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DIREITO E GLOBALIZAÇÃO - AULA 1 – 12/08/2021

Ideia geral de Estado: quando uma sociedade se faz representar por uma personalidade
jurídica que ter reconhecimento político e nacional/internacional, a isso se dá o nome de
estado.
Características elementares de um Estado (precisa ter essas características para ser um
Estado)
1. Povo: todas as pessoas que estão no território (e nesse ponto pode ter por exemplo
um estrangeiro aqui fazendo faculdade, oque traz outras culturas para cá, um choque
de crenças, línguas, etc). Durante muitos séculos a história foi marcada por diversos
conflitos entre culturas/crenças dentro do mesmo povo (não só aqui no Brasil, mas em
diversos países), sendo estas por religião, nacionalidade, raça, etc.
2. Território: é o lugar onde o povo se encontra. Mas esse território não é a superfície
onde pisamos, é também o subsolo, a parte área e os mares.
3. Soberania: o poder de autogoverno (ou seja, ele governa a si próprio). Esse
autogoverno é exercido pelo povo, e temos isso impresso na CF 88 (Art 1, Parágrafo
Único, CF: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”). O poder soberano é a forma
de expressão da vontade popular.
4. Finalidade social

O fenômeno da globalização nasceu a partir da criação da ONU, pois foi uma organização
criada não visando beneficiar um país ou outro, mas o globo em si, o mundo todo (tem 193
países participantes da ONU atualmente).

DIREITO E GLOBALIZAÇÃO – AULA 2 – 19/08/2021

Na antiguidade, alguns filósofos entendiam que enquanto existissem diferenças entre as


cidades estados (polis), haveriam guerras. Então eles acreditavam que tinha que deixar de
existir as diferenças territoriais, e unir todas as polis em uma única cidade, a “cosmópolis”.
Então podemos ver que essa ideia de globalização é bem antiga.
Alexandre o Grande tentou fazer isso, cada território que ele dominava ele chamava de
Alexandria.
Globalizar num primeiro momento é unir pessoas.
Para um Estado ser um Estado, ele precisa de 4 características:
1. Povo
2. Território
3. Soberania: é uma força superior a qualquer outra. Falar de soberania é falar de poder.
Mas oque é poder no âmbito da política? Tem que ser visto de 2 maneiras:
possibilidade (tornar possível, possibilidade do Estado ser, com base na lei) e força
(energia empregada para resistir a uma energia justaposta, ou seja, resistir, exercer
controle, movimento). Ou seja, ter autogoverno, o estado que tem um poder
soberano, ele se autogoverna.
Mas isso pode ser questionado, pois até que momento esse autogoverno é bom? Ex: a
Somália. É um país extremamente pobre que não tem presidente a mais de 6 anos.
Um outro ponto interessante é o que está acontecendo no Afeganistão: o Afeganistão
atualmente pode ser considerado um estado soberano? Não. Porque a tomada de
poder pelo talibã da forma como foi, muito provavelmente não é a algo que a Lei afegã
aprove, permita, algo que tem base legal. E se não tem base legal, não tem
possibilidade, e se não tem possibilidade não é estado soberano.
A constituição estabelece a forma como a Soberania deve ser exercida e todo governo
que contradiz a constituição, não pode ser considerado um governo soberano
Significados da soberania:
- Soberania moderna (séculos XVIII E XIX): para um país ser considerado soberano na
era moderna, ele precisa de 4 características:
a) poder de auto governo
b) ser reconhecido pelos outros estados como um estado soberano. Ex: os EUA
reconheceram Israel como um estado, mas não reconhece a Palestina. Enquanto não é
reconhecido por TODOS os países como um estado, então não podemos dizer que é
um estado soberano.
c) Poder bélico: porque ser soberano significa defender o próprio território. Se um
estado não tem poder bélico próprio não pode ser considerado poder soberano. Ex:
Japão. O Japão utiliza o poder bélico dos EUA, por isso não pode ser considerado um
Estado Soberano.
- Soberania atual (séculos XX e XXI): tem uma quarta característica que é necessária
para ser um poder soberano atualmente: tem que ser economicamente sustentável
(ou seja, tem que se sustentar economicamente).
4. Finalidade social

DIREITO E GLOBALIZAÇÃO - AULA 3 – 26/08/2021

CULTURA
Cultura significa o espírito de um povo, tudo aquilo que da identidade a um povo. Sua língua,
seus valores, sua religião, suas crenças, formas de organização, comunicação, etc. ou seja, a
cultura é um conjunto de elementos identitários.
O Brasil tem uma cultura brasileira? É de se pensar porque existem realmente todos esses
elementos aqui no Brasil? Chegou um momento em que houve uma aproximação tão grande
aqui no Brasil de europeus, africanos, indígenas, que não tem mais separar algumas coisas. Ex:
usamos palavras que não são da língua brasileira – como fofoca (origem nigeriana). Houve a
mistura de elementos de diferentes culturas aqui no Brasil. Talvez por isso considerem a nossa
cultura “acolhedora”. Todas as “sociedades” tem direito a cultura, mas será que todas tem que
ter direito a cultura? Ex: em uma tribo da Tailândia, depois da menarca a menina já pode se
casar, e a cada ano que ela passa solteira colocam uma argola no seu pescoço. Chega uma hora
que a mulher passa a ter a cabeça apoiada nas argolas e não no pescoço. Ai, se ela cometer
adultério a punição é tirar as argolas. Mas porque isso seria uma punição? Porque ela não tem
mais força muscular pra sustentar a cabeça, e aí ela morre. Isso é a cultura deles. Eles tem
direito a cultura, mas deveriam ter direito a isso?
A gente se assusta quando vê por exemplo a iniciação do candomblé onde são feitos cortes no
corpo da pessoa e colocam substâncias, mas não se assusta com algo como a circuncisão que
os judeus fazem nos bebês do sexo masculino. Porque isso? É algo que parece estar enraizado
na cultura.
Então embora a globalização tenha trazido os direitos fundamentais, o significado desses
direitos não é absoluto e sim relativo (deve ser contextualizado de acordo com as condições e
necessidades do caso). Ou seja, existem casos em que a defesa da cultura é necessária (ex:
capoeira), mas nem tudo aquilo que o homem expressa como identidade da sua nação deve
ser preservado (ex: nazismo).

DIREITO E GLOBALIZAÇÃO – AULA 4 – 02/09/2021

Globalização: processo de integração de diferentes nações, culturas.


A ética tem uma importância muito grande para a humanidade, pois ela nos traz quais
comportamentos devem ser praticados, e quais não devem ser praticados. A globalização
contribuiu muito pra isso, pois através da globalização nós conhecemos a cultura de diversos
outros lugares e pudemos enxergar oque é bom e oque é ruim para a sociedade.
Multiculturalismo: relativização da realidade do mundo. Ou seja, quem tem essa visão, olha
pra uma cultura diferente e pensa: “é diferente de mim, assim como a minha cultura é
diferente pra ele”, então com essa ideia não se estabelece juízo de valor, mas se compreende
a visão do outro (aqui nós usamos biquíni na praia, mas em outros países as mulheres usam
burca na praia).
Então a globalização provoca no sujeito a possibilidade de ver o diferente sem julgá-lo, e sim
respeitando-o.
Nós chegamos em um instante da vida em que não há mais que se falar em um sistema ético
pertencente à uma sociedade, e sim em uma ética global.
Num mundo globalizado é preciso que surja uma referência mais sólida de uma ética mundial,
para sabermos como agir.

DIREITO E GLOBALIZAÇÃO – AULA 5 – 09/09/2021

A relativização do mal é uma das piores amaças a Globalização. “Aquilo que é mau pra um, não
é para o outro”. Não, existem coisas que são sim más pelo consenso geral.

Modelos de ética constituídos na filosofia


1. Ética teleológica - criada por Aristoteles: criou textos os exotéricos, dentre eles a ética
a nicomaco.
A principal característica desse modelo é que essa ética visa alcançar
finalidades/objetivos.
Então a ética é sempre voltada a um tipo de bem, e os bens que ele destaca são a
justiça e a amizade. Todos os texto a nicomacos tem a ideia de mostrar aquilo que é
bom e aquilo que é mau. Segundo aristoteles o indivíduo que nasce bom morre bom, e
oque nasce mau, morre mau. Mas o indivíduo que nasce bom pode ter sido educado a
ter atitudes mas e uma pessoa má pode ter sido educada a ter atitudes más. Ou seja,
ele mostra o papel fundamental da educação.
Então se numa sociedade as pessoas tem mais atitudes maldosas do que boas, a
educação daquela sociedade está voltada para a maldade.
2. Ética deontologica – criada por Immanuel Kant.
Deo: dever
Ontos: ser
É uma ética que fala sobre o dever ser, sobre a norma, sobre oque é correto é
incorreto. Pouco importa a finalidade, o mais importante é o seguinte, existe uma
regra? Se existe uma regra ela deve ser cumprida. A justiça não está no conteúdo da
regra e sim na obediência, então aquele que não obedece a regra é injusto.
Isso nos faz ver um problema na ética teleológica: existe uma finalidade, mas quem
decidiu esses fins? Quem decidiu que ser ético é alcançar a justiça e a amizade? Se
alguém decidiu isso, era a minoria, logo foi algo imposto (nem sempre esse valor é a
escolha que nós fazemos – ex: na década de 1910 acreditava-se que era ético, e
portanto bom, a mulher usar apenas saia e vestido. Se a mulher usasse calça, era
considerado errado, mau).
Segundo Kant ser ético significa reconhecer regras de conduta e obedecer essas
regras. Ele parte do princípio que as regras de conduta são racionais e portanto
qualquer ser racional irá segui-las. Ele acreditava que quanto mais racional, mais moral
a pessoa é.
Imperativo categórico: haja de tal modo que o teu comportamento se torne um
modelo universal de conduta. Então de acordo com esse pensamento, todos que são
racionais sempre optariam por seguir essas normas de conduta, optariam pelo certo.
Mas esse pensamento de Kant traz uma grande problemática: a banalização do mal.
Ex: nazismo - a regra dizia: “mate judeus em campo de concentração”, e seguindo a
regra os soldados mataram. Então podemos ver que seguir as regras não é sinônimo
de moralidade por conta dessa banalização do que é mau e do que é bom.
3. Ética comunitarista: segundo Paul Ricoeur, uma boa ética tem que ser mista, ao
mesmo tempo teleológica (a busca da finalidade, do bem) e deontologica (regras que
dizem oque é certo e errado), e para situações que nem a ética teleológica e nem a
deontologica conseguem resolver, deve ser utilizada uma nova ética discutida e
instituída pela sociedade, a ética comunitarista que é a sabedoria prática (fruto de um
processo dialógico que acontece dentro de uma comunidade). Ou seja, para situações
novas, que nenhum modelo ético consegue resolver, aplica-se a sabedoria prática (ex:
identidade de gênero – foi entendido que não existiam apenas 2 identidades, menino
e menino, mas existiam muitas outras. Por si só, a ética teleológica e deontologica não
conseguem tratar isso. Então a discussão de: “isso deve ou não ser aceito pela
sociedade” teve que ser tratada de forma comunitarista).

DIREITO E GLOBALIZAÇÃO – AULA 6 – 16/09/2021

Modelos de ética
1. Ética teleológica: ética baseada nos fins. Cada ética teleológica elegerá aquilo que
considerar o maior dos bens.
2. Ética deontologica: ética do dever ser. A justiça não está no bem alcançado, e sim no
dever cumprido.
3. Ética comunitarista: quem será o destinatário da minha conduta ética? Esse
destinatário não é alguém concreto, não é a pessoa que está do meu lado, é uma
espécie de projeção racional de uma pessoa que espera de nós uma conduta perfeita.
Então um bem só será um bem, se o for para mim e para o outro. O outro é o maior
dos bens.
Mas como isso se operacionaliza não prática? “A minha conduta será ética quando ela
for considerada um bem da vida, ou seja, quando ela tornar a vida boa para mim e
para o outro em instituições justas.”
“Mas oque significa essa vida boa”? A vida está destinada ao alcance de um tipo de
bem, então a vida será boa quando vivemos esse bem. Oque vai definir oque é bem,
vai depender do momento, do lugar e de quem esteja ali.
Essa ética é comunitária no sentido que deve atender interesses comuns da
comunidade. Muitas vezes, para definir oque é um bem comum é necessário um
regime de escolha – democracia.
A semente nuclear de uma sociedade é a família, quando tenho várias famílias
reunidas se torna uma tribo. Várias tribos reunidas se torna uma aldeia. E várias
aldeias reunidas formam um povo, sendo necessário um representante para esse
povo.
Quem vai definir oque é o bem da vida é a comunidade de acordo com os valores ali
presentes. Isso se torna muito delicado na globalização, porque diferentes
comunidades tem diferentes valores (ex: islâmicos e não islâmicos), portanto como
definir oque é vida boa num conceito global? Fica o questionamento.
“Uma vida boa COM o outro”: é uma vida onde eu compartilho com o outro os bens
que eu possa vir a viver. Para que esses bens sejam compartilhados, eu tenho que
estar disposto a exercer o dom, que é a capacidade de doação (Mas é impossível que
nunca haja alguém em primeiro lugar). Isso significaria viver em uma sociedade onde
todos têm as mesmas possibilidades de êxito. É necessário criar um mecanismo de
equidade para garantir que cada dia mais diminuam as diferenças entre as pessoas no
que diz respeito às condições de vida. Isso não quer dizer que a minha vida tem que
ser igual a do meu vizinho, mas que eu e meu vizinho temos que ter condições de ter a
vida boa. Ex: eu posso ter uma Ferrari de 1 milhão de reais e consigo bancar isso, e
meu vizinho tem um gol e também consegue bancar seu gol e ter sua vida boa. Então
não se trata de igualdade mas de equidade.
Lado prático: ex: eu sou advogada, oque eu conheço é o Direito, mas eu preciso
comer. Então eu dependo de outras pessoas que usaram das suas aptidões para
exercer suas atividades. Então por mais que eu ganhasse muito dinheiro, isso não me
serviria se eu não conseguisse alcançar os bens da vida (por exemplo eu tenho
dinheiro mas não tem mais mercado, não tem mais quem plante). Se não fosse o
agricultor compartilhar sua aptidão para plantar os alimentos, não teríamos o bem da
vida. Então eu tenho que respeitar o lixeiro que passa todo dia a noite pra recolher o
lixo da rua. Imagina como seria sem esses caras, como iriam ficar as ruas. Então eles
compartilham oque consideram bem da vida, para que a vida do outro se torne
melhor. Se cada um fizer isso, nós faremos parte desse modelo de ética.
“Em instituições justas”: componentes estruturais do estado que ajudam a manter as
coisas em ordem na comunidade. Ex: lei, jurisprudência, defensoria pública, etc
E também as diferentes formas de compensação que podemos produzir através dos
canais de justiça. Ex: o lixeiro consegue se aposentar com 25 anos por exemplo porque
ele está exposto a coisas bem perigosas, tóxicas. Diferente de um advogado. Então
você facilita pra quem tem uma vida mais difícil e dificulta pra quem tem uma vida
mais fácil.
DIREITO E GLOBALIZAÇÃO – AULA 7 – 23/09/2021

Tópicos da aula de hoje: aquilo que nas relações éticas é causa de conflitos (preconceito e
discriminação) e a compreensão da questão da identidade.
Na maioria das vezes as pessoas são levadas a pensar que tudo aquilo que é
estranho/diferente é errado, ou ruim. O grande problema é que oque nos move a tratar o
diferente como errado/ruim faz parte da cultura humana: o preconceito.
Preconceito: forma como concebemos um objeto (objeto físico, uma ideia ou até uma pessoa)
a partir das primeiras impressões que temos dele. O preconceito em si não é algo ruim, nós
enquanto seres racionais só aprendemos a partir do preconceito, mesmo que nosso conceito
esteja errado (assim aprendemos). O problema é o preconceito no sentido moral – tomar algo
por errado com base nos juízos de valores pessoais.
Surge a problemática quando aquele preconceito se torna uma verdade pra pessoa e isso
passa a influenciar a forma como nos relacionamos com as outras pessoas.
Conceito do preconceito ruim: conjunto de opiniões que formamos de forma acritica, que nos
faz tornar aquilo como verdade e agir de acordo com essa verdade (ex: europeus na época da
escravidão tomavam os negros não como pessoas mas como sub-humanos).
A ideia do preconceito sempre se funda em 2 componentes:
1. Conhecimento errôneo baseado em primeiras impressões.
2. Esse conhecimento é tomado de forma acritica, sem questionar se a ideia formada
realmente procede.
Deve ser feita uma reflexão, que deve girar em torno de “e se”. “E se eu estiver errado”, “e se
a minha opinião não for absoluta”, etc.
Formas de preconceito:
1. Indivíduo: preconceito que a pessoa tem na sua individualidade sobre os assuntos da
vida. Ex: crendices (tem gente que pensa que todo político é corrupto), superstições
(não quebro espelho porque vou ter 7 anos de azar), etc. De certa forma esse tipo de
preconceito não tem muito efeito, não faz mal para as outras pessoas. Esse não deve
ser combatido
Coletivo: esse deve ser combatido. Carrega uma carga de negatividade, significado ruim. Faz
com que um grupo X aja de forma nociva na sociedade. Ex: preconceito de classe (forma de
preconceito que separa as pessoas entre ricos e pobres).

DIREITO E GLOBALIZAÇÃO – AULA 8 – 30/09/2021

Formas de preconceito:
1. Individual
2. Coletivo: Segundo Norberto Bobbio a primeira espécie de preconceito coletivo que
surgiu foi o preconceito de classe. Onde grupos foram colocados uns acima dos outros
baseados na aquisição financeira, ou seja, ricos e pobres.
As formas de preconceito, principalmente de classe, são maus sociais que devem ser
combatidos através dos princípios de igualdade e liberdade. Então numa sociedade
que tem isso por base, não deve haver ou pelo deve ser combatido o preconceito de
classe. Mas isso não significa que as classes em si devem ser desfeitas, sempre vão ter
grupos mais ricos e grupos mais pobres, grupos com mais estudo e grupos com menos
estudo, isso faz parte de qualquer sociedade.
Porque mesmo que se estabeleça uma sociedade onde sejam oferecidas as mesmas
oportunidades e os mesmos recursos, sempre terá um que aproveitará mais que o
outro, que se desenvolverá mais que o outro.
Então aqui não buscamos igualdade e sim equidade – sempre haverá desigualdade
mas a equidade diminui essa diferença.

Discriminação
Discriminação é a consequência de um preconceito (segundo Norberto Bobbio). Assim como o
preconceito pode ser entendido num aspecto racional e num aspecto moral, a discriminação
também.
Discriminar significa estabelecer diferença entre 2 ou mais coisas/seres, então o ato de
discriminar é algo cognitivo. Nós sabemos definir que um objeto que está em cima da mesa
não faz parte da mesa porque eu tenho o senso da discriminação.
Assim como o preconceito, a discriminação se torna um problema quando ela é moral. Não
existe igualdade em sua plenitude, cada um indivíduo é um. Até mesmo os gêmeos univitelinos
tem distinções (ex: tem a digital diferente). Então a igualdade no plano das relações sociais
nunca é absoluta e sim relativa, pois cada indivíduo é um, oque podemos ver através da
discriminação.
Ao dizer que um indivíduo é diferente do outro, não é uma discriminação ruim, não é um
problema. Se torna um problema quando usamos essa diferenciação pra determinar quem é
melhor e quem é pior.
Então a discriminação pode acontecer tanto de uma forma positiva quanto negativa. A positiva
deve ser mantida (pois pode servir como forma de manutenção dos direitos), e a negativa deve
ser extinta (pois pode impedir a igualdade de direitos).
Ex: quando a Lei diz: homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações nos termos dessas
Constituição. Ou seja, só a constituição pode estabelecer diferenças, como por exemplo o fato
de que a mulher pode ficar 120 dias em licença a maternidade, e o homem 6. Isso é uma
discriminação positiva, pois a mulher se desgasta muito mais por questões fisiológicas (além
do parto tem a amamentação, que ambos só a mulher pode fazer) – então para Norberto
Bobbio, a discriminação moral positiva deve proporcionar direitos para alguém para
compensar uma desvantagem que essa pessoa tem. Ex2: cotas raciais.
Ex de discriminação moral negativa: na época do Apartheid tinha calçada de negros e calçada
de brancos, trabalho de negros e trabalho de brancos. Então o negro era sempre
menosprezado e possuía menos direitos. Portanto a discriminação negativa é aquela que retira
direitos de alguém, que deveriam ser para todos, sem exceção.
Isso num processo de globalização é muito complicado, pois em cada lugar tem uma forma de
discriminação diferente, e em cada lugar as pessoas que sofrem essa discriminação vão dizer:
“a minha ferida dós mais que a das pessoas que sofreram discriminação daquele outro país”.
O país onde há mais discriminação racial é a Índia – é dividido em castas, quanto mais clara a
cor da pele, mais alta a casta, e quanto mais escura a cor da pele, mais baixa a casta. E existe
ainda um grupo que não se encaixa em nenhum casta, são aqueles que tem uma pele muita
escura que lembra a cor do chumbo – os dalits. Os indianos acham que eles são nojentos, que
não são partes da sociedades. Esses Dalits sofreram todos os tipos de violência que se pode
imaginar, chegando até ao ponto de alguns deles serem queimados vivos em praça pública.

DIREITO E GLOBALIZAÇÃO – AULA 9 – 07/10/2021

Essa ideia de direito e globalização traz diversos desafios, tais como:


1. Dimensão econômica: Marx viu um problema que praticamente ninguém mais viu:
havia um processo de desenvolvimento das relações econômicas baseadas num
sistema extremamente capitalista – meios de produção estão concentrados na mão de
pouquíssimas pessoas, oque faz com que todas as outras pessoas fiquem submissas a
elas. Marx objetivava com aqueles escritos uma revolução na concentração dos meios
de produção de acordo com a realidade que ele tinha naquele país, naquela época.
Portanto os análises de Karl Marx não podem ser aplicados na íntegra na época de
hoje, pois o capitalismo daquela época não é o mesmo de hoje.
Uma diferença muito visível é que hoje em dia pessoas com pouca quantidade de
dinheiro (até adolescentes) conseguem fazer investimentos, e assim gerar capital.
Portanto não é mais necessário (como naquela época) ter uma grande quantidade de
dinheiro para fazer parte do mercado de trabalho.
Então o capitalismo não é um modelo econômico que se desenvolve no interior de
uma sociedade local, e sim um acontecimento internacional onde cada um tem uma
participação (uma parcela de capital).
DIREITO E GLOBALIZAÇÃO – AULA 11 – 21/10/2021

A organização mundial do comércio trouxe um olhar especial para o âmbito


financeiro/tributário de diversas nações
Empresas que dão desenvolvimento ao âmbito econômico: as principais são as transnacionais
Comunidade internacional: conjunto de todos os sujeitos que participam das relações
internacionais. São eles:
1. Estados (países): é a representação política e jurídica de um povo. Isso não significa
dar uma identidade econômica ao país.
Não é o sistema/regime de um estado que fará com que este tenha mais ou menos
força (não existe fórmula de sucesso). – por exemplo, a democracia não é a solução
pra tudo, pois segundo rousseau: nem todos estão aptos a tomar decisões políticas, e
por isso tomam decisões ruins (ex: eleição do Tiririca).
Embora os Estados tenham que ter as mesmas 4 características básicas (povo,
soberania, território, finalidade social), eles podem ser diferentes em todo o resto
(cultura, religião, etc).
Esses Estados conseguem conviver por contas dos seguintes princípios:
a. Soberania
b. Reciprocidade: os Estados devem se tratar de forma recíproca – o mesmo tratamento
que eu recebo é oque eu darei ao outro Estado.
2. Organizações internacionais: são os colegiados (grupos) de Estados criados para fins
específicos. Toda organização internacional é uma pessoa jurídica de direito público
internacional. Ex: OMC, OIT, OMS, etc.
3. Santa Sé: é o nome oficial do Vaticano. É um assemelhado de Estado, ou seja, possui
semelhanças com os Estados, mas não possui identidade de Estado. Não tem todas as
4 propriedades básicas (povo, soberania, território e finalidade social), ex: povo (não
tem um povo específico, são basicamente os católicos apostólicos romanos), finalidade
social (tem finalidade teológica, e não social)
Tem total autonomia para realizar acordos internacionais.
4. Organizações não governamentais internacionais: ex: greenpeace
5. Empresas transnacionais: são aquelas empresas que embora tenham sede em um
Estado específico, exercem atividade econômica além daquele território nacional. É na
mão delas que se encontra a verdadeira atividade econômica.
6. Pessoa física vítima de agressão a direitos humanos
Pacto global (surgiu em 1999) tenta reunir empresas transnacionais visando atender temas de
Direitos Humanos, Normas de trabalho, meio ambiente, e combate à corrupção. Ex: na China
trouxe mais condições favoráveis de trabalho, como a limitação do horário de trabalho.
Princípios colocados nesse pacto a serem observados pelas empresas transnacionais
participantes do mesmo:
1. As empresas devem observar e apoiar a proteção dos Direitos Humanos
reconhecidos internacionalmente no interior do seu âmbito de influência, ou seja, o
respeito aos direitos humanos. E oque uma empresa pode fazer para respeitar isso?
Estabelecer cotas raciais.
2. Assegurar meio para que não se tornem coniventes com as violações de Direitos
humanos: as empresas passam a adotar políticas que inibem e rechaçam a prática
dessas violações (ex: compliance de uma empresa)
3. As empresas devem preservar a liberdade de associação (liberdade que o trabalhador
tem de se associar a atividades que representem aquela classe de trabalhadores. Ex:
sindicato) e o reconhecimento efetiva do direito as negociações coletivas.
4. As empresas devem atuar pela eliminação de todas as formas de trabalho forçado
(trabalhar além das próprias forças).
5. O comprometimento das empresas na abolição do trabalho infantil
6. A defesa da eliminação da descriminação no local de trabalho, decorrentes da
própria atividade (ex: um funcionário vira pro outro e fala: “aqui dentro você não é
nada, é só um faxineiro”).
7. As empresas devem promover uma iniciativa preventiva na relação com problemas
ambientais, ou seja, criar medidas de combate (ex: quando dentro da empresa se faz
reuso de água, ou sistema de separação de lixo)
8. Assumir iniciativas para proporcionar uma maior conscientização para
responsabilidade pelo meio ambiente: ex: quando no rótulo do produto vem dizendo
a forma correta de descarte.
9. Fomentar (investir) o desenvolvimento e a aplicação de tecnologias ecologicamente
corretas. Ex: produção de energia limpa; criação de espaço para armazenamento de
bicicletas para os funcionários.
As empresas devem combater todas as formas de corrupção, inclusive chantagem e suborno.

DIREITO E GLOBALIZAÇÃO – AULA 12 – 28/10/2021

Efeitos da globalização e sua relação com o desenvolvimento da humanidade


A globalização é um fenômeno positivo ou negativo? Ou é mista, traz pontos negativos e
positivos?
Não podemos dizer que é todo positivo se não estaríamos constatando que não há nada a ser
melhorado. E muitas vezes esse fenômeno de misturar as culturas gera problemas, pois são
histórias diferentes, territórios diferentes, etc.
Quando nos deparamos com pessoas com condutas diferentes das nossas devemos pensar:
oque me desconforta é oque a pessoa faz (preconceito) ou oque eu sinto em relação ao que
ela faz (intolerância)? Precisamos saber responder essa pergunta, para sabermos como tratar.
A tolerância é absoluta ou relativa? Eu sou obrigada a tolerar tudo? Deve haver um equilíbrio,
não existem verdades absolutas.
Então a tolerância é um fato relativo, principalmente num mundo globalizado.

DIREITO E GLOBALIZAÇÃO – AULA 13 – 04/11/2021

Justiça social: se realiza no interior de uma sociedade


Justiça global: não é definida territorialmente, é transterritorial.
Um dos principais desafios da globalização é efetivar uma educação para essa globalização.
Isso tem como objetivo tornar mais efetiva a integração entre as nações e produzir esse
processo cultural unificado, globalizado.
Elementos fundamentais do sistema de educação no país (produtos dos tratados
internacionais) – Art 205, CF: Dever do Estado e da família: estado – conhecimento; família –
princípios.
O jovem deve desenvolver a fala, a escuta e o senso crítico, o famoso “e se”
(questionamentos) – e se os meus valores não estão corretos, e se aquilo que eu aprendi é
preconceituoso, etc.

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