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Universidade de Brasília – UnB

Instituto de Política – IPOL

Matéria: Teoria Política Clássica


Aluno/Matrícula: Pedro Henrique Teixeira Lourenço/190036524

CONTROLE 03:

“A República”, de Platão

Brasília, 2022
01) Explique os seguintes conceitos da República de Platão: O que é a justiça; e o que é
ser justo.
Em primeiro lugar, destaca-se que a República é a obra mais conhecida e
comentada do Platão, dessa forma, o livro consiste em uma junção de dez partes que
buscam tratar de um assunto comum, isto é, um Estado ideal platônico; e assim, o que é
preciso para construir tal estado; e o autor, boa parte da obra atribui a esse Estado como
característica essencial, a necessidade da presença da justiça -tanto se tratando no
âmbito privado, ou seja, no indivíduo; quanto no âmbito público, ou seja, no Estado- já
que, para ele, é a maior das virtudes (PLATÃO, 2014). Assim, na primeira parte do
livro, encontra-se um diálogo entre Sócrates, Polimarco, Trasímarco entre outros, onde
pode-se encontrar a um caminho para o entendimento sobre o que é justiça; e também, o
que é ser justo.
Em segundo lugar, se tratando do conceito de justiça, o assunto se inicia com
Sócrates e Polimarco, buscando o que de fato, no que consiste a justiça; e dessa forma, o
primeiro argumento rola em torno da seguinte questão: se a justiça consiste na verdade
em beneficiar os amigos (pois estes são bons, úteis e moralmente considerados como
justos) ao passo que, também é justo prejudicar os inimigos (tendo em vista que eles são
maus, inúteis e moralmente considerados injustos) (PLATÃO, 2014); tal ponto citado,
foi levantado por Polimarco, entretanto, Sócrates aponta que na verdade tal fala
apresenta uma contradição, pois, aquele que é justo não é capaz de tornar transformar as
demais pessoas em injustas; ou seja, a justiça consiste em uma virtude, que pelo autor é
vista como crucial para o desenvolvimento do indivíduo e do Estado, já que essa, é
benéfica para as pessoas que a praticam pois aquele homem que é justo (não apenas
aparenta ser, mas que de fato é) em sua essência, ele não é capaz de prejudicar qualquer
outro ser, seja ele, justo ou injusto pois isso foge de sua natureza (PLATÃO, 2014).
Ademais, por não fazer injustiças, esse homem justo, em seu estado emocional
encontra-se em paz consigo mesmo, ou seja, a justiça é o caminho para a felicidade
ideal no mundo-segundo Platão. Tendo isso em vista, outro personagem adentra no
debate acirradamente; Trasímarco não contente com tal definição de justiça que estava
sendo formada, apresentou uma nova, que consistia na ideia de que “É isto, então, que
digo ser a justiça, princípio idêntico em todos os Estados, sempre a vantagem do
governo estabelecido” (PLATÃO, 2014, p.50); ou seja, é posto em discursão a ideia de
a justiça consiste na vantagem do mais forte sobre o mais fraco. Assim, pode-se
entender tal embate da seguinte forma: primeiramente, Trasímarco é um personagem
que poderia ser considerado como o antagonista do diálogo pois ele atribui à injustiça, a
verdadeira virtude do homem, ao passo, que aqueles que a praticam, possuem vantagens
sobre os justos e assim são inteligentes e detentores de poder; ao passo, que Sócrates em
todos os aspectos, atribui a justiça todos os melhores comentários (de forma que Justiça
> Injustiça) (PLATÃO, 2014). A refutação de Sócrates encontra-se na idea de que “a
injustiça produz cisões, ódio e conflitos mortais (...) ao passo que a justiça produz
amizade e unidade de pensamento voltada para um propósito comum” (PLATÃO, 2014,
p.71); ou seja, caso fosse verdade que a Injustiça > Justiça, então seria virtuoso ser
injusto com os demais, porém é contraditório, ao se pensar em um Estado gerido dessa
forma, pois nesse caso, o todo tem mais valor que o individuo (um princípio de
vitalidade/sobrevivência dos Estados); e assim, para o todo é mais vantajoso que o
governante seja justo, já que a justiça se enquadra “entre os bens mais excelentes, como
algo a ser valorizado por qualquer um que será abençoado com a felicidade, tanto
devido a ela mesma quanto devido aos seus efeitos” (PLATÃO, 2014, p.78).
Em terceiro lugar, se tratando do que consiste ser justo, aqui também se
enquadra as noções apresentadas anteriormente -sobre a Justiça- mas ressalta-se que,
aquele que é justo não deve prejudicar os outros, pois quem de fato é justo, o ato de
prejudicar os demais é contraditório a sua natureza de não prejudicar e na verdade, ser
benéfica a todos, independente que o outro seja amigo, inimigo ou desconhecido; aquele
que pratica o bem, é útil para os outros; possui a felicidade em seu sentido literal; vive
bem consigo mesmo é não possui o traço de dominação, que é presente no seu contrário,
ou seja, no indivíduo injusto (PLATÃO, 2014). Assim, diferente do injusto, aquele que
é justo não precisa fingir ser justo, pois nesse caso é; também é diferente na questão de
que, praticam a justiça não por terem medo de sofrê-la, ou por mera conveniência moral
com a sociedade, mas sim porque suas almas, estão ligadas com tal virtude; sendo essa,
quando verdadeira, incorruptível até mesmo se tratando da influência de poder, assim,
aquele que é justo, é justo consigo mesmo, com os outros; e assim, beneficia a
sociedade, ainda mais se tal individuo for abençoado com o poder de governa, pois
assim, a gerencia do Estado estaria fundida intrinsicamente com a Justiça; e os povos
seriam felizes (PLATÃO, 2014).

02) Faça uma análise detalhada do que representa o “mito da caverna” na República de
Platão.
Em primeiro lugar ressalta-se a importância das alegorias para a explicação de
ideias de cunho filosófico para uma maior clareza das ideias apresentadas; assim, sem
dúvidas, a alegoria da caverna platônica significa um marco na historia do pensamento
ocidental; que tal marcou gerou uma evolução das ideias, de forma que, após séculos,
ainda é bastante importante para o pensamento científico como um todo, já que, nesse
mito é apontado como é libertador a educação em si, já que, por meio dessa, o indivíduo
eleva-se; ou seja, é por meio dela que o homem passa a enxergar a realidade, como de
fato ela é -ou então, pode-se dizer que, o homem por meio da educação e assim, da
recusa da ignorância, ele consegue se aproximar mais da realidade -essa delimitado por
ele mesmo, isso é, seus limites- do que da caverna.
Dessa forma, o mito se passa da seguinte forma: é um dialogo entre -
majoritariamente- Sócrates e Gláucon; onde Platão por meio de Sócrates, compara o
efeito que se dá, com a presença ou não, da educação nos indivíduos; assim, ele cria no
imaginário dos leitores, a construção de uma larga caverna, na qual, existem indivíduos
acorrentados virados de frente para o fundo da caverna; além de que, atrás deles existem
uma fogueira que gera sombras no fundo da caverna, além disso, tal caverna possui uma
entrada larga e na frente dela, passam homens carregando objetos que geram sombras
nas paredes internas da caverna (PLATÃO, 2014). Assim, esses indivíduos que são
prisioneiros da caverna -desde sua infância- como são impossibilitados de virarem a
cabeça para a entrada, e a vida inteira associaram as vozes dos homens que passam
carregando os objetos aos próprios objetos, já que eles produziam sombras nas paredes
do fundo da caverna; logo, viviam da ilusão, pois nunca viram a realidade (PLATÃO,
2014).
Ademais, a discursão presente no sétimo livro da República se dá quando,
Sócrates atribui a ideia de que: o que aconteceria caso um desses prisioneiros pudesse
ser libertado e fosse ver o mundo superior, aquele fora da caverna; assim, é explicado
que caso isso acontecesse aquele que sempre viveu na certeza da sua própria ignorância,
veria que tudo o que ele acreditava saber, na verdade, não sabia; assim, descobriria que
o que achou ser a realidade na verdade é ilusão; era apenas, caverna(PLATÃO, 2014). E
tendo ele experimentado a realidade, ou melhor dizendo, se aproximando mais do real,
ele poderá distinguir o que é verdadeiro do que é falso; assim, nunca mais retornaria
para a caverna, nem se importaria com o padrão dessa; ao passo que, apenas os seus
colegas prisioneiros, ele interessaria libertar de tal ignorância (PLATÃO, 2014).
Logo, tal mudança que se dá da transição da caverna para a realidade, é apontada
pelo autor como sendo possível apenas graças a educação; e que essa, possui a
característica de ser um instrumento que já se encontra presente na alma dos indivíduos,
porém adormecida; dessa forma a educação é a arte que “diz respeito exatamente a isso,
a essa conversão, e a como pode a alma mais fácil e eficientemente ser levada a realiza-
la” (PLATÃO, 2014, p.294). Assim, o entendimento filosófico é importante justamente
por isso, pois é por meio dele, que o homem pode por exemplo, raciocinar de forma
realista, e através dessa realidade, buscar sempre as coisas belas, como a paz, a união e a
justiça -de forma que- toda forma de ignorância é danosa e não apresenta virtude ao
homem, nem ao Estado como um todo (PLATÃO, 2014). Conclui-se que: os estudos,
sobre a sociedade ideal de Platão é essencialmente crucial para o desenvolvimento do
cientista pois as propostas levantadas pelo autor, influenciaram os desenvolvimentos
científicos tanto no âmbito das ciências naturais, quanto no âmbito das ciências
humanas ao longo de gerações que entenderam a importância do entendimento sobre a
realidade das coisas, para uma, possível mudança dessas.
BIBLIOGRÁFIA
PLATÃO. A República (ou da Justiça). 2. Ed, São Paulo: EDIPRO, 2014.

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