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A indústria

Fases do desenvolvimento industrial

1ª fase – 1760

Fontes de energia – Carvão e água.

Inovações no processo produtivo – máquina a vapor; maquinaria que marca


o ritmo do trabalho humano; indústria têxtil e metalúrgica.

Potências – Reino Unido; França; EUA; Alemanha.

2ª fase – final do séc. 19

Fontes de energia – petróleo; eletricidade, flexibilizaram os critérios de


localização da indústria.

Inovações no processo produtivo – motor de combustão interna que


permitiu o desenvolvimento dos transportes; invenção do dínamo e do
motor elétrico; intensificação da indústria química e diversificação da
produção; mão de obra especializada para aumentar a produtividade.

Potências – Europa Ocidental; Suécia; Noruega; América do Norte; Japão;


Rússia; Austrália; Nova Zelândia.

3ª fase – 1960/70

Fonte de energia – petróleo; gás natural; eletricidade; diversificação das


fontes de produção de eletricidade.

Inovações no processo produtivo – avanços na eletrónica, que permitiu a


automatização do processo produtivo; deslocalização industrial; NPI;
segmentação da produção.

Potências – Europa; América do Norte; Japão; Rússia; Austrália; Nova


Zelândia; China; Índia.
4ª fase – atualidade

Fontes de energia – fontes de energia renováveis

Inovações no processo produtivo – aplicação à indústria das inovações ao


nível da informática, biotecnologia e telecomunicações.

Potências - PD

Deslocalização industrial

Esta é a transferência de indústria para outro país ou região. Surgiram os


novos países industrializados (NPI), ex.: Ásia Oriental, Ásia do Sul e
Sudeste, América Latina, Médio Oriente e África do Norte.

Fatores da deslocalização industrial:

 Mão de obra numerosa e barata;


 Leis laborais pouco exigentes e horários de trabalho grandes;
 Ausência de higiene e segurança no trabalho e da prevenção e
proteção ambiental;
 Incentivo fiscais e financeiros ao investimento estrangeiro.

Segmentação da produção

Esta é uma tendência de globalização, onde são aproveitadas as vantagens


especificas de países diferentes para deslocalizarem fases ou componentes
de produção de um produto final, contribuindo para aumentar a
rentabilidade, fazendo da seguinte maneira:

 PED deslocalizam-se as fases que exigem mais mão de obra;


 PD permanecem as fases iniciais de marcas e conceção de produtos
e as fases de distribuição e comercialização.
Tendências atuais

As principais tendências do setor industrial são:

 Aposta dos países desenvolvidos na inovação e na indústria, que


utiliza o conhecimento e tecnologia muito desenvolvida com a
desindustrialização;
 Deslocalização industrial das atividades mais intensivas em mão de
obra nos NPI por conta do seu desenvolvimento;
 Globalização da produção, dominada por grupos transnacionais e
apoiada no desenvolvimento dos transportes e telecomunicações,
reforçando a segmentação da produção à escala mundial.

Fatores de localização industrial

Estes são fatores que influenciam a localização das indústrias para


minimizar os custos e maximizar os lucros.

Finais do século 19, tinham afluência os seguintes fatores:

 A fonte de energia era o carvão, grandes partes das indústrias


fixaram--se perto das minas carboníferas;
 A principal matéria-prima era o ferro, muitas indústrias afixaram-se
nas áreas de mineração do mesmo;
 Portos marítimos.

Paisagens negras, eram causadas pela intensa emissão de fumos e cargas de


efluentes que enegreciam os céus e as águas dos rios.

Fatores atuais:

 Acessibilidade e custos e a eficiência do transporte de matérias-


primas e produtos acabados;
 Acesso ao mercado que atrai as indústrias para as áreas urbanas e
suburbanas e para países onde o poder compra está a aumentar;
 Disponibilidade e custo da mão de obra, favorecendo a instalação
das indústrias nos PED onde a mão de obra é grande e barata, e nas
áreas urbanas dos PD onde a mão de obra é qualificada;
 Parques ou zonas industriais e polígonos de atividades dotados de
infraestruturas e com boa acessibilidade;
 Polos científico-tecnológicos que oferecem serviços de investigação,
inovação, tecnológica, marketing, gestão empresarial, etc., atraindo
as indústrias com trabalhadores especializados e qualificados;
 Incentivos fiscais, financeiros e políticos, que promovem o
investimento industrial através de benefícios;
 Proximidade das matérias-primas ou dos portos de desembarque que
são priorizados por indústrias que transformam matérias-primas
pesadas e volumosas ou facilmente degradáveis.

Decisão política, centros de investigação científica, energia, transportes e


vias de comunicação, mercado, mão de obra, matérias-primas.

Consequências da atividade industrial

Económicas e sociais

A industrialização foi a causa da desigualdade entre os países do norte e os


do sul, mas com o tempo a deslocalização industrial reduziu essa
desigualdade.

Nos NPI a nível económico, a indústria dinamizou:

 O emprego e o crescimento económico;


 A construção civil e de infraestruturas;
 Comércio interno, aumento do poder de compra, comércio externo,
elevado valor das exportações;
 Criação de novos serviços e a melhoria de outros.

Estes contribuíram assim para aumentar a qualidade de vida e causando


grandes progressos no IDH.

Mas a deslocalização também teve consequências, nas áreas de saída:

 Desemprego e empobrecimento da população;


 Renovação do tecido empresarial e modernização industrial.

E nos NPI:

 Desrespeito pelos direitos humanos;


 Trabalho infantil e abandono de crianças;
 Saída de recursos humanos qualificados para os PD.

Ambientais

Os grandes impactes ambientais são:

 Poluição do ar e da água;
 Problemas de armazenamento e destruição dos resíduos;
 Degradação da paisagem e poluição dos solos;

A deslocalização agrava a poluição nos NPI, devido à:

 Falta de responsabilização das empresas;


 Tecnologia mais antiga e mais poluente;
 Fraca restrição do uso de substâncias perigosas;
 Países mais pobres são depósitos de resíduos industriais e lixo
eletrônico.
Soluções para as consequências

Económicas e sociais:

 Promoção do respeito pelos direitos humanos, de maneira que haja


normas justas e condições de trabalho;
 Definição de regras exigentes para prevenir a deslocalização
industrial só para o lucro fácil custando assim mão de obra sem
direitos e sujeita a desemprego.

Ambientais:

 Aplicação das normas ambientais, por ex.: utilização de tecnologias


de redução da emissão de gases;
 Apoio à investigação científica para a prevenção e minimização dos
riscos ambientais.

A ambos:

 Apoio dos PD para os PED para reduzir os desequilíbrios mundiais.

Crescimento económico e desenvolvimento humano

O crescimento económico é um fenómeno de natureza quantitativa que se


refere à quantidade da riqueza material produzida.

O desenvolvimento humano é um fenómeno de natureza qualitativa que


resulta da aplicação da riqueza na satisfação das necessidades da
população, nomeadamente:

 Acesso a água potável, alimentação equilibrada e condições


habitação;
 Garantia de serviços de saúde e educação;
 Garantia de emprego com salários justos;
 Igualdade de oportunidades independentemente de qualquer motivo;
 Liberdade de expressão e acesso à cultura e lazer.

O crescimento económico não conduz sempre ao desenvolvimento


humano.

O desenvolvimento humano e o crescimento económico são medidos


através dos indicadores simples, que são:

 Indicadores económicos;
 Indicadores demográficos;
 Indicadores socioculturais;
 Indicadores políticos;
 Indicadores ambientais.

O desenvolvimento humano é medido também por indicadores compostos,


que são:

 Índice de Desenvolvimento Humano (IDH);


 Índice de Desigualdade de Género (IDG);
 Índice de Pobreza Multidimensional (IPM).

Os indicadores estatísticos permitem:

 Conhecer a realidade num determinado momento e a sua evolução ao


longo do tempo;
 Estabelecer comparações entre países e regiões;
 Adotar medidas que minimizem problemas relacionados com o
desenvolvimento humano.

Contrastes económicos

Os indicadores para avaliar a produção de riqueza de um país são o PIB


(Produto Interno Bruto) e o PNB (Produto Nacional Bruto), ambos são
divididos pelo número total de habitantes, ou seja, per capita.
PIB, é onde toda a riqueza produzida em Portugal, mesmo que seja por um
investidor estrangeiro, contribui para o PIB de Portugal.

PNB, é onde toda a riqueza que é produzida pelas empresas portuguesas no


estrangeiro, contribui para o PNB de Portugal e para o PIB do país onde
está implementada.

Maiores valores de PIB per capita, localizam-se:

 Na Europa;
 Na América do Norte;
 Na Oceânia;
 No médio-oriente;
 Na Ásia Oriental.

Valores mais baixos de PIB per capita, localizam-se:

 Na África;
 Na Ásia;
 Na América Central e do Sul.

A distribuição da riqueza no mundo é desigual fazendo assim com que haja


um pequeno número de pessoas com um grande rendimento, e um grande
número de pessoas com baixo rendimento.

Caracterização de diferentes grupos de países:

Os Países Menos Avançados (PMA) são os países mais pobres do mundo


em termos de desenvolvimento. São constituídos por 48 países que estão
em África, América, Ásia e Oceânia.

São designados através destes critérios:

 Rendimento reduzido, abaixo a 1190 dólares norte-americanos;


 Condições de vida fracas, a nível de alimentação, saúde e educação;
 Economia vulnerável.

Alguns PED destacaram-se pelo peso político e económico que fez crescer
o PIB e melhorou as condições de vida. Estes países constituem um grupo
político de cooperação, os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do
Sul).

Os NPI implementaram uma estratégia de industrialização voltada para as


exportações, onde apresentavam mão de obra abundante e barata, isenção
de impostos e ausência de legislação sobre os direitos dos trabalhadores.
Com esta estratégia aumentaram o crescimento económico e tornaram-se
industrializados. Passaram a fazer parte dos países desenvolvidos, que
abrange 9 países:

 México;
 Brasil;
 Turquia;
 África do Sul;
 Índia;
 China;
 Tailândia;
 Malásia;
 Filipinas.

Outra maneira de países serem classificados é através de associações


políticas ou económicos, mais precisamente OPEP, Organização dos Países
Exportadores de Petróleo, que foi criada em 1960. Esta controla os preços e
o volume de produção do petróleo.

Tem 12 países membros:

 Angola;
 Arábia saudita;
 Argélia;
 Emiratos Árabes Unidos;
 Equador;
 Irão;
 Iraque;
 Koweit;
 Líbia;
 Nigéria;
 Qatar;
 Venezuela.

Devido ao preço do petróleo, estes países têm valores elevados de PIB per
capita.

Contrastes demográficos

Indicadores:

 Taxa de crescimento natural;


 Esperança média de vida à nascença;
 Taxa de mortalidade na infância;
 Proporção de jovens na população total;
 Proporção de idosos na população total;
 Taxa de crescimento migratório.

Países desenvolvidos:

 Têm a população envelhecida, um crescimento natural reduzido ou


negativo, esperança média de vida à nascença elevada, taxa de
mortalidade na infância reduzida;
 As causas de morte são devido ao sedentarismo, uma má
alimentação e consumo de álcool e tabaco.

Países em desenvolvimento:

 Têm a população jovem, um crescimento natural elevado, esperança


média de vida à nascença baixa, taxa de mortalidade na infância
elevada;
 As causas de morte são devido à falta de condições de saúde, de
higiene e de alimentação.

Contrastes socioculturais

Indicadores:

 Taxa de alfabetização de adultos;


 Taxa de abandono escolar no ensino primário;
 Médicos por 10 mil pessoas;
 Cobertura pré-natal;
 Utilizadores de internet.

Países desenvolvidos:

 Os avanços científicos e tecnológicos fazem com que exista uma boa


qualidade hospitalar e boas condições de saúde à população;
 A taxa de alfabetização está próxima dos 100% e o número de
escolaridade tanto no ensino superior como nos outros aumentou;
 A população tem acesso a meios de comunicação e eventos e
infraestruturas culturais;
 Existe acesso à água potável e disponibilidade de alimentos levas as
pessoas a comer demais causando obesidade e outras doenças.
Países em desenvolvimento:

 A assistência médica é bastante insegura e os hospitais estão mal


equipados em termos materiais e humanos;
 A taxa de alfabetização tem aumentado, mesmo com valores baixos,
especialmente e entre as mulheres;
 Nem todos têm direito a meios de comunicação e os eventos e
infraestruturas culturais é escasso;
 A maioria da água consumida esta contaminada por causa dos maus
sistemas de captação, tratamento e distribuição e existe a falta de
alimentos que origina problemas como a subnutrição e a fome.

Contrastes políticos

Por conta dos regimes políticos são postos em causa os Direitos Humanos e
a liberdade, limitando o desenvolvimento humano. Existe grande contraste
à liberdade das populações e à igualdade de género nas instituições
políticas.

Contrastes ambientais

Existe diferenças entre os países em termos de poluição e à implementação


de medidas de proteção animal, o destino dos resíduos varia consoante o
grau de desenvolvimento dos países.

Nos países desenvolvidos, o resíduo tem processos de tratamento, como:

 A incineração;
 A compostagem;
 A reciclagem;
 Deposição em aterros sanitários.
Nos países em desenvolvimento, com a falta de tecnologia e de capacidade
financeira impede que exista um tratamento para os resíduos acabando
assim em lixeiras a céu aberto.

Indicadores compostos

O índice de Desenvolvimento humano mede três dimensões:

 Vida longa e saudável que é medida a partir da esperança média de


vida à nascença, permitindo avaliar a saúde;
 Conhecimento que é medido a partir do número médio de anos de
escolaridade e do número de anos de escolaridade esperados,
permitindo avaliar a educação;
 Padrão de vida digno que é medido a partir de PNB per capita,
permitindo avaliar o rendimento.

IDH baixo – 0 a 0,550

IDH médio – 0,550 a 0,700

IDH elevado – 0,700 a 0,800

IDH muito elevado – 0,800 a 1

O IDH é mais elevado na Europa, na América do Norte, na Oceânia, no


médio oriente e na Ásia oriental.

O IDH baixo está localizado na maioria da África e da Ásia central e


meridional.

O IDH permite que sejam definidas medidas para a melhoria das


qualidades de vida das populações.
O IDH tem limitações, que são:

 Só são calculados 4 indicadores simples;


 Não contem aspetos como a democracia, a segurança, os direitos
humanos e a preservação ambiental;
 Não mostra a diferença entre algo, tipo o género;
 Os indicadores da educação não falam sobre a qualidade dos
sistemas de ensino;
 Os dados nem sempre são fiáveis e atualizados.

Índice de Igualdade de Género (IDG) mede três dimensões:

 Saúde reprodutiva, que é avaliado por a taxa de mortalidade materna


e a taxa de fertilidade na adolescência;
 Aquisição de capacidades, que é avaliado por a % de assentos
parlamentares ocupados por mulheres e a % de população masculina
e feminina com parte do Ensino Superior;
 Mercado de trabalho, que é avaliado por a % de população ativa
masculina e feminina.

O IDG varia entre 0 e 1, por isso quanto maior for mais desigualdade entre
os géneros.

A desigualdade de género tem vindo a mudar muito desde 1990, mas as


mulheres continuam a ser as mais discriminadas em áreas como a saúde, a
educação, a representação política e o mercado de trabalho, fazendo com
que haja um desenvolvimento menor das capacidades e opções de vida.

Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) mede três dimensões:

 A saúde, que é medida através da nutrição e da mortalidade infantil;


 A educação, que é medida através dos anos de escolaridade e do
número de crianças matriculadas;
 O padrão de vida, que é medido através do acesso a combustível para
cozinhar, acesso a saneamento básico, acesso a água potável, acesso
a eletricidade, acesso a uma habitação com pavimento e a cesso a
bens.

O IPM vai de 0 a 1, por isso quanto maior for maior é a população em


situação de pobreza.

Países com o IDH baixo apresentam um IDG e um IPM elevados.

Indicadores em Portugal

Portugal está entre os 50 países mais desenvolvidos. A partir de 1980 foram


registrados progressos significativos em áreas como a educação, a saúde e
o rendimento das famílias. Analisando Portugal em contexto regional existe
grandes diferenças.

IDH médio – norte

IDH elevado – centro, Alentejo e os Açores

IDH muito elevado – Algarve, Lisboa e a Madeira

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