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Aluna: Izabelle Souza de Carvalho Matrícula: 2020087817 Turma: TR

Disciplina: Introdução a Filosofia: Ética

Relatório de Leitura 3: Aprender a ser bom segundo Aristóteles.


(M.F. Burnyeat)

Há uma questão que assola a todos os filósofos desde a antiga filosofia moral
que é referente a dúvida de que é possível a virtude ser ensinada?! Para Sócrates não é
possível saber como adquirir uma virtude sem antes saber o que é uma virtude e
qualquer concepção específica a respeito do desenvolvimento moral depende de uma
ideia de virtude, tal dependência faz com que avaliemos a forma como se caracteriza o
desenvolvimento moral como sendo exemplo do que o autor pensa sobre virtude.
Burnyeat vai buscar nos dizer como adquirimos a virtude segundo Aristóteles para então
concebermos o que de fato é a virtude, durante o processo buscará expor seu
entendimento acerca do homem aristotélico, incontinente, do conflito acrático, de
vontade fraca que reconhece o bem, mas nem sempre o atinge na esperança de que
desapareçam a grande insatisfação de algumas pessoas devido ao não entendimento do
livro. Nos casos do homem bom e acrático serão abordados os aspectos primitivos
relacionados aos quais se desenvolvem o caráter e a moralidade.
Aristóteles teve contato com o intelectualismo – “a preocupação unilateral com
a razão e o raciocínio” – sob a doutrina socrática de que virtude é conhecimento, porém
em suas pesquisas durante a construção do pensamento a moralidade advém de série
de sequências de estágios com questões cognitivas e emocionais o que já auxilia na
remodelação da acrasia.
Sabemos que em ética os bons hábitos levam a apreensão do quê, aperfeiçoa-se
agora que a habituação é uma forma de assimilar o que ao lado da indução e percepção,
por exemplo, aprendemos pela indução que o homem respira e pela percepção que o
fogo é quente. A tese consiste em aprendermos o que é justo e nobre não através da
experiencia de critérios como a indução e intuição, mas sim desenvolvendo ações justas
e nobres, dessa forma nos habituando a uma conduta nobre e justa. O objetivo último
daquele que iniciou a prática é que ele deseja se tornar o tipo de pessoa que detém
atitudes virtuosas e tenha ciência plena de suas ações e executando-as em razão delas
mesmas agindo conforme seu caráter, vale destacar que o iniciante não estaria nesta
jornada se não estivesse formulando em seu pensar as ideias de nobreza ou justiça o
que caracteriza que ele está evoluindo em direção a um senso maduro de valores.
O estudante que Aristóteles acredita ser capaz de absorver suas lições é aquele
que detém o amor pelo o que é nobre e nisto encontra prazer, pois possui uma
concepção do que é verdadeiramente nobre e prazeroso enquanto quem não pôde ter
uma boa criação porque não tiveram a oportunidade de experimentar aquilo que é
considerado nobre e, portanto, prazeroso. Conhecer estes aspectos é o que proporciona
uma familiaridade com a virtude e maior receptividade a argumentos que encorajem a
virtude. O aumento do prazer está diretamente relacionado com a internalização do
conhecimento.
É importante salientar que o caráter do prazer depende do objeto em questão
em que se tem prazer, aquilo em que o homem virtuoso sente prazer não é o mesmo
objeto que do homem não-virtuoso, isto não se relaciona a ter um prazer mais intenso
que o do outro apenas que são objetos diferentes. Aquilo em que o homem justo tem
prazer segundo o texto seria a obtenção de conhecimento através da prática tendo em
vista a obtenção de virtudes. As ações que precedem as virtudes são vistas como
prazerosas quando quem as pratica as enxergam como nobres e virtuosas adquirindo
prazer em realizar algo nobre e bom, tendo em vista disso podemos concluir que ter ou
não ter prazer é o principal teste de ter ou não ter virtudes.
Aristóteles não se ocupa especificar em detalhes qual seria o melhor silogismo
que deva igualmente estar presente a fim de que se configure um caso de incontinência
plena, mas podemos supor qual a ordem que a parte irascível não se detém para ouvir
como devemos aguardar e analisar a situação para depois tomar uma atitude, primeiro
investigue e depois se vingue. Diferente de Platão onde o cão raivoso dentro de nós
tende a ser impulsivo ocupando-se apenas do que é nobre e justo com honra sem se
importar com as possíveis consequências. Se essas respostas avaliativas estão
intrínsecas em nós como resultado de nossa criação e os apetites corpóreos estão em
nós como parte de nossa herança natural enquanto seres humanos as sementes da
acrasia estão conosco quando começamos a estudar Aristóteles, pois ele busca a todo
instante nos encorajar a pensar nossa existência como um todo, a formular uma
concepção racional do bem humano. Mas até que nosso entendimento do porque das
coisas seja lapidado o suficiente para se tornar nossa segunda natureza, isso será
imposto a padrões habituados e bem-estabelecidos de motivação e resposta que exigem
tempo e prática para se misturar a perspectiva vasta e adulta que Aristóteles busca nos
orientar.
Burnyeat vai julgar como descabida a questão de que a explicação é formada a partir de
dois silogismos que juntos exprimem a ideia do conflito um dos quais explica a razão
pela qual o acrático a realiza. É dado como descabida pelo autor pois ao menos na
medida que busca uma resposta nas circunstâncias imediatas da decisão conflituosa,
para ele caso exista uma resposta ela deverá ser identificada na história de vida do
indivíduo.
Devemos esclarecer o conflito atual em termos de passos ainda não plenamente
superados durante o desenvolvimento do caráter, pois segundo a caracterização
aristotélica do desenvolvimento moral é que algo digno de nota com relação aos
silogismos é que ele é uma etapa posterior e menos bem definida de desenvolvimento.
Sendo assim podemos verificar que o que é digno de atenção não é o fato do por que
certas pessoas caem em tentação, mas sim por que há pessoas que não caem. O que
exige nossa atenção para explicar é antes como alguns indivíduos adquirem a
continência ou então a virtude plena do que por maioria dentre as pessoas é mais
comum desviar-se do caminho virtuoso e declinar-se em decorrência dos apetites
corpóreos ou das respostas avaliativas não-racionais. É tendo tais aspectos em vista que
Aristóteles dedica tanto tempo para o acrático enquanto o tipo de pessoa quanto para
as ações acráticas isoladas, sendo peculiar a medir a sensibilidade à incontinência por
comparação ao homem considerado normal. Aristóteles vai justificar tal raciocínio
tendo como argumento de todas as formas de incontinência a das pessoas irritáveis é
mais curável do que a de quem delibera, mas não sustenta sua decisão e ainda vai
destacar que quem é incontinente por habituação é mais fácil de ser curado de quem a
incontinência é inata, pois mais fácil é alterar um hábito do que uma natureza, dito isto
concluímos que mesmo o hábito é complicado de se mudar, visto ser como a natureza.
Somente agora Burnyeat vai conceber a ideia anteriormente apresentada após clarificar
todo o raciocínio e explicar a construção do pensamento e que é possível dizer que o
pensamento antes apresentado se encontra em seu pleno significado. Após observar tal
perspectiva apresentada encontra-se o problema que consiste em como o humano
poderá se desenvolver de forma a atingir uma vida adulta plenamente racional que é o
fim previsto para toda a espécie? De que forma a razão consegue intrudir no ser humano
de modo que estabeleça a melhor forma para os padrões de motivação e resposta que
representam a criança em nós, esse produto da criação e nascimento deve amadurecer
por meio da educação e boa criação para sobreviver.
São três os objetos de perseguição como sendo o nobre, o vantajoso e o prazeroso e
três os considerados objetos de fuga como sendo o oposto dos até então citados: o
ignóbil, o detrativo e o doloroso, sobre todos estes aspectos o homem bom tende a
estar correto e o homem mau equivocado. Essencialmente no que diz respeito ao
prazer, pois o prazer é comum a todos os animais e acompanha todos os objetos de
persecução, tendo em vista que até o nobre e o vantajoso parecem prazerosos. Além
disso ele se desenvolve conosco desde a juventude sendo assim, muito difícil
desvencilhar-se desse sentimento o qual está intrínseco em nós devido ao hábito antigo
de que somos detentores.
Sabendo que há três categorias que o homem plenamente virtuoso precisa ser detentor,
vemos que persecução do prazer é parte intrínseca de nossa natureza animal, a
preocupação com o que é algo nobre varia conforme a criação de cada indivíduo, ao
passo que o bem que aqui tratamos como o mais vantajoso é tido como o objeto de
reflexão madura. Cada uma das tais categorias se relaciona com um conjunto de desejos
e sentimentos que proporcionam efeito motivador nos diferentes processos de
evolução. Manter essas diferenças é o argumento principal para defender a acrasia em
relação ao intelectualismo socrático.
A maior incitação no pensamento socrático de inteligibilidade da acrasia é que para
Sócrates se é assumido que apenas existe um único “objeto de persecução”, somente
uma categoria que é suficientemente complexa para dizer que em seu interior todos os
bens são determináveis em termos como que de somente uma evidente em comum. O
prazer é a evidência determinada para desenvolver o argumento, mas destaca-se que
se em última análise o fator de importância consiste em apenas um (F) e medirmos duas
possíveis ações X e Y em termos de F e por acaso X seja comprovadamente mais F que Y
nada há de valor em Y a fim de tentar compensar sua pouca relevância em F. O suposto
acrático não pode definir Y como sendo menos vantajoso que X, a melhor ação visto que
Y oferece menos do que ele busca (o prazer) independente do que seja F. Se o que
encontramos em y é menos da coisa que ele busca saber, o prazer, oferecer esse prazer
não pode funcionar como forma compreensível como motivo para fazer Y em vez de X
que ele reconhece como mais atrativo. Portanto cabe a Y oferecer algo mais vantajoso
que X para que o homem cair em tentação seja compreensível. Platão entende tal
afirmação e por isso para fazer valer o conceito de acrasia ele diferencia diferentes
objetos de perseguição para cada parte da alma.
Constitui a segunda natureza do homem virtuoso amar e encontrar seu maior prazer
naquilo que ele sabe que é bom. No caso do homem virtuoso os três parâmetros estão
em harmonia se elas se tornam determináveis em termos de prazer e sofrimento, mas
de forma específica e não aberta a sugestões como se pensa no modelo intelectualista
socrático, pois a concepção do que o homem justo tem de algo virtuoso agora está
pautada em seu próprio pensamento do que é o bem, tal como no passado se era guiado
pelos conselhos dos pais ou mestres sobre o que seria o bem. Na Rhetorica é dada a
definição do que é algo nobre “é aquilo que, sendo bom, é prazeroso porque é bom”.
Com as três categorias em harmonia é que podemos nos considerar blindados, pois nada
nos atrairá ou seduzirá tanto quanto a ação temperante ou corajosa. Nada parecerá ser
tão prazeroso e em virtude disso é que Aristóteles pode concluir que o homem
plenamente dotado de virtude não pode, de forma alguma, ser acrático, pois
basicamente ele não tem mais razão para ser.

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