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Universidade de Brasília- UnB

Instituto de Política – IPOL

Matéria: Teoria Política Clássica

Aluno/matrícula: Pedro Henrique Teixeira Lourenço/190036524

CONTROLE DE LEITURA NÚMERO 01:

ATENAS, A História de uma Democracia

Brasília, 2022
1. Explique de forma detalhada, o percurso da conquista da democracia
Quando se pensa nos povos antigos que já habitaram essa Terra, um dos mais
impressionantes, sem sombra de dúvidas, são os gregos antigos; sua existência,
culminou em uma evolução de cunho: social, filosófico, matemático, científico e etc.
sem precedentes no mundo Ocidental; cuja a influencia se estendeu pelo passar dos
Séculos. Ademais, ao analisar a estrutura do mundo atual, principalmente da parte
Ocidental do globo, percebe-se que algumas estruturas tiveram influencia direta dessa
longa história grega, de desenvolvimento, transformações, guerras e hegemonia. Além
disso, ressalta-se o papel central de influencia dos atenienses, já que esses, dominaram
boa parte da história grega como hegemonia central; apesar de ser incerto, determinar
exatamente quando esses povos antigos se uniram em algo único, gerando um Estado e
estando subordinado a influência e poder deste (MOSSÉ, 1997).
Em primeiro lugar, destaca-se no âmbito político contemporâneo, a noção de
democracia como um princípio básico de estrutura política em vários países; tal noção
de democracia, apesar de suas limitações, possui boa parte da sua gênese condensada
nesse período antigo, por esse povo atemporal; ou seja, ao se falar em democracia fala-
se em Atenas; em Grécia. Assim, tal preeminência histórica ateniense foi adquirida por
meio de uma lenta evolução (marcada por inúmeras guerras) que como a maioria das
coisas dessa época, pode-se ser explicitada/demonstrada, somente, por narrações míticas
(MOSSÉ, 1997). Desse modo, ao analisar-se a região em si (a Ática), é limitado saber
quando exatamente os povos começaram a se reunirem em grupo concretos; da mesma
forma, também é limitado saber quando exatamente o poder do rei tornou-se limitado
pelo controle aristocrático (MOSSÉ, 1997).
Se tratando da sociedade ateniense; esta era dominada por uma aristocracia
detentora de poder político (além dos direitos e da justiça da população geral);
entretanto, a massa populacional lá as vezes era consultada nas assembleias, porém
ainda detinham a influencia de clientes perante aos aristocratas; assim, eram altamente
dependentes socioeconomicamente da classe dominante (MOSSÉ, 1997). Dessa forma,
para se entender como aconteceu o desenvolvimento democrático ateniense, é preciso
retornar o pensamento para os estadistas desse período que fizeram um
desenvolvimento nos mecanismos estruturais de sociedade, ou seja, reformas políticas;
entre tais governantes, destacam-se: Sólon, Pisístrato, Clístenes e Péricles (este último
deixado de lado nessa resposta; explicado e desenvolvido na questão dois). Assim, se
tratando do governo de Sólon, este assumiu o controle da polis quando esta se
encontrava em crise (fatores que deram origem à crise: a dependência que se
encontravam os camponeses atenienses; e o endividamento crescente dessa massa, que
se via sendo reduzida a escravidão), e assim tentou lidar com a crise através de uma
reforma das estruturas sociais, políticas e econômicas (MOSSÉ, 1997) e ressalta-se que
só fez tal reforma para se evitar de um levante contra a aristocracia por parte do povo
(porém esse ainda não tinha qualquer indicio de vontade política, por conta das
limitações da época). Ao proclamar tal reforma, ele “livraria os camponeses atenienses
de um estado de dependência” (MOSSÉ, 1997, P.14) mas mesmo assim, ainda havia
ficado uma questão em aberto que seria a partilha do solo perante os cidadãos;
entretanto no plano jurídico: promulgou uma serie de leis, tornadas púbicas, criando,
assim, um direito ateniense comum a todos; no plano político: criou, paralelamente a
assembleia, um outro conselho; no plano social: dividiu a massa da população em
quatro classes (MOSSÉ, 1997).
Agora ao se tratar de Pisístrato, este ao assumir o poder pela primeira vez,
apresentou-se ao poder com uma característica peculiar: sua facção possuía um caráter
democrático, já que, para ter o apoio da massa e tomar o poder pela força da maioria, ele
prometeu para os camponeses mais acessos a mais meios materiais; entretanto tal
caráter democrático não se manteve presente durante suas idas e voltas ao poder, já que,
apesar de ter influenciado o desenvolvimento cultural, comercial, e regional da polis; ele
sempre foi um tirano, e usa bastante de sua tirania, mas fincou bases que culminaram
em um maior desenvolvimento democrático daquela sociedade após as reformas de
Clístenes (MOSSÉ, 1997). Se tratando desse último, suas reformas modificaram o
território da Ática; substituiu as quatro tribos antigas por novas dez (fez isso para acabar
com as bases da antiga elite de poder que se sustentava nessas quatro classes); ao fazer
isso, ele integrava mais intimamente as diferentes partes da Ática (concluía a obra de
unidade já iniciada por Pisístrato); criava assim, a cidade-Estado cheia de inovações
constitucionais (MOSSÉ, 1997); ademais, também foi responsável por uma reforma que
tornou possível estrangeiros serem incorporados ao corpo de cidadãos da polis, mas
mesmo assim, não criou a democracia ateniense “mas deu condições que iriam permitir
o nascimento da democracia; tornando todos os cidadãos iguais perante a lei” (MOSSÉ,
1997, P.23).

02. Descreva, de forma detalhada, as razões pelas as quais Péricles representa o símbolo
da Democracia Ateniense:
Para se responder tal pergunta precisa-se ter em mente que, os antecessores de
Péricles foram responsáveis por criarem espaço para o firmamento de bases que
culminaram numa possível democracia, entretanto, ele assume o papel de símbolo da
democracia ateniense pois foi durante o período de governo dele que foi
estabelecido/instituído a mistoforia; ou seja, deste modo, foi durante o governo dele que
foi criado as condições para o efetivo funcionamento da democracia (MOSSÉ, 1997).
Em primeiro lugar, ressalta-se que apesar de Clístenes ter derrubado as quatro
tribos tradicionais, numa tentativo de derrubar o poder e a influencia delas;
transformando quatro em dez, tais famílias continuaram a deter os principais cargos
públicos e desta forma, continuaram a deter o poder na polis; Péricles é o exemplo
disso, já que, este veio de uma dessas famílias tradicionais (MOSSÉ, 1997). Apesar
disso, este destacava-se por estar cercado de uma serie de pensadores que o ajudavam a
tentar governar e deter o poder de uma forma segura, dentre esses ilustres homens,
destacam-se sem sombra de dúvidas, alguns dos principais filósofos pré-socráticos
como Anaxágora e Zenão de Eléia (MOSSÉ, 1997).
Desse modo, munido de pensamento, Péricles estabeleceu a mistoforia, assim,
“elaborava-se uma doutrina democrática, cuja autoria Péricles reivindicava, e a qual,
durante mais de um quarto de século, tentaria amoldar-se” (MOSSÉ, 1997, P.38); dessa
forma, é importante apontar o papel do povo: este era soberano, porém, sua soberania
era limitada; já que a justiça popular não é existente nesse período; porém isso não é
apontado na história como sendo algo negativo, já que, na história de Atenas, o período
correspondente ao governo de Péricles, é apontado como uma época de relativo
equilíbrio social; além de que, em tal período destaca-se: que houve um crescimento da
população da Ática (motivos naturais mas também por conta do desenvolvimento
social-populacional), crescimento da população considerados cidadãos civis (MOSSÉ,
1997).
Ressalta-se que tal equilíbrio social presente nesse período, boa parte dele é fruto
da influência que o império de Atenas exerce sobre o Mar Egeu nesse período: já que, a
conquista do Egeu, garante aos atenienses o abastecimento de grãos da cidade e como
houve o aumento populacional, também aumentou-se as necessidades básicas que os
cidadãos tinham, então tal mar era de súbita importância para o desenvolvimento da
população; além de que, durante o período, Atenas encontrava-se (também graças aos
motivos políticos) exercendo preeminência comercial (MOSSÉ, 1997).
Além disso, pode-se atribuir ao período em que Péricles governou o
desenvolvimento intelectual que distingue tal povo dos demais contemporâneos a ele;
ou seja, houve um desenvolvimento intelectual em Atenas -em dois domínios: o
primeiro, é o do pensamento especulativo (preparava-se o caminho dos sofistas e por
consequência de toda a filosofia clássica grega); e o segundo, do pensamento religioso -
este era voltado para comemorações destinadas aos deuses da cidade (MOSSÉ, 1997).
Por fim, é bom lembrar que as arquitetônicas estruturas para o cultivo aos deuses
surgiram também nesse período em peso, isso nada mais era, do que Péricles
construindo e deixando seu legado político milenar; que se excedeu para nosso tempo,
mesmo com a ruina do Império pós a Guerra do Peloponeso.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

MOSSÉ, Claude. Atenas: a história de uma democracia. Brasília: Editora UnB, 1997

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