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Disciplina de Introdução ao Estudo de Direito I

Textos de Apoio

Tema I: Natureza social do Homem

Falar do Direito implica falar do Homem, ou seja, não temos como falar do
Direito, sem falar do Homem. Porquê?

Porque o Direito são leis, são regras, e estas só têm interesse para o Homem, só
têm utilidade para o Homem.

Falar do Homem, implica procurar saber qual é a natureza do Homem, ou seja,


qual é a sua natureza, procurar saber como vive e o que o distingue doutros
animais e, por fim implica saber que relação ele tem com as regras, com o Direito.

A necessidade de estudar o Direito obriga-nos a estudar o Homem, a conhecer a


natureza deste porque é indispensável, é fundamental para compreensão do
Direito.

Como vive?

O Homem vive desenvolvendo trabalhos, desenvolvendo pensamentos, cria a sua


própria alimentação, o seu próprio vestuário, calçado, habitação, o seu meio de
transporte, etc.

Resumindo, podemos afirmar que através do trabalho, o Homem vive criando os


bens de que necessita para a sua subsistência.
Na interacção com o seu semelhante, desenvolve fala, que é a comunicação;
assim, o actual estágio da humanidade quer do ponto de vista económico quer
tecnológico é reflexo e expressão do seu trabalho e do seu raciocínio.

O que o distingue?

 A capacidade de desenvolver trabalho, e, entende-se por trabalho toda a


modificação consciente e dirigida da natureza;
 A capacidade pensante, racional, por via da qual o Homem consegue
formular juízos, equacionar problemas, idealizar soluções, elaborar
projectos e perspectivar o desenvolvimento;

 A comunicação através da fala que serve de veículo fundamental,


indispensável na troca de informações e ideias sobre o trabalho e outros
aspectos.

Relação com as regras

O que estabelece a relação é que o trabalho individual é sempre insuficiente,


ninguém consegue produzir todos os bens e serviços que necessita para a sua
vida; A insuficiência do trabalho individual conduz à divisão social do trabalho,
isto é, cada homem se especializa numa determinada função; de divisão social de
trabalho resulta a troca de bens e serviços e até de experiências e de
conhecimentos.

O processo de troca implica interacção dos produtores, dos vendedores e é esta


interacção que determina a necessidade das regras, é esta interacção que torna
necessárias as regras no processo de produção porque o trabalho das pessoas de
alguma maneira se interliga:

 No processo de produção;
 Na circulação de bens;
 No consumo;
 No convívio

Daqui podemos entender que não é possível falar do Direito sem falar do
Homem e do Homem sem falar do Direito.

As regras

Servem para harmonizar o ambiente dentro de um agregado humano;

Servem para normar ou disciplinar o relacionamento, servem para criar um


convívio são;

E como atingem este objectivo?

Indicam o que é proibido, o que cada um não deve fazer para não prejudicar os
outros, e indicam o que cada um deve fazer no interesse dos outros e indicam
ainda aquilo que alguém pode fazer se quiser, pode não fazer se não quiser
(proibir, impor e permitir).

As permissões chamam-se DIREITOS, as proibições e as imposições no seu


conjunto tomam o nome de DEVERES ou OBRIGAçÕES.

Imposições - são deveres positivos

Proibições – são deveres negativos


Posto isto, podemos concluir que o Homem vive em Sociedade.

A vida em Sociedade será natureza do Homem ou lhe foi imposta pelo


desenvolvimento?

A vida em Sociedade é sua característica ou é imposição do desenvolvimento?

Esta questão não é jurídica, não é um problema de Direito, é da Sociologia.

E porque estudá-lo em Direito? Porque o seu esclarecimento, a sua compreensão


é fundamental para compreensão do Direito.

Esta questão é muito antiga, surgiu com a própria ciência de Sociologia e desde
essa altura e na tentativa de dar resposta à mesma, emergiram duas correntes de
pensamento, que são:

1 – Teoria do Estado de natureza ou Teoria do Estado Pré-Social

2 – Teoria do Estado Social ou Teoria de natureza social

A primeira Teoria teve como seu principal defensor, o Jean-Jacques Rousseau,


(conhecido como principal defensor de Estado Social).

Segundo esta Teoria, o Homem é um ser isolado, concebido para viver


individualmente porque na primeira fase da história da humanidade viveu
isolado, não estava integrado em nenhuma comunidade, não estava sujeito à
nenhuma autoridade nem à nenhuma Lei, vivia segundo o seu bel prazer; fazia o
que queria, quando e como queria;

Foi no processo de desenvolvimento que se viu obrigado numa determinada fase


a organizar-se em agregado numa sociedade política e para isso teve que elaborar
um contrato social nos termos do qual passou a viver em Sociedade.
Segundo esta Teoria, a Sociedade humana é resultado de combinação ou
convenção do Homem.

Outra Teoria diz que os dados históricos da sociedade primitiva mostram que a
sociedade era colectiva quer para caça, recolecção, pesca e agricultura e o
produto era distribuído por igual

As investigações de História, Antropologia, da Etnologia demonstram que o


Homem sempre viveu colaborando.

Esta Teoria defende que não houve nenhum momento em que o Homem viveu
sem se sujeitar às regras e conclui dizendo que o Homem é um ser
eminentemente social, ou seja, concebido para viver em sociedade.

Aristóteles foi o defensor da segunda Teoria do Estado Social e escreveu a dado


passo, o seguinte: “O Homem para viver fora da Sociedade, precisa de ser mais ou
menos do que é”

Mais do que é – significa que precisa de ter mais qualidades, mais capacidades do
que é, precisa de ser um Deus

Menos do que é – significa que precisa de ser um bruto, aproximar-se mais ao


animal irracional
Tema II

Requisitos para vida em Sociedade

Sentidos ou Acepções da palavra Sociedade

Classificação e caracterização

Viver em Sociedade significa que se verificam, de forma cumulativa, três


requisitos:

1º - Coabitação – não basta apenas coabitar, são necessários outros requisitos,


sendo o coabitar condição necessária, mas não suficiente;

 Pode ser coabitar na mesma casa;


 Pode ser coabitar no mesmo país;
 Pode ser coabitar no mesmo continente

Exemplo: A família em termos de casal e filhos coabitam na mesma casa e


formam uma Sociedade;

2º - Contribuir para a satisfação das necessidades doutros Homens,

Através de

- Conhecimentos;

- Experiências

- Serviços
- Bens

3º - E como é natural receber de modo lícito e como retribuição do seu trabalho


fornecido nos termos do nº. 2

Sentidos da palavra Sociedade

A palavra Sociedade pode ser entendida em vários sentidos ou significados, que


são:

 Sociedade em sentido histórico;


 Sociedade em sentido Técnico-jurídico;
 Sociedade em sentido sociológico

Em sentido histórico – significa uma fase, uma etapa, ou seja, um período de


desenvolvimento da humanidade. Neste sentido, é empregue acompanhada da
palavra que designa essa mesma fase.

Exemplos:

 Fase primitiva;
 Fase esclavagista;
 Fase Feudal;
 Fase capitalista;
 Fase socialista

Então, o termo sociedade quando é acompanhado por uma destas palavras, dá


sentido das fases indicadas.

Sociedade em sentido histórico


Existem independentemente da vontade dos seus membros, isto é, a vontade dos
Homens não influi para constituição deste tipo de Sociedades, são naturais, nas
quais o Homem aparece inserido nelas quer queira quer não;

São sociedades involuntárias, de facto, que existem na realidade ou


materialmente, mas não são de jure, isto é, de direito em que o Homem tenha
contribuído para a sua constituição.

Sociedade em sentido Técnico-jurídico

Significa associação ou associações voluntárias de pessoas ou de bens ou de


pessoas e seus bens para em conjunto exercer uma certa actividade para repartir
os rendimentos.

Na constituição desta espécie de sociedades, a vontade dos Homens é


determinante, ou seja, elas se constituem de acordo com a vontade dos Homens,
isto é, são voluntárias, são de direito ou de jure.

Exemplos:

- Sindicatos

- Partidos Políticos

- Sociedades comerciais

- Associações desportivas

Etc.

Nas sociedades em sentido Técnico-jurídico, os Homens entram e saem quando


quarem e as sociedades podem ser dissolvidas.
Sociedades em sentido sociológico

Significa um agregado humano que ocupa um determinado espaço geográfico e


possui em cada momento uma certa forma de organização política, económica,
social, cultural, etc.

É um agregado localizado histórica e geograficamente.

À semelhança das sociedades em sentido histórico, estas também se constituem


de modo involuntário, isto é, a vontade dos Homens não influi. São sociedade de
Facto e de Jure.

Exemplos:

Moçambique, Espanha, Angola, França, etc.

Teorias sociais

Não foi pacífico, no campo de Sociologia, definir-se o que é Sociedade.

Desde tempos já passados, confrontaram-se duas Teorias, na tentativa da


definição do que é Sociedade:

- Teoria Individualista;

- Teoria Organicista

Teoria Individualista – era prolongamento da Teoria do Estado pré-social,


defende que não existe Sociedade, por isso não há preocupação em definir o que
é uma Sociedade, o que existe são indivíduos isolados uns dos outros, cada um a
fazer a sua vida, não existe sociedade nenhuma.
A Teoria Organicista aparece como prolongamento da Teoria de Estado Social e
defende que a sociedade existe como uma realidade autónoma, distinta de
indivíduos;

Que os indivíduos dentro da sociedade são como as células biológicas no


organismo e a própria sociedade é como se fosse um organismo, daí o nome
ORGANICISTA, porque compara a sociedade ao organismo.

Críticas a estas duas Teorias

A Teoria Individualista tem 1 aspecto positivo e outro negativo.

Positivo – foi reconhecer a existência do Homem como indivíduo e da sua


liberdade;

Negativo – é o de negar a existência da sociedade.

A Teoria Organicista, também conheceu 1 aspecto positivo e outro negativo.

Positivo – foi ter encontrado uma maneira de reconhecer a existência da


Sociedade, comparando-a com o organismo;

Negativo – compara o Homem com as células biológicas, sabido que os Homens


podem desempenhar várias actividades na Sociedade e as células têm funções
fixas.

Conceito de Sociedade

Em face disto, não perfilhamos destas duas Teorias nos seus aspectos negativos
mas concordamos que existe Sociedade e, se existe, a preocupação é definirmos o
que é Sociedade.
Sociedade – é o sistema de relações que se estabelecem entre as pessoas no
processo de trabalho, de produção, de distribuição da riqueza e de recreação ou
convívio entre os Homens.

Em suma, Sociedade pode ser definida como sistema de relações que se


estabelecem entre os Homens.

Características das Sociedades

1ª – Permanência – A sociedade não é um sistema de relações que está


geneticamente pré-destinado a desaparecer. Os Homens que fazem parte da
Sociedade vão passando pelo processo de morte, são substituídos pelos outros,
através do sistema de nascimentos mas a Sociedade permanece no tempo e no
espaco;

2ª - Abstracção – A Sociedade não pode ser vista, não é palpável, apenas se


sentem os efeitos da sua existência, é uma realidade abstracta.

3ª – Autonomia – A Sociedade tem existência autónoma que é independente da


existência das pessoas que a integram e o que revela a sua existência são os
interesses comuns que ela defende e são os objectivos também comuns que essa
mesma Sociedade defende.

Cada Homem está voltado para satisfação das suas necessidades, interesses e
objectivos e vai participando consciente ou inconscientemente na satisfação dos
interesses comuns.

4ª – Ordenação – cada membro da Sociedade está posicionado duma certa


maneira dentro da Sociedade. Estão-lhe atribuídas determinadas tarefas e
funções, relaciona-se com os demais de uma determinada maneira de tal modo
que haja interacção entre todos eles e que se traduza naquilo que se chama
ordem social, harmonia social.

Quando essa ordem social for violada por qualquer membro da Sociedade, gera-
se um ambiente de desordem social porque vai perturbar o resto dos membros
da Sociedade.

5ª – Combinação de instintos e da inteligência humana

A Sociedade assenta na combinação dos instintos e da inteligência humana.

6ª – Formas ou graus

Apresenta várias formas ou graus, sendo o grau mais pequeno, a família e a forma
mais alta, é o mundo inteiro.

(Entre as duas formas, a menor e maior encontramos outras intermédias).

Tema 3

Necessidade de utilidade e de interesse

Conceito e classificação de interesses

Cada Homem na Sociedade tem as suas necessidades.

Estas necessidades desdobram-se em 2 grandes áreas:

Individuais e Comuns
Individuais – satisfazem-se sem necessidade de colaboração do semelhante,
satisfazem-se através do esforço pessoal, individual;

Comuns – são também individuais do ponto de vista de cada membro da


Sociedade, mas pelo facto de serem de interesse de todos ou quase todos os
membros, as necessidades se designam por comuns.

As comuns satisfazem-se com recurso a interacção humana. São estas que


constituem a força de coesão social.

a) Conceito de necessidade

É o estado de insatisfação em que uma pessoa se encontra num dado momento,


revelado por uma sensação desagradável de falta.

Toda a necessidade se satisfaz através de um bem.

O bem pode apresentar-se sob forma material como pode ser espiritual.

Exemplos: uma casa de habitação, carteira, viatura, caneta – são bens materiais;

Um conhecimento, uma experiência, uma aula – são bens espirituais – não têm
espaço físico.

Bem – é todo o meio que é apto, que tem capacidade, que tem idoneidade de
satisfazer uma necessidade humana.

Classificação dos bens

Segundo a sua natureza, os bens podem ser: materiais e espirituais


Materiais – são todos os que têm peso e ocupam espaço;

Espirituais – são todos os que não estão dotados de peso e de ocupação de


espaço

Do ponto de vista da sua obtenção

Podem ser Ajuridicos e jurídicos

São bens ajurídicos – todos aqueles cuja obtenção e cujo consumo não carecem
da interacção social, ou seja, os que se obtêm pelo esforço individual e se
consomem sem necessidade de colaboração doutros Homens.

Exemplos:

O ar que se respira

Os raios solares

Os frutos silvestres quando colhidos das respectivas árvores.

São bens jurídicos – todos os que se obtêm com recurso a interacção humana, ou
seja, aqueles que resultam do trabalho colectivo e que a sua obtenção e o seu
consumo implica relação consciente ou inconsciente com outros Homens

A maior parte dos bens de que o homem se serve tem natureza jurídica

Exemplos: a roupa que cada um tem, o caderno, o edifício público

Os bens satisfazem as necessidades porque têm utilidade.

Utilidade – aptidão, capacidade, propriedade que um determinado objecto tem


de poder satisfazer uma necessidade humana
O bem só se chama bem relativamente a uma certa necessidade e quando tem
com essa necessidade uma utilidade;

Podemos afirmar que todo o bem é simultaneamente útil e inútil. Todo o bem
encerra dentro de si uma relação de utilidade e uma relação de inutilidade.

É útil com relação às necessidades que pode satisfazer e inútil com relação às
necessidades que não pode satisfazer

Inutilidade – é a incapacidade que um determinado objecto tem de satisfazer


uma determinada necessidade

De acordo com as necessidades que o Homem tem, este estabelece com os bens
que estão ao seu dispor, dois tipos de relações:

Por um lado a relação de interesse que é a que se estabelece com todos aqueles
bens que são capazes de satisfazer as necessidades que tem e por outro lado
relação de desinteresse que é a que se estabelece entre o Homem e todos os
bens que não são capazes de satisfazer as suas necessidades.

Interesse – é a relação que se estabelece entre a pessoa que tem uma


necessidade e o bem capaz de satisfazer essa necessidade

Então, a pessoa portadora dessa mesma necessidade chama-se sujeito de


interesse.

O bem capaz de satisfazer a necessidade que tem, chamamos por objecto de


interesse.
Desinteresse - é a relação que se estabelece entre o sujeito de interesse ou a
pessoa portadora de um certo interesse e todos aqueles bens que não são
capazes de satisfazer as necessidades que tem

Classificação dos Interesses

Qualquer sociedade comporta sempre muitos interesses, vários interesses,


portanto, na sociedade coexistem vários interesses, sendo de várias categorias e,
consoante a classificação que queremos, podemos, tomar dois (2) critérios para
classificação dos interesses que existem dentro da Sociedade:

Quanto ao critério do número de sujeitos portadores {Interesses individuais,


interesses grupais e interesses gerais

Quanto à forma da sua coexistência {Interesses paralelos, interesses

convergentes e interesses divergentes

Interesses individuais – são titulados cada um deles por um indivíduo, um sujeito;


também se designam por interesses singulares ou pessoais e, em certa medida
são interesses particulares

Interesses grupais – são titulados por mais de um indivíduo, mas que não chegam
a ser titulados pela maioria dos membros da Sociedade. São interesses de
estratos de grupos.

Exemplos: interesses dos partidos políticos, associações culturais, desportivas,


cívicas ou quaisquer outros grupos.
Interesses gerais – são titulados da maioria (pela maioria) dos membros duma
determinada sociedade.

O conceito de grupo é sempre visto e analisado em confronto com o conjunto da


sociedade em geral porque se relacionarmos o grupo com o indivíduo, o grupo
torna-se generalidade.

Interesses paralelos – são todos aqueles que se podem satisfazer sem se


afectarem uns aos outros, portanto, não se repelem e nem se interligam no
processo da sua satisfação.

Interesses convergentes – são complementares entre si, por isso se designam por
solidários e são todos aqueles que nenhum se pode satisfazer sem que o outro se
satisfaça em simultâneo

Exemplos: o interesse do vendedor não se pode satisfazer sem que se satisfaça o


do comprador; o de docente e discentes, do Médico e doentes, são interesses
convergentes

Interesses divergentes – são todos aqueles que não se podem satisfazer ao


mesmo tempo e no mesmo lugar, portanto, repelem-se entre si, excluem-se entre
si, são antagónicos, são contraditórios.

Os interesses podem ser plurisubjectivos quando são titulados por mais de um


sujeito, como é o caso de interesses grupais e gerais.

Os interesses individuais podem ser paralelos, convergentes e divergentes;

Os de grupo podem ser paralelos, convergentes e divergentes;

Os gerais não podem ser divergentes, ou são paralelos ou convergentes.


Os convergentes unem as pessoas, unem a Sociedade, isto é, os interesses unem
as pessoas

Os interesses convergentes são a força de coesão e integração social

Os divergentes são a causa da desintegração da Sociedade.

São interesses divergentes os que determinam a existência das regras sociais.

Essas regras sociais vêm disciplinar o processo de satisfação desses interesses


divergentes que não podem ser satisfeitos ao mesmo tempo e nem podem ser
satisfeitos no mesmo espaço;

O processo de satisfação consiste na definição de prioridades, de hierarquia para


satisfação das necessidades e desses interesses , daí a existência do Direito.

Tema III

Conflitos de interesse e sua classificação

Fins das normas sociais

Conflito de interesses

É a luta que se verifica entre sujeitos portadores ou titulares de interesses


divergentes, contrários.

O conflito de interesses pode apresentar-se na sua forma mais simples que é a


forma verbal do conflito que se traduz na discussão, nos insultos, na troca de
palavras entre sujeitos portadores do interesse
Podem apresentar-se também na forma física onde os sujeitos portadores se
batem, lutam mas sem emprego de nenhum instrumento

Forma física - é a forma intermédia do conflito que revela o facto de se terem


esgotado as possibilidades de uma resolução verbal

Forma avançada ou armada do conflito

Em Direito, o termo armado tem dois sentidos: lato ou amplo que significa
qualquer instrumento que se utiliza no combate: faca, uma catana, uma pedra,
uma garrafa, etc.

Pedra – é arma de arremesso

Faca – é arma branca

No sentido restrito, arma é um instrumento convencional designado arma. Então,


os conflitos de interesse resumem-se no uso ou emprego de armas quer de
arremesso quer brancas quer ainda convencionais, num conflito.

Exemplo: as guerras armadas.

Apesar do seu aspecto negativo, os conflitos de interesse desempenham algum


papel na sociedade: estimulam o desenvolvimento, o progresso

Um dos resultados dos conflitos de interesse é a existência de normas sociais que


indicam a cada um como se deve conviver, como se deve portar, como deve se
relacionar, o que deve e não deve fazer em seu benefício e em benefício da
sociedade

As normas fixam PROIBIçÕES, IMPOSIçÕES e PERMISSÕES

As proibições e imposições no seu conjunto, são DEVERES ou OBIRIGAçÕES


As permissões, são DIREITOS

As normas fixam deveres e direitos

A este processo de fixação de Deveres e Direitos, chama-se REGULAR AS


RELAçÕES SOCIAIS PARA CRIAR A HARMONIA SOCIAL

Fins Sociais – as normas regulam as relações sociais para permitir que haja
harmonia social

Harmonia social permite à sociedade alcançar os seus objectivos e esta só pode


atingir os seus objectivos se existir a harmonia social

Harmonia social não significa inexistência do conflito, significa a prevalência de


factores de unidade sobre factores de divisão – porque se os de divisão
prevalecer sobre os de coesão, haverá desarmonia social.

Fins das Sociedades

Qualquer sociedade (país, povo) tem sempre três fins:

1º - Conservação da própria sociedade – luta por permanecer, por manter-se, por


existir – nenhuma sociedade aposta na sua própria destruição;

2º - Segurança – de cada membro da sociedade, segurança individual e colectiva

3º - Realização espiritual – que consiste na satisfação das necessidades não de


carácter material; a liberdade e/ou possibilidade de praticar ou não uma
determinada religião; formação académica, profissional, etc.

Há interacção entre realização material e espiritual – a material ajuda a


espiritual, e esta estimula a material a buscar mais meios materiais.

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