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Ideia geral de Estado: quando uma sociedade se faz representar por uma personalidade
jurídica que ter reconhecimento político e nacional/internacional, a isso se dá o nome de
estado.
Características elementares de um Estado (precisa ter essas características para ser um
Estado)
1. Povo: todas as pessoas que estão no território (e nesse ponto pode ter por exemplo
um estrangeiro aqui fazendo faculdade, oque traz outras culturas para cá, um choque
de crenças, línguas, etc). Durante muitos séculos a história foi marcada por diversos
conflitos entre culturas/crenças dentro do mesmo povo (não só aqui no Brasil, mas em
diversos países), sendo estas por religião, nacionalidade, raça, etc.
2. Território: é o lugar onde o povo se encontra. Mas esse território não é a superfície
onde pisamos, é também o subsolo, a parte área e os mares.
3. Soberania: o poder de autogoverno (ou seja, ele governa a si próprio). Esse
autogoverno é exercido pelo povo, e temos isso impresso na CF 88 (Art 1, Parágrafo
Único, CF: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”). O poder soberano é a forma
de expressão da vontade popular.
4. Finalidade social
O fenômeno da globalização nasceu a partir da criação da ONU, pois foi uma organização
criada não visando beneficiar um país ou outro, mas o globo em si, o mundo todo (tem 193
países participantes da ONU atualmente).
CULTURA
Cultura significa o espírito de um povo, tudo aquilo que da identidade a um povo. Sua língua,
seus valores, sua religião, suas crenças, formas de organização, comunicação, etc. ou seja, a
cultura é um conjunto de elementos identitários.
O Brasil tem uma cultura brasileira? É de se pensar porque existem realmente todos esses
elementos aqui no Brasil? Chegou um momento em que houve uma aproximação tão grande
aqui no Brasil de europeus, africanos, indígenas, que não tem mais separar algumas coisas. Ex:
usamos palavras que não são da língua brasileira – como fofoca (origem nigeriana). Houve a
mistura de elementos de diferentes culturas aqui no Brasil. Talvez por isso considerem a nossa
cultura “acolhedora”. Todas as “sociedades” tem direito a cultura, mas será que todas tem que
ter direito a cultura? Ex: em uma tribo da Tailândia, depois da menarca a menina já pode se
casar, e a cada ano que ela passa solteira colocam uma argola no seu pescoço. Chega uma hora
que a mulher passa a ter a cabeça apoiada nas argolas e não no pescoço. Ai, se ela cometer
adultério a punição é tirar as argolas. Mas porque isso seria uma punição? Porque ela não tem
mais força muscular pra sustentar a cabeça, e aí ela morre. Isso é a cultura deles. Eles tem
direito a cultura, mas deveriam ter direito a isso?
A gente se assusta quando vê por exemplo a iniciação do candomblé onde são feitos cortes no
corpo da pessoa e colocam substâncias, mas não se assusta com algo como a circuncisão que
os judeus fazem nos bebês do sexo masculino. Porque isso? É algo que parece estar enraizado
na cultura.
Então embora a globalização tenha trazido os direitos fundamentais, o significado desses
direitos não é absoluto e sim relativo (deve ser contextualizado de acordo com as condições e
necessidades do caso). Ou seja, existem casos em que a defesa da cultura é necessária (ex:
capoeira), mas nem tudo aquilo que o homem expressa como identidade da sua nação deve
ser preservado (ex: nazismo).
A relativização do mal é uma das piores amaças a Globalização. “Aquilo que é mau pra um, não
é para o outro”. Não, existem coisas que são sim más pelo consenso geral.
Modelos de ética
1. Ética teleológica: ética baseada nos fins. Cada ética teleológica elegerá aquilo que
considerar o maior dos bens.
2. Ética deontologica: ética do dever ser. A justiça não está no bem alcançado, e sim no
dever cumprido.
3. Ética comunitarista: quem será o destinatário da minha conduta ética? Esse
destinatário não é alguém concreto, não é a pessoa que está do meu lado, é uma
espécie de projeção racional de uma pessoa que espera de nós uma conduta perfeita.
Então um bem só será um bem, se o for para mim e para o outro. O outro é o maior
dos bens.
Mas como isso se operacionaliza não prática? “A minha conduta será ética quando ela
for considerada um bem da vida, ou seja, quando ela tornar a vida boa para mim e
para o outro em instituições justas.”
“Mas oque significa essa vida boa”? A vida está destinada ao alcance de um tipo de
bem, então a vida será boa quando vivemos esse bem. Oque vai definir oque é bem,
vai depender do momento, do lugar e de quem esteja ali.
Essa ética é comunitária no sentido que deve atender interesses comuns da
comunidade. Muitas vezes, para definir oque é um bem comum é necessário um
regime de escolha – democracia.
A semente nuclear de uma sociedade é a família, quando tenho várias famílias
reunidas se torna uma tribo. Várias tribos reunidas se torna uma aldeia. E várias
aldeias reunidas formam um povo, sendo necessário um representante para esse
povo.
Quem vai definir oque é o bem da vida é a comunidade de acordo com os valores ali
presentes. Isso se torna muito delicado na globalização, porque diferentes
comunidades tem diferentes valores (ex: islâmicos e não islâmicos), portanto como
definir oque é vida boa num conceito global? Fica o questionamento.
“Uma vida boa COM o outro”: é uma vida onde eu compartilho com o outro os bens
que eu possa vir a viver. Para que esses bens sejam compartilhados, eu tenho que
estar disposto a exercer o dom, que é a capacidade de doação (Mas é impossível que
nunca haja alguém em primeiro lugar). Isso significaria viver em uma sociedade onde
todos têm as mesmas possibilidades de êxito. É necessário criar um mecanismo de
equidade para garantir que cada dia mais diminuam as diferenças entre as pessoas no
que diz respeito às condições de vida. Isso não quer dizer que a minha vida tem que
ser igual a do meu vizinho, mas que eu e meu vizinho temos que ter condições de ter a
vida boa. Ex: eu posso ter uma Ferrari de 1 milhão de reais e consigo bancar isso, e
meu vizinho tem um gol e também consegue bancar seu gol e ter sua vida boa. Então
não se trata de igualdade mas de equidade.
Lado prático: ex: eu sou advogada, oque eu conheço é o Direito, mas eu preciso
comer. Então eu dependo de outras pessoas que usaram das suas aptidões para
exercer suas atividades. Então por mais que eu ganhasse muito dinheiro, isso não me
serviria se eu não conseguisse alcançar os bens da vida (por exemplo eu tenho
dinheiro mas não tem mais mercado, não tem mais quem plante). Se não fosse o
agricultor compartilhar sua aptidão para plantar os alimentos, não teríamos o bem da
vida. Então eu tenho que respeitar o lixeiro que passa todo dia a noite pra recolher o
lixo da rua. Imagina como seria sem esses caras, como iriam ficar as ruas. Então eles
compartilham oque consideram bem da vida, para que a vida do outro se torne
melhor. Se cada um fizer isso, nós faremos parte desse modelo de ética.
“Em instituições justas”: componentes estruturais do estado que ajudam a manter as
coisas em ordem na comunidade. Ex: lei, jurisprudência, defensoria pública, etc
E também as diferentes formas de compensação que podemos produzir através dos
canais de justiça. Ex: o lixeiro consegue se aposentar com 25 anos por exemplo porque
ele está exposto a coisas bem perigosas, tóxicas. Diferente de um advogado. Então
você facilita pra quem tem uma vida mais difícil e dificulta pra quem tem uma vida
mais fácil.
DIREITO E GLOBALIZAÇÃO – AULA 7 – 23/09/2021
Tópicos da aula de hoje: aquilo que nas relações éticas é causa de conflitos (preconceito e
discriminação) e a compreensão da questão da identidade.
Na maioria das vezes as pessoas são levadas a pensar que tudo aquilo que é
estranho/diferente é errado, ou ruim. O grande problema é que oque nos move a tratar o
diferente como errado/ruim faz parte da cultura humana: o preconceito.
Preconceito: forma como concebemos um objeto (objeto físico, uma ideia ou até uma pessoa)
a partir das primeiras impressões que temos dele. O preconceito em si não é algo ruim, nós
enquanto seres racionais só aprendemos a partir do preconceito, mesmo que nosso conceito
esteja errado (assim aprendemos). O problema é o preconceito no sentido moral – tomar algo
por errado com base nos juízos de valores pessoais.
Surge a problemática quando aquele preconceito se torna uma verdade pra pessoa e isso
passa a influenciar a forma como nos relacionamos com as outras pessoas.
Conceito do preconceito ruim: conjunto de opiniões que formamos de forma acritica, que nos
faz tornar aquilo como verdade e agir de acordo com essa verdade (ex: europeus na época da
escravidão tomavam os negros não como pessoas mas como sub-humanos).
A ideia do preconceito sempre se funda em 2 componentes:
1. Conhecimento errôneo baseado em primeiras impressões.
2. Esse conhecimento é tomado de forma acritica, sem questionar se a ideia formada
realmente procede.
Deve ser feita uma reflexão, que deve girar em torno de “e se”. “E se eu estiver errado”, “e se
a minha opinião não for absoluta”, etc.
Formas de preconceito:
1. Indivíduo: preconceito que a pessoa tem na sua individualidade sobre os assuntos da
vida. Ex: crendices (tem gente que pensa que todo político é corrupto), superstições
(não quebro espelho porque vou ter 7 anos de azar), etc. De certa forma esse tipo de
preconceito não tem muito efeito, não faz mal para as outras pessoas. Esse não deve
ser combatido
Coletivo: esse deve ser combatido. Carrega uma carga de negatividade, significado ruim. Faz
com que um grupo X aja de forma nociva na sociedade. Ex: preconceito de classe (forma de
preconceito que separa as pessoas entre ricos e pobres).
Formas de preconceito:
1. Individual
2. Coletivo: Segundo Norberto Bobbio a primeira espécie de preconceito coletivo que
surgiu foi o preconceito de classe. Onde grupos foram colocados uns acima dos outros
baseados na aquisição financeira, ou seja, ricos e pobres.
As formas de preconceito, principalmente de classe, são maus sociais que devem ser
combatidos através dos princípios de igualdade e liberdade. Então numa sociedade
que tem isso por base, não deve haver ou pelo deve ser combatido o preconceito de
classe. Mas isso não significa que as classes em si devem ser desfeitas, sempre vão ter
grupos mais ricos e grupos mais pobres, grupos com mais estudo e grupos com menos
estudo, isso faz parte de qualquer sociedade.
Porque mesmo que se estabeleça uma sociedade onde sejam oferecidas as mesmas
oportunidades e os mesmos recursos, sempre terá um que aproveitará mais que o
outro, que se desenvolverá mais que o outro.
Então aqui não buscamos igualdade e sim equidade – sempre haverá desigualdade
mas a equidade diminui essa diferença.
Discriminação
Discriminação é a consequência de um preconceito (segundo Norberto Bobbio). Assim como o
preconceito pode ser entendido num aspecto racional e num aspecto moral, a discriminação
também.
Discriminar significa estabelecer diferença entre 2 ou mais coisas/seres, então o ato de
discriminar é algo cognitivo. Nós sabemos definir que um objeto que está em cima da mesa
não faz parte da mesa porque eu tenho o senso da discriminação.
Assim como o preconceito, a discriminação se torna um problema quando ela é moral. Não
existe igualdade em sua plenitude, cada um indivíduo é um. Até mesmo os gêmeos univitelinos
tem distinções (ex: tem a digital diferente). Então a igualdade no plano das relações sociais
nunca é absoluta e sim relativa, pois cada indivíduo é um, oque podemos ver através da
discriminação.
Ao dizer que um indivíduo é diferente do outro, não é uma discriminação ruim, não é um
problema. Se torna um problema quando usamos essa diferenciação pra determinar quem é
melhor e quem é pior.
Então a discriminação pode acontecer tanto de uma forma positiva quanto negativa. A positiva
deve ser mantida (pois pode servir como forma de manutenção dos direitos), e a negativa deve
ser extinta (pois pode impedir a igualdade de direitos).
Ex: quando a Lei diz: homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações nos termos dessas
Constituição. Ou seja, só a constituição pode estabelecer diferenças, como por exemplo o fato
de que a mulher pode ficar 120 dias em licença a maternidade, e o homem 6. Isso é uma
discriminação positiva, pois a mulher se desgasta muito mais por questões fisiológicas (além
do parto tem a amamentação, que ambos só a mulher pode fazer) – então para Norberto
Bobbio, a discriminação moral positiva deve proporcionar direitos para alguém para
compensar uma desvantagem que essa pessoa tem. Ex2: cotas raciais.
Ex de discriminação moral negativa: na época do Apartheid tinha calçada de negros e calçada
de brancos, trabalho de negros e trabalho de brancos. Então o negro era sempre
menosprezado e possuía menos direitos. Portanto a discriminação negativa é aquela que retira
direitos de alguém, que deveriam ser para todos, sem exceção.
Isso num processo de globalização é muito complicado, pois em cada lugar tem uma forma de
discriminação diferente, e em cada lugar as pessoas que sofrem essa discriminação vão dizer:
“a minha ferida dós mais que a das pessoas que sofreram discriminação daquele outro país”.
O país onde há mais discriminação racial é a Índia – é dividido em castas, quanto mais clara a
cor da pele, mais alta a casta, e quanto mais escura a cor da pele, mais baixa a casta. E existe
ainda um grupo que não se encaixa em nenhum casta, são aqueles que tem uma pele muita
escura que lembra a cor do chumbo – os dalits. Os indianos acham que eles são nojentos, que
não são partes da sociedades. Esses Dalits sofreram todos os tipos de violência que se pode
imaginar, chegando até ao ponto de alguns deles serem queimados vivos em praça pública.