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Com o objetivo de contribuir para o aprimoramento da proposta de orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético – CDE de
2024, a Copel apresenta suas considerações a respeito do material disponibilizado pela Aneel através da Consulta Pública nº 41/2023.
A tabela 1, constante na Nota Técnica nº 140/2023-STR-SGM-SFF/Aneel e replicada abaixo, demonstra a evolução do orçamento anual
da CDE e evidencia que as despesas anuais têm se elevado continuamente desde 2017, com um aumento significativo, da ordem de 70%
entre 2020 e a proposta de 2024.
Dentre os itens de despesa, os elementos que mais nos causam preocupação são os descontos tarifários, os quais somam R$ 15,074
bilhões, representando aproximadamente 40% do orçamento total da CDE. Referidos descontos são estratificados a seguir:
Total R$ 15.074
Sabe-se que os descontos tarifários, que atingem apenas alguns segmentos e consumidores específicos, integrantes em grande parte
do mercado livre, são custeados através das quotas da CDE Uso e GD cobradas nas tarifas. Este valor representa aproximadamente 88%
do orçamento total da CDE, e é pago, na sua maioria, pelo consumidor do mercado cativo, em especial no caso do subsídio da GD.
Além do impacto que tais descontos já trazem às tarifas dos consumidores, é importante ressaltar que a maior parcela deste montante
diz respeito à aquisição de energia proveniente de fontes incentivadas, a qual merece especial atenção, visto que ainda deverá aumentar
significativamente com a abertura do mercado livre a todos os consumidores conectados em média e alta tensão, vigente a partir de janeiro
de 2024.
Com relação ao desconto da GD, é importante comentar que tais subsídios não se limitam aos valores apresentados na tabela 1, pois
a Lei nº 14.300/2022 estabeleceu que o pagamento dos itens não relacionados à compra de energia ocorrerá apenas após 2045 para os
integrantes do sistema de compensação que solicitaram acesso antes de janeiro de 2023. Este custo está considerado na estrutura tarifária
e é pago por todos os consumidores, cativos e livres.
Portanto, com base nesses argumentos, há algumas questões cuja avaliação precisa ser aprofundada:
É justo que este custo recaia sobre os demais consumidores, muitos dos quais com menor poder aquisitivo do que aqueles que
recebem o incentivo tarifário? Este sinal regulatório está adequado?
Há sentido em discutir alternativas para a desoneração / redução da tarifa de energia sem enfrentar o tema dos benefícios / descon-
tos tarifários, que já têm um peso significativo na fatura do consumidor final e ainda pode aumentar nos próximos anos?
Assim, embora saibamos que muitas das medidas necessárias para enfrentar esta questão não são de competência da Aneel,
considerando a representatividade dos descontos tarifários para o orçamento da CDE, nossa contribuição visa destacar a importância e a
necessidade de fomentar a discussão com a sociedade para avaliar se, de fato, referidos descontos ainda são necessários, tendo em vista
que já se tratam de segmentos, iniciativas e negócios estabelecidos no mercado.