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GEOGRAFIA CURSO ASCENSÃO

PAÍSES DE INDUSTRIALIZAÇÃO PLANIFICADA

1 - UNIÃO SOVI ÉTICA / RÚSSIA

1.1 - ORIGEM E CRISE DA ECONOMIA PLANIFICADA


A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) foi formada em 1922 e nasceu da vitória dos
bolcheviques, sob a liderança de Vladimir Lênin, na Revolução Russa de 1917. Politicamente, o novo Estado
consolidou-se após a morte de Lênin em 1924. Sob o governo de Josef Stálin (1924-1953), seu sucessor, foi erigido
um regime de partido único - o Partido Comunista da União Soviética (PCUS) - extremamente centralizado e
autoritário. O cargo máximo na hierarquia de poder era o de secretário-geral do PCUS, escolhido entre os membros
do politburo, instalados no Kremlin.
Como consequência da revolução, a economia passou por um processo forçado de estatização e planificação:
 praticamente todos os meios de produção - fábricas, minas, fazendas etc., além do comércio e dos serviços -
foram estatizados, ou seja, foram confiscados pelo Estado e passaram a ser controlados pelo governo;
 as metas de produção industrial, mineral e agrícola passaram a ser definidas por planos quinquenais,
elaborados pelo órgão de planejamento central do governo, o Gosplan (o primeiro plano, implementado de 1928 a
1932, priorizou a criação de fazendas coletivas e forçou os agricultores a aderirem ao novo modelo de produção).
No entanto, as metas estabelecidas pelos planos quinquenais eram mais quantitativas do que qualitativas, quase
não se levava em conta a qualidade dos produtos. O conceito de produtividade da planificação soviética priorizava a
quantidade, o que levou a produção industrial a crescer significativamente, como mostra a tabela a seguir.
Sob a economia planificada, a União Soviética foi alçada de uma posição periférica no início do século XX ao
posto de segunda economia do planeta, na época da Segunda Guerra Mundial e manteve essa posição durante muitos
anos. Especialmente na década de 1930, enquanto as potências ocidentais sofreram o impacto da crise de 1929, o
crescimento industrial soviético foi muito rápido. Observe na tabela que a URSS partiu de um patamar bastante baixo
em 1920 devido ao colapso econômico provocado pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e pela Revolução de
1917.

ÍNDICES ANUAIS DE PRODUÇÃO MANUFATUREIRA (1913 – 1938)


Ano URSS Estados Unidos Japão Alemanha Reino Unido
1913 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
1920 12,8 122,2 176,0 59,0 92,6
1925 70,2 148,0 221,8 94,9 86,3
1929 181,4 180,8 324,0 117,3 100,3
1932 326,1 93,7 309,1 70,2 82,5
1938 857,3 143,0 552,0 149,3 117,6

A economia planificada foi bem-sucedida no período em que o mundo se organizou segundo os padrões
tecnológicos da Segunda Revolução Industrial. Enquanto a produção e, portanto, a tecnologia e os índices de
produtividade tiveram como referência aqueles padrões, a União Soviética esteve em pé de igualdade com os Estados
Unidos e outros países capitalistas desenvolvidos. Em alguns momentos até esteve à frente, como ao lançar, em 1957,
o primeiro satélite artificial (Sputnik), ou quando colocou o primeiro cosmonauta (Iúri Gagárin) em órbita ao redor da
Terra, em 1961.
Os planejadores soviéticos priorizaram as indústrias intermediárias e de bens de capital, com o objetivo de
propiciar autonomia ao país, além de investir na infraestrutura necessária para sustentar o processo de
industrialização. Indústrias como a siderúrgica, a petrolífera, a bélica e a de máquinas e equipamentos tiveram um
crescimento explosivo. Foram construídas barragens e hidrelétricas, ferrovias, redes de transmissão de energia,
portos, aeroportos etc.
O quarto plano quinquenal (l946-1950) foi direcionado à recuperação da economia e à reconstrução das fábricas
e das obras de infraestrutura destruídas pela guerra. Os planos seguintes continuaram enfatizando o setor industrial de
base e o bélico, já no contexto da Guerra Fria e da corrida armamentista. Tudo isso possibilitou um elevado
crescimento econômico.

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A partir da década de 1970, entretanto, a União Soviética não conseguiu acompanhar a Revolução Técnico-
científica que estava ocorrendo nos países capitalistas desenvolvidos, especialmente nos Estados Unidos, e começou
a se defasar econômica e tecnologicamente. Uma fatia crescente do orçamento era comprometida com a indústria
bélica e aeroespacial, setores em que o país se mantinha competitivo por conta da corrida armamentista. Entretanto,
na União Soviética as inovações tecnológicas desenvolvidas nesses setores não migravam para as indústrias civis, o
que poderia dinamizar a economia e gerar novos produtos, como acontecia nos Estados Unidos e na Europa
Ocidental. Como a produtividade da indústria em geral e do setor de bens de consumo em particular não
acompanhava os avanços tecnológicos dos países capitalistas desenvolvidos, seu parque industrial era incapaz de
produzir bens em quantidade e qualidade suficientes para abastecer a população, gerando descontentamento.
Paralelamente ao descontentamento popular, a força dos movimentos separatistas também aumentava,
particularmente nas repúblicas bálticas. A cúpula dirigente do PCUS percebeu que era necessário implantar reformas
políticas e econômicas urgentes, além de fazer algumas concessões aos separatistas para evitar secessões.
No início da década de 1980, os Estados Unidos deram o golpe de misericórdia na enfraquecida economia
soviética. Em 1981, Ronald Reagan, do Partido Republicano, foi eleito presidente em substituição a Jimmy Carter, do
Partido Democrata, tido por muitos como um governo fraco em política externa. Logo depois de assumir o cargo,
Reagan triplicou o orçamento para a defesa. Com isso a União Soviética não pôde mais continuar a corrida
armamentista e os acordos de paz tornaram-se necessários.
Em 1985, Mikhail Gorbatchev ascendeu ao cargo de secretário-geral do PCUS. Além de negociar acordos de
redução de armas, seu desafio era recolocar o país no mesmo patamar tecnológico do mundo ocidental e aumentar a
produtividade da economia, assim como a oferta e a qualidade de bens de consumo para a população.
O próprio Gorbatchev fez uma análise bastante realista dessa situação em um livro lançado logo depois de chegar
ao poder, um best-seller mundial na época. Leia o trecho a seguir:

PERESTROIKA - NOVAS IDEIAS PARA O MEU PAÍS E O MUNDO


Estava-se desenvolvendo uma situação absurda: a URSS, o maior
produtor mundial de aço, matérias-primas, combustíveis e energia,
apresentava escassez de tais recursos devido ao uso ineficiente ou ao
desperdício. Apesar de ser um dos maiores produtores de grãos para
alimentação, tinha de comprar milhões de toneladas por ano para forragem.
Possuímos o maior número de médicos e leitos hospitalares para cada 1.000
habitantes, e, ao mesmo tempo, existem claras deficiências em nossos
serviços de saúde. Nossos foguetes conseguem encontrar o cometa de Halley
e atingir Vênus com uma precisão surpreendente, mas ao lado desses
triunfos científicos e tecnológicos existe uma ineficiência óbvia para aplicar
nossas conquistas científicas às necessidades econômicas, e muitos dos
eletrodomésticos na URSS apresentam uma qualidade sofrível.
Infelizmente, isso não é tudo. Iniciou-se uma gradual erosão de
valores ideológicos e morais de nosso povo.
Ficou claro que a taxa de crescimento caía rapidamente e que todo o
mecanismo de controle de qualidade não estava funcionando de forma
adequada. Havia falta de receptividade com relação aos avanços científicos e
tecnológicos, a melhoria do padrão de vida estava diminuindo e havia
dificuldade no fornecimento de alimentos, habitação, bens de consumo e
serviços.
GORBATCHEV, Mikhail. Perestroika: novas ideias para o meu país e o
mundo. São Paulo: Best-Seller. 1987 p. 20.

Gorbatchev, rompendo com o imobilismo da era Brejnev, logo que assumiu o poder propôs a perestroika
(“reestruturação”, em russo), um conjunto de reformas voltadas para a modernização da economia soviética, visando
à superação de suas profundas contradições. Planejava criar condições para atrair investimentos estrangeiros: facilitar
a formação de empresas mistas (joint ventures), assegurando o acesso a novas tecnologias da Terceira Revolução
Industrial; introduzir processos produtivos e métodos de controle de qualidade inovadores, a fim de modernizar as
empresas estatais; entre outras medidas, que visavam ao aumento da produtividade. Outra necessidade urgente era
frear a corrida armamentista. Esperava-se com isso diminuir os gastos militares e obter os recursos necessários a
essas mudanças. Desde que chegou ao poder, Gorbatchev sempre tomou a iniciativa para a assinatura de acordos de
paz com os Estados Unidos, o que lhe valeu o prêmio Nobel da Paz em 1990.
A implantação dessas mudanças econômicas também envolveu reformas no sistema político-administrativo. Era
preciso pôr fim à ditadura, desmontando o aparelho repressor erigido na era Stálin, assegurando liberdade de
imprensa e direitos democráticos mínimos. Com a implantação da glasnost ("transparência política", em russo), teve
início uma abertura política na União Soviética. Entretanto, a desmontagem do aparelho repressor liberou forças
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contidas há muito tempo. Nacionalistas de várias repúblicas da União começaram a reivindicar autonomia em relação
a Moscou. Durante a existência da União Soviética, muitas minorias étnicas foram oprimidas pelos russos, a etnia
majoritária e que de fato detinha o poder no país. As repúblicas bálticas (Estônia, Letônia e Lituânia), anexadas à
União Soviética após a Segunda Guerra, foram pioneiras, declarando sua independência. Em seguida, o separatismo
ganhou força nas demais regiões do país, levando à completa fragmentação política da antiga superpotência.

1.2 - O FIM DA UNIÃO SOVIÉTICA E O RESSURGIMENTO DA RÚSSIA


Mikhail Gorbatchev, que já estava sendo fortemente pressionado pela crise econômica e pelos insucessos da
perestroika, teve de contemporizar com as pressões dos separatistas. Buscando manter a coesão territorial do país,
tentou firmar um novo Tratado da União, fazendo um acordo com as repúblicas e concedendo-lhes maior autonomia
no âmbito de uma federação renovada. Isso, porém, era inaceitável para os comunistas ortodoxos russos e, ao mesmo
tempo, não contentava os separatistas mais radicais.
Um dia antes da entrada em vigor do acordo firmado entre Gorbatchev e os representantes das repúblicas, os
comunistas ortodoxos e setores conservadores das forças armadas deram um golpe de Estado e mantiveram
Gorbatchev em prisão domiciliar em sua casa de veraneio, onde passava as férias. A tentativa golpista, que durou de
18 a 20 de agosto de 1991, fracassou por falta de apoio popular, por divisões no PCUS e nas forças armadas e por
causa da resistência liderada pelo reformista Boris Yeltsin, eleito presidente da Rússia um mês antes. Após a
fracassada tentativa golpista, Mikhail Gorbatchev foi reconduzido a seu cargo. No entanto, o poder soviético se
enfraquecera, porque as repúblicas, uma a uma, proclamaram a independência política. Fortalecido com a crise,
Yeltsin iniciou o gradativo desmonte das instituições da União Soviética, como a proibição de funcionamento do
PCUS na Rússia e o confisco de seus bens, contribuindo para o esvaziamento do poder de Gorbatchev. No início de
dezembro de 1991, a própria Rússia, principal sustentáculo da União Soviética, sob a presidência de Yeltsin,
proclamou sua independência política, num golpe velado contra Gorbatchev.
Um encontro dos presidentes da Rússia, Ucrânia e de Belarus, realizado em 8 de dezembro de 1991, selou o fim
da União Soviética e firmou o Acordo de Minsk (capital de Belarus, sede do encontro), que criou a Comunidade de
Estados Independentes (CEI). Em 21 de dezembro, essa comunidade foi instituída pelo Tratado de Alma-Ata
(Casaquistão), pelo qual 11 das antigas repúblicas soviéticas aderiram à CEI (em 1993, a Geórgia também ingressou):
apenas Lituânia. Letônia e Estônia optaram por não fazer parte do grupo (observe o mapa). Em 25 de dezembro, com
seu poder completamente esvaziado, Gorbatchev renunciou ao cargo de presidente da União Soviética. No dia
seguinte, a bandeira vermelha com a foice e o martelo foi arriada do Kremlin e em seu lugar foi hasteada a bandeira
branca, azul e vermelha da Federação Russa. Esse fato simbolizou o fim da URSS e a passagem do poder para a
Rússia.

A CEI foi criada como uma tentativa de gerir a interdependência econômica que existia entre as repúblicas da
União Soviética e continuou existindo após se tornarem países politicamente independentes. Por exemplo, a Ucrânia
depende de petróleo e gás natural russo, e a Rússia depende dos cereais produzidos nas férteis terras negras
ucranianas. O Casaquistão tem importante produção de petróleo e carvão, mas como possui extensas áreas de
desertos depende da importação de alimentos das outras repúblicas. Praticamente todas as ex-repúblicas soviéticas
dependiam, e em grande medida ainda dependem, da importação de produtos da indústria russa. Embora os países
almejem diversificar seu comércio, o peso da história comum e da proximidade geográfica faz com que ainda haja
considerável dependência em relação à Rússia, o país mais industrializado e a maior economia da região.
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A Rússia ocupou o espaço da antiga União Soviética no cenário internacional, como o assento de membro
permanente do Conselho de Segurança da ONU. No entanto, perdeu influência no mundo, mesmo na região em que
influenciava diretamente, o Leste Europeu, onde viu vários de seus antigos satélites ingressarem na Otan e na União
Europeia. O fracasso da perestroika e a conturbada transição para a economia de mercado lançaram o país em uma
profunda recessão. Segundo o Banco Mundial e o FMI, no período 1990-2000 o PIB russo encolheu 4,7% na média
anual: o recorde foi em 1992, quando encolheu 19.4%. A economia russa encolheu constantemente até 1996; em
1997 esboçou uma reação (teve um crescimento de 1.4%), quando veio a crise russa de 1998 e o PIB encolheu 5,3%
naquele ano. Obtenha mais informações na tabela.

INDICADORES ECONÔMICOS DA RÚSSIA


Indicadores 1990 2001 2007
PIB (bilhões de dólares) 580 310 1290
Crescimento anual do PIB (%) -3,8 5,0 8,1
PIB per capita (em dólares) 3500 2141 7530
Taxa de inflação (%) 5,6 20,7 9,0
Dívida externa (bilhões de dólares) 59 134 370
Dívida externa (% do PIB) 10,2 43,2 28,7

O resultado da recessão dos anos 1990 e da crise de 1998 foi a elevação do desemprego, que atingiu 11,4% da
população ativa no período 1998-2001; com isso, houve aumento da pobreza e piora dos indicadores de distribuição
de renda. No entanto, a partir de 1999 o PIB da Rússia passou a crescer com taxas anuais elevadas, impulsionado pela
desvalorização de sua moeda, que estimulou suas vendas no exterior, e pela elevação do preço do petróleo, seu
principal produto de exportação. Isso contribuiu para uma melhora nos indicadores de distribuição de renda, como
mostra a tabela.

DISTRIBUIÇÃO DE RENDA NA RÚSSIA (PERCENTUAL SOBRE O TOTAL DA RENDA NACIONAL)


Ano Aos 20% mais pobres Aos 60% intermediários Aos 20% mais ricos Aos 10% mais ricos
1993 7,4 54,5 38,2 22,2
2000 4,9 43,8 51,3 36,0
2005 6,4 49,5 44,1 28,4

1.3 - A INDÚSTRIA RUSSA

1.3.1 - OS IMENSOS RECURSOS NATURAIS


A Rússia é um dos países mais ricos em recursos minerais por causa de sua enorme extensão territorial e da
diversidade de sua estrutura geológica. Há, no país, extensas áreas de bacias sedimentares, ricas em combustíveis
fósseis, e de escudos cristalinos, ricos em minérios, além do enorme potencial hidráulico de seus extensos rios, que
possibilitou a construção de grandes usinas hidrelétricas. O país dispõe de importantes reservas de recursos minerais e
energéticos, com destaque para o petróleo e o gás natural. Segundo a publicação The world factbook:
 é o segundo produtor e exportador mundial de petróleo (o primeiro é a Arábia Saudita). Em 2009 extraiu 9,8
milhões de barris de petróleo por dia, dos quais exportou 4,9 milhões diariamente. A maior produção se encontra na
Bacia do Volga-Ural e na Sibéria Ocidental e Oriental;
 possui as maiores reservas e é o maior produtor e exportador de gás natural do planeta. Em 2008 produziu 662
bilhões de m³ e exportou 245 bilhões de m³, sendo o principal fornecedor de vários países da Europa Ocidental. As
princi país regiões produtoras são Pechora (extremo norte da Rússia europeia) e Sibéria Ocidental, mas há
importantes reservas também na Sibéria Oriental.
A Rússia é um importante produtor de carvão mineral: em 2008 extraiu 356 milhões de toneladas (5º produtor
mundial). A extração se concentra nas bacias de Pechora e Donels (fronteira com a Ucrânia), na porção Europeia, e
nas bacias da Sibéria Ocidental (especialmente na região do Kuzbass). Na parte asiática estão mais de 80% das
reservas e, portanto, as maiores possibilidades de ampliação da produção. É também grande produtor de urânio (4º do
mundo), extraído de jazidas da Sibéria Ocidental. Esse minério é enriquecido tanto para ser usado com objetivos
bélicos, nas ogivas que armam os mísseis balísticos de seu arsenal nuclear, quanto para fins pacíficos, na
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movimentação de reatares de usinas termonucleares que produzem energia elétrica. O país é um grande produtor de
eletricidade (4º do mundo). Em 2008, gerou cerca de 1 trilhão de kw/h em usinas nucleares, em termelétricas movidas
a petróleo, gás e carvão e em grandes usinas hidrelétricas. As princi país se encontram nos rios da Bacia do Volga
(porção europeia do país) e nos rios que cortam os planaltos do sul da Sibéria Ocidental, especialmente no Ienissei e
Angara.
O país dispõe de grandes reservas de minérios metálicos, com destaque para o ferro, e não metálicos extraídos
nos escudos cristalinos dos Montes Urais, onde se encontram as princi país reservas minerais do país e outras no
Planalto Central Siberiano.
A riqueza do subsolo russo, especialmente o petróleo, tem sido um fator fundamental para a recuperação da
produção industrial, mas seu grande mercado interno de consumo também é muito importante. Com a recuperação
econômica, após anos de recessão surgiu uma significativa classe média ávida por novos produtos, provocando
crescimento das indústrias de bens de consumo: automóveis, eletroeletrônicos, vestuário etc., setores que não eram
priorizados durante a vigência do controle estatal da economia.

1.3.2 - O PARQUE INDUSTRIAL


As duas princi país concentrações industriais na Rússia são a região dos Urais e a de Moscou, mas há
concentrações menores na Sibéria Ocidental (observe o mapa).
Nas proximidades dos Montes Urais há uma predominância de indústrias de bens intermediários, como as
siderúrgicas, devido à disponibilidade do minério de ferro e de carvão mineral. As duas maiores empresas
mineradoras e siderúrgicas do país - Sever Stal e a Evraz Group - possuem minas de ferro e carvão e usinas
siderúrgicas em diversos lugares do país e do exterior (ambas apareceram entre as 500 maiores da revista Fortune).
Há também indústria de bens de capital, como a de máquinas e equipamentos. As princi país refinarias e
petroquímicas do país estão próximas aos grandes lençóis petrolíferos, principalmente na Bacia do Volga-Urais, que
fica entre Moscou e os Urais.
Em torno da capital predominam indústrias de bens de consumo e de bens de capital por causa da existência de
um amplo mercado consumidor e da boa infra-estrutura de transportes e telecomunicações.
A porção asiática possui algumas indústrias, mas a grande distância em relação às princi país aglomerações
urbano-industriais, localizadas na porção Europeia, limitam a expansão da exploração dos recursos minerais da
Sibéria.
Com o fim do socialismo, iniciou-se um processo de privatização e de adoção de mecanismos da economia de
mercado nas ex-repúblicas soviéticas, além da instauração de um processo de modernização da economia.
Na Rússia, durante o governo de Bóris Yeltsin (1991-1999), uma parte das antigas empresas estatais foi
privatizada. Dessas, algumas foram compradas por corporações estrangeiras ou por fundos de investimento, outras
tiveram suas ações distribuídas entre os empregados, mas muitas delas acabaram caindo nas mãos de grupos
criminosos que corromperam agentes do Estado para conseguir o domínio de antigas estatais sem pagar praticamente
nada por isso. Esses grupos foram um dos setores da sociedade russa que mais enriqueceram. Desde a época da União
Soviética controlavam uma economia paralela que floresceu nos interstícios da economia planificada em decorrência
da escassez dos mais variados produtos. Entretanto, como veremos, ainda há muitas empresas sob o controle total ou
parcial do Estado russo.

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Depois de um período de profunda crise, houve a retomada do crescimento econômico, e nesse processo
surgiram grandes corporações russas de capital aberto, isto é, com ações cotadas na Bolsa de Valores de Moscou. É o
caso da Gazprom (principal produtora de gás natural do planeta, maior empresa russa e 22ª na lista das 500 maiores
da revista Fortune), da Lukoil e da Ros-eft Oil, ambas também listadas naquela pesquisa. Essas três empresas são
responsáveis por extrair petróleo e gás natural em diversos lugares do território russo e também no exterior. Não é por
acaso que as maiores corporações russas sejam do setor energético: como vimos, o petróleo e o gás são duas das
maiores riquezas naturais do país.
Apesar do avanço do processo de privatização,
diversas empresas, principalmente desses setores
estratégicos, continuam pertencendo, em parte, ao
Estado. Em 2009, a Gazprom ainda tinha 50% de
suas ações nas mãos do governo russo, seu maior
acionista. Do capital da Rosneft Oil, 75% das ações
pertenciam ao Estado russo. A Lukoil começou a ser
privatizada em 1993: o governo foi se desfazendo de
suas ações e em 2004 vendeu o restante que possuía
do capital da empresa.
O presidente Vladimir Putin (governou entre
2000 e 2008, quando foi sucedido por Dmitri
Medvedev) planejava vender, das empresas estatais
que restaram, aquelas que não fossem competitivas
ou estratégicas, a fim de sanear as contas públicas e
garantir um crescimento de 7% ao ano em seu
segundo mandato (2004-2008). Com isso o governo
russo projetava dobrar o PIB do país até o final
daquela década. Ainda há muitas empresas
controladas pelo Estado russo, mas a economia do
país cresceu 7% no segundo governo Putin e,
considerando seus dois mandatos, o tamanho do PIB
quadruplicou. Como mostra o gráfico a seguir, a
economia russa vinha crescendo a taxas elevadas até
que a crise financeira de 2008 a atingisse em cheio,
provocando profunda recessão em 2009. Porém, no
ano seguinte, o crescimento foi retomado (segundo o
FMI, a estimativa de crescimento do PIB em 2010
era de 3,6%).
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Com o rápido crescimento econômico nos anos 2000, ao mesmo tempo em que as empresas russas têm ganhado
importância no mundo, vem crescendo o fluxo de investimentos estrangeiros no país, que atingiu 52 bilhões de
dólares em 2007 e aumentou mais ainda no ano seguinte (observe a tabela). De acordo com a UNCTAD, os capitais
estrangeiros têm sido atraídos pelo crescimento do mercado interno e pela possibilidade de exploração dos recursos
naturais, especialmente no setor energético. Por exemplo, a petrolífera Yukos, que chegou a ser a maior empresa
privada russa, faliu em 2006 e foi comprada pela italiana ENI em associação com a compatriota Enel. Com isso, em
2007 a Itália foi o país que mais investiu na Rússia. Outro exemplo: naquele mesmo ano a petrolífera francesa Total e
a norueguesa StatoilHydro firmaram parceria com a Gazprom para a exploração de gás natural no gigantesco campo
de Shtokman, no Mar de Barents. Compare os dados da Rússia com os números dos Estados Unidos, o maior receptor
de investimentos do mundo, e de outros países do Bric:

INVESTIMEENTO EXTERNO NOS ESTADOS UNIDOS E NOS BRIC (EM MILHÕES DE DÓLARES)
País 1998 2001 2005 2008
Estados Unidos 174.434 124.435 104.773 316.112
Brasil 28.856 22.457 15.066 45.058
Rússia 2.761 2.540 12.886 70.320
Índia 2.633 3.403 7.606 41.554
China 43.751 44.846 72.406 108.312

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