equilíbrio de poder europeu.
Há atualmente 1,5 bilhão de fiéis islâmicos em todo o mundo: numa vasta faixa que abrange os
países árabes da África do Norte; o Egito e nações dos Orientes Próximo e Médio; as várias novas
repúblicas da Comunidade de Estados Independentes; o Paquistão e a Indonésia. Fora dessa área,
cerca de 12 milhões de mulçumanos vivem na Europa Ocidental praticando livremente sua religião e
mantendo sua cultura moldada nos preceitos paquistanenses e indonésios, tornando-se ponto crítico
da problemática socio-econômica da Comunidade Européia. Na Bósnia-Herzegovina vivem cerca de
4,8 milhões de mulçumanos em comunidade remanescente da dominação otomana, que chegou a
constituir um quinto da população da antiga Iugoslávia. Nos Estados Unidos há mais de seis milhões
de adeptos do Islã em boa parte de etnias árabes, mas, igualmente, com importante contingente (40%)
de negros norte-americanos convertidos. Especula-se que, dentro de poucos anos, haverá mais crentes
da religião mulçumana do que judeus nos Estados Unidos.
No passar dos séculos, à noção do sincretismo político e religioso, contrapuseram-se no mundo
islâmico ideologias modernas do capitalismo e marxismo, originando sociedade e sistemas econômi-
cos adaptados à evolução das transformações industriais e tecnológicas. A sujeição do processo polí-
tico aos preceitos imutáveis do Corão não pôde impedir que os povos árabes adotassem os figurinos
sociopolíticos ocidentais. Passaram assim, a formar, ora ao lado das nações democrático-capitalistas,
ora sendo levadas pela impaciência de seus líderes, a tentar alianças de conciliação difícil com o
marxismo ateu internacional.
O credo islâmico tem como orientação básica as 112 suratas (capítulos) do Corão que não são
apenas normas religiosas mas, igualmente, todo um sistema de regras morais, de comportamento coti-
diano e de direito social. Os ensinamentos de Maomé inspiraram-se nas filosofias e preceitos religio-
sos do judaísmo, crenças persas, mitologia greco-romana e na religião de Cristo (aceito, aliás, como
um dos profetas de Alá). Nas linhas do judeu-cristianismo, a religião islâmica pregou a fraternidade e
a tolerância, abolindo e condenando o paganismo para instituir a religião universal. Seus profetas são
mensageiros do Deus único, figurando entre eles Noé, Abraão, Moisés e o próprio Cristo, sem que se
atribuam a Maomé feições divinas mas, apenas, de enviado do ser supremo e absoluto.
A conversão é simples profissão de fé, bastando a presença de testemunhas e o seu enunciado em
áreabe. O ritual de preces, cinco vezes ao dia, é acompanhado de abluções e prosternações na direção
de Meca. As funções clericais são menos presentes: conduzidas as orações nas mesquitas pelos “imãs”
e o serviço realizado às sextas-feiras. A peregrinação à Meca, levadas em conta as limitações econô-
micas, é feita pelo menos uma vez na vida para adoração dos símbolos da Caaba e da Pedra negra. O
jejum do Ramadã lembra a Quaresma cristã, como também outras práticas da condenação dos juros e
a castidade pré-nupcial – todas, evidentemente, como ocorre com os cristãos, burladas dentro dos
limites da hipocrisia e dos artifícios da conveniência.
A evolução científica e materialista expõe o Islamismo a certos aspectos que, com o correr dos
tempos, criaram problemas à interpretação de suas normas pristinas. Entre elas, as proibições à repro-
dução da imagem humana; a situação de inferioridade feminina, com o repúdio à esposa e aceitação da
poligamia; a condenação de bebidas e de certos alimentos etc. Na ausência de hierarquias religiosas
unificadas, as práticas religiosas, em comunidade tão disseminada pelo mundo, teria fatalmente que
fazer concessões às pressões de democratização; da laicidade dos estados modernos; da liberdade de
consciência e, sobretudo, da realidade do progresso científico e tecnológico.
As disparidades raciais e econômicas e a ausência de evolução na doutrina política criaram, portan-
to, um quadro de complexidade crescente com ameaça do próprio islamismo como elemento de soli-
dariedade política no cenário internacional. Os choques de interesses nacionais se configuraram, ago-
ra, na emergência do “fundamentalismo islâmico”.
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, os britânicos estabeleceram zona de influência nos Orien-
tes Próximo e Médio, através de mandatos no Iraque e Transjordânia, inclusive na Palestina, onde o
movimento zionista deu início à colonização judaica. A fidelidade de Saud originou o Hedjaz que,
mais tarde, se chamaria Arábia Saudita. Essa presença era fácil de compreender numa região do plane-
ta que dispunha de 70% das reservas mundiais conhecidas de petróleo. A Grã-Bretanha patrocinou a
expansão da Persian Oil Company, que iniciou a construção, no Golfo Pérsico, da refinaria de Abadan.
A Royal Dutch-Shell, companhia anglo-holandesa, e várias outras francesas e norte- americanas reagi-
ram e, com apoio de seus governos, impuseram associação à Iraq Petroleum, depois dividida entre as
concessionárias de exploração do petróleo.
Durante os vinte anos de interregno entre as duas guerras mundiais, o mundo usufruiu de petróleo
abundante e barato extraído pelo condomínio das grandes empresas ocidentais: Standard Oil, Socony-
Vacuum, British Petroleum (antiga Persian), Royal Dutch-Shell, Compagnie Française de Pétrole, e a
Participation and Investiments. O aumento do consumo mundial trouxe novos grupos à exploração e
ao refino. A Texas Company (Texaco) e a Standard descobriram imensas jazidas no Barein e na Arábia
Saudita; a Gulf Oil e Anglo-Iranian cuidaram das reservas descobertas no Coveite.
A II Guerra Mundial constatou a fidelidade árabe às democracias ocidentais e o repúdio islâmico à
ideologia marxista com suas implicações ateístas. Terminado o conflito, a política de descolonização
encabeçada pelos Estados Unidos resultaria na concessão progressiva de independência às comunida-
des árabes do Oriente Próximo e Médio. A nova geopolítica da região, em suas linhas gerais, obedece-
ria às partilhas territoriais da primeira guerra.
Surgiram como nações independentes a Síria, o Líbano, Omã, Iêmen e os Emirados. A Arábia
Saudita, a Jordânia, o Iraque já haviam adquirido relativa autonomia, mas achavam-se ainda vincula-
dos aos interesses ocidentais, auferindo enormes ganhos das royalties do petróleo, usufruídos pelas
elites governantes. O Irã foi a primeira nação islâmica (xiita) que reagiria contra a tutela ocidental,
pela desapropriação da Anglo-Iraquian sob o comando de Mossadegh. O reinado do Xá marcou fase
de liberação dos costumes, melhor distribuição de renda e modernização sem escapar, todavia, da
corrupção e do arbítrio policial. Essas transformações sociais impostas de cima desmoronaram com a
rebelião nacional que trouxe Khomeini ao poder, a ditadura dos extremados, e lançaria o Irã à frente do
movimento fundamentalista.
A onda nacionalista islâmica estendeu-se aos países do Magrebe, Egito e Oriente Próximo guar-
dando, todavia, em cada um deles, aspectos peculiares de conformação política e de interpretação dos
valores religiosos comuns. Os fatores econômicos determinaram diferentes graus de desenvolvimento
e crises sociais conseqüentes das pressões populares. O petróleo passou a ser fator básico não apenas
do crescimento econômico e, igualmente, de barganha política para assegurar a independência das
novas nações islâmicas. A criação e as práticas monopolísticas da OPEP garantiriam à comunidade
árabe elementos de maior coordenação à sua atuação internacional. As duas crises do petróleo trouxe-
ram a noção da influência crítica dos países na economia mundial, principalmente pelos desequilíbrios
gerados com maior impacto nas nações em desenvolvimento – entre elas, não seria preciso dizer, o
Brasil.
Não obstante, as rivalidades políticas, étnicas e religiosas predominaram, afetando a consolidação
que se esperava de uma grande aliança islâmica. Esses choques e rivalidades resultariam em
posicionamento antagônico nas quatro décadas durante a Guerra Fria, com confrontações políticas e
na guerra entre o Irã e o Iraque. A criação e expansão do Estado de Israel revelou a precariedade da
união das nações árabes do Oriente Médio e Próximo. A resolução de Campo David afastaria o Egito
de coligação militar árabe, após a decisão histórica de Anwar Sadat em poupar seu país do ônus
econômico crescente das guerras contra Israel. Solução nacional considerada traição ao islamismo
regional e, por extensão, mundial.
A Intifada agravou a questão palestina no cenário internacional, com condenação às práticas de
violência de Israel e a maior responsabilidade da mediação norte-americana. A assinatura do acordo
de Washington confirmou a transigência israelense em relação à OLP e à autonomia da Faixa de Gaza,
despertando esperança de novos esforços para aliviar a crise árabe-judaica. O postulado da união
islâmica, antes intransigente na eliminação do estado de Israel, perdeu sua força entre os países árabes
moderados. A irracionalidade política, o fanatismo e os ódios crônicos tornaram, porém, imprevisíveis
os caminhos e a duração dos esquemas de paz duradoura para a crise árabe-israelense.
Na Guerra Fria, a União Soviética reagiu à estratégia americana de criação do “cinturão-verde do
Islã”, pela contra-posição de política de penetração ideológica, com resultados favoráveis na concili-
ação dos postulados religiosos à doutrina socialista e seu apelo popular. A aliança tácita dos extremis-
tas árabes com Moscou afetou o equilíbrio regional e originou regimes-fortes no Irã e no Iraque, o
conflito militar prolongado entre os dois países e a intervenção direta da OTAN na guerra do Coveite.
Todo o “pacote” democrático e liberal, armado pelos Estados Unidos e a Comunidade Européia foi
ameaçado pela Revolução de Khomeini e o aparecimento de riscos de aglutinação política no Oriente
Médio.
Os preceitos fundamentalistas do Aiatolá revelaram certa flexibilidade que levou o Irã a tolerar a
invasão soviética do Afeganistão, ante a necessidade de preservar os fluxos de ajuda militar russa: em
equilíbrio ao armamento americano enviado a Saddam Hussein. A despeito de sua liderança
fundamentalista, o Irã tem-se limitado a envolvimento retórico e ao envio de mísseis Scud no desenro-
lar do conflito árabe-israelense. Vale lembrar que os iranianos são de etnia distinta e adeptos da seita
Xia: oposta aos sunitas, predominantes no mundo islâmico; à exceção, além do Irã, de parte do Iraque,
e adeptos na região meridional do Líbano e no Paquistão.
O atual governo iraniano tem suas bases políticas na coligação entre xiitas e facções moderadas ou
mesmo leigas: o controle do poder é exercido por ditadura férrea, legalizada pela aplicação do direito
islâmico, que estabelece mais de cem delitos punidos com pena de morte. Há, porém, margem de
flexibilidade política em atenção aos diferentes grupos radicais que possuem suas próprias interpreta-
ções da doutrina religiosa. O papel atuante do fundamentalismo, na recomposição geopolítica e
geoeconômica da ordem mundial, parece limitado pelo seu caráter carente de unidade racial e de
veículos de centralização de sua ação política com concordância de objetivos comuns internacionais.
A hegemonia dos Estados Unidos e o fim da confrontação ideológica aceleraram o processo de
caducidade do Terceiro Mundo. A ação conjugada dos americanos e europeus superou a imposição de
alta de preços, arquitetada pela OPEP. Em sua autonomia, as repúblicas islâmicas da CEI continuarão
a depender da vinculação comercial e financeira russa e, sobretudo, para a modernização de suas
instituições sociais, ainda em nível de países subdesenvolvidos. O Cazaquistão, por exemplo, tem sua
produção de petróleo sujeita à rede de comercialização da CEI, ou seja, da Rússia.
O sucateamento da União Soviética não invalida o gigantismo da federação Russa e sua vontade de
conservar o predomínio político e econômico sobre os 21 milhões de quilômetros quadrados que antes
reuniam as repúblicas socialistas soviéticas. A turbulência política persistente no Afeganistão, o apoio
dado por Moscou à política norte-americana no Iraque e, por extensão, ao jogo do equilíbrio que
mantém Saddam no poder pautarão a política regional da Rússia ante os perigos de eventual “contami-
nação” fundamentalista na CEI.
No cenário estratégico-militar atual não existem perspectivas imediatas de futuro fortalecimento
do poder bélico dos defensores do fundamentalismo radical. Os arsenais armamentistas no Oriente
Médio foram acumulados como resultado da estratégia ocidental, sobretudo de Washington, de vender
armas a Reza Pahlevi e, subseqüentemente, ao Iraque no seu choque armado com a revolução de
Khomeini – “Gangorra” estratégica que resultou na guerra Irã-Iraque e no posterior conflito do Golfo
(Saddam), após a invasão do Coveite. As compras bilionárias de equipamentos sofisticados pela Arábia
Saudita, com seus recursos engordados pelo petróleo condicionarão, doravante, o Rei Fahd à depen-
dência dos suprimentos americanos e concorrerão para os problemas econômicos, antes mencionados,
e que começam a preocupar aquele país.
A manutenção de Saddam Hussein em Bagdá, aparentemente incompreensível, significa, na reali-
dade, uma opção de Washington para colocar freio à expansão do fundamentalismo iraniano por todo
o Oriente Médio e Próximo. Serve, ao mesmo tempo, para preservar a efetiva presença militar ameri-
cana (OTAN-ONU) naquela região como garantia, em última instância, do status quo político e da
solução gradual do problema palestino.
As relações do Brasil com os países árabes produtores de petróleo foi marcada, nos últimos anos,
por esforços compreensíveis para a expansão do nosso comércio de exportação, procurando diminuir
o saldo negativo, decorrente da compra daquele produto. O custo do petróleo importado tem sido
crucial na luta desenvolvimentista, causando o início da crise econômica brasileira a partir do começo
da década passada e até hoje afligindo o nosso país. As atividades da Petrobrás para aumento da
produção nacional estabilizaram-se por volta dos 700 mil barris diários, ou seja, metade do consumo
interno (1991). De qualquer forma, a necessidade de misturar petróleo importado ao brasileiro deverá
ser considerada nos planos de total auto-suficiência objetivada pela produção nacional. O volume das
nossas vendas de mercadorias ao Oriente Médio não tem significado especial no cômputo global de
nossas exportações, que somaram, em 1996 cerca de US$ 1,3 bilhão, ou seja 2,8% do total. Destaca-
ram-se a Arábia Saudita (US$ 410 milhões), os Emirados Árabes Unidos (US$ 170 milhões) e o Irã
(US$ 180 milhões), sendo que o intercâmbio desse último país com o Brasil sofreu decréscimo de
40% em relação a 1995.
A saga da participação brasileira no programa nuclear do Iraque gerou polêmica e uma série de
condenações nos Estado Unidos e na Europa, nossos maiores parceiros comerciais e financeiros. A
venda de equipamentos bélicos àquele país foi, igualmente, motivo de “censuras” discretas ou osten-
sivas pela imprensa internacional, embora, na prática, nosso país tenha figurado entre os fornecedores
de menor vulto, cabendo a primazia a nações ocidentais como França e Alemanha. A contabilidade
dessas transações, louváveis do ponto de vista do incremento comercial, ainda não foi avaliada à base
de lucros e calotes. As tentativas de venda de armamento pesado – especialmente tanques “Osório” –
à Arábia Saudita arrastaram-se por anos a fio, dando esperanças vãs à indústria nacional de material
bélico, hoje em dificuldades. O conflito do Coveite colocou os Estados Unidos fornecedor dos clientes
sauditas, mas não sem o agravamento da crise econômica que agora ganha proporções para Riad.
Referências às relações do Brasil com o islamismo devem realçar que não há, em nosso país, pro-
blemas entre árabes de diferentes origens nacionais entre si ou mesmo nas suas relações com as comu-
nidades judaicas. A integração dessas comunidades árabes na sociedade brasileira decorre, em parte,
da predominância árabe-cristã, mas as autoridades brasileiras asseguram plena liberdade ao exercício
do credo mulçumano e à divulgação da cultura islâmica através de centros culturais e entidades literá-
rias em todo o país.

(*) Ex-Embaixador na Hungria e nos Países Baixos

Você também pode gostar