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Resumo Ética e Cidadania

Ética
Podemos definir ética como a ciência que estuda o comportamento moral do ser humano em
sociedade. Ética se caracteriza-se como uma ciência com a produção de um conteúdo, de um
conceito humano, de uma articulação intelectual analítica e descritiva. Basicamente está ligado
a relação social de um sujeito com os outros.

Moral
A moral pode ser compreendida como uma série de normas, aceitas de um modo livre e
consciente, as quais organizam a conduta do ser humano na sociedade. Moral então são normas
que devem ser seguidas para o convívio em sociedade. Existem regras que não são
regulamentadas, são regras feitas pelo próprio individuo, exemplo com amigos, namorados e
família, as regras por exemplo de uma família não são formais autenticadas em cartório porem
são regras estabelecidas por aqueles indivíduos.

Temos Liberdade de escolher os primeiros passos, porém não temos autonomia para mudar as
consequência e até mesmo algumas leis, por exemplo se eu estou em um prédio de 10 andares,
posso escolher sair pelas escadas, pelo elevador ou pela sacada, cada uma das minhas escolhas
implicará em uma consequência, se eu escolho sair pelas escadas isso me acarretará a um
desgaste físico, se escolho o elevador terei que esperar o mesmo e se porventura escolher a
sacada terei que lidar com a lei da gravidade que consequentemente faria eu cair.

Epistemologia
A epistemologia ou teoria do conhecimento é o ramo da filosofia que se dedica ao estudo do
conhecimento e, também, do que chamamos crença justificada. Assim, a epistemologia
encontra-se subdividida em quatro áreas principais:

1. Análise dos principais conceitos envolvidos na área, tais como conhecimento,


justificação e racionalidade. Neste campo de estudo devese primeiramente analisar os
conceitos que serão utilizados no decorrer da abordagem, pois a precisão conceitual é
algo determinantemente essencial em qualquer campo de estudo.
Pesquisa... O que é o conhecimento? O que é racionalidade? Quais são as garantias do
conhecimento?

2. Problema do ceticismo em relação ao conhecimento e à crença justificada. A dúvida


metodológica serve como uma ferramenta para a pesquisa, pois nos move à análise
crítica em busca de respostas por meio de perguntas norteadoras.
Para pensar... O conhecimento é uma realidade ou apenas uma ilusão produzida por
algo desconhecido? Se o conhecimento se expressa por uma crença justificada em
determinada área razoavelmente aceita pelo ser humano, como as ciências exatas, por
exemplo, tal critério aferidor pode ser transposto para as ciências humanas, e para o
campo moral e comportamental? Para obter conhecimento é necessário que este seja
100% garantido e fundamentado e, portanto, sem qualquer equívoco por parte do
sujeito agente?
3. Fontes e a abrangência do conhecimento ou da crença justificada. As fontes e os tipos
de conhecimento podem vir dos cinco sentidos, da memória, da introspecção, dos
pensamentos, dos sentimentos, dentre outros. Contudo, devemos submetê-los à
verificação e análise, com vista a encontrarmos justificativas que sejam racionais para
sustentá-los.

4. Parâmetros concernentes ao conhecimento ou à crença justificada. O conhecimento


pode ser compreendido como uma crença, pois é necessário que o sujeito creia na
referida proposição que ele carrega, contudo, mesmo a crença apresentando-se como
uma condição necessária ao conhecimento, ela não é suficiente. É preciso que o
conhecimento, além de verdadeiro, seja justificado adequadamente. A rigor, portanto,
há três condições necessárias e suficientes ao conhecimento: crença, verdade e
justificação.

Também é preciso enfatizar que o conhecimento possui três tipos específicos:

• Conhecimento por contiguidade: Aponta o fato de que o sujeito conhece determinada


coisa porque essa realidade está em sua consciência. Por meio de nossos sentidos por
exemplo
• Conhecimento por repetição: Este conhecimento é fruto da habilidade que o ser
humano possui em realizar determinada tarefa. Porem, esse conhecimento não implica
necessariamente na consciência do individuo quando de sua prática, porquanto, é
possível que alguém saiba realizar uma série de tarefas simplesmente pela mera
repetição constante.
• Conhecimento proposicional: É chamado de proposicional porque o objeto direto do
verbo saber/conhecer é uma proposição. O conhecimento proposicional, a partir de
Platão, é a definição padrão para o conhecimento: uma crença verdadeira justificada.
No entanto, não é de menor importância enfatizarmos que o conhecimento
proposicional somente deve ser compreendido como uma crença verdadeira justificada,
pois é possível alguém crer em algo que não seja verdadeiro; é possível alguém crer em
algo que seja verdadeiro, mas não seja justificado. Os três elementos devem estar
presentes.

Outra importante noção essencial a respeito da epistemologia está ligada ao conceito


de racionalidade. O termo “racional” será utilizado em três aspectos distintos:

• Racionalidade aristotélica: Para Aristóteles, que chamou o homem de animal racional,


os seres humanos são racionais em essência, ou seja, possuem o poder natural de
pensar e refletir de modo conceitual sobre o mundo. Contudo, é preciso sempre ter em
mente a diferença entre a capacidade de realizar algo em si mesmo e a própria
efetivação concreta dessa potencialidade. A capacidade que o homem tem de formar
conceitos e deliberar com respeito a eles, não representa propriamente seu exercício
e/ou seu desenvolvimento

• Atributos da razão: Neste sentido, a expressão racional se constitui em uma faculdade


natural da própria razão. Dessa maneira, a verdade – seja lógica, ou matemática – pode
ser conhecida a priori, em oposição ao modo a posteriori – próprio de uma justificação
que recorre às experiências provenientes dos sentidos. Portanto, as verdades a priori
são autoevidentes, ou seja, o sujeito é naturalmente inclinado a conceder a verdade da
proposição que lhe é apresentada porque não poderia constituir-se de outra forma.

• Racionalidade como justificação ou garantia: É neste sentido que se concebe


prioritariamente o conceito de crença justificada. Para tanto, a racionalidade se
constitui como um instrumento objetivo para a obtenção da verdade. Portanto,
conceber uma crença como racional é sinônimo de compreendê-la como verdadeira,
desse modo, a justificação racional surge como um veículo condutor da verdade.
Quando o sujeito adota tal princípio como aferidor da veracidade da proposição, tem-
se a racionalidade tomada de valor epistêmico para o sujeito como implicação. Contudo,
essa adoção não é algo aleatório, mas segue o que chamamos de regras ou exigências
epistêmicas de ordem deontológica, que se forem seguidas servem como parâmetros
norteadores e fundantes das crenças justificadas. Ou seja, se as regras racionais
estiverem presentes em determinada proposição, logo esta é verdadeira, portanto,
pode ser aceita como uma crença por justificar-se segundo tais critérios aferidores.

RESUMO LIVRO ÉTICA E CIDADANIA- GUIA DE ESTUDO

A moralidade abrange as nossas crenças, justificadas ou não, também as motivações, atitudes,


caráter e conduta, sem esquecer a dimensão de valor desses elementos, ou seja, se estão certos
ou errados.

Há, no entanto, quatro proposições aceitas por vários filósofos que se constituem nas condições
necessárias e suficientes para definir a moralidade. Observemos:

1. O juízo é moral somente se aceito como guia de conduta. O principal aspecto essencial
aqui envolvido diz respeito ao caráter prioritário da moralidade em relação aos demais
aspectos da vida. As autoridades dos juízos morais sobrepõem-se às outras relações do
comportamento humano, tais como regras de etiqueta, costumes e leis promulgadas,
dentre outros.
2. O juízo é moral somente se for um imperativo prescritivo. Neste aspecto a ênfase recai
sobre a moralidade como uma prescrição que deve ser cumprida. Dessa forma, o juízo
moral tem a função prioritária de prescrever os deveres morais que realmente precisam
essencialmente ser cumpridos pelas pessoas.
3. O juízo é moral somente se puder ser universalizável. A característica primária deste
princípio reside na ideia de que os juízos morais devem ser aplicados indistintamente a
todas as situações morais semelhantes, considerando as características singulares
relevantes de cada momento. Assim, o juízo aferidor da moralidade não depende de
questões pessoais ou relacionadas aos sentimentos humanos, se dessa forma fosse,
então, o juízo seria algo arbitrário e impositivo, portanto, completamente destituído de
fundamentação correta.
4. O juízo é moral somente se fizer referência ao desenvolvimento humano. Neste tópico,
a ênfase recai na necessidade de focalizar a dimensão do juízo moral no que concerne
ao seu objetivo essencial de: respeitar o ser humano e preservar a dignidade e o bem-
estar da vida humana em todos os seus mais diversos aspectos.

Lembremos... a ética é o estudo da moralidade.


No que concerne ao campo de estudo da ética, há quatro diferentes áreas dedicadas à análise
da moralidade. Duas não são normativas: a ética descritiva e a metaética; e duas são
normativas: a ética normativa e a ética aplicada.

1. A ética descritiva, como a própria nomenclatura evidência, trata-se de uma descrição


de ações morais, comportamentos e regras gerais existentes em determinado grupo
cultural ou para indivíduos.
2. A metaética dedica-se basicamente à análise conceitual dos significados dos termos e
sentenças que são apresentados no estudo da moralidade humana.
3. A ética normativa tem, prioritariamente, como objetivo a formulação e a defesa de
princípios morais, regras, sistemas e virtudes basilares que servem como parâmetros
norteadores para a tomada de decisões, externalizando quais ações devem ser
realizadas e, também, quais ações não podem ser feitas. Além disso, aponta qual tipo
ideal de pessoa devemos, ou não, ser.
4. A ética aplicada é o campo de estudo que se dedica a investigar problemas morais de
ordem mais específica, como aborto, pena de morte, eutanásia, etc.

Teorias ético-normativas

Em primeiro lugar, é necessário pontuar que as teorias ético-normativas têm a função


de desenvolver um relato concernente a quais ações são certas ou erradas e às razões
que justificam tais procedimentos humanos. De modo geral, tem sido frequente na
atualidade a divisão das teorias ético-normativas em dois grupos distintos que se
excluem mutuamente, que são as teorias ético-normativas de ordem teleológica e de
ordem deontológica.

• Ética teleológica. Para a ética teleológica, uma ação pode ser tida como certa
considerando apenas o bem ou o mal por ela produzido. Os aspectos mais
importantes são, portanto, as consequências dos atos, exclusivamente.
teorias ético-normativas de ordem teleológica mais presentes atualmente:
egoísmo ético e utilitarismo:
I. Egoísmo ético
Para o egoísmo ético o sujeito deve moralmente seguir apenas e tão
somente as regras morais que se enquadrem nos seus interesses
particulares. Para essa teoria, a regra definidora da moralidade se dá
quando o sujeito promove unicamente seus próprios interesses. Dessa
forma, esse é o fundamento dominante da moralidade para o egoísmo
ético. Existem, principalmente, dois argumentos favoráveis ao egoísmo
ético que tentam justificar sua prática: o argumento do egoísmo
psicológico e o argumento utilitarista particular (se quiser saber mais
sobre esse tema ele se encontra no livro na pagina 31)

II. Utilitarismo
A segunda teoria ético-normativa que será considerada neste capítulo
é o utilitarismo. A sua concepção essencial pode ser definida como um
ato em si ou uma regra moral que o mova, recebe o juízo de certo ou
errado, unicamente segundo as consequências produzidas pelo ato ou
pela regra em si. Abordaremos essa teoria ético-normativa por meio de
três análises distintas: as teorias utilitaristas de valor, o princípio da
utilidade e as diferentes formas de utilitarismo. (também não irei me
aprofundar muito neste tema, se encontra na pagina 33 do livro)

• Ética deontológica. Defende que as ações são intrinsecamente certas ou


erradas consideradas a partir de um conceito moral explícito, negando que as
consequências são os únicos elementos que determinam o juízo de valor de
uma decisão moral. Seguindo adiante em nosso objetivo de estudo da ética
deontológica, é necessário considerar três aspectos distintos: 1) teoria
deontológica de valor, 2 ) natureza da regra moral e 3) argumentos favoráveis e
contrários à teoria:
I- Teoria deontológica de valor O ponto central é que as regras morais
possuem valor intrínseco, e não instrumental, tendo a moralidade como
sua essência. Deste modo, para aqueles que seguem a ética
deontológica, um ato não é correto quando visa a um resultado, mesmo
que ele seja moral, mas apenas e tão somente quando o ato está em
conformidade com a regra moral.
II- Está dividida em duas éticas deontológicas surgidas historicamente.
a deontologia do ato e a deontologia da regra.
Para a deontologia do ato, o sujeito, moralmente falando, deveria ser
capaz de compreender, de modo intuitivo, a ação correta a ser realizada
em todas as circunstâncias morais sem qualquer necessidade de
recorrer às regras morais. Contudo, essa perspectiva nunca encontrou
ampla aceitação devido ao seu caráter muito subjetivista e por falhar
em compreender a natureza das regras morais e suas funções nas
relações humanas. Para a deontologia da regra, os atos são
considerados certos ou errados quanto se encontram em conformidade
ou não a uma regra moral correta.
III- Argumentos favoráveis e contrários à teoria. No que concerne a uma
avalição dos argumentos favoráveis e contrários à ética deontológica,
em primeiro lugar nos deparamos com o argumento de que essa teoria
seria apta a percerber o senso comum das pessoas e a considerar, na
formulação, as organizações morais quando analisa a natureza das
ações e das regras morais humanas. Em certos aspectos, a ética
deontológica enfatiza profundamente a intuição moral do ser humano,
mesmo podendo caracterizar algo por demais subjetivo, todas as
teorias ético-normativas em algum momento necessitam recorrer a
esse aspecto da composição do pensamento humano, contudo, a
concepção deontológica possui uma harmonia coerente com a intuição
do ser humano. (ler mais sobre esse argumento na pagina 45 do livro)

• Ética de virtude
também chamada de ética aretaica (do grego arete = virtude). Essa teoria é
muito recorrente na história da filosofia, porquanto, é tratada frequentemente
por uma diversidade de autores em várias épocas, como Aristóteles, Platão,
Tomás de Aquino, dentre outros. A partir dessa teoria surge uma crítica, por
vezes enfatizada, de que a ética dentológica concentra-se excessivamente em
coisas abstratas sem se dedicar àquilo que realmente importa, pelo menos para
a ética da virtude, como promover o desenvolvimento de um caráter ético, uma
boa pessoa e suas corretas motivações morais. Desse modo, para a ética da
virtude, o principal aspecto o qual se concentra, é a definição do que é uma
pessoa boa e como tal pessoa pode ser desenvolvida; além disso, a teoria da
virtude a esses aspectos enfatiza a necessidade da sua prática social nos
diversos relacionamentos humanos. (ler mais sobre na pagina 45 do livro)

Mais informações no capitulo 3 e 4 do livro

NICOLAU MAQUIAVEL, MARTINHO LUTERO E JOÃO CALVINO —


CONTEXTO HISTÓRICO-TEMÁTICO
Inicialmente, podemos apontar Nicolau Maquiavel como um filósofo que defende princípios
utilitaristas, visto que sua preocupação primeira é o resultado. Por implicação, a moralidade dos
atos é determinada prioritariamente pelos objetivos desejados. A partir de outra perspectiva, a
Reforma Protestante, aqui representada pelos seus principais expoentes, trouxe à tona
concepções de pensamento de valorização do indivíduo que se apresenta no mundo moderno,
um elemento vital para a construção e aplicação dos direitos humanos nos séculos
subsequentes.

Nicolau Maquiavel é, com certa probabilidade, um dos personagens da história que mais
provocou controvérsias e debates em torno de suas proposições. Polarizações extremas ou
gradações de interpretações são, por vezes, opostas e difusas, tanto quanto sejam diversas e
múltiplas. Aqui não é o lugar para solucionar os problemas envolvidos na interpretação deste
autor, tampouco, é o nosso objetivo, mas obviamente isso não seria possível em qualquer lugar
ou espaço. Desse modo, nos concentraremos, o quanto possível, somente naquilo em que há
algum grau de consenso. Contudo, antes de nos atermos propriamente ao estudo das principais
proposições de Maquiavel, será necessário uma contextualização histórico-temática do período
que se aplica aos autores que estudaremos, mesmo que o façamos sucintamente. Nesse período
em que floresce a filosofia moderna, encontramos o Renascimento, um momento de transição
entre o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna, influenciando a situação vivencial dos
protagonistas da história nesse período em vários aspectos, como política, religião, filosofia,
ciência, arte..., enfim, em outras palavras, na cultura geral como um todo abrangente.
Observamos em linhas gerais alguns elementos temáticos constituintes nas mentalidades que
irrompem nesse período, como Antropocentrismo, Racionalismo, Humanismo e Individualismo.
O Antropocentrismo desse período foi uma reação ao Teocentrismo da Idade Média como chave
ideológica de interpretação do mundo. Agora, a realidade, seja de que ordem for, deve ser
regulada e interpretada tendo o homem como fiel da balança nas mais diversas relações
existentes, ou seja, tudo agora deve ser interpretado em sua inter-relação com o humano. O
Racionalismo defende a tese de que há sempre uma causa inteligível que explica a origem de
algo, estabelecendo, desse modo, a proeminência e independência da razão do homem como
meio, por excelência, para a produção do conhecimento em detrimento de qualquer meio ou
autoridade revelacional.
Aqui, já encontramos as bases do que mais tarde constituirá o Iluminismo, que levará até as
últimas consequências esse princípio. O Humanismo, nesse período, tem uma característica
marcadamente relacionada ao interesse pelos textos clássicos da antiguidade, principalmente
gregos e latinos. No entanto, também se relaciona a uma valorização do humano
contrariamente ao desprezo metodológico existente na Idade Média. O homem renascentista
elegeu os textos da antiguidade clássica como o seu fundamento norteador. O Individualismo
está mais voltado para um conceito político que enfatiza a liberdade do indivíduo diante das
suas relações sociais, principalmente com o Estado, porque o indivíduo é agora observado como
uno e não somente como parte integrante de um grupo social em que suas ideias e seus
pensamentos somente possuem valor se estiverem em conformidade com o estabelecido; está,
portanto, livre para pensar de modo contrário àquilo que é exposto pela agenda normativa de
seu tempo; uma reviravolta epistemológica que gera liberdade de pensamento ao sujeito real.
Nesse período da história ocorre uma enorme profusão de elementos e relações que
contribuíram com a construção do contexto intelectual que determina a produção de sentido
das mentalidades dos agentes. Esses elementos potencializaram novas explicações da realidade
à qual o homem moderno estava inserido, pois apresenta a ela a possibilidade de interpretações
que não estivessem condicionadas ao sistema epistemológico dogmático vigente no período,
caracterizado pela imposição de uma interpretação única acerca da realidade, além de
limitadora de um exercício intelectual pensante, exigindo única e tão somente uma mera
reprodução de interpretações impositivas. Maquiavel está inserido nesse contexto histórico e
temático, tendo nascido em 3 de maio de 1469, em Florença, numa Itália constituída por vários
Estados pequenos, organizados em uma variedade diversa de regimes políticos, propensos a
conflitos contínuos de interesses e sujeitos a invasões de outros países já organizados e
estabilizados. A Itália era caracterizada, basicamente, pela desordem política e a instável
segurança contra invasões externas. Maquiavel foi educado segundo o modelo renascentista,
conhecia a retórica latina e os clássicos greco-romanos. Ocupou alguns cargos públicos e exerceu
funções diplomáticas em meio a conflitos de poder. Deposto de suas funções públicas, foi preso
acusado de conspirar contra os Médicis, além de torturado e das multas que foi obrigado a
pagar. Mais tarde, em uma espécie de exílio, dedica-se mais detidamente ao estudos dos
clássicos. Nessa época escreve as suas obras O príncipe (2010) e Os discursos sobre a primeira
década de Tito Lívio (2007), dentre as principais. Em O príncipe (2010), sua obra mais famosa e
dedicada a Lorenzo de Médici, Maquiavel apresenta conselhos políticos para a conquista,
conservação e manutenção do poder. Advoga que o soberano pode fazer uso até mesmo de
meios cruéis, em determinadas situações para a manutenção do poder, portanto, tem como
ponto de partida de suas proposições a visão do ser humano tendente à prática do mal. Partindo
desse princípio, o governante, por não poder confiar nos homens, deve ter uma reação
preventiva a essa perspectiva por meio da força, se necessário, para ser temido. Defende que o
ideal é o equilíbrio entre ser temido e amado, mas, como essa tarefa não é das mais fáceis, ser
temido é o mais apropriado para garantir o poder.

Seguindo adiante em nosso propósito de apresentar o contexto desses autores, nos deparamos
com a Reforma Protestante, que é em um movimento que reestrutura completamente o
andamento dos sistemas de pensamentos, em vários âmbitos, que vigoravam na história da
humanidade até o seu advento. O ponto de partida dessa reconstrução do lugar social, em que
o homem moderno surgirá, é o período histórico do século XVI, especificamente circunscrito à
Reforma Protestante em sua relação com a época do Renascimento na Europa durante os
séculos XIV a XVI, o qual pode ser entendido, em certo sentido, como uma construção histórica
que surge como uma preparação intelectual para a Reforma Protestante ao produzir as bases
estruturais necessárias ao desenvolvimento e à expansão do pensamento desse movimento
reformista. Dentre as principais influências renascentistas, uma das mais importantes foi a volta
ao estudo das línguas clássicas e antigas, possibilitando diversas traduções da Bíblia a partir dos
originais grego e hebraico para as línguas vernáculas na Europa. A Reforma Protestante possui
o seu principal foco norteador e determinante de sentido construído a partir da interpretação
da Bíblia – constituindo-se como fonte por excelência para a pregação, traduzindo-se como o
parâmetro diretor da ética prática dos seus seguidores, o qual influencia amplamente o modo
de vida social na Europa até o presente tempo.

Ler mais sobre o assunto no capitulo 5 do livro

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