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MOTIVAÇÃO

Definições

 “Para cada ação que uma pessoa ou animal executa, nós


perguntamos: 'Por que ele ou ela fez aquilo'. Quando fazemos
esta pergunta, estamos perguntando sobre a motivação daquela
pessoa ou animal... Questões sobre motivação, então, são
questões sobre as causas de uma ação específica”. (Mook,
1987, p. 3).

 “(...) a motivação é um processo que dá energia, direciona e


sustenta o comportamento em direção a um objetivo.”
(Gazzaniga & Heatherton, 2018, p. 243)
Definições

 “O estudo da motivação é a investigação das influências sobre


a ativação, força e direção do comportamento”.
(Arkes&Garske, 1977, p. 3).

 “Entendemos por motivo algo que incita o organismo à ação ou


que sustenta ou dá direção à ação quando o organismo foi
ativado”. (Hilgard & Atkinson, 1967, p. 118).

 “Uma motivação é uma condição que energiza o


comportamento e o orienta.” (Atkinson, R. et al., p. 370, 2002).
Definições
A maior parte das teorias gerais da motivação enfatiza quatro qualidades
essenciais dos estados motivacionais.

Causa/Ativação: os estados motivacionais são energizantes, ou estimulantes.


Eles ativam comportamentos – isto é, fazem com que animais façam alguma
coisa.
Direção: os estados motivacionais são diretivos. Orientam os
comportamentos em direção a atender objetivos ou necessidades específicas.
Sustentação/Persistência: os estados motivacionais ajudam os animais a
persistir em seu comportamento até que alcancem seus objetivos ou satisfaçam
suas necessidades.
Força/Intensidade: a maior parte das teorias concorda que os motivos
diferem em força, dependendo de forças internas e externas.
Sócrates

Sócrates procura responder à questão: “O que é a natureza ou realidade última do


homem?", ou seja: “O que é a essência do homem?". A resposta é, finalmente, precisa e
inequívoca: o homem é a sua alma, enquanto é precisamente sua alma que o distingue
especificamente de qualquer outra coisa.

E por "alma" Sócrates entende a nossa razão e a sede de nossa atividade pensante e
eticamente operante.

Em poucas palavras: para Sócrates a alma é o eu consciente, ou seja, a consciência e a


personalidade intelectual e moral. Consequentemente, com essa descoberta, como foi
justamente salientado, Sócrates criou a tradição moral e intelectual sobre a qual a
Europa espiritualmente se construiu.
Sócrates

Relação entre corpo e alma


Um dos raciocínios fundamentais de Sócrates para provar essa tese é o seguinte:

uma coisa é o "instrumento" que se usa e outra é o "sujeito" que usa o instrumento.
Ora, o homem usa o próprio corpo como instrumento, o que significa que o sujeito, que
é o homem, e o instrumento, que é o corpo, são coisas distintas.

Assim, à pergunta "o que é o homem?", não se pode responder que é o seu corpo, mas
sim que é "aquilo que se serve do corpo".
Sócrates
A mais significativa manifestação da excelência da psyché ou razão humana se dá naquilo
que Sócrates denominou de "autodomínio“ (enkráteia), ou seja, no domínio de si mesmo
nos estados de prazer, dor e cansaço, no urgir das paixões e dos impulsos:

"Considerando o autodomínio como a base da virtude, cada homem deveria procurar tê-lo."

Substancialmente, o autodomínio significa domínio da própria racionalidade sobre a


própria animalidade, significa tornar a alma senhora do corpo e dos instintos ligados ao
corpo. Consequentemente, podemos compreender perfeitamente que Sócrates tenha
identificado expressamente a liberdade humana com esse domínio da racionalidade sobre a
animalidade. O verdadeiro homem livre é aquele que sabe dominar seus instintos, o
verdadeiro homem escravo é aquele que, não sabendo dominar seus instintos, torna-se
vítima deles.
Sócrates

A tese socrática que apresentamos implicava duas consequências, que foram logo
consideradas como "paradoxos", mas questões muito importantes e devem ser
oportunamente clarificadas.

1) A virtude (cada uma e todas as virtudes: sabedoria, justiça, fortaleza, temperança)


é ciência (conhecimento), e o vício (cada um e todos os vícios) é ignorância.

2) Ninguém peca voluntariamente; quem faz o mal, fá-lo por ignorância do bem.
Filosofia platônica

Relação entre corpo e alma

Na seção anterior, explicamos o caráter não "dualista", no sentido usual conferido a essa
expressão, da relação entre as Ideias e as coisas, uma vez que as Ideias são a "verdadeira
causa" das coisas. No entanto, é dualista (em certos diálogos, em sentido
total e radical) a concepção platônica das relações entre alma e corpo, porquanto Platão
introduz, além da participação da perspectiva metafísico-ontológica, a participação do
elemento religioso derivado do Orfismo, que transforma a distinção entre alma (= supra-
sensível) e corpo (= sensível) em oposição.

Por essa razão, o corpo é visto não tanto como receptáculo da alma, à qual deve a vida
juntamente com suas capacidades de operação (e, portanto, como instrumento a serviço da
alma, segundo o modo de entender de Sócrates), e sim, ao contrário, como "tumba“ e
"cárcere" da alma, isto é, como lugar de expiação da alma.
Platão

As três partes da aIma


Em cada homem estão presentes as três faculdades da alma. Diante dos
mesmos objetos existe em nós:

a) a apetitiva: uma tendência que nos impele para eles e que é o desejo;
b) a irascível: e uma terceira tendência, pela qual nos iramos e inflamamos,
que não é nem razão nem desejo (não é razão porque é passional, e não é
desejo porque frequentemente a ele se opõe, como, por exemplo, quando
ficamos irados por termos cedido ao desejo).
c) a racional: outra tendência que, ao contrário, nos afasta deles e domina o
desejo, e é a razão;
Aristóteles

Os seres animados se diferenciam dos seres inanimados porque


possuem um princípio
que lhes dá a vida, e esse princípio é a alma. Mas o que é a
alma?
Aristóteles

a) "alma vegetativa“: de caráter vegetativo, como nascimento,


nutrição, crescimento etc.;

b) "alma sensitiva“: de caráter sensitivo-motor, como sensação e


movimento;

c) "alma intelectiva" ou racional: de caráter intelectivo, como


conhecimento, deliberação e escolha.
Santo Agostinho

A vontade, a liberdade, a graça

A atormentada vida interior de santo Agostinho e sua formação espiritual,


realizada inteiramente na cultura latina, que dava à voluntas um relevo
desconhecido para os gregos, permitiram- lhe entender a mensagem bíblica
precisamente em sentido "voluntarista", fora dos esquemas intelectualistas do
mundo grego.
Santo Agostinho

Agostinho foi o primeiro escritor a nos apresentar os conflitos da


vontade em termos precisos, como já destacamos:

"Era eu que queria e eu que não queria: era exatamente eu que


nem queria plenamente, nem rejeitava plenamente. Por isso,
lutava comigo mesmo e dilacerava-me a mim mesmo".
Santo Agostinho

A liberdade é própria da vontade e não da razão, no sentido em


que a entendiam os gregos. E assim se resolve o antigo paradoxo
socrático de que é impossível conhecer o bem e fazer o mal. A
razão pode conhecer o bem e a vontade pode rejeitá-lo, porque,
embora pertencendo ao espírito humano, a vontade é uma
faculdade diferente da razão, tendo uma autonomia própria em
relação à razão, embora seja a ela ligada.

A razão conhece e a vontade escolhe, podendo escolher até o


irracional, ou seja, aquilo que não está em conformidade com a
reta razão.
Descartes
 Vontade (Descartes):
- Dualismo entre mente e corpo.
Corpo como agente mecânico semelhante a uma
máquina, e motivacionalmente passivo. Como uma entidade
física, o corpo possuía necessidades de nutrição e respondia ao
ambiente de maneira mecânica, através de seus sentidos, seus
reflexos e sua fisiologia.
Mente como entidade pensante e espiritual, possuidora
de uma vontade dotada de propósito. A Vontade como um
agente imaterial, espiritual e motivacionalmente ativo. A
mente controlaria o corpo; o espírito governaria os desejos
corporais.
Descartes
 Vontade (Descartes):

A vontade inicia e direciona a ação; cabe a ela decidir se e


quando agir. Neste contexto a vontade é uma característica da
mente que age no sentido da virtude e da salvação controlando
os apetites corporais, as paixões e dando ao sujeito o poder de
escolha.
Descartes
 Vontade (Descartes):

O objetivo moral desse estudo é de demonstrar que a alma pode


vencer as emoções ou, pelo menos, frear as solicitações
sensíveis que a distraem da atividade intelectual, projetando-a
para as amarras das paixões. Para tanto, dois sentimentos são
importantes, a tristeza e a alegria: a primeira está em
condições de mostrar as coisas das quais devemos escapar; a
segunda, as coisas que devemos cultivar. O guia do homem,
porém, não são as emoções ou os sentimentos em geral, mas
sim a razão, a única que pode avaliar e, portanto, induzir a
acolher ou rejeitar certas emoções.
Descartes
 Vontade (Descartes):

O conjunto torna-se evidente a direção da ética cartesiana, isto é,


a lenta e trabalhosa submissão da vontade à razão, como força-
guia de todo o homem.
A liberdade da vontade só se realiza pela submissão à lógica da
ordem que o intelecto é chamado a descobrir, dentro e fora de
si.
Teoria dos instintos

 Instintos:
No início do século XX, os psicólogos geralmente atribuíam o
comportamento aos instintos – padrões de comportamento
específicos e inatos, característicos de toda uma espécie.
Teoria dos instintos

 Instintos:
Teoria Etológica (K. Lorenz/N.Tinbergen)– No sentido
etológico, um padrão de comportamento pode ser chamado de
instintivo quando ele é:
a) Específico à espécie – ou seja, ele aparece em todos os
membros de uma espécie independentemente do ambiente em
que cresceram e sem serem especificamente aprendidos;
b) Um padrão fixo de ação – ou seja, ele tem uma organização
muito estereotipada e previsível;
c) Inatamente liberado – ou seja, ele pode ser desencadeado por
algum estímulo natural na primeira vez em que há contato com
o estímulo.
Teoria dos instintos

 Instintos:

Teoria Etológica (K. Lorenz/N.Tinbergen)

Imprinting: Uma resposta comportamental adquirida cedo na


vida, irreversível e normalmente liberada por um certo estímulo
ou por certa situação desencadeadora.
Teoria dos instintos

 Instintos:

No entanto, essa concepção apresenta várias ponderações. Em primeiro


lugar, os psicólogos não concordam quanto a quais, ou mesmo
quantos, instintos primários existem.

Um dos primeiros psicólogos, William McDougall (1908), sugeriu que


existiam 18 instintos. Outros teóricos encontraram ainda mais – com
um sociólogo (Bernard, 1924) alegando que havia exatamente 5.759
instintos diferentes
Teoria do impulso

Pulsão: processo dinâmico que consiste numa pressão ou força (carga


energética, fator de motricidade) que faz o organismo tender para um
objetivo; o seu objetivo ou meta é suprimir o estado de tensão que reina
na fonte pulsional; é no objeto ou graças a ele que a pulsão pode atingir
sua meta. (Laplanche & Pontalis, 2001)
Teoria do impulso
 Impulso:
- Teoria do Impulso de Freud:

Para Freud, a pulsão está na fronteira entre o psíquico e o corporal, o que não
significa ser ou estar numa interseção entre soma e psique. Entretanto, a
fonte da pulsão é a excitação de um órgão e sua meta é o cancelamento da
excitação. (GARCIA-ROZA, 1999)

Freud explica ainda que a pulsão não é equivalente à necessidade corporal,


pois há uma diferença fundamental entre as duas: a necessidade é uma
força momentânea provocada por um déficit que pode ser saciado; já a
pulsão não. Ela é uma força constante, considerada um estímulo para o
psíquico, ou seja, situa-se fora dele, e da qual não se tem como fugir.
(GARCIA-ROZA, 1999)
Teoria do impulso
 Impulso:
- Teoria do Impulso de Freud:

O princípio do prazer refere-se ao modo de funcionamento da parte inconsciente do


aparelho psíquico que busca o prazer imediato.

O princípio da realidade é o modo de funcionamento da parte consciente do


aparelho psíquico com o objetivo de dar o juízo de realidade e mediar a satisfação
do desejo as possibilidades do mundo real e normas sociais.

Pulsão de Vida X Pulsão de Morte


Teoria do impulso
 Impulso:
- Teoria do Impulso de Clark Hull
O impulso é uma fonte de energia agrupada e composta de
todos os déficits/ distúrbios experimentados
momentaneamente pelo corpo. As necessidades particulares de
alimento, água, sexo, sono, e assim por diante, são
concentradas para constituírem uma necessidade corporal
total. Se um animal é privado de água, sexo ou sono, o
impulso irá inevitavelmente crescer proporcionalmente à
necessidade corporal total.
Teoria do impulso
 Impulso:
- Teoria do Impulso de Clark Hull
O impulso é uma função monotonicamente crescente da
necessidade corporal total, e esta, por sua vez, é uma função
monotonicamente crescente do número de horas de privação.

O impulso surge de uma ampla faixa de distúrbios corporais,


que incluem a fome, a sede, o sexo, a dor, a respiração, a
regulação da temperatura, a micção, o sono, a atividade
corporal, a construção de ninhos e o cuidado com os filhotes.
Uma vez surgido, o impulso energiza o comportamento.
Teoria do impulso
 Impulso:
- Teoria do Impulso de Clark Hull
O impulso energiza o comportamento, mas não o direciona. É
o hábito, não o impulso, que direciona o comportamento. “Um
impulso é um energizador, não um guia”. (Hebb, 1955, p.249)

Os hábitos que guiam um comportamento provêm da


aprendizagem, e a aprendizagem ocorre como consequência
do reforço. As pesquisas de Hull levaram-no a demonstrar que,
se uma resposta é seguida rapidamente de uma redução no
impulso, ocorre uma aprendizagem e, com isso, o hábito é
reforçado.
Bibliografia

FELDMAN, R. S. Introdução à Psicologia. Porto Alegre, AMGH Editora, 2015.


GARCIA-ROZA, L. A. Freud e o inconsciente. Rio de Janeiro: Zahar Editora, 2009.
GAZZANIGA, M. ; HEATHERTON, T. ; HALPERN, D. Ciência Psicológica. – 5. ed. – Porto Alegre : Artmed,
2018.
LAPLANCHE e PONTALIS Vocabulário de Psicanálise. 4ª Ed., São Paulo: Martins Fontes, 2001.
MORRIS, Charles G.; MAISTO, Albert A. Introdução à psicologia. 6. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2011.
NOLEN-HOEKSEMA, S. et al. Introdução à psicologia: Atkinson & Hilgard. São Paulo, Cengage Learning,
2018.
MURRAY, E. J. Motivação e emoção. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1973.
REALE, G. e ANTISERI, D. História da filosofia : Filosofia pagã antiga, v. 1 - São Paulo : Paulus. 2003.
REALE, G. e ANTISERI, D. História da filosofia : Patrística e Escolástica, v. 2 - São Paulo : Paulus, 2003.
REALE, G. e ANTISERI, D. História da filosofia: do Humanismo a Descartes, v. 3 - São Paulo : Paulus. 2003.
REEVE, J. Motivação e Emoção. 4ª Ed.. Rio de Janeiro: LTC, 2019.

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