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SUMÁRIO
PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL ........................................................................................................................... 2
ANTECEDENTES.......................................................................................................................................... 2
1ª FASE - A GUERRA DE MOVIMENTO ....................................................................................................... 4
2ª FASE - A GUERRA DAS TRINCHEIRAS ..................................................................................................... 4
3ª FASE – A REVIRAVOLTA DOS ALIADOS .................................................................................................. 5
TRATADO DE VERSALHES (1919): .............................................................................................................. 6
TRATADO DE SAINT-GERMAIN (1919): ...................................................................................................... 6
TRATADO DE NEUILLY (1919): ................................................................................................................... 6
TRATADO DE TRIANON (1920): ................................................................................................................. 6
TRATADO DE SÈVRES (1920):..................................................................................................................... 6
Na primeira metade do século XIX, França e Inglaterra eram os países de maior poder
econômico e político na Europa. Com um forte processo de industrialização, eles dominavam
extensas áreas coloniais, principalmente na África e na Ásia. Essas áreas eram importantes
como fornecedoras de matérias-primas e como consumidoras de produtos industrializados.
Além disso, foram realizadas políticas de alianças entre as nações imperialistas. Das
principais, citam-se a Tríplice Aliança, formada pelo Império Alemão, pelo Império Austro-
Húngaro e pela Itália, sendo que esta última ficou neutra no início da I Guerra Mundial, e a
Tríplice Entente compondo a aliança Inglaterra, França e Rússia. O clima de tensão entre as
duas alianças tem alguns focos que merecem destaque, como:
A crise nos Balcãs: começou em 1908, quando a Áustria resolveu anexar ao seu território
às províncias turcas da Bósnia e da Herzegovina, cobiçadas pela Sérvia e Rússia. A Alemanha
declarou apoiar os austríacos. A Rússia, ainda não refeita dos prejuízos da guerra russo-
japonesa, procurou uma aliança com a França e encorajou a Sérvia, a Bulgária, a Grécia e o
Montenegro a vingarem as atrocidades cometidas pelos otomanos contra os eslavos da
Macedônia com uma invasão militar na qual já estava previamente resolvido que, após a derrota
dos turcos, a Albânia seria dada à Sérvia.
O dia 28 de junho de 1914 ficou marcado como a data que começou a I Guerra Mundial (a
princípio conhecida como Grande Guerra, ela se tornou I apenas quando existiu a II).
Historiadores concordam que a morte de Francisco Ferdinando foi o estopim para uma
guerra que iria acontecer uma hora ou outra. Somado a esse fato, estava a necessidade de
estados nações se afirmarem e de Impérios tentarem manter seu poderio, principalmente
territorial e econômico.
A autoria do assassinato do príncipe herdeiro foi reivindicada por um grupo chamado Mão
Negra. No mesmo dia do crime, a polícia prendeu o jovem sérvio, de 19 anos, Gavrilo Princip, e
outros membros do grupo. Segundo as investigações, o Mão Negra já havia tentado cometer
outros atentados contra membros do governo Austro-Húngaro, mas sem sucesso.
Após a morte de Francisco Ferdinando, o Império elaborou o Ultimato de Julho, uma lista
de dez exigências ao governo sérvio, entregue no dia 23, e que deveria ser respondido até às
18h do dia 25, sob a promessa de declaração de guerra, que aconteceu no dia 28. Durante todo
o mês de julho, houve movimentações diplomáticas entre os impérios e as nações, que durante
o mês de agosto também declararam guerra umas às outras.
Por conta disso, o mundo ficou separado em dois grupos. De um lado, apoiando a Sérvia,
estavam França, Grã-Bretanha e Rússia (Tríplice Entente). Ao império Austro-Húngaro se
aliaram a Alemanha e a Itália (Tríplice Aliança). A guerra inevitável, e que muitos queriam,
aconteceu. E durou mais do que esperavam.
Os quatro longos anos da Primeira Guerra Mundial podem ser divididos em três fases:
A primeira fase durou de agosto a novembro de 1914 e foi marcada por um intenso
movimento de tropas. Inicialmente, os alemães marcharam contra a Bélgica e, apesar da
resistência belga, chegaram às vizinhanças de Paris, na França. Os franceses, porém, com a
ajuda dos ingleses, conseguiram contra-atacar e deter o avanço alemão na batalha do Marne.
Como nenhum dos lados conseguiu vitórias decisivas nessa batalha, a guerra na frente ocidental
estacionou.
Com a estabilização das forças em luta, passou-se a uma nova fase da guerra, a chamada
guerra das trincheiras. Nesta fase, os exércitos adversários procuravam firmar suas posições
com o objetivo de vencer o adversário por meio do desgaste progressivo de suas tropas. Os
exércitos da Inglaterra e da França, de um lado, e o da Alemanha, de outro, tomaram posições
em trincheiras desde o mar do Norte até a fronteira da Suíça.
Enquanto isso, na frente oriental, o exército alemão vencia sucessivas batalhas contra o
frágil exército russo. Na Ásia, porém, os japoneses venciam e se apoderavam das colônias
alemãs no Oriente: Tsingtão, na China, e as Ilhas Marianas, Carolinas e Marshall, situadas no
oceano Pacífico. Conforme o conflito foi se alastrando, novas armas, como a metralhadora, os
gases venenosos, o lança-chamas, o tanque, o avião e o submarino, fizeram sua estreia na
Primeira Grande Guerra.
Com o uso das novas armas, os soldados passaram a ficar cada vez mais tempo abrigados
em trincheiras, e os combates corpo a corpo tornaram-se cada vez mais raros. Em 1915, a Itália
rompe com a Alemanha e alia-se à Entente. E, enquanto milhares de jovens morriam nas
trincheiras, outros países entravam na guerra, ampliando as dimensões do conflito que atingia
mais duramente a Europa.
Em virtude da paz selada com os russos, os alemães deslocaram suas tropas para a frente
ocidental e lançaram uma poderosa ofensiva apoiada pela aviação e pela artilharia pesada no
início de 1918. Recomeçava a "guerra de movimento". Mas os países da Entente conseguiram
reagir e venceram as forças alemãs na segunda batalha de Marne, forçando o seu recuo. O passo
seguinte seria invadir o território alemão.
Após a Alemanha assinar Woodrow Wilson foi para Paris para tentar construir uma paz
duradoura: eram os "14 pontos de Wilson". O presidente esperava evitar novos conflitos
mediante tratados que não humilhassem nem impusesse penas exageradas aos vencidos,
porém, sem êxito.
Após a devastação causada pela Primeira Guerra Mundial, as potências vencedoras,
através dos tratados de paz, impuseram uma série de rigorosas exigências aos países
derrotados. Através daqueles acordos, os perdedores – Alemanha, o Império Austro-Húngaro,
o Império Otomano, e a Bulgária – tiveram que ceder grandes partes de seus territórios e ainda
tiveram que pagar reparações financeiras significativas aos países vencedores.
TRATADO DE VERSALHES (1919):
Pelo tratado assinado na sala dos Espelhos de Versalhes, o que demonstra o espírito de
desforra dos franceses, a Alemanha perdia um sétimo de seu território e um décimo de sua
população, suas colônias e seus exércitos. Seus principais pontos são:
A Bulgária perdeu grande parte dos territórios anexados durante a 1ª Guerra Balcânica.
Dessa forma, a região da Dobrudja foi dada à Romênia, a Macedônia Ocidental à Iugoslávia e a
Trácia Ocidental à Grécia.
Regulou a situação com a Hungria, pela qual ela perdia várias regiões: a região da
Eslováquia passava para a recém-criada República da Checoslováquia; para a Iugoslávia
passava a Croácia, e para a Romênia, a Transilvânia.
A fim de regular a situação com a Turquia, estipulando que a Armênia seria independente
e que a maior parte da Turquia europeia passaria à Grécia; a Síria seria controlada pelos
franceses; a Mesopotâmia e a Palestina pelos ingleses. Uma rebelião na Turquia, liderada por
Mustafá Kemal, pôs fim ao império e proclamou a República, reconquistando a Armênia, parte
do seu território dada à Grécia, o que obrigou a revisão do Tratado de Sèvres, em Lasmune
(1923). Esse tratado permitiu à Turquia conservar todo o território reconquistado.
SUMÁRIO
PENSAMENTO DO SÉCULO XIX .......................................................................................................................... 2
CARTISMO.................................................................................................................................................. 2
DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA ................................................................................................................... 2
LIBERALISMO ............................................................................................................................................. 3
ANARQUISMO............................................................................................................................................ 4
POSITIVISMO ............................................................................................................................................. 5
Sendo assim, para o socialismo cristão, a verdadeira relação de trabalho deve ser de
colaboração entre as partes. Por um lado, os burgueses mais ricos devem ficar atentos para os
riscos e tentações da riqueza. Por outro, os pobres operários devem se lembrar que ser pobre
ou trabalhar não é motivo de desonra.
Esses pensamentos de Leão XIII foram mais trabalhados com o Papa Pio XI. Com base no
marxismo-leninismo da Rússia e no fascismo da Itália, o papa listou os pontos fundamentais da
luta de classes. São eles: regime de copropriedade na empresa, regime de cogestão, na
administração da empresa, regime de propriedade particular e justiça social.
Mais tarde, João XXIII foi chamado de Papa Socialista por ter ampliado a doutrina social
da Igreja. Em 1958, a encíclica “Pacem in terris” sintetizou a posição da instituição diante das
relações humanas, seus direitos e deveres, relações com o Estado e entre Estados.
Em resumo, o documento defende a igualdade, citando empregos para todos, igualdade
racial e até mesmo serviços públicos, como a previdência social. Além disso, defende a
existência de um governo mundial e condena o que chama de falsas doutrinas, como o
comunismo.
Com o passar do tempo, os problemas sociais foram preocupação de diversos membros
da Igreja. Já no século XX, o Concílio Vaticano II voltou a afirmar o papel do cristão no âmbito
social e político. Ao mesmo tempo, o movimento da Teologia da Libertação levou fiéis cristãos
ao envolvimento com projetos sociais e discussões políticas dentro de suas paróquias.
Atualmente, setores mais conservadores da Igreja acreditam que a instituição deva se
restringir a temas de ordem espiritual. Além disso, a transformação da mentalidade que
valoriza o imediatismo do conforto material e a salvação individual distanciou ainda mais a
Igreja dos valores mais politizados.
LIBERALISMO
Nascido na Inglaterra durante a Revolução Industrial, tendo sido fundado pelo
economista Adam Smith (A Riqueza das Nações, 1776), o liberalismo defende o ponto de vista
da burguesia e, obviamente, do capitalismo. Sua ideia central é a da não intervenção do Estado
nos assuntos econômicos. O liberalismo ensina que a intervenção do Estado em assuntos
econômicos é não apenas desnecessária, mas até prejudicial, pois a economia, como as demais
ciências, é regida por leis naturais e imutáveis.
Os princípios básicos do liberalismo são:
• individualismo econômico: o bem-estar social é resultado da prosperidade
individual.
Portanto, iniciar o povoamento do “grande deserto”, as terras brasileiras. Para isso, traziam
ferramentas, sementes, mudas de plantas e animais domésticos. Martim Afonso possuía amplos
poderes. Designado capitão-mor da esquadra e do território descoberto, deveria fundar núcleos
de povoamento, exercer justiça civil e criminal, tomar posse das terras em nome do rei, nomear
funcionários e distribuir sesmarias.
SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS 3
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
A posse da América Portuguesa estava “garantida” aos portugueses pela Igreja Católica por
meio do Tratado de Tordesilhas, no qual a Igreja dividia as novas terras “descobertas” (América)
entre Espanha e Portugal. A existência do tratado, no entanto, não impedia que ingleses e franceses
questionassem essa divisão, já que foram excluídos dela.
No começo da década de 1530, o comércio com a Índia estava decadente, e as posses de
Portugal na América eram constantemente ameaçadas por corsários franceses, que se aliavam
aos indígenas inimigos dos portugueses e exploravam os recursos da terra sem a autorização de
Portugal. O rei português percebeu que, diante da ameaça estrangeira, era necessário criar uma
frente de colonização para garantir a posse da terra.
Sendo assim, em 1534, o rei português decidiu dividir as terras que pertenciam a Portugal
pela força do Tratado de Tordesilhas. Com essa decisão, Portugal dividiu a colônia em 15 lotes de
terra, que correspondiam, ao todo, a 14 capitanias, que foram entregues para a administração dos
capitães-donatários.
GOVERNO-GERAL
Com o fracasso do sistema de capitanias hereditárias, a Coroa Portuguesa optou por centralizar
o poder na colônia, ou seja, foi criada uma autoridade sobre toda a colônia chamada governador-
-geral. A determinação para a criação desse cargo partiu do próprio rei de Portugal, D. João III.
Essa medida foi tomada com o objetivo de transformar a colônia em um negócio mais lucrativo
em vista do enfraquecimento do comércio na Índia. Além disso, o historiador Boris Fausto sugere
que o fechamento do entreposto comercial dos portugueses em Flandres e as derrotas militares
sofridas no Marrocos ajudam a entender a necessidade de tornar o Brasil um território mais van-
tajoso para Portugal.
A constante ameaça estrangeira, sobretudo dos franceses, também era um fator que tornava
o desenvolvimento da colônia extremamente importante para Portugal. Assim, para ocupar o cargo
de governador-geral, a Coroa Portuguesa enviou Tomé de Sousa ao Brasil em 1549.
ͫ Governo-geral de Tomé de Sousa
Tomé de Sousa foi enviado ao Brasil em 1549 com instruções específicas dadas pela Coroa
Portuguesa. Os objetivos, em geral, eram promover o desenvolvimento populacional e econômico
(principalmente pela produção de açúcar) da colônia e garantir a expulsão de invasores.
A expedição de Tomé de Sousa chegou à região da Baía de Todos os Santos com aproximada-
mente mil homens. As instruções dadas a ele foram estipuladas pela Coroa em um regimento de
17 de dezembro de 1548. Entre essas ordens a Tomé de Sousa, também estavam manter os nativos
sob controle e a garantia da conversão deles ao cristianismo.
A primeira ação do governador-geral foi promover a construção de Salvador em 1549. Essa
cidade foi instituída como capital do Brasil, status que ocupou durante mais de 200 anos. Sua loca-
lização geográfica era estratégica pela posição centralizada na colônia, o que facilitaria o contato
com as diferentes capitanias.
Para auxiliar o governador-geral na administração da colônia, foram criados cargos adminis-
trativos com atribuições diferentes. Os cargos de maior destaque foram:
» Ouvidor-mor: responsável pelos assuntos de justiça e pela imposição das leis na
colônia;
» Provedor-mor: responsável pela arrecadação e administração das finanças;
SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS 5
ͫ Outros governadores-gerais
Após Tomé de Sousa, o Brasil foi governado por Duarte da Costa (1553-1558) e por Mem de Sá
(1558-1572). Durante o governo de Duarte da Costa, os indígenas passaram a ser tratados de forma
hostil, e um grande número deles foi escravizado. Essa relação com os indígenas quase colocou a
perder o trabalho desenvolvido por Tomé de Sousa. Por isso, no governo de Mem de Sá, foi adotada
novamente a política de escravização somente dos indígenas hostis.
O governo de Mem de Sá destacou-se ainda por ter expulsado os franceses que estavam estabe-
lecidos na Baía da Guanabara desde 1555. Nessa região, os invasores franceses, sob a liderança de
Nicolas Durand de Villegagnon, haviam fundado a França Antártica. Após a expulsão, os portugueses
fundaram a cidade do Rio de Janeiro no local.
Em 1572, após da morte de Mem de Sá, a Coroa portuguesa, ainda percebendo inúmeras
falhas na administração da Colônia, resolveu dividir a América Portuguesa em dois Governos-Ge-
rais: o Governo do Norte e o Governo do Sul, que tinham como capitais Salvador e Rio de Janeiro,
respectivamente.
ESTRUTURA
POLÍTICO-
ADMINISTRATIVA
2
ESTRUTURA POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
A posse da América Portuguesa estava “garantida” aos portugueses pela Igreja Católica por
meio do Tratado de Tordesilhas, no qual a Igreja dividia as novas terras “descobertas” (América)
entre Espanha e Portugal. A existência do tratado, no entanto, não impedia que ingleses e franceses
questionassem essa divisão, já que foram excluídos dela.
No começo da década de 1530, o comércio com a Índia estava decadente, e as posses de
Portugal na América eram constantemente ameaçadas por corsários franceses, que se aliavam
aos indígenas inimigos dos portugueses e exploravam os recursos da terra sem a autorização de
Portugal. O rei português percebeu que, diante da ameaça estrangeira, era necessário criar uma
frente de colonização para garantir a posse da terra.
Sendo assim, em 1534, o rei português decidiu dividir as terras que pertenciam a Portugal
pela força do Tratado de Tordesilhas. Com essa decisão, Portugal dividiu a colônia em 15 lotes de
terra, que correspondiam, ao todo, a 14 capitanias, que foram entregues para a administração dos
capitães-donatários.
uma administração unificada da colônia, uma vez que mal havia comunicação entre as capitanias.
Por conta disso, Portugal resolveu criar um sistema de administração que centralizava o poder na
colônia. Para isso, criou-se o governo-geral em 1548, e Tomé de Sousa foi delegado para a função
de governador-geral.
O fracasso das capitanias pode ser explicado por vários fatores. O principal deles foi que, das
catorze capitanias, somente duas registraram, de fato, um desenvolvimento notável: São Vicente
e Pernambuco. O sucesso dessas capitanias está relacionado com a instalação de engenhos e com
o tráfico de indígenas para escravização. As capitanias também fracassaram pela inexperiência
administrativa dos donatários. A falta de recursos também foi um grande impeditivo, assim como a
falta de comunicação, seja interna, seja com a Coroa. Por fim, os conflitos com os indígenas também
foram um fator relevante para o fracasso das capitanias.
GOVERNOS GERAIS
Forma de governo que vigora no país de 1548 até a chegada da família real ao Rio de Janeiro, em
1808. O governador-geral é o representante do poder real na colônia. No século XVIII, diversos
governadores recebem o título de vice-reis. Em 1548, diante das dificuldades apresentadas
pela maior parte das capitanias, o rei português dom João III decide centralizar a administração
colonial. Com o governo-geral, pretende reforçar o apoio da Coroa aos donatários e colonos,
principalmente no combate aos índios hostis, no desenvolvimento da agricultura e na defesa
do território. Os donatários e colonos, contudo, veem a nomeação do governador-geral como
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uma ingerência indevida em suas capitanias. O conflito entre o poder central e o local se dá em
torno de questões como a escravização indígena, a cobrança dos tributos reais e o controle das
operações militares.
PRIMEIRO GOVERNO-GERAL
O primeiro governador nomeado por dom João III é o português Tomé de Sousa. Em 1549,
ele funda a cidade de Salvador, na capitania da Bahia, para servir como sede do governo. Cria
também os órgãos necessários à cobrança dos tributos, à aplicação da justiça e à organização
militar. Com a intenção de atrair novos colonos, distribui sesmarias, terras incultas ou
abandonadas, e consegue expandir a atividade açucareira e a criação de rebanhos.
SEGUNDO GOVERNO-GERAL
Em 1553, Duarte da Costa substitui Tomé de Sousa. O segundo governador do Brasil envolve-se
nos conflitos entre donatários e jesuítas em torno da escravização indígena. Com isso, termina
por se incompatibilizar com as autoridades locais e é obrigado a retornar a Portugal em 1557.
TERCEIRO GOVERNO-GERAL
O governador seguinte, Mem de Sá, resolve as disputas políticas, dedica-se à pacificação dos
índios e ao combate dos franceses no Rio de Janeiro. Com a ajuda dos jesuítas Manuel da
Nóbrega e José de Anchieta, neutraliza a aliança formada por índios tamoios e franceses e, com
seu sobrinho Estácio de Sá, expulsa os invasores da Baía de Guanabara. Em 1565, Estácio de Sá
funda no local a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mem de Sá permanece no cargo até
1572, quando morre. Seu eficiente desempenho contribui para firmar a posição do governo-
geral no conjunto da vida colonial. No entanto, a resistência dos donatários à ingerência dos
funcionários reais nas capitanias e vilas permanece no decorrer do tempo.
Buscando adequar-se a essa realidade, a atuação do governo-geral oscila entre as tendências
para maior ou menor centralização. Em 1572, o governo-geral fica dividido entre Salvador e
Rio de Janeiro. Volta a se unir em 1578, na Bahia, mas é novamente repartido em 1621: São
formados o estado do Brasil, com sede em Salvador, e o estado do Maranhão, sediado em São
Luís do Maranhão, com o objetivo de melhorar a defesa militar na Região Norte e estimular as
atividades econômicas e o comércio regional com a metrópole.
Em 1763, a sede do governo do Estado do Brasil em Salvador, que de fato funcionava como
capital da colônia, é transferida para o Rio de Janeiro, por decisão do Marquês de Pombal. Pesam
nessa decisão, além da política de maior centralização do governo Pombal para a colônia, os
interesses decorrentes do crescimento da mineração. Em 1774, Pombal extingue oficialmente o
antigo Estado do Maranhão. O governo-geral vigora até 1808.
ESTRUTURA
SOCIOECONÔMICA
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ESTRUTURA SOCIOECONÔMICA
A ECONOMIA COLONIAL
A base da economia colonial era o engenho de açúcar. O senhor de engenho era um fazendeiro
proprietário da unidade de produção de açúcar. Utilizava a mão de obra africana escrava e tinha
como objetivo principal a venda do açúcar para o mercado europeu. Além do açúcar, destacou-se
também a produção de tabaco e algodão. As plantações ocorriam no sistema de plantation, ou seja,
eram grandes fazendas produtoras de um único produto, utilizando mão de obra escrava e visando
o comércio exterior. O Pacto Colonial imposto por Portugal estabelecia que o Brasil só podia fazer
comércio com a metrópole.
ENGENHO
Propriedade rural onde se plantava a cana e se produzia o açúcar, cujo proprietário era cha-
mado de Senhor de Engenho. O primeiro chamava-se Engenho do Governador, fundado em São
ESTRUTURA SOCIOECONÔMICA 3
Vicente (litoral paulista) por Martim Afonso de Sousa. Século XVI — uma parte considerável do litoral
nordestino (Rio Grande do Norte a Bahia) abrigava uma quantidade significativa de engenhos, cujo
destino final da produção era o mercado europeu. A produção açucareira do Brasil Colônia só iria
sofrer um forte abalo a partir da segunda metade do século XVII, diante da concorrência com as
colônias holandesas no Caribe.
A SOCIEDADE DO AÇÚCAR
A sociedade no período do açúcar era marcada pela grande diferenciação social. No topo da sociedade, com
poderes políticos e econômicos, estavam os senhores de engenho. Abaixo, aparecia uma camada média for-
mada por trabalhadores livres e funcionários públicos. E na base da sociedade estavam os escravos de origem
africana. Era uma sociedade patriarcal, pois o senhor de engenho exercia um grande poder social. As mulheres
tinham poucos poderes e nenhuma participação política, deviam apenas cuidar do lar e dos filhos. A casa-
-grande era a residência da família do senhor de engenho. Nela moravam, além da família, alguns agregados. O
conforto da casa-grande contrastava com a miséria e péssimas condições de higiene das senzalas (habitações
dos escravos).
MINERAÇÃO
A maior ambição de qualquer país colonizador era encontrar metais preciosos nas novas terras.
Mercantilismo que avaliava a riqueza de uma nação de acordo com o acúmulo de ouro e prata.
Primeira metade do século XVI — espanhóis descobriram jazidas de ouro e prata em suas colônias.
O mesmo não ocorreu no Brasil. Final do século XVII — bandeirantes paulistas descobriram ouro
em áreas do interior do atual estado de Minas Gerais, na Serra do Espinhaço. O interior brasileiro
começou a ser ocupado pela atividade mineradora, surgindo em consequência as primeiras estradas,
vilas e cidades na região. A população da colônia teve um crescimento extraordinário, a ponto de
o governo português limitar a emigração para o Brasil.
PROCESSO DE
INDEPENDÊNCIA
BRASILEIRO
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CAUSAS DA INDEPENDÊNCIA
A independência do Brasil foi um processo acelerado por conta de acontecimentos em Por-
tugal no século XIX. O contexto histórico de Portugal é fundamental para que possamos entender
as transformações que aconteceram no Brasil e que deram abertura para que a luta pela indepen-
dência se iniciasse.
Os portugueses também estavam insatisfeitos com o fato de a família real estar no Brasil desde
1808 (e o rei não tinha interesse nenhum em voltar). Por fim, havia muita insatisfação porque, após
a fuga da família real, o país estava cheio de ingleses, sobretudo no exército.
Esses fatores levaram a burguesia portuguesa a iniciar um movimento. Foi formada uma junta
para governar o país e foram convocadas as Cortes portuguesas, instituição que atuava como Legis-
lativo em Portugal. As Cortes decidiram então elaborar uma nova Constituição para o país, exigindo
que D. João VI jurasse fidelidade a ela.
Os membros das Cortes queriam implantar uma monarquia constitucional em Portugal, limi-
tando consideravelmente o poder do rei português. As Cortes tiveram sucesso nesse objetivo, e,
em fevereiro de 1821, D. João VI jurou fidelidade à nova Constituição portuguesa. Outra exigência
das Cortes e que gerou tensão no Brasil foi o retorno do rei para a metrópole.
D. João VI não queria retornar e houve debates acalorados no Brasil sobre o seu retorno, acon-
tecendo até rebeliões populares no Rio de Janeiro, exigindo-se a sua permanência. Entretanto, D.
João VI temia perder o trono de Portugal e decidiu retornar para Lisboa, deixando seu filho, Pedro,
como regente do Brasil.
Registros da época apontam que, dois dias antes de embarcar para Portugal, D. João VI tinha
aconselhado D. Pedro. No conselho, D. João VI falava que se o Brasil iniciasse um processo de
independência, era melhor que ele acontecesse sob a liderança de D. Pedro, pois ele era leal ao rei
português, do que sob a de um desconhecido. Em 26 de abril de 1821, D. João VI partiu, entriste-
cido, para Portugal.
O PROCESSO
D. Pedro esteve à frente do processo de independência do Brasil, embora contasse com os
conselhos de José de Bonifácio de Andrada e de sua esposa, Maria Leopoldina. Até aqui não havia
coro pela independência, mas tudo mudaria quando os interesses das Cortes mostraram-se dife-
rentes dos interesses no Brasil.
As Cortes indicaram que o Brasil teria direito a 77 deputados como representantes, e os primei-
ros deputados brasileiros chegaram a Lisboa em agosto de 1821. As Cortes, no entanto, já estavam
reunidas desde janeiro, e os interesses dos portugueses em relação ao Brasil eram: acabar com a
centralização do poder no Rio de Janeiro, fazendo com que as províncias brasileiras respondessem
diretamente a Lisboa, e revogar a abertura comercial realizada por D. João VI.
Na prática, os portugueses queriam subordinar novamente o Brasil a sua autoridade, o que
pareceu para os políticos brasileiros uma tentativa de recolonização. Além disso, os representan-
tes brasileiros em Portugal registraram a forma desrespeitosa pela qual Brasil e brasileiros eram
tratados na Corte.
Essa diferença de interesses foi o início do processo de ruptura entre Brasil e Portugal. Ao longo
de 1821 e 1822, as relações ficaram cada vez piores, o que fortaleceu o “partido brasileiro”, o grupo
que defendia a separação brasileira. D. Pedro, como regente, tornou-se o líder dos defensores da
independência, mas seu protagonismo só veio mesmo a partir de 1822.
Ainda em 1821, novas ordens vindas de Portugal deixaram os brasileiros, sobretudo no Rio
de Janeiro, irritados. As instituições instaladas na cidade por D. João VI deveriam ser transferidas
para Portugal, e D. Pedro deveria voltar para Lisboa. Houve uma grande mobilização para que o
regente ficasse no Brasil.
Formou-se um clube de defensores da permanência de D. Pedro, e até assinaturas foram
colhidas em apoio ao regente. O príncipe de Portugal convenceu-se a ficar no Brasil, desafiando
as ordens da Corte, D. Maria Leopoldina foi fundamental em convencê-lo a permanecer. O Dia do
Fico ficou marcado na independência do Brasil com um dos seus grandes símbolos, uma vez que o
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regente desobedeceu a uma ordem de Portugal. A partir daí, a situação agravou-se, e, nas palavras
do historiador Boris Fausto, D. Pedro decidiu-se por “atos de ruptura”.
A ideia da independência ganhou coesão política, sendo apoiada por diferentes grupos no Sul
e Sudeste, e a ideia de José Bonifácio de formar-se uma monarquia que evitasse o fortalecimento de
ideais populares e liberais ganhou influência. Em maio, D. Pedro assinou o decreto que determinava
que as decisões da Corte só teriam validade no Brasil com a aprovação dele.
Em junho, foi convocada uma Constituinte para elaborar-se uma Constituição para o Brasil,
sendo esse um passo claro das elites brasileiras no objetivo de obterem mais autonomia para o
país. Por fim, em agosto, D. Pedro emitiu ordem afirmando que as tropas portuguesas que desem-
barcassem no Brasil a partir de então seriam consideradas inimigas.
PÓS-INDEPENDÊNCIA
O processo de independência não acabou em 1822, estendendo-se até 1825, quando os por-
tugueses reconheceram a independência do Brasil. Nesse período, o Brasil enfrentou uma guerra
civil, uma vez que forças leais a Portugal levantaram-se em locais como Cisplatina e Bahia. Esses
conflitos ficaram conhecidos como Guerras de Independência e duraram até 1824.
Paralelamente aos conflitos internos, o Brasil precisava obter o reconhecimento internacional.
Oficialmente, os Estados Unidos são considerados o primeiro país a reconhecer a independência do
Brasil, no ano de 1824. Entretanto, novos estudos apontam que possivelmente a Argentina, já em
1823, havia feito esse reconhecimento. O reconhecimento português, como vimos, só veio em 1825.
Além disso, a Constituinte brasileira foi formada e reuniu-se a partir de 1823. Uma Constitui-
ção foi outorgada em 1824, e o Brasil estabeleceu-se como uma monarquia, com D. Pedro I tendo
poderes absolutos. A escravidão foi mantida, uma vez que não era interesse das elites, formadas
pelos grandes fazendeiros, em abolir essa instituição. Esse período após a independência é conhe-
cido como Primeiro Reinado.
PRIMEIRO REINADO
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PRIMEIRO REINADO
O Primeiro Reinado corresponde ao período de 7 de setembro de 1822 a 7 de abril de 1831,
em que o Brasil foi governado por D. Pedro I, primeiro imperador do Brasil. Esta época tem início
com a declaração da Independência do Brasil e termina com a abdicação de Dom Pedro I a favor do
seu filho e herdeiro. O Primeiro Reinado é marcado por disputas entre a elite agrária e o imperador,
além de conflitos regionais no Nordeste e na Cisplatina.
O RECONHECIMENTO DA INDEPENDÊNCIA
Visando fortalecer a sua presença no cenário político americano, os Estados Unidos foram a
primeira nação a reconhecer a autonomia política brasileira, em maio de 1824. Nesse período, a cha-
mada “Doutrina Monroe” era empregada na política externa estadunidense como meio de se repu-
diar qualquer tentativa de recolonização pelas antigas monarquias absolutistas. Em março de 1825,
as autoridades mexicanas fortaleceram o coro de países que legitimavam o Brasil Independente.
A Inglaterra, como grande fornecedora de produtos manufaturados ao país, tinha grande inte-
resse em reconhecer a independência do Brasil. Entretanto, a ação política e diplomática britânica
temia que tal posição viesse a estabelecer uma crise nas relações entre Portugal e Inglaterra. De
tal modo, os britânicos se organizaram a fim de intermediar um acordo de reconhecimento entre
autoridades portuguesas e brasileiras.
No dia 29 de agosto de 1825, portugueses e brasileiros assinaram o Tratado de Paz e Amizade.
Segundo o acordo firmado, o governo português reconhecia a independência do Brasil a partir do
pagamento de uma indenização no valor de dois milhões de libras esterlinas. Além disso, Dom Pedro
I se comprometeu a ceder o título honorário de imperador do Brasil a Dom João VI e não tomar
nenhuma iniciativa a fim de anexar algumas das colônias portuguesas ao seu território.
CONSTITUIÇÃO DA MANDIOCA
No ano seguinte a proclamação da Independência, reuniu-se os representantes das provín-
cias (como passaram a ser chamadas as antigas capitanias) para elaborar a primeira Constituição
brasileira. A maioria dos deputados da Assembléia Constituinte de 1823 defendia os interesses
dos grandes proprietários rurais, que haviam influenciado no processo de independência do Brasil.
Em setembro de 1823 os deputados concluíram um projeto de constituição. Esse projeto era
contra comerciantes e militares que ainda desejavam a recolonização do Brasil. Por isso proibia
estrangeiro de ocupar cargos públicos como deputados e senadores. Outra característica era a preo-
cupação em reduzir os poderes do imperador e aumentar os poderes do legislativo. O projeto, por
exemplo, estabelecia que o imperador não podia dissolver o parlamento e que as forças armadas
obedeceriam ao legislativo e não ao imperador.
O projeto de constituição tinha a intenção de limitar a participação política somente à elite,
por isso concedia direito de participação política apenas aos grandes proprietários rurais do sexo
masculino, pois para ser eleitor, o homem precisava ter renda mínima equivalente ao valor da pro-
dução de 150 alqueires de farinha de mandioca. Para ser eleito a renda precisava ser ainda maior.
Daí o projeto ficar conhecido como “Constituição da Mandioca”.
Pedro I recusou esse projeto, pois ele diminuía seus poderes. Com o apoio de tropas militares,
pôs fim a Assembléia constituinte em 12 de novembro de 1823. Os deputados que reagiram ao ato
de força do imperador foram presos e expulsos do país.
CONSTITUIÇÃO DE 1824
PRIMEIRO REINADO 3
Dom Pedro convocou os seis ministros, além dos políticos de sua confiança, para redigir essa
Constituição após dissolver a Constituinte no ano de 1823. Participou, também, pessoalmente, da
redação da Constituição para garantir que seu poder de imperador fosse mantido.
Outorgada no dia 25 de março de 1824, a Constituição trazia algumas características bastante
marcantes. Concentrava poderes nas mãos do imperador por meio do poder moderador, e deter-
minava que somente os ricos podiam votar, baseando-se na renda para esse quesito e excluindo a
maioria da população brasileira na hora da escolha dos representantes. A Igreja era subordinada ao
estado e havia uma manutenção do sistema, determinando a garantia dos interesses da aristocracia.
Ficou determinado ainda por essa Constituição que o Brasil permaneceria seguindo o regime
político monárquico, sendo este transmitido de forma hereditária. O poder do imperador, deno-
minado poder moderador, ficou acima dos outros poderes, garantindo que ele pudesse controlar e
regular todos os outros, tendo, portanto, o poder absoluto de todas as outras esferas do governo.
Além disso, o voto era censitário e ficou estabelecida a presença de quatro poderes: Execu-
tivo, Legislativo, Judiciário e Moderador. Houve ainda a criação de um Conselho de Estado cujos
integrantes eram escolhidos pelo imperador. O poder executivo era regido pelo imperador e pelos
ministros de Estado, sendo que estes executariam as leis do país, que seriam elaboradas pelos
deputados e senadores. O território foi dividido em províncias e foram estabelecidos direitos e
garantias individuais.
A ideia de estabelecer o poder de voto para o poder legislativo foi uma tentativa falha de
conferir um caráter mais popular à carta, porém era voto indireto, ou seja, os cidadãos votavam em
Eleitores da Província que escolheriam os seus parlamentares. Os Eleitores da Província deveriam
ser homens livres, sem antecedentes criminais e que tivessem renda anual superior a 200 mil réis.
Os deputados tinham que ter renda superior a 400 mil réis e deveriam seguir a religião católica,
determinada como a oficial do país, e os senadores, cujo cargo era vitalício, deveriam ter renda
anual superior aos 800 mil réis, além de idade superior a 40 anos.
CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR
No início do século XIX, a província de Pernambuco estava dividida entre os que apoiavam
o domínio dos portugueses no Brasil e os que desejavam vê-los fora do poder. No sul da provín-
cia, cultivava-se principalmente a cana-de-açúcar; no norte, a economia era mais diversificada,
baseando-se sobretudo no cultivo do algodão além da cana-de-açúcar. Os donos dos engenhos de
açúcar apoiavam os portugueses, pois sentiam que as ideias liberais (dentre elas o abolicionismo)
ameaçavam suas propriedades. Já a aristocracia ligada ao algodão desejava ver-se livre da influência
portuguesa, pois queria autonomia para realizar comércio, a partir da abertura dos portos.
Foi nesse cenário dividido que os ideais republicanos se difundiram e diversas revoltas surgi-
ram na região. Dois movimentos marcantes influenciaram as províncias rebeldes da Confederação
do Equador: a Revolução Pernambucana de 1817 e o Movimento Constitucionalista de 1821, que
levou à declaração da Independência do Brasil, em 1822.
Na época, todas as províncias eram subordinadas ao Rio de Janeiro, que era a sede do império.
As províncias desejavam mais autonomia em relação ao governo do imperador dom Pedro I. Porém,
ainda em 1822, o imperador havia lançado medidas ainda mais centralizadoras. Além disso, mesmo
com a independência, os portugueses continuavam a ter muito poder nas decisões das províncias
nordestinas. Em Pernambuco, formou-se um governo provisório fiel ao imperador, a Junta dos
Matutos, que em 1824 foi deposta. Dom Pedro I nomeou Francisco Pais Barreto para assumir o
governo da província, mas Manuel Carvalho Pais de Andrade já havia sido eleito localmente pelos
representantes do comércio, da agricultura e do clero. Esse foi o ponto inicial do conflito entre a
província de Pernambuco e o governo imperial.
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GUERRA DA CISPLATINA
A Guerra da Cisplatina aconteceu entre o Brasil e as Províncias Unidas do Rio da Prata, atual
Argentina. Esse foi o primeiro conflito do Brasil como nação independente e foi causado pela disputa
entre as duas nações pelo controle da Cisplatina, província no extremo sul do Brasil. A guerra durou
de 1825 a 1828 e teve duas grandes consequências para o Brasil: a perda do território da Cisplatina,
que se tornou uma nação independente, e a perda de popularidade do imperador D. Pedro I.
A Guerra da Cisplatina estendeu-se por três anos e, nesse período, os objetivos das nações
envolvidas nessa luta eram os seguintes:
Brasil: o objetivo do Império era pôr fim à rebelião que acontecia na Cisplatina e recuperar o
território rebelde.
Cisplatina: o objetivo de Lavalleja, na liderança dos 33 orientais, era anular o domínio brasi-
leiro na região, para, em seguida, anexar-se às Províncias Unidas. Também existiam uruguaios que
defendiam a independência da região.
Províncias Unidas: anexar a Cisplatina ao seu território.
A Guerra da Cisplatina, ao longo de seus três anos, foi um conflito extremamente im-
popular, principalmente por não ser identificada como uma causa legitimamente bra-
sileira e por conta de seu impacto na economia do país. O desejo das elites nacionais, na
década de 1820, era a manutenção da paz para garantir o desenvolvimento do país.
O imperador ordenou o fechamento dos portos na região platina e anunciou uma recompensa
pela captura de Lavalleja e Frutuoso Rivera (outro líder militar dos uruguaios). Essas decisões só
contribuíram para acirrar mais os ânimos. A falta de preparo para o conflito custou caro ao país,
que foi derrotado em inúmeras batalhas, tais como a Batalha de Ituzaingó, em fevereiro de 1827.
Com tal derrota, o governo imperial aceitou negociar termos para o fim da guerra. Após
muita negociação, ficou decidido na Convenção Preliminar de Paz que o Brasil aceitava renunciar à
Cisplatina e concordava com a derrota militar sofrida nesse conflito. A historiadora Isabel Lustosa
fala que, ao longo dessa guerra, o Brasil gastou cerca de 30 milhões de dólares e cerca de 8 mil
soldados morreram.
Como parte desse acordo de paz, houve a independência da Cisplatina e, assim, em 27 de
agosto de 1828, surgia a República Oriental do Uruguai. Esse acordo realizado entre brasileiros e
argentinos contou com a mediação de representantes do Reino Unido e da França. A Guerra da
Cisplatina só endividou o Brasil e abalou grandemente a popularidade de D. Pedro I.
Durante o primeiro reinado, o Brasil, enfrentava uma grande crise econômica, pois faltava um
produto para exportação. Esse fato fazia o país depender de empréstimos do exterior. A cada ano a
dívida aumentava devido aos juros e D. Pedro I aumentava os impostos para compensar os gastos.
Após a morte de D. João VI, o trono português ficou vago, D. Pedro não podia assumir
duas coroas então decide abdicar ao trono de Portugal em favor de sua filha Maria da
Glória, porém D. Miguel, irmão de D. Pedro I usurpou o trono. Esse fato fez o impera-
dor brasileiro armar um exército português com recursos brasileiros o que gerou mais
descontentamento.
Como se não bastassem todas essas críticas, o assassinato do jornalista Líbero Badaró, um dos
mais ferrenhos críticos do imperador, acabou agravando tal situação. Suspeito de ter algum tipo
de envolvimento no crime, acontecido em novembro de 1830, D. Pedro I resolveu organizar uma
luxuosa comitiva que buscaria apoio à autoridade imperial em outras províncias do país. Ao lado de
sua segunda esposa, Dona Amélia de Leuchtenberg, a comitiva imperial se dirigiu até Minas Gerais.
OS GOVERNOS REGENCIAIS
A abdicação de D. Pedro I provocou um vazio político no país, acirrando a disputa pelo poder
entre as duas principais correntes do Império: liberais exaltados e liberais moderados. O grupo
dos exaltados era formado, principalmente, pelas camadas médias urbanas, enquanto os
moderados eram constituídos pelos representantes da aristocracia rural. Essas duas correntes
políticas compunham o chamado Partido Brasileiro, e tinham se aliado para derrubar D. Pedro
do poder e, com ele, os absolutistas do Partido Português, seus aliados. A abdicação pode
ser considerada como a derrota desse grupo e a vitória da oposição, que era constituída por
diferentes grupos sociais, cada um deles com seus próprios objetivos.
Conseguindo o seu intento, a aliança se desfez, e cada grupo passou a lutar para conseguir se
instalar no poder. Os liberais moderados redigiram, no dia seguinte à abdicação, um documento
intitulado Proclamação em nome da Assembléia Geral aos povos do Brasil, no qual informavam
sobre os acontecimentos, afirmavam seu apoio aos regentes nomeados e aconselhavam
prudência e moderação à população, e que observasse a Constituição e respeitasse os novos
governantes.
Já o grupo dos liberais exaltados via esse momento como a possibilidade de transformações mais
radicais, maior liberalização do regime e de mais participação nos destinos do Império. Entendia
que afastados do Governo, junto com D. Pedro, os portugueses identificados com o absolutismo,
haveria condições de aqui se desenvolverem os ideais liberais, revestidos de um caráter
nacionalista. No entanto, os portugueses tinham se reorganizado e lutavam, agora, pela volta de
D. Pedro ao trono brasileiro, sendo por isso chamados de restauradores. E, ao mesmo tempo, o
Governo era dominado pelo grupo dos moderados.
Desta forma, o movimento da abdicação transformou-se, para os exaltados, conforme comentou
na época o político Teófilo Ottoni, numa verdadeira “Journée des Dupes” (Jornada ou Dia dos
Logrados), pois não conseguiram chegar ao poder, além de verem suas propostas esquecidas,
PERÍODO REGENCIAL (ASPECTOS ADMINISTRATIVOS E ECONÔMICOS) 3
“Senhor.
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(...) O povo e a tropa da Capital do Rio de Janeiro são de novo reunidos para pedir a expulsão para fora do
Império dos acérrimos inimigos da Nação Brasileira, que tantos males lhe hão causado, e que são incan-
sáveis em tratar solapadamente a sua ruína; convém, pois, Senhor, que tais homens nocivos ao bem-estar
não continuem a viver no meio de nós. (...)”.
A GUARDA NACIONAL
A Guarda Nacional era recrutada entre os cidadãos com renda anual superior a 200 mil réis,
nas grandes cidades, e 100 mil réis nas demais regiões. Era vista por seus idealizadores como o
instrumento apto para a garantia da segurança e da ordem, vale dizer, para a manutenção do
espaço da liberdade entre os limites da tirania e da anarquia. Tinha como finalidade defender a
Constituição, a liberdade, a independência e a integridade do Império, mantendo a obediência às
leis, conservando a ordem e a tranquilidade pública.
Com a criação da Guarda Nacional Feijó fortalecia as elites políticas locais, pois eram elas que
formavam ou dirigiam o Corpo de Guardas e, ao mesmo tempo, demostrava a falta de confiança
do governo na fidelidade do Exército. A posição das tropas, participando das lutas políticas e
posicionando-se pela volta de D. Pedro I, no caso da oficialidade, e reivindicando por melhores
soldos e mostrando-se contra as discriminações racial e social, no caso das patentes mais baixas,
tornavam-no suspeito para garantir a ordem no país.
PERÍODO REGENCIAL (ASPECTOS ADMINISTRATIVOS E ECONÔMICOS) 5
O ATO ADICIONAL
Outra discussão bastante forte nessa época refere-se à necessidade da reforma da Constituição
Outorgada de 1824. Os liberais moderados eram defensores de uma monarquia constitucional.
Defendiam, também, uma monarquia centralizada, porque achavam que somente com a
centralização seria possível preservar a unidade tanto do território do Império quanto de uma
sociedade dividida por inúmeros conflitos e dilacerada pela existência da escravidão.
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Entretanto, havia um grupo deles que discordava dessa ideia, temendo o fortalecimento
excessivo do Estado. Para esse grupo parecia mais conveniente uma ampliação dos poderes
e atribuições da Câmara dos Deputados, onde estavam representados os interesses da “boa
sociedade” das diferentes províncias. Desses embates resultou a promulgação, em 6 de
agosto de 1834, do Ato Adicional à Constituição. Pode-se dizer que ele foi concebido como um
instrumento conciliador entre as principais forças políticas do país.
Por meio desse Ato as províncias ganharam maior autonomia. Foram criadas Assembleias
provinciais eleitas e definidas as rendas que cabiam às províncias. Essas Assembleias tinham
autonomia administrativa, mas seus presidentes continuavam sendo escolhidos pelo Governo
central, que garantia assim o seu controle. O Poder Moderador foi mantido, mas privativo do
Imperador. Extinguiu-se o Conselho de Estado e foi mantido o Senado vitalício. Foi criado o
Município Neutro da Corte, formado pela cidade do Rio de Janeiro e seu termo, independente da
Província do Rio de Janeiro, cuja capital seria Niterói.
A Regência tornou-se una, com regente eleito por quatro anos. Segundo o historiador José
Murilo de Carvalho, “nunca houve na história do Brasil outra época em que a Câmara tivesse
tanto poder.” Entretanto, apesar de o Ato Adicional ter sido encarado como um instrumento
de conciliação entre as diferentes forças políticas, uma espécie de compromisso político, logo
começou a receber críticas, especialmente dentro da própria Câmara.
todo o país. Sentindo-se acuado e sem respaldo político, renunciou em 19 de setembro de 1837.
Esse primeiro momento das Regências (1831 - 1836) é caracterizado pela instabilidade política,
mas, sobretudo, pelos projetos de liberdade e democracia. É o momento da Ação, baseado no
princípio da liberdade, que irá se contrapor ao segundo momento, o da Reação, baseado no
princípio da autoridade, a partir de 1836, que virá com a posição centralizadora.
A CABANAGEM
A PROVÍNCIA DO GRÃO-PARÁ ENTRE 1835 - 1840
A Cabanagem, movimento que ocorreu na província do Grão-Pará, entre os anos de 1835 e 1840, pode
ser vista como um prosseguimento da Guerra da Independência na região. Desde a emancipação política, em
1822, a Província do Grão-Pará, vivia um clima agitado. Isolada do resto do país, era a parte mais ligada a
Portugal. Declarada a Independência, a Província só foi reconhecê-la em agosto de 1823. A adesão ao governo
de D. Pedro I foi penosa e violentamente imposta. Administrada por Juntas governativas que se apoiavam
nas Cortes de Lisboa, os habitantes da Província já estavam acostumados a ver todos os cargos públicos e
recursos econômicos nas mãos dos portugueses.
A Independência não provocara mudanças na estrutura econômica nem modificara as péssimas con-
dições em que vivia a maior parte da população da região, formada por índios destribalizados, chamados
PERÍODO REGENCIAL (ASPECTOS MILITARES, SOCIAIS, CULTURAIS E TERRITORIAIS) 3
de tapuios, índios aldeados, negros forros e escravos e mestiços. Dispersos pelo interior e nos arredores de
Belém, viviam marginalizados em condições miseráveis, amontoados em cabanas à beira dos rios e igarapés
e nas inúmeras ilhas do estuário do rio Amazonas. Essa população conhecida como “cabanos”, era usada
como mão-de-obra, em regime de semiescravidão, pela economia da Província, baseada na exploração das
“drogas do sertão”( cravo, pimenta, plantas medicinais, baunilha), na extração de madeiras, e na pesca.
Desde a Guerra da Independência, quando mercenários, comandados pelo Lord Almirante Grenfell, des-
tituíram a Junta que governava a Província, o povo exigia a formação de um governo popular chefiado pelo
cônego João Batista Gonçalves Campos. No entanto, Grenfell, que recebera ordens para entregar o Governo a
homens da confiança do Imperador, desencadeou violenta repressão, fuzilando e prendendo muitas pessoas.
O episódio ocorrido a bordo do brigue Palhaço, quando cerca de 300 prisioneiros foram sufocados com cal,
não conseguiu implantar a normalidade. Ao contrário os ânimos ficaram ainda mais exaltados.
A própria Junta que assumiu o governo da Província, em agosto de 1823 confessava:
“Sentimos não poder afirmar que a tranquilidade está inteiramente restabelecida porque ainda temos a temer,
principalmente a gente de cor, pois que muitos negros e mulatos foram vistos no saque de envolta com os
soldados, e os infelizes que se mataram a bordo do navio, entre outras vozes sediciosas deram vivas ao Rei
Congo, o que faz supor alguma combinação de soldados e negros”.
A situação da Província do Grão-Pará era, portanto, favorável ao surgimento de movimentos que expres-
savam a luta de uma maioria de índios, mestiços e escravos, contra uma minoria branca formada, princi-
palmente, por comerciantes portugueses. Essa minoria concentrava-se em Belém, cidade que na época
abrigava cerca de 12 mil moradores dos quase 100 mil que habitaram o Grão-Pará. Entre 1822 e 1835 a
Província passou por momentos de intranquilidade. No interior e na capital ocorreu uma série de levantes
populares, que contaram com a adesão dos soldados da tropa, descontentes com o baixo soldo, com o poder
central e com as autoridades locais.
Em janeiro de 1835, dominaram Belém, executando o governador Lobo de Sousa e outras autoridades. O
primeiro governo cabano foi entregue ao fazendeiro Félix Antonio Malcher, que, com medo da violência das
camadas mais pobres da população, entrou em choque com os outros líderes perseguindo os elementos
mais radicais. Chegou a mandar prender e deportar Angelim e Francisco Vinagre. Além disso, manifestou a
intenção de manter a Província ligada ao Império, ao jurar fidelidade ao Imperador, afirmando que só ficaria
no poder até à maioridade. Esse juramento ia de encontro ao único ponto que unia os revoltosos: a rejeição à
política centralizadora do Rio de Janeiro, vista como preservadora dos privilégios dos portugueses. Malcher
acabou sendo deposto e executado.
Francisco Vinagre foi escolhido para o segundo governo cabano. No entanto não foi capaz de resolver
as divergências entre os revoltosos, e foi acusado de traição por ter feito um acordo com as tropas legalistas
enviadas pelo Rio de Janeiro. Vinagre ajudou as tropas e navios sob o comando do Almirante inglês Taylor,
e prometeu entregar a presidência da Província a quem fosse indicado pelo Governo Regencial. As forças
regenciais retomaram Belém.
Os cabanos, vencidos na capital, retiraram-se para o interior. Aos poucos foram tomando conta da
Província. Profundos conhecedores da terra e dos rios, infiltraram-se nas vilas e povoados, conseguindo
a adesão das camadas mais humildes da população. Liderados por Vinagre e Angelim, reforçaram suas
tropas e retomaram Belém, após nove dias de lutas violentas. Com a morte de Antônio, Eduardo Angelim
foi escolhido para o terceiro governo cabano que durou dez meses. Angelim era um cearense de apenas 21
anos que migrara para o Grão- Pará após uma grande seca ocorrida no Ceará, em 1827.
No entanto, os cabanos, durante todo o longo período de lutas, não souberam organizar-se com efi-
ciência. Abalados por dissidências internas, pela indefinição de um programa de governo, sofreram ainda
uma epidemia de varíola, que assolou por longo tempo a capital.
A REPRESSÃO DA REGÊNCIA
O regente Feijó decidiu restabelecer a ordem na Província. Em abril de 1836 mandou ao Grão-Pará uma
poderosa esquadra comandada pelo brigadeiro Francisco José Soares de Andréia, que conseguiu retomar a
capital. Havia na cidade quase unicamente mulheres. No dizer de Raiol, “a cidade despovoada apresentava
por toda parte um aspecto sombrio e contristador”.
Os cabanos abandonaram outra vez Belém e retiraram-se para o interior, onde resistiram por mais
três anos. A situação da Província só foi controlada pelas tropas do Governo Central em 1840. A repressão
foi violenta e brutal. Incapazes de oferecer resistência, os rebeldes foram esmagados. Ao findar o movi-
mento, dos quase 100 mil habitantes do Grão-Pará, cerca de 30mil, 30% da população, haviam morrido em
incidentes criminosos e promovidos por mercenários e pelas tropas governamentais.
Terminava a Cabanagem que, segundo o historiador Caio Prado Júnior, “foi o mais notável
movimento popular do Brasil, o único em que as camadas mais inferiores da população
conseguem ocupar o poder de toda uma província com certa estabilidade. Apesar de sua
desorientação, da falta de continuidade que o caracteriza, fica-lhe, contudo, a glória de ter sido a
primeira insurreição popular que passou da simples agitação para uma tomada efetiva de poder”.
A BALAIADA
A PROVÍNCIA DO MARANHÃO ENTRE 1838 - 1841
Entre os anos de 1838 e 1841, a Província do Maranhão foi abalada por vários levantes que
atingiram também a vizinha Província do Piauí. Esses levantes receberam o nome geral de
Balaiada porque um dos seus líderes, Manuel Francisco dos Anjos, fabricante e vendedor de
balaios, era conhecido pelo apelido de “Balaio “.
PERÍODO REGENCIAL (ASPECTOS MILITARES, SOCIAIS, CULTURAIS E TERRITORIAIS) 5
“Não existe hoje um só grupo de rebeldes armados, todos os chefes foram mortos, presos ou enviados para
fora da Província (...).”
A repressão à Balaiada marcou o início da chamada “política da pacificação”, pela qual Caxias
sufocou as agitações que ocorreram durante o Império.
A SABINADA
Entre 1831 e 1833, movimentos de caráter federalista eclodiram em alguns pontos da Província
da Bahia. Esses movimentos expressavam o descontentamento não só em relação à política
centralizadora do Rio de Janeiro, mas também um forte sentimento antilusitano, originado do
fato de os portugueses controlarem quase que totalmente o comércio varejista , ocupando ainda
cargos políticos, militares e administrativos.
Nos primeiros meses de 1831 manifestações contra os portugueses, considerados “inimigos”
do povo, reivindicavam que fossem tomadas contra eles medidas que iam desde a deportação,
até a proibição de andar armados, a demissão dos que exercessem emprego civil ou militar, e a
extinção das pensões concedidas por D. João VI ou D. Pedro I.
A notícia da abdicação, em 7 de abril, fez com que os ânimos se acalmassem. Segundo o
PERÍODO REGENCIAL (ASPECTOS MILITARES, SOCIAIS, CULTURAIS E TERRITORIAIS) 7
historiador Wanderley Pinho, “o Governo promoveu festas e proclamou ao povo (23 de abril),
procurando esfriar o ardor antiportuguês da massa popular, ao lembrar ser o novo Imperador
príncipe brasileiro de nascimento.” Mas logo novas manifestações ocorreram. Além dos
pronunciamentos que pregavam o anti-lusitanismo, a indisciplina militar, a destituição de oficiais
portugueses, a partir de outubro de 1831 passava-se a aclamar “a Federação”. Iniciava-se a crise
federalista.
Em 1833, o descontentamento em relação à política centralizadora do Rio de Janeiro podia ser
percebido no ódio que os federalistas, defensores da autonomia provincial, devotavam a D.
Pedro I e aos portugueses. No dizer de Wanderley Pinho, o sentimento contra os portugueses, a
principiar por D. Pedro I, estava presente nos pronunciamentos e nos programas dos federalistas:
“O ex-imperador, tirano do Brasil, será fuzilado em qualquer parte desta Província se acaso
aparecer, e a mesma pena terão os que o pretenderem defender e admitir (...). Todo cidadão
brasileiro fica autorizado a matar o tirano ex-imperador D. Pedro I, como maior inimigo do Povo
Brasileiro (...).”
Em 1837, com a renúncia do Regente Feijó, considerado incapaz de conter os movimentos contra
o Governo Central, a insatisfação recrudesceu principalmente entre os militares e maçons da
Província baiana. Todo o processo de instabilidade pelo qual passava a Bahia, culminou com
o início da Sabinada, revolta liderada pelo médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira.
Ao contrário de outros movimentos do Período Regencial, não mobilizou as camadas menos
favorecidas e nem conseguiu a adesão das elites da Província, sobretudo os grandes proprietários
de escravos e de terras do Recôncavo.
A Sabinada contou com a participação dos representantes das camadas médias da população,
que desejavam manter a autonomia provincial conseguida com o Ato Adicional de 1834, e que,
sob a Regência Una de Araújo Lima, via-se ameaçada pela Lei Interpretativa que retirava as
liberdades concedidas anteriormente aos governos provinciais. A revolta foi precedida por uma
campanha desencadeada por meio de artigos publicados na imprensa, de panfletos distribuídos
nas ruas, e de reuniões em associações secretas como a maçonaria.
O estopim da rebelião foi a fuga de Bento Gonçalves, chefe da Farroupilha, do Forte do Mar, atual
Forte São Marcelo em Salvador, onde estava preso. Em novembro de 1837, os militares do Forte
de São Pedro rebelaram-se, conseguindo a adesão de outros batalhões das tropas do Governo.
Sob a liderança de Francisco Sabino e de João Carneiro da Silva Rego, os sabinos, como ficaram
conhecidos os revoltosos por causa do nome de seu líder principal, conseguiram controlar a
cidade de Salvador, por quase quatro meses. O presidente da Província e outras autoridades, ao
perceberem que não possuíam mais poder sobre as tropas, fugiram. Os sabinos proclamaram
uma República, que deveria durar até que D. Pedro de Alcântara, o príncipe herdeiro, assumisse
o trono brasileiro.
No entanto, a Sabinada ficou isolada em Salvador. Os revoltosos não conseguiram expandir o
movimento, pois não possuíam o apoio de outras camadas da população. A repressão veio logo:
no início de 1838, tropas regenciais chegaram à Bahia. Após o bloqueio terrestre e marítimo
de Salvador, as forças do Governo invadiram e incendiaram a cidade, obrigando os rebeldes a
saírem de seus esconderijos. Ajudadas pelos proprietários do Recôncavo, as tropas massacraram
os sabinos. Os que escaparam foram severamente punidos por um tribunal que, por sua grande
crueldade, ficou conhecido como “júri de sangue”.
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A FARROUPILHA
CARACTERÍSTICAS DA ECONOMIA DO RIO GRANDE DO SUL
Em 1835, no mesmo ano em que os cabanos tomaram pela primeira vez a cidade de Belém,
ocorria no extremo sul do Império uma outra revolta, a Guerra dos Farrapos, também conhecida
como a Farroupilha. Iniciada na Província do Rio Grande do Sul se alastrou pela vizinha Província
de Santa Catarina. Nenhuma revolução ocorrida no Brasil Monárquico durou tanto tempo:
durante uma década, de 1835 a 1845, os rebeldes lutaram contra as tropas do Governo.
Na América Portuguesa, por muito tempo, o extremo sul do Brasil ficara quase que abandonado.
Sem oferecer nenhum produto tropical que a metrópole pudesse explorar, manteve-se à margem
do mercado externo. Durante os séculos XVII e XVIII, missões religiosas jesuíticas espanholas
se estabeleceram no atual estado do Rio Grande do Sul, reunindo muitos índios. Destruídas
pelos bandeirantes paulistas em busca de indígenas que seriam vendidos como escravos, o gado
criado nessas missões ficou solto. Essa região, chamada pelos portugueses de Continente do
Rio Grande, foi, aos poucos, sendo ocupada por colonos que lá se fixaram e começaram a reunir
o gado que ficara disperso. A pecuária se desenvolveu e logo se tornou a principal atividade
econômica do sul da Colônia.
No século XVIII, as estâncias (fazendas) sulinas já abasteciam o mercado interno com mulas,
fundamentais para o transporte, e com o charque, carne salgada, que era a alimentação básica
dos escravos e da população mais pobre. Além disso, o surgimento das charqueadas permitiu
melhor aproveitamento do couro para a exportação.
A Capitania do Rio Grande de São Pedro, atual Rio Grande do Sul, sempre foi objeto de disputa
entre portugueses e espanhóis. Fazendo fronteira com territórios que pertenciam à Espanha,
sua população frequentemente se envolvia em conflitos. No livro “Um Certo Capitão Rodrigo”,
o escritor Érico Veríssimo relata como essas disputas afetavam a vida dos habitantes do
“Continente”: “Escuta o que vou lhe dizer, amigo. Nesta província a gente só pode ter como
certo uma coisa: mais cedo ou mais tarde rebenta uma guerra ou uma revolução (...). Que é que
adianta plantar, criar, trabalhar como um burro de carga? O castelhano está aí mesmo. Hoje é
Montevidéu. Amanhã, Buenos Aires. E nós aqui no Continente sempre acabamos entrando na
dança”.
O charque rio-grandense competia diretamente com os da Argentina e Uruguai. Os gaúchos,
que utilizavam mão-de-obra escrava, não tinham condições de concorrer com os platinos, que,
empregando técnicas mais modernas e trabalho assalariado, conseguiam uma produção maior,
com preços mais baixos. Assim, o charque gaúcho só podia concorrer com o platino nos períodos
em que havia guerras internas no Prata. Quando a produção platina se reorganizava, a economia
rio-grandense sofria grandes perdas.
Segundo o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, “Nestas ocasiões os produtores gaúchos
acusavam a política de tributos vigente no Brasil como responsável por seus malogros.
Acreditavam que o alto preço do sal e a taxação baixa do charque importado impediam a
concorrência do produto nacional com o estrangeiro, e julgavam que a manutenção desta
política devia-se aos interesses dos consumidores, das Províncias do Norte, de importarem
charque abundante e barato, ainda que isso custasse a ruína dos produtores nacionais (...). Não
eram capazes de ver claramente, entretanto que... não era o «custo material» da produção
brasileira do charque que a tornava incapaz de competir com a estrangeira, mas sim seu «custo
social», isto é, o peso da escravidão na produção de bens que deviam concorrer num mercado
competitivo».
PERÍODO REGENCIAL (ASPECTOS MILITARES, SOCIAIS, CULTURAIS E TERRITORIAIS) 9
Em 1842, Luís Alves de Lima e Silva, o Barão de Caxias, que acabara de esmagar a Balaiada, foi
nomeado presidente e chefe militar da Província do Rio Grande do Sul. Iniciando a chamada
política de pacificação, Caxias com o apoio de Bento Ribeiro, antigo líder dos farrapos,
aproveitou-se das divisões entre os rebeldes para fazer acordos em separado com seu chefes.
Além disso, conseguiu impedir que os farroupilhas continuassem a receber armamentos vindos
do Uruguai.
Em 1845 Caxias firmou com Davi Canabarro a Paz do Ponche Verde. Encerrava-se a Revolta
dos Farrapos. O acordo de paz foi muito vantajoso para os farroupilhas: anistia aos revoltosos;
integração dos oficiais rebeldes ao Exército Imperial com suas patentes; liberdade para os
escravos que haviam participado da guerra; taxação sobre o charque platino importado;
pagamento pelo Império das dívidas da guerra e indicação pelos farrapos do presidente de sua
Província.
Ao contrário do que ocorrera em outras Províncias, o tratamento dispensado aos rebeldes
do Sul foi bastante diferente. O Governo mais negociou e cedeu do que reprimiu. Afinal de
contas, os farrapos não deixavam de fazer parte da “boa sociedade”. Embora o movimento não
tenha realizado a federação, consolidou o poder dos estancieiros no Sul. Ainda em 1845, D.
Pedro II visitou o Rio Grande do Sul, concretizando a reaproximação entre os membros da “boa
sociedade”, os que governavam a casa - as estâncias - e o Estado - o Governo. Luís Alves de Lima
e Silva foi eleito senador pela Província, recebendo o título de Conde de Caxias.
SEGUNDO REINADO
2 SEGUNDO REINADO 3
LIBERAIS E CONSERVADORES
A política no Segundo Reinado foi marcada pela disputa entre o Partido Liberal e o Conservador.
Esses dois partidos defendiam quase os mesmos interesses, pois eram elitistas. Não por acaso, uma
das mais célebres frases de teor político dessa época concluía que nada poderia ser mais conserva-
dor do que um liberal no poder. Neste período o imperador escolhia o presidente do Conselho de
Ministros entre os integrantes do partido que possuía maioria na Assembleia Geral. Nas eleições
eram comuns as fraudes, compras de votos e até atos violentos para garantir a eleição.
potencial produtivo da agricultura. Inicia-se um projeto de incentivo à imigração que deveria ser
financiado com a dinamização da economia agrícola e regularizaria o acesso à terra. A Lei criava
grandes restrições para que ex-escravos e imigrantes se tornassem pequenos ou médios proprietários
e nenhuma nova sesmaria poderia ser concedida a um proprietário de terras ou seria reconhecida
a ocupação por meio da ocupação das terras.
As chamadas terras devolutas, que não tinham dono e não estavam sob os cuidados do Estado,
poderiam ser obtidas somente por meio da compra junto ao Governo. Uma série de documentos
falsos garantia e ampliava a posse de terras dos grandes fazendeiros e aquele que tivesse interesse
em possuir terras deveria dispor de grandes quantias. Dessa maneira, a Lei de Terras transformou a
terra em mercadoria, ao mesmo tempo em que garantiu a posse dela aos antigos latifundiários. Em
1850, após a promulgação da Lei de Terras, as autoridades locais pediram ao governo da Província
de Pernambuco o fim do aldeamento, alegando que os índios já eram caboclos, e a Lei de Terras de
1850 regulamentou questões relacionadas à propriedade privada da terra e à mão de obra agrícola,
atendendo aos interesses dos grandes fazendeiros cafeicultores da região Sudeste.
ͫ O quadro econômico
A herança colonial e o moderno durante o segundo reinado No decorrer do século XIX, prin-
cipalmente no período de 1850 a 1900, o Brasil viveu grandes transformações:
ͫ Cafeicultores
A riqueza do café fez dos cafeicultores a classe social mais poderosa da sociedade brasileira.
Eles passaram a exercer grande influência na vida econômica e política do país. A economia cafeeira
do século XIX dividia-se em dois setores básicos:
» Setor tradicional: faziam parte deste grupo os cafeicultores das fazendas de café
mais antigas, localizadas na Baixada Fluminense e no Vale do Paraíba.
» Setor moderno: composto de cafeicultores das fazendas de café de áreas mais recen-
tes, localizadas no oeste de São Paulo.
ͫ A elevação de impostos sobre importados
Em 1844, o ministro da Fazenda, Manuel Alves Branco decretou uma nova tarifa alfandegária
sobre os produtos importados. Essa tarifa aumentou o preço dos produtos importados, forçando
o consumidor brasileiro a procurar um produto semelhante nacional. Antes de 1844, os produto
importados pagavam só 15% sobre seu valor nas alfândegas brasileira. Com a Tarifa Alves Branco,
a maioria dos produtos importados tinha que pagar 30% de imposto. Mas se houvesse a fabricação
no Brasil de produto nacional semelhante, o artigo importado passava a pagar 60% de imposto.
POLÍTICA EXTERNA
O Brasil envolveu-se em alguns conflitos internacionais durante o Segundo Reinado. Com a
Inglaterra houve o episódio que ficou conhecido como Questão Christie. Os dois países chegaram
a romper relações diplomáticas (1863-1865). Para preservar interesses econômicos e políticos, o
império também entrou em luta contra os países platinos. Primeiro foi a Intervenção contra Oribe e
Rosas (1851-1852), presidentes do Uruguai e Argentina, respectivamente. Depois, a Guerra contra
Aguirre (1864-1865), presidente do Uruguai. Mas o conflito mais grave foi a Guerra do Paraguai.
ͫ Guerras no Prata
O Brasil sempre apoiou a independência de pequenos países, como o Paraguai e o Uruguai e,
dessa forma, assegurava sua hegemonia na região e o livre acesso às províncias do centro-oeste e
sudeste do continente. A ação do Brasil na região passou a ser militar a partir de 1851 e tinha por
objetivo atender aos interesses dos estancieiros e produtores de charque do Rio Grande do Sul.
Isso aumentaria a influência do governo central no sul do país.
As forças imperiais derrubaram Manuel Rosas, que ocupara o poder na Argentina após lutas
internas. Sua política de fortalecimento do país implicava o controle de todo o estuário do Prata
e a reincorporação do Paraguai, fato que ameaçava a livre navegação na região. Para o Brasil, isso
significava o fechamento do acesso ao seu interior. Na República do Uruguai, intensificou-se a disputa
pelo poder entre o grupo dos Colorados, formado por comerciantes de Montevidéu e comandado
por Rivera, e o dos Blancos, integrado por estancieiros e chefiado por Oribe. O Brasil acabou por
intervir no conflito interno, dando apoio a Rivera. Em contrapartida, Oribe contou com o apoio de
Rosas, o que lhe permitiu criar um governo rebelde no interior e sitiar a capital uruguaia.
Esse apoio representou o fim da soberania uruguaia, pois, em 1851, os tratados assinados
entre o governo de montevidéu e o do império do Brasil davam a este o direito de intervir no
Uruguai. Aproveitando-se das divergências internas da Argentina, o império brasileiro apoiou um
levante de Justo José Urquiza, caudilho e governador da província de Entre Rios, contra Rosas, o que
enfraqueceria seu aliado uruguaio, e em 1851 tropas brasileiras, aliadas às do argentino Urquiza,
invadiram o Uruguai e derrotaram Oribe. Depois, nova aliança foi realizada entre o Uruguai, o Brasil
e as províncias de Corrientes e Entre Rios, dessa vez para derrubar Rosas.
Comandando o “grande exército libertador da América”, Urquiza derrotou as forças de Rosas
na Batalha de Monte Caseros, mas a derrota de Rosas e Oribe não trouxe a paz desejada pelo
SEGUNDO REINADO: ASPECTOS MILITARES, SOCIAIS, CULTURAIS E TERRITORIAIS 5
Baratta, María Victoria. La guerra del Paraguay y la construcción de la identidad nacional. SB, 2019, 288p.
A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA
Uma exigência do capitalismo industrial e do desenvolvimento do país. A pressão político-mi-
litar da Inglaterra associada à pressão de políticos progressistas brasileiros determinaram que fosse
promulgada, em 4 de setembro de 1850, a lei Eusébio de Queirós. Com essa medida, o comércio
de escravos importados foi definitivamente reprimido.
ͫ As etapas da campanha abolicionista
Após a extinção do tráfico negreiro (1850), cresceu no país a campanha abolicionista, que
foi um movimento público pela libertação dos escravos. A abolição conquistou o apoio de vários
setores da sociedade brasileira: parlamentares, imprensa, militares, artistas e intelectuais. Mas
os defensores da escravidão ainda conseguiram sustentá-la por bom tempo. No Brasil, o sistema
escravista foi sendo extinto lentamente, de maneira a não prejudicar os proprietários de escravos.
As principais leis publicadas nesse sentido foram:
SEGUNDO REINADO: ASPECTOS MILITARES, SOCIAIS, CULTURAIS E TERRITORIAIS 7
» Lei do Ventre Livre (1871): declarava livres todos os filhos de escravos nascidos no
Brasil.
» Lei dos Sexagenários (1885): declarava livres os escravos com mais de 65 anos, o que
significava libertar os donos de escravos da “inútil” obrigação de sustentar alguns
raros negros velhos que conseguiram sobreviver à brutal exploração de seu trabalho.
Somente em 13 de maio de 1888, com a Lei Áurea promulgada pela princesa Isabel, filha de
D. Pedro II, a escravidão foi extinta no Brasil. Embora em algumas províncias como na do Ceará, a
abolição tenha acontecido de forma antecipada em 1881 e concluída em 1884, assim, a província
recebeu o epíteto de José do Patrocínio, de “Terra da luz”, sendo seu exemplo seguido pela província
do Amazonas (1881).
» Questão Abolicionista: Lei do Ventre Livre (1871); Lei dos Sexagenários (1885);
13 de maio de 1888: Lei Áurea promulgada pela princesa Isabel: a escravidão foi
extinta no Brasil.
» Questão Religiosa: bispos de Olinda e de Belém contra maçons D. Pedro II, influen-
ciado pela maçonaria, decidiu intervir na questão, solicitando aos bispos que sus-
pendessem as punições.
ͫ Política Interna
» Questão Republicana: Partido Republicano Paulista, fazendeiros de café de São
Paulo; contava com seguidores no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Rio Grande
do Sul.
» Questão Militar: depois da Guerra do Paraguai, o Exército brasileiro foi adquirindo
maior importância na sociedade. Os ideais republicanos contagiaram os oficiais,
divulgados por homens como o Coronel Benjamin Constant, professor da Escola
Militar do Rio de Janeiro.
O Fim do Segundo Império: a oposição de tantos setores da sociedade à Monarquia tornou
possível o sucesso do golpe político que instaurou a República no Brasil.
CRISE DA
MONARQUIA E
PROCLAMAÇÃO DA
REPÚBLICA
2
CRISE DA MONARQUIA
QUESTÃO RELIGIOSA
Durante todo o Império, a Igreja Católica foi uma das bases do governo, pois grande parte do
clero ocupava altos cargos. Além disso, a Constituição de 1824 havia instaurado no Brasil a união
entre Igreja e Estado. Ao imperador, por exemplo, era facultado o direito ao Padroado (prerrogativa
de preencher os cargos eclesiásticos mais importantes) e ao Beneplácito (aprovação das ordens e
bulas papais para que fossem cumpridas, ou não, em território nacional). O Governo ficava encar-
regado de sustentar o clero, pagando seus salários, patrocinando construções de igrejas etc.
Em 1864, o papa Pio IX decretou uma bula (bula papal “Syllabus” - 1864) e o Concílio Vaticano
1° (1869-1870) consagrou a doutrina do ultramantonismo, defendida pelo papa Pio 9º. Em linhas
gerais, essa doutrina postulava a infalibilidade do papa e combatia as ideias e instituições que
defendiam a secularização e o anticlericalismo) que determinava, entre outras coisas, que todos os
católicos envolvidos com a maçonaria fossem imediatamente excomungados pela Igreja. O anúncio
atingia diretamente D. Pedro II, que fazia parte da instituição. Valendo-se dos poderes garantidos
pelo padroado, o imperador não reconheceu o valor da ordem dada pelo papa. Inicialmente, a
medida não teve maiores repercussões, visto que a maioria dos religiosos no Brasil apoiava incon-
dicionalmente o regime monárquico.
CRISE DA MONARQUIA E PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA 3
QUESTÃO ABOLICIONISTA
Um exigência do capitalismo industrial e do desenvolvimento do país. A pressão político-mili-
tar da Inglaterra associada à pressão de políticos progressistas brasileiros determinaram que fosse
promulgada, em 4 de setembro de 1850, a lei Eusébio de Queirós. Com essa medida, o comércio
de escravos importados foi definitivamente reprimido.
Após a extinção do tráfico negreiro (1850), cresceu no país a campanha abolicionista, que
foi um movimento público pela libertação dos escravos. A abolição conquistou o apoio de vários
setores da sociedade brasileira: parlamentares, imprensa, militares, artistas e intelectuais. Mas
os defensores da escravidão ainda conseguiram sustentá-la por bom tempo. No Brasil, o sistema
escravista foi sendo extinto lentamente, de maneira a não prejudicar os proprietários de escravos.
As principais leis publicadas nesse sentido foram:
» Lei do Ventre Livre (1871): declarava livres todos os filhos de escravos nascidos no
Brasil.
» Lei dos Sexagenários (1885): declarava livres os escravos com mais de 65 anos, o que
significava libertar os donos de escravos da “inútil” obrigação de sustentar alguns
raros negros velhos que conseguiram sobreviver à brutal exploração de seu trabalho.
Somente em 13 de maio de 1888, com a Lei Áurea promulgada pela princesa Isabel, filha de
D. Pedro II, a escravidão foi extinta no Brasil. Embora em algumas províncias como na do Ceará, a
abolição tenha acontecido de forma antecipada em 1881 e concluída em 1884, assim, a província
recebeu o epíteto de José do Patrocínio, de “Terra da luz”, sendo seu exemplo seguido pela província
do Amazonas (1881).
QUESTÃO MILITAR
Durante o século XIX o Brasil se envolveu em várias guerras, em disputas por territórios e confli-
tos de interesses com Argentina, Paraguai, Bolívia, Uruguai. A atuação do Exército foi determinante
na preservação do território e os conflitos tiveram importância na formação de um sentimento
nacional contra inimigos externos. No entanto, principalmente após a Guerra do Paraguai (1864 a
1870), cresce o sentimento entre os militares de que sua importância não estava sendo reconhecida,
bem como as condições de trabalho e remuneração seriam inadequadas.
Durante o Império havia sido aprovado o projeto montepio, pelo qual as famílias dos militares
mortos ou mutilados na Guerra do Paraguai recebiam uma pensão. A guerra terminara em 1870
e, em 1883 o montepio ainda não estava pago. O tenente-coronel Sena Madureira foi designado
para defender os direitos dos militares perante o Governo. Sena Madureira, no entanto, após se
pronunciar pela imprensa atacando o projeto montepio, foi punido. A partir deste episódio os mili-
tares foram proibidos de dar declarações à imprensa sem prévia autorização imperial.
O descaso que alguns políticos e ministros conservadores tinham pelo Exército levava-os a
punir elevados oficiais, por motivos qualificados como indisciplina militar. As punições disciplina-
res conferidas ao tenente-coronel Sena Madureira e ao coronel Ernesto Augusto da Cunha Matos
provocaram revolta em importantes chefes do Exército, como o Marechal Deodoro da Fonseca. A
4
insatisfação dos militares com o governo, somadas às ideias positivistas e à movimentação repu-
blicana viria a gerar o cenário para o fim do regime monárquico no Brasil em 1889.
QUESTÃO REPUBLICANA
Os ideais republicanos existiam no Brasil desde a colônia, aparecendo em episódios como
a Inconfidência Mineira, a Revolução Pernambucana de 1817 e a Confederação do Equador, em
1824. Com a Guerra do Paraguai, o imperador perdeu a força política, e o movimento republicano
começou a ganhar vulto. O Manifesto Republicano, de cuja redação Quintino Bocaiúva participou
ativamente, foi publicado no primeiro número do Jornal A Revolução, transformando-se no ideá-
rio básico do movimento, que ganhou a adesão de intelectuais e, a partir de 1878, dos militares
descontentes com a Monarquia.
SUMÁRIO
ERA VARGAS: ESTADO NOVO ....................................................................................................................... 2
ESTADO NOVO (1937-1945) ..................................................................................................................... 2
GOLPE DE ESTADO (1937) .................................................................................................................... 2
CONSTITUIÇÃO DE 1937 ....................................................................................................................... 2
ESTRUTURA POLÍTICA DO ESTADO NOVO ............................................................................................. 3
CONTROLE DA CLASSE TRABALHADORA ............................................................................................... 3
ECONOMIA NO ESTADO NOVO............................................................................................................. 3
BRASIL E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL ............................................................................................. 3
FIM DO ESTADO NOVO E REDEMOCRATIZAÇÃO ................................................................................... 4
QUEREMISMO...................................................................................................................................... 5
Constituição de 1937
Foi outorgada por Vargas e deveria ser realizado um plebiscito para aprová-la, o que
nunca aconteceu. Essa Constituição ficou conhecida como polaca, pelo fato de seu elaborador,
Francisco Campos — um dos colaboradores pessoais de Vargas — ter-se inspirado na
Constituição autoritária da Polônia. Estabeleceu-se uma grande concentração do poder nas
mãos do Executivo com a anulação do Poder Legislativo. A iniciativa de elaborar as leis ficou
com o “Presidente”, permitindo-lhe governar por Decretos-Leis. Eram concedidos ao
Presidente da República e o houve a extinção do cargo de Vice Presidente.
Artigo 1º. “(...) O Governo Federal intervirá nos estados, mediante a nomeação, pelo
presidente, de um interventor, que assumirá no Estado as funções que, pela sua Constituição,
competirem ao Poder Executivo (...)”.
Queremismo
Vargas estava organizando o Queremismo, movimento que realizava grandes
manifestações de operários e pregava a redemocratização do país, mas mantendo Getúlio no
poder. Até mesmo alguns militantes comunistas aderiram ao movimento queremista. Com a
queda pacífica de Vargas em outubro de 1945, a Presidência do país passou a ser exercida por
José Linhares, ministro que presidia o Supremo Tribunal Federal. Vargas retirou-se para sua
fazenda em São Borja, no Rio Grande do Sul, e as eleições de 2 de dezembro de 1945 deram a
vitória ao Marechal Dutra, candidato da coligação PSD-PTB e ex-ministro da guerra durante o
Estado Novo.
SUMÁRIO
ERA VARGAS: ............................................................................................................................................... 2
GOVERNOS PROVISÓRIO E CONSTITUCIONAL .............................................................................................. 2
GOVERNO PROVISÓRIO (1930-1934) ........................................................................................................ 2
REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA (SÃO PAULO, 1932) ...................................................................... 2
CONSTITUIÇÃO DE 1934 ....................................................................................................................... 3
GOVERNO CONSTITUCIONAL (1934-1937)................................................................................................ 3
AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA ......................................................................................................... 4
ALIANÇA NACIONAL LIBERTADORA ...................................................................................................... 4
INTENTONA COMUNISTA ..................................................................................................................... 4
PLANO COHEN ..................................................................................................................................... 4
ERA VARGAS:
GOVERNOS PROVISÓRIO E CONSTITUCIONAL
GOVERNO PROVISÓRIO (1930-1934)
Um novo tipo de Estado
nasceu após 1930, distinguindo-se
do Estado Oligárquico não apenas
pela centralização como também
pela atuação econômica, voltada
para o objetivo de promover a
industrialização: promover
mudanças sociais, com o intuito de
dar proteção aos trabalhadores
urbanos, o que desencadeou uma
migração campo-cidade (êxodo
rural). Ampliou o papel central
atribuído às Forças Armadas como suporte da criação de uma indústria de base, e sobretudo
como fator de garantia da ordem interna. O Estado Getulista promoveu o capitalismo nacional,
tendo como base o aparelho do Estado e as Forças Armadas e contando na sociedade com uma
aliança entre burguesia industrial e setores da classe trabalhadora urbana.
Pela urgência em estruturar esta nova realidade política foram nomeados novos
governadores denominados interventores, geralmente políticos ligados ao Estado ou tenentes
rebeldes. Esse último grupo representava um setor provido de visões nacionalistas e desejosas
de modernização, mas desprovido de clareza ideológica. O governo era exercido por Decretos-
Leis, não havia uma Constituição e o congresso Nacional, as Assembleias Legislativas e as
Câmaras Municipais estavam fechados. A partir de 1932, Vargas começou a se aproximar dos
políticos afastando-se cada vez mais dos tenentes, pelo fato de estes demorarem para tomar um
posicionamento político. Foi iniciada uma política de valorização do café, e o Governo Federal
passava a cobrar impostos sobre o café exportado e comprava o excedente da produção cafeeira
para depois queimá-lo. Reduzindo a quantidade do produto no mercado, a tendência era ter seu
preço aumentado.
Mary Del Priore. In: "Uma Breve História do Brasil”. Planeta, 2010, p. 250.
A Revolução de 1930 excluiu a velha elite cafeeira de São Paulo do poder e a valorização
do café foi uma tentativa de se aproximar dos políticos paulistas. Vargas se aproximou dos
industriais paulistas, mas os anúncios de que seriam criadas leis trabalhistas no país fizeram
com que os industriais de São Paulo se afastassem do governo. O Governo Federal nomeou um
militar pernambucano como interventor de São Paulo. Foi fundada a Frente Única Paulista que
exigia a redemocratização do país e o retorno de uma Constituição. Estudantes realizaram uma
manifestação contrária ao governo, mas foram dispersos a tiros pela polícia, ocasionando a
morte de manifestantes. Em 9 de julho de 1932, explodiu a Revolução Constitucionalista, cujo
símbolo era a bandeira paulista com as letras MMDC, iniciais dos nomes dos estudantes mortos
pela polícia — Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Desprovido de treinamento e de armas
adequadas, o exército paulista foi derrotado e seus principais líderes acabaram sendo exilados.
Em 1933, foi convocada uma Assembleia Constituinte, cujos trabalhos culminaram na
promulgação da Constituição de 1934.
Constituição de 1934
Inspirada nas Constituições Alemã, de 1919, e Espanhola, de 1931, foi concebida em um
momento de lutas sociais. A Constituição promulgada em 1934 introduziu novos direitos,
sobretudo na área social, como o direito de voto para as mulheres, bem como instaurado o voto
secreto. As mulheres já votavam desde 1932, porém, somente as solteiras e viúvas e que
possuíssem renda própria e as casadas desde que tivessem autorização dos maridos, de acordo
com o Código Eleitoral de 32. O Código Eleitoral de 1934 eliminou estas restrições, porém,
permaneceu facultativo e só se tornou obrigatório, como o masculino, em 1946. Dois terços da
população — os analfabetos, soldados e religiosos — ainda foram excluídos do direito do voto.
Essa carta também aumentou a intervenção do Estado na economia e na política,
estabelecendo monopólios e a compra (nacionalização) de empresas estrangeiras no Brasil. Ela
incorporou as leis trabalhistas decretadas por Getúlio desde 1930. A aprovação de direitos
trabalhistas envolvia a regulamentação da jornada de trabalho de 8 horas, trabalho de mulheres
e crianças, férias anuais remuneradas e previdência social. Foi instituída a carteira profissional
obrigatória para registro do empregado.
A Carteira de Trabalho serviu como instrumento de controle do operário pelo governo.
Associação sindical única por categoria foi instaurada. Aumentou a proteção ao trabalhador,
assim como o controle, pois os sindicatos tinham que ser autorizados pelo Ministério do
Trabalho. Garantia total liberdade de crença, de reunião, de associação política e de imprensa.
Foram criadas, ainda, a Justiça Eleitoral, a Justiça do Trabalho e a Militar. Previa a mudança da
capital para uma área central do Brasil, porém, o Distrito Federal, isto é, a sede do governo,
continuava sendo a cidade do Rio de Janeiro.
que acaba levando Vargas a ser conhecido pela alcunha de pai dos pobres. A crise de 1929
favoreceu os regimes ditatoriais de direita que culpam a democracia pela tragédia financeira.
Intentona Comunista
Apesar da grande falta de estrutura e de comunicação em novembro de 1935, teve início
a Intentona Comunista. O movimento, envolvendo somente quartéis, redundou em um grande
fracasso, levando os envolvidos à prisão. Vargas passou a governar em estado de sítio até 1937
e criou o Tribunal de Segurança Nacional e a Comissão Nacional de Repressão ao Comunismo.
O número de presos políticos aumentou consideravelmente, levando para as prisões qualquer
tipo de opositor, independentemente de ser ou não defensor do Comunismo.
Plano Cohen
Para concretizar um autogolpe, foi arquitetado o Plano Cohen, com grande participação
do próprio Presidente e de seu Ministro da Justiça, Francisco Campos. Tratou-se de um
documento apócrifo, em que se colocava um suposto Plano de Implantação do Comunismo no
País, o qual teria sido encontrado pelo Capitão Olímpio Mourão Filho em 30 de outubro de 1937.
O plano serviu como argumento para que as eleições fossem suspensas, o Congresso Nacional
fosse fechado, os partidos políticos colocados fora da lei e uma nova Constituição outorgada,
instalando-se a ditadura do Estado Novo. Getúlio Vargas continuava no comando político do
país.
A política brasileira estava centrada em três principais partidos, entre os quais orbitavam
menores siglas; os três grandes eram:
▪ PTB, Partido Trabalhista Brasileiro, visto como o representante das classes mais
baixas e humildes da sociedade, bem como da baixa classe média.
▪ PSD, Partido Social Democrático, cujos representantes estavam alinhados aos
interesses da alta classe média, proprietários rurais e membros do alto escalão do
funcionalismo público.
▪ UDN, União Democrática Nacional, partido visto como defensor das classes em
posição mais acima na pirâmide social brasileira, e de orientação liberal-
conservadora.
Em geral, os dois primeiros, PTB e PSD, costumavam se unir à época das eleições, pois seus
programas tinham mais pontos coincidentes entre si, em detrimento da UDN. Além disso, os dois
partidos foram criados por Getúlio Vargas perto do fim do Estado Novo, para compor o novo
cenário democrático que se aproximava.
Constituição de 1946
O governo aos poucos conquistava a antipatia da UDN, dos militares e de Carlos Lacerda.
Em 1954, foi proposto o aumento de 100% do salário mínimo, o que deixou assustado alguns
setores econômicos e políticos. Em suma, Vargas aplicou uma política nacionalista, que
priorizava o capital nacional, em detrimento do estrangeiro, como a criação da Petrobras, o que
incomodava os setores liberais. Com o episódio do Atentado da Rua Toneleiros, Getúlio se
desestabilizou completamente (houve manifestos de militares pedindo sua renúncia), e em 24
de agosto o presidente se suicidou, deixando um séquito de admiradores enfurecidos.
GOVERNO JK (1954-1961)
SUMÁRIO
PERÍODO DEMOCRÁTICO .................................................................................................................................. 2
GOVERNO JK (1954-1961) ......................................................................................................................... 2
GOVERNO JÂNIO QUADROS (1961, SÓ ATÉ AGOSTO) .............................................................................. 2
GOVERNO JANGO (1961 – 1964) ............................................................................................................... 3
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 3
PERÍODO DEMOCRÁTICO
GOVERNO JK (1954-1961)
EXERCÍCIOS
01. É principalmente a partir de Getúlio Vargas (1930-45 e 1950-54) que o fenômeno
entendido como industrialização passa a ser uma preocupação incentivada e
sistematizada pelo Estado. Num segundo momento é Juscelino Kubitschek − JK (1956-
61) que retoma e acelera o processo.
a) Embora todos os presidentes eleitos no período tenham tomado posse, ocorreram diversas
tentativas de golpe e de anulação de eleições.
b) A despeito do contingente eleitoral ter aumentado significativamente, uma ampla parcela da
população composta por analfabetos não tinha direito ao voto.
c) Diversos jornais com distintas orientações políticas e partidárias mantinham expressiva
circulação e buscavam aproximar-se do grande público.
d) A participação do Partido Comunista do Brasil (PCB) em todos os pleitos eleitorais evidencia
a livre organização partidária então vigente.
e) Instrumentos de combate às fraudes e coação eleitorais como a cédula única oficial,
instituída em 1955, visavam a garantir o livre exercício do voto.
01 02 03
C B D
SUMÁRIO
O REGIME MILITAR – PARTE 1 ........................................................................................................................... 2
GOVERNO CASTELO BRANCO (1964-1967) ............................................................................................... 2
GOVERNO COSTA E SILVA (1967-1969) ..................................................................................................... 3
GOVERNO DA JUNTA MILITAR (31/08/1969 - 30/10/1969) ...................................................................... 5
GOVERNO MÉDICI (1969-1974) ................................................................................................................. 5
CRISE DO REGIME MILITAR............................................................................................................................ 6
MILAGRE ECONÔMICO .................................................................................................................................. 7
Ele ficaria no cargo durante 13 dias, empossado, mas sem pode real. O General Costa e
Silva se autodenomina comandante do Exército Nacional e cria o “comando supremo da
revolução”. Após a cassação de 40 parlamentares, entre eles Leonel Brizola, o Congresso se
encarregaria de eleger o novo presidente, fato que se deu no dia 11. O ex-Chefe do Estado Maior
do governo de Goulart, o general Castello Branco, é eleito sem dificuldades, dando início ao
processo de consolidação dos militares no poder.
“A intervenção dos militares obteve êxito justamente porque estava respaldada nas
aspirações de milhões de brasileiros — a despeito de toda infiltração e propaganda
comunista na sociedade, já naquela época. A população brasileira, em sua maioria apoiava a
ação dos militares porque estavam com medo do comunismo; porque sabia que, se esse
regime fosse estabelecido no país, os valores democráticos seriam solapados; que as bases
morais da família tradicional estariam em perigo; que as liberdades individuais seriam
abolidas; que o governo autoritário e violento produziria uma carnificina. Basta olhar para o
mundo e ver o que estava acontecendo, por exemplo, na União Soviética, na China ou em
Cuba.”
Itamar Flávio da Silveira. In: “Golpe de 1964 - O que os livros de história não
contaram”. Editora Peixoto Neto, 2016, p. 15.
Em junho de 1965, foi promulgada a “Lei de Greve”, que tramitava havia catorze anos no
Congresso. Representou uma vitória do novo governo, essa vitória teve apoio do Congresso,
considerando que o relator do projeto foi o Deputado Ulysses Guimarães (PSD), já bastante
alinhado com o governo revolucionário. O “Clube de Paris” (países credores do Brasil),
mediante a implantação do Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG), que tinha como
principal objetivo combater a inflação, que em 1964 já orbitava na esfera de 89,5%, escalonou
70% da dívida que venceria em 1965, isso deu um novo fôlego econômico ao governo que agora
se iniciara.
Luís Viana Filho. In: “O governo Castello Branco”. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975,
p. 96 (com adaptações).
“Em primeiro lugar, é necessário lembrar que defender a revolução imediata nem
sempre implica pegar em armas. Os agrupamentos de esquerda que assim agiram,
geralmente adotaram o princípio do foquismo, teoria elaborada a partir do exemplo da
revolução cubana, em que um pequeno grupo guerrilheiro inicia um processo revolucionário
no campo. para tanto, primeiramente, são necessários recursos financeiros. Em 1967, inicia-
se uma série de roubos a bancos por parte dos grupos guerrilheiros, processo que se arrasta
até o início dos anos 1970 e resulta em cerca de trezentos assaltos (ou, como dizia na época,
desapropriação revolucionária), com arrecadação de mais 2 milhões de dólares. Na prática, a
guerrilha — salvo no caso do Araguaia — não se estende ao campo. À medida que o sistema
repressivo realiza prisões, o emprego sistemático da tortura faz com que mais
revolucionários são capturados. Em 1969, a própria dinâmica do movimento guerrilheiro é
alterada, passando a ter como objetivo resgatar os companheiros das masmorras dos
militares. Os assaltos a banco vão dando lugar a sequestros — dentre os quais os dos
Mary Del Priore. In: "Uma Breve História do Brasil”. Planeta, 2010, p. 282-83.
ATOS INSTITUCIONAIS
• AI-1 (09/04/1964): Modifica a Constituição do Brasil de 1946 quanto à eleição, ao mandato e aos
poderes do Presidente da República; confere aos Comandantes-em-chefe das Forças Armadas o
poder de suspender direitos políticos e cassar mandatos legislativos, excluída a apreciação judicial
desses atos; e dá outras providências.
• AI-2 (27/10/1965): Modifica a Constituição do Brasil de 1946 quanto ao processo legislativo, às
eleições, aos poderes do Presidente da República, à organização dos três Poderes; suspende
garantias de vitaliciedade, inamovibilidade, estabilidade e a de exercício em funções por tempo
certo; exclui da apreciação judicial atos praticados de acordo com suas normas e Atos
Complementares decorrentes; Estabelece o bipartidarismo e dá outras providências.
• AI-3 (5/2/1966): Dispõe sobre eleições indiretas nacionais, estaduais e municipais; permite que
Senadores e Deputados Federais ou Estaduais, com prévia licença, exerçam o cargo de Prefeito de
capital de Estado; exclui da apreciação judicial atos praticados de acordo com suas normas e Atos
Complementares decorrentes.
• AI-4 (12/12/1966): convoca o Congresso Nacional para discussão, votação e promulgação do
Projeto de Constituição apresentado pelo Presidente da República e dá outras providências.
• AI-5 (13/12/1968): Suspende a garantia do habeas corpus para determinados crimes; dispõe
sobre os poderes do Presidente da República de decretar: estado de sítio, nos casos previstos na
Constituição Federal de 1967; intervenção federal, sem os limites constitucionais; suspensão de
direitos políticos e restrição ao exercício de qualquer direito público ou privado; cassação de
mandatos eletivos; recesso do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e das Câmaras de
Vereadores; exclui da apreciação judicial atos praticados de acordo com suas normas e Atos
Complementares decorrentes; e dá outras providências.
• AI-6 (01/02/1969): Dá nova redação aos artigos 113, 114 e 122 da Constituição Federal de 1967;
ratifica as Emendas Constitucionais feitas por Atos Complementares subsequentes ao Ato
Institucional nº 5; exclui da apreciação judicial atos praticados de acordo com suas normas e Atos
Complementares decorrentes; e dá outras providências.
• AI-7 (26/02/1969): Estabelece normas sobre remuneração de Deputados Estaduais e Vereadores;
dispõe sobre casos de vacância de cargos de Prefeito e Vice-Prefeito; suspende quaisquer eleições
parciais para cargos executivos ou legislativos da União, dos Estados, dos Territórios e dos
Municípios; exclui da apreciação judicial atos praticados de acordo com suas normas e Atos
Complementares decorrentes; e dá outras providências.
• AI-8 (02/04/1969): Atribui competência para realizar Reforma Administrativa ao Poder Executivo
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios de população superior a duzentos mil habitantes;
e dá outras providências.
• AI-9 (25/04/1969): Dá nova redação ao artigo 157 da Constituição Federal de 1967, que dispõe
sobre desapropriação de imóveis e territórios rurais.
• AI-10 (16/05/1969): Dispõe sobre as consequências da suspensão dos direitos políticos e da
cassação dos mandatos eletivos federais, estaduais e municipais; e dá outras providências.
• AI-11 (14/08/1969): Dispõe sobre o tempo de mandato dos Prefeitos, Vice-Prefeitos e Vereadores
e sobre as eleições para esses cargos no dia 30 de novembro de 1969; extingue a Justiça da Paz
eletiva; exclui da apreciação judicial atos praticados de acordo com suas normas e Atos
Complementares decorrentes.
• AI-12 (01/09/1969): Confere aos Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica
Militar as funções exercidas pelo Presidente da República, Marechal Arthur da Costa e Silva,
enquanto durar sua enfermidade; exclui da apreciação judicial atos praticados de acordo com suas
normas e Atos Complementares decorrentes.
• AI-13 (05/09/1969): Dispõe sobre o banimento do território nacional de brasileiro inconveniente,
nocivo ou perigoso à segurança nacional, mediante proposta dos Ministros de Estado da Justiça, da
Marinha de Guerra, do Exército ou da Aeronáutica Militar; exclui da apreciação judicial atos
praticados de acordo com suas normas e Atos Complementares decorrentes.
• AI-14 (05/09/1969): Dá nova redação ao artigo 15, §11 da Constituição Federal de 1967; garante
a vigência de Atos Institucionais, Atos Complementares, leis, decretos-leis, decretos e
regulamentos que dispõem sobre o confisco de bens em casos de enriquecimento ilícito; exclui da
apreciação judicial atos praticados de acordo com suas normas e Atos Complementares
decorrentes.
• AI-15 (11/09/1969): Dá nova redação ao artigo 1º do Ato Institucional nº 11, de 14 de agosto de
1969, que dispõe sobre as eleições para Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores dos Municípios; exclui
da apreciação judicial atos praticados de acordo com suas normas e Atos Complementares
decorrentes.
• AI-16 (14/10/1969): Declara vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República;
dispõe sobre eleições e período de mandato para esses cargos; confere a Chefia do Poder Executivo
aos Ministros militares enquanto durar a vacância; exclui da apreciação judicial atos praticados de
acordo com suas normas e Atos Complementares decorrentes; e dá outras providências.
• AI-17 (14/10/1969): Autoriza o Presidente da República a transferir para reserva, por período
determinado, os militares que haja atentado ou venham a atentar contra a coesão das Forças
Armadas.
Gravemente doente, o presidente é substituído por uma Junta Militar formada pelos
ministros Aurélio de Lira Tavares (Exército), Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Sousa
e Melo (Aeronáutica). O vice-presidente, o civil Pedro Aleixo, é impedido de tomar posse. A
Aliança de Libertação Nacional (ALN) e o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8),
grupos de esquerda, sequestram no Rio o embaixador norte-americano Charles Elbrick.
Ele é trocado por 15 presos políticos mandados para o México. Os militares respondem
com a decretação da Lei de Segurança Nacional (18 de setembro) e com a Emenda
Constitucional No 1 (17 de outubro), que na prática é uma nova Constituição, com a figura do
banimento do território nacional e a pena de morte nos casos de “guerra psicológica adversa,
ou revolucionária, ou subversiva”. Ainda no final de 1969, o líder da ALN, Carlos Marighella, é
morto em São Paulo pelas forças da repressão.
Após o afastamento de Costa e Silva por motivos de saúde, em outubro de 1969 o nome de Médici foi
indicado pelo alto comando do Exército para assumir o posto de presidente da república. O general assume
um Brasil já repressivo, em virtude das medidas de seu antecessor, e endurece ainda mais o regime.
Baseado nisso, o governo de Emílio Médici ficou marcado por graves denúncias de tortura contra presos
políticos e estudantes. Neste período, foi registrado o maior número de mortos pela ditadura militar
brasileira. Em contrapartida, o grande comercial das benesses do governo foi o chamado “milagre
econômico”. O Produto Interno Bruto (PIB) aumentou muito e a classe média viu sua renda ampliar
consideravelmente. Por conta dos amplos incentivos, muitas multinacionais se instalaram aqui. Houve
também a criação de algumas estatais, como a Infraero e a Embrapa. Às custas de um aumento estrondoso
da dívida externa, nessa época foram construídas grandes obras brasileiras, como a Ponte Rio-Niterói, a
refinaria de Paulínia e a hidrelétrica de Ilha Solteira.
Junta Militar para ser o novo presidente e comanda o mais duro governo da ditadura, no
período conhecido como os anos de chumbo. A luta armada intensifica-se e a repressão policial-
militar cresce ainda mais. Ela é acompanhada de severa censura à imprensa, espetáculos, livros,
músicas etc. Atingindo políticos, artistas, editores, professores, estudantes, advogados,
sindicalistas, intelectuais e religiosos. Espalham-se pelo país os centros de tortura do regime,
ligados ao Destacamento de Operações e Informações e ao Centro de Operações de Defesa
Interna (DOI-CODI). A guerrilha urbana cede terreno rapidamente nas capitais, tenta afirmar-
se no interior do país, como no Araguaia, mas acaba enfraquecida e derrotada.
O governo Médici foi marcado pelo recrudescimento, perseguição e morte dos dissidentes
do governo militar, muitos sumiram e outros morreram, e mais centenas foram torturados ou
banidos da terra pátria. Tudo isso acontecia embalado pelo sonho do país gigante; grandes
obras, muitas obras questionáveis e não raramente identificadas pelo como “faraônicas”. É
inquestionável que grandes obras, como a criação de Itaipu, foram e são fundamentais para o
desenvolvimento econômico do país, mas a que preço? A sociedade que não se alinhava com as
ações do regime, é reprimida e desaparecia com muita frequência, a constância dessas ações e
a repressão que tem seus anos mais evidentes dentro do governo Médici, que se respaldava no
crescimento econômico, com dinheiro emprestado.
MILAGRE ECONÔMICO
O endurecimento político é respaldado pelo milagre econômico, que vai de 1969 a 1973.
O produto interno bruto (PIB) cresce a quase 12% ao ano, e a inflação média anual não
ultrapassa 18%. O Estado arrecada mais, faz grandes empréstimos e atrai investimentos
externos para projetos de grande porte no setor industrial, agropecuário, mineral e de
infraestrutura. Alguns desses projetos, por seu custo e impacto, são chamados de faraônicos,
como a construção da rodovia Transamazônica e da Ponte Rio-Niterói. O governo do general
terminou em 15 de março de 1974, quando o também general, Ernesto Geisel, assume o posto
de Presidente da República.
SUMÁRIO
O REGIME MILITAR ............................................................................................................................................ 2
GOVERNO GEISEL (1974-1979) .................................................................................................................. 2
GOVERNO FIGUEIREDO (1979-1985)......................................................................................................... 3
QUADRO SUCESSÓRIO DA REPÚBLICA MILITAR AUTORITÁRIA................................................................. 4
O REGIME MILITAR
GOVERNO GEISEL (1974-1979)
O general Ernesto Geisel enfrenta dificuldades que marcam o fim do milagre econômico e
ameaçam a estabilidade do Regime Militar. A crise internacional do petróleo contribui para uma
recessão mundial e o aumento das taxas de juro, além de reduzir muito o crédito, põe a dívida
externa brasileira em um patamar crítico. O presidente anuncia então a abertura política lenta,
gradual e segura e nos bastidores procura afastar os militares da linha dura, encastelados nos
órgãos de repressão e nos comandos militares.
A oposição se fortalece e nas eleições de novembro de 1974, o MDB conquista 59% dos
votos para o Senado, 48% para a Câmara dos Deputados e ganha em 79 das 90 cidades com
mais de 100 mil habitantes. A censura à imprensa é suspensa em 1975. A linha dura resiste à
liberalização e desencadeia uma onda repressiva contra militantes e simpatizantes do
clandestino Partido Comunista Brasileiro (PCB). Em outubro de 1975, o jornalista Vladimir
Herzog é assassinado em uma cela do DOI-CODI do 2º Exército, em São Paulo.
Mary Del Priore. In: "Uma Breve História do Brasil”. Planeta, 2010, p. 287.
O crescimento da oposição nas eleições de 1978 acelera a abertura política. O general João
Baptista Figueiredo concede a anistia aos acusados ou condenados por crimes políticos. O
processo, porém, é perturbado pela linha dura. Figuras ligadas à Igreja Católica são
sequestradas e cartas-bomba explodem nas sedes de instituições democráticas, como a Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB). O episódio mais grave é um mal-sucedido atentado terrorista
promovido por militares no centro de convenções do Riocentro, no Rio, em 30 de abril de 1981.
Em dezembro de 1979, o governo modifica a legislação partidária e eleitoral e restabelece o
pluripartidarismo. A Arena transforma-se no Partido Democrático Social (PDS), e o MDB torna-
se o PMDB. Outras agremiações são criadas, como o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido
Democrático Trabalhista (PDT), de esquerda, e o Partido Popular (PP), de centro-direita.
• ESG (ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA) – formou uma classe dirigente, uma elite militar e civil.
GERAIS
• AI-1: mantém a
Constituição e dá poderes ao
Executivo.
• 1967: Constituição.
• Equipe econômica: H.
• Doutrina da
Beltrão e Delfim Neto.
interdependência. • Plano de Integração Nacional.
• Projeto Rondon.
• FGTS/BNH/INPS. • INCRA/PROTERRA/PRORURAL.
• FUNAI. • Transamazônica/Cuiabá/Santarém.
• Recessão.
• SUFRAMA. • PIS/PASEP.
• Arrocho salarial.
• Média do PIB: 3,5%. • Média da inflação: 23,3%. • Mar territorial de 200 milhas.
• Guerrilhas urbanas e
• Críticas ao governo feitas rurais da esquerda.
• Guerrilhas no Araguaia (PC do B).
pela Igreja e UNE. • Atos terroristas da
• Concentração de renda.
SOCIEDADE
extrema direita.
• Frente ampla liderada por
Carlos Lacerda. • Aumento da oferta de emprego.
• Movimento estudantil.
• Cassações de mandatos. • Sequestros de aviões.
• Greves.
• Prisões. • Atividades do Esquadrão da Morte.
• Extinção da Frente Ampla
e cassação de Lacerda.
• POLÍTICA DE SEGURANÇA NACIONAL: objetivava criar um planejamento global da vida econômica, política e
social do Brasil. Fortalecimento do Poder Executivo que pode legislar através de decretos-leis e atos institucionais
(ao todo, 17). Redução da participação política do Legislativo e do eleitorado.
• LINHA DURA: atitudes políticas intransigentes e radicais; anticomunista e defensora das empresas estatais.
1974 1979
1985
SUMÁRIO
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL .................................................................................................................................. 2
AS TRÊS FASES DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ............................................................................................ 2
CAUSAS DO PIONEIRISMO INGLÊS ............................................................................................................ 3
A QUESTÃO SOCIAL ................................................................................................................................... 4
CONDIÇÕES DO TRABALHADOR NO INÍCIO DO SÉCULO XIX ..................................................................... 4
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A estrutura do trabalho foi alterada, sendo que em muitos casos os artesãos eram
substituídos por operários de fábricas. Uma grande diferença é que essas novas fábricas
precisavam de forte investimento para serem construídas e de um mercado regular. A
sociedade passou de agrícola a industrial, o que resultou em um movimento de zonas rurais
para as cidades. Isso causou alguns desequilíbrios políticos, sociais e econômicos, ainda antes
de ocorrer a Revolução Francesa. Merece destaque como causas gerais da Revolução Industrial
do século XVIII, a chamada Revolução Comercial e a Acumulação Primitiva de Capital.
Lembramos que a Revolução industrial não marca o surgimento da indústria no mundo,
tendo em vista que já havia indústria. Para melhor compreensão eis o conceito trabalhado em
nossa aula:
A QUESTÃO SOCIAL
A mecanização provocou mudanças profundas nos meios de produção humanos até então
conhecidos, afetando diretamente nos modelos econômicos e sociais de sobrevivência humana.
Não havia trabalho para todos e, mesmo os que trabalhavam, ganhavam salários mínimos,
muitas vezes insuficientes para sua subsistência. Ao lado desses pobres trabalhadores, convivia
uma multidão de mendigos, que representava o resultado dos custos das prolongadas guerras
e da inflação que assolou a Europa a partir da entrada de ouro e prata vindos da América.
O excesso de população - seguida pelo êxodo rural - é que respondia pela grande massa
dos desempregados concentrados nas maiores cidades, o que proporcionava ao empresário
capitalista burguês um grande contingente de mão de obra por um preço irrisório. A
consequência disto é o começo da fase do "Capitalismo Selvagem", em que existe uma
intensificação generalizada da exploração humana por parte dos detentores emergentes dos
novos meios de produção – fato que, por sua vez, gerará inúmeras reações violentas em todo
continente europeu por parte dos trabalhadores explorados e desempregados (miseráveis).
CONDIÇÕES DO TRABALHADOR NO INÍCIO DO SÉCULO XIX
▪ Longas jornadas de trabalho
▪ Baixa remuneração
▪ Ambiente de trabalho insalubre
▪ Trabalho repetitivo e perigoso
▪ Inexistência de leis trabalhistas
▪ Cidades de elevado custo de vida
▪ Condições precárias de moradia
SUMÁRIO
IMPERIALISMO E ANTECEDENTES DA 1ª GUERRA MUNDIAL ............................................................................ 2
“NEOCOLONIALISMO” ............................................................................................................................... 2
CENÁRIO ANTES DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL ................................................................................... 3
A teoria de Kant sustentava a ideia de que não enxergamos as coisas por si só: apenas
compreendemos o mundo por meio de nosso ponto de vista humano. Os Idealistas alemães que
deram continuidade à filosofia de Kant – adaptando e ampliando sua obra por meio de suas
interpretações sobre o Idealismo – podem ser considerados Românticos. Os mais importantes
desses filósofos foram Johann Gottlieb Fichte, Friedrich Schelling, Georg Wilhelm Friedrich
Hegel e Arthur Schopenhauer.
E, assim como nos séculos XV, XVI e XVII, nos quais nações europeias como Portugal e
Espanha promoveram a colonização do continente americano (e dessas colônias extraíram
matérias-primas e nelas desenvolveram sistemas de organização política e administrativa), as
nações imperialistas industrializadas do século XIX promoveram a colonização de regiões da
África, da Ásia e da Oceania.
O processo de expansão para essas regiões foi marcado por várias tensões e guerras. A
África, por exemplo, teve seu território divido nesta época entre as nações europeias, num
evento denominado Conferência de Berlim, ocorrido em novembro de 1884. Essa divisão
caracterizou-se pela completa arbitrariedade, tribos africanas inteiras foram desagregadas com
a divisão, enquanto algumas se mesclaram com outras que eram suas rivais históricas. A
Inglaterra, nessa época, ficou conhecida como o grande Império “onde o Sol não se põe”,
exatamente por conta de sua vasta expansão, que integrava grandes países, como a Índia e a
Austrália.
O Imperialismo chegou ao seu ponto de saturação no início do século XX, quando as
tensões nacionalistas se tornaram mais veementes. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) é
fruto direto dessa saturação.
Além disso, foram realizadas políticas de alianças entre as nações imperialistas. Das
principais, citam-se a Tríplice Aliança, formada pelo Império Alemão, pelo Império Austro-
Húngaro e pela Itália, sendo que esta última ficou neutra no início da I Guerra Mundial, e a
Tríplice Entente compondo a aliança Inglaterra, França e Rússia. O clima de tensão entre as
duas alianças têm alguns focos que merecem destaque, como:
Em tal situação, o sultão do Marrocos subordinou-se ao domínio francês, que o auxiliava nos
enfrentamentos dos chefes tribais rivais e das rebeliões muçulmanas. Afora os colonizadores
novos crises entre imperialistas ocorreram em 1908, em Casablanca, e, em 1911, em Agadir,
sendo solucionadas pela cessão do Congo francês à Alemanha, que em troca, abandonava
suas pretensões sobre o Marrocos. Mesmo assim, permaneceu o descontentamento, pois os
alemães consideraram pequena a compensação recebida, e os franceses ficaram
inconformados por cederem uma área colonial.
▪ A crise nos Balcãs: Começou em 1908, quando a Áustria resolveu anexar ao seu território
às províncias turcas da Bósnia e da Herzegovina, cobiçadas pela Sérvia e Rússia. A Alemanha
declarou apoiar os austríacos. A Rússia, ainda não refeita dos prejuízos da guerra russo-
japonesa, procurou uma aliança com a França e encorajou a Sérvia, a Bulgária, a Grécia e o
Montenegro a vingarem as atrocidades cometidas pelos otomanos contra os eslavos da
Macedônia com uma invasão militar na qual já estava previamente resolvido que, após a
derrota dos turcos, a Albânia seria dada à Sérvia.
O dia 28 de junho de 1914 ficou marcado como a data que começou a I Guerra Mundial (a
princípio conhecida como Grande Guerra, ela se tornou I apenas quando existiu a II).
Historiadores concordam que a morte de Francisco Ferdinando foi o estopim para uma
guerra que iria acontecer uma hora ou outra.
SUMÁRIO
PENSAMENTO ILUMINISTA .......................................................................................................................... 2
PRINCIPAIS FILÓSOFOS ......................................................................................................................... 2
PENSAMENTO ILUMINISTA
O movimento conhecido como Iluminismo (ou Ilustração) foi um influente processo cultural,
social, filosófico e político que tem suas origens ainda no século XVII, com a Revolução Científica
possibilitada pela pesquisa efetuada por nomes como René Descartes (1596-1650) e Isaac
Newton (1643-1727), mas se desenvolveu plenamente somente no século seguinte. Por tal
motivo, os anos 1700 são qualificados como o “Século das Luzes”.
Ao mesmo tempo, o iluminismo influenciou as monarquias nacionais que viam com bons olhos
os princípios racionalistas defendidos pelo iluminismo. Essa adoção dos princípios iluministas
por parte das monarquias empreendeu uma modernização do aparelho administrativo com o
objetivo de atender os interesses dos nobres e da burguesia nacional.
PRINCIPAIS FILÓSOFOS
Voltaire (1694-1778)
Voltaire, pseudônimo de François-Marie Arouet, foi um filósofo francês que nasceu em Paris.
Suas críticas à nobreza resultaram em várias situações de prisão e exílio. Defendia a ideia de
uma monarquia centralizada, cujo monarca deveria ser culto e assessorado por filósofos. Foi
um crítico severo das instituições religiosas, bem como dos hábitos feudais que ainda
vigoravam na Europa. Afirmava que apenas aqueles dotados de razão e liberdade poderiam
conhecer as vontades e desígnios divinos. Sua principal obra, "Cartas Inglesas ou Cartas
Filosóficas" foi um conjunto de cartas acerca dos costumes ingleses, comparando-os aos do
atraso da França absolutista.
John Locke era Inglês. Foi o expoente do empirismo britânico e um dos maiores teóricos do
contrato social. Afirmava que a mente era como uma "tabula rasa". Rejeitava qualquer
concepção embasada no argumento das “ideias inatas”, uma vez que todas as nossas ideias
possuíam início e fim nos sentidos do corpo. Locke combatia a ideia de que Deus decidia o
destino dos homens e alegava que a sociedade corrompia os desígnios divinos ou o triunfo do
bem. Uma das suas obras principais, “Dois Tratados Sobre o Governo Civil”, trata sobre o
absolutismo. Dentre outras obras, escreveu “Cartas Sobre a Tolerância” e “Ensaios sobre o
Entendimento Humano”.
Jean-Jacques Rousseau foi um filósofo suíço que lançou as bases para o Romantismo europeu.
Era a favor do “contrato social”, forma de promover a justiça social que dá nome a sua principal
obra. Apregoava que a propriedade privada gerava a desigualdade entre os homens. Segundo
ele os homens teriam sido corrompidos pela sociedade quando a soberania popular tinha
acabado. "O Contrato Social" é a sua obra de maior destaque.
Montesquieu (1689-1755)
SUMÁRIO
ESTADOS TOTALITÁRIOS .............................................................................................................................. 2
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 2
NAZISMO ............................................................................................................................................. 2
FASCISMO ............................................................................................................................................ 4
FRANQUISMO ...................................................................................................................................... 5
SALAZARISMO ...................................................................................................................................... 6
ESTADOS TOTALITÁRIOS
INTRODUÇÃO
Com o capitalismo,
pela primeira vez a
humanidade se deparou
com um sistema global
interconectado – um dos
resultados da colonização
de diversos povos ao redor
do mundo. O
desenvolvimento histórico,
político e social desse
cenário trouxe diversas
consequências que
acabaram se tornando,
também, problemas
mundiais. Assim, o
nazifascismo é um deles. As
ideologias nazifascistas
pregavam uma luta entre
raças e a soberania de um povo sobre o outro. Desse modo, essa era uma reação autoritária às
crises que se enfrentavam na Europa após a Primeira Guerra Mundial.
NAZISMO
A expressão “Nazismo” deriva da sigla “Nazi”, que foi usada como abreviatura para o
“Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães”, organizado por Adolf Hitler na
década de 1920. Para compreender as principais características do Nazismo, é necessário saber
algumas informações importantes sobre o contexto no qual ele se desenvolveu.
Em 1919, ao fim da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha, tendo perdido a guerra, foi
submetida a humilhações e cobranças por parte dos países vencedores. A população ficou
marcada por essas humilhações e por vários outros efeitos da guerra, que se refletiam em todos
os setores: econômico, social, cultural etc. Essa atmosfera pós-Primeira Guerra produziu um
enorme ressentimento nos alemães com relação aos outros países, fato que revigorava o
extremismo nacionalista na Alemanha, originado ainda na segunda metade do século XIX.
Adolf Hitler
Características
foi decisivo nesse processo para que as ideias nazistas fossem propagadas. O antissemitismo
era uma dessas ideias. O ódio aos judeus, a quem Hitler atribuía a culpa por vários problemas
que a Alemanha enfrentava, sobretudo problemas de ordem econômica, intensificou-se no
período nazista. Esse fato culminou no Holocausto – morte de mais de seis milhões de pessoas
em campos de concentração (a maioria, judeus).
As ideias de Hitler convenceram boa parte da população alemã, que acreditavam que a
sua figura de líder era a garantia de uma Alemanha próspera e triunfante. Essas características
do nazismo conduziram a Alemanha à Segunda Guerra Mundial, uma guerra ainda mais
sangrenta que a anterior, e ao horror da “indústria da morte” verificada nos campos de
extermínio.
FASCISMO
Na Primeira Guerra Mundial, a Itália sofreu uma derrota humilhante, na Batalha
de Caporetto, em 1917. O país estava à beira de um colapso. O parlamento era visto
como corrupto. O chefe de estado italiano era o rei Vítor Emanuel III. A sociedade o
enxergava como indeciso, tímido e sem envergadura para exercer uma liderança
naquele contexto. Em 22 anos dele como monarca, mais de 20 primeiros-ministros
passaram pelo cargo. O sentimento geral era de que um verdadeiro líder precisava
reconstruir a Itália. Em um domingo, 23 de março de 1919, homens furiosos com a
situação se uniram na Piazza San Sepolcro. Depois de horas de conversa, assumiram
o compromisso de “matar ou morrer” em defesa da Itália. Para isso, eles escolheram
como emblema o fasces, um feixe de varas de bétula com um machado acoplado. A
referência era, segundo o entendimento da época, o poder relacionado aos cônsules
romanos. O movimento que tinha como símbolo esse feixe de varas (fasces) começou
com pouco mais de 40 homens e, dois anos depois, contava com mais de duas mil
divisões territoriais. O líder máximo era Benito Mussolini e, por conta do símbolo
“fasces”, o movimento recebeu o nome de fascista.
Marcando de forma trágica o século XX, o fascismo é um tema que desafia os intelectuais
que buscam entender sua natureza e história. De forma geral, pode-se dizer que o fascismo é
uma conduta política extremamente autoritária, marcada pelo nacionalismo, pela militarização
dos conflitos e por uma preocupação obsessiva com a ideia de decadência de uma comunidade
ou nação. Hostil às formas modernas de democracia, o fascismo recorre a violência, criando um
inimigo – interno e/ou externo – que deve ser exterminado para garantir a segurança e
supremacia de um grupo considerado superior. Apesar de manifestar algumas variações – a
depender da época e do lugar onde aparece – o fascismo apresenta algumas características
típicas que se repetem.
FRANQUISMO
Antes da Segunda Guerra Mundial a Espanha enfrenava um dos conflitos mais sangrentos
do país. Foram mais de um milhão de mortos e centenas de feridos durante a Guerra Civil
Espanhola. Os conflitos só terminaram quando, em 1939, Francisco Franco tomou a liderança
da Espanha instaurando no país o que ficou conhecido como Franquismo.
Assim, o Franquismo foi um período intenso de 1939 até 1976, onde o líder Francisco
Franco impôs regras e ordem de um regime de dominação política. O início do Franquismo foi
no mesmo ano que a Segunda Guerra começou. Como os países que eram regidos pelo fascismo
ajudaram a Espanha durante a guerra civil, Francisco Franco colaborou com a Alemanha e Itália
durante a guerra mundial. Apesar dos países do Eixo terem perdido o conflito, o regime fascista
continuou vigorando na Espanha após o término da guerra. Entretanto, apesar dos regimes
fascistas terem sofrido forte repressão com o fim da guerra, a ditadura de Francisco não foi
abalada. Dessa forma, a Espanha enfrentou trinta e sete anos do regime Franquista no país.
empecilhos. Além disso, a divisão dos poderes políticos servia como forma de camuflar a
ditadura que estava instalada no país.
SALAZARISMO
O salazarismo foi um regime ditatorial que existiu em Portugal entre 1933 e 1974 e ficou
bastante conhecido como Estado Novo. O termo “salazarismo” faz menção a António de Oliveira
Salazar, chefe de governo de Portugal entre 1933 e 1968. Esse período ditatorial em Portugal
somente se encerrou quando a Revolução dos Cravos derrubou a ditadura e deu início à
reconstrução da democracia portuguesa.
Antecedentes
Isso resultou no Golpe de 28 de maio de 1926, que foi realizado por militares
conservadores. Esse golpe deu início a um regime ditatorial em Portugal conhecido como
Ditadura Nacional. Poucos anos depois, em 1928, António Salazar, professor universitário na
Universidade de Coimbra, foi nomeado para a chefia do Ministério das Finanças. Em 1933,
Salazar foi indicado para assumir o cargo de presidente do Conselho dos Ministros. Essa função
correspondia, na realidade, à posição de chefe de Estado e, com isso, iniciou-se a longa ditadura
salazarista, que recebeu o nome de Estado Novo.
Com sua indicação para a presidência do Conselho dos Ministros, Salazar começou a
organizar-se politicamente para implantar uma nova Constituição em Portugal. Considera-se a
promulgação da Constituição de 1933 como o marco que inaugurou o Estado Novo português.
O regime salazarista ficou marcado por ser antidemocrático, antiliberal, corporativista,
colonialista e conservador. O contexto histórico e as características da ditadura salazarista
fizeram muitos historiadores afirmarem que o regime de Salazar tinha orientação fascista. Essa
associação do salazarismo com o fascismo é atualmente questionada por diversos historiadores
e, no momento, não existe um consenso se o salazarismo foi fascista ou não.
Características
Fim do Salazarismo