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A economia planificada foi bem-sucedida no período em que o mundo se organizou segundo os padrões
tecnológicos da Segunda Revolução Industrial. Enquanto a produção e, portanto, a tecnologia e os índices de
produtividade tiveram como referência aqueles padrões, a União Soviética esteve em pé de igualdade com os Estados
Unidos e outros países capitalistas desenvolvidos. Em alguns momentos até esteve à frente, como ao lançar, em 1957,
o primeiro satélite artificial (Sputnik), ou quando colocou o primeiro cosmonauta (Iúri Gagárin) em órbita ao redor da
Terra, em 1961.
Os planejadores soviéticos priorizaram as indústrias intermediárias e de bens de capital, com o objetivo de
propiciar autonomia ao país, além de investir na infraestrutura necessária para sustentar o processo de
industrialização. Indústrias como a siderúrgica, a petrolífera, a bélica e a de máquinas e equipamentos tiveram um
crescimento explosivo. Foram construídas barragens e hidrelétricas, ferrovias, redes de transmissão de energia,
portos, aeroportos etc.
O quarto plano quinquenal (l946-1950) foi direcionado à recuperação da economia e à reconstrução das fábricas
e das obras de infraestrutura destruídas pela guerra. Os planos seguintes continuaram enfatizando o setor industrial de
base e o bélico, já no contexto da Guerra Fria e da corrida armamentista. Tudo isso possibilitou um elevado
crescimento econômico.
Gorbatchev, rompendo com o imobilismo da era Brejnev, logo que assumiu o poder propôs a perestroika
(“reestruturação”, em russo), um conjunto de reformas voltadas para a modernização da economia soviética, visando
à superação de suas profundas contradições. Planejava criar condições para atrair investimentos estrangeiros: facilitar
a formação de empresas mistas (joint ventures), assegurando o acesso a novas tecnologias da Terceira Revolução
Industrial; introduzir processos produtivos e métodos de controle de qualidade inovadores, a fim de modernizar as
empresas estatais; entre outras medidas, que visavam ao aumento da produtividade. Outra necessidade urgente era
frear a corrida armamentista. Esperava-se com isso diminuir os gastos militares e obter os recursos necessários a
essas mudanças. Desde que chegou ao poder, Gorbatchev sempre tomou a iniciativa para a assinatura de acordos de
paz com os Estados Unidos, o que lhe valeu o prêmio Nobel da Paz em 1990.
A implantação dessas mudanças econômicas também envolveu reformas no sistema político-administrativo. Era
preciso pôr fim à ditadura, desmontando o aparelho repressor erigido na era Stálin, assegurando liberdade de
imprensa e direitos democráticos mínimos. Com a implantação da glasnost ("transparência política", em russo), teve
início uma abertura política na União Soviética. Entretanto, a desmontagem do aparelho repressor liberou forças
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contidas há muito tempo. Nacionalistas de várias repúblicas da União começaram a reivindicar autonomia em relação
a Moscou. Durante a existência da União Soviética, muitas minorias étnicas foram oprimidas pelos russos, a etnia
majoritária e que de fato detinha o poder no país. As repúblicas bálticas (Estônia, Letônia e Lituânia), anexadas à
União Soviética após a Segunda Guerra, foram pioneiras, declarando sua independência. Em seguida, o separatismo
ganhou força nas demais regiões do país, levando à completa fragmentação política da antiga superpotência.
A CEI foi criada como uma tentativa de gerir a interdependência econômica que existia entre as repúblicas da
União Soviética e continuou existindo após se tornarem países politicamente independentes. Por exemplo, a Ucrânia
depende de petróleo e gás natural russo, e a Rússia depende dos cereais produzidos nas férteis terras negras
ucranianas. O Casaquistão tem importante produção de petróleo e carvão, mas como possui extensas áreas de
desertos depende da importação de alimentos das outras repúblicas. Praticamente todas as ex-repúblicas soviéticas
dependiam, e em grande medida ainda dependem, da importação de produtos da indústria russa. Embora os países
almejem diversificar seu comércio, o peso da história comum e da proximidade geográfica faz com que ainda haja
considerável dependência em relação à Rússia, o país mais industrializado e a maior economia da região.
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A Rússia ocupou o espaço da antiga União Soviética no cenário internacional, como o assento de membro
permanente do Conselho de Segurança da ONU. No entanto, perdeu influência no mundo, mesmo na região em que
influenciava diretamente, o Leste Europeu, onde viu vários de seus antigos satélites ingressarem na Otan e na União
Europeia. O fracasso da perestroika e a conturbada transição para a economia de mercado lançaram o país em uma
profunda recessão. Segundo o Banco Mundial e o FMI, no período 1990-2000 o PIB russo encolheu 4,7% na média
anual: o recorde foi em 1992, quando encolheu 19.4%. A economia russa encolheu constantemente até 1996; em
1997 esboçou uma reação (teve um crescimento de 1.4%), quando veio a crise russa de 1998 e o PIB encolheu 5,3%
naquele ano. Obtenha mais informações na tabela.
O resultado da recessão dos anos 1990 e da crise de 1998 foi a elevação do desemprego, que atingiu 11,4% da
população ativa no período 1998-2001; com isso, houve aumento da pobreza e piora dos indicadores de distribuição
de renda. No entanto, a partir de 1999 o PIB da Rússia passou a crescer com taxas anuais elevadas, impulsionado pela
desvalorização de sua moeda, que estimulou suas vendas no exterior, e pela elevação do preço do petróleo, seu
principal produto de exportação. Isso contribuiu para uma melhora nos indicadores de distribuição de renda, como
mostra a tabela.
Depois de um período de profunda crise, houve a retomada do crescimento econômico, e nesse processo
surgiram grandes corporações russas de capital aberto, isto é, com ações cotadas na Bolsa de Valores de Moscou. É o
caso da Gazprom (principal produtora de gás natural do planeta, maior empresa russa e 22ª na lista das 500 maiores
da revista Fortune), da Lukoil e da Ros-eft Oil, ambas também listadas naquela pesquisa. Essas três empresas são
responsáveis por extrair petróleo e gás natural em diversos lugares do território russo e também no exterior. Não é por
acaso que as maiores corporações russas sejam do setor energético: como vimos, o petróleo e o gás são duas das
maiores riquezas naturais do país.
Apesar do avanço do processo de privatização,
diversas empresas, principalmente desses setores
estratégicos, continuam pertencendo, em parte, ao
Estado. Em 2009, a Gazprom ainda tinha 50% de
suas ações nas mãos do governo russo, seu maior
acionista. Do capital da Rosneft Oil, 75% das ações
pertenciam ao Estado russo. A Lukoil começou a ser
privatizada em 1993: o governo foi se desfazendo de
suas ações e em 2004 vendeu o restante que possuía
do capital da empresa.
O presidente Vladimir Putin (governou entre
2000 e 2008, quando foi sucedido por Dmitri
Medvedev) planejava vender, das empresas estatais
que restaram, aquelas que não fossem competitivas
ou estratégicas, a fim de sanear as contas públicas e
garantir um crescimento de 7% ao ano em seu
segundo mandato (2004-2008). Com isso o governo
russo projetava dobrar o PIB do país até o final
daquela década. Ainda há muitas empresas
controladas pelo Estado russo, mas a economia do
país cresceu 7% no segundo governo Putin e,
considerando seus dois mandatos, o tamanho do PIB
quadruplicou. Como mostra o gráfico a seguir, a
economia russa vinha crescendo a taxas elevadas até
que a crise financeira de 2008 a atingisse em cheio,
provocando profunda recessão em 2009. Porém, no
ano seguinte, o crescimento foi retomado (segundo o
FMI, a estimativa de crescimento do PIB em 2010
era de 3,6%).
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Com o rápido crescimento econômico nos anos 2000, ao mesmo tempo em que as empresas russas têm ganhado
importância no mundo, vem crescendo o fluxo de investimentos estrangeiros no país, que atingiu 52 bilhões de
dólares em 2007 e aumentou mais ainda no ano seguinte (observe a tabela). De acordo com a UNCTAD, os capitais
estrangeiros têm sido atraídos pelo crescimento do mercado interno e pela possibilidade de exploração dos recursos
naturais, especialmente no setor energético. Por exemplo, a petrolífera Yukos, que chegou a ser a maior empresa
privada russa, faliu em 2006 e foi comprada pela italiana ENI em associação com a compatriota Enel. Com isso, em
2007 a Itália foi o país que mais investiu na Rússia. Outro exemplo: naquele mesmo ano a petrolífera francesa Total e
a norueguesa StatoilHydro firmaram parceria com a Gazprom para a exploração de gás natural no gigantesco campo
de Shtokman, no Mar de Barents. Compare os dados da Rússia com os números dos Estados Unidos, o maior receptor
de investimentos do mundo, e de outros países do Bric:
INVESTIMEENTO EXTERNO NOS ESTADOS UNIDOS E NOS BRIC (EM MILHÕES DE DÓLARES)
País 1998 2001 2005 2008
Estados Unidos 174.434 124.435 104.773 316.112
Brasil 28.856 22.457 15.066 45.058
Rússia 2.761 2.540 12.886 70.320
Índia 2.633 3.403 7.606 41.554
China 43.751 44.846 72.406 108.312
2 - CHINA
RELAÇÃO CHINA-TAIWAN
Por causa da Guerra Fria, a história de Taiwan é marcada pelo conflito com Pequim e pela duplicidade da
política norte-americana em relação aos dois países. Após a revolução comunista, a cadeira reservada à China na
ONU foi oferecida a Taiwan, que a ocupou até o início da década de 1970. A República Popular da China, com
cerca de 1 bilhão de habitantes, simplesmente não era reconhecida.
Com o rompimento sino-soviético em 1965, os Estados Unidos passaram a ter grande interesse na
aproximação com a China comunista. Em 1972, o presidente Richard Nixon fez uma viagem ao país, dando início
ao reconhecimento do governo de Pequim. No ano anterior, o país havia sido reconhecido pela ONU e admitido
como membro permanente do Conselho de Segurança ao mesmo tempo que Taiwan foi expulsa da organização por
exigência chinesa. Em 1979, os Estados Unidos romperam relações com Taiwan e reconheceram oficialmente a
China.
Há setores da sociedade de Taiwan que defendem sua readmissão na ONU e o restabelecimento de relações
diplomáticas com os Estados Unidos, que apesar de não reconhecê-la oficialmente lhe vendem armas, criando
atritos com Pequim. A concretização dessas metas é difícil, pois contraria os interesses chineses. A China sempre
deixou claro que é contrária à independência da ilha e ameaça invadi-la caso isso venha a acontecer. Os governos
dos dois países recentemente vêm adotando uma posição moderada em relação a essa questão e firmando acordos
que visam a uma aproximação na área econômica, que pode levar no futuro a uma “reunificação pacífica”,
garantindo uma certa autonomia a Taiwan.
O que significa “integrar a verdade universal do marxismo com a realidade concreta de nosso país [...] e construir
um socialismo com peculiaridades chinesas”? Trata se, na prática, de conciliar o processo de abertura econômica e a
adoção de mecanismos característicos da economia de mercado (aceitação da propriedade privada e do trabalho
assalariado, estímulo à iniciativa privada e ao capital estrangeiro) com a manutenção, no plano político, de uma
ditadura de partido único. Tal discurso mostra com clareza a importância das reformas econômicas para o regime
chinês e também a busca de justificar ideologicamente a simbiose da economia de mercado com a economia
planificada sob o controle do Estado. É uma tentativa de perpetuar a hegemonia do PCCh, apoiando-se, porém, numa
economia em crescimento e em moldes capitalistas, que seriam impensáveis na China de algumas décadas atrás. A
evidência mais forte de que os dirigentes chineses não estavam (e não estão) planejando uma abertura também no
plano político foi a dura repressão aos manifestantes da Praça Tiananmen, nome que, por aparente ironia, significa
“Portão da Paz Celestial”. Ocorrido em 1989, o movimento, liderado pelos estudantes, reivindicava a abertura
política, além da econômica que já estava em curso.
No final dos anos 1970, num país de quase um bilhão de habitantes, dos quais 75% camponeses, era
compreensível que as reformas fossem iniciadas pela agricultura. Foram extintas as comunas populares, e, embora a
terra continuasse pertencendo ao Estado, cada família poderia cultivá-la como desejasse e comercializar livremente
uma parte de sua produção. A reforma na agricultura provocou a disseminação da iniciativa privada e do trabalho
assalariado no campo, levando a um aumento da produtividade e da renda dos agricultores. Houve também uma
expansão do mercado interno, com o consequente estimulo à economia como um todo. Mas a grande transformação
ainda estaria por acontecer, ao atingir a indústria.
A partir de 1982, após o XII Congresso Nacional do PCCh, iniciou-se o processo de abertura no setor industrial.
Empresas estatais tiveram de se enquadrar à realidade e foram incentivadas a adequar-se aos novos tempos,
melhorando a qualidade de seus produtos, baixando seus preços e ficando atentas às demandas do mercado. Além
disso, o governo permitiu o surgimento de pequenas empresas e autorizou a constituição de empresas mistas (joint
ventures), visando atrair o capital estrangeiro.
A grande virada, porém, veio com a abertura das chamadas zonas econômicas especiais, das cidades abertas,
dos portos abertos, entre outras modalidades de abertura ao exterior (observe o mapa). O objetivo fundamental
dessas diversas áreas abertas, espécies de enclaves capitalistas dentro do território chinês, foi atrair empresas
estrangeiras, que proporcionaram não apenas capitais, mas tecnologia e experiência de gestão empresarial, que
faltavam aos chineses. Num esforço para ampliar as exportações, a China concedeu aos capitais estrangeiros ampla
liberdade de atuação nessas novas regiões industriais, especialmente nas zonas econômicas especiais (a maioria se
concentra na província de Guandong). Consequentemente, desde os anos 1990 o país tem se mantido quase sempre
como o segundo maior receptor de investimentos produtivos do mundo, só atrás dos Estados Unidos. Quase todas as
multinacionais com atuação global têm filiais na China, mas para se instalar em seu território precisam criar joint
ventures com empresas nacionais, o que implica transferência tecnológica.
É importante destacar que as empresas estrangeiras são atraídas por um conjunto de fatores que tornam o
território chinês altamente favorável a uma produção voltada ao mercado externo e ao abastecimento do crescente
mercado interno, que veremos com mais detalhes ainda neste capitulo:
baixos salários e mão de obra relativamente bem qualificada: a população é numerosa e os sindicatos são
proibidos;
política tributária que favorece as exportações: redução ou isenção de impostos sobre produtos
industrializados;
controle da taxa de câmbio: a cotação do iuane é mantida artificialmente baixa pelo governo, o que deixa os
produtos exportados baratos no mercado internacional;
disponibilidade de modema infra-estrutura nas zonas especiais: o governo tem investido maciçamente em
portos, ferrovias, rodovias, telecomunicações etc.;
disponibilidade de recursos naturais usados como matéria-prima e fontes de energia: apesar de seus imensos
recursos naturais a China é grande importadora;
permissão para poluir e não investir em preservação ou recuperação ambiental: como veremos num texto a
seguir, essa política está mudando;
nos últimos anos, grande crescimento e fortalecimento do mercado interno: está havendo uma elevação da
renda da população.
Além da liberalização econômica, dos impostos baixos e do iuane desvalorizado, outro fator fundamental que
vem atraindo vultosos capitais para a China e contribuindo para seu rápido crescimento é o baixíssimo custo de uma
mão de obra muito disciplinada e relativamente qualificada. Esse ainda é o principal fator de competitividade da
indústria chinesa. Na China paga-se menos de um dólar por hora trabalhada.
O governo também tem procurado atrair de volta ao país parte dos chineses que vivem no exterior, sobretudo nos
Estados Unidos. Quer de volta empresários, engenheiros e cientistas com experiência em empresas ocidentais. Vale
lembrar também que as populações de Taiwan, Hong Kong e Cingapura são compostas basicamente de chineses, o
que favorece o fluxo de capitais, informações e pessoas, além da presença de uma “cultura capitalista" na região.
Outro fator muito importante para o desenvolvimento chinês foram as enormes reservas de minérios e de
combustíveis fósseis em seu subsolo. O país é o 1º produtor mundial de minério de ferro, magnésio, chumbo, zinco e
o 2º de estanho; é também, segundo o The world factbook 2009, o lº produtor mundial de carvão (2,8 bilhões de
toneladas) e o 5º de petróleo (3,8 milhões de barris diários). Entretanto, o rápido crescimento econômico e a constante
elevação do consumo interno têm levado a China a investir na indústria extrativa de diversos países em
desenvolvimento, especialmente da África, para assegurar seu abastecimento futuro: por exemplo, em 2008 importou
4,4 milhões de barris de petróleo por dia (4º do mundo). O país também tem investido na construção de enormes
usinas hidrelétricas, como a de Três Gargantas, a maior do mundo, e em energias alternativas, como a eólica.
O rápido crescimento econômico concentrado especialmente nas cidades costeiras provocou o aumento das
migrações internas, apesar das restrições do governo central. Por exemplo, a população da cidade de Shenzen,
localizada na província de Guandong, próxima a Hong Kong, saltou de 300 mil habitantes, em 1975, para 7,6
milhões, em 2007. De acordo com o Urban Agglomerations 2007 (ONU), a cidade saltou da 401ª posição entre as
maiores do mundo para a 31ª colocação. Foi a cidade que mais cresceu no mundo nas últimas três décadas. A maioria
quer ir em busca de melhores salários nas zonas econômicas especiais e nas cidades livres, mas é sobretudo essa
migração que impede uma elevação maior dos salários. O governo tem procurando interiorizar a economia,
estimulando o desenvolvimento de novos centros industriais, mas é na fachada litorânea que ainda estão as maiores
oportunidades de trabalho.
Outro aspecto perverso desse crescimento acelerado foram os graves impactos ambientais provocados pelo
rápido e insustentável crescimento econômico, um verdadeiro “pesadelo” (leia o texto a seguir). Até os anos 1990 não
havia nenhuma preocupação com a questão ecológica por parte do regime chinês, a ordem era crescer a qualquer
custo e gerar urgentemente empregos, lucros, saldos comerciais e impostos. Como consequência as agressões
ambientais cresceram vertiginosamente: as cidades chinesas estão entre as mais poluídas do mundo, assim como seus
cursos de água, o que tem causado diversas doenças à população, e muitos de seus recursos naturais estão à beira do
esgotamento. Entretanto, agora no século XXI cada vez mais se dissemina no país a consciência de que o crescimento
precisa ser sustentável, não apenas do ponto de vista econômico e social, mas também ecológico, e o próprio governo
está preocupado com a questão.
Os baixos custos de produção proporcionados pela China têm levado os produtos do país a ganhar cada vez mais
mercados no mundo. De acordo com dados da OMC, em 1980, no início das reformas econômicas, as exportações
chinesas somavam 18 bilhões de dólares (25º lugar na lista dos maiores exportadores). Vinte e oito anos depois, o
país exportou mercadorias no valor de 1,4 trilhão de dólares, tornando-se o segundo maior exportador do mundo
(observe a tabela a seguir e compare os números da China com os dos outros países). Para se ter uma ideia do
explosivo crescimento das exportações chinesas, basta compará-lo com outro Bric, o Brasil. Em 1980, nosso país
exportou mercadorias no valor de 20 bilhões de dólares (19º lugar na lista) e, em 2008, 198 bilhões de dólares (22º
lugar). Enquanto as exportações brasileiras cresceram 890% no período, as chinesas cresceram 7833%!
Em muitos setores industriais, especialmente nos estratégicos, as empresas chinesas são controladas
predominantemente pelo Estado. De acordo com a OCDE, em 2003 o Estado controlava 93,8% da produção de
petróleo, 83,4% da eletricidade, 81,4% do carvão, 63,6% da siderurgia e 63,1% do material de transportes.
Entretanto, o setor privado está em crescimento constante e, se considerarmos a economia como um todo, já superou
o setor estatal. Ainda segundo a OCDE, o setor privado (nacional e multinacional) era responsável por 59% do PIB.
A maioria das grandes empresas multinacionais do mundo e mesmo algumas de menor porte têm instalado filiais
na China para aproveitar o gigantesco mercado interno, que não para de crescer, e as vantagens competitivas que o
país oferece para exportação (quase todas as 500 da lista da revista Fortune possuem filiais lá). Há inclusive algumas
multinacionais brasileiras instaladas no país: Embraer (fabrica aviões civis em sociedade com a Avic), WEG
(motores elétricos), Embraco (compressores), entre outras.
O acelerado crescimento econômico da China e sua transformação em "fábrica do mundo” transformou
radicalmente as paisagens do país, especialmente as urbanas. As cidades cresceram exponencialmente, fábricas foram
erguidas por todos os lados e a poluição cresceu na mesma proporção, mas ao mesmo tempo esse processo tirou
milhões de pessoas da pobreza e constituiu uma classe média. Em 1981, segundo o Banco Mundial, 97,8% da
população chinesa vivia na pobreza (com menos de 2 dólares/ dia) e 84,0% na extrema pobreza (com menos de 1,25
dólar/dia); em 2005, a população que vive na pobreza caiu para 36,3% e a que vive na extrema pobreza, para 15,9%.
A expansão da classe média, com crescente poder de compra, ampliou significativamente o mercado consumidor
interno, como se pode constatar pelos dados da tabela.
Entretanto, ao mesmo tempo, esse crescimento acelerado vem concentrando renda nos estratos mais ricos da
sociedade e contribuindo para ampliar as desigualdades sociais (observe a tabela abaixo). De acordo com o Hurun
Report, em 2009 havia na China 130 pessoas com uma fortuna superior a 1 bilhão de dólares (só perdia para os
Estados Unidos, com 359 bilionários). O vínculo com o Partido Comunista ajuda a fazer negócios e a enriquecer;
segundo o mesmo relatório, um terço das mil pessoas mais ricas da China pertence ao PCCh.
Essas são algumas das contradições da “economia socialista de mercado”.
LEITURA EXTRA
Cinco mitos sobre a economia chinesa
Autor(es): Agência O Globo/ARTHUR KROEBER O Globo – 18/04/2010
A impressionante ascensão econômica da China é uma das grandes histórias desta geração. Em apenas três
décadas, desde que abraçou a economia de mercado, a China deixou para trás sua pobreza desesperadora para se
tornar a maior nação exportadora do mundo. A transformação ocorreu tão rapidamente que proliferam mitos e mal-
entendidos.
1. A China irá rapidamente ultrapassar os EUA como a economia mais poderosa do mundo.
De acordo com uma pesquisa feita em novembro pela Pew Research Center, 44% dos americanos acreditam que
a China já é a maior potência econômica, enquanto 27% põem os EUA nessa posição. Essa percepção está
completamente em desacordo com os fatos.
Este ano, a economia da China deverá produzir cerca de US$ 5 trilhões em bens e serviços. Isto irá colocá-la à
frente do Japão, como a segunda maior economia, mas ela ainda seria pouco mais de um terço da americana (US$ 14
trilhões), e bem atrás da União Europeia, se tomada como um todo.
Uma razão pela qual a economia chinesa é tão grande é que o país tem 1,3 bilhão de habitantes. Mas o PIB per
capita chinês é apenas um sétimo do americano. Em termos de padrão de vida das famílias, a China está ainda mais
atrasada. A cada ano, uma família chinesa consome, em média, 1/14 do valor em bens e serviços adquiridos por uma
família americana. E, apesar de sua perda crônica de empregos no setor manufatureiro, os EUA ainda são o líder
nessa área Em termos de valor dos bens, os EUA respondem por mais de 20% da produção global, cerca de duas
vezes mais que a China.
2. O vasto estoque de títulos do Tesouro americano em poder da China significa que Pequim pode tornar
Washington refém em negociações econômicas.
A China detém mais títulos do Tesouro americano do que qualquer outro país — cerca de US$ 1 trilhão. Muitos
pensam que, com isto, a China é o banqueiro dos EUA e que pode fechar sua linha de crédito a qualquer momento
que Washington faça algo que desgoste os líderes chineses.
Mas a posse dos títulos do Tesouro pela China não é o mesmo que um empréstimo regular que um banco
concede a uma companhia. Parecem mais com depósitos: seguros, com elevada liquidez e taxas de juro muito baixas.
Como um depositante, a China tem pouca capacidade para dizer a seu banco como ele deve gerir seus negócios.
Ela pode apenas transferir seus depósitos para outro lugar — mas eles são tão grandes que não há outro “banco”.
Os mercados de títulos europeu e japonês não são grandes o bastante para absorver tanto dinheiro da China, nem
a China pode comprar campos de petróleo, minas ou imóveis suficientes para aplicar todo seu dinheiro. E o país não
pode simplesmente investir todo o dinheiro em sua própria economia, sob pena de ver a inflação disparar. Desta
forma, goste-se ou não, Washington e Pequim estão grudados um no outro — e nenhum dos dois tem o poder de
tornar o outro refém.
3. Deixar sua moeda apreciar é a coisa mais importante que a China pode fazer para reduzir seu superávit comercial.
Algumas companhias americanas, sindicatos e políticos se queixam que, ao manter uma taxa fixa entre o yuan e
o dólar, a China está injustamente tornando seus produtos mais baratos no mercado mundial, ampliando seu superávit
às expensas de seus parceiros comerciais.
Certamente, o câmbio é importante, mas é um erro achar que deixar o valor do yuan aumentar magicamente faria
o superávit comercial chinês desaparecer. No final dos anos 80, o Japão deixou o iene dobrar de valor, mas seu
superávit comercial não cedeu.
De maneira inversa, em 2009 a China manteve o valor do yuan fixo contra o dólar, mas seu superávit comercial caiu
em um terço.
De longe, a coisa mais importante que a China poderia fazer para reduzir seu superávit comercial é estimular a
demanda interna (inclusive por produtos importados), algo que ela começou a fazer via um maciço programa de
investimentos em infraestrutura.
4. A fome da China por recursos está deixando o mundo seco e dando grande contribuição para o aquecimento global.
É verdade que a China é hoje a maior produtora de dióxido de carbono e outros gases-estufa que contribuem para
o aquecimento global. E é verdade que a China usa mais energia para produzir cada dólar de seu PIB que a maioria
dos outros países, inclusive os EUA. Mas, numa base per capita, o uso de recursos (...) pela China ainda é modesto se
comparado aos países ricos. Por exemplo, a despeito do rápido crescimento do uso de automóveis, a China consome
cerca de 8 milhões de barris de petróleo por dia. Os EUA consomem cerca de 20 milhões de barris/dia. Os EUA, com
apenas 5% da população mundial, respondem por quase um quarto do consumo global de petróleo. De quem é o
apetite que causa maior problema? Além disso, ao contrário dos EUA, a China reconheceu que não pode deixar seu
apetite por combustível fóssil crescer para sempre e está trabalhando duro para aumentar a eficiência.
5. A economia chinesa cresceu principalmente via cruel exploração de mão de obra barata.
Toda vez que uma economia em desenvolvimento começa a crescer rapidamente, países ricos a acusam de
trapacear ao manter os salários e a taxa de câmbio artificialmente desvalorizados.
Mas isto não é trapacear; é um estágio de desenvolvimento natural que caminha para o fim em todo país, como
acontecerá na China. Esta cresceu de forma muito similar às outras economias que hoje consideramos maduras e
histórias de sucesso responsáveis — incluindo Japão, Coréia do Sul e Taiwan. Estes países investiram pesadamente
em infraestrutura e educação, e rapidamente levaram seus trabalhadores de empregos de baixa produtividade em
áreas rurais para outros mais produtivos nas cidades.
A China está atingindo esse estágio agora: o número de jovens com idade de entrada na força de trabalho (15 a
24 anos) deverá cair em um terço nos próximos 12 anos. Com trabalhadores jovens mais escassos, os salários não
poderão senão subir. Isto já está acontecendo.
No mês passado, a província de Guangdong (maior centro exportador da China) aumentou o valor do salário
mínimo em 20%.
A China ainda tem grande quantidade de trabalhadores se dirigindo do campo para as cidades, mas a era do
trabalhador chinês ultrabarato em breve ficará para trás.
ARTHUR KROEBER é diretor-gerente da GaveKal-Dragonomics, empresa de pesquisas em Pequim.
© The Washington Post.
01) União Soviética foi criada em 1922 sob a égide de uma economia estatizada e planificada. Em 1991, o país
enfrentou forte crise político-econômica, desestruturando a sua produção e causando a desigualdade do país.
Analise as afirmativas abaixo em relação à realidade da ex-União Soviética.
I) Por ser uma economia estatizada e planificada, a União Soviética não acompanhou os avanços
tecnológicos dos países capitalistas desenvolvidos, em boa parte, provocados pela acirrada concorrência
do mercado.
II) O governo democrático soviético, concentrado na figura de Gorbachev, não conseguiu implementar a
modernização do país devido aos custos dos conflitos na Chechênia.
III) Mesmo sendo um dos maiores produtores de grãos para a alimentação, de aço, matérias-primas,
combustíveis e energia, a União Soviética apresentava escassez de tais recursos devido ao uso ineficiente
ou ao desperdício.
IV) Os desequilíbrios na economia e a instabilidade política, durante o governo de Boris Yeltsin (1991-
1999), levaram à redução das reservas internacionais e à queda do valor das exportações.
São corretas apenas as afirmativas:
a) I, II, III
b) I, III, IV
c) II, III IV
d) I, II, e IV
e) II e III
02) A economia soviética funcionou relativamente bem no período em que o mundo ainda se guiava pelos padrões
tecnológicos ditados pela Segunda Revolução Industrial. Que fatores levaram o país a enfrentar a dramática crise na
década de 80?
a) A redução de suas reservas minerais, como o petróleo na Ásia Central, e suas deficiências na rede de transmissão
de energia.
b) A priorização das indústrias de bens de produção, como a siderurgia e metalurgia, em detrimento das indústrias
bélicas.
c) Mesmo acompanhando os avanços tecnológicos dos países mais competitivos, a União Soviética encontrou
obstáculos na burocracia dos planos qüinqüenais.
d) Os altos orçamentos destinados à corrida armamentista e a baixa qualidade dos seus produtos que contribuíram
para o sucateamento do seu parque industrial
e) Os gastos, muitas vezes excessivos, na contenção dos movimentos separatistas que consumiram os recursos
destinados aos avanços científicos e tecnológicos do país.
01) “(...) O PIB do país, de US$ 1,8 trilhão em 2001, equivale a 12% do valor global, e sua corrente de comércio, que
em 2002 atingiu US$ 620 bilhões, é a quinta maior do planeta. O estoque de investimentos estrangeiros diretos (IED),
um termômetro do otimismo, deu salto de 1500%, entre 1990 e 2001, para US$ 395 bilhões...”
(Costa, Roberto Teixeira da – Entrevista: A experiência de uma empresa brasileira na China - Revista Política
Externa)
Sobre a economia chinesa, pode-se afirmar que
a) a estabilidade política e o pluripartidarismo permitiram ao governo chinês a implantação de reformas econômicas
que modernizaram o país.
b) a ausência de conflitos internos, diferentemente de seus países vizinhos, deu credibilidade aos investimentos
estrangeiros, que fluíram ao país, principalmente nos anos 90.
c) na década de 80, o país deu início ao processo de abertura industrial, exigindo das indústrias estatais melhor
qualidade de seus produtos, menores preços e maior atenção para o mercado interno.
d) o governo atraiu o capital estrangeiro ao abrir o setor industrial, permitindo o surgimento de pequenas empresas e a
constituição de empresas mistas (JOINT VENTURES)
e) a implantação de zonas econômicas especiais, principalmente nas provinciais do Oeste do país, atraiu um elevado
número de empresas estrangeiras.
EAD – QAA/AFN – MÓDULO 4 1 CURSOASCENSAO.COM.BR
GEOGRAFIA CURSO ASCENSÃO
03) O gigante chinês, depois de viver décadas em estado de letargia, à margem do explosivo crescimento econômico
de seus vizinhos – os Tigres Asiáticos –, resolveu finalmente acordar para o desenvolvimento.
Assinale a opção correta sobre a estratégia utilizada pela China a partir da década de 1970.
a) O governo chinês criou vários joint ventures (empresas mistas), onde apenas empresas nacionais (privadas e
estatais), se uniram com intuito de desenvolverem bens de consumo duráveis, garantindo assim maior
competitividade do país no cenário global;
b) As chamadas Zonas Econômicas Especiais, na costa litorânea, como as províncias de Guangdong e Fujian,
alcançaram grande desenvolvimento econômico em função de medidas governamentais que visavam acesso à
capitais, tecnologia e experiência de gestão dominadas por empresas estrangeiras;
c) Após uma ampla reforma política e econômica promovida por Deng Xiaoping, a China passou a receber fortes
investimentos em pesquisa e desenvolvimento, especialmente do Japão, Coréia do Sul e Austrália, fazendo do país
uma grande plataforma de exportação, especialmente para a América Latina e África;
d) A extinção das desigualdades sociais e regionais fez os salários crescerem significativamente junto a grande parte
de sua população, resultando num maior padrão de consumo e, consequentemente, num aumento vertiginoso do seu
setor secundário, o que explica o seu crescimento econômico anual em torno de 10% ao ano.
e) Os incentivos fiscais para o setor de bens de capitais em detrimento dos bens de consumo duráveis e não-duráveis,
permitiram a prosperidade dos setores rurais e urbanos, já que o uso de maquinários sofisticados diminuiu a
dependência do país por gêneros agrícolas externos.
04) Observe o gráfico. O sucesso da China está relacionado a uma decisiva virada para a economia de mercado no
final dos anos 1970, pelo então presidente Deng Xiaoping. As reformas econômicas com base numa lógica
gradualista, além de propiciarem uma rápida expansão de investimento, geraram descompassos espaciais.
Coloque F (falso) ou V (verdadeiro) nas afirmativas abaixo, tomando como base a realidade chinesa.
(....) Os grupos de rendimentos mais elevados concentram-se nas zonas costeiras, onde estão as províncias
mais ricas do país.
(....) O sucesso econômico desencadeou um amplo processo de reformas políticas no país, com o
fortalecimento da democracia e de canais institucionais de expressão.
(....) As bases fundamentais do crescimento têm sido o investimento em exportações a partir das Zonas
Econômicas Especiais e na evolução nos níveis educacionais.
(....) As condições de paz e de estabilidade regional aliadas à ausência de tensões externas contribuíram
para a modernização e ascensão do país como potência emergente.
(....) O desenvolvimento industrial baseado no carvão como principal fonte de energia contribuiu para o
aumento da degradação ambiental do país.
a) F-V-V-F-V
b) F-V-F-V-F
c) V-F-F-V-F
d) V-F-V-F-V
e) V-F-V-V-V.
EAD – QAA/AFN – MÓDULO 4 2 CURSOASCENSAO.COM.BR
GEOGRAFIA CURSO ASCENSÃO
05) A República Popular da China, conhecida também como o dragão chinês, vem batendo recordes de crescimento
econômico nas últimas décadas, ao ponto de ser apontada, por alguns especialistas, como a grande potência do século
XXI. Apesar desse crescimento econômico, esse país enfrenta alguns problemas.
Assim sendo, assinale a opção que retrata corretamente um problema que a China apresenta.
a) Com um solo extremamente pobre em recursos minerais metálicos e fósseis, a dependência das importações dessa
matéria-prima é enorme, fato compensado com a sua grande disponibilidade de mão de obra, tornando, assim, as suas
manufaturas baratas no mercado global.
b) A sua pouca tradição rural, uma vez que historicamente a taxa de urbanização desse país sempre foi elevada,
resulta num déficit alimentar enorme, o que acaba desviando verbas de investimentos produtivos para importar
grandes quantidades de alimentos.
c) O fato desse país não fazer parte da OMC (Organização Mundial do Comércio) é um entrave para a sua
dinamização econômica, pois esse prefere ficar fora dos ditames e regras estipuladas pelas grandes potências
econômicas, exatamente para vender suas mercadorias mais baratas, especialmente nos mercados de maior poder de
compra.
d) As chamadas ZEE (Zonas Econômicas Especiais), localizadas no interior do território chinês, cuja finalidade é
estimular a integração territorial e comercial do país, vêm onerando o custo final da produção, o que acaba impelindo
aos produtores repassarem esses custos às suas mercadorias, tornando-as mais caras.
e) Apesar desse país estar conseguindo grandes crescimentos na área econômica, em grande parte fruto dos subsídios
oficiais e da sua abundância de mão de obra farta e barata, presencia-se no mesmo uma liberdade política ainda
pequena, o que contribui para gerar inúmeras insatisfações populares e certo receio dos grandes investidores do
planeta.
1 - ALEMANHA
Em 1938 a Alemanha anexou a Áustria, com o argumento de que os dois países eram habitados por povos
germânicos, e no ano seguinte, a Tchecoslováquia, onde havia minorias alemãs. Em setembro de 1939, após a
invasão da Polônia por tropas alemãs, Grã-Bretanha e França declararam guerra à Alemanha, dando início à Segunda
Guerra Mundial. Em 1941 os Estados Unidos e a União Soviética saíram da neutralidade e também entraram na
guerra contra a Alemanha. Em 1945 o país estava mais uma vez derrotado: além das perdas humanas e da destruição
material, sofreu perdas territoriais e fragmentação política.
Ao terminar a Segunda Guerra, a Alemanha teve seu território partilhado pelos países vitoriosos em quatro zonas
de ocupação, segundo tratado firmado na cidade de Potsdam em 1945, e ainda perdeu territórios para a Polônia e a
União Soviética (observe o mapa).
Apesar do impacto momentâneo da crise, a economia alemã é muito sólida e moderna. Segundo a OMC, em
2008 o país exportou quase 1,5 bilhão de dólares (até esse ano era o maior exportador do mundo). Em sua pauta de
exportação predominam produtos industriais de alto valor agregado, portanto muito valorizados. De acordo com o
Relatório de Desenvolvimento Industrial 2009, 92% das exportações do país eram de bens industrializados, dos quais
72% eram produtos de média e alta tecnologia.
2 - JAPÃO
O Japão permaneceu bastante isolado do mundo exterior entre 1603-1868, quando foi governado pelo clã
Tokugawa. Sob o xogunato Tokugawa (período em que imperou uma ditadura militar na qual o poder estava nas
mãos dos xoguns “comandantes militares”, em japonês), os estrangeiros eram proibidos de entrar no país e os
japoneses, de sair; havia uma exceção: as trocas comerciais feitas com os holandeses, que mantinham um entreposto
comercial em Nagasáqui. Por isso, quando uma esquadra da marinha norte-americana aportou no Japão em 1853, fato
que marcou o fim do isolamento, encontraram um país ainda feudal e defasado economicamente em relação ao
mundo ocidental.
Tentando realizar seu projeto geopolítico de controle dos oceanos, os norte-americanos forçaram a abertura do
Japão por meio do Tratado de Kanagawa, assinado em 1854. Essa abertura acelerou a desintegração do sistema feudal
japonês e, em 1868, encerrou- se o domímo do clã Tokugawa. Por que o Japão permaneceu isolado durante tanto
tempo? Por que os europeus, e particularmente os britânicos, que estenderam seu império à Índia e à China, não
forçaram a entrada no país do Sol Nascente?
O Japão é um país insular muito pequeno (sua área, de 377 mil km², corresponde aos estados do Rio Grande do
Sul e de Santa Catarina), formado por montanhas e estreitas planícies, portanto com pouquíssimas terras
agricultáveis, a maioria na zona temperada do planeta, a qual não oferecia condições para o cultivo dos cobiçados
produtos tropicais, como cana, algodão etc.
Geologicamente, o Japão é formado por uma combinação de dobramentos e vulcanismo. Localiza-se numa zona
de contato de três placas tectônicas, no Círculo de Fogo do Pacífico, o que lhe determina uma grande instabilidade
(terremotos e erupções vulcânicas são uma constante no país), além de um subsolo extremamente pobre em minérios
e combustíveis fósseis. Assim, o que o Japão poderia oferecer às potências colonialistas, tanto na fase do
mercantilismo como mais tarde, na etapa do imperialismo? Como se percebe, muito pouco, por isso o país não
despertou tanto interesse nos comerciantes e industriais europeus.
Entretanto, no final do século XIX, quando os Estados Unidos emergiram como potência e se lançaram em busca
de pontos estratégicos nos oceanos Pacífico e Atlântico, o Japão se tornou um país interessante para os norte-
americanos. A partir de então, para não ficarem dependentes dos Estados Unidos, os japoneses empenharam-se de
modo enérgico em viabilizar seu processo de industrialização, por meio da intervenção do Estado na economia e do
militarismo. Assim como a Alemanha e a Itália, o Japão é um país de capitalismo tardio, de imperialismo tardio, e
uma aliança entre esses três países foi apenas uma questão de tempo. Isso aconteceu no contexto da Segunda Guerra,
quando formaram o eixo Berlim-Roma-Tóquio numa tentativa de dominar o mundo. Para os japoneses era muito
interessante o domínio de territórios na Ásia que pudessem viabilizar sua expansão econômica.
Diversos outros fatores foram importantes para a rápida recuperação do país, conhecida como “milagre
japonês”:
a grande disponibilidade de mão de obra relativamente barata, disciplinada e qualificada (assim como a
Alemanha, o Japão já possuía trabalhadores qualificados antes da Segunda Guerra);
os maciços investimentos estatais em educação, que melhoraram ainda mais a qualificação da mão de obra, e,
na iniciativa privada, em pesquisa e desenvolvimento tecnológico;
a reconstrução da infra-estrutura e dos conglomerados (os antigos zaibtsus) em bases mais modernas e
competitivas;
a desmilitarização do país e de seu parque industrial, que permitiu investimentos maiores nas indústrias civis
de bens intermediários e de capital, o que deu sustentação ao desenvolvimento de uma poderosa e competitiva
indústria de bens de consumo.
No pós-guerra, em substituição aos zaibatsus, que tinham uma “cabeça”, uma holding que controlava todas as
empresas do grupo, as companhias japonesas reorganizaram-se formando os keiretsus (“união sem cabeça”, em
japonês). Essa palavra é perfeita para definir as redes de empresas integradas que dominam a economia japonesa
atual. As empresas que as formam são independentes, embora muitas vezes uma possua uma parte minoritária das
ações da outra e vice-versa. Um keiretsu geralmente se articula em torno de algum grande banco que dá suporte
financeiro às empresas da rede, as quais atuam de forma integrada para atingir seus objetivos. Atualmente os grandes
grupos japoneses - muitos deles antigos zaibatsus, como Mitsubishi, Mitsui, Sumitomo - se organizam como keiretsu.
É importante destacar que até os anos 1970 a principal vantagem apresentada pelo Japão sobre os concorrentes
da Europa Ocidental e da América do Norte foi a mão de obra barata. Essa foi a outra face do “milagre”, ou seja, a
competitividade no pós-guerra esteve em grande parte assentada na superexploração da força de trabalho. Porém,
com o passar do tempo os salários foram aumentando com a elevação da produtividade resultante dos avanços
tecnológicos (como a robotização) e organizacionais (como o toyotismo), incorporados ao processo de produção. No
início da década de 1990 os trabalhadores japoneses alcançaram salários bastante elevados, entre os mais altos do
mundo, o que sustentou um gigantesco mercado interno e lhes garantiu também um dos mais altos padrões de vida do
planeta. O pico salarial foi atingido em 1995, mas a partir de então a persistência da estagnação econômica (vamos
estudá-la mais à frente) provocou o aumento do desemprego e, consequentemente, a queda no valor dos salários.
Conforme o relatório Minerais yearbook 2007, os japoneses importam 100% do minério de ferro, 99,9% do
minério de cobre e 92% do minério de zinco que consomem. De acordo com esse mesmo relatório, em 2007 a
indústria extrativa mineral do Japão contribuiu com apenas 0,1% do produto interno bruto do país; já a indústria de
processamento de recursos minerais, em sua grande maioria importados, contribuiu com 5,4% do PIB. Por exemplo,
o Japão é grande importador de minério de ferro e importante produtor de aço, mercadoria que exporta em grande
quantidade (a Nippon Steel, maior siderúrgica do país e terceira do mundo, possui dez usinas em território japonês).
Observe os volumes dos recursos minerais mais importados, na tabela seguinte, e a origem de seus fornecedores, no
mapa.
A fim de obter saldos comerciais para compensar as despesas com importações de recursos naturais e a limitação
relativa de seu mercado interno, o Japão passou a exportar volumes cada vez maiores de produtos industrializados.
Assim, a economia japonesa foi gradativamente se convertendo numa grande importadora de produtos primários
(metade de sua pauta de importações) e numa gigantesca exportadora de bens industrializados, como veremos a
seguir.
Produto Volume
Petróleo 1.7 bilhão de barris
Carvão mineral 186.5 milhões de toneladas
Minério de ferro 138.8 milhões de toneladas
CRESCIMENTO DO PIB
JAPONÊS EM % (1991-2009)
1991 3.3
1992 08
1993 0.3
1994 0.9
1995 1.9
1996 2.6
1997 1.6
1998 – 2.0
1999 – 0.1
2000 2.9
2001 0.2
2002 0.3
2003 1.4
2004 2.7
2005 1.9
2006 2.0
2007 2.3
2008 – 1.2
2009 – 5.3
Apesar da estagnação que viveu nos anos 1990 e de ter sido um dos países mais atingidos pela crise de 2008, o Japão
continuou sendo a segunda potência econômica do mundo (até 2009) e uma potência industrial de primeira linha:
moderna e competitiva. O país sedia algumas das maiores corporações multinacionais do planeta, com destaque para
Toyota, Honda e Nissan (automóveis); Hitachi, Panasonic e Sony (eletrônicos em geral); Mitsubishi, Mitsui e
Sumitomo (navios, automóveis, bancos etc.); Fujitsu e NEC (computadores); Canon e Fujifilm (equipamentos
fotográficos); Nippon Steel (aço), todas na lista das 500 maiores da revista Fortune.
01) As marcas da história ficaram visíveis no espaço geográfico deste país, onde a existência de fortes desigualdades
regionais estabelecem profundos problemas sociais. No Norte houve um renascimento comercial e urbano, fato que
permitiu o florescimento das cidades e a concentração de capitais nas mãos da nascente burguesia. Já no Sul,
predominou as estruturas arcaicas do feudalismo, onde a mentalidade aristocrática preservou a agricultura atrasada e
as grandes propriedades com o uso de abundante mão-de-obra.
As características acima referem-se a que país?
a) Itália.
b) Alemanha.
c) França.
d) Estados Unidos.
e) Japão.
02) Sobre o processo de reunificação da Alemanha após a queda do Muro de Berlim, indique a alternativa que
apresenta INCORRETAMENTE um dos motivos que ocasionaram esse fato:
a) Diferença do ritmo de desenvolvimento econômico e social das duas Alemanhas.
b) A existência da democracia representativa na porção ocidental, que garantia uma maior liberdade de expressão
política.
c) Fuga em massa de alemães para o lado ocidental, através da Hungria e da Áustria.
d) A aceitação de medidas ligadas ao capitalismo ocidental por parte do líder da Alemanha Oriental.
e) O processo de abertura política e econômica por parte da URSS durante o governo de Gorbachev.
03) A Reunificação alemã converteu-se em um processo de adequação das distintas realidades dos dois países para
que a Alemanha se convertesse em um único Estado, com o oferecimento dos mesmos direitos a todos.
Frente a essa situação, aponte a alternativa que expõe CORRETAMENTE um fato histórico sobre esse processo:
a) Os governantes alemães orientais opuseram-se à adoção do marco alemão ocidental, utilizando sua moeda até
meados da década de 1990.
b) O Muro de Berlim caiu apenas em partes, sendo que foi utilizado como forma de controle do deslocamento dos
habitantes entre as áreas ocidental e oriental ainda durante cinco anos após a reunificação.
c) Uma das principais dificuldades da reunificação alemã foi alcançar um equilíbrio econômico e social entre as duas
partes do país, principalmente no oferecimento aos orientais dos mesmos benefícios sociais que gozavam os
ocidentais.
d) A capital da Alemanha passou a ser a cidade de Munique, já que Berlim não poderia ser utilizada em virtude das
lembranças da divisão existente na cidade.
04) O crescimento econômico do Japão, a partir da década de 1950, alcançou patamares singulares, ao ponto desse
país ter se transformado no segundo maior PIB (Produto interno Bruto) do planeta já na década de 1980.
Assinale a opção que apresenta uma das causas desse dinamismo.
a) Capitalização dos conglomerados industriais, apoiado no baixo custo da força de trabalho e na canalização da
poupança popular para os investimentos empresariais;
b) Crescimento interno, apoiado numa sobrevalorização da moeda nacional frente ao dólar e ações governamentais
em infra-estrutura, garantiu o posterior domínio de mercados externos;
c) Desvinculação do poder político em relação ao econômico, o que fez desta economia a pioneira no uso de práticas
neoliberais, adequando-a mais rapidamente a globalização econômica;
d) Total desburocratização estatal, associando o capital privado japonês ao europeu, o que fez ressurgir os grandes
monopólios industriais no país, os chamados zaibatsus;
e) Escolha pelas indústrias mais pesadas, especialmente a partir da década de 1970, como as têxteis, siderúrgicas e
construção naval, uma vez que a relação custo/benefício tornou-se a melhor opção neste momento.
05) O Japão é considerado uma das grandes potências econômicas do planeta, no entanto, foi arrasado durante a
Segunda Guerra Mundial. Fato curioso foi a sua incrível recuperação estrutural e econômica num relativo curto
espaço de tempo.
Sobre as causas que possibilitaram a recuperação da economia japonesa neste período, é CORRETO afirmar que
a) a sua condição de parceiro da extinta URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) o possibilitou adquirir
grandes somas de recursos do chamado bloco oriental, uma vez que durante a guerra fria o Japão desempenhou um
importante papel de apoio geopolítico aos soviéticos.
b) a sua vocação portuária, com intenso comércio no cenário asiático, além de um subsolo rico em minerais, garantiu
a esse país uma retomada rápida de suas atividades industriais, especialmente das indústrias de base, as quais
revitalizaram rapidamente suas siderurgias e metalurgias.
c) os pesados investimentos na área bélica e de educação possibilitaram uma rápida reestruturação de sua economia, o
que atraiu grandes contingentes de trabalhadores do sudeste asiático, fato imprescindível que estimulou o seu
mercado de consumo interno.
d) as bases produtivas desse país, calcada em organizações originadas dos clãs familiares, conhecidos como
zaibatsus, foram estimuladas novamente pelo Estado, o que contribuiu decisivamente para a retomada do crescimento
econômico desse país.
e) a posição geográfica e a insularidade desse país, além da proximidade de várias nações do sul e sudeste asiático, as
quais investiram pesadamente no mercado japonês, estimularam a sua vocação financeira, o que acabou
desenvolvendo nessa nação grandes corporações bancárias, já na década de 1950.
1 – NOVA ZELÂNDIA
O arquipélago da Nova Zelândia foi uma das últimas áreas do mundo a serem povoadas pelos europeus. Povos
polinésios ocuparam-no por volta de 1300 e os britânicos chegaram apenas no final do século XVIII, intensificando a
imigração a partir de 1890.
Na época do maior fluxo imigratório europeu, no arquipélago viviam grupos primitivos — os maoris —, que
opuseram forte resistência à ocupação britânica, ocorrendo, por isso, freqüentes massacres de nativos. Atualmente, os
grupos aborígenes correspondem a menos de 10% da população total, mas seus ativistas procuram garantir espaço
político para suas reivindicações.
Dos 4,1 milhões de habitantes do país, cerca de 90% são descendentes de imigrantes britânicos, 8% são maoris e
os 2 % restantes reúnem diversos grupos de imigrantes. A densidade demográfica é baixa, apenas 15,16 hab./km2, e a
distribuição da população é irregular, sendo que 70% dos neozelandeses concentram-se na Ilha do Norte.
Os indicadores populacionais revelam um país desenvolvido, com baixo crescimento vegetativo (0,88% ao ano),
elevada expectativa de vida (homens, 77,4 anos e mulheres, 81,8 anos), pequena mortalidade infantil (cerca de
10,8%) e elevada população urbana, com cerca de 86% dos neozelandeses vivendo em cidades.
Para manter o alto padrão de vida da população, o governo neozelandês intervém desde a década de 30 em quase
todos os setores da economia, chegando a deter o controle quase total de algumas áreas, como comunicações, energia
e transportes.
A pecuária, economicamente muito mais importante para o país que a agricultura, ocupa quase 52% do espaço
territorial. O rebanho bovino é de onze milhões de cabeças e o de ovinos, de quase 70 milhões (o terceiro do mundo).
A criação, em geral, é semi-extensiva, exceto para a pecuária leiteira, que é praticada de forma intensiva,
constituindo-se numa das mais avançadas do mundo em nível de tecnologia e produtividade.
Os produtos da pecuária — carne, lã e laticínios — estão entre as principais exportações do país, representando
quase 80% do seu valor total.
A agricultura ocupa pequeno espaço territorial, mas revela alto grau de mecanização e absorve menos de 5% da
população economicamente ativa. As principais lavouras localizam-se na Ilha do Sul, onde se destacam o trigo, a
cevada, a aveia, o milho e a batata.
O país é pobre em recursos minerais e energéticos, exceto no que se refere ao carvão, cuja produção, na Ilha do
Sul, supre totalmente o mercado nacional. Em contrapartida, o potencial hidrelétrico é elevado, principalmente na
Ilha do Sul, que fornece eletricidade para a Ilha do Norte através de cabos submarinos.
2 - AUSTRÁLIA
A descoberta e o reconhecimento do continente australiano se iniciaram no século XVII, mas não motivaram
grandes empreendimentos comerciais, pois a região carecia de terras férteis e, aparentemente, também não possuía
riquezas minerais. Somente no século XVIII, o capitão James Cook, enviado pela Inglaterra, tomou posse dos
territórios em nome da Coroa britânica. Funcionando inicialmente como colônia penal inglesa, aquela longínqua ilha
apresentava diversas desvantagens, como o isolamento e o desconhecimento das condições de vida. Mesmo assim, a
partir do início do século XIX, numerosos colonos aventuraram-se a uma nova vida na Austrália.
O início foi árduo. Grande parte dos imigrantes não possuía experiência agrícola e as condições adversas levaram
muitos ao desânimo e à fome. Mas o estabelecimento da colonização de povoamento levou à introdução da pecuária
ovina. O ambiente revelou-se tão propício a essa criação que, em menos de meio século, o rebanho ovino alcançou
vários milhões de cabeças, convertendo-se na primeira riqueza do território.
A descoberta de áreas férteis para diversas culturas começou a atrair um número crescente de colonos e a
descoberta de ouro intensificou o fluxo de povoamento. Os aventureiros que não acumularam fortunas estabeleceram-
se como pastores, artesãos, peões e pequenos comerciantes.
Em 1810, a população era de 11 590 pessoas e, em 1820, de 38 000. Com a chegada de mais imigrantes,
sobretudo a partir de 1838, organizaram-se novos centros e grandes fazendas. Desde então, o número de imigrantes
não parou de crescer. Hoje, eles já totalizam cerca de 3 milhões, com destaque para os britânicos (30%), italianos (16
%), gregos (10 %), alemães (8 %) e holandeses (6 %). Até a década de cinqüenta, o projeto político era criar uma
“Austrália Branca”; hoje, porém, o número de imigrantes asiáticos já representa um terço do total anual.
A Austrália é um país de povoamento predominantemente anglo-saxônico. Em todo o território australiano
vivem 20,4 milhões de habitantes (2,66 hab./km2), concentrados no litoral e nas regiões úmidas, o que cria um vazio
demográfico quase absoluto no interior (1 hab./23km2), só quebrado pela presença de grupos nativos. Esses
aborígenes somam atualmente pouco mais de 120 mil pessoas e estão desaparecendo, devido ao avanço econômico
que minimiza sua inclusão.
Tradicionalmente baixo, o crescimento vegetativo australiano tem-se mantido numa taxa abaixo de 1,2% ao ano.
A população urbana é elevada, 85% dos australianos vivem em cidades, especialmente no sudeste, onde somente
em Sydney, Melbourne, Brisbane, Adelaide, Newcastle e Camberra vivem mais da metade da população do país.
Essa concentração se deve à colonização antiga dessas áreas, ao clima ameno e à presença de recursos minerais e da
indústria.
A mão-de-obra do país concentra-se nos setores terciário e secundário, restando uma parcela insignificante
voltada para a agropecuária, que é exercida em grandes propriedades, criando, em conseqüência, um povoamento
rural disperso.
A aridez do clima limita o espaço agrícola da Austrália, no entanto, as poucas regiões mais favorecidas
apresentam grande produtividade, graças à adoção de modernas técnicas de irrigação e ao uso de espécies vegetais
selecionadas e adaptadas às condições naturais do país.
O trigo (oitava produção mundial) é cultivado nas terras do sul e sudeste (Nova Gales do Sul, Vitória e
Queensland) e nas áreas próximas às cidades de Adelaide e Perth. A cana-de-açúcar (nona produção mundial)
desenvolve-se principalmente na costa leste, de clima tropical. Milho, arroz, aveia (sexta produção mundial) e frutas
são produtos de menor destaque.
É a pecuária, no entanto, que se constitui na mais sólida fonte de riqueza australiana. A criação de ovinos ocupa
os pastos mais pobres das zonas mais áridas, porém sua alta produtividade coloca a Austrália em primeiro lugar na
produção mundial de lã. O rebanho bovino, bem inferior ao ovino, ocupa os melhores pastos do sudeste, para a
produção leiteira, e os do norte, para o corte.
O setor agropecuário é responsável por grande parte do valor das exportações australianas, especialmente de lã (o
país exporta 87 % da produção), trigo (79 %) e carne (mais de 40%). Merecem destaque ainda outros produtos de ori-
gem animal, como manteiga e queijo.
A Austrália tem um peso bastante significativo na produção mundial de vários minérios. Suas exportações, que
representavam apenas 7 % do comércio externo, em 1960, hoje garantem cerca de 35 % dos recursos exportados; o
ferro (quarta produção mundial) e o carvão (oitava) são os mais importantes. As principais áreas de exploração do
minério de ferro situam-se no noroeste do país, de onde é exportado principalmente para o Japão. A exploração da
bauxita (primeira produção mundial) desenvolve-se ao norte, no golfo de Carpentária.
A produção de petróleo, que se realiza nos estados de Queensland e da Austrália Ocidental, supre pouco mais de
50% do consumo interno. As refinarias localizam-se junto às maiores cidades (Sidney, Melbourne, Adelaide e Perth).
Já o carvão, abundante na região de Newcastle, tem metade de sua produção destinada à exportação, principalmente
para o Japão. Internamente, constitui a principal fonte de energia (80%), uma vez que a hidreletricidade não é viável,
diante da aridez do clima australiano.
O país produz ainda ouro (sexta produção mundial), prata (sexta), urânio (quarta), zinco (sexta) e chumbo
(sétima).
A indústria australiana é bastante diversificada e tem apresentado notáveis índices de crescimento, devido ao
elevado poder aquisitivo de seu mercado interno, aliado ao grande volume de exportações. É uma indústria de alta
produtividade, que ocupa pouca mão-de-obra (apenas 18°/o da população ativa), incorpora as mais modernas
tecnologias e produz mais de 20% do PNB. As maiores zonas industriais localizam-se na região sudeste,
especialmente em torno de Sydney e Melbourne. Entre os principais setores, destacamos:
• automobilístico — totalmente controlado por transnacionais (General Motors, Ford, Volkswagen, Toyota, etc.),
sua produção, voltada para a exportação, tem atingido por volta de 500.000 veículos por ano;
• metalúrgico — concentra-se na costa oriental, devido à abundância local de recursos energéticos. Os setores
mais importantes são os ligados ao beneficiamento dos minérios de chumbo, zinco, cobre e alumínio;
• siderúrgico — predomina na região de Newcastle, junto às jazidas de carvão.
• a indústria leve — de produtos alimentícios, calçados, bebidas e têxteis, por seu lado, também tem apresentado
um crescimento muito rápido.
Quanto ao comércio, é importante destacar o intercâmbio diversificado que o país adotou após a Segunda Guerra
Mundial. Até 1950, o Reino Unido era responsável por mais de 50% das transações comerciais externas da Austrália;
hoje, esse percentual é inferior a 5%.
Embora isolado pela grande distância que o separa dos outros continentes, a posição estratégica do país favorece seu
domínio sobre o Pacífico sul. Nessa condição, faz parte da Anzus (Australia, Nova Zelândia e Estados Unidos),
organização militar formada em 1951, sob influência dos Estados Unidos, dentro do clima da Guerra Fria. Nos
últimos dez anos, no entanto, a hegemonia norte-americana sobre a área vem sendo substituída pelo domínio do
Japão, que tem feito pesados investimentos na Austrália, além de ter se tornado seu principal parceiro comercial.
1 - Assinale a afirmação INCORRETA sobre a OCEANIA e os países que formam esse continente.
A) O setor agropecuário na Austrália apresenta uma elevada participação nas exportações, e a pecuária constitui uma
das principais fontes de riquezas.
B) A Austrália possui uma das mais baixas densidades demográficas do mundo e sua população concentra-se no
litoral e nas regiões mais úmidas.
C) A agropecuária na Nova Zelândia ocupa grande parte de seu território; é uma atividade muito importante
economicamente, responsável por grande parte das exportações de produtos industriais.
D) Ao todo, a Oceania é formada por 4 grandes ilhas; a maior que representa o território australiano, e 3 ilhas
menores, que formam o arquipélago da Nova Zelândia e a ilha da Tasmânia, que constitui um país independente.
E) Durante o processo de ocupação da Nova Zelândia pelos ingleses, a população nativa teve suas terras usurpadas e
grande parte de sua população dizimada. Hoje, a população é predominantemente branca.
2 - O termo Oceania costuma ser usado para identificar as terras emersas localizadas entre os oceanos Índico e
Pacífico. Sobre elas pode-se afirmar que:
A) As ilhas da Polinésia, Melanésia e Micronésia são constituídas, predominantemente, por países que completaram
sua independência política na década de 1950.
B) A Polinésia tem sido a área mais utilizada pelos EUA para a realização de testes atômicos, como os da década de
1970, que destruíram o Atol de Mururoa.
C) Um traço cultural comum na Oceania é a completa adaptação das comunidades nativas aos padrões europeus e
norte-americanos estabelecidos com a ocupação colonial, a partir do século XVI.
D) Austrália, Nova Zelândia e Papua-Nova Guiné são consideradas países independentes, apesar de terem como chefe
de Estado a rainha Elisabeth II, do Reino Unido, ou alguém indicado por ela.
E) Em comparação aos outros continentes, a Oceania apresenta o maior número de possessões do tipo colonial, a
exemplo do Havaí, Taiti e Tonga, controladas pelos Estados Unidos.
3 - (CA-AA-AFN 2017) - A Austrália, ainda que tenha sido colônia inglesa e mantenha importantes laços
econômicos e culturais com sua antiga metrópole, é considerada um país desenvolvido. Sobre o desenvolvimento
socioeconômico australiano, é correto afirmar que:
A) seu mercado consumidor interno, em função do pequeno quantitativo populacional, é insipiente, induzindo esse
país a exportar praticamente tudo o que produz, especialmente para a Europa.
B) suas áreas naturais, amplamente exploradas nos últimos cinquenta anos, tornaram-se escassas, levando esse país a
concentrar sua economia no terceiro setor, destacando a atividade turística e financeira.
C) sua porção sudeste, por reunir as melhores condições naturais, tanto no tocante aos recursos minerais quanto aos
recursos hídricos, possui o melhor desempenho econômico junto ao segundo setor.
D) um dos maiores problemas com relação ao crescimento econômico desse país é o fraco desenvolvimento de seus
sistemas de transporte e de telecomunicações, fator que é potencializado por suas condições naturais.
E) no século atual, sua economia cresceu rapidamente, especialmente pela articulação econômica feita com a China,
país com o qual consolidou acordos nos campos diplomático, econômico e militar.
4 - A população da Nova Zelândia é de 4 milhões de habitantes; os Maoris são 15% dela; 8 em cada 10 Maoris vivem
em áreas urbanas. Entre 1994 e 1998, houve um aumento de 60% no número de Maoris com formação universitária;
há Maoris nos ministérios, no Parlamento, entre o empresariado, nas repartições públicas, dando aulas nas escolas e
em qualquer outro segmento da sociedade neozelandesa.
(Veja, 30-07-2003: 93. Adaptado)
O texto acima se refere aos sinais do processo de integração da população Maori à sociedade neozelandesa. A
população nativa foi, por mais de um século, dominada pelos ingleses em nome da superioridade cultural.
A ideia de cultura superior está associada ao fenômeno denominado
A) etnocentrismo.
B) imperialismo.
C) nacionalismo.
D) tradicionalismo.
E) sionismo.
GABARITO
1 2 3 4
C D C A
1- INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA
Nessa época, as atividades terciárias da economia (como serviços, comércio, energia, transportes e sistema
bancário) apontavam índices de crescimento econômico superiores aos das atividades agrícolas e industriais. É no
comércio e nos serviços que circula toda a produção agrária e industrial. A agricultura cafeeira - principal atividade
econômica nacional até então - exigia a implantação de uma eficiente rede de transportes, e assim as ferrovias foram
se desenvolvendo no país para escoar a produção do interior para os portos. Também se estabeleceu um sistema
bancário integrado à economia mundial.
Em 1919, as fábricas de tecidos, roupas, alimentos, bebidas e fumo eram responsáveis por 70% da produção
industrial brasileira: em 1939, no início da Segunda Guerra Mundial, essa porcentagem havia se reduzido para 58%
por causa do aumento da participação de outros produtos, como aço, máquinas e material elétrico. Contudo, a
industrialização brasileira ainda contava, predominantemente, com indústrias de bens de consumo não duráveis e
investimentos de capital privado nacional.
Na execução desse plano, 73% dos investimentos dirigiram-se aos setores de energia e transportes. Isso permitiu
grande aumento da produção de hidreletricidade e de carvão mineral, forneceu o impulso inicial ao programa nuclear,
elevou a capacidade de prospecção e refino de petróleo, pavimentação e construção de rodovias (14970 km), além de
melhorias nas instalações e serviços portuários, aeroviários e reaparelhamento e construção de pequena extensão de
ferrovias (827 km).
Paralelamente, por causa dos investimentos estatais em obras de infraestrutura e incentivos do governo, houve
expressivo ingresso de capital estrangeiro, responsável por grande crescimento da produção industrial, principalmente
nos setores automobilístico, químico-farmacêutico e de eletrodomésticos. O parque industrial brasileiro passou,
assim, a contar com significativa produção de bens de consumo duráveis, o que sustentou e deu continuidade à
política de substituição de importações.
Ao longo do governo JK consolidou-se o tripé da produção industrial nacional, formado pelas indústrias de bens
de consumo não duráveis, que desde a segunda metade do século XIX estavam se implantando, com amplo
predomínio do capital privado nacional; de bens de produção e bens de capital, que contaram com investimento
estatal nos governos de Getúlio Vargas; e de bens de consumo duráveis, com forte participação de capital estrangeiro,
como vimos.
O sucesso do Plano de Metas resultou num significativo aumento da inflação e da dívida externa. O afastamento
da capital federal do centro econômico e populacional do país e a opção pelo transporte rodoviário, sistema não
recomendável em países territorialmente extensos, como o nosso, marcaram economicamente o Brasil de forma
duradoura. Esses problemas estruturais, que diminuíram a competitividade dos produtos brasileiros no mercado
internacional e influenciaram negativamente a nossa economia, foram identificados já a partir de meados da década
de 1960 e têm consequências até os dias atuais.
Apesar da transferência da capital para o Centro-Oeste, a política do Plano de Metas acentuou a concentração do
parque industrial na região Sudeste, agravando os contrastes regionais. Com isso, as migrações internas
intensificaram-se, provocando o crescimento desordenado dos grandes centros urbanos, principalmente São Paulo e
Rio de Janeiro. Com isso, criou-se a necessidade de melhorar a infraestrutura nas regiões metropolitanas,
especialmente nas maiores. Como isso não foi feito, os problemas foram se acumulando e até hoje estão presentes nas
paisagens urbanas.
A concentração do parque industrial no Sudeste determinou a implementação de uma política federal de
planejamento econômico para o desenvolvimento das demais regiões. Em 1959, foi criada a Sudene
(Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) e, nos anos seguintes, dezenas de outros órgãos, como a Sudam
(Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), a Sudeco (Superintendência de Desenvolvimento do Centro-
Oeste), a Sudesul (Superintendência de Desenvolvimento do Sul) e a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do
Vale do São Francisco), entre outras que foram extintas ou transformadas em agências de desenvolvimento a partir do
início da década de 1990.
Entre 1968 e 1973, período conhecido como “milagre econômico”, a economia brasileira desenvolveu-se em
ritmo acelerado. No gráfico abaixo é possível verificarmos o crescimento anual do PIB brasileiro entre 1967 e 1975.
BRASIL: EVOLUÇÃO
ANUAL DO PIB (1967-1975)
1967 4.2%
1968 9.8%
1969 9.5%
1970 10.4%
1971 11.3%
1972 11.9%
1973 14.0%
1974 8.2%
1975 5.2%
Esse ritmo de crescimento foi sustentado por grandes investimentos governamentais que promoveram grande
expansão na oferta de alguns serviços prestados por empresas estatais, como energia e comunicações. No entanto,
várias obras tinham necessidade, rentabilidade ou eficiência questionáveis, como as rodovias Transamazônica e
Perimetral Norte e o acordo nuclear entre Brasil e Alemanha. O setor de comunicações também foi beneficiado nesse
período. Os investimentos foram feitos graças à grande captação de recursos no exterior, o que elevou a dívida
externa, pois boa parte desse capital foi investido em setores não rentáveis da economia. Como pagar a parcela da
dívida contraída com a construção de rodovias na Amazônia?
EAD – QAA/AFN – MÓDULO 4 6 CURSOASCENSAO.COM.BR
GEOGRAFIA CURSO ASCENSÃO
Outro aspecto importante na questão do crescimento econômico no período militar foi o dos investimentos
externos. O capital estrangeiro penetrou em vários setores da economia, principalmente na extração de minerais
metálicos (projetas Carajás, Trombetas e Jari), na expansão das áreas agrícolas (monoculturas de exportação), nas
indústrias química e farmacêutica e na fabricação de bens de capital (máquinas e equipamentos) utilizados pelas
indústrias de bens de consumo.
A taxa de lucro dos empresários foi ampliada com a diminuição dos salários reais, ou seja, reduzindo-se o poder
aquisitivo dos trabalhadores. Aumentava-se, assim, a taxa de reinvestimento dos lucros em setores que geravam
empregos principalmente para os trabalhadores qualificados e excluindo os pobres, o que deu continuidade ao
processo histórico de concentração da renda nacional. Ficou famosa a frase do então ministro da Fazenda Delfim
Netto, em resposta à inquietação dos trabalhadores ao verem seus salários arrochados: “É necessário fazer o bolo
crescer para depois repartí-lo”. O bolo (a economia) cresceu - o Brasil chegou a ser a 9ª maior do mundo capitalista
(em 2008, segundo o Banco Mundial, o Brasil era a 10ª- economia do mundo) e, até hoje, a renda está muito
concentrada (em 2007, segundo a mesma instituição, os 20% mais ricos se apropriavam de 58,7% da renda nacional).
Nesse contexto, as pessoas da classe média que tinham qualificação profissional viram seu poder de compra
ampliado, quer pela elevação dos salários em cargos que exigiam formação técnica, quer pela ampliação do sistema
de crédito bancário, permitindo maior financiamento do consumo. Enquanto isso, os trabalhadores sem qualificação
tiveram seu poder de compra diminuído e ainda foram prejudicados com a degradação dos serviços públicos,
sobretudo os de educação e saúde,
No final da década de 1970, os Estados Unidos promoveram a elevação das taxas de juros no mercado
internacional, reduzindo os investimentos destinados aos países em desenvolvimento. Além de assistir a essa redução,
a economia brasileira teve de arcar com o pagamento crescente dos juros da dívida externa, contraída com taxas
flutuantes.
Diante dessa nova realidade, a saída imposta pelo governo para obter recursos que permitissem honrar os
compromissos da dívida se resumiu na frase: “Exportar é o que importa”. Porém, como tornar os produtos brasileiros
internacionalmente competitivos? Tanto em qualidade como em preço, as mercadorias produzidas em um país em
desenvolvimento como o Brasil, que quase não investia em tecnologia, enfrentavam grandes obstáculos.
As soluções encontradas foram desastrosas para o mercado interno de consumo:
• arrocho salarial;
• subsídios fiscais para exportação (cobrava-se menos imposto por um produto exportado que por um similar
vendido no mercado interno);
• negligência com o meio ambiente;
• desvalorização cambial (a valorização do dólar em relação ao cruzeiro, moeda da época, facilitava as
exportações e dificultava as importações);
• combate à inflação por meio da diminuição do poder aquisitivo.
Essas medidas, adotadas em conjunto, favoreceram a colocação de produtos no mercado externo, mas
prejudicaram o mercado interno, reduzindo o poder de compra do brasileiro. Assim se explica o aparente paradoxo: a
economia cresce, mas o povo empobrece.
Na busca de um maior superávit na balança comercial, o governo aumentou os impostos de importação, não
apenas para bens de consumo como para os bens de capital e bens intermediários. A conseqüência dessa medida foi a
redução da competitividade do parque industrial brasileiro diante do exterior ao longo dos anos 1980. Os industriais
não tinham capacidade financeira para importar novas máquinas e, por causa da falta de competição com produtos
importados, não havia incentivos à busca de maior produtividade e qualidade dos produtos. Com isso, as indústrias,
com raras exceções, foram perdendo a competitividade no mercado internacional, e as mercadorias comercializadas
internamente tornaram-se caras e tecnologicamente defasadas em relação às estrangeiras.
Os efeitos sociais dessa política econômica se agravaram com a crise mundial, que se iniciou em 1979. As taxas
de juros da dívida externa atingiram, em 1982, o recorde histórico de 14% ao ano. A partir de então, a economia
brasileira passou por um período em que se alternavam anos de recessão e outros de baixo crescimento. Isso se
arrastou por toda a década de 1980 e início da de 1990, período que se caracterizou pela chamada ciranda financeira:
o governo emitia títulos públicos para captar o dinheiro depositado pela população nos bancos. Como as taxas de
juros oferecidas internamente eram muito altas, muitos empresários deixavam de investir no setor produtivo - o que
aumentaria o PIB, geraria empregos e ativaria a economia - para investir no mercado financeiro. Na época, essa
“ciranda” criava a necessidade de emissão de moeda em excesso, o que elevou os índices de inflação.
Outro aspecto negativo da política econômica do período militar merece destaque: se as medidas adotadas tinham
como objetivo o crescimento do PIB a qualquer custo, o que fazer com as empresas ineficientes, à beira da falência?
A solução encontrada para esse problema foI a estatização. O Estado brasileiro adquiriu empresas em quase todos os
setores da economia utilizando recursos públicos, em parte acumulados com o pagamento de impostos por toda a
população. O crescimento da participação do Estado na economia, de 1964 a 1985, foi muito grande. Em 1985, cerca
de 20% do PIB era obtido em empresas estatais, enquanto os serviços tradicionalmente públicos, como saúde e
2. 1 - O PLANO CRUZADO
Tancredo Neves, eleito indiretamente em 1985, não chegou a ser empossado porque faleceu. Nessa eleição, os
eleitores foram os parlamentares – deputados federais e senadores - e representantes dos partidos políticos que
formavam o Colégio Eleitoral. Seu vice, José Sarney, que apoiou o regime militar desde seu início, assumiu o cargo
de presidente em 15 de março do mesmo ano. Durante seu mandato ele preocupou-se em implementar reformas,
visando estabilizar a economia e obter apoio popular.
Embora tenha implantado posteriormente outros três pacotes tentando estabilizar a moeda, seu governo ficou
marcado pelo primeiro deles, o Plano Cruzado, lançado em 28 de fevereiro de 1986. Entre as principais medidas
destacavam-se a troca da moeda nacional - mil cruzeiros passaram a valer um cruzado - e o congelamento de preços e
dos salários. Com exceção do mínimo (que subiu 16%), todos os salários foram definidos com base no poder de
compra médio dos últimos seis meses e acrescidos de um abono de 8%. As medidas, associadas à manutenção das
datas de reajuste das categorias profissionais, ao aumento dos prazos de financiamento dos crediários para a compra
de bens de consumo e ao controle da taxa de câmbio, promoveram rápido aumento no poder de compra dos
assalariados.
O plano contou com grande apoio da população e de parcela expressiva de economistas dos partidos de oposição.
A população foi estimulada a denunciar os estabelecimentos comerciais, principalmente supermercados que
aumentavam os preços de suas mercadorias desobedecendo ao congelamento imposto pelo plano. As taxas de
inflação tiveram uma queda vertiginosa, mantendo-se baixas até outubro de 1986, e levaram o PMDB, partido do
presidente, a eleger os governadores de 22 das 24 unidades da federação (estados e distrito federal) então existentes
(atualmente são 27).
Com o aumento da demanda, rapidamente começaram a sumir produtos das prateleiras, e a escassez - que em
alguns casos era real, mas em outros era provocada por fabricantes e comerciantes que se recusavam a vender seus
produtos pelo preço congelado - levou à cobrança de ágio na comercialização.
Nessa época, como o Brasil possuía uma das economias mais fechadas do mundo ocidental (nossa abertura
comercial se iniciou em 1990), não havia possibilidade de o governo liberar a importação de bens de consumo para
combater o aumento dos preços. No caso da carne, os pecuaristas se recusavam a abater o gado e a escassez do
produto criou um mercado paralelo, com a carne sendo vendida a preços muito superiores aos definidos pelo
congelamento.
O retorno dos reajustes de preços ocorre com rapidez e, consequentemente, a inflação voltou a subir, em
decorrência da:
• cobrança de ágio na comercialização de produtos;
• falta de concorrência dos produtos importados;
• contínua elevação nas cotações do dólar em relação à moeda nacional - que provocava a elevação de preços em
todos os produtos importados, como petróleo, trigo e máquinas;
• manutenção do déficit público, que alimentava novamente a ciranda financeira.
Logo após as eleições de outubro de 1986 (para a escolha de novos governadores, senadores, deputados federais
e estaduais), foi lançado o Plano Cruzado II, com grandes reajustes nas tarifas públicas e forte aumento nos impostos
indiretos, reduzindo o poder de compra da população. Em fevereiro de 1987 foi abolido o controle oficial de
EAD – QAA/AFN – MÓDULO 4 8 CURSOASCENSAO.COM.BR
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preços e a correção monetária voltou a ser mensal, para acompanhar o descontrole inflacionário, cuja consequência é
a diminuição dos salários reais. Também foi decretada a moratória do pagamento da dívida externa, o que bloqueou
imediatamente o ingresso de capital estrangeiro no país e criou grandes dificuldades de negociação no mercado
internacional.
Nos anos seguintes, o governo José Sarney se caracterizou por perda de popularidade e o lançamento de outros
dois planos econômicos (Plano Bresser e Plano Verão), todos com sérios problemas para serem postos cm prática.
Apesar das sucessivas tentativas de controle, uma das principais heranças do governo Sarney foi uma altíssima
inflação: 53% em dezembro de 1989, atingindo 85,12% em março de 1990, quando o mandato se encerrou.
Ao longo da década de 1980, a ciranda financeira e as altas taxas de inflação, com a consequente perda do poder
de compra dos salários, foram responsáveis por um período de estagnação na produção industrial e de baixo
crescimento econômico (segundo o Banco Mundial, o PIB brasileiro cresceu em média 2,7% nos anos 1980). A
necessidade de controlar a inflação e ajustar as contas externas – fortemente comprometidas com o aumento do preço
do petróleo e das taxas de juros no mercado internacional - havia levado o governo de Figueiredo, o último do regime
militar, a se preocupar com ajustes de curto prazo na política econômica. O mesmo ocorreu na gestão de Sarney. Essa
prioridade significou uma década inteira sem planejamento econômico de longo prazo, com exceção de alguns
setores (política de reserva de mercado para informática e incentivo à exportação de celulose, por exemplo). Houve,
nesse período, uma queda de 5% na participação da produção industrial no PIB brasileiro.
No campo da política econômica e do papel do Estado, o governo Sarney foi responsável por um incipiente
processo de privatização de empresas estatais, começando a retirar o Estado do setor produtivo para concentrar sua
ação na fiscalização e na regulamentação. Foram vendidas 17 empresas estatais, das quais as mais importantes foram
a Aracruz Celulose, a Caraíba Metais e a Eletrossiderúrgica Brasileira (Sibra). A seguir estudaremos esse tema mais
detalhadamente.
Ao longo da campanha eleitoral de 1998, o Brasil sofreu um forte ataque especulativo, o que levou o governo a
abandonar o compromisso de manutenção das taxas de câmbio da época (aproximadamente R$ 1,30 por dólar). Em
janeiro de 1999 houve uma maxidesvalorização do real: subiu de cerca de R$ 1,60 para R$ 2,20. Essa nova cotação
deu início a um aumento nas exportações e uma redução no volume de bens importados.
A maxidesvalorização cambial do início de 1999 só permitiu saldos positivos na balança comercial brasileira a
partir de 2001, pois as empresas precisam de um tempo relativamente longo para conquistar mercados, vender seus
produtos e receber pelas vendas. Além da desvalorização cambial, não podemos esquecer que a modernização da
economia contribuiu para o aumento da competitividade das empresas brasileiras.
Num primeiro momento, essa desvalorização cambial provocou aumento da inflação, uma vez que produtos
importados (como trigo, petróleo e equipamentos de comunicação e informática) ficaram mais caros e a população
em geral, novamente, teve perda em seu poder aquisitivo. Depois que esse aumento foi repassado ao preço dos
produtos, entretanto, a desvalorização cambial permitiu que vários setores industriais aumentassem sua produção,
porque muitos bens de consumo e de capital, anteriormente importados, ficaram mais caros no mercado interno.
Embora involuntária, esta foi uma prática de protecionismo.
1 - (QAA/AFN – 2008) A economia brasileira passou por várias etapas em sua evolução, de uma estrutura
basicamente agroexportadora, reinante até as primeiras décadas do século XX, para a industrialização que
materializou-se a partir da década de 1950.
Assinale a opção correta sobre as mudanças implementadas na economia brasileira no período compreendido entre
1956 e 1961.
A) O domínio do capital externo em investimentos produtivos diretamente junto às indústrias de bens intermediários,
acabou por refletir em uma forte dispersão industrial pelo país.
B) O deslocamento dos investimentos por parte do Estado, do setor de bens de produção para as atividades ligadas
aos de bens de consumo não-duráveis, favoreceu a ascensão do capital privado externo no primeiro setor.
C) Os incentivos cambiais, tarifários, fiscais e creditícios oferecidos pelo governo federal ao capital externo,
privilegiaram setores como o automobilístico, o de máquinas e ferramentas.
D) A diminuição dos encargos exteriores do país, como o pagamento de royalties, dos serviços técnicos, dos
dividendos e juros, facilitou os investimentos do capital privado nacional em detrimento do capital externo.
E) O rompimento com o capital transnacional e o fortalecimento do capital privado nacional, especialmente junto às
indústrias de bem de consumo duráveis, inaugurou a política do governo conhecida como Plano de Metas.
2 - (QAA/AFN - 2013) O processo de industrialização brasileira, desencadeado a partir da década de 1930, foi
fundamental para colocar o país entre as dez maiores economias do mundo.
Assinale a opção correta em relação ao processo de industrialização brasileira.
A) No início da Segunda Guerra Mundial houve um aumento da participação de produtos, como aço, máquinas e
material elétrico, mas a industrialização brasileira contava predominantemente, com a instalação de indústrias de
bens de consumo não duráveis e investimentos de capital privado nacional.
B) A partir da década de 1980, com a crescente participação econômica do capital estrangeiro junto às indústrias de
bens de capital e de produção, o parque industrial nacional tornou-se autossuficiente, passando a não depender
mais das importações desses tipos de bens.
C) Atualmente, as atividades industriais brasileiras são responsáveis pela metade do seu PIB (Produto Interno Bruto),
já que as indústrias de base e de bens de consumo duráveis, contam com grande domínio do capital estatal e
privado nacional.
D) A Região Sudeste, historicamente a mais bem estruturada em termos de capitais, mão de obra e infraestrutura em
geral, vem agregando as atividades produtivas do setor secundário, especialmente junto às Regiões
Metropolitanas, apontando claramente para uma nova tendência junto à organização espacial das indústrias.
E) Nos anos 1990, o parque industrial nacional passou por uma reestruturação produtiva, superando as deficiências
com os custos de transportes, com os investimentos públicos e privados e com o atraso tecnológico.
3 - É possível afirmar, por meio de uma visão de síntese do processo histórico da industrialização no Brasil entre
1880 a 1980, que esta foi retardatária cerca de cem anos em relação aos centros mundiais do capitalismo. Podemos
identificar cinco fases que definem o panorama brasileiro de seu desenvolvimento industrial: 1880 a 1930, 1930 a
1955, 1956 a 1961, 1962 a 1964 e 1964 a 1980.
Leia com atenção as afirmações a seguir, identificando a correta.
A) 1956 a 1961: Modelo de desenvolvimento associado ao capital estrangeiro, sem descentralizar a indústria do
Sudeste de forma significativa em direção a outras regiões brasileiras; corresponde ao período de Juscelino
Kubitschek, com incremento da indústria de bens de consumo duráveis e de setores básicos.
B) 1930 a 1955: Modelo de política nacionalista da Era Vargas, com o desenvolvimento da base industrial
dependente do capital estrangeiro demonstrado através da construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e
da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). Ressalta-se que, neste período, a Primeira Guerra Mundial impulsionou
a industrialização.
C) 1962 a 1964: Período de aceleração da economia e do processo industrial, mesmo em um cenário de instabilidade
e tensão política no Brasil.
D) 1880 a 1930: Implantação dos principais setores da indústria de bens de consumo duráveis ou indústria leve,
mantendo-se a dependência brasileira em relação aos países mais industrializados. O Brasil não possuía indústrias
de bens de capital ou de produção.
E) 1964 a 1980: Período em que o Brasil esteve submetido a constrangimentos econômicos e financeiros devido a seu
endividamento no exterior com o objetivo de atingir o crescimento econômico de 10% ao ano. Mesmo assim,
houve muitos avanços na área social, tornando a expressão “modernização conservadora” usual para caracterizar
tal fase.
GABARITO
1 2 3 4
C A A D
A expressão “país-continente” advém do fato de que o menor de todos os continentes, a Austrália (alicerce da
Oceania), possui cerca de 7,6 milhões de quilômetros quadrados.
Para termos uma idéia do imenso tamanho de nosso país, podemos lembrar que toda a Europa, a ocidental e a
oriental (excluindo a parte européia da Rússia), possui apenas cerca de 5,2 milhões de km2.
Alguns Estados do Brasil — como Amazonas, Pará, Mato
Grosso e Minas Gerais — possuem cada um, área territorial
superior à de inúmeros países europeus reunidos.
Observando um mapa de densidades demográficas ou
povoamento do Brasil, nota-se que a população se concentra no
litoral, ou melhor, em uma estreita faixa de terra que vai do
oceano Atlântico até cerca de 150 km para o interior. As
cidades mais populosas aí se localizam: São Paulo, Rio de
Janeiro, Salvador, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza,
Belém entre outras. As únicas exceções —- grandes áreas
metropolitanas com mais de 1 milhão de habitantes situadas a
mais de 150 km do litoral são Belo Horizonte, Brasília, Goiânia
e Manaus.
A regra geral é a concentração litorânea, principalmente no
Sudeste do país (entre São Paulo e Rio de Janeiro) e próxima do
litoral do Nordeste (Zona da Mata nordestina). A parte
Uti possidetis: tratado que conferia a um Estado o direito de apropriar-se de um novo território com base na
ocupação, na posse efetiva da área, e não em títulos anteriores de propriedade.
Os contornos do território colonial flutuaram ao longo do tempo num processo gradativo, submetido às
estratégias de administração da metrópole. Nos séculos XVI e XVII, a colonização baseou-se no regime de capitanias
hereditárias, instituído em 1543. Os donatários tinham amplos poderes nas suas capitanias, inclusive o de distribuir
sesmarias, de modo a estimular a exploração econômica das terras através da grande lavoura e da criação de gado.
Por outro lado, a expansão comercial européia e o intenso crescimento das cidades e da população estimularam a
busca de novos produtos para incrementar a atividade comercial (ouro, prata, açúcar, tabaco, algodão, certos tipos de
madeira, frutos diversos, etc.) e de novas áreas a serem incorporadas ao raio de ação dos comerciantes europeus. Foi
essa a principal motivação da expansão marítimo-comercial da Europa e da colonização do continente americano.
2 – UNIÃO IBÉRICA
Em 1621, no período da União Ibérica, a América portuguesa foi dividida em Estado do Brasil, com sede em
Salvador, e em Estado do Maranhão, com sede cm São Luis. O novo Estado, subordinado apenas à Coroa, destinava-
se a garantir a defesa do litoral setentrional, sujeito a ataques e ocupação dos franceses. Em 1751, afastadas as
ameaças francesas, a atenção da Coroa concentrou-se na consolidação da soberania sobre a bacia amazônica,
mudando o nome da entidade para Estado do Grão-Pará e transferindo sua sede para Belém.
Após o fim da União Ibérica, a Coroa portuguesa empreendeu esforço de reorganização das suas colônias
americanas. Esse empreendimento visava fortalecer o controle metropolitano sobre as rendas coloniais e garantir a
ocupação estratégica de áreas limítrofes às terras espanholas.
O traço marcante da colonização de todo o continente americano e, por extensão, do Brasil, com exceção apenas
de partes da América do Norte, foi servir para o enriquecimento das metrópoles, ou seja, as nações européias.
De fato, o que alguns historiadores chamam de “sentido” da nossa colonização está nisto: ela foi organizada para
fornecer ao comércio europeu açúcar, tabaco e outros gêneros; mais tarde, ouro e diamantes; depois, algodão e, em
seguida, café. E isso acarretou algumas marcas na economia e na sociedade brasileiras que, em alguns casos,
permanecem até hoje:
Povoamento mais intenso na fachada atlântica (onde se localizam os portos);
Utilização dos melhores solos para a produção de gêneros de exportação e não de alimentos para a
população;
Formação de uma sociedade constituída principalmente por uma minoria de altíssima renda (que
mantém ligações econômicas com o exterior) e uma maioria com baixa renda, que serve como força de
trabalho barata;
Dependência econômica em relação aos centros mundiais do capitalismo.
Assim, a colonização do Brasil teve um caráter de colônia de exploração, e significa que foi inserida na política
mercantilista da época, servindo como uma das condições indispensáveis para que ocorresse a Primeira Revolução
Industrial, de meados do século XVIII até o final do século XIX. Esse acontecimento marcou a passagem do
Capitalismo Comercial, típico da época moderna, em que o comércio era o setor-chave da economia, para o
Capitalismo Industrial.
É importante lembrar que Portugal, na época moderna, tornou-se uma potência de segunda categoria (ele havia
sido uma importante potência mundial no século XV), que procurou manter a integridade territorial de suas colônias,
em especial do Brasil, a partir de alianças com aquela que pouco a pouco se tornou a grande potência internacional do
8 – OS COMPLEXOS REGIONAIS
Em 1967, o geógrafo Pedro Pinchas Geiger elaborou uma proposta de divisão do país em grandes complexos
regionais. Essa proposta foi baseada em critérios diferentes daqueles que haviam orientado os técnicos do IBGE na
delimitação das cinco macrorregiões brasileiras. Mais do que características econômicas individuais, os complexos
regionais revelam o resultado da integração econômica promovida pela industrialização no plano espacial. Assim,
abrangem regiões produtivas com características desiguais, mas que foram soldadas pela emergência de um mercado
interno unificado.
1 - QAA/AFN - 2014) O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou pela primeira vez o processo
de regionalização do espaço geográfico brasileiro na década de 1940. Entretanto, entre os pesquisadores e a mídia em
geral, outras formas de regionalização, não oficiais, ganharam popularidade. Dentre essas propostas difundidas, existe
a das três grandes regiões geoeconômicas.
Com relação a essa forma de regionalização, assinale a opção correta.
A) Os limites das regiões geoeconômicas coincidem com os limites dos estados, pois as características
socioeconômicas, demográficas e naturais não extrapolam as divisas interestaduais.
B) A economia nordestina tem recebido muitas fábricas de outras partes do país, principalmente do Sul-Sudeste, em
virtude do menor custo da mão de obra e isenção de impostos concedidos pelos governos estaduais.
C) As atividades industriais no Centro-Sul apresentam-se espacialmente concentradas nas capitais regionais, por
possuírem melhor infraestrutura e grande mercado consumidor do que as áreas metropolitanas.
D) Na década de 2000, a inovação na extração dos recursos minerais como ferro, manganês, ouro, entre outros, na
Amazônia, tem reduzido os impactos ambientais e sociais, mostrando-se como atividade altamente sustentável.
E) A divisão do Brasil em três regiões geoeconômicas é aquela que melhor representa o atual momento do país, pois
a elevada industrialização possibilitou a desconcentração espacial do capital e reduziu as desigualdades regionais.
2 - As secas e o apelo econômico da borracha — produto que no final do século XIX alcançava preços altos nos
mercados internacionais — motivaram a movimentação de massas humanas oriundas do Nordeste do Brasil para o
Acre. Entretanto, até o início do século XX, essa região pertencia à Bolívia, embora a maioria da sua população fosse
brasileira e não obedecesse à autoridade boliviana.
Para reagir à presença de brasileiros, o governo de La Paz negociou o arrendamento da região a uma entidade
internacional, o Bolivian Syndicate, iniciando violentas disputas dos dois lados da fronteira. O conflito só terminou
em 1903, com a assinatura do Tratado de Petrópolis, pelo qual o Brasil comprou o território por 2 milhões de libras
esterlinas.
Disponível em: <www.mre.gov.br>. Acesso em: 03 nov. 2008. Adaptado.
Compreendendo o contexto em que ocorreram os fatos apresentados, o Acre tornou-se parte do território nacional
brasileiro:
A) pela formalização do Tratado de Petrópolis, que indenizava o Brasil pela sua anexação.
B) por meio do auxílio do Bolivian Syndicate aos emigrantes brasileiros na região.
C) devido à crescente emigração de brasileiros que exploravam os seringais.
D) em função da presença de inúmeros imigrantes estrangeiros na região.
E) pela indenização que os emigrantes brasileiros pagaram à Bolívia.
3 - O Brasil é uma República Federativa que apresenta muitas desigualdades regionais. Confrontando-se dois
aspectos – a igualdade jurídica entre os Estados-membros e as disparidades econômicas entre as regiões – pode-se
afirmar que:
A) o desequilíbrio econômico regional vem sendo, ao menos parcialmente, atenuado pelo menor número de
representantes do Sudeste no Congresso Nacional, em comparação aos do Norte e Nordeste.
B) a região Norte é a menos representada no Congresso Nacional, fato notável principalmente no Senado, derivando
daí uma situação de desigualdade perante as demais regiões.
C) a região Sul goza de ampla maioria de representação no Congresso Nacional, o que lhe tem permitido obter
vantagens na redistribuição dos repasses federais.
D) o princípio da igualdade, garantido pelo número fixo de senadores por Estado, permite uma distribuição
equilibrada dos repasses federais, entre as diferentes regiões do país.
E) os Estados nordestinos, apesar de sua pouca representatividade no Congresso, vêm assumindo liderança na
definição das políticas monetária e cambial no país.
Com base nas informações anteriores e em seus conhecimentos sobre o assunto, é correto afirmar que:
A) os limites da região geoeconômica Amazônia praticamente coincidem com os da região Norte do IBGE. Trata-se
de uma região de grande população absoluta– apesar da baixa densidade demográfica – que apresenta um
crescimento na industrialização, sobretudo no setor de mineração.
B) a região geoeconômica Nordeste é caracterizada por uma homogeneidade natural marcada pela seca. É uma região
que concentra um grande contingente populacional e que se constitui em uma ―região-problema‖, em face das
graves dificuldades sociais e econômicas que apresenta.
C) a região geoeconômica Centro-Sul abrange as duas porções mais industrializadas do país (Sudeste e Sul) e as áreas
de economia mais dinâmica da região Centro-Oeste (de acordo com o IBGE): sul de Tocantins, norte de Goiás e
parte de Minas Gerais.
D) parte do norte do estado de Minas Gerais – porção semiárida, de economia pouco dinâmica – integra o complexo
regional do Nordeste. O restante desse estado integra o complexo regional Centro-Sul, que também é composto
por parte de Tocantins (Região Norte) e parte de Mato Grosso (Região Centro-Oeste).
E) a área afetada por secas periódicas, no Meio-Norte da região geoeconômica Nordeste, constitui o ―Polígono das
Secas‖. Nessa área, funciona a chamada indústria da seca, como ficou conhecida a prática de políticos e
fazendeiros para obter lucros e vantagens pessoais com esse flagelo.
GABARITO
1 2 3 4
B C A D