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DIREITO COMUNITÁRIO

Direito comunitário é composto pelo o conjunto de normas jurídicas que regulam e


disciplinam a organização e o funcionamento das Comunidades Europeias e da União
Europeia.

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo discutir o direito comunitário. O direito comunitário é
composto pelo o conjunto de normas jurídicas que regulam e disciplinam a organização e o
funcionamento das Comunidades Europeias e da União Europeia. O surgimento dos blocos
econômicos importou na necessidade da criação de um sistema de normas que os regulasse.
Esse sistema de normas foi denominado Direito Comunitário, sendo um sistema jurídico
autônomo, constituído de normas provenientes de determinadas fontes específicas,
ordenado por uma hierarquia de normas, sendo regido por dois princípios essenciais: o
princípio da integração e o princípio da primazia. O Direito Comunitário existente na União
Europeia é incorporado de forma congênita aos direitos nacionais. Destarte, inexiste no
Mercosul o verdadeiro direito comunitário, o que reina de forma absoluta é o direito
internacional público, regional, integracionista, vinculado ao fenômeno de recepção.

Palavras-chave: Direito comunitário; Blocos econômicos; Amplo; Integração; Primazia.

ABSTRACT

The purpose of this article is to discuss Community law. Community law consists of all the
legal rules governing and governing the organization and functioning of the European
Communities and the European Union. The emergence of the economic blocks implied the
need to create a system of norms that would regulate them. This system of norms was
denominated Community Law, being an autonomous legal system, constituted of norms
originating from certain specific sources, ordered by a hierarchy of norms, being governed
by two essential principles: the principle of the integration and the principle of the primacy.
Community law in the European Union is incorporated congenitally into national law.
Thus, there is no true Community law in Mercosur, which is absolute, public, regional and
integrationist international law, which is linked to the phenomenon of reception.

Keywords: Community law, Economic blocks, Wide, Integration, Primacy.

RESUMEN

El presente artículo tiene por objeto discutir el Derecho comunitario. El Derecho


comunitario está compuesto por el conjunto de normas jurídicas que regulan y disciplinan
la organización y el funcionamiento de las Comunidades Europeas y de la Unión Europea.
El surgimiento de los bloques económicos importó en la necesidad de la creación de un
sistema de normas que los regulara. Este sistema de normas fue denominado Derecho
Comunitario, siendo un sistema jurídico autónomo, constituido por normas provenientes de
determinadas fuentes específicas, ordenado por una jerarquía de normas, que se rige por
dos principios esenciales: el principio de la integración y el principio de la primacía. El
Derecho comunitario existente en la Unión Europea se incorpora de forma congénita a los
derechos nacionales. De este modo, no existe en el Mercosur el verdadero derecho
comunitario, lo que reina de forma absoluta es el derecho internacional público, regional,
integracionista, vinculado al fenómeno de recepción.

Palabras clave: Derecho comunitário, Bloques económicos, de ancho, la integración,


Primado.

1 INTRODUÇÃO

O Direito Comunitário é um desdobramento do Direito Internacional, mas que, ao contrário


deste, não é de Direito Público, pois possui um caráter supranacional, tendo natureza
Público-Privada. Na América do Sul temos como exemplo o Direito no âmbito do
Mercosul. Outros autores preferem colocar a legislação do Mercosul como "Direito de
Integração" e nesse posicionamento o direito da União Europeia seria o "direito de
integração em nível comunitário" ou direito comunitário propriamente dito.

O Direito Comunitário no âmbito europeu surge do entendimento da União Europeia como


Comunidade Jurídica e apresenta dois níveis normativos: regras primárias (ou Direito
Comunitário originário) e regras secundárias (ou Direito Comunitário derivado). Sua maior
contribuição e inovação é a supressão da internalização clássica do Direito Internacional
Público, na qual as decisões dos Tratados Internacionais devem passar pelo processo de
Ratificação, em um processo demorado e que eventualmente nem sequer é realizado,
tornando-o ineficaz em determinados estados. No Direito Comunitário os estados membros
abrem mão de parte da sua soberania e passam a aceitar a decisão dos tratados
automaticamente, através da primazia do ordenamento supranacional sobre o nacional. Isso
acontece, por exemplo, nas decisões tomadas no Parlamento Europeu.

O Direito Comunitário originário identifica-se com as chamadas regras primárias e que são
aquelas que derivam dos Tratados constitutivos das Comunidades e restantes instrumentos
relativos ao alargamento e aprofundamento das Comunidades. A sua relevância interna
encontra-se prevista e regulada no art.º 8º, nº 2 da CRP e que determina a vigência do
sistema da recepção automática para as diversas disposições de natureza social previstas
pelos Tratados.

O Direito Comunitário derivado ou secundário é composto por um conjunto de normas


emitidas pelos órgãos comunitários competentes e que relevam internamente nos termos do
nº 3 do art.º 8º da CRP situando-se abaixo da constituição e acima da lei ordinária,
entendimento que não é pacífico nem comum a toda a Doutrina. No que respeita à
hierarquia das fontes comunitárias os regulamentos têm posição superior, pelo que
revogam, no todo ou em parte, a legislação interna que se lhes oponha, ainda que lhes seja
posterior.

2 DESENVOLVIMENTO

O direito comunitário é composto pelo o conjunto de normas jurídicas que regulam e


disciplinam a organização e o funcionamento das Comunidades Europeias e da União
Europeia.

Desenvolvendo e concretizando um pouco mais o conceito, teremos que integram o direito


comunitário:
a) As regras jurídicas que regem e disciplinam as relações entre a União Europeia e as
Comunidades Europeias, por um lado, e os respectivos Estados membros, por outro;

b) As regras jurídicas que regem e disciplinam em variados domínios as relações entre


cidadãos, empresas, Estados membros, União Europeia e Comunidades Europeias (com
particular incidência para as normas jurídicas que corporizam as políticas comunitárias);
c) As regras jurídicas que conformam, nos mais variados aspectos, a existência das
instituições da União Europeia e das Comunidades Europeias (forma de composição,
competências, modo de funcionamento, relacionamento interinstitucional, etc.);
d) As normas jurídicas que fixam a forma de recurso e tramitação ante as instâncias
jurisdicionais da União Europeia e das Comunidades Europeias.

Este vasto conjunto de normas jurídicas — todas elas normas de direito comunitário —
reparte-se entre aquelas cuja origem radica em acordos intergovernamentais estabelecidos
entre os Estados membros (as normas que constam dos Tratados comunitários, o chamado
direito comunitário originário) e os atos normativos que são produzidos pelas instituições
comunitárias, que para tanto foram habilitadas pelos Tratados (o chamado direito
comunitário derivado).

No plano metodológico, e como forma de facilitar o respectivo estudo, o núcleo essencial


deste vasto universo jurídico pode ser decomposto em dois grandes grupos normativos que,
apesar de não englobarem todas as normas de direito comunitário e de deixarem de fora
domínios que tendem a reforçar a sua importância, dão origem ao direito comunitário
institucional e ao direito comunitário econômico.

O Direito Comunitário não se confunde com o Direito da Integração. Embora afins em


alguns aspectos, não são disciplinas idênticas, não são sinônimos, versam sobre objetos
diversos, tratam de conceitos próprios e abordam normas distintas. O Direito Comunitário
pode até ser considerado uma forma de Direito de Integração aperfeiçoado, evoluído.

O Direito da Integração tem como objeto principal a integração de natureza eminentemente


comercial e econômica, visando ao incentivo do comércio internacional de uma região, é
um desdobramento do Direito Internacional Clássico.
Direito Comunitário é, assim, o conjunto de regras adotado por comunidades integradas
para regular as relações multilaterais entre os Estados Membros, particulares e instituições
criadas pelo sistema.

Deve-se esclarecer que a expressão fonte vem do latim fons, fontis, nascente, significando
tudo aquilo que origina, que produz algo. Assim, a expressão fontes do Direito indica,
desde logo, as formas pelas quais o Direito se manifesta.

As fontes do Direito Comunitário englobam não apenas sua tipologia formal, mas também
a jurisprudência que presta importante contribuição na delimitação de princípios e regras
comunitários. Dentre a tipologia normativa formal, a doutrina estabelece distinção de duas
categorias hierárquicas: direito comunitário originário e direito comunitário derivado. Os
tratados, anexos e atos que os alteram integram a primeira categoria. Os demais atos
adotados pelas instituições comunitárias compõem a segunda categoria. O direito
comunitário derivado é divido ainda em atos unilaterais e convencionais.

Enquanto as fontes primárias criam as organizações comunitárias e visam delimitar sua


atuação para a consecução de seus fins e objetivos (a integração entre os Estados-
membros), as fontes secundárias são criadas pelos órgãos e instituições criados pelas fontes
primárias (daí seu caráter derivado) para ordenar sua atuação.

No âmbito do Mercosul, as fontes também podem ser originárias e derivadas. As fontes


primárias ou de direito originário também se originam dos tratados assinados pelos países
formadores do bloco, quando criam ou modificam sua estrutura jurídica e as secundárias ou
derivadas são as constituídas por normas provenientes dos órgãos da “comunidade”. Insta
salientar que, como o Mercosul ainda não se encontra em uma fase de integração
econômica muito avançada (não passando de uma “união aduaneira” incompleta). Portanto,
estas fontes não terão na seara do direito interno dos países-membros do Mercosul a mesma
força que têm no direito comunitário europeu.

Como direito derivado pode-se mencionar as diretivas, que são orientações políticas gerais
que emanam da cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul, os regulamentos, que são
normas de alcance geral e que implicam no exercício dos poderes legislativos comunitários,
diretamente aplicável sem necessidade de exequatur. As decisões previstas no direito
comunitário europeu não existem no Mercosul. As resoluções são as tomadas pelo Grupo
Mercado Comum e por consenso com quórum unânime. As recomendações podem ser atos
emanados do GMC ou dos subgrupos de trabalho ou de reuniões especializadas ad hoc. As
atas que seriam documentos que refletem as reuniões de todos os órgãos de governo do
Mercosul, com suas conclusões e podem chegar a conter normas jurídicas ou
recomendações. E, finalmente, a jurisprudência, que não é integrada e consolidada, pois é
formada pelo tribunal arbitral ad hoc previsto no protocolo de Brasília. Os acordos setoriais
de complementação firmados por empresários de distintos setores comerciais e industriais
ou de serviços ou pelas câmaras que os auxiliam e o direito consuetudinário, que não tem
previsão no Mercosul.

Distingue-se dessa forma a comunidade internacional clássica - na qual se enquadra o


Mercosul - do modelo comunitário adotado pela União Europeia. Na comunidade
internacional clássica, formada por estados soberanos, inexistem normas comunitárias e
supranacionalidade. Predomina uma relação horizontal de soberanias e um sistema de
cooperação entre os Estados.

No modelo comunitário, a relação se assenta em bases verticais, no qual os Estados


partilham sua soberania que assegura o processo de integração, a ordem jurídica
comunitária e o poder supranacional. O direito comunitário nasce desce modelo,
vinculando os Estados-Partes, as pessoas físicas e jurídicas no âmbito de cada Estado.

A União Europeia inovou o cenário jurídico internacional ao abandonar o arcaico conceito


de soberania. Instituiu o direito comunitário decorrente de uma soberania partilhada que
estabeleceu um quadro jurídico único, constituído de normas que ultrapassam o direito
nacional configurando total primazia do direito comunitário sobre o nacional. A aplicação
de tais normais passa a estar sujeitas ao Tribunal de Justiça, que está acima dos Estados
Membros, assegurando uniformidade de aplicação e implementação. O direito comunitário
nasce nesse modelo vinculando os Estados-Membros e as pessoas físicas ou jurídicas
diretamente no âmbito interno de cada Estado como consequência da primazia do direito
comunitário.
É aqui, portanto que se aponta a grande diferença do Mercosul e da União Europeia.
Diferentemente da União Europeia, a mecânica de incorporação do direito do Mercosul aos
direitos nacionais, foi e continua sendo a mecânica clássica. O direito do Mercosul se
assenta no modelo clássico, i.e., advém de Tratados Internacionais negociados pelos
governos e que posteriormente aprovados pelos Congressos são ratificados pelos Estados-
Membros e promulgados, incorporando-se assim a norma do Mercosul ao direito nacional
de cada um dos seus integrantes. Trata-se do típico e clássico fenômeno da recepção.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O surgimento dos blocos econômicos importou na necessidade da criação de um sistema de


normas que os regulasse. Esse sistema de normas foi denominado Direito Comunitário,
sendo um sistema jurídico autônomo, constituído de normas provenientes de determinadas
fontes específicas, ordenado por uma hierarquia de normas, sendo regido por dois
princípios essenciais: o princípio da integração e o princípio da primazia. Para a análise das
fontes, buscamos inspiração no direito comunitário europeu.

Não há que se falar, portanto de Direito Comunitário do Mercosul, pois o verdadeiro direito
comunitário prescinde do mecanismo tradicional de incorporação. A pedra de toque do
Direito Comunitário é a primazia instaurada do Direito Comunitário sobre o nacional de
maneira direta, desvinculada, portanto do mecanismo clássico da recepção. O Direito
Comunitário existente na União Europeia é incorporado de forma congênita aos direitos
nacionais. Destarte, inexiste no Mercosul o verdadeiro direito comunitário, o que reina de
forma absoluta é o direito internacional público, regional, integracionista, vinculado ao
fenômeno de recepção.

4 REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Elizabeth Accioly Pinto de. Mercosul & União Europeia – Estrutura
Jurídico- Institucional. Curitiba: Juruá Editora, 1996.

BAPTISTA, Luiz Olavo; MERCADANTE, Araminta de Azevedo e CASELLA, Paulo


Borba. Mercosul – Das Negociações à implantação. São Paulo: Ed. Ltr, 1994.
FORTE, Umberto. União Europeia. Comunidade Econômica Europeia. (Direito das
Comunidades Europeias e harmonização fiscal). São Paulo: Malheiros, 1994.

LUPATELLI Jr., Alfredo e MARTINS, Eliane Maria Octaviano In Mercosul – O Direito


Empresarial e os Efeitos Da Globalização, Revista de Direito do Mercosul, edição VI,
ano II, Buenos Aires: Ed. La Ley, 1998.

LOBO, Maria Teresa Cárcomo. Ordenamento Jurídico Comunitário. Belo Horizonte:


Del Rey, 1997.

MARTINS, Eliane Maria Octaviano. Direito da Concorrência e Mercosul. Boletim IOB


de Jurisprudência, junho 96.

SOARES, Mário Lúcio Quintão. Direitos Humanos, Globalização e Soberania. Belo


Horizonte: Inédita, 1997.

SOUZA, Carlos Aurélio Mota. Segurança Jurídica e Jurisprudência – Um enfoque


filosófico-jurídico. São Paulo: Ltr, 1996.

Em linhas gerais, o Direito Comunitário é um desdobramento do Direito Internacional


mas que, ao contrário deste, não é de Direito Público, pois possui um caráter supranacional,
tendo natureza Público-Privada. Na América do Sul temos como exemplo o Direito no
âmbito do Mercosul.[1]. Outros autores preferem colocar a legislação do Mercosul como
"Direito de Integração" e nesse posicionamento o direito da União Europeia seria o "direito
de integração em nível comunitário" [2] ou direito comunitário propriamente dito.

O Direito Comunitário no âmbito europeu surge do entendimento da União


Europeia como Comunidade Jurídica e apresenta dois níveis normativos: regras primárias
(ou Direito Comunitário originário) e regras secundárias (ou Direito Comunitário
derivado). Sua maior contribuição e inovação é a supressão da internalização clássica
do Direito Internacional Público, na qual as decisões dos Tratados Internacionais devem
passar pelo processo de Ratificação, em um processo demorado e que eventualmente nem
sequer é realizado, tornando-o ineficaz em determinados estados. No Direito Comunitário
os estados membros abrem mão de parte da sua soberania e passam a aceitar a decisão dos
tratados automaticamente, através da primazia do ordenamento supranacional sobre o
nacional. Isso acontece, por exemplo, nas decisões tomadas no Parlamento Europeu.

O Direito Comunitário originário identifica-se com as chamadas regras primárias e que


são aquelas que derivam dos Tratados constitutivos das Comunidades e restantes
instrumentos relativos ao alargamento e aprofundamento das Comunidades. A sua
relevância interna encontra-se prevista e regulada no art.º 8º, nº 2 da CRP e que determina a
vigência do sistema da recepção automática para as diversas disposições de natureza social
previstas pelos Tratados.

O Direito Comunitário derivado ou secundário é composto por um conjunto de normas


emitidas pelos órgãos comunitários competentes e que relevam internamente nos termos do
nº 3 do art.º 8º da CRP situando-se abaixo da constituição e acima da lei ordinária,
entendimento que não é pacífico nem comum a toda a Doutrina. No que respeita à
hierarquia das fontes comunitárias os regulamentos têm posição superior, pelo que
revogam, no todo ou em parte, a legislação interna que se lhes oponha, ainda que lhes seja
posterior.

Federação (do latim: foederatio, de foedus: “liga, tratado, aliança”) ou Estado Federal é
um Estado composto por diversas entidades territoriais autônomas dotadas de governo
próprio. Como regra geral, os estados ("estados federados") que se unem para constituir a
federação (o "Estado federal") são autônomos, isto é, possuem um conjunto de
competências ou prerrogativas garantidas pela constituição que não podem ser abolidas ou
alteradas de modo unilateral pelo governo central. Entretanto, apenas o Estado federal é
considerado soberano, inclusive para fins de direito internacional. Normalmente, apenas ele
possui personalidade internacional e os estados federados são reconhecidos pelo direito
internacional apenas na medida em que o respectivo Estado federal o autorizar.

O sistema político pelo qual vários estados se reúnem para formar um Estado federal, cada
um conservando sua autonomia, chama-se Estado federal, o que não se confunde com o
conceito de federalismo. De acordo com Liziero, [1] "O Estado federal é a forma de
organização política estatal característica de países nos quais houve o desenvolvimento do
federalismo a ponto de repercutir em seu direito constitucional". São exemplos de estados
federais a Alemanha, Argentina, Austrália, o Brasil, o Canadá, os Emirados Árabes Unidos,
a Índia, a Malásia, o México, a Nigéria, a Rússia, a Suíça, a Venezuela, e os Estados
Unidos, país que instituiu o federalismo moderno. Quanto à forma de Estado, as federações
contrapõem-se aos estados unitários e distinguem-se também das confederações.

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