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A guerra de guerrilhas entre a

grande imprensa e mídia


alternativa na América Latina

Prof. Alexandre Barbosa


alexandre_barbosa@uninove.br
junho/05
ISTO É PERMITIDO...
ISTO É PERMITIDO...
ISTO, NÃO É PERMITIDO!

Manifestações
de indígenas
bolivianos

Fonte: Indymedia
www.indymedia.org
ISTO, NÃO É PERMITIDO!

Manifestações de
mineiros bolivianos

Fonte: Indymedia
www.indymedia.org
ISTO, NÃO É PERMITIDO!
ISTO, NÃO É PERMITIDO!
Este é o discurso da mídia !
A burguesia pode ostentar seu luxo, mas não
permite aos “Condenados da Terra” a liberdade de
se manifestar.
"Os capitalistas chamam ‘liberdade’ a dos ricos de
enriquecer e a dos operá-rios para morrer de fome. Os
capitalistas chamam liberdade de imprensa a compra
dela pelos ricos, servindo-se da riqueza para fabricar e
falsificar a opinião pública"
Lenin
"Metade da humanidade não come; e a outra metade
não dorme, com medo da que não come”
Josué de Castro
E no passado? ...
Quilombo dos Palmares
Versão Oficial Versão das classes populares
. A fuga prejudicava o desenvolvimento da Em resposta à opressão da escravidão, os
economia agrícola, por isso o quilombo quilombolas criaram um sistema de
deveria ser combatido duramente. repúblicas. Enquanto a elite acabava com o
solo do Nordeste com a monocultura de
cana-de-acúcar, os negros do Quilombo
plantavam algodão, milho, mandioca, feijão,
legumes, batatas e frutas.
Canudos
Versão Oficial Versão das classes populares

Os fanáticos seguidores de Conselheiro O massacre empregado em Canudos pelo


pregavam contra a República. Precisavam Exército brasileiro, que cortou a cabeça de
ser combatidos. Conselheiro e assassinou os últimos
lutadores de Canudos mostra que o exemplo
de sublevação e reforma agrária não seria
aceito novamente.
E no passado mais recente
Ditadura Militar
Versão Oficial Versão das classes populares

. Os guerrilheiros eram terroristas a serviço A ditadura militar brasileira provocou a


do comunismo internacional que queriam morte de 320 militantes de esquerda,
acabar com o desenvolvimento brasileiro. intelectuais e estudantes, sendo 144
Precisam ser presos em nome da Lei de “desaparecidos”; centenas de baleados,
Segurança Nacional. 50.000 prisões, a maioria arbitrárias,
milhares de exilados. Torturas e
espancamentos cruéis.
A mídia durante a ditadura

O Estado de
S.Paulo,
13/06/70
A mídia durante a ditadura

O Globo,
07/06/75
O Estado de
S.Paulo,
06/03/71
A mídia durante a ditadura

Jornal da Tarde – 13/04/71


Jornal do Brasil – 15/09/71
A mídia durante a ditadura
O Estado de S.Paulo – 14/06/70
Divulgação do manifesto dos
guerrilheiros com a expressão
“ousar lutar, ousar vencer” !
A história e a imprensa

História dos movimentos sociais


• A historiografia oficial é a mais “fácil” de ser encontrada (sites, livros de
própria autoria, “encomendas”) . É necessário buscar outras fontes e cruzar
com acontecimentos da História

A grande imprensa brasileira


• Aparelhos ideológicos das elites do país. A elite pode ser proprietária ou
financiadora dos veículos da imprensa.
• Em cada momento histórico a elite assume uma posição, refletida nos meios
de comunicação.
• Os óculos dos jornalistas da grande imprensa são os óculos desta elite

•A grande imprensa brasileira é feita PELA elite e PARA a


elite.
A grande imprensa e os óculos da elite

Pela historiografia oficial, a grande imprensa teve papel de destaque na história


“democrática” do país, muitas vezes se auto-intitulando paladinos da democracia. São
veículos que se proclamam plurais e dirigidos a TODOS, mas a análise histórica por
outra perspectiva tem outras interpretações.

Grupo Folha
o Grupo Folha é adesista e representante da elite
oligárquica, tal qual O Estado de S.Paulo.
• Durante a ditadura, o Grupo Folha mantinha o
jornal Folha da Tarde, apelidado de Diário
Oficial da Oban.
• Em nome do “Padrão Folha de Qualidade”
mantém clima de opressão nos jornalistas.
• A pasteurização das notícias via Manual de
Redação tenta “mascarar” a ideologia dos
proprietários do jornal.
A grande imprensa e os óculos da elite

Revista Veja
Tornou-se o panfleto do conservadorismo brasileiro. As capas sobre MST e Hugo
Chávez são exemplos de sua política conservadora.
Revista Veja: panfleto da elite conservadora

“Com exceção dos


governadores de São
Paulo, Mário Covas, e do
Paraná, Jaime Lerner, os
responsáveis pelo
“Soldado americano
devidamente paramentado comando das polícias
para enfrentar multidões e, à nada fizeram para conter
direita, um policial brasileiro
em ação: diferença gritante”
a baderna.”
Veja, Edição 1 648 -10/5/2000. Veja, Edição 1 648 -10/5/2000.
A guerra de guerrilhas entre a
grande imprensa e a mídia alternativa

Não existe imparcialidade no jornalismo.


jornalismo Cada órgão de
imprensa é o aparelho ideológico do grupo
a que está ligado.

“Temos, há muito tempo, guardado


dentro de nós um silêncio bastante
parecido com estupidez"
Eduardo Galeano
Imprensa das classes subalternas

• É a responsável pela recuperação da história dos vencidos e dos excluídos


• Atua numa guerra de guerrilhas com a grande imprensa.
• Sofreu com a repressão aos movimentos sociais e manifestações populares.
• É acusada de partidarismo, como se a grande imprensa também não fosse.
• Esta imprensa, para KUCINSKI “não está ligada a políticas dominantes, é uma
opção entre duas ideologias reciprocamente excludentes, é a única saída para
situações de exclusão e incorpora o desejo de protagonizar as transformações
sociais”.
• A América Latina popular é retratada apenas nesta imprensa.
Jornal Brasil de Fato
09/06/05

O único veículo da mídia


impressa a dar destaque
para as manifestações
de indígenas e mineiros
bolivianos sem citar o
medo de crise na
economia brasileira.

Fonte para realizar a


matéria: ALAI
ALAI – Agência Latino-americana
de Informação

www.alainet.org
ADITAL – Agência Frei Tito de
Informação para a América Latina

www.adital.com.br
O MST e a Comunicação Social

Rádio, via web Revista


Jornal

Exemplos do uso da
comunicação por um
movimento social
Caros Amigos

www.carosamigos.com.br
Caros Amigos - trechos
Globo e Veja são apenas a porta da frente da imprensa grande, toda ela contra o MST e a
reforma agrária preconizada pelo movimento, daí esta nossa edição especial, pautada na
visão dos que acreditam em mudanças, dos que acreditam na força dos movimentos sociais
autênticos diante do poder até hoje absoluto dos senhores da terra eternamente amparados
não só pelos donos dos veículos de comunicação, mas por boa parte do Legislativo, do
Judiciário e do Executivo, nos níveis municipal, estadual e federal.

É uma parada duríssima, para citar novamente Francisco Julião: “A luta pela reforma agrária
é a maior questão de todos os séculos e de todos os povos”.
Editoral da Edição Especial set/03

Uma escola contra a escravidão


Por José Arbex Jr. - Edição jun/05

A Escola Nacional Florestan Fernandes, criada e construída pelo Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST), em Guararema, a 60 quilômetros de São Paulo. [...] Em cinco
séculos de história do Brasil, é a primeira tentativa de criação de uma universidade
efetivamente popular, impulsionada pelos setores mais pobres da população e em relação de
franca colaboração com a nata intelectual do país. [...] por constituir uma possibilidade de
ruptura com o legado escravista da cultura nacional, o mero lançamento da escola coloca um
desafio novo para os intelectuais e militantes brasileiros efetivamente interessados na
transformação social. Não basta repetir, como papagaio, que “um outro mundo é possível”,
para em seguida retomar as práticas e mentalidades do “velho mundo”. Se é possível, faça.
Contribua.
Agência Carta Maior

www.agenciacartamaior.com.br
Revista América Libre

http://www.nodo50.org/americalibre/
Revista Forum
Ousar lutar, ousar vencer...
Referências bibliográficas

ARBEX JR, José & SENISE, Maria Helena Valente. Cinco Séculos de Brasil, Imagens e Visões. São Paulo, Editora
Moderna, 1998.
BARBOSA, Alexandre. A Luta de Classes entre a mídia oficial e a alternativa na América Latina: buscando
fissuras nos muros do pensamento único. Tese de Conclusão de Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Jornalismo
Internacional. São Paulo, PUC, 2000.
BOURDIEU, Pierre. Sobre a Televisão. Seguido de A influência do jornalismo e Os Jogos Olímpicos. Tradução de
Maria Lúcia Machado. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997. [1996]
FANON, Frantz. Os Condenados da Terra. 2º ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.
FERREIRA, Maria Nazareth. Comunicação e resistência na imprensa proletária. Tese de Livre Docência na
especialidade Cultura Brasileira. São Paulo: Escola de Comunicação e Artes/ Universidade de São Paulo, 1990.
__________________________ (org). Cultura, Comunicação e Movimentos Sociais. São Paulo: CELACC:ECA,
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GALEANO, Eduardo. Memória de Fogo: o Século do Vento: as dimensões e os segredos da América Latina num
mosaico de histórias, fatos, mitos e homens, volume III, Porto Alegre, L&PM, 1998
_________________ . As Veias Abertas da América Latina. Petrópolis: Paz e Terra, 1982.
GENRO FILHO, Adelmo. O Segredo da Pirâmide: para uma teoria marxista do jornalismo. Porto Alegre: Editora
Tchê, 1987.
GORENDER, Jacob. Combate nas Trevas: das ilusões perdidas à luta armada. 5ª edição.São Paulo, Ática, 1998.
GRAMSCI, Antônio. Os intelectuais e a organização da cultura. Rio de Janeiro, Civilização, 1968.
IANNI, Octavio. O Labirinto latino-americano. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1993.
JOSÉ, Emiliano. Carlos Marighella: o inimigo número um da ditadura militar. São Paulo: Sol & Chuva, 1997.
KUSHNIR, Beatriz. Cães de Guarda: jornalistas e censores do AI-5 à Constituição de 1988. São Paulo: Boitempo,

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