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Devido á rivalidade em África, ao grande desenvolvimento económico e há grande

concorrência comercial, a Belle Époque trouxe alguma rivalidade não só à Europa, mas
também ao mundo.

O final do século XIX é marcado por estabilidade política, paz internacional, no


entanto, tudo isso estava prestes a mudar no início do século XX.

Em 1890 começa a contagem decrescente para a guerra, não devido ao Ultimato inglês
de 1890, mas sim à saída de Bismarck da chancelaria alemã devido a rivalidades com o
novo kaiser alemão

A saída de Bismarck marca o fim de uma época diplomática, de uma época sem
grandes tensões internacionais, de uma época sem alianças estabilizadoras do
equilíbrio de poder  o fim do sistema bismarckiano

Este fim de época muda as tensões internacionais, cria alianças, revoluciona a Europa
do ponto de vista diplomático (para pior) e cria um cenário potenciador de uma
guerra.

Existe claramente uma Europa de Bismarck e uma Europa Pós-Bismarck, uma vez que
talvez Bismarck tivesse conseguido controlar a guerra, ou pelo menos, fazê-la de outra
maneira  o situacionismo de Bismarck, a escolha da diplomacia à guerra (Congresso
de Berlim), garantia a paz na Europa

Sistema bismarckiano  é o nome dado à política externa do chanceler Bismarck após


a guerra Franco-Prussiana e com as últimas três guerras de unificação para a fundação
do Império Alemão.
Bismarck montou um complexo sistema de alianças, cujo centro era a Alemanha, para
garantir a paz e evitar o desequilíbrio de poder. O sistema pretendia criar alianças
estratégicas de modo a tornar qualquer declaração de guerra no continente, um
problema de todos os países, de modo a desencorajar o conflito.

Alianças Criadas por Bismarck:

 1879: Alemanha + Áustria (Dúplice Aliança)  Bismarck sabia que era


bastante importante ter boas relações com a Áustria, de modo a construir um
eixo geoestratégico. Esta aliança estipulava que se um ataque russo
acontecesse numa das partes, a outra deveria ajudar com tudo o que
conseguisse, e para além disso, estipulava uma neutralidade de ambas as
partes no caso de um conflito com outras potências europeias.

 1882: Alemanha + Itália + Áustria  A Itália tinha interesses coloniais na Líbia,


entrando em desacordo com a França que tinha fortes interesses no norte
africano. A Itália, unificada pelo mesmo tipo de nacionalismo, junta-se à
Dúplice Aliança para conter o expansionismo inglês e principalmente francês.
Esta aliança fornecia proteção mútua contra ataques franceses
 1887: Alemanha + Rússia (Aliança de Resseguro)  Os alemães e os russos
não se davam propriamente bem, por isso esta aliança representa uma espécie
de segunda Paz de Tilsit. Esta aliança representava um acordo entre o czar e o
kaiser, que garantia que nenhuma das duas potências intervinha na área de
influência uma da outra. Garantia o afastamento da Rússia e uma centralização
da Alemanha como pilar fundamental do sistema europeu. Esta aliança impede
qualquer amizade diplomática da Rússia com outras potências ocidentais

Através destas alianças, Bismarck monta um equilíbrio europeu, com a Alemanha no


centro, baseado em alianças chave, sendo ele o homem por detrás da unidade dos
impérios.

Europa Pós Bismarck  com a saída de Bismarck, o kaiser Guilherme II abandona a


Realpolitik e adota a Weltpolitik, com o principal objetivo de aumentar a influência
alemã no cenário internacional. Uma das medidas tomadas foi a não renovação da
Aliança de Resseguro, o que levou a uma aliança da Rússia com a França. O kaiser
arruína todo o jogo de alianças que Bismarck tinha criado, acabando com o equilíbrio e
a paz na Europa

Começam a surgir várias rivalidades na Europa:

 Alemanha VS. França  a França tinha um sentimento de vingança desde a


guerra Franco-Prussiana onde perdeu o território da Alsácia-Lorena durante o
processo de expansionismo alemão. Rivalizavam pela supremacia na Europa
ocidental

 Alemanha VS. Inglaterra  rivalizavam pela supremacia industrial, naval e


comercial na hierarquia europeia

 Alemanha VS. Rússia  pela supremacia na Europa Oriental

 Rússia VS. Império Otomano + Áustria  pelo controlo dos Balcãs. A Rússia
defendia o Pan-eslavismo e queria juntar todos os povos eslavos num país só

 Inglaterra VS. Rússia  controlo do Médio Oriente

Este cenário de rivalidades cria um novo sistema de alianças:

França + Rússia  O novo czar pretendia ter uma influência mais europeia. Esta
aliança é estratégica e não ideológica, sendo diplomática e de potencial auxílio militar.
O que unia a França com a Rússia era o medo do novo kaiser aventureiro. Representa
algo que Bismarck sempre evitou

França + Inglaterra (Entente Cordiale)  Representa outro golpe no sistema de


Bismarck que sempre tentou afastar a Inglaterra e ter relações pacificas com a mesma.
Após o isolamento, a Inglaterra volta para o continente e alia-se com a França, outra
grande potência democrática
Inglaterra + Rússia  é um acordo diplomático que tinha em conta as rivalidades que
ambas tinham com o Império Otomano. Estabelecem um acordo diplomático e
comercial de divisão do controlo do Mar do Norte e do Báltico, com fronteira na
Dinamarca (Oeste inglês e Leste Russo)

Daqui saem as duas grandes alianças da IGM:

 Tríplice Entente  França, Inglaterra e Rússia


 Tríplice Aliança  Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália

Começa-se a viver um clima de tensão, de paz armada, onde no papel estavam todos
em paz, mas interna e secretamente, todo se estavam a preparar para o conflito,
preparando exército e correndo ao armamento.

A Europa fica dividida entre dois blocos antagónicos, com rivalidades violentas, onde
se vive um clima de desconfiança e inquietação, onde a paz europeia estava ameaçada

Nota  o Império Otomano e a Bulgária vão se aproximar mais da Tríplice Aliança, o


que vai puxar mais a Sérvia (Balcãs) para a Tríplice Entente. Para além disso a Sérvia
partilhava a mesma ideia do pan-eslavismo da Rússia

Nota2  a Itália muda de lado devido a ameaças do Império Otomano, dando uma
ideia de ser pouco confiável

Tensões que levaram ao desencadeamento do conflito:

Assiste-se a um clima de contagem decrescente para a guerra. Qualquer incidente


podia levar ao desencadear de um grande conflito, no entanto, antes do principal
incidente que desencadeou a guerra, houve vários outros incidentes que foram
alimentando as rivalidades entre as potências europeias

 A primeira causa surge na Era do Império, onde as rivalidades são acesas


devido à disputa imperialista dos países europeus pelos territórios em África e
na Ásia

 Mais tarde, com a saída de Bismarck, todo o seu sistema de alianças e de


equilíbrio europeu foram destruídos, criando novas rivalidades na Europa que
até então tinham sido controladas pelo mesmo.

 Outro fator importante, foi a falha da própria comunidade internacional em


resolver os conflitos ordeiramente. O fracasso sucessivo das chamadas de
conferências de paz e de desarmamento, provam que a Europa não era capaz
de resolver os conflitos ordeiramente. Houve apenas 3 alturas de negociação e
na última, ficou bem clara a divergência entre alemães e ingleses.
A falta de conferências e as políticas unilaterais das potências, acentuaram a
impossibilidade de solução pacifica dos conflitos
 Houve uma grande contribuição da evolução dos vários Nacionalismos para o
detonar do conflito. A guerra de ideologias, etnias e princípios, ajudou a
desencadear o conflito armado

 Outro importante fator foram os confrontos entre a França e a Alemanha no


norte de África em Tanger e Agadir, que constituíram grandes momentos de
tensão.

Crise 1  em 1905 o kaiser visita tanger que acaba na parte francesa de


Marrocos. Existiam conflitos entre as autoridades francesas e as bolsas de
resistência muçulmana à presença francesa em Marrocos. O kaiser, para
enfraquecer a imagem francesa e ver até onde a França estava disposta a ir,
mostra a sua simpatia à independência de Marrocos. Isto abre uma espécie de
guerra com a França, embora não fosse esse o objetivo, que ficou resolvida com
a Conferência de Algeciras em Espanha, onde o kaiser é derrotado, porque
apenas a Áustria ficou do seu lado

Crise 2  em 1911 dá-se uma nova crise diplomática em Agadir, quando o


kaiser invade a cidade e diz que só a liberta se fosse recompensado. A França
decide comprar a paz, mas estes dois conflitos mostram a tensão e a paz
armada que se vivia.

 A juntar a tudo isto, temos o detonador balcânico. Os Balcãs eram um barril de


pólvora, onde dois continentes, diferentes étnicas, várias línguas, religiões,
regimes políticos e culturas se encontram, sendo uma região internamente
dividida. Esta região era muito olhada pelas potências de fora, principalmente o
Império Turco-Otomano e a Rússia

Acontecimento  Viena decide anexar, por meios militares, parte dos Balcãs
(Bósnia-Herzegovina, um pequeno estado satélite eslavo da Sérvia). Isto
intensifica o clima de tensão e posteriormente dá-se a Guerra da Liga Balcânica
contra o Império Otomano, da qual a Liga sai vencedora. Mais tarde a Liga
separa-se por tensões expansionistas entre a Bulgária e a Servia, sendo que
cada uma assume um lado

 A comunidade internacional olhava para os Balcãs como um conflito local, no


entanto essa ideia mudou com o assassinato do arquiduque Francisco
Fernando em Julho de 1914. A Sérvia mata o herdeiro da Austro-Hungria, sendo
que a resposta foi uma declaração de guerra com o apoio da Alemanha. O que
era um problema local, passa a ser um problema internacional. Ainda se tenta
realizar uma conferência de Paz entre a Servia e a Áustria, mas não deu em
nada, sendo declarada a guerra a 28 de Julho de 1914

No espaço de uma semana emergem inúmeros conflitos, devido ás alianças que


existiam e que prestaram apoio aos seus. A IGM é o resultado de uma diplomacia
inexperiente e o culminar de várias rivalidades e tensão que já eram vividas há alguns
anos.
 Alemanha apoia a Áustria e declara guerra à Sérvia
 A Rússia apoia a Sérvia e declara guerra à Áustria
 A Alemanha declara guerra à Rússia e a toda a Entente
 A França declara guerra à Alemanha em solidariedade com a Rússia e como
pretexto
 A Inglaterra declara guerra à Alemanha

Nenhum país pode ser responsabilizado individualmente por esta caminhada para a
catástrofe, uma vez que todas as grandes potências contribuíram para isto

Epilogo

O século XX nasce com a guerra e recua em termos civilizacionais. A IGM começou na


manhã de 28 de Julho de 1914 e alimentava a expectativa, sendo que se pensava que
iria esclarecer, movimentar os países. A guerra iria ter vencedores, que viriam a
dominar a Europa.

As opiniões públicas em geral eram favoráveis à guerra, tirando alguns setores. O


grosso cidadão anónimo, educado na cultura de fim de século, aceitou a declaração de
guerra como um misto de interesses, de expectativa, de heroísmo, de valentia,
pensando que a guerra seria curta e cirúrgica.

As luzes da Europa apagaram-se quando começou a IGM e só se voltaram a acender


em 45. Talvez não haja uma primeira e uma segunda guerra mundial, mas sim uma
guerra mundial que começa em 14 e acaba em 45, lembrando que a paz armada após
Versalhes é muito bélica

O século XIX é o século de afirmação de uma civilização, independentemente de todos


os acontecimentos, uma espécie de idade da inocência antes da queda. Este mundo
colorido desaparece com o século XX.

A história da decadência da Europa é uma história que começa com a guerra. Por fim,
o século XXI e as sociedades de hoje, têm muito a ver com este século XIX

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