Você está na página 1de 3

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS: CULTURA, EDUCAÇÃO E LINGUAGENS


ESTUDOS DA LINGUAGEM – PARTE II – ENUNCIAÇÃO E DISCURSO
Semestre 2015.1
Profª. Drª. Fernanda Modl
ATIVIDADE 2
TEXTO-BASE 3 – A LINGUAGEM E A EXPERIÊNCIA HUMANA – BENVENISTE (1989/2005)
por e-mail: fernanda.modl.uesb@gmail.com

QUESTÃO 1
Mais uma vez, iniciamos pelo título, mas, agora, a partir de um outro enquadre. Sua tarefa aqui é:

- avaliar se o título “A linguagem e a experiência humana” é suficientemente preciso para sumarizar aquilo
que é tematizado no texto. É, claro, que é preciso justificar com toda a sua força enunciativa. Seria o caso de
propor complementações.

O título “A linguagem e a experiência humana” não é suficientemente preciso para sumarizar o tema
central do texto, uma vez que não antecipa as categorias fundamentais do discurso ligadas à pessoa e ao tempo,
os quais são o foco do empreendimento teórico do autor nesse capítulo. Uma análise pormenorizada do título
isolado do texto depreende-se que serão tratados dois assuntos centrais ‘linguagem’ e ‘experiência humana’,
pois o uso do conectivo “e” relacionando os dois termos, sugere a ideia de acréscimo.

Em se tratando de um texto que compõe um livro de um autor que discute a relação da linguagem na
perspectiva da interação eu/tu (informação que “eu”, enquanto leitora, já tenho acerca do trabalho de
Benveniste), ao empreender a leitura do título deduz-se que o documento fará uma abordagem da linguagem
a partir do exercício cotidiano que o homem faz dela. Considerando o que é dito no texto, essa compreensão
não é equivocada, pois ao tratar das categorias de pessoa e tempo, o autor afirma que essas formas são vazias
fora do discurso e somente tem substância e realidade na “experiência subjetiva dos sujeitos que se colocam
e se situam na e pela linguagem” (BENVENISTE, 2006, p. 68). Entretanto, a experiência humana é o
argumento máximo que sustenta a discursão de Benveniste para elucidar a teorização sobre as categorias de
tempo e pessoa, estas, por sua vez, é apenas mais uma peça argumentativa na consolidação da teoria da
enunciação.

Nesse sentido, uma sugestão de título é “As categorias elementares do discurso constitutivas na
experiência humana”. Esse título, embora mais longo, quiçá reproduza com maior fidelidade a temática central
do texto visando aludir tanto ao processo de atualização dialética dos pronomes tu/ele no ato discursivo, como
às três categorias de tempo apresentadas – físico do mundo, crônico e linguístico – com destaque para o último
tipo que caracteriza o tempo específico da língua, organicamente ligado ao exercício da fala, definido e
organizado como função do discurso.
QUESTÃO 2
Esquematize (usando, por exemplo, setas, linhas, sublinhados, círculos ou qualquer outro recurso semiótico
para acompanhar as palavras) as colocações do autor sobre a categoria tempo. Atente-se para as
especificidades dos tempos.

CATEGORIA TEMPO

Tempo - formas linguísticas presente


em todas as línguas reveladoras da
experiência subjetiva.

Tempo Físico Tempo Crônico Tempo Linguístico


É o TEMPO DOS Tempo ligado ao exercício da
ACONTECIMENTOS, que fala; define-se e organiza-se
Contínuo, uniforme, como FUNÇÃO DO DISCURSO,
infinito, linear, engloba a nossa própria
vida enquanto sequência dentro de um sistema temporal
segmentável, objetivo bem mais amplo e complexo.
e subjetivo (p. 71-72) de acontecimentos. (p.71)
(p.74)

Tem seu centro no PRESENTE -


instância da fala / tempo gerador
CALENDÁRIO - objetivação do tempo crônico, e axial - para referenciar as
apresentando as seguintes condições: Presente – fundamento das
demais temporalidades. OPOSIÇÕES TEMPORAIS
- estativa (momento axial)
DAS LÍNGUAS:
- diretiva (oposição 'antes.../depois...')
- mensurativa (repertório de unidades de medida para temporalidade retrospectiva e
denominar intervalos constantes - ano, mês, dia...). temporalidade prospectiva.
(p.72
O tempo presente é
A organização social do tempo REINVENTADO, fazendo-se
crônico é INTEMPORAL,uma vez novo a cada discurso.
que refere-se a denominações
(léxicos) vazias de temporalidade,
existindo somente na experiência
humana. O tempo do discurso funciona
como FATOR DE
INTERSUBJETIVIDADE.
A temporalidade constrói-se
DIALÉTICAMENTE entre o
locutor e receptor no
processo do ato da fala.
QUESTÃO 3
Dialogue comigo expondo (colocando para fora) dúvidas, inquietações ou mesmo curiosidades que a leitura
tenha disparado em você.

- O autor afirma que o tempo crônico comporta uma dupla versão: objetividade e subjetividade. Se assim o é,
por que o tempo crônico é intemporal? Em que situação esse tempo assume a versão subjetiva? Se assume a
versão subjetiva, continua intemporal?

- Outra dúvida emerge nesta passagem: “É pela língua que se manifesta a experiência humana do tempo, e o
tempo linguístico manifesta-se irredutível igualmente ao tempo crônico e ao tempo físico” (p.74). Não entendi
o que se quis dizer com “irredutível” seguido de “igualmente”, nesse trecho. Significa que o tempo linguístico
não pode ser reduzido ao tempo crônico e físico e vice-versa?

- Em relação a esses três tempos – físico, crônico e linguístico –, considerando os pressupostos de Benveniste,
pode-se afirmar que só existem na experiência humana, ou seja, fora dela são formas vazias ou essa afirmação
vale somente para o tempo linguístico?

Você também pode gostar