CIÊNCIA POLÍTICA e TEORIA GERAL DO ESTADO (TGE)
AULA 01 – Unidade I - CIÊNCIA POLÍTICA
1. CONCEITO. A Ciência Política estuda a sociedade
que se reúne em um determinado lugar, no caso o
Estado. É o estudo das relações sociais, das relações de
governo estabelecidas dentro do Estado.
• A Ciência Política é estudada por 3 prismas:
a) FILOSÓFICO: analisada no campo do dever ser:
b) SOCIOLÓGICO: estuda o Estado como forma de
organização, pensada pela sociedade;
c) JURÍDICO: o ESTADO é de Direito, possui um
corpo de normas.
2. OBJETOS DE ANÁLISE DA CIÊNCIA POLÍTICA
a) SOCIEDADE: Conjunto de relações humanas;
b) PODER: é a capacidade de um grupo ou indivíduo,
de impor a sua vontade em uma relação social
mesmo encontrando resistência. ***Prevalece a sua
vontade. Ex: (amigos, família assaltante polícia);
c) POLÍTICA: origem na palavra grega "POLIS" que se
refere é o que é URBANO, civil, social. Está
relacionado a cidade e tudo que lhe diz respeito.
***Poder e Política estão intrinsecamente ligados;
d) ESTADO: entidade que tem como objetivo, o bom
funcionamento da estrutura administrativa, uma
ferramenta que propicia a vida em sociedade.
e) GOVERNO: autoridade que administra o Estado.
São grupos que temporariamente ocupam o
aparelhamento do Estado.
 O governo passa, mas o Estado permanece.
Busca a prestação de serviço público visando o
bem comum da coletividade.
Já diziam os gregos: "sem preparo não se faz
política. A política é a arte de todas as artes”.
Partindo dessa premissa, Sobre o analfabetismo
político, citamos um trecho da obra de Humberto Dantas:
Nos dias atuais, a política passa a ser entendida
como "um processo através dos quais interesses são
transformados em objetivos e os objetivos são
conduzidos a formulação e tomada de decisões efetivas,
decisões que vinguem." (Ubaldo Ribeiro)
1º PERÍODO (Direito) Por: Leandro Fernandes
AULA 02 – ORIGEM DA SOCIEDADE E FORMAÇÃO
DO ESTADO
O Estado tem uma célula embrionária, um
modelo de complexidade. Vejamos a primeira forma de
associação humana, na Antiguidade: o homem, por sua
natureza, busca o seu igual para se associar. Ela vai
evoluindo até que o homem forme um grupo com
liderança, a chamada célula embrionária, tomando
decisões, estabelecendo as regras para o lugar em que
as associações habitam, famílias vão surgindo e se
agregando Até o ponto da complexidade precisando de
novas regras líderes representações de decisões
políticas temos duas teorias que explicam a da origem da
sociedade e a formação do Estado.
• ESTADO
CONCEITO: ”É uma comunidade política uma
organização, que dotada de elementos fundamentais,
como soberania, povo e território, exerce seu domínio
sobre um determinado grupo de indivíduos." (Humberto
Dantas)
Temos duas teorias que explicam a origem do Estado:
a) TEORIA NATURALISTA:
Sustentada por Aristóteles e por Cícero, o
homem tem uma natureza política, ele é um animal
político, ou seja tem uma necessidade de se relacionar.
O que nos diferencia dos outros animais é a fala, a
comunicação de forma racional com os nossos iguais.
Necessidade de se comunicar, de usar uma fala
racional e de estabelecer laços de forma natural, de
forma espontânea, entendendo as vontades e o
empenho natural associativo o homem procura o seu
igual pela sua natureza de associação.
O que nós estamos denominando por estado é
uma instituição natural, necessária e que decorre da
natureza humana.
b) TEORIA CONTRATUALISTA:
Adotada por Thomas Hobbes que sustenta que
o homem tem uma vontade de se associar, mas através
de um CONTRATO SOCIAL que é um acordo de
vontade entre as partes, associação que ocorre por
uma necessidade contratual. Se estabelece entre as
partes para que elas possam se associar.
Thomas Hobbes – (5 de abril de
1588 — 4 de dezembro de 1679)
matemático, filósofo e teórico
político inglês, autor de Leviatã
(1651) e Do cidadão (1651). Autor
de fundamental importância para as
teorias políticas absolutistas do
século XVII.
- Thomás Hobbes entendia que o homem era mau, de
uma natureza de "lobo ser o lobo do homem"; para que
ele não fosse mau, ele teria que atender as regras que
tivessem estipuladas neste contrato social.
Para que ele não transgredisse as regras o contrato
social deveria trazer algumas penalidades. O homem
para não ser mau teria que respeitar o contrato caso
contrário seria penalizado.. O temor de ser penalizado
faz com que o homem siga as regras do contrato e
através desse contrato, a sociedade se desenvolve
dentro desse acordo de vontades.
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CIÊNCIA POLÍTICA e TEORIA GERAL DO ESTADO (TGE)
AULA 03 – TEORIAS SOBRE A ORIGEM DO ESTADO
b)Teoria CONTRATUALISTA
Jonh Locke – (Wrington, 29 de
agosto de 1632 — Har- low, 28 de
outubro de 1704) filósofo inglês e
ideólogo do liberalismo, considerado o
principal representante do empirismo
britânico e um dos principais teóricos
do contrato social.
Para Locke, a teoria CONTRATUALISTA
pressupõe a existência de um estado natural, ou
seja aquele que pressupõe o estado de natureza na
qual, a violência não é a regra. Pelo contrário, “a paz
é a regra e a guerra e a exceção” – as guerras
ocorreriam por paixões e dinheiro.
Não se trata de um estado de luta, mas um
estado de cooperação fundada sobre o signo da
racionalidade humana.
Locke ordena que cada um conserve a sua
própria vida, mas que não lese a dos outros.
Pontos basilares da teoria Lockeana: em estado
de natureza os homens possuem direitos inatos à vida, à
propriedade, bem como a faculdade castigar qualquer
ofensa.
A criação do Estado Civil por meio do pacto cria,
simultaneamente, o Direito Positivo. Daí surge à
convivência harmoniosa dos indivíduos iguais e livres
nas seguintes condições:
a) uma lei positiva, clara para todos;
b) o juiz reconhecido como tal por todos, imparcial e
competente;
c) um poder para que se respeite a lei.
Para Locke, os indivíduos abrem mão do seu
direito natural de fazer justiça com as suas
próprias mãos para confiar tal direito a uma
organização estatal – direito positivo, ou seja,
cede tão somente o direito de punir.
Qualquer transgressão dos direitos naturais
acaba por justificar o direito de insurreição por parte do
corpo social, pois o povo tem discernimento para julgar
se os magistrados são dignos da confiança atribuída e
consequentemente possui o direito de exonerar um
príncipe, se ele não cumprir sua função de magistrado
civil (direito de resistir à tirania).
Um governo que não esteja habilitado para
garantir os direitos naturais configura a legitimidade de
rebelião. Nessas circunstâncias, a comunidade política
como um todo poderia vir a ser dissolvida e uma nova
poderia ser formada.
Para Locke, o Estado é uma instituição que deve
servir ao indivíduo.
Jean-Jacques Rousseau – A
(também conhecido como J.J.
Rousseau ou simplesmente
Rousseau) (Genebra, 28 de Junho
de 1712— Ermenonville, 2 de Julho
de 1778) importante filósofo, teórico,
político, escritor e compositor
autodidata suíço. É considerado um
dos principais filósofos políticos de
todos os tempos.
1º PERÍODO (Direito) Por: Leandro Fernandes
A profunda corrupção do homem de seu tempo
levou Rosseau a demonstrar que tal condição não
estava ligada à natureza humana, mas a socialização
humana, a qual passou o homem.
1ª Premissa No Estado de natureza não existem
agregações sociais e nem família.
2ª Premissa O Estado de natureza parece ser uma
hipótese.
3ª Premissa Trata da visão antropológica de
Rousseau sobre o mito da famosa
"bondade natural do homem", "o homem
é naturalmente bom" pois para ele não
existe perversidade original no coração
do homem, que constitui uma moral
natural, uma inocência original que levou
o homem conhecer no estado de
natureza, um estado de felicidade do
qual poderia nunca ter saído.
4ª Premissa Ao homem é atribuída a
PERFECTIBILIDADE, ou seja, a
faculdade de se aperfeiçoar. O homem
pode aceitar ou resistir e daí, surge o
progresso moral.
O homem não pode manter a felicidade, e a
formação dos grupos sociais acaba por corromper o
homem. Nesse contexto, foram os obstáculos externos
que arrancaram o homem primitivo de sua
independência e ociosidade felizes.
Passando por dificuldades, o homem confronta-
se com a necessidade de trabalho, condição para sua
sobrevivência. Tem que usar a força, produzir armas
além de ter conservar a memória de suas descobertas.
Ao tomar consciência de sua dimensão temporal, entra
na história e assim, se formam as sociedades. Com a
vida em grupo começam as COMPARAÇÕES, que
desenvolvem a faculdade de raciocínio e a descoberta
que vivem sobre o olhar do outro. Surge, então, uma
reflexão política e filosófica: o de saber como a
desigualdade se originou.
Rosseau distingue uma dupla desigualdade:
a) natural ou física que resulta da diferença da idade,
saúde, vigor e habilidade física;
b) de desigualdade moral ou política: que é de
instituição humana, geradora da exploração do
homem pelo homem.
Para Rosseau, aquele que, cercando um terreno,
por primeiro teve a ideia de dizer "isto é meu" foi o
verdadeiro fundador da sociedade civil, pois os homens
tornaram-se maus, ambiciosos e avarentos.
Aos ricos não interessava um quadro de
desordem como esse, pois eram eles os que tinham
mais a perder. Propuseram então, instituir ordenamento
de justiça e paz, nascendo assim, a sociedade e as leis,
proporcionando novos grilhões aos mais pobres, novas
forças aos ricos, destruindo irrevogavelmente a liberdade
natural.
guerra permanente, a insegurança
generalizada, fruto da apropriação abusiva dos bens
exigiriam uma ordem política que considera fundamento
do direito à propriedade, institucionalizando portanto, a
desigualdade.
Os homens celebram um pacto em que aceitam
renunciar a sua liberdade em favor de um soberano,
quem troca da obediência, garante a segurança das
pessoas e dos bens.
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CIÊNCIA POLÍTICA e TEORIA GERAL DO ESTADO (TGE) 1º PERÍODO (Direito) Por: Leandro Fernandes

Porém, o pacto é iníquo contranatural, porque ao AULA 04 – RELAÇÕES JURÍDICAS

abdicar da sua liberdade o homem fica despojado da sua
própria liberdade e cai na dependência absoluta de um ESTADO – É a ordem jurídica soberana que tem por fim
senhor. o bem comum de um povo situado em determinado
É contraditório, pois consolidar os privilégios dos território. (Dallari de Abreu)
ricos e uma falsa segurança para aquele que nada SOBERANIA
possui, consolida uma nefasta socialização chamada Elementos do
sociedade injusta. POVO
ESTADO
Portanto, o homem precisa recuperar a sua TERRITÓRIO
liberdade, mesmo vivendo em sociedade. É necessário
encontrar uma forma de estado em que a lei civil tem o
mesmo valor daquela natural. PODERES DA UNIÃO (Princípio da Separação dos Poderes)
Em sua obra "O CONTRATO SOCIAL" procura Poder LEGISLATIVO
demarcar as linhas gerais de "uma forma de associação
TÍPICA 1) Legislar (função legiferante); Art. 59, CF/88
que defenda e proteja com toda força pessoa e os bens
de qualquer associado e pela qual, qualquer um unindo- 2) Fiscalização contábil, financeira,
se a todos, não obedeça outro que não assim mesmo orçamentária e patrimonial da Executivo.
permanecendo tão livre quanto antes”. ATÍPICA Natureza executiva: Dispor sobre a sua
Rosseau visa romper essa concepção tradicional organização, provendo cargos, concedendo
que o direito serviria tão somente para legitimar o uso da férias, licenças e servidores;
força. Natureza jurisdicional: o Senado julga o
Propõe conciliar a liberdade natural do homem e
Presidente da República nos crimes de
a necessidade de uma ordem política definindo as
condições de uma ordem social justa, nas quais, a responsabilidades.
liberdade e igualdade sejam salvaguardadas de qualquer
forma de opressão, guiando-se por regras comuns Poder EXECUTIVO
imprescindíveis. TÍPICA 1) Praticar atos de Chefia de Estado, chefia
O contrato social tem o pressuposto de de Governo e Atos de Administração.
estabelecer uma comunidade política (Atos Políticos e Atos Administrativos)
fundamentada na soberania do povo única fonte ATÍPICA Natureza legislativo: Presidente da
legítima de poder. O corpo coletivo moral detém República pode editar Medida Provisória, Lei
autoridade suprema. Autoridade soberana surge Delegada e Decreto Autônomo;
da renúncia da vontade particular em nome da Natureza jurisdicional: o Executivo julga
vontade geral que é a vontade do corpo social,
apreciando defesas e recursos
unido por um interesse comum.
Da vontade geral do povo, surge a soberania. administrativos.
Cada membro do povo é um cidadão na medida
em que participa da autoridade soberana e súdito, Poder JUDICIÁRIO
por estar submetido às regras que ele próprio TÍPICA Julgar o direito no caso concreto, resolvendo
produziu na condição de cidadão soberano. os conflitos que lhe são levados para a
aplicação da lei.
Para Rosseau, este é o sentido da autonomia, Julgar  Princípio da Inafastabilidade da
(uma autonomia pública) em que cada um obedece a si Jurisdição Art. 5º, XXXV, CF/88
próprio ao obedecer a todos. A vontade geral tem 2 ATÍPICA Natureza executiva: administra, por
perspectivas; exemplo, ao conceder férias e licenças aos
magistrados.
a) SUBJETIVA: como vontade da maioria dos
indivíduos associados (sem necessidade de Natureza legislativa: regimento interno de
unanimidade). seus tribunais.

b) OBJETIVA: se configura o interesse da

coletividade em geral.

A vontade geral está sempre correta, pois é a

natureza de buscar o bem comum. O resultado da
deliberação popular é a lei, expressão imperativa e
universal da vontade geral.
O CONTRATO SOCIAL permite passar
da dependência dos homens para dependência das leis.
Para Rousseau, o Estado regido por leis é uma
República, por oposição ao despotismo. É referencial de
democracia direta. O papel da deliberação popular é
decisivo e fundamental.

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CIÊNCIA POLÍTICA e TEORIA GERAL DO ESTADO (TGE) 1º PERÍODO (Direito) Por: Leandro Fernandes

RESUMO:
1. PERFECTIBILIDADE: Para Rousseau, a
perfectibilidade decorre do progresso moral.
Ao homem, tem a oportunidade de ser perfeito,
aceitar (corruptível) ou resistir (progresso moral).

2. DESIGUALDADE SOCIAL: Para Rousseau, é

quando o homem que convive em sociedade começa
a se comparar com outro homem, pois a comparação
segrega os grupos.

3. CONTRATO SOCIAL: é a renúncia dos direitos do

indivíduo para o Estado.

TEORIA Pensadores Características

- Aristóteles Homem é um animal político, havendo
NATURALISTA

- Cícero necessidade de se relacionar com os seus

- Thomas semelhantes.
de Aquino O Estado é uma instituição natural, necessária
e que decorre da natureza humana.
O Estado surge a partir de um acordo mútuo,
consensuado e ratificado.

Thomas “O homem vive em estado de natureza,

Hobbes podendo ser mau – lobo ser o lobo do homem”,
com vontade de se associar, admitindo um
CONTRATO SOCIAL (acordo de vontade entre
as partes) para não ser “mau”.
Jonh - Existência de um estado de natureza, a qual a
Locke violência não era a regra.
- “Paz é a regra, e a violência a exceção”.
- O Estado é uma instituição que deve servir ao
indivíduo.
- Os indivíduos abrem a mão do seu direito
natural para confirmar no Estado – direito
POSITIVO, direito de punir:
a) Lei positiva, clara para todos;
b) Juiz reconhecido, imparcial e competente;
c) Poder para respeitar a lei.
Jean- A corrupção do homem parte da socialização
Jacques humana, e não a natureza humana.
Rousseau PREMISSAS:
1ª: Estado de natureza não existe agregações
sociais e nem de família;
2ª: Estado de natureza é uma hipótese;
3ª: “Bondade natural do homem, o homem é
CONTRATUALISTA

naturalmente bom” – moral NATURAL, Estado

de FELICIDADE que não poderia ter saído;
4ª: PERFECTIBILIDADE para se aperfeiçoar. O
homem pode aceitar ou resistir e daí, surge o
progresso moral.
Para Rousseau, o homem – quando precisa de
dinheiro – é necessário trabalhar (tempos
antigos de 1700), criando a comparação.
Aqui, origina a DESIGUALDADE.
a) NATURAL: diferença física.
b) MORAL ou política: instituição humana, o
homem explora o homem.
Aos ricos, foram criadas as leis de justiça e paz,
pois não os interessavam as desordens,
nascendo à sociedade civil.
No direito à propriedade, cria-se a
desigualdade, renunciado sua liberdade em
favor do soberano, CONTRATO SOCIAL.
Ao sentido de autonomia, geram 2 perspectivas:
a) SUBJETIVA: sem necessidade de
unanimidade, com vontade da maioria dos
indivíduos;
b) OBJETIVA: interesse coletivo sobre o
particular.

CONTRATO SOCIAL sai da dependência dos

homens para dependência das leis.

REPÚBLICA  Estado regido por leis.

Gera a DEMOCRACIA DIRETA: papel da
deliberação popular é decisivo e fundamental.
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