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SESSÃO DE GT
INTRODUÇÃO
• O artigo discute as conexões entre formalidade e informalidade do trabalho nas atividades
de extração e beneficiamento mineral na Paraíba.
• Para tanto, tem foco na análise das estratégias empresariais que envolvem controle
territorial, com monopólio de títulos minerários, e a cooptação das redes de relações
pessoais para controle dos trabalhadores e para acessar recursos que viabilizem o
funcionamento da atividade mineral.
A metodologia envolveu consulta a dados secundários nos bancos públicos de informação sobre
o setor mineral (ANM). Além disso, utilizamos dados primários que coletamos durante a nossa
pesquisa de doutoramento ocorrida entre 2015-2019.
• Essa distribuição natural das jazidas é muito desigual de modo que, em algumas
regiões, é mais abundante a ocorrência de minerais metálicos, especialmente, ferro,
enquanto que em outras, são os não metálicos, como caulim.
Os Estados do Pará
e de Minas Gerais
são os líderes da
Participação das principais substâncias no valor produção mineral
da Produção Mineral Comercializada (2019). brasileira. Neles se
concentram a
exploração de
caulim (Belém-PA),
Ferro (Conceição de
Mato Dentro,
Alvorada,
Brumadinho,
Mariana etc.)
• No território paraibano, das minas de caulim e de feldspato, são extraídos, em média 10 mil toneladas
de minério bruto por mês, o que as enquadra como minas de pequeno porte, segundo classificação da
ANM.
• Os processos extrativos, no caso do feldspato, a lavra é a céu abeto e são usadas algumas máquinas
escavadeiras, rompedores de pedra;
• No caso do caulim, prepondera o trabalho manual, com uso de explosivos, seguido da fragmentação
da rocha com picaretas seguida do transporte do minério para a superfície;
• As rochas ornamentais ainda são extraídas majoritariamente de forma manual com auxílio de
maquinas para realizar o acesso ao fundo da mina, usa-se explosivos para o desmonte da rocha e,
desta fase em diante, o trabalho é manual com auxílio de um guincho puxado por um motor à diesel.
Tão importante como o tipo de minério existente foi a mão de obra disponível para extrair
minério cujos corpos, talhados pela atividade agrícola, estavam adaptados ao esforço
extremo de curvar a coluna centenas de vezes para escavar e carregar caixas de ferro que
içam o minério para a superfície. Além do mais, são pessoas imersas numa estrutura de
relações de dependência pessoal, de poder de controle exercido por proprietários de terra,
de pobreza, baixa escolaridade e economia de subsistência.
• O MME reconheceu a região paraibana como área garimpeira e, como tal, ao menos em
teoria, os processos de regularização de área deveriam ser mais simples e objeto de apoio do
Estado para garantir que as populações locais pudessem ter a formalização do seu direito de
explorar a área.
• São trajetórias marcadas pelos laços de dependência pessoal, sobretudo, para conseguir
trabalho (um roçado para plantar na meação, uma banqueta ou galeria para extrair minério, um
serviço na prefeitura). A instabilidade, a desproteção e a precariedade é uma característica
vivida por estes trabalhadores. Despossuídos da terra e dos direitos de minerar, estão à mercê
de quem lhes possa oferecê-los.
TC
Tipos de interessados
Municípios Pessoas Jurídicas Pessoas Jurídicas
Pessoas físicas
(Empresas) (Cooperativas)
Junco do Seridó 24 54 3
Pedra Lavrada 11 68 1
Santa Luzia 21 85 0
Várzea 6 18 2
Total por interessado 62 225 6
TC
PERFIS:
PESSOAS FÍSICAS: Atravessadores, funcionários de empresas de beneficiamento, membros
das famílias de donos de empresas de beneficiamento;
• A empresa tem funcionários que controlam quem trabalha na extração em dada área;
• É negociado com o proprietário da terra o pagamento da CONGA, tipo de compensação pelo
uso da propriedade para extrair minério, às vezes, faz o arrendamento de parte da
propriedade.
• A via da judicialização pode ser buscada em caso de extração por terceiros e indesejados.
• Há uma intimidação, sob a forma de ameaças verbais de denúncia à PF, ANM, Sudema.
• No caso das empresas de beneficiamento mineral do município, é prática corrente que seus
proprietários sejam também detentores de licenças para exploração mineral nas áreas.
TC
CONTROLE DO TRABALHO:
- Pelo atravessador, alguém contratado pela empresa para arregimentar a força de trabalho
e gerenciar o processo extrativo.
- Pela priorização de turmas formadas seguindo a lógica das relações parentesco e de
vizinhança, atrelada à preferência por pessoas com elevado grau de vulnerabilidade social e
insegurança alimentar.
- Pelo uso da licença da área para manter os trabalhadores sob controle.
- Pelo pagamento por produção (quantidade de toneladas, quantidade de caminhões)
- Pelas negociações informais tentando descaracterizar a relação de trabalho. Discurso do
comprador de minério e não do patrão dos garimpeiros.
- Pela disposição de equipamentos fundamentais (guinchos, explosivos, transporte, pás,
picaretas).
- Pela intermediação de favores políticos junto a prefeitos etc.
TC
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A viabilidade dos empreendimentos mineradores, sobretudo em cadeias das quais eles sejam apenas
uma substância complementar/acessória, depende da minimização dos custos com o trabalho e com o
processo de regularização, extração e transporte do minério. Este rebaixamento de custo é possível
em contextos de extrema dependência de atividades primárias, serviços públicos ou programas de
transferência de renda para sobrevivência e onde, historicamente, as relações de trabalho sejam
pautadas pela dependência pessoal.
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