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Escola Superior de Jornalismo

Publicidade de Marketing

II ANO LABORAL

Noções de Direito

Tema: Liberdade de Expressão e de Imprensa em Moçambique

Docente:
Aurélio Tinga
Discentes:
Daniel Jacinto
Felismina Pechico
Joana Mavile
Naira Nhalivilo
Rute Sitoe
Shelcia Gabriel

Maputo, 2023
Índice
Escola Superior de Jornalismo...............................................................................................1

Introdução.................................................................................................................................1

Objetivo Geral:.....................................................................................................................1

Objectivos específicos:..........................................................................................................1

Importância do tema............................................................................................................2

1. Conceitos Básicos sobre liberdade e expressão e de imprensa.....................................1

1.1. Definição da Imprensa..............................................................................................1

1.2. Liberdade de Imprensa.............................................................................................1

1.3. Tipos de Liberdade de Expressão............................................................................1

2. A Evolução da Liberdade de Imprensa em Moçambicano...........................................3

2.1. A Constituição de 1975..............................................................................................3

2.2. A Constituição de 1990 e o Avanço dos Direitos à Liberdade de Expressão e


Imprensa em Moçambique..................................................................................................3

2.3. O Avanço da Liberdade de Expressão e Imprensa na Constituição de 2004 em


Moçambique..........................................................................................................................4

2.4. Importância da liberdade de Expressão e de imprensa na sociedade..................6

3. Direito a informação.........................................................................................................7

4. Órgãos que regulam a liberdade de expressão e imprensa exemplos práticos...........8

5. Desafios da liberdade de expressão enfrentada pelos Jornalistas em Moçambique.10

6. Conclusão.........................................................................................................................11

7. Referências bibliográficas..............................................................................................13
Introdução

A liberdade de expressão e a liberdade de imprensa são pilares essenciais de uma sociedade


democrática, cuja proteção é fundamental para o pleno funcionamento de um Estado de
Direito. Em Moçambique, como em muitos outros países, esses princípios têm evoluído ao
longo das décadas, moldando a paisagem da informação e da comunicação.

Neste trabalho, exploraremos os conceitos básicos dessas liberdades, destacando seu papel na
promoção da democracia. Além disso, analisaremos a evolução da liberdade de imprensa em
Moçambique, desde sua independência até os dias actuais, analisar os marcos legais, os
desafios enfrentados pelos jornalistas e os órgãos de regulamentação.

Por fim, abordaremos a importância do direito à informação e a necessidade de proteger essas


liberdades como um componente vital do sistema democrático moçambicano.

Objetivo Geral:

Analisar a evolução da liberdade de expressão e de imprensa em Moçambique, desde a sua


independência até os dias actuais

Objectivos específicos:

Explorar os conceitos básicos de liberdade de expressão e de imprensa, destacando seu papel


na promoção da democracia.

Analisar a evolução da liberdade de imprensa em Moçambique, desde sua independência em


1975 até os dias actuais.

Investigar os desafios enfrentados pelos jornalistas em Moçambique no exercício de sua


profissão, incluindo ameaças, intimidação e restrições à liberdade de imprensa.

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Importância do tema

A importância do tema "Liberdade de Expressão e de Imprensa em Moçambique" para


estudantes de Comunicação Social é inegável, pois essa temática está no cerne da própria
profissão. Abaixo, destacamos algumas razões pelas quais esse tema é relevante e valioso
para estudantes dessa área:

1. Compreensão do Papel dos Meios de Comunicação: A liberdade de imprensa é


fundamental para o funcionamento adequado dos meios de comunicação. Estudar esse tema
permite que os estudantes entendam como a liberdade de expressão é a base para a existência
e operação dos veículos de comunicação, como jornais, rádio, televisão e mídia online.

2. Ética e Responsabilidade Profissional: A ética jornalística e a responsabilidade


profissional são pilares da Comunicação Social. Analisar a liberdade de imprensa ajuda os
estudantes a compreenderem os desafios éticos que os profissionais de mídia enfrentam,
como manter a objetividade e a imparcialidade em um ambiente onde a liberdade pode ser
ameaçada.

3. Contribuição para a Democracia: A liberdade de imprensa é essencial para o


funcionamento de uma sociedade democrática. Os estudantes de Comunicação Social
aprendem como os meios de comunicação desempenham um papel fundamental na
informação dos cidadãos, na fiscalização do governo e na promoção da participação cívica.

4. Desenvolvimento de Habilidades de Pesquisa e Análise: O estudo da liberdade de imprensa


envolve pesquisa, análise de dados e compreensão de contextos legais e políticos. Essas
habilidades são valiosas para os futuros profissionais de Comunicação Social, pois os ajudam
a produzir reportagens e análises de alta qualidade.

5. Adaptação a Ambientes em Evolução: À medida que as condições para a liberdade de


imprensa mudam em Moçambique e em todo o mundo, os estudantes que compreendem essas
mudanças podem se adaptar mais eficazmente a novos ambientes de comunicação e
regulamentação.

6. Promoção da Liberdade de Expressão: Os estudantes de Comunicação Social podem se


tornar defensores ativos da liberdade de expressão, usando seus conhecimentos e habilidades

ii
para sensibilizar a sociedade sobre a importância desse direito e para defender os direitos dos
jornais.

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1. Conceitos Básicos sobre liberdade e expressão e de imprensa

A liberdade de expressão e a liberdade de imprensa são conceitos fundamentais para uma


sociedade democrática e são protegidos por leis específicas em muitos países e Moçambique
não é um caso particular.

1.1. Definição da Imprensa

De acordo com a Lei nº 18/91, de 10 de Agosto - Lei da Imprensa, a imprensa é definida


como órgãos de informação cuja actividade principal é a colecta, tratamento e divulgação
pública de informações por meio de publicações gráficas, rádio, televisão, cinema ou
qualquer reprodução de escritos, som ou imagem destinada à comunicação social. A imprensa
desempenha um papel fundamental na sociedade ao promover a democracia, informar os
cidadãos e promover o diálogo entre os poderes públicos e os cidadãos.

1.2. Liberdade de Imprensa

A liberdade de imprensa refere-se à capacidade dos meios de comunicação operarem sem


controle ou influência governamental ou de outras entidades, permitindo que relatem notícias
e informações de forma independente e responsável. A liberdade de imprensa é essencial para
a manutenção da democracia e a garantia de que os cidadãos tenham acesso a informações
precisas e diversificadas.

1.3. Tipos de Liberdade de Expressão

A liberdade de expressão se desdobra em vários tipos, cada um protegendo diferentes


aspectos da expressão humana. A seguir, são apresentados alguns dos principais tipos:

1. Liberdade de Expressão Política: Envolve o direito das pessoas e organizações de


expressar opiniões políticas, criticar o governo e participar de debates públicos sobre
questões políticas.

2. Liberdade de Expressão Artística: Garante o direito dos artistas de criar obras de arte,
música, literatura, cinema e outras formas de expressão cultural sem censura ou restrições
excessivas.

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3. Liberdade de Expressão Religiosa: Protege a liberdade das pessoas de praticar e expressar
suas crenças religiosas, bem como discutir questões religiosas publicamente.

4. Liberdade de Expressão Acadêmica: Envolve a liberdade dos acadêmicos, professores e


estudantes de pesquisar, ensinar e aprender sem restrições indevidas, promovendo o livre
intercâmbio de ideias e conhecimento.

5. Liberdade de Expressão Comercial: Relaciona-se com a capacidade das empresas e


organizações de se comunicarem livremente com o público, incluindo publicidade e
promoção de produtos e serviços.

6. Liberdade de Expressão na Internet: Garante a liberdade de expressão online, incluindo a


capacidade de compartilhar informações, opiniões e ideias na internet sem censura
governamental ou privada indevida.

7. Liberdade de Expressão nas Redes Sociais: Refere-se à liberdade dos usuários de redes
sociais expressarem suas opiniões e compartilharem informações dentro das políticas das
plataformas, sem restrições arbitrárias ou discriminação.

8. Liberdade de Expressão em Questões de Saúde Pública: Durante crises de saúde, como


pandemias, a liberdade de expressão pode ser um tema crítico, pois as pessoas têm o direito
de acessar informações precisas e compartilhar suas preocupações sobre questões de saúde
pública.

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2. A Evolução da Liberdade de Imprensa em Moçambicano

Nesta fase do trabalho, vamos analisar a evolução do direito à liberdade de imprensa em


Moçambique, destacando as mudanças significativas que ocorreram ao longo das últimas
décadas. A Constituição da República de Moçambique garante diversos direitos
fundamentais, incluindo a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa e o direito à
informação. Estes direitos foram progressivamente reconhecidos e fortalecidos nas leis
moçambicanas, culminando na actual Constituição de 2004.

2.1. A Constituição de 1975

Durante a vigência da Constituição de 1975, que marcou os primeiros anos após a


independência de Moçambique, foram introduzidas diversas leis e práticas administrativas
em nome da "segurança nacional". Algumas dessas leis ainda estão em vigor e não foram
substituídas por leis que assegurem plenamente os direitos dos cidadãos, conforme
estabelecido na Constituição. Um exemplo notável é a Lei nº 12/79 de 12 de Dezembro, que
trata do regime jurídico da proteção do segredo de Estado.

Neste período inicial, o Estado moçambicano adoptou uma orientação socialista, ao buscar
implementar uma concepção socialista do poder e do Estado de Direito Democrático. No
entanto, a Constituição da República Popular de Moçambique de 1975 não previa o direito à
liberdade de expressão, mas apenas o direito de imprensa.

Segundo (Sarmento Leonardo, 2019, pg 65 ), muitos factores impediram a conquista da


liberdade de imprensa ao longo da "era da transição". Além das barreiras legais mencionadas
anteriormente, muitas instituições moçambicanas e a maioria dos membros e líderes do
partido FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) viam a mídia como um
instrumento a serviço do poder político. Essa visão era uma continuação da situação colonial
e foi reforçada pelo regime marxista-leninista sob a liderança de Samora Machel, que
promovia o chamado "jornalismo militante".

2.2. A Constituição de 1990 e o Avanço dos Direitos à Liberdade de Expressão


e Imprensa em Moçambique

A Constituição de 1990 representou um marco crucial na evolução dos direitos à liberdade de


expressão e imprensa em Moçambique. Substituindo o modelo de democracia popular

3
baseado no Estado de partido único estabelecido pela Constituição de 1975, esta nova carta
magna introduziu o Estado de Direito Democrático, fundamentado na separação de poderes,
pluralismo político, liberdade de expressão e respeito pelos Direitos Fundamentais.

A Constituição de 1990 trouxe uma transformação fundamental na estrutura política de


Moçambique. Estabeleceu formalmente o Estado de Direito Democrático, encerrando o
sistema de poder unitário do Estado. Algumas das mudanças mais notáveis introduzidas por
esta Constituição incluem:

Separação de Poderes: A Constituição de 1990 introduziu a separação de poderes,


garantindo a independência dos poderes executivo, legislativo e judicial.

Direitos e Liberdades Individuais: Reconheceu e protegeu os direitos e liberdades


individuais, incluindo a liberdade de expressão e imprensa.

Liberdade de Criação de Partidos Políticos: Permitiu a criação de partidos políticos,


promovendo o pluralismo político.

Sufrágio Universal e Secreto: Estabeleceu o sufrágio universal, periódico, direto, secreto e


pessoal como um princípio fundamental.

Lei de Imprensa (Lei nº 18/91): Em 1991, a Lei de Imprensa, oficialmente denominada


"Definição dos Princípios que Regem a Atividade da Imprensa e Estabelece os Direitos e
Deveres dos seus Profissionais," foi promulgada. Esta lei regulamentou os direitos e deveres
dos profissionais de mídia e estabeleceu princípios para a atividade da imprensa.

Além da Lei de Imprensa, o Estado moçambicano introduziu uma série de outras legislações
na área da informação e comunicação. Essas leis visavam complementar o ambiente
regulatório e promover a liberdade de imprensa e expressão. Algumas dessas leis incluem o
Decreto n.º 22/92, que pôs fim ao monopólio estatal sobre a radiodifusão, e o Decreto n.º
65/2004, que aprovou a Lei da Publicidade.

2.3. O Avanço da Liberdade de Expressão e Imprensa na Constituição de


2004 em Moçambique

A Constituição de 2004 marcou um avanço significativo na consolidação dos princípios


democráticos em Moçambique. Diferentemente da versão de 1990, esta Constituição

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removeu uma série de restrições à liberdade de imprensa. Um exemplo notável foi a
disposição que permitia a limitação do exercício dos direitos à liberdade de expressão e
imprensa "pelos imperativos da política externa e da defesa nacional". A nova Constituição
proporcionou um ambiente mais favorável para a livre expressão e o jornalismo
independente.

Aumento da Circulação de Jornais Independentes:

Com a promulgação da Constituição de 2004, a mídia e as pessoas em Moçambique passaram


a ter amplas oportunidades para expressar suas opiniões e críticas. Isso resultou em um
aumento notável na circulação de jornais independentes. Um exemplo notável foi o
semanário independente Savana, que alcançava uma circulação de 17.000 a 20.000
exemplares por semana, com distribuição em todo o país.

A Mudança de Mentalidade e o Apoio Internacional:

A mudança de mentalidade em relação à liberdade de imprensa também foi influenciada pelo


então presidente Chissano. Reconheceu a importância de conceder espaço para a liberdade
mediática e superar as restrições históricas. Doadores internacionais também pressionaram
por uma abordagem mais aberta como condição para continuar a fornecer apoio financeiro a
Moçambique.

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2.4. Importância da liberdade de Expressão e de imprensa na sociedade

A liberdade de expressão e imprensa tem assumido um papel importante na Sociedade, sendo


associada à função de informar, educar e servir, como um espaço de debate público de ideias.
O exercício destas funções faz com que os média sejam actores centrais na sociedade,
sobretudo pela sua capacidade de definir e agendar Temas que podem moldar as percepções
da sociedade. Estas funções transformam os média em instituições relevantes para a vida
política, económica e cívica, devendo por esta via, a sua actividade ser orientada por
princípios de veracidade, Imparcialidade, produção e disseminação de informações
(NHANALE, 2012).

Esta exigência de veracidade e equilíbrio da informação surge como forma de reduzir as


possibilidades de manipulação dos mídias, sobretudo em contextos em que a sua actividade
tende a ser objecto de controlo por diversos grupos de elites Económicas e políticas que, a
partir do seu trabalho, pretendem influenciar a opinião pública.

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3. Direito a informação

O direito à informação desempenha um papel fundamental em uma sociedade democrática e


é intrinsecamente relacionado à liberdade de expressão. O acesso à informação é essencial
para que os cidadãos estejam bem informados sobre os acontecimentos e questões que afetam
suas vidas, e também é crucial para o exercício da cidadania e a participação ativa na vida
pública. Aqui estão alguns pontos importantes sobre o direito à informação com base no texto
fornecido:

1. Importância do direito à informação: No Estado Democrático de Direito, o direito à


informação é essencial para a participação popular e para a formação da opinião pública. Ele
permite que as pessoas estejam cientes dos eventos sociais, políticos e econômicos ao seu
redor, possibilitando uma participação informada na tomada de decisões.

2. Legislação e direito à informação: O direito à informação é geralmente respaldado por


legislações específicas que garantem o acesso às informações públicas. No caso apresentado,
a Constituição de Moçambique de 2004 assegura o direito à informação como um direito
fundamental no seu artigo 48. Além disso, a Lei 34/2014 de 31 de Dezembro estabelece que o
exercício desse direito envolve solicitar, procurar, consultar, receber e divulgar informações
de interesse público em posse de entidades públicas ou privadas.

3. Acesso à informação e democracia: O acesso à informação desempenha um papel crucial


na manutenção da democracia. Ele permite que os cidadãos avaliem as ações do governo,
fiscalizem as instituições públicas e exerçam controle sobre o poder público. Isso contribui
para um governo mais transparente e responsável.

4. Neutralidade e imparcialidade: Uma informação precisa, imparcial e neutra é


fundamental para garantir o direito à informação. A mídia desempenha um papel importante
ao fornecer informações de maneira objetiva e não tendenciosa, permitindo que o público
forme suas próprias opiniões com base em fatos.

5. Combate à corrupção: O acesso à informação desempenha um papel importante na


prevenção da corrupção, uma vez que a transparência nas ações do governo e o escrutínio
público podem revelar práticas corruptas. Quando os cidadãos têm acesso a informações
sobre como os recursos públicos são gastos, isso ajuda a reduzir a corrupção.

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6. Responsabilidade pública: Os governos e instituições públicas têm a responsabilidade de
fornecer informações de interesse público de forma proativa e responder a solicitações de
informações. Isso contribui para a prestação de contas e fortalece a confiança entre o governo
e a sociedade.

O direito à informação desempenha um papel fundamental na manutenção de uma sociedade


democrática e transparente. Ele permite que os cidadãos estejam bem informados, participem
ativamente na vida pública e fiscalizem o governo e as instituições públicas. A promoção
desse direito é essencial para o fortalecimento da democracia e a prevenção da corrupção.

4. Órgãos que regulam a liberdade de expressão e imprensa exemplos práticos

Os órgãos que regulam a liberdade de expressão e a imprensa em Moçambique desempenham


um papel fundamental na proteção dos direitos dos jornalistas e na promoção de um ambiente
propício para a livre circulação de informações e opiniões. Aqui estão alguns pontos
destacados com exemplos práticos:

1. Instituto de Comunicação Social de Moçambique (ICS): O ICS é responsável por


regulamentar a mídia e garantir o cumprimento das leis de comunicação em Moçambique. No
entanto, é importante observar que o ICS também pode ser criticado por sua proximidade
com o governo, o que pode levantar preocupações sobre sua independência na regulação da
mídia.

2. Conselho Superior da Comunicação Social (CSCS): O CSCS supervisiona as atividades


da mídia em Moçambique e garante que as leis e regulamentos relacionados à comunicação
social sejam cumpridos. No entanto, é crucial que o CSCS também desempenhe um papel
ativo na defesa da liberdade de expressão e na proteção dos jornalistas.

3. Conselho de Ética da Comunicação Social (CECS): O CECS desempenha um papel


importante na promoção de padrões éticos na mídia moçambicana. Isso inclui abordar
questões relacionadas à ética jornalística e à conduta dos profissionais de mídia. É essencial
que o CECS continue a promover a integridade e a qualidade do jornalismo.

4. Autoridade Reguladora das Comunicações de Moçambique (ARC): Embora a ARC


não esteja diretamente relacionada à regulamentação da mídia, sua gestão das frequências de

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rádio e televisão é relevante para a liberdade de imprensa, pois afeta a diversidade e o acesso
às fontes de informação.

No entanto, os exemplos práticos fornecidos destacam a preocupação com o cerceamento da


liberdade de expressão e de imprensa em Moçambique. A detenção, ameaças e intimidação
de jornalistas e artistas são evidências de desafios significativos enfrentados pela mídia e pela
liberdade de expressão no país. A interferência governamental e a falta de independência na
regulação da mídia também são questões críticas.

A sociedade civil, incluindo a classe jornalística, desempenha um papel fundamental na


defesa da liberdade de expressão. A união dos jornalistas e a defesa ativa da liberdade de
imprensa são essenciais para garantir que o direito à informação seja respeitado em
Moçambique. A pressão sobre os órgãos reguladores para atuarem de forma mais eficaz na
proteção da liberdade de imprensa também é necessária para melhorar a situação.

A comunidade internacional e as organizações de direitos humanos também desempenham


um papel importante ao chamar a atenção para violações da liberdade de imprensa em
Moçambique e ao apoiar a promoção da liberdade de expressão no país.

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5. Desafios da liberdade de expressão enfrentada pelos Jornalistas em Moçambique

Os desafios enfrentados pelos jornalistas na defesa da liberdade de expressão e de imprensa


em Moçambique têm suas raízes nas bases constitucionais e jurídicas do país. A Constituição
da República de 1990 marcou o início da democracia multipartidária no país, garantindo, pela
primeira vez, a liberdade de expressão. Desde então, Moçambique passou por uma transição
complicada em direção a um governo estável e democrático, enfrentando desafios mais do
que conquistas no que diz respeito à liberdade de expressão. A Constituição estabeleceu o
princípio da liberdade de expressão, incluindo "a faculdade de divulgar o próprio pensamento
por todos os meios legais." As bases da liberdade de imprensa foram posteriormente
fortalecidas com a aprovação da Lei de Imprensa em 1991 e da lei de acesso à informação em
2014.

No entanto, esses direitos nem sempre são respeitados na prática. Jornalistas muitas vezes
enfrentam abusos de poder por parte de figuras de alto escalão na sociedade que procuram
silenciar aqueles que tentam cumprir sua profissão de forma ética e independente. Dois
exemplos ilustram a violação do direito à liberdade de expressão e imprensa em
Moçambique:

Caso 1: Em 2008, três jornalistas do jornal Zambeze foram condenados por difamação após
questionar a nacionalidade da Primeira-Ministra de Moçambique, Luísa Dias Diogo. Embora
tenham sido condenados, o tribunal rejeitou o pedido de indemnização milionária do
Ministério Público. O caso destacou abuso de poder e a confusão entre questões pessoais e de
Estado.

Caso 2: Em 2012, o Presidente do Conselho Municipal de Manica mandou fechar a sede da


Rádio Macequece, uma rádio comunitária. Isso representou um claro abuso de autoridade, já
que a única entidade legal que poderia ordenar o fechamento de uma estação de rádio seria o
tribunal, a pedido do Ministério Público. O Ministério Público, no entanto, não tomou
medidas em relação a esse abuso.

Esses casos demonstram que a liberdade de expressão e imprensa, embora seja um direito
constitucional, nem sempre é respeitada na prática em Moçambique. Além disso, revelam a
influência política sobre o Ministério Público, que frequentemente ignora casos de abuso de
poder relacionados à mídia.

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6. Conclusão

Em conclusão, este trabalho sobre a liberdade de expressão e de imprensa em Moçambique


destaca a importância fundamental deste tema para estudantes de Comunicação Social e para
a sociedade em geral. Os tópicos explorados, desde os conceitos básicos dessas liberdades até
os desafios enfrentados pelos jornalistas no país, ressaltam a relevância da liberdade de
imprensa como um dos pilares essenciais de uma sociedade democrática.

A evolução da liberdade de imprensa em Moçambique, desde a independência até os dias


actuais, reflecte a jornada do país em direcção a uma democracia pluralista. A Constituição
de 1990 e a subsequente Lei de Imprensa de 1991 marcaram um ponto de viragem crucial na
garantia da liberdade de expressão e imprensa, embora desafios persistentes tenham
continuado a existir.

A Constituição de 2004 consolidou ainda mais esses princípios democráticos,


proporcionando um ambiente mais favorável à livre expressão e ao jornalismo independente.
No entanto, a realidade prática mostra que há muito trabalho a ser feito para garantir que
esses direitos sejam plenamente respeitados e protegidos.

O direito à informação, intrinsecamente ligado à liberdade de expressão, desempenha um


papel crucial na sociedade democrática. Capacita os cidadãos a participar activamente na vida
pública, fiscalizar o governo e promover a prestação de contas. Além disso, o acesso à
informação é uma ferramenta valiosa na luta contra a corrupção e na promoção da
transparência.

Os órgãos reguladores, como o Instituto de Comunicação Social de Moçambique (ICS), o


Conselho Superior da Comunicação Social (CSCS) e o Conselho de Ética da Comunicação
Social (CECS), têm a responsabilidade de garantir a liberdade de imprensa e a integridade do
jornalismo no país. No entanto, é crucial que eles operem com independência e eficácia para
cumprir esse papel de maneira adequada.

Os desafios enfrentados pelos jornalistas em Moçambique, como casos de difamação e


abusos de poder, destacam a necessidade contínua de defensores da liberdade de imprensa e
da sociedade civil em geral, de proteger e promover esses direitos fundamentais. A liberdade
de expressão é um pilar essencial da democracia, e seu fortalecimento beneficia a sociedade
como um todo.

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Como estudantes de Comunicação Social, é fundamental que compreendamos esses desafios
e oportunidades relacionados à liberdade de imprensa em Moçambique, pois seremos os
futuros profissionais responsáveis por informar e capacitar nossa sociedade através do
jornalismo ético e independente.

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7. Referências bibliográficas

Conselho constitucional - relatório sobre independência do conselho constitucional de


Moçambique (s/d). Separação dos poderes e independência do conselho constitucional.
Maputo.
S/e.Disponívelem:https://www.venice.coe.int/wccj/rio/papers/moz_conselho_constitutional_p
or.pdf.

Constituição da República de Moçambique, 2004.

3. Fenita, Euletério. Jornalistas condenados por difamação. BBC para África, 20 agosto
2008.Disponívelem:http://www.bbc.co.uk/portugueseafrica/news/story/
2008/08/080829_mozzambezelibelmt.shtml.

4. Lei nº 34/2014, de 31 de dezembro – Lei de direito à informação.

5. Leonardo, Sarmento. Comunicação & Sociedade, 2017 (2019), nº07.

6. Open Society Initiative for Southern Africa. Democracia e Participação Política.


Johannesburg: Editora Afrimap/Open Society Foundation, 2009. - Disponível em:
https://agoraparl.org/sites/default/files/ptmocambique__democracia_e_participacao_politicao
pen_society_initiative_for_southern_africa.pdf. Acesso em: 07/09/2023.

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