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Conceito
Na principal divisão do sistema jurídico – summa divisio -, entre os subsistemas (vulgarmente
designados como “ramos”) de direito público e privado, é comum colocar o Direito
Constitucional (adiante DC) como o primeiro de entre os subsistemas do direito público
Há uma ambivalência no poder público do Estado: Por um lado, esse poder serve para
legitimar e garantir os direitos dos cidadãos Por outro, esse poder público pode reprimir os
mesmos cidadãos.
Elementos do Conceito de DC
Elemento subjetivo – o destinatário direto do DC é o Estado quer enquanto Estado-Poder quer
como Estado-Comunidade Política
Deste modo, as normas de direito interno dos Estados que sejam incompatíveis com o direito
europeu podem ser afastadas, i.e. desaplicadas (ulteriormente deverão os Estados revogá-las)
de acordo com as regras descritas anteriormente
Vão neste sentido os Acórdãos do Tribunal de Justiça da União Europeia Costa/Enel (1963) e
Factortarme (1990), Atlanta (1995), Unibet (2007), entre outros.
Se esta regra não existisse qualquer esforço de construir um direito europeu não subsistiria –
os Estados-Membros adotariam soluções jurídicas próprias e distintas entre si, e os cidadãos
europeus não teriam expetativas semelhantes de justiça perante os mesmos problemas.
Legalismo – Por razões histórias e dogmáticas, o DC é produto do legalismo (debate Savigny vs.
Thibaut)
Fragmentarismo – o DC não tem intenção de regular total e completamente as matérias que
versa. Traça-lhes, apenas, os fundamentos e limites
Princípios
São os princípios que estabelecem a lógica daquilo que o DC é. São o sentido geral da CRP.
Podem dividir-se em:
PC materiais – dizem respeito a opções de fundo em relação aos sistema social e económico.
PC lógicos (racionalidade, confiança, o que permite o mais permite o menos) – integram uma
ideia de racionalidade, com o princípio de confiança.
Aos princípios e normas, elementos do sistema, subjazem valores que lhe dão sentido
Não é por acaso que a maioria dos autores considera o Direito uma unidade de sentido – com
sentido e com fins
Princípios
O sistema jurídico, independentemente das suas regras sistemáticas específicas (de hierarquia,
de organização, estruturação e interligação dos elementos, de maior ou menor abertura ao
espaço exterior envolvente) vive de uma axiologia e teleologia próprias, i.e. de valores
fundamentais que formam, eles mesmos, uma ordenação diferenciada dentro do sistema mas
que dá conexão a todos os elementos.
«A parte vital e permanente do Direito (Law) está contida nos princípios – pontos de
partida para raciocinar – e não nas normas. Os princípios permanecem relativamente
inalteráveis ou desenvolvem-se através de parâmetros coerentes e constantes. As normas têm
uma vida relativamente breve. Não se desenvolvem. Caducam ou são revogadas e substituídas
por outras normas». Roscoe Pound
«Reiterar que as decisões dos Tribunais estão de acordo com regras preexistentes não
é insistir que todas essas regras têm de ser absolutamente explícitas; que devam ter sido
escritas de antemão utilizando esta ou aquela palavra. Fazer nisso finca-pé seria lutar por um
ideal inalcançável. Há “regras” que nunca podem ter uma forma explícita. Muitas dessas regras
só se descobrem porque dão origem a decisões coerentes e prognosticáveis, servindo, para
aqueles que as praticam, como manifestações do “sentido de justiça”». Friedrich A. Hayek
Os princípios são a base lógica do direito: dão-lhe valores, sentido e finalidades. Do mesmo
modo, também o tornam operativo, funcional e eficiente
Especiais: situações específicas mas cujo sentido interpretativo vai na mesma direção da regra,
particularizando-o
Excecionais: regula situações (normalmente) avulsas que exigem solução contrária ao sentido
da regra (regras próprias quanto à interpretação e integração, cfr. art. 11.º CC)
De direito particular: aplicam-se a uma classe especial de pessoas (arguidos, reclusos, jovens,
idosos, arts. 67.º e ss. CRP)
Normas Const. orgânicas: as que regulam a estruturação e a atividade dos órgãos de soberania
Normas Const. precetivas: aquelas cuja vinculatividade e eficácia não dependem de fatores
externos a si mesma. São comandos-regra
Normas Const. programáticas: as que desenham um fim ao Legislador que exige uma
transformação para a sua concretização (direito à habitação).
Normas Const. Exequíveis (de 1.º grau): aplicam-se por si mesmas (não necessitam de lei
ordinária que lhes confira essa aplicabilidade)
Normas Const. Não exequíveis (de 2.º grau): necessitam de lei ordinária para serem aplicáveis
Normas Const. a se: contêm uma regulamentação constitucional específica sobre situações
Normas Const. sobre normas: aquelas que versam sobre o modo de aplicação, interpretação
ou cessação de outras normas
Aplicabilidade Direta
Não se deve confundir com a exequibilidade das normas