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História Antiga Ocidental

Aula 3 - A formação do mundo políade e sua


desestruturação – Atenas: um estudo de caso
INTRODUÇÃO

Ao longo de sua história, o território grego foi ocupado por diferentes grupos étnicos, cada qual trazendo suas
influências para a cultura local, abrindo novas fronteiras de comércio e estabelecendo novas relações de poder.

Algumas invasões foram pacíficas e outras extremamente violentas, sendo a mais sangrenta conhecida como a “Idade
das trevas grega”.

Nesta aula, vamos ver como se deu a ocupação do território grego, quais as primeiras políticas adotadas, as principais
estruturas políticas de Atenas, as prerrogativas da cidadania, a Idade das trevas e como foi o início da democracia e a
desagregação do mundo políade.
OBJETIVOS

Determinar como teve início a ocupação do território grego.

Analisar as primeiras formas políticas adotadas no território grego.

Identificar as principais estruturas políticas existentes em Atenas durante o governo aristocrático.

Relacionar as novas leis e instituições introduzidas pelos líderes atenienses e o início da democracia.

Identificar as prerrogativas necessárias aos habitantes de Atenas para se tornarem cidadãos.

Destacar os fatores que contribuíram para a desagregação do mundo políade.


Fonte: Openfinal / Shutterstock

Saiba Mais
,
Na mitologia grega, o rei Minos seria filho de Zeus e da mortal Europa. Ele foi criado com seus irmãos
Sarpedon e Radamanto pelo rei de Creta. Quando o rei morreu, teria deixado seu trono a Minos, que
baniu os irmãos. Sua esposa, além dos filhos que lhe dera, seria mãe do mitológico Minotauro).

A ORIGEM DA GRÉCIA – IDADE DO BRONZE (2.000 A.C. - 1.200 A. C.)


Os habitantes desses lugares não eram gregos, mas sua cultura teve uma influência significativa sobre eles. Por volta
de 2000 a.C, novos povos se estabeleceram em muitas áreas da Grécia e mesclaram as influências minoicas com seus
elementos, originando uma nova realidade.

Nessas áreas, acabaram desenvolvendo sua própria cultura palaciana que durou de 1600 a 1200 em lugares como
Micenas, Tirinto e Pilos (Período Micênico).

Mapa civilização Micênica


astudio / Shutterstock

Sabemos agora que pelo menos alguns desses povos falavam grego, pois centenas de tábuas de argila com inscrições
feitas em uma escrita conhecida como Linear B foram encontradas em Pilos (muitos estudos indicam que essas
inscrições eram uma forma de grego.)
Placa de argila (MY Oe 106) ostentando inscrição micênica (MY Oe 106) em escrita Linear B, encontrada na "Casa do
Mercador de Óleo".
Wikimedia

Esses palácios teriam sido destruídos por volta de 1200 a. C e ainda não descobrimos exatamente a razão para tal
devastação. Segue-se, a partir daí, um período de instabilidade: a “Idade das Trevas”(1200-800 a.C), de que os gregos
se lembravam como uma época de nomadismo e migrações.

Saiba Mais
, Costumamos dividir o território grego em três partes:

• Grécia Continental;
• Grécia Peninsular;
• Grécia Insular.

IDADE DAS TREVAS (XII A. C –VIII A.C.)


A Idade das Trevas refere-se a um período de escassez de documentação, seja material ou arqueológica. O que
sabemos é que houve um grande retrocesso cultural e organizacional.

Os gregos, nessa fase, viviam em habitações menores e mais distantes, o que indica uma significativa redução
populacional.

Acredita-se que os poemas de Homero – a Ilíada e a Odisseia – sejam os maiores indicativos de como vivia a
população desse período, mais especificamente a aristocracia. (glossário)
Estátua de Aquiles, personagem de Ilíada, atingindo no calcanhar. Palácio Achilleion, em Corfu – Grécia.
Panos Karas / Shutterstock

PERÍODO ARCAICO (VIII A.C. –VI A.C.)


A unidade política básica da Grécia era a polis, traduzida como Cidade-Estado. As comunidades gregas eram
independentes umas das outras, rivalizando-se, inclusive. Assim, devemos lembrar que ao falarmos de Grécia Antiga,
não estamos nos referindo a um território possuidor de unidade geográfica e sim de comunidades “aparentadas” por
elementos culturais.

Canicula / Shutterstock

As comunidades gregas tinham nesse período apenas formas simples de organização política. Aos poucos e com
muita resistência, os aristocratas passaram a reconhecer a autoridade central de uma só família que detinha a realeza.
Os reis eram conhecidos pelo nome de basileus.

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Para justificar seu poder perante o restante da população, era comum os aristocratas criarem uma
genealogia divina ou heroica. Em Atenas, por exemplo, foi o herói Teseu (responsável pela morte do
Minotauro, entre outros feitos) quem, segundo a tradição, unificou a Ática e deu à cidade um Conselho
Central, o Areópago, no qual os aristocratas podiam reunir-se.
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Por tradição, os sucessores de Teseu governavam em Atenas como basileus. No entanto, por volta do
século VII a.C, o rei (basileu) já não exercia grande poder. Era apenas um dentre um corpo de
funcionários nomeados anualmente, os nove arkhontes (arcontes).
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Esses arkhontes tornavam-se membros vitalícios do Conselho que se reunia de vez em quando no
Areópago e decidia os destinos da comunidade. Os postos de basileu e arcontes não eram destinados
a todos os habitantes da pólis. A aristocracia mantinha o seu direito exclusivo aos cargos. Além de
aristoi, eles também eram conhecidos pelo nome de eupátridas (filhos de bons pais).
Ao longo dos séculos seguintes, muitos homens iriam se ressentir de serem excluídos do poder e alguns passaram a
explorar os descontentamentos e o poderio militar dos cidadãos para conquistar poder pessoal.

Uma primeira alternativa para tentar atenuar as insatisfações internas foi a fundação de colônias, as apoikias
(colônias). A partir do século VIII a.C várias pólis gregas, entre elas Atenas, estabeleceram “colônias” na Jônia, costa da
Ásia Menor. Posteriormente, a partir de 750 a.C, comerciantes e agricultores descontentes, que desejavam uma vida
melhor, fundaram na Sicília, no sul da Itália, no sul da França, na Espanha, no norte da África e junto ao Mar Negro
outras apoikias.
Fonte: Teatro grego de Taormina, na Sicília

Internamente, aproveitando do clima de perturbação, alguns homens deram golpes e tomaram o poder. Esses
usurpadores eram conhecidos como tiranos – palavra de origem não grega que não tinha necessariamente conotação
de crueldade e opressão. (Muitos foram bons administradores, com aprovação popular). Os tiranos eram indivíduos
que centralizavam o poder em suas mãos.

Fonte: labrujulaverde.com
Seu controle esteve longe de ser inquestionável. Foi derrubado do poder duas vezes por seus inimigos políticos.
Consolidou a tirania em Atenas anos mais tarde e, a partir de então, conseguiu permanecer no poder até sua morte, em
528-27.

Seu governo não pode ser reconhecido como realizador de mudanças radicais no âmbito da política. Garantiu apenas
que seus amigos estivessem entre os arcontes.

Em outras áreas, no entanto, obteve grandes êxitos: grandiosos projetos de edificações, a bela cerâmica de figuras
negras das oficinas atenienses e a remodelação do festival das Grandes Panateneias.

Ânfora grega, do Museu Arqueológico Nacional de Atenas. Foto: Ricardo André Frantz
Wikipedia

Fonte:

Pisístrato conseguiu deixar um sucessor, seu filho, Hípias. O jovem enfrentou uma crescente oposição
aristocrática, mesmo por parte de homens que haviam colaborado com seu pai.
Em 514 a.C, dois amantes aristocratas, Harmódio e Aristogíton, tramaram o assassinato de Hiparco (irmão de Hípias).
Na procissão das Panateneias, os conspiradores entraram em pânico. Hiparco foi assassinado, mas Harmódio foi
morto no atentado e depois Aristogiton morreu sob tortura. Hípias sobreviveu e sua tirania tornou-se ainda mais
severa. Isso fez com que a oposição a seu governo crescesse e ele acabasse deposto.
Fonte: Wikipedia

Ele criou o conceito de isonomia. Todos os cidadãos passaram a ser considerados iguais perante a lei. Implantou ainda
a participação direta do povo, a partir do comparecimento na Assembleia - Eclésia, que votava nas leis preparadas pela
Bulé ou Conselho dos 500. A justiça era distribuída pela Heliae, formada por 12 tribunais e o comando do exército cabia
ao estrategos, em número de dez, escolhidos pela Eclésia para um mandato anual.

Fonte: Eclésia em Atenas, na colina Pinx / Wikimedia

Com a finalidade de preservar a cidade de Atenas, Clístenes instituiu o ostracismo, que consistia em um exílio forçado
dos maus cidadãos. Para isso, o nome do indivíduo era escrito em um pedaço de argila chamado ostrakon, Quando a
maioria votava pela expulsão, o cidadão perdia seus direitos políticos, sem perda dos bens. Depois de dez anos, a
pessoa banida podia voltar à cidade e recuperar todos os seus direitos de cidadão. Esse costume prevaleceu até o
final do século V a.C.
Óstraco de Címon, estadista ateniense, onde se lê o seu nome (Κίμων ο Μιλτιάδου). Museu da Ágara antiga em Atenas
Wikipedia

“Entenda que, para os atenienses, ser cidadão significava ser homem, maior de 25 anos, filho de pai e mãe atenienses e
livre. Dessa forma estavam excluídas mulheres, estrangeiros (METECOS) e escravos, além dos menores de 25 anos.

Isso não quer dizer que Atenas fosse uma democracia deformada. Não podemos esquecer que é equivocado comparar
sociedades antigas com valores atuais. Logo, dentro da lógica estabelecida, os cidadãos eram iguais perante as leis
sim.

Fonte:

Outro elemento importante da democracia ateniense é o modo de escolha de seus magistrados. Na


maioria das funções, a maneira de acesso é o sorteio do qual qualquer cidadão poderia participar.”

No decorrer da formação de seu amplo império, os persas tiveram o domínio sobre várias regiões. Em seu processo de
expansionismo, a partir do século V a.C, começaram a esbarrar nos interesses gregos, na Àsia Menor.

Os jônios, colonos gregos dessa região, solicitaram apoio militar das polieis de Erétria e Atenas contra seus inimigos e
o resultado foi o início dos conflitos genericamente conhecidos como Guerras Médicas. O que estava em jogo era o
controle marítimo-comercial na região.

Combate entre um guerreiro persa e um hoplita grego. Do Pintor de Triptólemo, aproximadamente 480 a.C. Museu
arqueológico nacional de Atenas
Wikimedia

No primeiro confronto, surpreendentemente, 10 mil gregos, liderados pelo ateniense Milcíades, conseguiram impedir o
desembarque de 50 mil persas, vencendo-os na Batalha de Maratona, no ano de 490 a.C.
Diagramação da Batalha de Maratona
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Battle_of_Marathon_map-pt.svg (glossário)

Os persas, entretanto, não desistiram. Dez anos depois voltaram. As poleis gregas esqueceram suas divergências
internas e se uniram contra o inimigo comum.

Os persas foram vencidos em Salamina (480 a.C) e Plateia (479 a.C).Apesar do êxito, o temor de que houvesse um
novo ataque persa persistiu, o que levou as poleis a se unirem em uma confederação, a Liga de Delos. Cada pólis
deveria contribuir com navios, soldados e dinheiro. Atenas aproveitou sua liderança sobre a liga e passou a utilizar o
dinheiro em benefício da comunidade. Várias construções foram realizadas. Atenas entrou em uma fase de grande
prosperidade.

Nessa época, se destaca o governo de Péricles, responsável pelo aprimoramento da democracia ateniense. A ação dos
atenienses de utilizar os recursos da Liga de Delos e punir aquelas poleis que se rebelaram, logo motiva uma
articulação.

Lideradas por Esparta, várias cidades da Grécia Antiga fundaram a Liga do Peloponeso. Tal associação visava
combater a hegemonia de Atenas e da Liga de Delos. Entre 431 e 417 a.C., as várias cidades-Estado gregas se
envolveram em um penoso conflito que ficou conhecido como a Guerra do Peloponeso.
Mundo Egeu em 431 a.C. A Liga do Peloponeso, em rosa
Wikipedia

Fonte: Wikimedia
Glossário
ARISTOCRACIA

Aristoi significa - em grego – belo e bem-nascido, ou seja, a elite econômica e de nascimento.

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