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GRÉCIA ANTIGA: O BERÇO DA CIÊNCIA E

DA DEMOCRACIA

INTRODUÇÃO
As civilizações grega e romana também são conhecidas como
civilizações clássicas, pois deram a base para uma série de princípios que
seriam herdados pelo mundo ocidental. Basta lembrarmos do Renascimento
Artístico e Cultural dos séculos XIV ao XVI, o qual propôs a retomada dos valores
antigos em oposição ao “período das trevas” medievais. A civilização grega
tem o mérito de desenvolver a Filosofia, na qual os homens adquirem uma
consciência de sua capacidade de transformação da natureza e do mundo à
sua volta. O pensamento filosófico grego inaugura o racionalismo ocidental.
Lembremos, por exemplo, os nomes de Aristóteles e Platão. Ademais, o teatro
grego também teria uma influência inegável na dramaturgia ocidental.
Politicamente, os gregos inauguraram o regime político representativo,
ou seja, as bases daquele sistema que chamaríamos hoje de democrático. É
necessário, entretanto, lembrar que na Antiguidade Clássica a escravidão era uma
instituição aceita socialmente. O sistema representativo grego era extremamente
limitado e o seu esplendor filosófico e artístico somente foi possível graças ao
trabalho escravo que garantia a ociosidade de uma elite governante.
A Grécia Antiga ia muito além do atual território do Estado grego, e
chegou a ser incorporada ao Império de Alexandre e ao Império Romano. O
seu território se localizava na Península Balcânica, onde a região apresentava
um relevo montanhoso e o seu litoral era bastante recortado, facilitando o
comércio marítimo, mas, também, o isolamento político entre as regiões.
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PERÍODO PRÉ-HOMÉRICO (SÉCULO XX – XII A.C.)


Este período recebeu uma forte migração indo-europeia (Aqueus em
2000 a.C.; Eólios em 1700 a.C.; Jônios em 1500 a.C.). Com isso, formou-se
a famosa sociedade creto-micênica, iniciando a formação da língua e da
religião grega.
As principais cidades que surgiram foram Micenas, Cnossos e Troia. No
aspecto político, constituiu-se uma talassocracia.
O período acabou quando os dórios (outro povo indo-europeu) invadiram
a Grécia e destruiram a sociedade creto-micênica. Por consequência destas
invasões, ocorreu a chamada 1ª Diáspora grega (XII – X a.C), levando a
dispersão da população creto-micênica pelo interior e litoral da península.

PERÍODO HOMÉRICO (SÉC. XII – VIII A.C.)


São formadas, neste período, comunidades gentílicas ou genos, que
eram compostas por membros com relações familiares. As propriedades de
terras eram coletivas e os líderes eram os paters (patriarcas).
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Até o século IX a.C, houve um forte crescimento populacional, provocando


graves consequências como escassez de terras, expansão do comércio e
do artesanato, além do declínio da agricultura coletiva. Neste processo,
formam-se as propriedades privadas de terra, surgem os Eupátridas/Paters
(bem nascidos) – e donos de terras -, crescem os números de escravos por
dívidas e ocorre a expansão para terras no sul da Itália (Sicília).
A concentração fundiária provocou o início da colonização grega e
produziu a 2ª Diáspora grega, que significou uma política expansionista
(imperialista) e o fim do Período Homérico.

PERÍODO ARCAICO (SÉC. VIII – VI A.C.)


Neste período ocorreu a formação da pólis (cidade-estado), que
tinha como características a autonomia política, econômica e militar. O
surgimento de cidades-Estados se deu pelo isolamento geográfico, o que
não impediu que tivessem a mesma cultura (língua, religião...), já que se
originou dos creto-micênicos. Cada pólis tinha como organização espacial
a seguinte ordem: espaços públicos: ágora (praça) / acrópole (templos);
espaços privados: propriedades. As cidades-Estados que mais se destacam
são: Atenas e Esparta.
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ATENAS
Fundada pelos jônios na região da Península de Ática, sua evolução
populacional levou a uma grande transformação social. A sociedade ateniense
era organizada em Eupátridas (proprietários das melhores terras, bem nascidos),
Demiurgos (comerciantes), Georgóis (proprietários das piores terras), Thetas
(sem terras, maioria da população) e Escravos (principalmente por dívidas).

O primeiro sistema político ateniense foi a Monarquia (séc. X a.C.), que


tinha como líder o Basileu (chefe militar e administrativo) e sua origem social
era dos eupátridas. Posteriormente, o modelo de governo passou a ser uma
Oligarquia (séc. VIII a.C.), governada pelos Arcontes (9 líderes) e tinham
ajuda do Areópago, um conselho de eupátridas. Dentro deste conselho
havia três grupos políticos: planície (eupátridas): ideais conservadores, litoral
(demiurgos): princípios democráticos; montanha (georgol/theta): adeptos a
ideias mais radicais.
Os debates entre os três partidos produziram a exigência de uma maior
participação política, iniciando o processo de uma reforma legislativa no séc. VII
a.C. A primeira reforma foi produzida por DRÁCON (621 a.C). A partir da elaboração
das leis draconianas, ocorreu a transcrição das leis orais (conservadoras).
Posteriormente, SÓLON (594 a.C.) estabeleceu o fim da escravidão hipotecária
(dívidas), criou a BULÉ (Conselho dos 400), formou a ECLÉSIA (assembleia
popular), estabelecendo o critério de renda como acesso a ela.
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Após as primeiras reformas, os TIRANOS assumem o poder sem


votação (golpe): PSÍSTRATO (561-527 a.C.); HIPIAS E HIPARCO (527-510
a.C.); ISÁGORAS (510-508 a.C.). Entretanto, a democracia surgiu com as
reformas promovidas por CLÍSTENES (508 a.C), onde ocorreu a divisão da
região da Ática (cidade/litoral/interior), a divisão dos DEMOS (10 unidades
distribuídas igualmente pelas três regiões.), a reforma da BULÉ (Conselho
dos 500, 50 membros de cada demo.), a ampliação da ECLÉSIA (6000
cidadãos, assembleia), a criação dos ESTRATEGOS (poder executivo e militar
com mandato anual), estabeleceu o OSTRACISMO (exílio de dez anos) e a LEI
DEMOCRÁTICA: “Todo cidadão é igual perante a lei”. Entretanto, vale destacar
que somente os homens livres, nascidos em Atenas eram considerados
cidadãos. Mulheres, metecos, escravos, ex-escravos e crianças não eram
cidadãos, sendo assim excluídos de participação política.
Com isso, foi criado um ambiente de DEBATES (retórica/discursos)
surgindo a DEMOCRACIA (consenso entre os cidadãos) e fazendo da política
a principal atividade do cidadão, que participava diretamente dela.

ESPARTA
O sistema democrático não foi hegemônico em toda a Grécia, já que
com a existência de diversas pólis (cidades-estados gregas), cada qual com
alto nível de independência - tendo autonomia política e econômica -, outros
modelos são formados. Além de Atenas, outra pólis que se destaca nesse
contexto é Esparta.
Na cidade-Estado espartana, constituiu-se uma sociedade militarista,
governada por dois reis(diarquia) controlados por um conselho aristocrático
formado por 28 anciãos (gerúsia), uma assembleia militar votava as leis
propostas pela gerúsia (ápela) e, finalmente, quem detinha o poder de fato
eram 5 vigilantes que controlavam a vida pública e particular (éforos).
A sociedade espartana era constituída por ESPARTANOS ou ESPARCIATAS
(donos das melhores terras, além de desempenharem função política e militar),
PERIECOS (seres livres e sem direitos) e HILOTAS (massa trabalhadora
pertencente ao Estado, não tinham direitos ou qualquer proteção legal).
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PERÍODO CLÁSSICO
Período que significou o apogeu e declínio do mundo grego com a
ampliação da democracia ateniense, da produção filosófica e por dois conflitos:
Guerras Médicas (496-448 a.C.) e Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.).
As Guerras Médicas simbolizaram o enfrentamento da Pérsia com a
Grécia, pois se objetivava o domínio sobre o comércio no Mar Egeu. A 1ª
etapa do conflito ficou marcada por Atenas rechaçar o ataque persa, devido
a sua superioridade marítima e pela derrota espartana para os persas na
Batalha de Termópilas. A 2ª etapa marcou a liderança de Atenas através da
Confederação de Delos (Aliança militar e que dava aos atenienses o direito
de cobrança de tributos). Com isso, Atenas comanda a vitória final sobre
os persas (batalhas de Salamina e Plateia/Paz de Címon) e obteve como
consequência, o início do Imperialismo Ateniense (450 – 430 a.C.).
Esta fase imperialista ateniense marcou a transferência do Tesouro
de Delos e do Exército de Delos para Atenas, com isso, o governante
ateniense Péricles (Século de Ouro ou Século de Péricles) aumentou a
participação dos cidadãos, aumentou o número de escravos (tempo livre
para o cidadão) e criou, com os recursos do imperialismo, a mistoforia
(“salário político”, que permitia a participação de todos os cidadãos,
inclusive, os pobres). Ou seja, imperialismo e democracia são faces da
mesma moeda de Atenas do século V a.C.
Esparta, como resposta ao Imperialismo ateniense, criou a Confederação
do Peloponeso (432 a.C.), uma aliança militar de cidades do Peloponeso
liderada por Esparta, que tinha como objetivo a derrota de Atenas. Com isso,
ocorreu a Guerra do Peloponeso, que consistia na disputa pela liderança da
Grécia entre Atenas e Esparta. A vencedora do conflito foi Esparta, que iniciou
o Imperialismo Espartano. Porém, logo depois, perdeu para Tebas, que tinha
formado a Liga de Tebas. Entretanto, o imperialismo de Tebas também não
se estabeleceu, pois Atenas e Esparta se uniram para derrotar os tebanos.
O resultado de tantos conflitos foi o “Suicídio Grego”, que levou ao
enfraquecimento e a uma crise da Grécia e facilitou a dominação da região
por outros povos, primeiramente, os macedônios.
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PERÍODO HELENÍSTICO (IV – II A.C.)


Um grande elemento na expansão do pensamento grego pelo mundo foi
o período helenístico (Império de Alexandre, o Grande). Neste período surgiu
o helenismo, conceito que normalmente define o período histórico e cultural
no qual a civilização grega se expandiu no mundo mediterrânico, euroasiático
e no Oriente, fundindo-se com a cultura local durante o período Alexandrino.

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