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Proletários de todos os países,

uni-vos!
Série Contra o liberalismo

Assim morrem os inimigos


da classe: Lucanamarca
1983 e violência
revolucionária

Struggle Sessions
Sobre nós

O Bandeira Vermelha é um blog brasileiro focado na tradução e reunião de documentos voltados para a
ideologia científica do proletariado internacional, o Marxismo-Leninismo-Maoísmo.

O presente material foi traduzido pelo Núcleo de Traduções Bandeira Vermelha. É certo que este
documento, entre tantos outros, não poderia estar disponível em nosso blog e em suas mãos se não fosse
o trabalho e o esforço conjunto dos camaradas que formam a nossa organização.

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Viva o marxismo-leninismo-maoísmo, principalmente maoísmo!

Ficha Técnica
Nome da obra: Assim morrem os inimigos da classe: Lucanamarca 1983 e
violência revolucionária
Autor: Struggle Sessions
Publicação original: julho de 2018, em inglês
Número: 1ª edição - 2022
Editora: Bandeira Vermelha
Diagramador e revisor: Núcleo de Traduções Bandeira Vermelha
Capa: Bandeira Vermelha
Sumário
Assim morrem os inimigos da classe: Lucanamarca 1983 e violência revolucionária.......................7
Assim morrem os inimigos da classe: lucanamarca 1983 e violência
revolucionária

Assim morrem os inimigos da classe: Lucanamarca 1983 e


violência revolucionária

Os mais progressistas diziam: “Sim, é mau, mas trata-se de algo inevitável


numa revolução.” Em suma, ninguém era capaz de negar de todo a
expressão “mau”. Mas, como já se disse, a realidade é que as grandes massas
camponesas se levantaram para cumprir a sua missão histórica, as forças da
democracia levantaram-se para derrubar as forças do feudalismo no campo.
Desde há milénios que a classe feudal-patriarcal dos déspotas locais, maus
nobres e senhores de terras sem lei constitui a base da autocracia, sendo sobre
ela que se apoiam os imperialistas, os caudilhos militares e os funcionários
corrompidos. […] É, portanto, muito bom. De modo nenhum é “mau”. Será
tudo menos “muito mau”. Como é evidente, “muito mau” é a teoria que
defende os interesses dos senhores de terras e combate o levantamento dos
camponeses. Sem dúvida alguma, é uma teoria da classe dos senhores de
terras, para preservar a velha ordem feudal e impedir o estabelecimento da
nova ordem democrática; está claro que se trata duma teoria contra-
revolucionária. Nenhum camarada revolucionário deve fazer eco a tal tolice.
Quando, com concepção revolucionária firmemente estabelecida, se vai às
aldeias e olha em redor, é infalível que se sente uma alegria nunca antes
experimentada. Milhares e milhares de escravos — os camponeses —
derrubando o inimigo que lhes chupava o sangue.

Mao Zedong, Relatório Sobre uma Investigação Feita no


Hunan a Respeito do Movimento Camponês, Obras
Escolhidas de Mao Tsetung – Tomo I, Edições do Povo de
Pequim, 1957.

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Anticomunistas persistem em histórias de terror sobre a revolução e projetos do Estado socialista


do passado, e o fazem de forma mais eficiente quando eles mesmos dizem ser comunistas. Esse método tem
sido usado repetidamente, mas nunca de forma tão eficaz do que contra o Partido Comunista do Peru
(PCP), que foi a revolução mais avançada prática e ideologicamente no período posterior à restauração
capitalista na China. Nós, comunistas, devemos defender essa revolução assim como fazemos com a
Grande Revolução Cultural Proletária (GRCP) mesmo que ela ainda não tenha tomado o poder, assim
como a GRCP não impediu a restauração. Ambas nos oferecem um caminho claro e indiscutível para o
futuro. Nenhuma das duas deve ser considerada principalmente um fracasso, mas um sucesso
esclarecedor.

O anticomunismo mais agudo tendo o PCP como alvo tem como centro um evento que ocorreu
em 1983 nos anos iniciais da Guerra Popular Prolongada. O estado peruano reacionário e a mídia
burguesa mundial se referem a tal evento como “Massacre de Lucanamarca”. Lucanamarca é uma vila no
Peru onde mais de 80 pessoas foram aniquiladas pelo Partido Comunista do Peru (69 de acordo com o
Estado). Isto tem sido usado sempre para criar mitos anticomunistas sobre o PCP e a Guerra Popular que
ele dirige. Eu considero importante dividir este assunto em dois. De um lado, ninguém nega o
envolvimento do Partido nisso, nem mesmo o seu líder, o Presidente Gonzalo, também admitindo que a
ordem partiu do Comitê Central e que também foram cometidos excessos. O que nós devemos entender
para não reproduzirmos mecanicamente o número de mortos como o inimigo sempre faz é o outro
aspecto, que é o principal nessa questão.

O ataque ordenado pelo Comitê Central do PCP foi em parte uma retaliação pelo assassinato de
um de seus quadros, Olegario Curitomay, que era amado pelas massas camponesas da região. A vida
camponesa ali era opressora, e muitos desapareceram, foram assassinados ou estuprados. Curitomay foi
apedrejado, torturado até a morte, estripado e exposto em praça pública. Esta injustiça exigia sangue, e as
massas assim demandavam. Lucanamarca era um reduto reacionário; ela já estava desenvolvendo e já tinha
desenvolvido um esquadrão da morte direitista forte (ronderos) que tomou a forma de milícias
camponesas civis organizadas pelo Estado. Esse desenvolvimento estava a serviço da base social dos
latifundiários e do próprio Estado, organizada em medo pelo espalhar do comunismo. Esses esquadrões da

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morte cometeram inúmeras atrocidades contra o povo; eles mobilizaram as massas mais atrasadas e o
lumpemproletariado para executar esses ataques fascistas como o que aconteceu contra o Comandante
Curitomay. As armas entregues aos ronderos pelo governo peruano foram disponibilizadas pelo
imperialismo ianque e social-imperialismo soviético para auxiliar a burguesia compradora peruana em
suprimir a revolução.

Em resposta o PCP enviou uma mensagem clara e firme de que essa era um tipo diferente de
guerra, uma Guerra Popular, diferente de quaisquer outras lutas violentas na história peruana. Enquanto
as mentes burguesas entram em pânico com o número de mortes, os comunistas vêem as coisas como elas
existem no contexto de seu tempo. Este aviso não chegou a ouvidos tapados. Para entender o contexto
dado você necessita entender a forma de como o Exército Guerrilheiro Popular (EGP) foi organizado.
Enquanto o Comitê Central emitia ordens, as operações no terreno eram descentralizadas. O EGP
operava de duas maneiras principais:

A primeira maneira era pelo próprio EGP, que tinha tropas armadas a quem eram atribuídas
armas capturadas do inimigo. Mas eles compunham um número relativamente pequeno de bandos móveis
que operavam regionalmente, executando ataques móveis sequências de atingir e recuar da defensiva
estratégica. Mantenha em mente que isto ainda era cedo na Guerra Popular, que havia começado só em
1980 por quadros desarmados e soldados furtando armas da polícia e invadindo locais de armazenamento
de pequenos braços. Em 1983 o Estado peruano estava apenas começando a perceber o poder e a eficácia
do PCP, de seu exército e de seu Novo Estado/Frente.

A segunda maneira que operavam as guerrilhas era por meio de milícias camponesas, que não
eram armadas com armas capturadas (ainda em armazenamento escasso nesse período) mas com
ferramentas agrícolas, dinamite e outras armas brancas letais. Essas forças eram numericamente muito
maiores do que o EGP propriamente dito, e seus membros foram recrutados para o EGP. Esses não eram
soldados treinados mas as próprias massas camponesas, compostas pelas massas indígenas andinas mais
pobres. Essas foram as forças que executaram a operação em Lucanamarca. O PCP não estava
abandonando a linha de massas mas a realizando com o envolvimento direto das massas camponesas.

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As massas podem ser como uma onda de maré e a ordem do Comitê Central rompeu a represa,
libertando a justa ira criativa das massas. É incorreto sugerir a qualquer um, muito menos à onda de maré,
que ela deveria voltar ao oceano simplesmente e ficar quieta. Nós devemos entender que a raiva do povo, a
dor que ele sente quando os seus amados líderes comunitários que são de seu próprio sangue são tratados
com o terror e execução estatal. Quando as massas vão “longe demais” os revisionistas sempre vão dizer “é
muito mau” e os revolucionários devem dizer “é bom”. Isso foi expressado por Mao em seus relatórios
sobre o movimento camponês em Hunan durante a Guerra Popular que ele liderou.

O PCP entendeu a relação dialética entre os comunistas e as massas dessa maneira:

Não pode haver líderes que sejam surdos ao clamor das massas, cegos à sua
força, duros ou indiferentes. Isto é inaceitável. No entanto, o que temos visto?
Líderes cegos, duros, indiferentes e surdos; eles estão perdendo seu status de
comunistas? As almas dos comunistas devem tremer como as almas das
massas tremem, devem se alegrar com o que lhes traz alegria, devem ser
feridas pelo que lhes faz mal, devem se apaixonar pelo que lhes traz paixão,
devem se elevar pelo que eleva as massas. Caso contrário, o caráter do
militante torna-se uma mera formalidade, uma insígnia, um selo de
borracha, uma espécie de etiqueta.

Os eventos em Lucanamarca não foram uma questão das massas atacando no tempo errado, e o
Partido ao seu lado, mas do Partido mobilizando completamente as massas para realizar um golpe
devastador contra a reação, um que jamais será esquecido. É claro que há pessoas que, com um selo de
borracha, na verdade trocaram quem eram as massas. Eles enquadram a aniquilação de uma vila
reacionária como “matar as massas”, e claramente estão bem felizes em ignorar o fato de que as massas
também participaram da aniquilação, apoiaram a diretiva do Partido em realizá-la, e povoaram as milícias e
o EGP. Por confundirem quem são as massas, eles confundem violência revolucionária com violência
reacionária.

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Estes revisionistas, já que não expulsaram suas mentalidades burguesas e seu caráter de classe
burguês, ainda são propensos a chorar sob o número de mortos que lhes dão os “senderólogos”,
acadêmicos burgueses, e mesmo fontes que estão sob emprego direto da Comissão da Verdade e
Reconciliação, um complô do Estado comparável ao nosso COINTELPRO 1 dos Estados Unidos. Eles
estudam fontes como Iván Degregori, que foi um dos principais líderes da Comissão. Ele compartilhou
posições na Comissão da Verdade e Reconciliação com generais do Exército peruano reacionário como
Luis Arias Graziani, ex-membros do congresso como Beatriz Alva Hart e Rolando Ames, diversos padres e
bispos católicos, e um líder da Igreja Protestante conservador, Lay Sun. Este grupo de reacionários foi
todo partidário na contrainsurgência contra a revolução a serviço do Estado, composto por endossadores
de Fujimori e pessoas que apoiaram Alan García. Degregori, por sua vez, como um antropólogo, empresta
legitimidade acadêmica ao que equivale a uma campanha de calúnia anticomunista bem lubrificada. Em
seu livro How Difficult It Is to Be God ele apresenta a ideia de que o PCP, devido à sua atividade em
Lucanamarca em 1983, alienou de alguma forma sua base camponesa com atividade antipopular e foi
forçado (quase uma década depois) a correr do campo e ir pras cidades. Não importa o quão falso isso é,
ainda existem conservadores se escondendo sob a bandeira do maoísmo nos Estados Unidos que vão se
amontoar como mariposas em direção a uma chama para tais relatos. Agora eles podem falsear uma
posição moral para se opor ao maoísmo ao mesmo tempo que se entitulam maoístas. A ideia de Degregori
ser um analista objetivo é totalmente histérica. Nenhuma quantidade de citações ou louros acadêmicos
pode apagar o seu interesse de classe e seu papel na Comissão da Verdade e Reconciliação. Mesmo outros
senderólogos burgueses como Simon Strong, David Scott Palmer, entre outros, contradizem esta tese e
destacam a esmagadora evidência de que o PCP só aumentou seu apoio popular durante toda a década de
80 e início dos anos 90. Lendo relatórios da inteligência militar ianque confirmamos isso igualmente, visto
que eles temiam uma vitória do PCP e o colapso do Estado peruano. Como o PCP sempre insistiu, a
Guerra Popular em países semifeudais avança do campo para cercar a cidade. O avanço sobre Lima não foi
um recuo estratégico, mas uma resposta tanto a fatores subjetivos quanto a condições objetivas.

1 O Programa de Contrainteligência (Counter Intelligence Program) foi um programa secreto de um dos aparatos de
inteligência e violência da burguesia e Estado imperialista ianque, o Birô Federal de Investigação – o FBI. Atuou na caçada,
prisão, tortura e ameaças contra militantes progressistas, democráticos e comunistas nos Estados Unidos formalmente da
década de 50 até a de 70.

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Esses humanistas liberais denunciarão a violência de 1983 e fazendo isso denunciarão a Guerra
Popular Prolongada no Peru e sua Chefatura, o Presidente Gonzalo. Eles insistem sem base no
materialismo histórico ou nos mais acessíveis fatos que esse "massacre" alienou a base camponesa e que na
verdade isso fortaleceu o número de recrutamentos nos esquadrões da morte, danificando a própria
revolução. Isso não é nada menos que uma patranha. As próprias massas entenderam tal ação, apoiaram
isso, e elas mesmas executaram após a ordem do Partido. Isso não era a atividade de "agitadores externos",
agentes sombrios do Partido de origem distante. Assim como a lógica usada por outros liberais para
descartar a atividade mais rebelde das massas estadunidenses, a mente liberal faz contos de fadas e conjura
fantasmas. O Partido é, apenas na mente liberal, entendido como totalmente divorciado das massas
revolucionárias, realizando massacres quase não provocados com base senão apenas em um desejo
metafísico por sangue.

Vamos então olhar para os fatos: a Guerra Popular peruana apenas cresceu mais de 1983 até os
anos 90. Quando começaram a avançar sobre Lima e outras cidades maiores, a milícia camponesa e os
comitês populares cresceram ano após ano, e com eles cresceu o EGP e o próprio PCP. A revolução se
espalha como um incêndio selvagem, dos Andes para as selvas e para as favelas de Lima, que começaram a
sufocar a cidade pelo campo. As prisões foram organizadas, e áreas inteiras deixaram de usar a moeda do
Estado peruano e passaram a usar a moeda do PCP. Tais lugares foram as áreas de base mais avançadas e
desenvolvidas dos tempos modernos e ultrapassavam de longe qualquer exemplo atual. O Novo Estado já
estava funcionando em áreas largas dentro do país.

Como mencionado, relatórios militares do governo estadunidense anteciparam de forma nervosa


o colapso do Estado peruano, cuja infraestrutura foi conscientemente reduzida a nada pelo PCP e sua base
de massa. A Guerra Popular floresceu, e isso é impossível sem o apoio amplo das massas. O suporte das
massas é inegável. Um incidente em 1983 não fez e nem causou nenhum custo às suas bases de massa; essa
leitura oportunista da história é basicamente analfabeta no senso teórico e ideológico. Revisionistas e
oportunistas sempre se escoraram no revisionismo histórico (a revisão dos acontecimentos históricos) para
tentar alterar um entendimento sobre o passado, contra o materialismo histórico. Camaradas não tão
desenvolvidos e ideologicamente fracos podem certos momentos ser tentados a engolir tais ficções
anticomunistas, mas abraçando o materialismo histórico pode-se ver como seu crescimento ocorreu e sua

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base de massa se desenvolveu e cresceu dentro da Guerra Popular Prolongada. O Exército Popular realizou
a maioria do trabalho das massas que foi responsável por realizar a linha de massas e ganhar a maioria das
massas peruanas no campo e nas favelas. O mundo inteiro entrou em choque com os movimentos no
Peru, e o comunismo revolucionário estava mais uma vez de volta à voga.

Malditas as palavras dos traidores; tudo foi ganho através da violência


revolucionária.

Presidente Gonzalo

Devemos enfrentar agora a questão da violência da perspectiva marxista, que está dividida em duas
categorias principais: a violência revolucionária e a violência reacionária. É melhor aprender a diferença.
Uma das facas mais afiadas do açougue liberal que se destina a abater e desmembrar revoluções é o conflito
entre estes dois tipos distintos de violência – combinando duas em uma. Por isso, eles participam da
violência reacionária e, na maioria das vezes, sancionada pelo Estado.

A violência do Estado neste caso é o armamento dos ronderos, e a preparação da contrainsurgência


no nível de aldeia, através dos antigos órgãos ideológicos do colonialismo, principalmente a igreja. A
violência reacionária foi a lapidação, o desmembramento e a exibição pública do corpo de um amado
revolucionário e comandante do PCP. A violência reacionária é o revisionismo histórico tanto dos críticos
liberais que se contorciam na contagem de corpos quanto das manobras ideológicas de contrainsurgência
da Comissão da Verdade e Reconciliação. O anticomunismo é a violência reacionária.

Existem também aqueles críticos que, claro, sempre procuram perdoar o terror branco de um
Estado fascista sugerindo que foi a revolução que provocou a reação. Esse argumento perdoa o Estado de
todos os seus delitos. Isso perdoa o mais atrasado da sociedade peruana, que por vontade própria entrou
nos esquadrões da morte. Essa é a linha maior de argumentos da Comissão da Verdade e Reconciliação
contra a Guerra Popular. Eles jogam com a falsa equivalência liberal e o sentimentalismo liberal. Eles só

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relutantemente e em retrospectiva culpam Fujimori (em parte) por sua sede de sangue, sendo todos do
mesmo tecido daqueles que o perdoaram legalmente enquanto o Camarada Gonzalo permanece talvez o
prisioneiro político mais bem guardado do mundo.

Então nós devemos vir a entender a violência revolucionária como o oposto dialético da violência
reacionária. A violência é tudo menos neutra. A violência revolucionária, que sempre se justifica, é quando
as massas ficam tão fartas com a tortura, exploração, assassinato e estupro nas mãos dos ronderos e o
Partido as invoca como uma poderosa tempestade. Ninguém, tampouco o PCP, pode negar a vingança das
grandes e destemidas massas. Aqueles que são reprimidos pela ameaça constante da violência reacionária
respondem à vontade de tal Partido, e sua ascensão não pode ser derrubada. O PCP denunciar a
aniquilação dos inimigos de classe seria trair seu próprio povo, sua própria causa – ou seja, a causa do
proletariado internacional. Lucanamarca, embora estando longe do padrão de violência revolucionária,
era, no entanto, necessária. Foi necessária para deixar claro que essa revolução não era como qualquer
outra que tenha chacoalhado a sociedade peruana. Além disso, cumpriu seu objetivo e diminuiu o
interesse em se juntar aos esquadrões da morte. Aqueles que fingem preocupação com os mais de 80
aniquilados pelas forças revolucionárias o fazem apenas de forma oportunista, de uma posição de
segurança, onde o terror branco não os mutilou e feriu; para eles é certamente “muito mau” e “ir longe
demais”.

Sempre vão haver ataques burgueses sobre a revolução que se posicionam à “esquerda”. É
necessário para a burguesia fingir esta posição para se proteger contra qualquer potencial fortalecimento
do sentimento revolucionário entre o povo. O Estado peruano aprendeu sua lição quando tentaram
humilhar o Camarada Gonzalo colocando-o em seu uniforme de prisioneiro, em uma cela igual a um
animal em rede nacional. O objetivo deles era destruir o mito do homem e humilhá-lo. O tiro saiu pela
culatra e ele só foi humanizado. Eles não cometeriam este erro novamente, e através da formação da
Comissão da Verdade e Reconciliação eles tentaram transformar a revolução em um monstro a partir de
uma posição falsa de “direitos humanos”, ao mesmo tempo em que se colocaram do lado de abusos do
Estado, abusos que são muito mais monstruosos do que a imaginação média pode conceber.

O núcleo deste artigo foi exposto há muito tempo e desde então muitos visitantes retificaram suas
visões sobre a Guerra Popular no Peru, mas as mentiras dos senderólogos e da Comissão da Verdade e

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Reconciliação são parasitas roedores persistentes, sempre procurando atirar lama no que foi a revolução
mais importante a acontecer desde a Grande Revolução Cultural Proletária. Ironicamente muitos desses
ataques usam a mesma velha estratégia: citam os excessos enquanto exageram suas proporções e os
enquadram como par do curso da revolução, ao mesmo tempo mantendo confortavelmente o terror da
burguesia em um ponto cego.

Hoje é mais importante do que nunca defender a Guerra Popular no Peru, defender não apenas
seu legado mas sua continuação. Os grandes reveses sofridos com a captura do Presidente Gonzalo e a
diminuição da atividade militar em 1999 são apenas curvas no caminho. Atacado por todos os lados, o
PCP persiste em se reconstituir mais uma vez. A Guerra Popular prossegue e em nenhum momento o
proletariado peruano ficou sem sua vanguarda. Ele está sempre pressionando para preservar seu legado e
para mantê-lo. Embora muitos tenham caído, os revolucionários persistem. Como materialistas históricos,
podemos entender que nenhuma revolução ocorreu sem estas curvas no caminho: a Revolução de
Outubro teve muitos desses retrocessos, e muitas das lutas armadas iniciais na China foram derrotadas,
apenas para que os revolucionários persistissem até a vitória e mais uma vez enfrentassem um retrocesso. O
que não podemos fazer é ceder ao nosso cinismo e ser míopes. Caso contrário, esquecemos a própria base
de nossa história.

Artigo por Ali H.

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