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UNIDADE I: AS CONTRADIÇÕES IMPERIALISTAS NOS FINAIS DO SÉX.

XIX ATÉ AO
FINAL DA I GUERRA MUNDIAL (1914 - 1918)

1.1. O Desenvolvimento Social, Político e Económico dos principais países capitalistas nos
finais do século XIX e princípios do século XX

Até aos finais do séc. XIX a Europa tinha acumulado uma serie de sucessos científicos, técnicos,
económicos e políticos e imposto o seu domínio a outros continentes. Isto levou-a à 1ª potência
industrial, comercial e financeira mundial. Assim, nos finais do séc. XIX, a Europa encontrava-se
economicamente dividida em dois grupos:

 O 1º grupo dos países que já tinham realizado a revolução industrial e tinham algumas colónias:
a Inglaterra, a França, a Bélgica, e a Holanda (países Baixos);
 O 2º grupo da “Europa agrária”: os impérios Austro-Húngaro e Otomano, a Alemanha, a Itália, e
a Rússia.

A Inglaterra

Nos finais do séc. XIX e princípios do séc. XX, a Inglaterra era a maior potência mundial, possuía o
maior parque industrial, um vasto império colónia e uma estabilidade política assente na monarquia.
Tinha dois tipos de colónias, as de população branca e as de exploração económica, que abasteciam-na
em matéria-prima e consumiam os seus produtos, contribuindo desta forma para que estes se
espalhassem pelo continente africano e asiático.

A França
No mesmo período, a França era uma potência caracterizada por um grande desenvolvimento industrial
(têxtil, transportes, metalúrgica, e.t.c.) sem afectar a produção agrícola que também era desenvolvida.
Possuía também um império colonial com fortes matérias-primas e um mercado para seus produtos.

A Rússia

Era a quinta maior potência industrial do mundo. Porém, 80% da sua população vivia da agricultura. O
poder político estava com Czar Nicolau II, e reinava um regime ditatorial.

A Alemanha

A Alemanha encontrava-se em grande ascensão económica; em pouco tempo, a indústria pesada e de


guerra desenvolveram-se de tal forma que se tornaram nas maiores da Europa. A economia baseava-se,
por um lado, na exploração racional dos recursos e na exigência de qualidade superior dos produtos, e
por outro lado, no proteccionismo germânico.
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O Império Austro-húngaro

Na segunda metade do séc. XIX, a Áustria e a Hungria formaram um estado, designado Império Austro
– Húngaro, resultante da união das nobrezas dos dois países, foi fundado em 1867, como uma monarquia
dual. A sua criação resulta da perda de influência da Áustria na Europa central e do surgimento dos
movimentos nacionalistas nos dois países. No final da 1ª Guerra Mundial, e por exigência do tratado de
Versalhes, este Estado viria a desaparecer.

Conceito

 Capitalismo industrial e financeiro – tipo de economia capitalista que se desenvolveu a partir de


meados do séc. XIX e que se caracteriza pelo investimento de capitais provenientes, sobretudo,
da indústria, bancos, bolsa e outros meios financeiros.

Exercícios de consolidação

1. Como é que estava dividida a Europa nos finais do séc. XIX? Mencione a composição de cada grupo.

2. Caracterize a Inglaterra do ponto de vista económico e político nos finais do séc. XIX.

3. Caracterize a indústria alemã no período em referência nas alinhas acima.

4. O que teria contribuído para o sucesso económico dos germânicos no mesmo período?

1.2. A formação das alianças e blocos militares e os primeiros conflitos imperialistas

A Expansão colonial das potências europeias e a crescente competição entre elas na Europa, reforçada
pela afirmação dos movimentos nacionalistas fizeram surgir vários focos de tensão militar entre elas.
Isto levou-as a fazerem grandes investimentos em armamento, a mobilizarem fortes exércitos e a
formarem alianças militares.

1.2.1. A formação das alianças e blocos militares

A rivalidade económica entre a Alemanha e a França agudizaram os sentimentos nacionalistas e as


desconfianças mútuas, conduzindo à celebração de alianças defensivas:

 Tríplice Aliança, foi assinada em 1882 e era composta pela: Alemanha, o Império Austro -
Húngaro e Itália;

 Tríplice Entente, formada a 8 de Abril de 1907, constituída pela: Inglaterra, Rússia e França.

Estes acordos militares implicavam que se algum dos membros fosse atacado receberia ajuda dos seus
aliados. Assim, um incidente entre dois países poderia provocar uma guerra não apenas entre ambos,
mas entre todos os que pertenciam às duas alianças.

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Diferenças entre os dois blocos militarem

 A Tríplice Aliança: com um capitalismo recente, menor expansão colonial e desfavorecida em


relação as fontes de matéria – prima;

 A Tríplice Entente: de países com capitalismo antigo, com maior expansão colonial e
favorecida em relação as fontes de matéria – prima.

1.2.2. A Corrida aos armamentos

Os receios de um ataque aumentaram a corrida ao armamento. Alguns países promulgaram leis convista
a um rápido aumento de militares e planos de guerra. Este facto tornou a Europa num verdadeiro campo
militar. A este período ficou conhecido por «Paz Armada», o que significa que a paz estava ameaçada
de possível guerra.

1.2.3. A Paz Armada

A aliança original entre os países europeus de cada bloco militar, sofreu alterações conforme os seus
interesses imediatos. Isto levou alguns países a mudarem da sua posição inicial, como foi o caso da Itália
em 1911 devido as contradições de interesse com o império Austro – Húngaro, pelo mar Báltico. A
tensão entre os blocos atingiu o pico, ao que levou os países europeus aos preparativos armamentistas,
porque se sabia que qualquer incidente serviria como a causa imediata da guerra.

1.2.4. Os Primeiros Conflitos Imperialistas

1.2.4.1. A guerra Anglo – Bóer: em 1899, instalou-se no Transval uma guerra sangrenta entre os
ingleses e Os holandeses pela posse das minas de ouro de Kimberley e Transval. A guerra terminou
em 1902, com a vitória dos ingleses e o desaparecimento das repúblicas bóeres pelo tratado de
Virniging.

1.2.4.2. A guerra russa – japonesa: entre 1904 – 1905, ocorreu um conflito armado entre a Rússia e o
Japão pela conquista da Manchúria chinesa e da Correia. Mal preparados os russos, foram derrotados
pelos japoneses.

1.2.4.3. A questão dos Balcãs

Na península balcânica, o prolongado domínio que os otomanos ali exerciam fez crescer um sentimento
nacionalista entre os povos dominados (búlgaros, sérvios, croatas, eslovenos, bósnios-herzobovinos,
montenegrinos e gregos). No final do séc. XIX e princípios do séc. XX, vários destes povos conseguiram
a sua independência, e para conquistar aos otomanos os últimos territórios na região dos Balcãs, a
Grécia, a Bulgária, a Sérvia e o Monte Negro formam a Liga Balcânica.

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Esta liga viria, a se envolver em duas guerra entre 1912 e 1913, contra o Império otomano, conseguindo
conquistar aqueles territórios. Este facto não agradou ao Império Austro – Húngaro, que em 1908 havia
anexado a Bósnia – Herzegovina e tinha interesses pelos territórios sérvios, croatas e montenegrinos.

A Sérvia ganhara, com as conquistas territoriais, uma importante posição na região balcânica e contava
com auxílio dos russos - que se apresentavam como defensores e procuravam exercer uma influência na
zona e obter, assim, uma passagem ao Mediterrâneo. A tensão entre o império Austro – Húngaro e a
Sérvia veio a ser o ponto principal da eclosão da 1ª Guerra Mundial.

1.3. O estabelecimento do sistema colonial em África (desde 1885 até ao início da Iª Guerra
Mundial: 1914 - 1918)

Até ao século XIX, o sistema colonial baseava-se na simples ocupação dos territórios litorais
que pudessem garantir as ligações entre as colónias e as metrópoles.

1.3.1. Causas da ocupação do continente africano

 A necessidade de matéria – prima para alimentar as suas indústrias;

 A procura de novos mercados para escoar a crescente e excedentária produção industrial;

 A procura de mão – de – obra barata e aquisição de fabulosos lucros;

 A procura de melhorar as suas condições de vida.

1.3.2. A Partilha de África e a dominação colonial

A necessidade de matéria-prima levou, os europeus no final do séc. XIX, a realizarem várias expedições
de reconhecimento ao interior de África. Porém, não foi somente a razão económica que levou à
exploração de África. Havia também a finalidade geográfica e científica (procuravam conhecer melhor
os povos indígenas, as fronteiras territoriais, o relevo, a hidrografia, a botânica e a fauna das diferentes
regiões).

1.3.3. A Conferência de Berlim e a Partilha de África

Como corolário das expedições de exploração do interior africano, as nações europeias reclamavam para
si a anexação dos territórios “descobertos”. Estes desejos das potências europeias industrializadas,
originaram conflitos pela posse de África, cada uma delas reivindicava a porção de território que lhe
convinha ou achava ter direitos históricos ou de ocupação, ou ainda pela ocupação por meio da força
militar.

É assim, que o então chanceler alemão, Otto von Bismarck, por causa dos interesses que o seu país
tinha em relação a África, decidiu convocar, em 1884, uma conferência para discutir a questão colonial

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com outros países. A reunião realizou-se, então, na cidade de Berlim, na Alemanha, entre os dias 15 de
Novembro de 1884 à 26 de Fevereiro de 1885.

Na conferência, participaram países como: Inglaterra, França, Itália, Portugal, Holanda, Noruega,
Suécia, Dinamarca, Áustria, Bélgica, EUA, Espanha, Hungria e o império Otomano.

1.3.3.1.Principais acordos assinados na conferência

Foi assinado um acordo político – económico entre as potências no qual se estabeleceu:

 A partilha e ocupação do continente africano entre as nações europeias participantes;

 Garantia a liberdade comercial nas bacias dos rios Congo e Níger;

 Toda e qualquer potência deviam informar as outras sobre a região que viesse a ocupar;

 Apenas podiam reclamar interesses territoriais e económicos em África os países presentes na


conferência que a partir dai, viessem a ocupar, de forma efectiva, territórios independentes.

N.B: A partilha África, porém, ano respeitou a organização política, social e cultural dos africanos: ao
criar fronteiras artificiais apenas de acordo com os interesses europeus.

1.4. A Instalação do sistema de dominação colonial e a resistência africana

1.4.1. A Instalação do sistema de dominação colonial

A conferência de Berlim pôs fim às reivindicações territoriais em direitos históricos ou de


‘‘descoberta’’. Isto é, as potências europeias eram agora obrigadas a estabelecer-se verdadeiramente nos
seus territórios coloniais, cumprindo com o princípio de ocupação efectiva. Elas esforçaram-se para a
concretização de projectos ambiciosos, tais como:

 Mapa Cor-de-Rosa – um projecto português que visava a ligação das colónias de Angola e
Moçambique;
 Projecto Cabo - Cairo – projecto inglês, dirigido por Cecil Rhodes e que visava a construção
de uma linha férrea entre Cabo (África do Sul) e Cairo (Egipto);
 Missão Marchand – projecto francês que visava fazer a ligação do rio Congo ao Nilo e de Dacar
a Djibuti.

Elas adoptaram duas formas de conquistas: Tratados e Incursões militares. O Tratado ou diplomacia
foi o método mais privilegiado, já que eles não pretendiam fazer grandes esforços financeiros e
humanos, pela colonização de África. Porém, nem sempre esta estratégia surtia efeitos positivos, devido
à resistência dos africanos, e os europeus viam-se obrigados a recorrer à força das armas.

É assim, que eles se estabeleceram de forma mais efectiva nos territórios. Este estabelecimento,
significava, portanto, um domínio efectivo do território, político e militar, pois só assim, seria possível

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manter a posse desse espaço. Afirmava-se assim, o imperialismo1, que visava garantir às potências
europeias o domínio efectivo, político e económico sobres largas regiões do mundo.

1.4.2. As resistências dos povos africanos (exemplos)

A dominação europeia efectiva provocou a revolta dos africanos, que nos começos do séc. XX iniciaram
grandes resistências em quase todo o continente. Os africanos resistiram para defender a sua soberania,
independência, e valores culturais. Nessas resistências, utilizaram como forma de luta: a aliança ou
diplomacia e o confronto directo.

No sul de África, deram-se revoltas como dos: Venda, Zulu, Shona e Pedi na África do Sul; Herero e
Namas no Sudoeste africano; Bárué, Gaza e estados islâmicos em Moçambique; dos Nandi no Quénia,
entre outros.

1.4.2.1. A resistência no Sudoeste africanos (Namíbia): os Herero e os Nama

A epidemia de 1896 dizimou grande parte do gado dos Herero, provocando o seu enfraquecimento,
factor aproveitado para penetração de comerciantes e missionários alemães. Em 1904, os Herero
liderados por Samuel Maherero, fizeram um levantamento contra a ocupação alemã, matando cerca de
100 alemães e recuperaram as suas terras. Os alemães pediram reforço, e derrotaram os Herero na
batalha de Waterbergj.

Face a esta situação, Windrick Witbooi líder dos Nama combateu quase sozinho contra os alemães, de
forma feroz. Witbooi morreu em Outubro de 1905 e foi sucedido pelo Jacob Murenga na liderança da
resistência dos Nama e dos Herero. Porém, Murenga, foi morto em 1907, e só assim, é que os alemães
eliminaram o último foco da resistência no sudeste africano.

1.4.2.2. A resistência em Moçambique: Báruè

O reino de Báruè era até o final do séc. XIX o maior centro anticolonial em Moçambique. A revolta deu-
se em 1917, quando uma aliança zambiana em torno de Bárué iniciou uma luta anticolonial sem
precedentes com objectivo de libertar a terra natal e expulsar os portugueses.

Causas da revolta

 O envolvimento de Portugal na 1ª Guerra Mundial;


 A construção de uma estrada em 1914, ligando Tete a Macequece, passando pelas terras dos
bárués;
 O recrutamento de mão-de-obra de forma compulsiva sem nenhuma remuneração;

1
Imperialismo – poder que um país exerce sobre as suas colónias ou sobre outros países. O imperialismo surgiu nos
finais do séc. XIX e princípios do séc. XX
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 O recrutamento de milhares de moçambicanos para o serviço militar obrigatório para combater
os alemães e servirem de carregadores de material.

A preparação e o início da rebelião

Nas vésperas da rebelião, os baruístas encontravam-se divididos. A fuga de Makombe – Hanga para a
Rodésia do Sul tinha deixado a comunidade do Zambeze dividida em duas chefaturas: por um lado o
Nongue-Nongue e por outro o Makossa. Estes dois chefes primos em relação aos abusos dos
portugueses eram simples comunicação oral, recusando-se a usar a força militar.

O aparecimento de Mbuya (uma jovem que se autoproclamava possuidora de espíritos divinos), que
denunciavam os abusos dos portugueses e apelavam à rebelião, que viria a unir os dois chefes. Nongue -
Nongue mobilizou os Amambo, Sena, A- Chicunda, Tawara e Nsenga, criando uma coligação
anticolonial zambeziana.

Assim, a 27 de Março de 1917 deu início à revolta, com a tomada de Chemba, Tambara e Chiramba. Em
Abril os portugueses foram expulsos de Cheringoma, Zumbo, Inhaminga, Massangano e Gorongosa.
Com ajuda dos angoni, os portugueses conseguiram pôr fim a resistência baruísta em Junho de 1917.

Conceito

Resistência – acto de resistir, acção ou efeito de se opor, de lutar contra algo que considera contrario ao
seu interesse.

1.4.3. As formas de administração colonial e os tipos de colónias

1.4.3.1. As formas de administração colonial (indirecta e directa)

A conferência de Berlim estabelecera a obrigação de cada potência colocar, nas colónias, uma
autoridade para representar os colonos. Assim, a partir de 1885, no cumprimento dos acordos de Berlim,
iniciou-se a ocupação efectiva dos territórios coloniais, com diferentes formas de administração:

1.4.3.1.1. Administração Indirecta ou “Indirect Rule” – é um sistema de administração em que se


fazia a incorporação dos líderes tradicionais africanos no sistema administrativo, fazendo deles os
elementos impulsionadores da pilhagem colonial. Este tipo de administração foi usado pela Inglaterra
nas seguintes colónias: Egipto; Ghana, Nigéria, Serra Leoa e Gâmbia; Quénia, Uganda; África do sul,
Botswana, Lesotho, Malawi, Zâmbia e Zimbabwe).

1.4.3.1.2. Administração Directa – é um sistema em que os colonizadores estabeleceram uma máquina


administrativa trazida da metrópole, e que os líderes africanos eram simplesmente como o
prolongamento da administração (elo de ligação com a população).

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Este tipo de administração foi usado pela França no: Senegal, Togo, Congo Brazaville, Gabão, Argélia,
Tunísia, Madagáscar, Ilhas Maurícias e Seychelles, e.t.c; e mais tarde copiado por Portugal em: Angola,
Moçambique, Guine – Bissau, Cabo Verde e São -Tome e príncipe.

Figura1: Mapa de distribuição das colonias

1.4.3.2. Os Tipos de colónias

Em função da administração vigente, distinguiram-se três tipos de colónias:

Colónias de povoamento são aquelas que por falta de povoamento ou por que o seu número
populacional era reduzido, as potências colonizadoras viam-se obrigadas a povoar o seu território, isto é,
gente vinda da metrópole. Esta prática foi usada pela Inglaterra ao colonizar a Austrália e a Nova
Zelândia; e pela Espanha na América Latina.

Colónias de exploração – são aquelas em que existia um número razoável da população nativa, e foram
transformados em mão-de-obra barata para a exploração colonial.

Ex: Moçambique, Rodésia do Sul (Zimbabwe) e Norte (Zâmbia) e Angola.

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Colónias protectorados – são territórios marcados pela administração indirecta. Nestes espaços, a
autoridade tradicional é mantida intacta, sem haver qualquer interferência da metrópole, os chefes
africanos eram súbditos da coroa. São exemplo: o Malawi, o Lesotho, e a Suazilândia.

1.4.4. As formas de exploração económica de África: o papel das companhias monopolistas

Após a ocupação efectiva, a exploração económica dos recursos naturais e minerais, em muitas partes do
continente africano foi feito pelas companhias monopolistas – as quais desenvolviam uma pilhagem ou
plantações.

1.4.4.1. A Inglaterra - Dividiu a África em três regiões de exploração, a saber:

África Austral: A British South Africa Company (BSAC) - exploração mineira;

África Oriental: Imperial East Africa Company - exploração pesqueira e agrícola;

África Ocidental: Roal Níger Company – exploração agrícola.

1.4.4.2. A França – agrupou as suas colónias em duas federações:

África Ocidental Francesa (AOF) fundada em 1895, constituída por: Senegal, Costa de Marfim, Níger,
Maomé e Mali. A sua capital era em Dakar (Senegal).

África Equatorial Francesa (AEF) fundada em 1910, era constituída pelos seguintes países: Gabão,
Tchad, República Centro Africana, Congo e Madagáscar. A sua capital era em Brazaville (Congo).

1.4.4.3. Portugal e as Companhias Majestáticas

Portugal alugava os seus territórios a capitais estrangeiros por incapacidade financeira e tecnológica.
Este capital actuava através de companhias majestáticas. Assim, existiam em Moçambique, três
companhias majestáticas:

Companhia de Moçambique

Ocupava as actuais províncias de Sofala e Manica, foi fundada em 1891. A companhia tinha poderes
majestáticos, com direitos de exploração dos territórios e da população que estava sob seu controlo,
também tinha o monopólio do comércio, possuía concessões mineiras e de pesca costeira. Podia colectar
taxas e impostos de palhota (mussoco), construir e explorar vias de comunicação e ainda conceder terra
aos terceiros. Tinha ainda privilégios bancários e fiscais (podia emitir moeda e selos).

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A companhia tinha como deveres: pagar 10% dos dividendos, manter a sua sede em Lisboa, manter o
seu estatuto formal de companhia portuguesa e entregar novamente os territórios ocupados ao Estado
português após expirado o contrato.

Companhia do Niassa

Foi a segunda companhia majestática com privilégios de ocupação e exploração em Moçambique,


explorava cerca de 25% do território nacional. Foi fundada em 1891, mas só se instalou em 1894. A sua
extensão, compreendia áreas entre os rios Rovuma – a Norte, e Lúrio – a Sul; o oceano Indico – a Este, e
o lago Niassa – a Oeste. O seu contrato era de 35 anos.

Obrigava os camponeses a cultivarem: milho, Mexoeira, mandioca, gergelim, feijão, café, goma, copal,
cera e urzela, estes produtos eram levados depois para o sul do país ou para o Zanzibar.

Os camponeses eram ainda obrigados a entregar marfim, pau – preto e borracha. Em suma, a companhia
criou o cultivo de culturas obrigatórias e o pagamento do mussoco. Por incapacidade financeira, a
companhia passava de accionista para accionista, tendo sido comprada por ingleses e franceses.

Directos da companhia: cobrança de imposto de palhota, arrendar terra a terceiros, exploração de mão-
de-obra para as minas da África do Sul (até 1912), a utilização do trabalho forçado para as machambas,
o monopólio das taxas aduaneiras de importação e exportação de produtos e comércio de armas.

Companhia da Zambézia

Foi fundada em 1892, nasceu da fusão da Sociedade dos Fundadores da Companhia Geral da Zambézia
(1880) com a Central Africa And Zouthamberg Exportion, foi uma das mais extensas, ocupando as
actuais províncias de Tete e Zambézia.

A maior parte das acções eram de sul-africanos, ingleses, alemães, franceses e príncipes de Mónaco,
encontrando-se as duas sedes em Lisboa e Paris. Exercia as suas actividades numa área de cerca de 110
000 Km².

O decreto de 24 de Setembro de 1892 concedia à Companhia da Zambézia a administração por conta


própria e pelo período de 10 anos os Prazos da Coroa situados a norte do rio Zambeze e a oeste dos rios
Luenha e Mazoe. O sistema de prazos legislado em 1890, deu à Companhia o controlo sobre as forças de
trabalho (os camponeses tinham que pagar metade de mussoco em trabalho rural e outra em dinheiro) e
os recursos naturais no seu território, bem como o monopólio de mercado sobre a produção camponesa.

N.B: As Companhias Arrendatárias – tinham um campo de acção mais restrito, estando limitadas à
esfera estreitamente económica. Destacaram-se: a companhia do Boror, Sena – Sugar - States, Madal e
Lugela.

Conceitos:
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Mussoco – imposto de palhota e de capitação.

Colónia – território pertencente a uma nação situada, em geral, noutro continente.

Colonização – é a acção pela qual um Estado ocupa e organiza um território habitado por uma
população tida como de cultura inferior, exercendo sobre ela uma soberania.

Protectorado – ligação entre os Estados, pela qual um deles, o mais forte (Estado protector), se obriga a
defender o outro, mais fraco (Estado protegido), mediante as certas condições.

1.5. Consequências da ocupação efectiva para Europa, África e Moçambique

1.5.1. Para a Europa

O expansionismo europeu, produziu para os europeus: uma melhoria das condições de vida da
população mais pobre; permitiu a expansão de valores religiosos e civilizacionais; alargou a influência
cultural, política, militar e económica.

Porém, a posse de novos territórios, não trazia apenas vantagens. Se de um lado, esta posse reforçava, o
poder militar e estratégico das potências imperialistas, criava do outro lado, novos focos de tensão entre
elas. Além disso, para facilitar a exploração de matéria-prima e actividade comercial nas colónias, as
potências imperialistas investiram também em novas infra-estruturas e indústrias para fomentar o
comércio em África, Ásia e América Latina. Isto representou, porém, um grande esforço financeiro, que
colocou muita pressão sobre a situação económica dos europeus.

1.5.2. Para África

A colonização significou não só a exploração económica, mas também a imposição de línguas, religião e
cultura europeia. A melhoria no transporte marítimo e o investimento realizado em África pelos
europeus, facilitou o estabelecimento de um fluxo constante de bens e pessoas entre as metrópoles e as
colónias. Também melhorou os meios de comunicação em África.

1.5.3. Para Moçambique

Tal como nas outras colónias, Moçambique passou a ser dominado pelos interesses económicos,
políticos e estratégicos de Portugal nos finais do século XIX. O objectivo da colonização era a
exploração económica, pelo que não havia grande preocupação com as condições de vida do povo
moçambicano.

O povo moçambicano passou a ser obrigado a trabalhar nas plantações das companhias e a matéria-
prima a ser explorada pelos colonos portugueses. A passagem das terras para os colonos fez com que os

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antigos proprietários deixassem de ser produtores a conta própria e, se vissem obrigados a trabalhar sob
contratos assalariados.

Todas estas alterações, provocadas pelo sistema colonial tiveram consequências na organização social
tradicional moçambicana, tais como:

 Permitiram a muitos trabalhadores (através da migração) a um aumento do seu poder de compra;

 Fizeram diminuir a mão-de-obra para as comunidades moçambicanas;

 As famílias ficaram cada vez mais dependentes do trabalho assalariado;

 Colocaram em risco a própria economia de subsistência, devido à deslocação das mulheres;

 O lobolo2 passou a ser pago em dinheiro.

Exercícios de consolidação

1. Qual foi o país que usou a administração mista em África?

2. Diferencie a administração directa da indirecta.

3. Assinale os países que foram administrados de forma directa e indirecta: Angola, Portugal, Itália,
Guiné-Bissau, RSA, Niassalândia, Rodésia do Sul, Senegal, Egipto, Inglaterra, Namíbia, Sudão,
Gabão, Ilhas Seicheles e Moçambique.

4. Porque razão Portugal alugou 1/3 do território moçambicano a capitais estrangeiros?

5. Identifique as três companhias majestáticas fundadas em Moçambique.

6. Diferencie colónia de povoamento da colónia de exploração.

7. “Fundada em 1892, a companhia da Zambézia nasceu da Sociedade dos Fundadores da Companhia


Geral da Zambézia (1880) com a Central Africa And Zouthamberg Exportion.”

a) Localize geograficamente a companhia da Zambézia.

b) Indique as actuais províncias que eram ocupadas pela companhia.

c) Qual era a fonte de recitas da companhia?

d) Cite um direito que a companhia possuía

8. Mencione as consequências da ocupação efectiva para: Moçambique, África e Europa.

9. Identifique os principais líderes da resistência africana nos seguintes territórios: Sudoeste africano,
Báruè, Estado de Gaza e norte de Moçambique.

2
Compensação matrimonial destinada a contrabalançar, na família da noiva, a perda de um dos seus membros e
reprodutores.
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10. Localize no tempo e no espaço a fundação da companhia de Moçambique.

11. Quais eram os direitos e deveres da companhia de Moçambique?

1.6. A Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918)

1.6.1. Antecedentes ou Causas da Primeira Guerra Mundial

Nos primórdios do século XIX, quando o capitalismo passou as fases imperialistas acumularam-se na
Europa perigosas tensões entre as grandes potências imperialistas cuja raiz se situava nas rivalidades:

1.6.1.1. A rivalidade económica ou luta pela posse de novos mercados

Desde os finais do séc. XIX que as rivalidades entre os europeus não paravam de crescer, entre a
Inglaterra e a Alemanha nasceu uma enorme rivalidade económica, o primeiro temia o crescimento
alemão, que lhe disputava os mercados mundiais e ameaçava a sua supremacia marítima.

Por outro lado, o desenvolvimento da indústria e do capitalismo levaram a uma maior procura de
matéria-prima e de novos mercados para escoar a sua produção. Este facto levou alguns países mais
desenvolvidos a ocupar novos territórios (colónias), resultando no imperialismo. O que fez emergir
novas áreas de tensões entre as potências europeias, na Ásia, e em África.

1.6.1.2. O conflito entre as potências imperialistas

Alem das rivalidades económicas e coloniais, ocorreu igualmente na Europa um antagonismo militar e
político.

1.6.1.3. A Questão da Alsácia e Lorena

Ente a França e a Alemanha havia fortes divergências por causa das colónias de Alsácia e Lorena. Estes
dois territórios haviam sido entregues à Alemanha pela França na sequência da guerra entre os dois
Estados em1870 e 1871 (guerra franco-prussiana). A humilhação sentida pelos franceses na altura fê-los
a ter a Alemanha como um inimigo eterno.

Por outro lado, o crescimento industrial alemão, não foi acompanhado pela influência política europeia.
Assim, os alemães, ansiosos para afirmarem a sua posição, optaram pelo armamento e por uma
estratégia de confronto com os franceses, na expectativa de afirmar o seu poderio.

1.6.1.4. O Confronto França – Alemanha - A França e a Alemanha envolveram-se num outro


confronto pela posse de Marrocos, conhecido como crise de Marrocos em 1905.

1.6.1.5. O projecto BBB – a Alemanha pretendia construir uma linha férrea ligando Berlim-Bizâncio-
Bagdad (BBB), chocando frontalmente com os interesses britânicos no Médio Oriente.

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1.6.1.6. A Península balcânica – região de múltiplas nacionalidades, vários movimentos de libertação,
apoiados pela Sérvia e pela Rússia3, tentavam pôr fim ao domínio austro-húngaro e otomano. Esta
zona constituía um verdadeiro «barril de pólvora» pronto a detonar.

1.6.1.7. A Corrida aos armamentos

As ambições imperialistas associadas ao nacionalismo fizeram surgir tensões e agressividade


internacional. Sabia-se que a guerra entre as potências iria explodir a qualquer momento. Diante deste
risco quase certo, as potências trataram de celebrar as alianças militares, mas ao mesmo tempo que isto
acontecia, assista-se ao armamento, ao reforço do financiamento militar, ao desenvolvimento da
indústria bélica, ao incremento da legislação militar e ao aumento da duração do serviço militar
obrigatório.

A Inglaterra (que tinha um grande império colonial a defender) e a Alemanha aumentaram a construção
naval e a França (que esperava se vingar da Alemanha) aumentou o período do serviço militar
obrigatório de 2 para 3 anos. Este movimento histórico ficou conhecido por corrida aos armamentos.

A característica deste período também foi a elaboração de tratados de alianças entre as nações, cada um
a procura de adquirir mais força para enfrentar a nação ou bloco rival:

 A tríplice Aliança: Alemanha; Itália, e império Austro-húngaro;


 A tríplice Entente: França; Inglaterra e Rússia.

N.B: Essa aliança entre os países modificou-se nos anos da guerra, tanto pela adesão ou pela saída dos
países, conforme os interesses imediatos. A Itália por exemplo retirou-se do seu bloco em 1915 quando
recebeu da Entente a promessa de compensações territoriais, caso mudasse de ala.

1.6.2. O Pretexto ou Causa Imediata da I Guerra Mundial: O atentado de Sarajevo

Na região dos Balcãs, o processo de formação de nação, ainda não estava concluído no século XX, o
Império Otomano, como potência dominante era odiado pelos que procuravam a sua independência e
que, através de sociedades secrectas ultranacionais que usavam a violência como meio de acção.

Apesar da assinatura do Tratado de Paz de Bucareste a 10 de Agosto de 1914, as tensões políticas na


península balcânica mantiveram-se. Assim, em 1914 a Bulgária apoiada pela Áustria atacou a Sérvia,
mas foi derrotada pela coligação desta com Montenegro, Roménia Grécia.

Ao mesmo tempo, os povos eslavos da Bósnia Herzegovina aproveitaram-se da situação e rebelaram-se


buscando a independência da Sérvia. Mergulhado num clima de tensões cada vez insuportáveis, a
Europa vivia um momento em que qualquer atrito, entre os blocos distintos seria suficiente para
incendiar a vela da guerra.

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Tinha o maior interesse pelos estreitos de Dardanelo e Bósforo que lhe davam acesso ao mediterrâneo.
10a classe dr. Arcénio
De facto, esse atrito surgiu com o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, príncipe e
herdeiro do império Austro-húngaro e sua esposa, ocorrido a 28 de Junho de 1914. Este visitava
Sarajevo, na Bósnia, a fim de anunciar a tríplice monárquico (Áustria, Eslavo e Hungria). O acto foi
praticado pelo estudante sérvio Gravrilo Príncipe, pertencente a organização nacionalista denominada
Mão Negra ou Unidade (apoiada pelo governo sérvio).

Em resposta, o Império Austro-húngaro, influenciado pela Alemanha, culpou os serviços secretos


sérvios pelo atentado. Apresentaram um ultimato aos sérvios, com condições que violavam a sua
soberania: a participação da Áustria no julgamento do estudante sérvio. O atentado seria aproveitado
pelos membros da Tríplice Aliança para «ajustar velhas contas», e numa sequência bastante rápida, o
conflito espalhou-se com envolvimento de muitos estados, devido à política de alianças.

Os Primeiros Passos da Primeira Guerra Mundial (1914)

 28 de Julho de 1914 - O Império austro-húngaro declara a Sérvia;


 29 de Julho - Em apoio, a Rússia mobiliza o seu exército contra o I. Austro-húngaro e Alemanha;
 1 de Agosto – Alemanha declara guerra a França e Rússia;
 4 de Agosto – Alemanha invade a Bélgica, iniciando verdadeiramente as hostilidades do 1º
conflito mundial.

N.B: Aos blocos iniciais – viriam a juntar-se muitas outras potências mundiais:

 Às potências Aliadas, ou Tríplice Entente (França, Inglaterra e Rússia), viriam a juntar-se,


mais tarde, o Japão, Portugal, os EUA, e Itália (esta última mudando de campo);
 Às potências centrais, ou Tríplice Aliança (Alemanha, Áústria-hungia e, inicialmente, a Itália),
viriam a se juntar o Império Otomano (Turquia) e Bulgária.

1.6.3. O decurso e as fases da Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918)

A I Guerra Mundial decorreu em três frentes: a Frente Ocidental, Oriental e Balcânica.

Fases da 1ª Guerra Mundial:

1ª Fase: Guerra de movimento – 1914 – 1915

Características

 Superioridade militar terrestre da Alemanha;

 Superioridade militar naval da Inglaterra, garantindo à Entente o domínio dos mares;

 Uma guerra essencialmente terrestre e em duas frentes: a frente ocidental, que se estendia do mar
do Norte até à fronteira com suíça; e a frente oriental, na Rússia.

10a classe dr. Arcénio


 O principal cenário foi uso do plano Schliefffen (relâmpago) – concebido em 1905, pela
Alemanha, para fazer frente à aliança franco-russa - a guerra seria curta e ofensiva para, um
período de 4 a 6 semanas, conseguir derrotar os franceses na frente ocidental e, de imediato, os
russos na frente oriental;

 Derrota da Alemanha na batalha de Marne em 1914.

2ª Fase: A Guerra de Trincheiras4 (1915 - 1916) - Esta fase teve dois momentos distintos:

1º - Durante todo ano de 1915, o impasse e a estagnação caracterizaram a guerra. Como nenhuma das
partes conseguia resultados rápidos, adoptou-se a estratégia de reforçar as linhas da frente Ocidental com
fortificações ligadas entre si, numa tentativa de desgastar o inimigo. As tropas abriram trincheiras para
se proteger e laçavam ataques aos seus inimigos. Foi um período muito penoso para os exércitos: mal
alimentados, metidos na lama, sujeitos ao frio, atacados por vermes e aos gases tóxicos. O 2º período,
começa em 1916, tendo os alemães forçado o regresso à guerra de movimento, já na frente ocidental.

Principais batalhas da 2ª fase: Entre Fevereiro a Dezembro dá-se a batalha Verdun, (França), sendo a
acção mais longa do conflito. Entre Maio a Junho de 1916- batalha naval da Jutlândia, no mar do Norte
entre os alemães e ingleses.

3ª Fase: A Guerra de Movimento em retorno (1917 - 1918). Esta fase é marcada pela saída da Rússia
e entrada dos EUA.

A entrada dos EUA no conflito (causas e significado)

Entre 1914 – 1916, os americanos declararam-se neutros na 1ª Guerra Mundial com objectivo de
desenvolver rapidamente a sua economia abastecendo o mercado europeu em material de guerra. Isto
permitiu-lhes passar de devedores a credores do velho continente.

A Alemanha decidiu intensificar a guerra submarina, atacando todos os navios de guerra, de passageiros
e de abastecimentos, não poupou sequer aos americanos que eram neutros (ao atacar o navio mercante
Transvalentia).

Diante desta atitude, os EUA declararam guerra à Alemanha, em 1917. A entrada dos EUA veio reforçar
com meios humanos, militares e económicos, e, trouxe um novo alento às tropas aliadas, e a guerra
estendeu-se para o Extremo Oriente e África. Mas o verdadeiro motivo da entrada dos EUA ao lado dos
aliados, não foi o ataque ao seu navio, foi sim, de ordem económica. Com a rendição da Alemanha que
era a potência mais industrializada antes da guerra, os americanos passariam a ocupar a tal posição.
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Valas escavadas no chão, protegidas por arame farpado. Os soldados ficariam por 3 anos.
10a classe dr. Arcénio
Também iriam fazer parte da divisão das colónias dos países vencidos no conflito e do pagamento das
indemnizações que seriam pagas pelos vencidos.

A saída da Rússia (razões e significado)

Em Outubro de 1917, na Rússia ocorreu a Revolução Socialista que conduziu os bolcheviques ao poder,
fazendo com que o país obtivesse a paz com a Alemanha e se retirasse da guerra, com assinatura do
tratado de Brest- Litovsk, em Março de 1918. Através deste acordo, a Rússia cedia os territórios das
repúblicas do mar Báltico (Estónia, Letónia e Lituânia).

A saída contribuiu em grande medida, para o fortalecimento dos ideais antiliberais, isto é, das ideias
contra a guerra, se espalhavam por todos países envolvidos na guerra, mas sobretudo entre os socialistas
e sindicalistas.

1.6.4. O envolvimento de África na I Guerra Mundial

O conflito afectou profundamente o continente, à medida que crescia a necessidade de pessoas para
reforçar as potências. Ocupando lugares deixados pelos colonos envolvidos na guerra, os africanos
assumiram os postos administrativos e comerciais nas colónias europeias.

As necessidades económicas do conflito impulsionaram o aparecimento de novas unidades industriais


em África. Porém, as colónias sofreram também graves problemas económicos de falta de bens de
consumo e inflação.

Focos de confrontação em África durante a Primeira Guerra Mundial

 A tomada de Lomé (capital de Togo), pelas tropas britânicas, a 8 de Março de 1914;


 Agosto de 1914, tentativa de invasão aos Camarões pelo exército anglo-francês;
 As campanhas alemãs na África Oriental contra colónias belgas e inglesas em Agosto de 1914;

 Confrontos no norte de Moçambique entre os alemães e portugueses em Abril de 1916.

1.7. O fim da I Guerra Mundial: O armistício de Rothondes (11.11.1918)

Em 1918, após várias batalhas, os soldados e marinheiros alemães amotinaram-se e recusaram continuar
em combate. Nas cidades e vilas alemãs, rebentou uma revolta popular contra o conflito. Na 2a batalha
de Marne deu-se a contra-ofensiva dos franceses, comandados pelo general Foch, obrigando aos
alemães a recuar. Alemanha ficava assim, cada vez mais isolada, e vendo o número de militantes
amotinados aumentar. A 9 de Novembro o Kaiser (soberano alemão) abdicou do trono e foi proclamada
a República de Waimar.

10a classe dr. Arcénio


Nos Balcãs, o exército inglês impôs pesadas derrotas ao Império Otomano e à Bulgária, que pediram a
paz. Na Itália, os Austro-húngaros foram vencidos, acabando por se render.Em 11 de Novembro de
1918 foi assinado, em França, o armistício de Rothondes – pondo fim à Primeira Guerra Mundial que
durou 4 anos (1914 - 1918).

1.7.1. A Paz de Wilson

A 8 de Janeiro de 1918, o Thomas Woodron Wilson em seu discurso no Congresso dos EUA, lançou a
ideia de uma «paz sem vencedores», baseado num programa de 14 pontos que mostravam dois grandes
princípios de orientação das negociações:

 A criação de um organismo internacional de protecção da independência e integridade territorial


das nações – a Liga das Nações
 Princípio de autodeterminação dos povos;

Seu objectivo era garantir a paz e evitar novos confrontos motivados pela vingança ou interesses
políticos e económicos. Eis alguns dos 14 pontos:

1. Abolição da diplomacia secreta;

2. Liberdade dos mares;

3. Eliminação das barreiras económicas entre as nações;

4. Redução dos armamentos nacionais;

5. Redefinição da política colonialista, levando em consideração o interesse dos povos colonizados;

6. Retirada dos exércitos de ocupação da Rússia;

7. Restituição da Alsácia-Lorena à França;

8. Criação da Liga das Nações ou Sociedade das Nações.

No entanto, o plano foi bem recebido pelos alemães. Mas, os princípios viriam a revelar-se
impraticáveis, dada a política das potências signatárias e multiplicidade de povos na Europa Central e
Oriental, tornando difícil delimitar espaço de cada povo. Por outro lado, as potências vencedoras
queriam tirar vantagens e dividendos da guerra.

1.7.2. A Conferência de Paris

Terminada a guerra, os países vencedores reuniram-se numa conferência, em Paris (França), em


Janeiro de 1919, a fim de elaborar uma ordem de trabalhos que garantisse uma paz duradoura. Os
países derrotados não participaram na referida conferência.
10a classe dr. Arcénio
Objectivos da Conferência

 Fixar o novo mapa político da Europa e as indemnizações da guerra;


 Definir as condições de desmilitarização dos países vencidos.

Na conferência, as potências manifestaram contradições em relação ao problema alemão. Enquanto


países como a França, eram mais exigentes quanto às condições de paz; exigia o desarmamento total; a
restituição da bacia hulhífera do Sarre à França e anexação do território alemão e das suas colónias. A
Inglaterra e os EUA defendiam, por seu lado, uma atitude mais moderada em relação aos países
derrotados no conflito. Os trabalhos desta conferência foram dominados pela: Inglaterra, França, Itália e
pelos EUA.

1.7.3. O Tratado de Versalhes

A paz com a Alemanha foi assinada no palácio de Versalhes em Paris no dia 28 de Junho de 1919, tinha
como objectivo principal promover a paz com a Alemanha e, por isso, foram tomadas as seguintes
medidas:

 A Alemanha, sendo o principal responsável pela guerra devia reduzir o efectivo do seu exército;

 Art. 42/3 – Ficava proibida de construir fortificações e concentrar as forças armadas;

 Art. 51 – A Alemanha devia ceder a Alsácia e Lorena à França; e o território do Sarre passaria a
administração da SDN até 1935;

 Art. 80/7 – Devia reconhecer a independência da Polónia; pagar pesadas indemnizações pelos
danos causados pela guerra;

 Art. 119 – Devia renunciar todas as possessões, títulos e direitos coloniais a favor dos países
vencedores.

Por meio de actas separadas, foram aplicadas medidas semelhantes aos outros países vencidos:

 Os Impérios Austro-Húngaro e Otomano foram desmembrados, dando origem a novos Estados


independentes como: Polónia, Jugoslávia, Hungria, Checoslováquia, Finlândia, Estónia,
Letónia e Lituânia.

N.B: os alemães consideraram injustas, humilhantes e vingativas as condições ou medidas impostas no


tratado.

1.7.4. A formação da Sociedade das Nações (SDN) ou Liga das Nações

Sociedade das Nações, também conhecida como Liga das Nações, foi uma organização internacional,
idealizada a 28 de abril de 1919, em Versalhes, nos subúrbios de Paris, onde as potências vencedoras da
I G.M se reuniram para negociar um acordo de paz. A 28 de Junho de 1919, foi assinado o Tratado de

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Versalhes, que na sua I Parte estabelecia a Sociedade das Nações, cuja Carta foi nessa data assinada por
44 Estados. O Conselho da Sociedade das Nações reuniu-se pela primeira vez em Paris a 16 de Janeiro
de 1920, seis dias depois da entrada em vigor do Tratado de Versalhes.

Este organismo tinha como objectivos centrais:

 A manutenção da paz e independência política dos Estados;

 A redução dos armamentos dos países vencidos e vencedores;


 A Protecção das minorias nacionais e das populações indígenas;
 A cooperação social, cultural e económica entre as nações.

A SDN instituiu o Tribunal Internacional de Haia, que tinha como missão arbitragem de conflitos
internacionais.

Países – membros: todos países vencedores da guerra, excepto os EUA. Mais tarde a Alemanha (1926), a
Turquia (1932) e URSS (1934).

Sociedade das Nações

Fundação 28 de junho de 1919

Extinção 20 de abril de 1946

Tipo Organização internacional

Sede Genebra, Suíça

Línguas oficiais Inglês, francês e espanhol

Colapso da Sociedade das Nações

Durante 20 anos (1919 - 1939), a SDN não conseguiu cumprir com os objectivos traçados, devido:

 A falta de uma foça militar que pudesse intervir a favor da paz internacional e arbitrar os
conflitos entre as nações;
 A ausência dos EUA, em virtude do senado ter concordado com os pressupostos de Versalhes
em não aceitar os 14 pontos de Wilson;
 A divergência entre a França e a Inglaterra quanto ao cumprimento integral do tratado de
Versalhes pela Alemanha;
 A falta de recursos financeiros.

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Importância da Sociedade das Nações

Apesar de a SDN não ter conseguido alcançar totalmente os seus objectivos, ela teve vários aspectos
assinaláveis tais como:

 No Plano Político: a SDN permitiu que o mundo colonizado começasse a ter o 1º acesso à
convivência internacional;

 Criou uma complexa estrutura institucional: Conselho, Assembleia, o Secretariado e o Tribunal


de Justiça internacional – que constituem organismos internacionais de hoje na ONU;

 A SDN contribuiu para a instauração financeira de certos países devastados pela guerra;
incentivou as ajudas aos refugiados, promoveu combates contra epidemias.

1.7.4. Impacto da I Guerra Mundial para o mundo e Europa

A nível demográfico

 Cerca de 20 milhões de mortos em todo mundo;


 Milhões de feridos, excedente da população feminina em relação à população masculina;
 Grande número de viúvas e órfãos; envelhecimento da população.

A nível social

 Desemprego e miséria, grandes perdas pela destruição de infra-estruturas económicas e pelo


aumento da inflação;
 Crescimento do movimento sindical e das greves operárias;
 Enriquecimento de alguns empresários (os empresários de guerra); aumento da emigração.

A nível económico

 Decréscimo de todos sectores de produção;


 Encarecimento do custo de vida (inflação);
 Perda de mercados pela Europa a favor dos EUA; e, Endividamento dos Estados

A nível político

Na Europa

 Desmembramento dos impérios Alemão e Austro-húngaro – surgimento de novos Estados


independentes (Polónia, Jugoslávia, Checoslováquia, Finlândia, Estónia, Letónia, Lituânia e
Hungria);
 Triunfo momentâneo da democracia parlamentar e liberal; Emergência dos países socialistas;
 Formação na Alemanha, de grupos nacionalistas contra o cumprimento das cláusulas do tratado
de Versalhes; As mulheres conquistam o direito de voto.

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No Médio Oriente e África

 Com o fim do Império Otomano (agora Turquia) surgem vários Estados independentes como: o
Iraque, a Síria, a Palestina, Transjordânia e Líbia (este no norte de África);

 A Alemanha perdeu todas as suas colónias em benefício da França (Togo e Camarões), Inglaterra
(Burundi e Tanzânia) e, África do Sul (Namíbia).

1.7.5. O significado da Primeira Guerra Mundial

Com toda a sua destruição, a I Guerra Mundial originaria em quase todo mundo uma nova ordem e
mentalidade. Era preciso evitar que o mundo voltasse a entrar numa guerra semelhante (expectativa que
frustrou em 1939). Por outro lado, era a hora do optimismo e de ver a vida de outra forma, mais aberta e
mais feliz.

Exercícios de consolidação

1. “O atentado de Sarajevo é apontado como a causa imediata que ditou o início da I G.M. Mas talvez,
mesmo sem este acontecimento, a guerra teria ocorrido por um outro motivo.”

a) Comente a parte em destaque, tendo em consideração o clima vivido na Europa entre finais do séc.
XIX e primórdios do séc. XX.
b) Como se explica que um conflito entre a Austrália e a Sérvia tenha envolvido o mundo todo?
2. Mencione dois princípios expostos nos 14 pontos Wilson.
3. Expõe as causas que tornaram impraticáveis os 14 pontos propostos por Wilson.
4. “Na conferência de Paris, as grandes potências manifestaram algumas divergências.”
a) Localize no tempo e espaço a referida conferência.
b) A quem coube a decisão final na conferência em alusão?
c) Qual era a causa principal destas divergências?
5. Localize no tempo e espaço o Tratado de Versalhes.
6. Qual é o principal objectivo da realização do Tratado de Versalhes?
7. Quais foram as medidas tomadas neste tratado contra a Alemanha?
8. Como é que os alemães consideraram as condições do tratado?
9. Mencione as consequências do mesmo tratado para os impérios centrais.
10. Cite os objectivos da criação da Sociedade das Nações.
11. Explique a razão da não adesão dos EUA na sociedade das Nações.
12. Debruce-se sobre os motivos do colapso da Sociedade das Nações.
13. Quais são os ganhos trazidos pela SDN?

14. Apresente de forma sintética as consequências da I Guerra Mundial nas seguintes áreas: social,
política, demográfica e económica.
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Unidade 2: O mundo entre a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais (1918 – 1939)

2.1. A Rússia: Revolução Socialista de 1917

2.1.1. Antecedentes Internos

A situação da Rússia nas vésperas da revolução:

Situação Política

Vigorava na Rússia um regime autocrático e absolutista liderado pelo Czar Nicolau II. A sociedade
era bastante hierarquizada: o clero e a nobreza ocupavam os altos postos do governo e do exército e
detinha a maior parte das propriedades. Havia falta de liberdade e a repreensão era intensa. Em 1898
surge o partido Operário Social Russo, que em 1903 divide-se em Bolcheviques e Mencheviques.

A situação Económica

 Predominava uma agricultura de tipo feudal e arcaica, que ocupava cerca de 80% da população;
 As indústrias concentravam-se somente em Moscovo, Odessa e Samptersburgo e dependiam de
capitais estrangeiros.

Situação Social

 Os operários debatiam-se com a falta de terras, com excesso de impostos e com miséria;
 O proletariado – vivia e trabalhava em condições precárias; tinham salários baixos e longas horas
de trabalho, não podiam fazer greves e nem organizarem-se em sindicatos.

2.1.2. Antecedentes Externos:

A Revolução de 1905 – 1907

A situação económica e política da Rússia gerava grande descontentamento social com greves e
protestos estudantis. Em Janeiro de 1905 a Rússia entra em guerra com o Japão disputando a região
da Manchúria e da Correia. A derrota russa neste conflito agravou a situação económica e a vida
dos operários.

A 22 de Janeiro de 1905, operários descontentes dirigiram-se ao Palácio de Inverno, numa


manifestação reclamando melhores condições de trabalho, pão e direitos políticos. Os manifestantes
foram recebidos a tiro pela guarda do Czar. O massacre fez mais de mil mortos e dezenas de
milhares de feridos, o que fez com que este dia ficasse conhecido como «Domingo sangrento».

Estes acontecimentos desencadearam greves, protestos e revoltas um pouco por toda Rússia, levando
o Czar a conceder algumas liberdades civis e prometeu uma Duma (parlamento) e uma constituição.
Porém, esta resposta não resolveu os problemas, e a insatisfação tomou conta do Império, com a
adesão das forças armadas.

10a classe dr. Arcénio


O Czar Nicolau II viu-se forçado a agir e a 17 de Outubro publicou o «Manifesto de Outubro», no
qual prometia estabelecer uma constituição e uma Assembleia Legislativa eleita (Duma). Isto dividiu
a oposição: os mais radicais (Bolcheviques) – defendiam a implementação de um regime
republicano; enquanto os mais moderados (Mencheviques) - consideraram as propostas como uma
vitória e abandonaram os protestos.

Enfraquecida, a revolta foi perdendo força, acabando por ser dominada pelo imperador até ao início
de 1917. A revolta de 1905 fracassou, mas serviu segundo Vlademir Ilitch Lenine para que os
revolucionários avaliassem seus erros e suas fraquezas preparando-se para superá-los. A entrada da
Rússia na I Guerra Mundial pôs a nu todas as debilidades do país e precipitou o colapso do poder
czarista.

N.B: As leis de 1906 serviram como uma constituição para a criação da Duma, foram as principais
conquistas dos revoltosos.

Conceitos:

Bolchevique – significa «a maioria» em russo;

Mencheviques – significa «a minoria».

Revolução – transformação profunda das estruturas económicas, políticas e sociais ou culturais


dando origem a uma nova situação.

A Revolução de Fevereiro de 1917

O ano de 1917 começa com grandes sobressaltos: a 22 de Fevereiro, as mulheres manifestaram nas
ruas de Petrogrado (ex - Samptersburgo) contra a penúria de pão. A 23, os operários entraram em
greve e invadiram o centro da cidade. Nos dias seguintes o movimento politizou-se e os manifestantes
passaram a reivindicar o fim da guerra e a abdicação do czar.

Czar dissolveu a Duma e deu ordens ao exército para disparar. Contudo, a 27 de Fevereiro, parte do
exército colocou-se ao lado dos manifestantes e forneceu-lhes armas. Petrogrado caiu nas mãos dos
revoltosos e Nicolau II foi forçado a abdicar a favor do irmão que recusou. Triunfava assim, a
Revolução de Fevereiro. E foi formado um Governo Provisório, liderado por Lvov e Kerensky, e
apoiado por liberais e socialistas moderados. Passava a Rússia a ter um regime liberal burguês,
semelhante aos países da Europa Ocidental.

A Revolução Socialista de Outubro de 1917

O novo governo liderado por Lvov e Kerensky, não resolveu os grandes problemas sociais que
amarguravam a vida dos operários e camponeses. Mantiveram a Rússia na desastrosa I Guerra
Mundial que só trazia mortes e fome. Por isso, foi contestado vigorosamente pelo Soviete de
10a classe dr. Arcénio
Petrogrado, um conselho constituído por operários e soldados. Os Bolcheviques, liderados por
Vlademir Ilitch Lenine e Trotsky, aspiravam uma revolução que criasse uma sociedade sem classes.

Na madrugada do dia 25 de Outubro de 1917 (7 de Novembro – calendário ocidental) os guardas


vermelhos (bolcheviques) invadiram e ocuparam o palácio de inverno, sede do governo em
Petrogrado, triunfava a Revolução Socialista de Outubro, e nascia deste modo, o primeiro Estado
comunista da História.

Os bolcheviques reuniram um Congresso dos Sovietes e foi criado o Conselho dos Comissários do
Povo, liderado por Lenine, um Comissariado de Guerra, dirigido por Trotsky e, o Comissariado das
Nacionalidade, dirigido por Estaline. A 3 de Março de 1918 a Rússia retirava-se da I Guerra
Mundial, ao assinar o tratado de Brest-litovsk.

2.2. O Comunismo de Guerra e a Formação da URSS

A assinatura do tratado de Brest-litovsk, concedeu aos alemães o direito ocupar os países bálticos,
além de obrigar a Rússia a entregar alimentos e matéria-prima. Mas este acordo não impediu a
eclosão de uma guerra civil na Rússia entre 1918 a 1921 que opôs o exército branco (anti-
comunista) ao exército vermelho (comunista).

O exército branco lançou uma série de acções (greves, terrorismo e tentativa de assassinato de
Lenine, em Agosto de 1918). Ao terror, os bolcheviques responderam com terror, usando a política
denominada por Comunismo de Guerra, que implicou a nacionalização da economia, confiscação e
distribuição de terras pelos camponeses.

A característica fundamental do comunismo de guerra foi a introdução de um governo de partido


único, assente no princípio da “ditadura do proletariado”. Assim, foram suspensos os jornais hotéis e
os anti-comunistas.

Neste período a questão das “nacionalidades” adquire uma importância fundamental. Em Julho de
1918, foi aprovada a constituição da República Socialista e Federativa dos Sovietes da Rússia
(RSFSR). A 30 de Dezembro de 1922, a RSFSR e as Repúblicas Soviéticas da Ucrânia,
Bielorrússia e Trascancásia (esta formada pela Arménia, Geórgia e Azerbaijão), acordaram formar
a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS, organizada segundo o modelo federal.

Em 1924 foi aprovada uma constituição comum; e entre 1924 a 1929, o Uzbequistão,
Turquemenistão e o Tajiquistão juntaram-se à união.

Estados – membros da URSS

A Rússia, Estónia, Letónia, Lituânia, Moldávia, Bielorrússia, Geórgia, Arménia, Azerbaijão, Ucrânia,
Cazaquistão, Turquemenistão, Uzbequistão, Tajiquistão e Quirguistão

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O Desenvolvimento Económico da URSS

Apôs a tomada do poder pelos bolcheviques, a Rússia desenvolveu-se em três fases:

1ª Fase: O Comunismo de Guerra (1918 - 1921) – foi criado para fazer face à guerra civil,
caracterizou-se pela centralização da produção.

Medidas tomadas

 Centralização da economia; Censura à imprensa;


 Liquidação da antiga sociedade (a feudal); Fim da propriedade privada;
 Criação do exército vermelho;
 Uso terror contra os reacionários;

 Estabelecimento de estado de partido único.

N.B: esta política encontrou uma resistência dos camponeses que passaram a produzir apenas para o
seu consumo; os antigos detentores de terra destruíram os equipamentos e colheitas por causa da
politização dos mesmos, isto, provocou uma crise alimentar.

2ª Fase: A Nova Política Económica (NEP): 1922-1928

A vitória dos bolcheviques sobre os mencheviques; a fome e a miséria levaram ao abandono do


Comunismo de Guerra, e a adopção de um plano de reconstrução designado por Nova Política
Económica (NEP). Assim, em 1921` foi instituída a NEP, plano que combinava princípios socialistas
com elementos capitalistas (reabriu a economia ao sector privado). A NEP tinha como objectivo
evitar o colapso da economia.

Princípios da NEP

Liberdade de formação de pequenos e médias empresas privadas;

Liberdade de entrada de capital industrial e técnicos internacionais;

Privatização das pequenas e médias indústrias e comércio;

Livre venda dos produtos por parte dos camponeses nos mercados.

3ª Fase: Os Planos Quinquenais

I Plano Quinquenal (1928 - 1933)

Busca de alimentos para a população de forma global;

No campo estabeleceu-se a colectivização agrícola: Sovkoses (empresas estatais) e


kholkhoses (cooperativas agrícolas).

10a classe dr. Arcénio


II Plano Quinquenal (1933 - 1938):

Visava o desenvolvimento económico e a construção do metro de Moscovo.

III Plano Quinquenal (1938 - 1943):

Visava o desenvolvimento da indústria química. Porém, este plano não foi executado na
totalidade devido a eclosão da II Guerra Mundial.

2.3. Importância da Revolução Socialista Russa

A Revolução Russa de 1917 foi a primeira socialista operária vitoriosa no mundo e, para além, de ter
mudado radicalmente a sociedade russa, tornou-se um exemplo e modelo para todos os povos e
países:

Incentivou a criação de partidos comunistas em diversos países, tendo tido uma grande
influência no desenvolvimento das lutas de libertação nacional contra o colonialismo em
África e na Ásia;

Deu força a classe trabalhadora mundial, tornando-se protagonista das lutas políticas em
diversos países, sobretudo na Europa.

Exercícios de consolidação

1. Caracterize a situação sociopolítica da Rússia antes da Revolução Socialista.

2. Quando é que foi fundado o partido Operário Social Russo?

3. Caracterize a agricultura russa no período.

4. Identifique a causa imediata da revolução russa de 1905.

5. “Os bolcheviques reuniram um Congresso dos Sovietes e foi criado o Conselho dos Comissários
do Povo, um Comissariado de Guerra e, o Comissariado das Nacionalidade.”

a) Quais são as figuras que lideraram estes comissários?

6. Explique a relação existente entre a manutenção da Rússia na I G.M. e a queda do governo


provisório de Lvov.

7. Indica os acontecimentos históricos que marcaram o início da Revolução de 1905.

8. “A Revolução Russa de Outubro foi um conjunto de transformações de carácter sócio-político


que termina com a eliminação do regime czarista.”
a) Quem foi o principal líder desta revolução?

b) Faça a correspondência adequada entre as colunas A e B

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A B

Revolução de 1905 – 1907 Abertura aos investimentos estrangeiros

NEP Centralização da produção

Comunismo de Guerra Manifestação de 22 de Janeiro (Domingo sangrento)

30 de Dezembro de 1922 Formação da URSS

9. Refere a importância da revolução socialista de 1917 para África.

2.4. O Desenvolvimento económico e sociopolítico de alguns países depois da Primeira Guerra


Mundial (1918 – 1929)

2.4.1. Os Estados Unidos de América até 1929

Os EUA saíram da I Guerra Mundial relativamente intocados, isto é, não sofreram dentro do seu
território, pelo que as suas infra-estruturas não foram afectadas. Assim, passaram a vender muitos dos
seus produtos para o mercado europeu, durante a guerra e depois.

Isso permitiu à economia americana manter-se saudável e os EUA fizeram grandes empréstimos aos
países europeus, em especial à Alemanha. Assim, os EUA tornaram-se na 1ª potência mundial,
passaram de devedores (1914) à credores (1919 dos Estados europeus.

O crescimento económico norte-americano apoiava-se no consumo, e estimulava-o, devido à


generalização da produção em serie, que permitia abastecer o mercado com grande variedade de
produtos a preços acessíveis. Surgiu deste modo, um estilo de vida que ficou conhecido como
american way of life – o estilo de vida americano. Além do consumismo, este estilo de vida passava
também por uma atitude festiva perante a vida – cafés, bares, salas de espectáculos e cinema. Assim,
entre 1923 á 1929 ficou conhecido como era da prosperidade.

Outros factores que contribuíram para a crescente afirmação dos EUA como a nação mais poderosa do
planeta foram:

 Ao nível político, não tinham inimigo próximo de quem se tivesse de proteger;


 Não havia, nos EUA, classes sociais consideradas privilegiadas;

 Metade da rede ferroviária mundial localizava-se nos EUA, bem como 2/3 do número total de
automóveis;

 Desenvolvimento da indústria de automóvel. Uma elevada produção de electricidade.

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2.5. A crise económica Mundial de 1929 – 1933 ou a Grande Depressão

2.5.1. Origens ou antecedentes da crise

Durante a década 20, quando a Europa recuperava do pesadelo da guerra, os EUA desenvolviam
enormemente a sua economia. A «Era da Prosperidade», marcada pelo consumo desenfreado,
apresentava, no entanto, alguns sinais preocupantes (superprodução e especulação bolsista). Este
ambiente dava aos americanos confiança suficiente para investirem parte das suas poupanças na Bolsa.

Porém, sem que a maioria se apercebesse, a partir de 1927 começaram a surgir sinais de crise: baixa
dos preços agrícolas; aumento do custo da maquinaria; endividamento. Dois grandes problemas
começavam a avolumar-se: a superprodução e a especulação. Na verdade, a superprodução e a
especulação bolsista foram responsáveis pelo crash na Bolsa de Wall Street em Outubro de 1929. A
superprodução industrial e agrícola, era resultado de:

 Um desequilíbrio entre produção e consumo – a produção era elevada, mas como os


salários pouco subiam, não havia poder para comprar todos produtos colocados à venda, isto provocou
a acumulação de stock e a descida de preços, resultando no encerramento de empresas e despedimentos
da massa laboral;

 Uma progressiva recuperação económica da Europa – que se recompunha da guerra e


passava a depender menos das exportações dos americanos;

 Uma maior concorrência agrícola de países novos: Canadá; Austrália e Nova Zelândia, que
entravam nos mercados tradicionais dos americanos.

Glossário

Crash – queda acentuada do valor das acções num curto espaço de tempo.

2.5.2. A Mundialização da crise económica de 1929 - 1933

Quando a crise começou a 24 de Outubro de 1929 (quinta-feira), as empresas norte-americanas, para


resolver os problemas financeiros, retiraram os seus capitais das suas filiais na Europa. Assim, a
Europa foi grandemente afectada pela crise, pois dependia dos financiamentos dos americanos.

A falta de crédito gerou uma crise industrial; sem crédito bancário, as empresas ficaram sem meios de
pagamento necessários à importação de matéria-prima. Muitas empresas baixaram a sua produção e
outras faliram; houve redução brutal da força laboral e dos salários.

A situação alastrou-se por todo o mundo, desorganizando os pagamentos internacionais entre empresas
multinacionais e entre compradores e vendedores, o que dificultou as relações comerciais mundiais.

As consequências mundiais da Grande Depressão

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 Retirada de capitais americanos da Europa;

 Retenção do comércio internacional;

 Falência de bancos e outras empresas; Desemprego;

 Reaparecimento da mendicidade, criminalidade, prostituição, suicídios e as tensões sociais.

As consequências da Grande Depressão: para África e para Moçambique

Com a eclosão da crise, as colónias transformaram-se em fontes de matéria-prima para as metrópoles.


Em Moçambique particularmente, Portugal começa em 1929, a:

 Limitar o poder arbitrário das companhias majestáticas;

 Centralizar a política de colonização – em 1930, com aprovação do Acto Colonial,


Moçambique passou a ser chamado por Império Colonial Português;

 Fomentou as plantações de algodão, açúcar, castanha de caju, copra, sisal e chá;

 A cultura do algodão passou a ser obrigatória;

 Introduziu o xibalo.

2.5.3. As medidas para a superação da crise económica de 1929 – 1933

O papel de Franklin Delano Roosevelt e o New Deal

Nas eleições de 1932 nos EUA, ascendeu ao poder o democrata Franklin Delano Roosevelt. Este,
lançou um conjunto de leis designado por New Deal (Novo Acordo) que traziam medidas de
recuperação económica e as reformas sociais.

Objectivos do New Deal

 Equilibrar a oferta e a procura, relançando o consumo e controlando a produção;


 Resolver o problema do desemprego;

Portanto, isto seria feito em duas etapas:

 A 1ª visando a recuperação económica;

 A 2ª de reformas estruturais de longo alcance.

N.B: Para a concretização destes objectivos, era necessária a intervenção do Estado.

Medidas tomadas para a superação da crise

Na agricultura:

Concessão de subsídios aos agricultores;

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Financiamento de cooperativas e redução de áreas de cultivo.

Na indústria:

Redução da concorrência e controlo da produção;


Diminuição das horas de trabalho e elevar o nível salarial.

Nas finanças:

Foi publicada uma legislação de controlo das actividades da banca e da bolsa de valores.

Na área social:

Reduzir o desemprego através do programa de obras públicas (construção de barragens, canais,


estradas, pontes, e.t.c);
Fixação de salário mínimo;
Introdução de subsídio de desemprego e assistência social.

N.B: Como corolário/resultado do New Deal, entre 1933 à 1937 o número de desempregados
baixou, os preços subiram e as exportações aumentaram.

Exercícios de consolidação

1. “O pânico instalou-se (…) quando 70 milhões de títulos foram postos no mercado a baixo preço
(…) foi neste dia que se registou (…) a derrocada da economia mundial.”

a) Localize no tempo a crise económica em referência.


b) Que outro nome tomou a crise?
c) De forma resumida, explique como esta crise se mundializou.

d) Mencione as consequências desta crise para o mundo e para Moçambique.

2.6. O Desenvolvimento dos Regimes Totalitários ou Ditatoriais na Europa

As dificuldades económicas, a instabilidade política e social do pôs I Guerra Mundial e a crise


económica de 1929 proporcionaram a instauração dos regimes ditatoriais na Europa. São exemplo
desses regimes:

 O Fascismo – na Itália; o Nazismo – na Alemanha;

 O Corporativismo – em Portugal; e o Franquismo – na Espanha.

2.6.1. O Fascismo na Itália

Fascismo – é o regime político instaurado por Mussolini na Itália depois da I Guerra Mundial.

2.6.1.1. Origem e ascensão do Fascismo

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Os tratados de paz assinados após a IGM, ao não atribuírem a Itália os territórios por ela reivindicados,
provocaram entanto, grande descontentamento no país. Aliado a isto, destacam-se as dificuldades
económicas, financeiras e sociais. Os operários e camponeses e parte da classe média viviam na
miséria.

Num ambiente de greves, ocupação de fábricas e de terras, desordem e perturbação generalizada que o
governo não controlava, Benito Mussolini funda em Milão em Março de 1919, o movimento «Fasci
Italiani di Combatimento», composto pelas camisas negras (Comicie nere), antigos combatentes da I
GM. Em 1921, o movimento foi transformado em partido político, e participou nas eleições. Através
de comícios, discursos mobilizadores e de acções de intimidação e violência, transmitia á sociedade a
ideia de que era a única força política capaz de impor a ordem no país e travar a propagação do
comunismo.

Em 1922 Mussolini organizou uma marcha sobre Roma, com objectivo de lutar contra o Socialismo,
obrigando a demissão do governo. O rei Victor Manuel III, temendo a eclosão de uma guerra civil,
chamou Mussolini para formar governo.

Um mês depois, o parlamento concedeu plenos poderes ao governo fascista, tendo Mussolini ganho as
eleições de 1924, criando uma Estado fascista. A transição rumo a ditadura foi gradual, em 1926, os
movimentos de oposição foram declarados ilegais e, em 1928 a eleição dos candidatos ao parlamento
passou a estar sujeito a aprovação dos fascistas.

Em 1929 foi assinado o Tratado de Letrão (entre o Estado e a Santa Sé). O tratado concedia ao papa
a soberania sobre a cidade do Vaticano, e a religião católica foi declarada a religião única do
Estado em toda a Itália, desde que este aceitasse em contrapartida, a soberania italiana sobre os
anteriores domínios da Igreja.

2.6.1.2. Características do Fascismo

 A defesa de um regime ditatorial – enaltecendo a autoridade do chefe e rejeitando o


parlamentarismo;

 A defesa do modelo corporativo – através de organismos de coordenação económica, o


Estado controla a economia e combate a luta de classes;

 Corporativismo – os sindicatos patronais e trabalhistas são mediadores das relações


trabalhistas;

 Anti-Comunista; anti-liberal.

2.6.1.3. Princípios do Fascismo

 Primazia do Estado sobre os indivíduos – tudo no Estado, nada contra o estado;


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 Culto do chefe – que concentra todos os poderes e a quem tudo se submete;

 Militarismo – importância das, milícias armadas (as camisas negras);

 Nacionalismo e Imperialismo – em ordem fazer da Itália grande herdeira das glórias de Roma
antiga.

2.6.1.4. Medidas tomadas pelos fascistas

Ao nível económico:

 Foram proibidas as greves e o fecho de fábricas pelos trabalhadores e sindicatos;


 Criaram-se dois sindicatos: o dos trabalhadores e o dos patrões;

 O estado passou a ser o árbitro entre a força laboral e o capital.

Ao nível social:

 Incentivou-se a natalidade para aumentar a população – para retornar a grandeza do Império


Romano;

 Para reduzir o desemprego e melhorar as condições de vida da população, realizaram-se


grandes obras públicas.

Na política interna:

 Ilegalização de todos os partidos políticos, com excepção do Partido Nacional Fascista;

 O esvaziamento legislativo do parlamento, que se limitava a ratificar as leis;

 A reaproximação com a igreja católica.

Na política externa:

 Adoptou-se uma política expansionista;

 Participação na guerra civil espanhola.

2.6.1.5. Decadência do Fascismo

Em 1943, em plena II G.M; os exércitos anglo-americanos invadiram a Itália, numa altura em que
uma grande greve operária se espalhava em Turim, Milão e Génova, abalando o poder fascista.
Mussolini é deposto e preso em Julho de 1943. A luta anti-fascista prossegui até que os guerrilheiros
comunistas prenderam e executaram Mussolini a 28 de Abril de 1945, colocando fim ao regime
fascista.

2.6.2. O Nazismo na Alemanha

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Nazismo – foi um regime político instaurado na Alemanha, em 1933, por Adolfo Hitler; inspirando-
se no fascismo de Mussolini.

2.6.2.1. Origem do Nazismo

Em 1919, foi aprovada a constituição que transformava a Alemanha numa República Federal, onde o
poder legislativo ficou a cargo do presidente – o Reichstag, e o poder executivo a cargo de um
presidente eleito por um sufrágio universal.

O governo republicano tornou-se impopular por ter assinado o Tratado de Versalhes. Este
descontentamento intensificou e generalizou-se também devido à crise económica provocada de
indemnizações aos aliados. A instabilidade provocada por esta situação transmitiu a ideia da
incapacidade do governo na resolução dos problemas.

Os operários, os camponeses e a pequena e média burguesia passaram a apoiar os partidos


extremistas e da esquerda, nestes, últimos encontrava-se o Partido Nacional Socialista dos
Trabalhadores – Nazi, fundado em 1919 e dirigido por Adolfo Hitler (a partir de 1921).

Face a onda de insatisfação e descrédito do governo alemã, as propostas do Partido Nazi começam a
encontrar eco junto da maioria da população, tendo o número de adeptos passando de 400 mil em
1928 para 1,5 milhões em 1932. O partido era apoiado pelos operários porque viam-no como seu
protector contra a ameaça do Comunismo. Hitler mostrava-se um opositor do Tratado de Versalhes e
acusava os judeus e os comunistas de serem os grandes responsáveis pelo estado depurado da
economia alemã.

Em 1932, o partido nazi teve mais votos nas eleições legislativas, com 38% (230 deputados). Valendo
disso, os nazistas passaram a pressionar o presidente e este, nomeou Hitler para chanceler (primeiro-
ministro) a 30 Janeiro de 1933.

No poder, Hitler conseguiu rapidamente que o parlamento aprovasse uma lei que lhe permitia
governar sem dar satisfação dos seus actos a ninguém. Com base nessa lei, ordenou a dissolução de
todos os partidos, com excepção do partido Nazista.

Em Agosto 1934 com a morte do presidente Hindenburg, ele assumiu em acumulação de funções de
chanceler e de presidente da Alemanha (com o titulo de Fuhrer – guia ou condutor), sem recorrer as
eleições.

2.6.2.2. Características do Nazismo

 O anti-semitismo – perseguição aos judeus, acusados de tramar contra a república de


Weimar e a pretensão má de formar um grande império, subjugando todos outros povos;

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 O anti-comunismo – uma ideologia e política do imperialismo, portanto, hostis à teoria e a
prática comunista;

 O chauvinismo – pregação do exclusivismo nacional, contraposição da nação a todas as


outras excitações da hostilidade nacional;

 O racismo – desprezo e ódio pelas outras raças e nações. Segundo Hitler, ”a raça ariana é a
mais pura” e tinha o direito de conquistar e subjugar as raças que julgam inferiores;

 O anti-marxismo – (considerado pelos nazistas, uma criação judaica).

2.6.2.3. A Ideologia Nazi

 Totalitarismo – do estado e do seu chefe, a quem todos os interesses individuais se


deveriam subordinar;

 Nacionalismo – apelava a restauração da unidade nacional e ao retorno da grandeza alemã; e


condenava a democracia e o liberalismo;

 Racismo – defendia a superioridade da raça ariana; considerando como a mais capaz de


dirigir os destinos do mundo;

 Imperialismo – defendia a existência de um espaço vital para a expansão do povo alemão;

 Anti-semitismo – o ódio aos judeus, que eram acusados de traído à pátria ao assinar o
Tratado de Versalhes. Eram ainda identificados com o Comunismo, Capitalismo e com a
agitação social.

2.6.3. O Corporativismo em Portugal

Após a I Guerra Mundial, Portugal sofreu uma grande agitação política e económica. Em 1926, a
insatisfação com a situação do país generalizou-se, e a 28 de Maio, o general Gomes da Costa
liderou um golpe militar que derrubou o governo. Foi assim, instaurada uma ditadura militar, na qual
as liberdades políticas foram limitadas e o governo passou a ser nomeado pelos militares.

Um dos objectivos dos golpistas era corrigir a situação económica. Assim, em 1928, é nomeado
para ministro das finanças – o António de Oliveira Salazar. Colocando em prática uma regida
política económica, com cortes brutais nas despesas do Estado, Salazar conseguiu estabilizar as
finanças. Este facto deu-lhe um grande prestígio, chegando os portugueses a chamá-lo, mesmo de
«salvador da pátria».

Em 1932, António de Salazar foi nomeado para o cargo de presidente do Conselho de Ministros
(primeiro-ministro), com grande agrado da maioria dos portugueses. Porém, Salazar, viria a construir

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um Estado autoritário (que dirigiu por 30 anos). Em 1933, faz aprovar uma nova Constituição, que
estabeleceria os princípios do novo regime, que próprio designou de «Estado Novo».

O regime salazarista instituiu um sistema de partido único, onde só foi permitido o partido do
governo – a União Nacional. Ainda em 1933 foi criada a polícia política – a Polícia de Vigilância e
de Defesa do Estado (PVDE), que mais tarde mudou o nome para – Polícia Internacional e de
Defesa do Estado (PIDE). A PIDE tornar-se-ia um dos principais suportes do salazarismo e no
principal instrumento de perseguição, repreensão e tortura dos opositores do regime.

Manteve-se também a censura aos meios de comunicação, criou-se ainda órgãos destinados à defesa e
à propaganda doutrinária do regime, como a Legião Portuguesa e a Moncidade Portuguesa.

Características do corporativismo

 Autoritarismo e o Corporativismo – Salazar defendia a colaboração entre os patrões e os


operários e rejeitava a luta de classes, e assim, aboliu a liberdade sindical;

 O Nacionalismo – procurou-se recuperar as ideias da grandeza histórica de Portugal, assente


nas viagens dos navegadores portugueses dos séculos X e XVI.

Semelhanças entre o Fascismo, Nazismo e o Corporativismo: o autoritarismo, o nacionalismo,


abolição do sindicalismo e a criação de estados de partido único, a perseguição e prisão dos
opositores dos regimes e o anticomunismo.

Diferenças – o Nazismo era mais extremo, pois defendia: o anti-semitismo e o racismo.

Conceito

Estado Novo – designação dada ao regime autoritário de carácter nacionalista e profundamente anti-
comunista, instaurado em Portugal, a partir de 1933, com a aprovação da nova Constituição.

2.7. O Salazarismo e a situação das colónias: caso de Moçambique

As colónias portuguesas constituíam uma alavanca para a economia e a imagem do regime


salazarista. Assim, elas constituíam um grande mercado potencial para os produtos portugueses, e
podiam fornecer uma quantidade significativa de matérias-primas, necessárias ao sistema e ao
desenvolvimento industrial de Portugal.

2.7.1. O Proteccionismo e o Novo Regime Político-administrativo em Moçambique

A reacção inicial dos países industrializados à crise económica mundial de 1929 foi aumentar o grau
de protecção das suas indústrias contra a concorrência estrangeira, proibindo a importação de
artigos manufacturados ou aplicando pesadas taxas alfandegárias as importações de matérias-
primas das suas colónias.

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Assim, em Portugal, a crise de 1929 reforçou a estratégia, de 1926, de valorização dos recursos de
Moçambique no interesse dos portugueses, através da exploração directa e intensa da população
moçambicana, reduzindo ao indispensável o uso de capitais nacionais e estrangeiros.

A década de 30 representou, um aumento de transição em que algumas bases do Nacionalismo


Económico português se estabeleceram em Moçambique. A política ultramarina do Estado Novo
cortou radicalmente com as tendências autonomistas e desenvolvimentistas do governo da 1ª
República, passando a basear-se na “nacionalização das colónias, na concepção do fomento e na
integração económica. ”

O Acto Colonial definiu o dever de Portugal de civilizar e de defender as suas colónias e o direito da
sua posse e exploração exclusiva, limitando a intervenção económica de países estrangeiros. Como
consequência, reforçou-se a tutela metropolitana sobre as colónias, tendo-se abandonado a política
de descentralização administrativa e de abertura ao capital estrangeiro.

Ao invés, insistiu-se na fiscalização da metrópole sobre os governadores coloniais e no


estabelecimento de um regime económico de tipo “pacto colonial”, segundo o qual caberia às
colónias serem meros fornecedores de matérias-primas para Portugal.

2.7.2. A Carta Orgânica

A expressão real “nacionalismo económico português” manifestou-se no Acto Colonial e na Carta


Orgânica do Império Colonial Português de 1930. A legislação marcou o fim da autonomia formal
da província de Moçambique, que passou a chamar-se “colónia”. Concretamente, o nacionalismo
económico centralizou os poderes legislativos e financeiros nas mãos do Ministro das colónias,
visando colocar Portugal a par das restantes potências colonizadoras, em termos de capacidade de,
nomeadamente, dominar e explorar os territórios ultramarinos.

Moçambique, como parte do Império Colonial, viu serem introduzidas políticas proteccionistas como
forma de impedir que qualquer país viesse instalar uma indústria. Nenhum país poderia importar algo
de Moçambique sem o aval das autoridades de Portugal. A única moeda que deveria circular em
Moçambique até essa altura, deveria ser apenas a portuguesa (o escudo).

2.7.3. A gestão agrária e industrial

Em 1932, o Estado português começou a estimular, em Moçambique, a produção de algodão, a


matéria-prima mais procurada pela indústria portuguesa. Assim, passou a incentivar financeiramente
as concessionárias algodoeiras, que exportavam de Moçambique. No mesmo âmbito, Portugal lançou
uma campanha de propaganda, denominada “comprar português”, cujo ponto mais alto foi a
realização do congresso comercial e de uma feira de mercadorias portuguesas, em Lourenço Marques,
em Agosto de 1932.
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O seu plano visava fortalecer a economia portuguesa, usando as colónias para o desempenho de suas
funções vitais. As relações económicas entre a metrópole e as colónias consistiram nas culturas
forçadas. A Companhia de Moçambique obrigava os camponeses a cultivar o algodão.

Conceito

Acto Colonial – conjunto de leis referentes a administração das colónias e constantes da Constituição
de 1933, publicadas pelo decreto nº 18578, em 18 de Junho de 1930.

2.8. As primeiras manifestações nacionalistas em África e em Moçambique

Um pouco por toda a África, havia uma população colona, que por vezes manifestava-se a favor da
independência em relação à metrópole. Em Moçambique, com a promulgação do Acto Colonial,
alguns colonos brancos manifestava-se contra o poder centralizado e autoritário da metrópole, mas
pouco fizeram devido ao clima de repreensão do Estado Novo.

2.8.1. O papel da Imprensa

As iniciativas africanas, ao nível intelectual urbana, pressionavam o governo por meio de jornais, tais
como: O Africano – fundado em 1909, lutou pela construção de uma escola. O Africano era
publicado em ronga e em português. Também, seguiu-se a batalha contra as leis de excepção, pelos
ideais de justiça, igualdade, pela existência de trabalho para os negros e fraternidade.

O proletário (1912), O ferroviário (1915/16), o Greminal (1914/18); o Brado africano (Suspenso


em 1932, mas que veio ressurgir em 1935 com o nome de Clamor Africano) - dirigido pelos irmãos
Albasini, os jornalistas moçambicanos mais conhecidos e activos da época. O regime colonial
explorou as divisões no seio dos intelectuais africanos, dividindo para reinar. Apesar de ter tolerados
as farpas do Brado Africano, não autorizou outras iniciativas, nomeadamente Claridades, o Negro
Lusitano “Órgão da defesa dos interesses dos negros da colónia de Moçambique”, que José Cantine, o
professor de Inhambane pretendia editar em 1935.

2.8.3. O papel das associações

Associação – é a união de pessoas com vista á prossecução de fins comuns, de forma organizada e
duradoura, ainda que por prazo determinado.

As associações africanas foram viveiros de consciencialização, onde as camadas mais jovens


despertaram para o nacionalismo africano, sob véu da poesia. Destacando-se o poeta Rui de Noronha,
que cantava África, “surge t ambula”, sonhando a pátria na terra onde nasceu – Moçambique. As
principais associações de Moçambique foram:

 A Associação Africana de Lourenço Marques – criada em 1920, pelos irmãos Albasini e


constituída por mulatos e negros assimilados;
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 O instituto Negrófilo (mais tarde designado por Centro Associativo dos Negros de
Moçambique) - foi criado em 1932 por descendentes negros da Associação Africana de
Lourenço Marques, destacando-se Brown Dulela, João Manuel e Enoque Libombo;

 O Núcleo dos estudantes Secundários Africanos de Moçambique (NESAM) - fundado em


1949, e tido como o movimento nacionalista embrionário.

N.B: Assim, os movimentos nacionalistas propriamente ditos surgiram apenas a partir dos anos 50 do
século XX, depois da 2ª Guerra Mundial.

Exercícios de consolidação

1. “Não acreditamos na igualdade. Exigimos (…) a reunião de todos os alemães numa grande
Alemanha (…), para ser cidadão preciso ser de sangue alemão (…).”

a) Como é chamada a característica do Nazismo referida no trecho?


b) Qual é o titulo da obra escrita por Adolfo Hitler na prisão, e em que ano foi publicada?
c) Porque razão Hitler promoveu o anti-semitismo contra os judeus?

2. Localize no tempo e espaço os seguintes movimentos: Nazismo, Salazarismo e Fascismo.

3. Quem foram os lideres dos seguintes regimes ditatoriais: Fascismo, Nazismo e


Corporativismo?

4. Como se chama o regime totalitário desenvolvido na Itália?

5. Explica as semelhas e diferenças que existem entre o Fascismo, Nazismo e o Corporativismo.

6. O que significa a sigla PIDE?

7. Indique os principais jornais africanos surgidos em Moçambique, e os jornalistas referidos.

Unidade III: A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939 - 1945) E O MOVIMENTO DE


LIBERTAÇÃO NACIONAL (MLN)

3.1. A Segunda Guerra Mundial

3.1.1. A Europa e o mundo nas vésperas da Segunda Guerra Mundial

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Entre o final da Primeira Guerra Mundial, em 1918, e o inicio da Segunda Guerra Mundial, em 1939,
viveu-se um pouco por todo o mundo um período de agitação provocada pela crise económica, o que
gerou tensões sociais e políticas.

A eclosão da grande depressão de 1929 levou a ascensão de regimes ditatoriais na Europa. Por outro
lado, a ambição imperialista da Alemanha e da Itália levou aos dois países a entrar em conflito com
outros Estados por causa do domínio de certas regiões.

A Liga das Nações ou Sociedade das Nações mostrou-se incapaz de resolver litígios entre as nações,
como também de evitar ocupações territoriais.

Antecedentes do conflito

 A invasão da Manchúria (na China) pelo Japão, em 1932;

 A ocupação da Abissínia (Etiópia) pela Itália, em 1935;

 A intervenção da Itália e da Alemanha na guerra civil espanhola entre 1936-1939;

 Em 1936, a Alemanha celebrou alianças com a Itália e Japão, surgindo o eixo Roma – Berlim
– Tóquio. A Alemanha assinou ainda com a Rússia o pacto de não-agressão – germano – soviético,
que previa no futuro, a partilha da polónia entre os dois países.

 A anexação da Áustria pela Alemanha, em 1938 e a invasão da região dos Sudetas na


Checoslováquia (cuja a maioria da população tinha origem alemã).

A Reafirmação dos Blocos militares

Antes de desencadear a 2ª Guerra Mundial, formaram-se na Europa dois blocos militares:

Bloco dos Aliados: França, EUA e Inglaterra.

Bloco do Eixo ou fascista: Alemanha, Itália e Japão.

3.1.2. As causas da Segunda Guerra Mundial

Causas político-económicas

 As contradições entre o capitalismo (EUA) e o socialismo (URSS);

 As consequências da Grande Depressão de 1929, que levaram à instauração de regimes


3ditatoriais na Europa.

Causas político-militares

 As consequências da I GM, provocaram novos conflitos. Em 1919, o Tratado de Versalhes


provocou a disseminação de um forte sentimento nacionalista nos países perdedores da guerra;

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 A política expansionista e anexacionista da Alemanha nazista, do Japão militarista e da Itália
fascista.

Causas sociais e ideológicas

 O combate às ideias comunistas;

 Adolfo Hitler pretendia, criar uma "nova ordem" baseada nos princípios nazista da
superioridade alemã, na exclusão – eliminação física de minorias étnicas e religiosas como
os judeus e ciganos e até os homossexuais;

 Hitler queria ainda suprimir as liberdades e direitos individuais e perseguição das ideologias
liberais, socialistas e comunistas.

3.1.3. A invasão a Polónia e o início da II Guerra Mundial: 1 de Setembro de 1939

A Sociedade das Nações (SDN) mostrou-se incapaz face a política agressiva do bloco fascista, por
isso, foi ignorada a partir de 1939. Por outro lado, as potências ocidentais continuaram passiva face as
agressões da Alemanha.

Hitler e Estaline decidiram, entretanto, dividir a Polónia entre a Alemanha e a URSS. No dia 01 de
Setembro de 1939, a Alemanha pôs essa ideia em prática, invadindo a Polónia, o que se tornou no
acontecimento decisivo que fez desencadear um novo conflito à escala mundial.

Devido aos acordos bilaterais da Polónia com a França e com a Inglaterra, dois dias depois, Winston
Churchill (Inglaterra) e Eduardo Daladier (França), declararam guerra à Alemanha. Começava
assim, a Segunda Guerra Mundial. Desta feita os dois blocos ficaram assim compostos:

Bloco do Eixo: Alemanha, Itália, Japão, Roménia, Bulgária, Hungria, entre outros;

Bloco dos Aliados: Inglaterra, França, Checoslováquia, Jugoslávia, Grécia, Brasil, EUA,
Dinamarca, Bélgica, URSS, Holanda, e.t.c.

3.1.4. O Decurso e as fases da II Guerra Mundial

Primeira Fase: As vitórias do Eixo (1939 – 1941)

As tropas alemãs apoiadas por aviões e tanques invadiram a Polónia, tornando impossível qualquer
defesa. A URSS perante a ameaça da aproximação dos alemães invadiu a Polónia pelo leste.

 A 9 de Abril de 1940, as tropas invadiram a Dinamarca e a Noruega. A 10 Maio de 1940, os


alemães liderados pelo general Rommel invadiram a Holanda e a Bélgica.
 A 15 de Maio de 1940, a Alemanha entra na França, obrigando a fuga do Dunquerque.
 A 14 de Junho de 1940, Paris é ocupado e a capital da França passou a ser a cidade de Vicy.
Depois, a Alemanha virou-se contra a Inglaterra, submetendo-a a terríveis bombardeamentos aéreos.

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 Em 1941, a Alemanha interrompeu a suposta amizade com a URSS, invadindo-a no mês de
Junho. Em Dezembro, foi a vez de o Japão atacar de surpresa a base naval americana no Havai
(Pearl Harbour), no oceano Pacífico. Isto levou à entrada dos EUA na guerra: contra o Japão no
pacífico, e contra a Alemanha, na Europa.

Segunda Fase: Equilíbrio de Forças e a Guerra Total (1941-1942)

De Junho de 1941 a Setembro de 1942, a guerra mundializou-se com violentos combates na Europa,
norte de África e no pacífico. Com os aliados praticamente vencidos, três acontecimentos vieram
alargar as dimensões do conflito e equilibrar as forças em presença:

 A guerra germano – soviético, que obrigou os alemães a dividir o seu exército em duas
frentes. No verão de 1942, Estalinegrado é cercado, apôs longas e sangrentas batalhas, dá-se a
reviravolta no conflito, a Alemanha é derrotada, era o fim da invencibilidade alemã (Fevereiro de
1942).
 A entrada dos EUA na guerra, na sequência do ataque japonês a Pear Harbour, em Dezembro
de 1941.
 As conquistas japonesas no pacifico, destacando-se os bombardeamentos contra a frota
aeronaval americana na Ilha de Haway de Dezembro de 1941 à Maio de 1942.

Terceira Fase: A contra-ofensiva e a vitória dos Aliados (1943 – 1945)

Em 1943, vários acontecimentos marcaram o início da viragem da guerra:

 Apôs a batalha de Estalinegrado, os alemães começaram a retirada dos territórios soviéticos;


 As vitórias inglesas contra os submarinos alemães;
 A ofensiva anglo-americana no norte de África;
 O desembarque anglo-franco-americana na Itália (que levou à destituição de Mussolini e à
rendição da Itália, em Junho de 1944).

Apesar dos ataques suicídios dos aviões, os aliados recuperaram gradualmente os territórios do
Pacifico ocupados pelos japoneses.

A vitória dos Aliados veio a decidir-se no Ocidente com o desembarque de Normandia (França)
no dia 06 de Junho de 1944 – Célebre dia D. um contingente de tropas aliadas (americanos,
canadianos, ingleses e franceses) desembarcou nas praias francesas da Normandia; onde vieram a
libertar Paris, em Agosto de 1944.

Finalmente, em Maio de 1945, foi lançada a ofensiva final contra a Alemanha, que conduziu à
derrota de Hitler (que se suicidou) e a rendição incondicional dos generais alemães e o Japão ficou

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sozinho na guerra. A rendição japonesa ocorreu no dia 02 de Setembro de 1945, pondo fim a
Segunda Guerra Mundial.

As consequências da II Guerra Mundial

Consequências Políticas

 Divisão da Europa em dois blocos (Capitalista e Socialista);


 Surgimento do Estado de Israel em 1948;
 Divisão Alemanha em RDA e RFA;
 Fundação da organização das Nações Unidas – ONU;
 Deslocação do centro de poder – na Europa diminui enquanto nos EUA e URSS fortalecesse;
 Emancipação dos países do 3º Mundo que não se identificam com a democracia Ocidental,
nem com o Socialismo.

Consequências Económicas

 A decadência económica da Europa;


 Destruição de infra-estruturas (fabricas, habitações, vias de comunicação);
 Desordem da rede de transporte, de comércio, inflação da moeda e greves.

Consequências sociais e demográficas

 Desalojamento de milhares de famílias;


 Redução da taxa de mentalidade;
 Incalculáveis mortes (cerca de 50 milhões).

A criação da Organização das Nações Unidas – ONU

Antecedentes

Contrariamente a SDN, rapidamente erigida no início da conferência de paz, a ONU foi longamente
preparada durante o desenrolar da 2ª Guerra Mundial principalmente pelos americanos e os
britânicos, aos quais se associaram os chineses e os soviéticos.

Reuniões precedentes à criação da ONU

Em Agosto de 1941, foi assinado pelo presidente Roosevelt e pelo primeiro-ministro Churchill a
carta do Atlântico onde se estabeleceu o direito dos povos escolherem o seu governo, a cooperação
entre os Estados, a igualdade ao acesso às matérias-primas, a liberdade dos mares, a não alteração dos
limites territoriais sem o consentimento dos povos interessados, a redução geral dos armamentos e a
manutenção da segurança colectiva.

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Em Janeiro de 1942, assinou-se a Declaração das Nações Unidas, em Washington com 24 Estados-
membros (esta declaração preserva a Carta do Atlântico e acrescenta a liberdade religiosa).

Em Outubro de 1943, assina-se a Declaração de Moscovo, pelos representantes da China, EUA,


Inglaterra e União Soviética, onde se manifesta a abertura para adesão de todos Estados, para a
manutenção da paz e segurança internacional.

As linhas mestras da Organização foram definidas na conferência de Dunbarton Oaks, de 21 de


Agosto a 28 de Setembro de 1944, tomando parte os EUA, Inglaterra e a URSS, e, depois de 29 de
Setembro, a China. O projecto elaborado previa que o órgão principal devia ser o Conselho de
Segurança com predomínio dos cinco: EUA, URSS, França, Inglaterra e China. Isto viria a ser
discutido na Conferência de Ialta, em Fevereiro de 1945, entre Roosevelt, Churchill e Estaline, que
decidem a repartição de esfera de influência na comunidade internacional do pós-guerra.

Contudo, a Carta das Nações Unidas, só veria a ser elaborada por delegados de 50 países, reunidos
na Confer6encia de São Francisco, entre 25 de Abril e 26 de Junho de 1945.

Objectivos da Organização das Nações Unidas (ONU)

 Manter a paz e a segurança internacionais;


 Desenvolver relações amigáveis entre as nações;
 Fomentar a cooperação internacional para resolver problemas de ordem económica, cultural
ou humanitária;
 Desenvolver o respeito pelos direitos do Homem e pelas liberdades fundamentais.

Características da ONU

 Universalismo – a ONU torna-se um fórum mundial, um quadro privilegiado das relações


internacionais, sobretudo para os pequenos países que sem ela ficariam isolados;
 Global – a ONU cobre todas a áreas e actividades humanas: política, sociocultural e técnico-
científica;
 Quanto as estruturas institucionais, paralelamente com flexibilidade dos processos, os seus
órgãos não são fixos nem procuram preservar o statu quo, evoluem e adaptam-se às novas
circunstâncias do mundo.

Órgãos da ONU

1. Assembleia Geral – órgão que delibera, discute todas as questões e faz recomendações a seu
respeito. Quanto ao processo decisório, nota-se que as decisões importantes (relativas à paz e
segurança internacionais, assuntos orçamentais) são tomadas por maioria de 2/3 (dois terços)

A Conferência de Potsdam

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A conferência de Potsdam realizou-se de 17 de Julho a 02 de Agosto de 1945 no velho castelo de
Potsdam nos subúrbios de Berlim na Alemanha. Nela participaram 4 grandes potências: Inglaterra;
França; URSS e EUA.

Principais objectivos da conferência

 Desnazificar; desmilitarizar e democratizar a Alemanha.

Decisões tomadas na conferência

 Perda de todos territórios conquistados pela Alemanha;

 Desarmamento total da Alemanha;

 Destruição da indústria bélica alemã;

 Criação de um Tribunal Internacional para julgar os criminosos de guerra (Tribunal Militar de


Nuremberg);

 A divisão da Alemanha em 4 zonas de ocupação: inglesa, francesa, norte-americana e


soviética. Esta divisão deu origem mais tarde a divisão da Alemanha em: RDA e RFA.

Exercícios de consolidação

1. Localize no tempo e no espaço a conferência de Potsdam.

2. Explique o processo da divisão da Alemanha em RFA e RDA.

3. Quando e onde foram lançadas as duas bombas atómicas?

4. Mencione três consequências do lançamento das bombas atómicas para a humanidade.

O Movimento de Libertação Nacional – MLN

Terminada a 2ª Guerra Mundial, teve lugar, no âmbito internacional, um fenómeno importante: a


formação de novos Estados em resultado do movimento de emancipação dos povos. A este
movimento, deu-se o nome de descolonização e verificou-se em África, na Ásia e na América Latina.
A emancipação das colónias iniciou-se na década de 1940, no sudeste da Ásia (India, Indonésia e
Indochina).

Em África, o fenómeno aconteceu tardiamente. No Norte de África ocorreu por volta da década de
1950 e na África negra (subsariana) deu-se por volta da década de 1960. O processo de
descolonização seguiu duas vias distintas:

1. Negociação pacífica – através do diálogo com os líderes nacionalistas as metrópoles


concederam as independências às colonias, como nos casos da Índia (Inglaterra); da Tunísia e
Marrocos (França);

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2. Guerra de independência – deu-se quando as metrópoles se opuseram aos movimentos de
libertação, como nos casos da Indonésia (Holanda); Moçambique e Angola (Portugal).

Descolonização – emancipação política de uma colónia em relação à metrópole.

O Movimento de Libertação Nacional na Ásia

Índia

O Movimento de Libertação da Índia do jugo britânico foi liderado pelo Congresso Nacional
Indiano, de Mahatma Ghandi. A Índia seguiu duas formas de luta: greves e sabotagens e o boicote

A Índia tornou-se independente em 1947, da Inglaterra. Todavia, os ingleses antes de se retirarem,


fomentaram uma guerra étnica e religiosa entre muçulmanos e hindus, que dividiu a Índia em duas
partes: a União Indiana (hindu) e o Paquistão Oriental (muçulmano).

A China

A República Popular da China foi implantada em 1949, sob a liderança do Partido Comunista, de
Mao-Tsé-Tung.

País MLN Líder Ano/indep.

Índia Congresso Nacional Indiano Mahatma Ghandi 1947

China Partido Comunista Mao Tsé-Tung 1949

O Movimento de Libertação Nacional na América Latina

A Revolução Chilena

O Chile libertou-se da Espanha em 1818, depois das forças lideradas pelo argentino José de San
Martin terem derrotado os espanhóis. Porém, as riquezas minerais chilenas atraíram a cobiça das
potências mundiais, provocando sangrentas guerras.

Em 1970, Salvador Allende, líder da Unidade Popular, aliança entre socialistas e comunistas, subiu
ao poder e nacionalizou as minas de cobre e mais de 200 empresas estrangeiras. Aumentou ainda o
salario dos trabalhadores, aprofundou a reforma agraria e colocou a banca e o comércio externo sob
controlo do Estado.

Estas reformas não agradaram aos EUA que financiaram a campanha de descredito do presidente, que
culminou no seu derrube, em 1973, por forças lideradas pelo general Augusto Pinochet (que instalou
uma ditadura forte).

O Nacionalismo Africano

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Conceitualização

Nacionalismo – exaltação dos valores considerados nacionais e das diferenças nacionais em relação a
outras nações.

Nacionalismo – é a vontade de uma colectividade querer criar e desenvolver o seu próprio Estado
soberano e independente, tendo em conta a consciência de pertença a uma individualidade histórica e
na sequência de circunstâncias diversas.

Nacionalismo – é a tomada de consciência por parte de indivíduos ou grupos de indivíduos numa


nação ou de um desejo de desenvolver a força a liberdade ou prosperidade dessa nação

Os factores da génese do nacionalismo africano

Externos

O papel do Pan-africanismo

O Pan-africanismo – é uma orientação filosófica, política e sócio-cultural dos afro-americanos dentro


da luta pelas liberdades africanas, versando fazer face às barreiras raciais, sociais e políticas que
enfrentavam. William Burghdth Du Bois foi o principal precursor deste movimento.

O abalo da II Guerra Mundial

A participação de milhares de africanos na II Guerra Mundial ao lado dos Aliados, exerceu uma
enorme influência sobre a consciência política nacional dos africanos. Estes, chamados para lutar pela
liberdade e pela democracia, interrogavam-se por que razão esses direitos não chegavam aos seus
territórios. Ao mesmo tempo, constataram que as suas metrópoles também podiam sofrer derrotas.

A política dos EUA e da URSS

A II Guerra Mundial enfraqueceu as grandes potências coloniais, situação que teve repercussões
sobre as administrações coloniais, e fortaleceu os EUA e a URSS, que defendiam o fim do
colonialismo.

A acção da Organização das Nações Unidas

A carta da ONU fundamentava-se no direito no direito dos povos à autodeterminação.

O exemplo da Ásia

A expansão do socialismo na Ásia, e mais tarde a liquidação do colonialismo e o surgimento de


países activos na luta contra o regime colonial, como foi o caso da India, da China e da Indonésia.

As lutas anticoloniais e as independências em África

O Ghana

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A luta pela independência do Ghana (antiga Costa do Ouro) foi liderada pelo CPP – Convention
People’s Party (Partido da Convenção do Povo), liderado pelo Kwame Nkrumah. Ghana tornou-se
independente no dia 06 de Março de 1957. Tendo alterado o nome de Costa de Ouro para Ghana, em
homenagem ao antigo império do Ghana e como forma de revalorização da africanidade.

A República Democrática do Congo

A RDC foi uma colónia belga, tornou-se independente a 30 de Junho de 1960, com o Movimento
Nacional Congolês (MNC), liderado por Patrice Lumumba (assassinado em 1961 num golpe de
Estado).

A Tanzânia

A Tanzânia tornou-se independente a 08 de Dezembro de 1961, sob a liderança do Tanganhica


African Association (TAA), mais tarde TANU- Tanganhica African National Union; liderado por
Julius Nyerere.

A Argélia

A Argélia libertou da França no dia 03 de Junho de 1962, pondo fim a uma das mais violentas
guerras de libertação em África. O processo de luta foi liderado pela Frente de Libertação Nacional
(FLN), de Ahmed Bem Bella.

O Quénia

O Quénia tornou-se independente a 12 de Dezembro de 1963, com a União Nacional Africana do


Quénia (KANU), presidida por Jomo Kenyatta.

As independências das colónias portuguesas

Guiné-Bissau e Cabo Verde

A rebelião começou em 1961, sob a liderança de Amílcar Cabral, do Partido Africano de


Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC). Amílcar Cabral é assassinado em 1973 e
seu meio irmão Luís Cabral assume a liderança do movimento, levando à proclamação da
independência em 1974. Somente em 1980, Cabo Verde se separou da Guiné-Bissau.

O caso de Moçambique

A luta de libertação nacional foi liderada pela FRELIMO, criada a partir de três movimentos: a União
Democrática Nacional de Moçambique (UDENAMO - 1960); a União Nacional Africana de
Moçambique Independente (UNAMI - 1960) e União Nacional Africana de Moçambique (MANU -
1961), no dia 25 de Junho de 1962, sob a liderança de Eduardo Chivambo Mondlane. O primeiro
congresso deste movimento foi realizado entre os dias 23 a 28 de Setembro de 1962.

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A 25 de Setembro de 1964, iniciou-se a luta armada de libertação, em Chai, na província de Cabo
Delegado. Com a revolução dos Cravos de 25 de Abril de 1974, Portugal assinou com a FRELIMO
os Acordos de Lusaka, no dia 07 de Setembro de 1974, reconhecendo a Moçambique o direito à
autodeterminação e à independência.

A independência foi proclamada em 25 de Junho de 1975, por Samora Moisés Machel (primeiro
presidente de Moçambique).

Unidade IV: O MUNDO ENTRE A CONFRONTAÇÃO E O DESANUVIAMNETO

4.1. Os Estados mais industrializados após a Segunda Guerra Mundial

Ao terminar a II G.M; evidenciou-se no continente europeu a supremacia dos Estados mais


industrializados, que contribuíram para a derrota do nazismo. Ao nível mundial, ganharam crescente
destaque duas nações: a URSS e os EUA.

A supremacia da URSS e dos EUA nas relações políticas internacionais no final da guerra
transformou-se rapidamente numa rivalidade política e ideológica, que se estendeu a outros Estados.
Esta disputa teve duas faces distintas: a do Capitalismo liberal dos EUA e a do Socialismo soviético
da URSS.

4.1.1. Os Estados Unidos da América

Os EUA afirmaram-se, logo apos a Primeira Guerra Mundial como uma nação poderosa a nível
económico, tecnológico e militar. A II Guerra Mundial confirmou-os como potência mais poderosa
do globo. O seu poder militar associado ao crescente poder económico, transformá-los-ia num dos
mais importantes actores da política mundial.

Em 1945, os EUA detinham 60% da produção mundial, e em 1948, as maiores empresas do mundo
eram americanas ou controladas por eles. O dólar, a moeda norte-americana tornou-se o padrão
internacional.

O presidente Truman afirmou em 1947 a disponibilidade dos EUA no apoio a Europa Ocidental; foi
neste contexto, que surgiu o Plano Marshall. O objectivo deste plano era por um lado, o auxílio
financeiro e a reabilitação das indústrias europeias e a recuperação dos mercados e, por outro lado,
procurar controlar a perturbações sociais e políticas que ameaçavam a Europa, permitindo aos EUA
consolidar a sua liderança política do bloco capitalista.

Outra das políticas de Truman foi o incentivo à criação de uma aliança militar dos países do
Atlântico. A OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte, conhecido por NATO, foi criada
em 1949, com objectivo de defender o mundo ocidental das possíveis investidas do Leste, sobretudo
da URSS.

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4.1.2. A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

Movimento dos países Não-alinhados

Conceito

Os países Não-alinhados são países que não aderiram a nenhum bloco político-militar. Os países Não-
alinhados da Ásia, África e da América latina, seguiram na sua política externa, uma orientação anti-
imperialista, anti-militarista e anti-colonialista.

O contexto Histórico do surgimento dos Não-alinhados

A formação e consolidação do campo socialista, no final da IIGM, o desmoronamento dos impérios


coloniais, o desenvolvimento de um mundo bipolar e a emergência dos blocos militares da NATO e o
Pacto de Varsóvia, vieram criar um novo panorama internacional que propiciou o surgimento de
encontros de concentração multilaterais dos países do sul.

Entretanto, o movimento não-alinhado surgiu no contexto da guerra fria entre as duas grandes
potências de então os EUA e a URSS. A guerra fria precedeu a segunda guerra mundial marcada
essencialmente por um conflito ideológico entre o bloco do leste, liderado pela URSS e o bloco do
oeste liderado por EUA.

Os EUA detentores do sistema liberal capitalista procuraram expandir a sua ideologia política e
económica contrapondo a URSS, que de igual modo procurava expandir o socialismo colectivista
sobretudo nos países que ainda se encontravam sob domínio colonial europeu, ambos apoiando os
movimentos de luta de libertação no contexto do nacionalismo.

Foi neste contexto que os países subdesenvolvidos, na sua maioria da Ásia e da África sentiram a
necessidade de unir esforços na defesa comum dos seus interesses na consolidação das suas
independências e soberania, no desenvolvimento cultural e económico dos seus povos, além de
expressar um forte compromisso com a paz ao se declararem não-alinhados a nenhum dos blocos
militares que haviam surgidos. Nesta ordem de ideias se convocou a conferência Ásia-África em
Bandung, onde se traçaram as directrizes do movimento.

A Conferência de Bandung

A organização da conferência de Bandung nasceu de acções institucionais no interior da ONU e na


organização de inúmeros encontros de líderes políticos da região afro-asiática em busca da paz e
estabilidade política no decurso da guerra fria.

De 18 a 24 de Abril de 1955 em Bandung na Indonésia, realizou-se a conferência Ásia África com


objectivos de debater e avançar com uma estratégia concertada em relação ao não-alinhamento.

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Países participantes

A conferência, foi ao convite do primeiro ministro da Birmânia (Mianmar), do Ceilão, (Sir Lanka), da
Índia, Indonésia e do Paquistão. Reuniu vinte e nove países da Ásia e da África para debater
preocupações comuns e coordenar posições no campo das relações internacionais.

Os países asiáticos que participaram nesta conferência foram‫ ׃‬Indonésia, Afeganistão, Arábia Saudita,
Birmânia, Camboja, Laos, Líbano, Leilão, Rep. Popular da China, Filipinas, Japão, Índia, Jordânia,
Paquistão, Turquia, Tailândia, Síria, República Democrática do Vietname do norte, Rep. Vietname do
Sul, Irão, Iraque, Nepal, Iémen do norte e os países africanos‫ ׃‬Etiópia, Líbia, Libéria, Egipto Ghana e
Sudão.

Tema da conferência

O seu programa incluía a descolonização política da Ásia e da África e todos estavam de acordo, que
a independência política recém recuperada era um meio para conseguirem o fim da liberdade
económica e sócio-cultural e procurou preservar a paz no mundo.

A conferência de Bandung depois de ter proclamado a necessidade de se pôr termo ao


colonialismo sob todas as suas formas, tinha também definido uma linha de política
internacional, havendo concluído ser imperioso e salvaguardar a paz no mundo,
reclamavam, para atingir esse objectivo, a redução de armamentos, eliminação das
armas nucleares sob um controle internacional eficaz. BENOT (1981:105)

Na conferência de Bandung foram enunciados dez princípios que deveriam orientar as relações entre
as nações.

1.3.1. Os dez princípios de Bandung

Os dez princípios de Bandung são:

1. Respeito aos direitos humanos fundamentais e aos objectivos de princípios da carta da ONU;

2. Respeito a soberania e integridade territorial de todas as nações;

3. Reconhecimento da igualdade de todas as raças e nações grandes e pequenas;

4. Não intervenção e não-interferência nos assuntos internos de outros países (autodeterminação dos
povos);

5. Respeito pelo direito de cada nação, defender-se individualmente e colectivamente de acordo com
as cartas das Nações Unidas;

6. Recusa na participação dos preparativos da defesa colectiva destinada a servir aos interesses
particulares das superpotências;

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7. A abstenção de todo acto ou ameaça de agressão, ou de emprego de força, contra a integridade
territorial ou a independência política de outros países;

8. Soluções de todos os conflitos internacionais por meios pacíficos (negociações e conciliações


arbitragens por tribunais internacionais) de acordo com a carta da ONU;

9. Estimulo aos interesses mútuos de cooperação;

10. Respeito pela Justiça e obrigações internacionais.

N.B: Em Bandung a paz estava ligada a liberdade, independência e a soberania dos povos. Lá não se
tomou partido a favor do socialismo ou do capitalismo, pois o princípio de autodeterminação dos
povos incluía o direito de cada nação definir livremente seu sistema político e social, aspecto este
expresso em 1961 em Belgrado, pelos países não-alinhados.

A Conferência para a Coordenação do Desenvolvimento da África Austral (SADCC) – 1978

Antecedentes: a Linha da Frente

A independência das colónias britânicas (Botswana, Lesotho, Malawi, Suazilândia, Tanzânia e


Zâmbia) nos anos 60 e das colónias portuguesas (Moçambique e Angola) em 1975 levou ao
estabelecimento de relações e acordos de cooperação económica bilaterais entre os novos países,
resultando não formação da Linha da Frente. A Linha da Frente era constituída por: Angola,
Moçambique, Botswana, Tanzânia e Zâmbia. Estes países coordenaram esforços para apoiar a luta de
libertação na Namíbia e Zimbabwe.

Fundação e objectivos

A SADCC foi criada a 19 de Julho de 1978.foi criada como uma organização de caracter político-
económico visando a reabilitação e desenvolvimento económico da região da África Austral e o
alcance de independência do Zimbabwe e Namíbia.

Por uma escola livre do SIDA


República de Moçambique
Ministério da Educação
Conselho Nacional de Exames, Certificados e Equivalências
Exame de História
Extraordinário – 2014
90 Minutos

10a classe dr. Arcénio


1. A grande dependência do Homem em relação à natureza levou-o a desenvolver uma economia
recolectora.
a) Mencione duas (2) principais actividades económicas da população neste tipo de economia.
(1,2)
b) A economia recolectora foi característica da Comunidade… (0,6)
A dos agricultores B dos pastores C primitiva D sedentária
2. O Egipto Antigo foi uma das civilizações mais desenvolvidas do mundo antigo.
Transcreva para sua folha de respostas a opção que refere a localização desta civilização. (0,6)
A Nordeste da Ásia, no vale do rio Eufrates
B Nordeste de África, no vale do rio Nilo
C Sudeste da Ásia, nas margens do rio Yang Tsé
D Sudoeste de África, nas margens do rio Congo.
3. A Mesopotâmia foi uma civilização que se desenvolveu num território entre dois rios.
a) A que rios se refere o trecho? (0,8)
b) Como eram chamados os habitantes desta região? (0,6)
4. “O Renascimento foi um movimento intelectual de renovação cultural que surgiu na Itália
(…), o Homem passa a ser o centro do pensamento.”
Mencione a característica do renascimento patente na expressão sublinhada. (0,8)
5. “A revolução francesa representou um marco decisivo na História da Humanidade.”
Transcreva a opção que refere a importância desta revolução para a humanidade. (1,0)
A Abolição da sociedade de classes C Devolução dois bens do clero
B Abolição dos privilégios feudais D Proibição dos partidos políticos
6. “ Na frente ocidental, procurando conservar as regiões ocupadas, as tropas (…) escavaram
uma extensa rede de valas e abrigos na terra.” A I Guerra Mundial, In: História 9, p.25
a) Que fase da guerra se refere o trecho? (1,0)
b) O que terá precipitado a saída da Rússia nesta guerra? (1,0)
c) Mencione três (3) consequências desta guerra para a Alemanha. (3,0)
7. “ Nos exigimos a formação de uma grande Alemanha (…) para ser cidadão é necessário ter
sangue alemão (…) nenhum judeu pode ser alemão (…).” Extrato da ideologia Nazi.
a) Identifique o regime patente no trecho. (1,0)
b) Que opção refere a expressão sublinhada? (1,0)
A. Anti-semitismo B. Anti-Socialismo C. Comunismo D. Expansionismo
8. “ O pânico instalou-se (…) quando 70 milhões de títulos foram postos no mercado a baixo
preço (…) foi neste dia que se registou (…) a derrocada da economia mundial.”
A Grande Depressão, In: História, 10ª classe, p. 82
a) Que outro nome tomou a Grande Depressão? (1,0)

10a classe dr. Arcénio


b) Mencione duas (2) medidas tomadas pelos EUA para superar a Grande Depressão. (2,0)
9. Em 1955 foi realizada a Conferência de a Bandung.
Que opção refere a organização criada nesta conferência? (1,0)
A. Movimento dos países não-alinhados.
B. Organização dos países da Commonwealth.
C. Organização dos países exportadores do petróleo.
D. Países da Linha da Frente.
10. O Nacionalismo Africano apelava a unidade dos povos africanos na luta pela independência.
a) Transcreva a opção que refere o factor do desenvolvimento do Nacionalismo Africano.
(1,5)
A. Criação da Organização da Unidade Africana (OUA).
B. Ideias emancipacionistas adoptadas pelas superpotências no início e durante a Guerra Fria.
C. Ideias emancipacionistas adoptadas pelos colonizados no final da II Guerra Mundial.
D. Revoluções liberais ocorridas nos finais do século XIX.
b) Mencione (2) dois países africanos que alcançaram a independência em 1975. (2,0)

Por uma escola livre do SIDA


República de Moçambique
Ministério da Educação
Conselho Nacional de Exames, Certificados e Equivalências
Exame de História/1ª época
ESG/2014 90 Minutos

1. A figura representa os centros de prática da agricultura e pastorícia em África e Ásia.


a) Que novas actividades surgiram com a prática da agricultura e da pastorícia? (1,0)
b) Mencione três (3) consequências da prática da agricultura para Moçambique. (1,5)
2. O aparecimento, ao longo da costa de moçambicanos praticantes do islão é um fenómeno muito
antigo e resulta de contactos comerciais com asiáticos.
a) Como se chamou este comércio? (0,5)
b) Das afirmações abaixo transcreva os resultados deste comércio para os africanos. (1,0)
i. Abandono da actividade pesqueira ao longo da costa.
ii. Destruição de reinos e impérios africanos.
iii. Empobrecimento das comunidades africanas.
iv. Formação dos primeiros Estados africanos.
v. Introdução de novas culturas agrícolas em África.

10a classe dr. Arcénio


3. As indulgências foram uma das causas da crise no seio da Igreja Católica.
Transcreva a opção que justifica a expressão sublinhada. (1,0)
A. O dever dos crentes em pertencerem a uma certa ordem religiosa.
B. O gosto que os padres tinham de levar uma vida luxuosa e de ostentação.
C. O direito que os crentes tinham de poder recusar ou aceitar um determinado sacramento.
D. O poder que os padres tinham de poder perdoar mediante o pagamento de uma determinada
quantia.
4. A utilização da máquina na indústria cria graves problemas aos operários.
Justifique a afirmação com dois aspetos. (1,0)
5. Leia o texto:
“A partir do dia em que a Alemanha levou a guerra à costa Atlântica, violando a integridade belga,
invadindo a França, atacando a Inglaterra e tentando separar-nos (…) a partir desse dia a nossa
neutralidade deixava de ser possível.” W. Wilson ao senado, 1917 In História, 10ª classe, p. 38

a) A que guerra se refere o texto? (1,0)


b) Para que bloco militar entraram os EUA? (1,0)
c) O que significou a entrada dos EUA neste conflito? (1,0)
6. Os regimes totalitários surgiram na Europa resultantes das dificuldades enfrentadas após a
Primeira Guerra Mundial. Preencha o quadro sobre os regimes totalitários. (2,0)
País Líder Regime totalitário
Itália
Nazismo

7. A organização das Nações Unidas (ONU) tem desempenhado um papel muito importante na
pacificação do mundo.
a) Qual foi o principal objectivo da sua criação? (1,0)
b) Identifique dois (2) órgãos utilizados para garantir essa pacificação. (2,0)
c) Demostre com um (1) exemplo o seu papel na pacificação de Moçambique. (1,0)
8. No contexto da Guerra Fria a África Austral foi uma região de conflito pela posse de zonas de
influência.
a) Quais foram os dois (2) países que assinaram o acordo de Inkomati? (2,0)
b) Mencione dois (2) países da Linha da Frente. (2,0)
c) Como se chamou a organização económica da região criada na época? (1,0)

10a classe dr. Arcénio


Fim

Bibliografia

ALVES, Maria da Graça. História Universal Moderno. Lisboa: Editora Verbo, 1988.

AQUINO, Rubin Santos de et all. História das Sociedades Modernas às Sociedades Actuais. 1ª
Edição, Rio de Janeiro: Ao Livro técnico, 1979.

BENOT, Yves. Ideologia das Independências Africanas. Vol. II, Lisboa: Sá de Corta, 1981.do

CAMERON, Rondo. História económica mundo. Publicações Europa-América, 2000.

FENHANE, João Baptista H. História da 10ª classe. Maputo: Diname.

MONDLANE, Eduardo Chivambo. Lutar por Moçambique. Maputo: Minerva Central, 1995.

NYE, Junior. Joseph, S. Compreender os conflitos internacionais. Uma introdução a Teoria e a


História. Lisboa, Editora Gradiva, 2002.

PROGRAMA DA 10ª CLASSE. História, Maputo: 2009.

SOPA, António. História 10ª classe. 1ª Ed. Maputo: Texto Editores, 2007.

10a classe dr. Arcénio

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