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Hierarquia
Os tratados constituintes, o TUE e o TFUE, estão no topo da hierarquia das normas na União
Europeia. A Carta dos Direitos Fundamentais da EU tem o mesmo status, visto que o art. 6º/1 do
TUE constata que esta tem o mesmo valor legal que os Tratados. As disposições do tratado
serão interpretadas à luz da Carta, com o objetivo de dar a interpretação que melhor se enquadra
com os Direitos da Carta. No 2º nível da hierarquia estão os princípios gerais de Direito, abaixo
dos tratados constituintes e acima dos atos de implementação, delegados e legislativos. Podem
ser usados para interpretar certos artigos dos Tratados e para invalidar os atos já referidos. Estes
princípios gerais têm sido moldados pelos tribunais da UE, que os têm usado como fundação
para a revisão judicial. Todos os sistemas legais desenvolvidos incorporam princípios da revisão
judicial, que normalmente são parte do Direito Administrativo, e dão bases legais para os
desafios legais à ação governamental. A tarefa judicial de elaborar princípios de revisão judicial
foi facilitado mais à frente por artigos dos tratados mais específicos. Ao desenvolver estes
conceitos, o TJUE baseou-se na doutrina do direito administrativo dos Estados-Membros.
Consideraram os princípios dos sistemas legais nacionais mais relevantes e adaptaram-nos às
necessidades da UE. Os princípios gerais conferem ao tribunal um poder considerável sobre a
interpretação dos Tratados e sobre a interpretação e validação de outros atos da EU.
Alemanha
Aceitação da supremacia e base conceptual para esta.
Os tribunais alemães articularam diferentes limites à supremacia do Direito da UE, no entanto,
importa deixar claro que os tribunais aceitaram, sujeita a estes limites, supremacia do Direito
comunitário. Isso fica evidente na decisão do Tribunal Constitucional Federal no caso
Honeywell (ver para. 53 e 54). É evidente deste caso que a supremacia é baseada primeiramente
naquilo que é o art. 23.1 da Constituição alemã, que se ocupa especificamente da UE e permite
a transferência dos poderes soberanos. O facto de se basear nas disposições da constituição
alemã tem sido a razão dominante para a aceitação da supremacia da UE na Alemanha. O
Tribunal Constitucional Federal menciona o argumento usado no caso Costa: a primazia da
aplicação do Direito Comunitário é exigida porque “a UE não podia existir como uma
comunidade legal se a efetividade uniforme do Direito da União não fosse salvaguardada nos
Estados-Membros”.
Pluralismo constitucional
N MacCormick, Questioning Sovereignty
A doutrina da supremacia do Direito comunitário não deve ser confundida com qualquer tipo de
subordinação incondicional do Direito dos Estados Membros ao Direito europeu. Tratam-se de
sistemas em interação, um dos quais constitui, no seu próprio contexto e em relação à gama de
temas relevantes, uma fonte de direito válido superior a outras fontes reconhecidas em cada um
dos sistemas dos Estados-Membros.
Assim, a análise mais apropriada acerca das relações dos sistemas legais é pluralista em vez de
monista, e interativa em vez de hierárquica. Os sistemas jurídicos dos Estados-Membros e o seu
sistema jurídico comum de direito comunitário são sistemas jurídicos distintos, mas que
interagem entre si, e as relações hierárquicas de validade no âmbito de critérios de validade
próprios de sistemas distintos não conduzem a qualquer tipo de superioridade absoluta de um
sistema em relação a outro. Daí decorre também que o poder interpretativo das mais altas
instâncias de decisão dos diferentes sistemas deve ser, em relação a cada sistema, último.
Compete ao TJCE interpretar, em última instância e de forma definitiva, as normas de direito
comunitário. Mas também deve caber ao mais alto tribunal constitucional de cada Estado
membro interpretar as suas normas constitucionais e outras e, por conseguinte, interpretar a
interação da validade do direito comunitário com as normas de validade de nível superior no
sistema estatal em causa.
Os potenciais conflitos e colisões de sistemas que podem ocorrer entre a UE e os Estados
Membros não ocorrem num vazio legal, mas sim num espaço para o qual o Direito Internacional
também é relevante.