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Fábulas de Esopo Ilustradas - http://sitededicas.ne10.uol.com.br/

O Cervo e o seu Reflexo


Autor: Esopo

O Vaidoso ignora suas Limitações

O Sábio é sempre cauteloso...

Um Jovem Cervo, que estava bebendo água num


córrego de água cristalina, viu a si mesmo
refletido na límpida água. Ficou encantado com
as formas e arcos dos seus imponentes chifres,
mas ficou muito decepcionado e envergonhado,
com suas delgadas pernas.

E suspirou: “Como é possível tal coisa, ser


dotado de tão desprezíveis e desajeitadas
pernas, quando, ao mesmo tempo, fui
agraciado com tão bela e majestosa coroa.”

Nesse momento ele sentiu o cheiro de uma


pantera, que de repente saltou de dentro do mato
onde estava à sua espreita, na ânsia de capturá-
lo. Mas, apesar de ser mais ágil, de ter mais velocidade, os largos galhos dos seus chifres,
ficavam presos nos galhos das árvores, impedindo sua fuga, para se por a salvo do seu agressor.

Desse modo, em pouco tempo, seu carrasco o alcançou até com facilidade. Então o infeliz Cervo
percebeu que as pernas, das quais tanto se lamentara, com toda certeza o teriam posto a salvo do
perigo, isso se aqueles vistosos e, naquele momento, inúteis e indesejáveis ornamentos de sua
cabeça, não o tivesse impedido.

Moral da História:
Com frequência nos preocupamos mais com o aspecto das coisas inúteis, e deixamos em
segundo plano aquilo que de fato tem Valor.

Moral da História 2:
Somos sempre um composto de pontos fracos e pontos fortes. Trabalhar os fracos com a
ajuda dos fortes é um gesto de sabedoria.

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O Gato e a Raposa
Autor: Esopo

É inútil o Grande conhecimento sem discernimento

Quem tem muitas opções de caminhos, pode se


confundir antes de chegar ao destino...

Certa vez, um Gato e uma Raposa resolveram


viajar juntos. Ao longo do caminho, enquanto
caçavam para se manter, um rato aqui, uma
galinha ali, entre uma mordida e outra,
conversavam sobre as coisas da vida.

E, como sempre acontece entre companheiros,


especialmente numa longa jornada, a conversa
entre eles logo se torna uma espécie de disputa
de Egos.

E os ânimos se exaltam quando cada um trata


de promover, defender e exaltar, suas
qualidades pessoais.

Pergunta então a Raposa ao Gato:

"Acho que você se acha muito esperto não?


Você deve até achar que sabe mais do que eu.
Sim, porque eu conheço tantos truques que nem sou capaz de contá-los!"

"Bem," retruca o Gato, "Admito que conheço apenas um truque, mas este, deve valer mais que
todos os seus!"

Nesse momento, eles escutam, ali perto, o apito de um caçador e sua matilha de cães que se
aproximam. O Gato deu um salto e subiu na árvore se ocultando entre as folhas.

"Este é meu truque," ele disse à Raposa. "Agora deixe-me ver do que você é capaz."

Mas, a Raposa tinha tantos planos para escapar, que não sabia qual deles escolher. Ela correu
para um lado e outro, e os cachorros em seu encalço. Ela duplicou suas pegadas tentando
despistá-los; ela aumentou sua velocidade, se escondeu em dezenas de tocas, mas foi tudo em
vão. Logo ela foi alcançada pelo cães, e então, toda sua arrogância e truques se mostraram
inúteis.

Moral da História:
O Bom senso é sempre mais valoroso que a astúcia.

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A Águia e a Gralha
Autor: Esopo

Conhecer nossos limites é a regra de Ouro

Muita ambição, pouca precaução

Uma grande Águia, saindo do seu ninho no alto de um


penhasco, num fulminante voo rasante e certeiro,
capturou uma ovelha e a levou presa às suas fortes e
afiadas garras.

Uma Gralha, que a tudo testemunhara, tomada de


inveja, decidiu que poderia fazer a mesma coisa.

Assim, ela voou para o alto e tomou impulso. Então,


com grande velocidade, atirou-se sobre uma Ovelha
com a intenção de também carregá-la presa às suas
garras, como antes fizera sua concorrente.

Ocorre que suas garras, pequenas e fracas, acabaram


por ficar embaraçadas no espesso manto de lã do
animal, e isso a impediu inclusive de soltar-se, e
embora o tentasse com todas as suas forças, foi em
vão todo seu esforço.

O Pastor das ovelhas, vendo o que estava acontecendo, capturou-a. Feito isso, cortou suas penas,
de modo que não pudesse mais voar.

À noite a levou para casa e entregou como brinquedo para seus filhos.

"Que pássaro engraçado é esse?", perguntou um deles.

"Ele é uma Gralha meus filhos. Mas se você lhe perguntar, ele dirá que é uma Águia."

Moral da História:
Não devemos permitir que a ambição nos conduza para além dos nossos limites.

Moral Alternativa:
É sinal de imprudência dar um passo maior que as pernas.

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O Cavalo e o Seu Cuidador


Autor: Esopo

Os Bajuladores não são confiáveis

O fingimento é a natureza original do Hipócrita...

Um zeloso empregado de uma cocheira, costumava passar horas, e as vezes dias inteiros,
limpando e escovando o pelo de um cavalo que estava sob seus cuidados.

Agindo assim, passava para todos a impressão de que era gentil para com o animal, que se
preocupava com o seu bem estar.

Entretanto, ao mesmo tempo que o acariciava diante de todos, sem que ninguém suspeitasse,
roubava a maior parte dos grãos de aveia destinados à alimentar o pobre animal, e os vendia às
escondidas para obter lucro.

Então o cavalo se volta para ele e diz:

"Acho apenas que se o senhor de fato desejasse me ver em boas condições, me acariciava menos
e me alimentava mais..."

Moral da História:
Devemos desconfiar sempre dos exibicionistas que fazem questão de promover
publicamente suas próprias virtudes.

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O Galo e a Pedra Preciosa


Autor: Esopo

O Valor de todas as coisas é Relativo

A Utilidade determina o valor

Um Galo, que procurava ciscando no terreiro, alimento para ele e suas galinhas, sem querer,
acaba por encontrar uma pedra preciosa de grande beleza e valor.

Mas, depois de observá-la e examiná-la por alguns instantes, se volta e comenta desolado:

"Ora, Ora, se ao invés de mim, teu dono tivesse te encontrado, ele decerto não iria se conter
diante de tamanha alegria, e é quase certo que iria te colocar em lugar digno de adoração. No
entanto, eu te achei e de nada me serves. Antes disso, preferia ter encontrado um simples grão de
milho, ao invés de todas as jóias do Mundo!"

Moral da História:
A utilidade de cada coisa é o que determina seu Real Valor.

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O Morcego e a Doninha
Autor: Esopo

Um problema é um exercício para o Sábio

Serenidade é a chave para vencer um obstáculo

Um Morcego desajeitado caiu acidentalmente


no ninho de uma Doninha, que, com um bote
certeiro o capturou.
Atemorizado, o Morcego pediu que esta lhe
poupasse a vida, mas a Doninha não queria lhe
dar ouvidos.
"Você é um Rato," ela disse, "e Eu sou por
natureza inimiga dos Ratos. Cada Rato que
pego, evidentemente, me serve de jantar, essa
é a lei."

"Mas, a senhora veja bem, eu


definitivamente, não sou um Rato!" tentou se
explicar o infeliz Morcego. "Veja minhas asas.
Você já viu um Rato que é capaz de voar?
Claro que sou apenas um tipo de pássaro, de uma variedade, podemos afirmar, um tanto
exótica. Por favor me deixe ir embora!".

A Doninha, olhando melhor para sua vítima, concordou que ele não era um Rato e o deixou ir
embora. Mas, alguns dias depois, o mesmo atrapalhado Morcego, cegamente, caiu outra vez no
ninho de outra Doninha.
Ocorre que Esta Doninha era inimiga declarada de todos os pássaros, e logo que o tinha em suas
garras, preparou-se para abocanhá-lo.

"Você é um pássaro," ela Disse, "por isso mesmo o comerei!"

"O que?", exclamou o Morcego, "Eu, um pássaro! Isso é quase um insulto. Todos os
pássaros possuem penas! Cadê minhas penas, você é capaz de vê-las? Claro que não sou
nada além de um simples Rato. Tenho até um lema que é: Abaixo todos Gatos!"
E o Morcego teve sua vida poupada pela segunda vez.

Moral da História:
Sábio é aquele que é flexível, que sabe analisar a situação e agir de acordo com as
circunstâncias.

Moral da História 2:
O sábio aprende a tirar do problema uma solução incapaz de criar outros problemas...

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Os Viajantes e a Árvore
Autor: Esopo

Ser Servido e Nunca Servir, Eis o Lema do Ingrato

Ao ingrato, apenas suas necessidades importam...

Dois viajantes, exaustos, após caminharem sob


o escaldante sol do meio dia, decidiram
descansar à sombra de uma frondosa árvore à
beira da estrada.

Assim, depois de deitarem-se debaixo daquela


refrescante e oportuna sombra, já relaxados e
aliviados do escaldante calor, um dos viajantes,
ao reconhecer que tipo de árvore era aquela,
disse para o outro:

"Como é inútil esse Plátano!1 Não produz


nenhum fruto, e apenas serve para sujar o chão
com suas folhas."

"Criaturas ingratas!", disse uma voz vindo da


árvore. "Vocês estão aqui sob minha refrescante
e acolhedora sombra, e ainda se atrevem a dizer
que sou inútil e improdutiva?"

Moral da História:
Alguns homens menosprezam os melhores benefícios que recebem apenas porque nada
tiveram que pagar por estes.

Moral da História 2:
É duplamente tolo e imaturo aquele que espera do ingrato qualquer gesto de agradecimento.

1 Espécie de árvore ornamental de grande porte.

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As Duas Cabras
Autor: Esopo

O que podemos aprender sobre nós mesmos?

Flexibilidade é a chave para boas relações pessoais

Duas Cabras brincavam alegremente sobre as


pedras, na parte mais elevada de um vale
montanhoso. Ocorre que se encontravam
separadas, uma da outra, por um abismo, em
cujo fundo corria um caudaloso rio que descia
das montanhas.

O tronco de uma árvore caída era o único e


estreito meio de cruzar de um lado ao outro do
despenhadeiro, e nem mesmo dois pequenos
esquilos eram capazes de atravessar ao mesmo
tempo, com segurança.

Aquele estreito e precário caminho era capaz de


amedrontar mesmo o mais bravo dos
pretendentes à travessia, Exceto àquelas duas
Cabras.

Mas, o orgulho de cada uma delas, não


permitiria que uma permanecesse diante da
outra, sem que isso não representasse uma afronta ou ameaça aos seus domínios, mesmo estando
em lugares distintos, separadas pela funda garganta.

Então resolveram atravessar, ao mesmo tempo, o estreito caminho, para brigarem entre si, com o
propósito de decidir qual delas deveria permanecer naquele local. E no meio da travessia as duas
se encontraram, e começaram a se agredir mutuamente com seus poderosos chifres.

Desse modo, firmes na decisão de levar adiante o forte desejo pessoal de dominação e
supremacia, nenhuma das duas mostrava disposição em ceder caminho à adversária. Assim,
pouco tempo depois, acabaram por cair na profunda grota, e logo foram arrastadas pela forte
correnteza do rio.

Moral da História:
Na maioria das vezes, o ato de abrir mão de uma vaidade pessoal, orgulho ou teimosia, pode
nos proporcionar grandes benefícios.

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A Formiga e a Pomba
Autor: Esopo

O que sabemos sobre a Gratidão?

Quem é grato nunca esquece

Uma Formiga foi à margem do rio para beber água, no entanto, de forma inesperada, acabou
sendo arrastada por uma forte correnteza, estando prestes a se afogar.

Uma Pomba, que estava numa árvore sobre a água observando a tudo, arranca uma folha e a
deixa cair na correnteza perto da mesma.

Então, subindo na folha a Formiga pode flutuar em segurança até a margem mais próxima.

Eis que pouco tempo depois, um caçador de pássaros, escondido sob a densa folhagem da árvore,
se prepara para capturar a Pomba.

Ele, cuidadosamente, coloca visgo no galho onde ela repousa, sem que a mesma perceba o
iminente perigo.

A Formiga, percebendo sua má intenção, imediatamente dá-lhe uma forte ferroada no pé.
Tomado pelo susto e gritando de dor, ele assim deixa cair sua armadilha de visgo, e isso dá
chance para que a Pomba desperte e voe para longe, se pondo finalmente a salvo.

Moral da História:
Nenhum ato de boa vontade ou gentileza é coisa em vão.

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As Formigas e o Gafanhoto
Autor: Esopo

Sem dar o Primeiro Passo não se Chega a Lugar Algum

Para o Preguiçoso todo dia é chuvoso...

Num brilhante dia de outono, uma família de formigas se apressava para aproveitar o calor do
sol, colocando para secar, todos os grãos que haviam coletado durante o verão.

Então um Gafanhoto faminto se aproximou delas, com um violino debaixo do braço, e


humildemente veio pedir um pouco de comida.

As formigas perguntaram surpresas: "Como? Então você não estocou nada para passar o
inverno? O que afinal de contas você esteve fazendo durante o último verão?"

E respondeu o Gafanhoto: "Não tive tempo para coletar e guardar nenhuma comida, eu estava
tão ocupado fazendo e tocando minhas músicas e modinhas, que sequer percebi que o verão
chegava ao fim."

As Formigas encolheram seus ombros indiferentes, e disseram: "Fazendo música, todo tempo
você esteve? Muito bem, agora é chegada a hora de você dançar!"

E dando às costas para o Gafanhoto continuaram a realizar o seu trabalho.

Moral da História:
Há sempre um tempo para o trabalho, e um tempo para a diversão.

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A Galinha e os Ovos de Ouro


Autor: Esopo

Bom Senso, Boas Escolhas

A Ganância é inimiga da sensatez...

Um camponês e sua esposa possuiam uma galinha, que todo dia, sem falta, botava um ovo de
ouro.

No entanto, motivados pela ganância, e supondo que dentro dela deveria haver uma grande
quantidade de ouro, eles então resolveram sacrificar o pobre animal, para, enfim, pegar tudo de
uma só vez.

Então, para surpresa dos dois, viram que a ave em nada era diferente das outras galinhas de sua
espécie.

Assim, o casal de tolos, desejando enriquecer de uma só vez, acabam por perder o ganho diário
que já tinham, de boa sorte, assegurado.

Moral da História:
Quem tudo quer, tudo perde.

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A Lebre e a Tartaruga
Autor: Esopo

Ao Trabalho Persistente, o Sucesso Evidente

Para o Arrogante, todos são Claudicantes...

Um dia, uma Lebre ridicularizou as pernas


curtas e a lentidão da Tartaruga. A Tartaruga
sorriu e disse: "Pensa você ser rápida como o
vento; Mas, acredito que Eu a venceria numa
corrida."

A Lebre claro, considerou aquela afirmação


como algo impossível de acontecer, e aceitou o
desafio na hora.

Convidaram então a Raposa para servir de juiz,


escolher o trajeto, e o ponto de chegada.

E no dia marcado, do ponto inicial, partiram


juntos.

A Tartaruga, com seu passo lento, mas firme, determinada, concentrada, em momento algum,
parou de caminhar rumo ao seu objetivo.

Mas a Lebre, confiante de sua velocidade, despreocupada com a corrida, deitou à margem da
estrada para um rápido cochilo.

Ao despertar, embora corresse o mais rápido que pudesse, não mais conseguiu alcançar a
Tartaruga, que já cruzara a linha de chegada, e agora descansava tranquila num canto.

Moral da História:
Ao trabalhador que realiza seu trabalho com zelo e persistência, sempre o êxito o espera.

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A Lebre e o Cão de Caça


Autor: Esopo

A Necessidade é a Mãe da Criatividade

Não estamos aptos à julgar os motivos alheios, mas, apenas os nossos...

Um Cão de caça, depois de obrigar uma Lebre a sair de sua toca, e depois de uma longa e
exaustiva perseguição, de repente parou a caçada dando-se por vencido.

Um Pastor de Cabras, ao vê-lo prostrado e visivelmente abatido, ridicularizou-o dizendo:


"Aquele pequeno animal é melhor corredor que você."

E o Cão de caça responde:

"Está claro que o Senhor não é capaz de ver a diferença que existe entre nós! Eu estava correndo
apenas para conseguir um jantar, mas ele, ao contrário, corria por sua Vida."

Moral da História:
O motivo pelo qual realizamos uma tarefa, isso, é o que vai determinar sua qualidade final.

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A Mulher e sua Galinha


Autor: Esopo

Quem Tudo Quer, Corre o Risco de Ficar sem Nada

O desejo de ter sempre mais, na maioria das vezes, induz ao sentimento de ter sempre menos...

Uma mulher possuía uma galinha, que todos os dias, sem falta, botava um ovo.

Ela então pensava consigo mesma, como poderia fazer para obter, ao invés de um, dois ovos por
dia.

Assim, disposta a atingir seu objetivo, decidiu alimentar a galinha com uma porção de ração
reforçada, o dobro da medida diária.

A partir daquele dia, a galinha, que comia sem parar, tornou-se gorda e preguiçosa, e nunca
mais botou nenhum ovo.

Moral da História:
É Melhor uma migalha por dia que um dia sem migalha.

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A Mulher e o Balde de Leite


Autor: Esopo

Quem não Está Atento ao Presente, Tropeça no Futuro

Sábio é aquele que planeja com um olho nos


imprevistos

Uma jovem Leiteira, que acabara de coletar o


leite das vacas, voltava do campo com um balde
cheio, quase a transbordar, balançando
graciosamente à sua cabeça.

E Enquanto caminhava, feliz da vida, dentro de


sua cabeça, os pensamentos não paravam de
chegar. E consigo mesma, alheia a tudo,
planejava as atividades e os eventos que
imaginava para os dias vindouros.

"Este bom e rico leite," ela pensava, "me dará


um formidável creme para manteiga. A
manteiga eu levarei ao mercado, e com o
dinheiro comprarei uma porção de ovos para
chocar. E Como serão graciosos todos os
pintinhos ao nascerem. Até já posso vê-los
correndo e ciscando pelo terreiro. Quando o dia
primeiro de maio chegar, eu venderei a todos e
com o dinheiro comprarei um adorável e belo
vestido novo. Com ele, quando for ao mercado, decerto serei o centro das atenções. Todos os
rapazes olharão para mim. Eles então virão e tentarão flertar comigo, mas eu imediatamente
mandarei todos cuidarem de suas vidas!"

Enquanto ela pensava em como seria sua nova vida a partir daqueles desejados acontecimentos,
desdenhosamente jogou para trás a cabeça, e sem querer deixou cair no chão o balde com o leite.
E todo leite foi derramado e absorvido pela terra, e com ele, se desfez a manteiga, e os ovos, e os
pintinhos, e o vestido novo, e todo seu orgulho de leiteira.

Moral da História:
Não conte seus pintos, quando sequer saíram das cascas.

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A Partilha do Leão
Autor: Esopo

Ética e Poder não são Compatíveis

O Poderoso Será Sempre um Opressor

Há muito tempo atrás, o Leão, a Raposa, o


Chacal, e o Lobo, de comum acordo,
combinaram em caçar juntos. Ficou então
combinado que dividiriam entre eles tudo aquilo
que conseguissem encontrar.

Pouco tempo depois, o Lobo capturou um


cervo, e cumprindo sua parte no acordo,
imediatamente convidou todos os seus
companheiros para fazer a partilha.

Mas, sem que ninguém o pedisse, ou o elegesse


como tal, o Leão logo tomou o lugar de líder e
decidiu organizar como deveria ser o banquete,
e evidentemente, determinar como seriam
divididas as partes entre os presentes.

Pondo-se, por conta própria, na posição de representante de todos, supostamente demonstrando


total imparcialidade, mas agindo como se todos fossem seus vassalos, começou a contar para os
convidados.

"Um", ele disse, enquanto para cada um dos presentes mostrava uma de suas garras, "que sou eu
mesmo, o Leão. Dois, esta é para o Lobo; três, é para o Chacal, e finalmente a Raposa fica em
quarto."

Então, cuidadosamente dividiu a presa em quatro partes iguais.

"Eu sou o Rei Leão," ele disse, quando terminou, "Assim, evidentemente, Eu tenho direito a
primeira parte. A outra também me pertence porque sou o mais forte, e a outra também porque
sou o mais valente."

Agora Ele olha fixamente para os outros com cara de poucos amigos. Então rosna exibindo as
garras de forma ameaçadora, e diz: "Caso algum de vocês não concorde com a minha divisão,
esta é a hora de se manifestar!"

Moral da História:
O mais Poderoso faz as Leis.

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A Rã e o Rato
Autor: Esopo

Desconfie Sempre das Gentilezas de Estranhos

Para o indivíduo mal intencionado, os incautos são


os alvos; Para os incautos, prudência é uma Regra

Um jovem Rato em busca de aventuras, corria


despreocupado ao longo da margem de uma
lagoa onde vivia uma Rã.

Quando a Rã viu o Rato, nadou até a margem e


disse coachando:

"Você não gostaria de me fazer uma visita?


Prometo que, se aceitar meu convite, não se
arrependerá..."

O Rato, de bom grado, aceitou aquela oferta na


hora, já que estava ansioso para conhecer o
mundo e tudo que havia nele.

Entretanto, embora soubesse nadar um pouco,


cauteloso e com um pouco de receio, já que ele não era um animal da água, disse que não se
arriscaria a entrar na lagoa sem alguma ajuda.

A Rã teve uma ideia. Ela amarrou a perna do Rato à sua com uma robusta fibra de junco. Então,
já dentro da lagoa, pulou levando junto com ela seu infeliz e ingênuo companheiro.

O Rato logo se deu por satisfeito e queria voltar para terra firme. Mas a traiçoeira Rã tinha
outros planos. Ela deu um puxão no Rato, que preso à sua perna nada podia fazer, e mergulhou
nas águas profundas e escuras afogando-o.

No entanto, antes que o malicioso anfíbio pudesse soltar-se da fibra que o prendia ao Rato, um
Falcão que sobrevoava a lagoa, ao ver o corpo do Rato flutuando na água, deu um vôo rasante, e
com suas fortes garras o segurou levando-o para longe, trazendo também consigo a Rã que ainda
estava presa à perna do infeliz roedor.

Desse modo, com um só golpe, a Ave de rapina capturou a ambos, tendo assegurada uma
porção de carne variada, animal e peixe, para o seu jantar daquele dia.

Moral da História:
Aquele que procura prejudicar os outros, frequentemente, através de suas próprias
artimanhas, acaba por prejudicar a si mesmo.

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O Asno, a Raposa, e o Leão


Autor: Esopo

Governar e Permanecer Íntegro é Virtude de Poucos

O Hipócrita vive das aparências, mas as aparências acabam por revelar o Hipócrita...

Numa grande reunião, entre todos os animais, que fora organizada para eleger um
novo líder, foi solicitado que o Macaco fizesse sua apresentação.
Ele se saiu tão bem com suas cambalhotas, pantomimas, caretas e guinchos, que os
animais ali presentes não puderam deixar de ficar impressionados com toda aquela
encenação e jogo teatral.
E entusiasmados com tamanha performance, daquele dia em diante, resolveram elegê-
lo como seu novo Rei.

A Raposa, que não votara no Macaco, estava aborrecida com os demais animais, por
terem eleito um líder, a seu ver, tão desqualificado, já que levaram em conta apenas as
aparências, o espetáculo, coisas que para ela não tinha valor algum.
Um dia, caminhando pela floresta, ela encontrou uma armadilha com um pedaço de
carne. Correu até o Rei Macaco e lhe disse que encontrara um rico tesouro, que nele
não tocara, porque por direito, pertencia a sua majestade, o Macaco.

O ganancioso Macaco, todo vaidoso com sua aparente importância, e de olho na


prenda, sem pensar duas vezes, seguiu a Raposa até a armadilha. E tão logo viu o
pedaço de carne ali agarrado, foi logo estendendo o braço para pegá-lo, e assim acabou
também ficando preso. A Raposa, ao seu lado, deu uma gargalhada.
"Você pretende ser um Rei," ela disse, "mas é incapaz de cuidar de si mesmo!"
Logo, passado aquele episódio, uma nova eleição foi realizada entre os animais, para a
escolha de um novo governante.

Moral da História:
O verdadeiro líder é aquele capaz de provar para si mesmo suas qualidades.

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A Raposa e o Porco Espinho


Autor: Esopo

Aprender com as Vicissitudes, eis o Grande Segredo

O momento máximo do aprendizado é quando usamos esse "saber" para aprendermos ainda mais...

Uma Raposa, que precisava atravessar a nado um rio não muito caudaloso, acabou
surpreendida por uma forte e inesperada enchente.

Depois de muita luta, teve forças apenas para alcançar a margem oposta, onde caiu
quase sem fôlego e exausta.

Mesmo assim, estava feliz por ter vencido aquela forte correnteza, da qual chegou a
imaginar que jamais sairia com vida.

Pouco tempo depois, veio um enxame de moscas hematófagas (que se alimentam de


sangue) e pousaram sobre ela. Mas, ainda fraca para fugir delas, permaneceu quieta,
repousando, em seu canto.

Então veio um Porco Espinho, que vendo todo aquele seu drama, gentilmente se dispôs
a ajudá-la e disse: "Deixe-me espantar estas moscas para longe de você!"

E exclamou a Raposa quase sussurrando:"Não! Por favor, não me tenha por ingrata
meu amigo, mas, não as perturbe. Elas já pegaram tudo aquilo de que precisavam. Se
você as espanta, logo outro enxame faminto virá e irão tomar o pouco sangue que
ainda me resta!"

Moral da História:
Pode ocorrer que, algumas vezes, o remédio para a cura de um mal é pior que o mal em si
mesmo.

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A Raposa e as Uvas
Autor: Esopo

Para superar Limites, primeiro precisamos Vê-los

Quando reconhecemos nossos limites, estamos prontos para superá-los...

Uma Raposa, morta de fome, viu, ao


passar diante de um pomar, penduradas
nas ramas de uma viçosa videira, alguns
cachos de exuberantes Uvas negras, e o
mais importante, maduras.

Não pensou duas vezes, e depois de


certificar-se que o caminho estava livre de
intrusos, resolveu colher seu alimento.

Ela então usou de todos os seus dotes,


conhecimentos e artifícios para pegá-las,
mas como estavam fora do seu alcance,
acabou se cansando em vão, e nada
conseguiu.

Desolada, cansada, faminta, frustrada com


o insucesso de sua empreitada, suspirando,
deu de ombros, e se deu por vencida.

Por fim deu meia volta e foi embora. Saiu


consolando a si mesma, desapontada,
dizendo:

"Na verdade, olhando com mais atenção,


percebo agora que as Uvas estão todas
estragadas, e não maduras como eu
imaginei a princípio..."

Moral da História:
Ao não reconhecer e aceitar as próprias limitações, o vaidoso abre assim o caminho para
sua infelicidade.

Moral da História Alternativa:


Ao não aceitar as próprias limitações, perde o indivíduo a oportunidade d e corrigir suas
falhas...

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A Serpente e a Lima
Autor: Esopo

Não se pode mudar a Natureza original das Coisas

Acumular é o motivo existencial do Sovina...

Uma Serpente, ao entrar na oficina de trabalho de um ferreiro, procurou ali em meio


às ferramentas, alguma coisa, qualquer que fosse, capaz de matar sua fome.

Ela dirigiu-se então à uma Lima (ferramenta usada para polir ou desbastar metais ou
objetos rígidos), e perguntou-lhe gentilmente se esta não poderia lhe dar um pouco de
comida.

A Lima respondeu: "Você deve ser muito boba minha amiga, se espera obter de mim
alguma coisa, logo eu, que por natureza sou acostumada a sempre tirar dos outros,
sem nunca lhes devolver nada."

Moral da História:
Os avarentos não são bons doadores

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As Árvores e o Machado
Autor: Esopo

Sabedoria começa com respeito Mútuo

A verdadeiro Sábio não apenas é capaz de aprender com os próprios erros, como também é capaz de requalificá-los
transformando-os em grandes acertos...

Um homem foi à floresta e pediu às árvores, para que estas lhe doassem um cabo
para o seu machado novo.

O conselho das árvores, composto pelos Anciãos considerados sábios, então


concorda com o seu pedido, e lhe ofertam uma jovem Árvore, para este fim.

E logo que o homem coloca o novo cabo no machado, começa furiosamente a usá-lo, e
em pouco tempo, já havia derrubado com seus potentes golpes, as maiores e mais
nobres árvores daquele bosque.

Um velho Carvalho, observando a destruição à sua volta, comenta desolado com um


Cedro seu vizinho:

"O primeiro passo, este sim, significou a perdição de todas nós. Se tivéssemos
respeitado os direitos daquela jovem árvore, também teríamos preservado os nossos, e
poderíamos ficar de pé, ainda por muitos anos."

Moral da História:
Quem menospreza ou trata com indiferença seu semelhante, não deve se surpreender se um
dia, outros fizerem o mesmo consigo.

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As Lebres e as Rãs
Autor: Esopo

O Sábio não se guia pelas Aparências

Uma das nossas maiores limitações está em não reconhecer que somos limitados...

As lebres, animais tímidos por natureza, sentiam-se oprimidas com tanto


acanhamento.

E como viviam, na maior parte do tempo, com medo de tudo e de todos, temendo até
a própria sombra, frustradas e cansadas, resolveram dar um fim às suas angústias.

Então, de comum acordo, decidiram por fim às suas vidas. Concluíram que esta seria a
única saída para tamanho impasse, e que apenas assim resolveriam, de forma
definitiva, todos os seus problemas e limitações.

Combinaram então que se jogariam do alto de um penhasco, para as escuras e


profundas águas de um lago.

Assim, quando correm para o lago, várias Rãs que descansavam ocultas pela grama à
margem do mesmo, tomadas de pavor ante o ruído de suas pisadas, desesperadas,
pulam na água, em busca de proteção.

Ao ver o pavor que sentiam as Rãs em fuga, uma das Lebres se volta e diz às
companheiras: "Não mais devemos fazer isso que combinamos minhas amigas!
Sabemos agora, que existem criaturas muito mais medrosas que nós!"

Moral da História:
Julgar que nossos problemas são os mais importantes do mundo, isso não passa de uma
grande ilusão.

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O Agricultor e a Serpente
Autor: Esopo

Uma boa ação não anula a má ação...

Quem espera gratidão de um ingrato, é duas vezes tolo...

Um agricultor, homem simples do campo, caminhava pela sua pequena propriedade


numa bucólica manhã de inverno a examinar seu plantio, quando, sobre o chão ainda
coberto pela neve da noite anterior, viu uma Serpente que jazia completamente
enrijecida e congelada pelo intenso frio.

E embora soubesse o quanto aquela Serpente poderia ser mortal, ainda assim, ele a
pegou com cuidado, e com a intenção de aquecê-la e salvar sua vida, colocou-a no
bolso do seu casaco.

E em pouco tempo, a Serpente, aquecida naquele confortável ambiente que a protegia


do frio, foi recuperando suas forças. Ao sentir-se viva outra vez, colocou a cabeça para
fora do bolso do sobretudo daquele homem que lhe salvara a vida e mordeu seu braço.
E ao sentir a inesperada picada, o lavrador logo se deu conta da gravidade daquele
ferimento. E caindo desfalecido pelo efeito do mortal veneno, sabia que apenas poucos
minutos de vida lhe restavam.

E em seu último suspiro, ergueu com dificuldade a cabeça, e disse: “Aprendi com o
meu trágico destino, que nunca deveria apiedar-me de alguém que por natureza é um
malfeitor...”

Moral da História:
Do ponto de vista de um ingrato, uma má ação é sinal de gratidão...

Moral da História 2:
Maldade de berço não se corrige com rezas nem terço...

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O Asno e o Seu Condutor


Autor: Esopo

Força sem Inteligência, Ação sem Consistência

O problema não é saber ouvir, mas transformar em coisa útil aquilo que ouviu...

Um Asno, conduzido por seu dono, descia por uma estreita trilha na encosta de uma
montanha, quando de repente, cismou que deveria escolher seu próprio caminho.

Ele acabara de ver seu estábulo no sopé da montanha, e para ele, a descida mais
rápida e sensata, seria pela encosta do precipício.

Decidido, se joga no abismo, quando seu dono o segura com toda sua força pela cauda,
tentando puxá-lo de volta.

Mas o teimoso animal, decidido a dar continuidade a sua decisão, faz birra e puxa com
mais força ainda.

"Muito bem," exclama o condutor já sem forças, "siga seu próprio caminho animal
cabeça dura, e veja por si mesmo aonde este irá te conduzir."

Dito isso, soltou sua cauda, e o tolo Asno se precipitou montanha abaixo.

Moral da História:
A experiência do sábio o qualifica a servir de bom conselheiro. Feliz e afortunado quem tem
ouvidos para ouví-los; tolos são aqueles que os ignoram.

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O Asno e o Velho Pastor


Autor: Esopo

Bom patrão, Bom empregado

Cativo rico, cativo pobre, pouco importa, ambos são Prisioneiros...

Um Pastor, contemplava tranquilo seu Asno a pastar em uma verde e extensa


campina, onde uma fresca brisa soprava sem parar.
De repente, escuta ao longe, os gritos e o barulho do cavalgar de uma tropa de
soldados inimigos que se aproxima rapidamente do local onde se encontram.
Então, temendo ser capturado pelo inimigo, ele suplica ao animal, que este o carregue
em seu dorso, o mais rápido que puder, para não serem aprisionados.
O Asno, lhe pergunta: "Senhor, responda com toda sinceridade, por que eu deveria
temer o inimigo? Você acha provável que o conquistador coloque em mim, além dos
dois cestos de carga que carrego todos os dias, outros dois mais?
E lhe responde de imediato, embora claramente constrangido, o Pastor: "Suponho que
não!"
"Então," Justifica o animal, "contanto que eu carregue os dois cestos que já carrego,
que diferença faz a qual Senhor estarei servindo?"

Moral da História:
Quando assume o novo governante, para o servo Pobre, nada muda além do nome do seu
novo Senhor.

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O Asno em Pele de Leão


Autor: Esopo

As aparências enganam até um certo ponto

Por trás das grandes muralhas se esconde um pequeno indivíduo...

Um Asno, ao encontrar uma pele de Leão, resolve então colocá-la sobre seu dorso, e a
partir daí, vagava pela floresta divertindo-se com o pavor que causava aos animais que
ia encontrando pelo seu caminho.

Por fim, encontra uma Raposa, e também tenta amedrontá-la. Mas a Raposa, tão logo
escuta o som de sua voz, olha-o de cima a baixo, e exclama com ironia:

"Sabe, eu certamente teria me assustado, se antes, não tivesse escutado o seu


Zurro".

Moral da História:
Um tolo pode se esconder por trás das aparências, mas suas palavras acabarão por revelar à
todos sua verdadeira identidade.

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O Asno e sua Sombra


Autor: Esopo

Na Crise Descobrimos quem são Nossos Amigos...

Para quem está se afogando, não importa quem lhe dá a mão...

Um viajante alugou um Burro de carga que o conduziria a uma distante localidade.

Mas, Estando o dia muito quente, e o sol brilhando com toda sua força, o viajante
resolveu parar para um descanso, e procurou abrigo sob a sombra do animal.

Entretanto, como só havia lugar para uma pessoa debaixo do animal, e como tanto o
viajante quanto o dono do Asno reinvidicavam para si aquele espaço, uma violenta
discussão surgiu entre os dois.

E cada um se achava no direito de ter exclusividade para usufruir da sombra.

O dono defendia que ele alugara apenas o asno e não a sua sombra. O viajante
entendia que ele ao alugar o animal, tinha direito a ambos, animal e sombra.

A disputa passou de palavras para agressões, e enquanto ambos brigavam ferozmente,


o Asno fugiu em disparada para longe.

Moral da História:
Numa discussão em torno do detalhe, frequentemente nos desviamos do principal assunto.

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O Avarento
Autor: Esopo

Bom Cultivo é Quando dele Fazemos Uso

Sabedoria sem utilidade, Estupidez em plena atividade...

Um Avarento tinha enterrado seu pote de


ouro num lugar secreto do seu jardim.

E todos os dias, antes de ir dormir, ele ia


até aquele local, desenterrava o pote e
contava cada moeda de ouro para ver se
estava tudo lá.

Ocorre que, de tanto repetir aquelas


viagens ao mesmo ponto, um Ladrão, que
já o observava há bastante tempo, curioso
para saber o que o Avarento estava
escondendo, veio na calada da noite, e
secretamente desenterrou o tesouro
levando-o consigo.

Quando o Avarento descobriu sua grande


perda, foi tomado de aflição e desespero.

E caindo em prantos, Ele gemia e chorava,


enquanto puxava os poucos cabelos que ainda lhe restavam, maltratados pela absoluta
falta de cuidados.

Alguém que passava pelo local, ao escutar seus lamentos, quis saber o que acontecera.

"Meu ouro! Todo meu ouro!" chorava inconsolável o avarento, "alguém o roubou de
mim!"
"Seu ouro! Ele estava nesse buraco? Por que você o colocou aí? Por que não o deixou
num lugar seguro, como dentro de casa, onde poderia mais facilmente pegá-lo quando
precisasse comprar alguma coisa?"

"Comprar!" exclamou furioso o Avarento. "Você não sabe o que diz! Ora, eu jamais
usaria aquele ouro. Nunca pensei de gastar dele uma peça sequer!"

Então, o estranho pegou uma grande pedra e jogou dentro do buraco vazio.

"Se é esse o caso," ele disse, "enterre então essa pedra. Ela terá o mesmo valor que
tinha para você o tesouro que perdeu!"

Moral da História:
Uma coisa ou posse só tem valor quando dela fazemos uso.

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O Boi e a Rã
Autor: Esopo

Grande Atenção, Rápida Conclusão

Na solução de um problema é preciso considerar os fatos e não os boatos...

Um Boi, indo beber água num charco, acidentalmente pisa numa ninhada de rãs e
esmaga uma delas.

A mãe das Rãs, ao dar pela falta de um dos seus filhotes, pergunta aos seus irmãos o
que aconteceu com ele. Um deles responde:

Ele foi morto! Há poucos minutos atrás, uma grande Besta, com quatro enormes patas
rachadas ao meio, veio até a lagoa e pisou em cima dele.

A mãe começa a inchar e pergunta:

A Besta era maior do que eu estou agora?

Pare mãe, pare de inchar - Pede seu filho - não se aborreça, mas eu lhe asseguro, por
mais que tente, você explodiria antes de conseguir imitar o tamanho daquele Monstro.

Moral da História:
Na maioria das vezes, as coisas insignificantes desviam nossa atenção do verdadeiro
problema.

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O Cão Raivoso
Autor: Esopo

Quem Busca Notoriedade é Carente de Honra

A honradez começa pela modéstia...

Um cachorro costumava atacar de surpresa, e morder os calcanhares de quem


encontrasse pela frente.

Então, seu dono pendurou um sino em seu pescoço, pois assim podia alertar as
pessoas de sua presença, onde quer que ele estivesse.

O cachorro cresceu orgulhoso, e vaidoso do seu sino, caminhava tilintando-o pela rua,
como se aquilo fora um grande trófeu por méritos, que o tornava superior aos demais.

Um velho e experiente cão de caça então lhe disse:

"Por quê você se exibe tanto? Este sino que carrega, acredite, não é nenhum
indício de honraria, mas antes disso, uma marca de desonra, um aviso público
para que todas as pessoas o evitem por ser perigoso."

Moral da História:
Engana-se quem pensa que o fato de ser notório o tornará honrado.

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O Cachorro e o seu Reflexo


Autor: Esopo

O questionamento não é um atributo do imprudente

O Sábio é sempre cauteloso...

Um cachorro, que carregava na boca um pedaço de carne, ao cruzar uma ponte sobre
um riacho, de repente, vê sua imagem refletida na água.

Diante disso, ele logo imagina que se trata de outro cachorro, com um pedaço de carne
maior que o seu.

Ele não pensa duas vezes, deixando cair no riacho o pedaço que carrega, e ferozmente
se lançando sobre o animal refletido na água. Seu objetivo é simples, tomar do outro,
aquela porção de carne que julga ter o dobro do tamanho da sua.

Agindo assim, ele acaba perdendo a ambos. Aquele que tentou pegar na água, por se
tratar de um simples reflexo, e o seu próprio, uma vez que ao largá-lo nas águas, a
correnteza acaba por levar para longe.

Moral da História:
É um tolo e duas vezes imprudente, aquele que desiste do certo pelo incerto.

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O Cachorro, o Galo e a Raposa


Autor: Esopo

Falsas palavras na boca do Hipócrita parecem verdades

Para o enganador as muitas palavras são poucas...

Um Cachorro e um Galo que viajavam


juntos, resolveram se abrigar da noite, em
uma árvore. O Galo se acomodou num galho
no alto, enquanto o cão deitou-se num oco,
na base do tronco da mesma.

Quando amanheceu, o Galo, como de


costume, cantou ao despertar.

Uma Raposa, que procurava comida ali


perto, ao escutar o canto, vendo ali uma
grande oportunidade de conseguir seu
jantar, se aproximou da árvore, e foi logo
dizendo o quanto lhe agradaria conhecer de
perto, o dono de tão extraordinária voz.

"Se você me permitir", ela disse, "Ficarei


muito grato de passar o dia em sua
companhia, apreciando sua voz."

O Galo então disse: "Senhor, por favor, dê


a volta na árvore, e peça para meu porteiro
lhe abrir a porta, pois eu o receberei de bom
grado."

Quando a Raposa se aproximou da árvore,


o Cachorro a atacou afugentando-a para
longe.

Moral da História:
Quem age de má fé, cedo ou tarde acaba por cair nas próprias artimanhas.

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O Carvalho e os Juncos
Autor: Esopo

O sábio se curva diante do impossível

De nada serve possuir grande força e pouca inteligência...

Um grande carvalho, ao ser arrancado do chão pela força de forte ventania, rio
abaixo é arrastado pela correnteza.

Desse modo, Levado pelas águas, ele cruza com alguns Juncos, e em tom de lamento
exclama:

"Gostaria de ser como vocês, que de tão esguios e frágeis, não são de modo algum
afetados por estes fortes ventos."

E Eles responderam:

"Você lutou e competiu com o vento, por isso mesmo foi destruído. Nós ao contrário,
nos curvamos, mesmo diante do mais leve sopro da brisa, e por esta razão
permanecemos inteiros e a salvo."

Moral da História:
Para vencer os mais fortes, não devemos usar a força, mas antes disso, inteligência e
humildade.

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O Cavalo e o Lobo
Autor: Esopo

Cuidado com as vantagens irresistíveis

Quando a esmola é grande, sensato é ficar atento...

Um Lobo vindo de um campo de aveia encontrou no caminho um Cavalo, e assim falou


para ele:

"Gostaria, caso não se importe, de dar uma sugestão ao Senhor para ir até aquele
campo. Ele está cheio de grãos de aveia selecionados, que eu guardei com cuidado
apenas para lhe servir, pois sendo meu amigo, terei o maior prazer ao vê-lo
mastigando, tão nutritivo alimento."

Ao que o cavalo lhe responde:

"Se aveia tem sido alimento para os Lobos, você jamais poderia alimentar sua barriga,
apenas satisfazendo os seus ouvidos."

Moral da História:
Homens de má reputação, quando se prestam a fazer uma boa ação, não conseguem ter
crédito.

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O Cego e o Filhote de Lobo


Autor: Esopo

Máscaras não mudam a natureza de ninguém

Perceber a verdade por trás das falsas palavras, isso é sabedoria...

Um homem, que era Cego de nascença, possuia a habilidade de distinguir diferentes


animais, apenas através do toque de suas mãos.

Trouxeram-lhe então um filhote de Lobo, que foi colocado em seu colo. Em seguida
lhe foi pedido que o apalpasse, para que depois descrevesse que animal seria aquele.

Ele correu as mãos sobre o animal, e estando em dúvida, comentou:

Eu com certeza não sei se isto é o filhote de uma Raposa ou o filhote de um Lobo; mas
de uma coisa eu tenho certeza, ele jamais seria bem vindo dentro de um curral de
ovelhas.

Moral da História:
As más tendências são mostradas já na primeira infância.

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O Cervo Doente
Autor: Esopo

Quantidade é o antagônico da qualidade

Muitos amigos, poucos amigos...

Um Cervo doente e incapaz de andar, repousava quieto em um pequeno pedaço de


pasto fresco.

E aqueles que se diziam seus amigos, então vieram em grande número para saber de
sua saúde.

E cada um deles que estava ali para visita, servia-se à vontade da escassa grama
daquele reduzido pasto, que lá estava para seu próprio sustento.

Assim ele morreu, não da doença da qual padecia, mas por falta de alimento, uma vez
que não podia caminhar para ir buscar em outro lugar.

Moral da História:
As más companhias sempre trazem mais infortúnios que alegrias.

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O Conselho dos Ratos


Autor: Esopo

Muito fanfarrão, pouca ação

Grandes ideias sem grandes obreiros não passam de grandes fracassos...

Os Ratos resolveram organizar um conselho para decidir qual seria a melhor


alternativa, para que eles pudessem saber com antecedência, quando o inimigo deles,
nesse caso o Gato, estava por perto.

E Dentre as muitas ideias que foram apresentadas, uma delas, que logo foi aprovada
por todos, considerava que, um sino deveria ser pendurado no pescoço do Gato.

Assim, ao escutarem o tilintar do mesmo, todos poderiam correr a tempo para seus
buracos. Além de ser do agrado de todos aquele extraordinário plano, por aclamação,
ficaram extasiados com tão criativa e objetiva solução.

E eis que um velho e sábio Rato ali presente, então questionou:


"Meus amigos, percebo que o plano é realmente muito bom. Mas, quem dentre nós
prenderá o sino no pescoço do Gato?"

E nenhum voluntário se fez presente.

Moral da História:
Dizer o que deve ser feito é uma coisa, fazê-la, entretanto, é "coisa" bastante diferente.

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O Faisão Vaidoso
Autor: Esopo

As Aparências enganam até certo Ponto

De cara lavada somos apenas nós mesmos...

Júpiter 2 resolveu, isso foi dito, criar um


soberano dentre os pássaros, e fez saber
que, num certo dia, todos juntos deveriam
vir à sua presença. Nesse dia, ele
pessoalmente escolheria o mais belo dentre
todos, para ser proclamado o rei dos
pássaros.

Uma Gralha, sabendo de sua própria feiúra,


saiu procurando nos campos e florestas, as
penas que haviam caído das asas dos
outros pássaros, e juntando tudo, colou-as
por cima de sua plumagem.

Quando chegou o dia marcado, e os


pássaros se apresentaram diante de
Júpiter, a Gralha desfilou com sua elegante
e exuberante plumagem.

Como Júpiter pretendia torná-la o rei, por


conta da beleza da sua plumagem, os
outros pássaros indignados protestaram, e
cada um arrancou dela a pena que lhe
pertencia, e a Gralha era outra vez, apenas
uma Gralha.

Moral da História:
Nobreza não é algo que se consegue com mérito alheio ou através das aparências.

2
Personagem mitológico que representa um Deus.

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O Fazendeiro e seus Filhos


Autor: Esopo

Ensinar a fazer, eis a melhor lição

Sem um trabalho árduo e continuado não há colheita...

Um rico e já idoso fazendeiro, vendo que não lhe


restava muito tempo de vida pela frente, chamou
seus filhos à beira da cama, e lhes disse:

"Meus filhos, escutem com atenção o que tenho


para lhes dizer. Não façam partilha da fazenda que
por muitas gerações tem pertencido a nossa
família. Em algum lugar dela, no campo, enterrado,
há um valioso tesouro escondido. Não sei o ponto
exato, mas ele está lá, e com certeza o
encontrarão. Se esforcem, e em sua busca, não
deixem nenhum ponto daquele vasto terreno
intocado."

Dito isso o velho homem morreu, e tão logo ele foi


enterrado, seus filhos começaram seu trabalho de
busca. Cavaram com vontade e força, revirando
cada pedaço de terra da fazenda com suas pás e
seus fortes braços.

E continuaram por muitos dias, removendo e revirando tudo que encontravam pela
frente. E depois de feito todo trabalho, o fizeram outra vez, e mais outra, duas, três
vezes.

Nenhum tesouro foi encontrado. Mas, ao final da colheita, quando eles se sentaram
para conferir seus ganhos, descobriram que haviam lucrado mais que todos seus
vizinhos. Isso ocorreu porque ao revirarem a terra, o terreno se tornara mais fértil,
mais favorável ao plantio, tendo como consequência, a generosa safra.

Só então eles compreenderam que a fortuna da qual seu pai lhes falara era a
abundante colheita, e que, com seus méritos e esforços haviam encontrado o
verdadeiro tesouro.

Moral da História:
O Trabalho diligente é em si um tesouro.

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O Filhote de Cervo e sua Mãe


Autor: Esopo

Para mudar é preciso, além da vontade, Querer...

Não é o Medo que faz o covarde, mas o covarde que faz o Medo...

Certa vez, um jovem Cervo conversava com sua mãe:

"Mãe você é maior que um Lobo. É também mais veloz pois possui pernas
fortes e agéis, possui ainda chifres poderosos para se defender, por que então
você tem tanto medo deles?"

A Mãe amargamente sorriu e disse:

"Tudo que você falou é a mais pura verdade meu filho, mesmo assim, quando
eu escuto um simples ganido de Lobo e percebo sua aproximação, me sinto
fraca e só penso em correr o mais que puder..."

Moral da História:
Para a maioria das pessoas é mais cômodo conviver com seus medos e fraquezas, mesmo
sabendo que são capazes superar cada uma dessas coisas.

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O Filhote de Ovelha Sobre o Teto


Autor: Esopo

O Indivíduo seguro de si não precisa de muletas

O sábio é discreto, mesmo quando está em vantagem...

Um travesso e inquieto filhote de ovelha foi deixado pelo pastor, sobre o teto de palha
de um abrigo para carneiros, como única forma de mantê-lo em lugar seguro.

O Filhote estava caminhando pelo telhado, indo de um lado para o outro, quando viu
um Lobo que passava ali perto. Assim, certo de que este não poderia alcançá-lo,
começou a zombar do mesmo, dizendo piadas e fazendo caretas.

E lhe disse o Lobo: "Ouço você, e não tenho absolutamente nada contra o que diz ou
faça. Quando você está aí, em cima desse telhado, acredite, é o telhado que está
falando, não é você..."

Moral da História:
Não prometa aquilo que você não é capaz de cumprir sempre.

Moral da História alternativa:


A segurança de hoje pode não ser a de amanhã...

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O Filhote de Ovelha e o Lobo


Autor: Esopo

Sem atenção não há Ação

Um Objetivo, caminho numa direção; Nenhum objetivo, conflito e confusão...

Um filhote de ovelha, voltava do pasto para casa sozinho, quando se viu diante de um
lobo.

Ele então disse ao lobo: "Eu sei, amigo lobo, que certamente serei devorado, mas
antes de morrer, gostaria de lhe pedir um favor, que tocasse com sua flauta, uma
canção para eu dançar; esta será minha última diversão."

O Lobo concordou, e enquanto tocava para o filhote dançar, os cães de guarda do


pasto, ouvindo o som da flauta, vieram e o afugentaram para longe.

E o Lobo disse ao filhote: "Isto é o que com justiça eu mereço. Afinal, sendo apenas
um predador, jamais deveria tentar ser um músico, ainda mais quando o caso era
apenas para agradá-lo."

Moral da História:
Não permita que nenhuma distração o afaste de seus reais objetivos.

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O Galo de Briga e a Águia


Autor: Esopo

Respeito ao concorrente é respeito a si mesmo

Não existe superioridade, mas apenas uma ilusória, aparente e temporária vantagem...

Dois galos estavam disputando em feroz luta, o direito de comandar o galinheiro de


uma chácara. Por fim, um põe o outro para correr e é autoproclamado o vencedor.

O Galo derrotado afastou-se e foi se recolher num canto sossegado do galinheiro.

O vencedor, tomado de orgulho e vaidade, voando até o alto de um muro, bateu as


asas e exultante cantou com toda sua força.

Uma Águia, que pairava ali perto em busca de alimento, lançou-se sobre ele e com um
golpe certeiro levou-o preso em suas poderosas garras.

O Galo derrotado saiu do seu canto, e daí em diante reinou absoluto livre de
concorrência.

Moral da História:
Orgulho ou Arrogância ainda é o caminho mais curto para a ruína e a perdição.

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O Garoto Pastor e o Lobo


Autor: Esopo

Na boca de um mentiroso, verdades são mentiras

Não é o homem que faz a palavra, mas é a palavra que faz o


homem...

Um Jovem Pastor de ovelhas, encarregado


que fora de tomar conta de um rebanho perto
de um vilarejo, por três ou quatro vezes, fez
com que os moradores e donos dos animais,
viessem correndo apavorados ao local do
pasto, sempre motivados pelos seus
desesperados gritos: "Lobo! Lobo!".

E quando eles se aproximavam do local do


pastoreio, imaginando que o jovem estava em
apuros com o Lobo, lá estava ele sempre a
zombar do pavor que todos estavam sentindo.

O Lobo, entretanto, por fim, de fato se


aproximou do rebanho. Então, o jovem pastor,
agora realmente apavorado, tomado pelo
terror e aflição, gritava desesperado: "Por
Favor, venham me ajudar; o Lobo está
matando todo o rebanho!".

Mas, dessa vez seus gritos foram em vão, e


ninguém mais deu ouvidos aos seus apelos.

Moral da História:
Ninguém acredita em um mentiroso, mesmo quando ele fala a verdade...

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o Javali e a Raposa
Autor: Esopo

Quem não Teme o Perigo é Duas Vezes Imprudente

Prevenir sempre é melhor do que remediar...

Um Javali estava afiando suas presas roçando-as contra o tronco de uma árvore.

A Raposa, sempre procurando uma oportunidade para ridicularizar seus vizinhos, se


aproximou fazendo pantomimas, fingindo estar com medo de alguma coisa, olhando
preocupada para todos os lados, como se temesse, algum inimigo escondido, oculto em
meio ao mato.

Mas, o javali, sem lhe dar importância, continuou a realizar seu trabalho.

Então ela não se conteve e lhe perguntou com ar de descaso:


"Por que você está fazendo isso? Afinal de contas, nesse momento, não vejo
nenhuma situação de perigo por perto..."

E respondeu o Javali:
"Você está completamente certa. Mas, quando o perigo se apresentar não terei
tempo para me preparar e minhas armas não estarão prontas para uso, e por
isso mesmo, poderei sofrer as consequências por ter sido descuidado."

Moral da História:
Estar preparado para a guerra é a melhor garantia de paz.

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O Lavrador e a Cegonha
Autor: Esopo

Na maioria das vezes somos julgados pela aparência

É prudente nos esquivarmos sempre das más companhias...

Uma Cegonha, de natureza simples e ingênua por ser boa, foi convidada por um bando
de Garças, a visitar com elas, um campo que fora recentemente semeado.

Mas, a festa acabou bruscamente, quando todo o bando foi capturado numa armadilha
colocada no local, pelo lavrador dono daquele cultivo.

A Cegonha pediu então ao lavrador que a deixasse ir embora. Ela argumentou dizendo:
"Por favor, deixe-me ir embora, Eu pertenço a família das Cegonhas, que são
conhecidas pela sua honestidade e bom caráter. Veja, até minhas penas são diferentes
da plumagem delas. Além disso, não sabia que as Garças estavam vindo roubar suas
sementes."

Respondeu então o agricultor: "Você pode ser um bom pássaro, e tudo que diz pode
ser verdadeiro, mas eu capturei você na companhia de Garças destruidoras de
plantações, e assim, terá a mesma punição que reservei para elas."

Moral da História:
Você é julgado a partir das companhias com quem anda.

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O Lavrador e a Serpente
Autor: Esopo

O Ressentimento é uma ferida difícil de Cicatrizar

Na lei da ação e reação, quanto mais se resiste a uma força contrária, mais forte ela se torna...

Uma Serpente, tendo feito sua toca perto da


entrada de uma cabana, deu uma mordida no
filho menor do Lavrador que ali morava, e este
veio a falecer, causando grande angústia e
aflição aos seus pais.

O Pai da criança resolveu então matar a


serpente. No dia seguinte, quando ela saiu do
buraco em busca de alimento, ele desferiu-lhe
um golpe com seu machado. Mas, na ânsia de
acertar com um só golpe antes que ela
escapasse, errou a cabeça, e cortou apenas a
ponta da sua cauda.

Depois de algum tempo, o camponês, com


medo de também ser atacado pela serpente,
resolveu fazer as pazes, e para agradá-la,
deixou perto do buraco, uma porção de pão e
sal.

A Serpente então disse: "Doravante, não


pode existir paz entre nós, pois sempre que
eu ver você, lembrarei da minha cauda
cortada, enquanto que, sempre que você me
ver, lembrará da morte do seu filho."

Moral da História:
Coisa mais difícil não há, que esquecermos das injúrias sofridas, especialmente na presença
dos seus causadores.

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O Ladrão e o Cão de Guarda


Autor: Esopo

Muitos agrados, Preços amargos

Quem espera obter lucro fácil, tenha certeza de prejuízo em dobro...

Um ladrão veio à noite para assaltar uma casa. Ele trouxe consigo vários pedaços de
carne, para que pudesse acalmar um feroz Cão de Guarda que vigiava o local. A carne,
evidentemente, serviria para distraí-lo, de modo que não chamasse a atenção do seu
dono com latidos.

E tão logo o mal intencionado ladrão jogou os pedaços de carne aos pés do cão, disse-
lhe então o animal:

"Ora Senhor, Se você estava querendo calar minha boca, cometeu um grande erro.
Tão inesperada gentileza vinda de suas mãos, apenas serviram para me deixar ainda
mais atento. Sei que por trás dessa cortesia sem motivo, O Senhor deve ter algum
interesse oculto, de modo a beneficiar a si mesmo e prejudicar o meu dono!"

Moral da História:
Em gentilezas com grandes vantagens inesperadas, má intencionalidade disfarçada sempre
há.

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O Leão Apaixonado
Autor: Esopo

Respeito pelo temor não é respeito

O que pela força se consegue, pela força se perde...

Um Leão pediu a filha de um lenhador em casamento. O Pai, apesar de contrariado por


não poder negar, já que o temia, vislumbrou também na ocasião, uma excelente
oportunidade para livrar-se de vez daquele incômodo.

Enfim, Ele disse que aceitaria em tê-lo como genro, mas com uma condição: Este
deveria deixar-lhe arrancar suas unhas e aparar os seus dentes, pois sua filha tinha
muito medo dessas coisas.

Feliz da vida, sem pensar duas vezes, o Leão concordou.

Feito isso, ele tornou a fazer seu pedido, mas o lenhador, que já não mais o temia,
pegou um cajado e o expulsou de sua casa. Assim, vencido, ele retornou à floresta.

Moral da História:
O amor é capaz de amansar a mais selvagem criatura.

Moral da História 2:
Um problema, quando examinado de perto, torna-se ele próprio a solução.

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o Leão e o Inseto
Autor: Esopo

Não existe Superioridade, apenas uma aparente e temporária Vantagem

Nem sempre nosso maior problema é o mais importante

Um inseto se aproximou de um Leão e disse sussurrando em seu ouvido: "Não tenho


nenhum medo do Senhor, nem acho que o Senhor seja mais forte que eu. Se o Senhor
duvida disso, eu o desafio para uma luta, e assim, veremos quem será o vencedor."

E voando rapidamente sobre o Leão, deu-lhe uma ferroada no nariz. Assim, o Leão,
tentando pegá-lo com as garras, apenas atingia a si mesmo, ficando assim bastante
ferido, e por fim, deu-se por vencido.

Desse modo o Inseto venceu o Leão, e entoando o mais alto que podia uma canção que
simbolizava sua vitória sobre o Rei dos animais, foi embora cheio de orgulho, com ares
de superioridade, relatar seu grande feito para o mundo.

Mas, na ânsia de voar para longe e rapidamente espalhar a notícia, acabou preso numa
teia de aranha.

Então se lamentou Dizendo: "Ai de mim, eu que sou capaz de vencer a maior das
feras, fui vencido por uma simples Aranha."

Moral da História:
Quase sempre, Não é o maior dos nossos inimigos que é o mais perigoso.

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O Leão e o Rato
Autor: Esopo

Não é possível medir a gratidão pelo tamanho do Benfeitor

Boas ações feitas, bons frutos criados...

Um Leão dormia sossegado, quando foi despertado por um Rato, que passou correndo
sobre seu rosto.
Com um bote ágil ele o pegou, e estava pronto para matá-lo, ao que o Rato suplicou:

"Ora, veja bem, se o senhor me poupasse, tenho certeza que um dia poderia retribuir
sua bondade."

Apesar de rir por achar rídícula tal possibilidade, ainda assim, como não tinha nada a
perder, ele resolveu libertá-lo.
Aconteceu que, pouco tempo depois, o Leão caiu numa armadilha colocada por
caçadores. Assim, preso ao chão, amarrado por fortes cordas, completamente indefeso
e refém do fatídico destino que certamente o aguardava, sequer podia mexer-se.
O Rato, reconhecendo seu rugido, se aproximou e roeu as cordas até deixá-lo livre.

Então disse: "O senhor riu da simples ideia de que eu seria capaz, um dia, de retribuir
seu favor. Mas agora sabe, que mesmo um pequeno Rato é capaz de fazer um favor a
um poderoso Leão."

Moral da História:
Nenhum ato de gentileza é coisa vã. Não podemos julgar a importância de um favor, pela
aparência do benfeitor.

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O Leão e os Tres Touros


Autor: Esopo

Esforço coletivo, Sucesso Efetivo

Quatro mãos produzem mais que duas...

Três touros, amigos desde longa data, pastavam juntos e tranquilos no campo.

Um Leão, escondido no mato, espreitava-os na esperança de fazer deles seu jantar,


mas tinha receio de atacá-los enquanto estivessem em grupo.

Desse modo, resolveu arquitetar um malicioso plano. Assim, passado algum tempo,
por meio de ardilosas e traiçoeiras palavras e muitos mexericos que espalhou entre
eles, acabou por conseguir criar no grupo, um desfavorável clima de discórdia, até
finalmente separá-los.

Assim, desfeito o grupo por conta do desentendimento, tão logo eles pastavam
sozinhos, atacou-os sem medo algum. E um após outro, foram sendo devorados
sempre que ele sentia fome.

Moral da História:
União é força.

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O Leão, o Asno, e a Raposa


Autor: Esopo

Muitas vezes, ganhar significa sair Perdendo

Quem não vê uma oportunidade de aprender na crise está perdido...

Um Leão, um Asno, e uma Raposa, que caçavam juntos, conseguiram capturar uma
grande quantidade de caça. Então ao Asno foi pedido que fizesse a partilha de tudo.
Com muito jeito e delicadeza ele dividiu tudo em partes iguais.

A Raposa ficou satisfeita com a divisão, mas o Leão, furioso pulou sobre ele, e com um
golpe certeiro de sua forte pata, o jogou inerte sobre a pilha dos animais que jaziam
amontoados no chão. Então ele se voltou para a Raposa e rosnou:
"Agora é a sua vez de fazer a divisão!"

A Raposa não perdeu tempo falando. Rapidamente empilhou toda caça em apenas um
grande monte. Para si mesmo, ela retirou uma pequena parte, na verdade apenas os
pedaços indesejáveis dos outros animais, tais como, os chifres e cascos de uma Cabra
selvagem, e o rabo de um Boi.

O Leão, agora bem humorado, gentilmente lhe pergunta:


"Quem te ensinou a fazer uma divisão tão justa e sensata como esta?"
"Eu aprendi a lição com o Asno", cautelosamente respondeu a Raposa, enquanto se
afastava do local levando na boca o seu quinhão.

Moral da História:
Sábio é aquele capaz de aprender a partir do infortúnio dos outros

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O Leão, o Urso e a Raposa


Autor: Esopo

Falta de Entendimento, Garantido Sofrimento

É mais sábio dividir o menos que perder o mais...

Um Leão e um Urso capturaram um cervo, e em feroz luta, disputavam pelo direito de


posse da presa.

Após terem lutado bastante, cansados e feridos, eles cairam no chão completamente
exaustos.

Uma Raposa, que estava nas redondezas, à uma distância segura e quieta o bservando
a tudo, vendo ambos caidos no chão e o cervo abandonado ali perto, passou correndo
entre os dois, e com um bote certeiro agarrou a presa abatida com a boca e
desapareceu no meio do mato.

O Leão e o Urso, claro, estavam vendo tudo aquilo. Mas, extenuados após tão acirrada
disputa entre eles, e incapazes de impedir, apenas se limitaram a dizer:
"Ai de nós, grande coisa fizemos, nos ferimos um ao outro à toa, apenas para garantir
o jantar da Raposa!

Moral da História:
Algumas vezes acontece de alguém fazer todo trabalho pesado, e outro obter todo o mérito.

Moral da História 2:
O sábio sabe que numa disputa não existem vencedores, nem possibilidade de
entendimento.

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O Leão e o Asno
Autor: Esopo

A Máscara é o Abrigo do Covarde

Quem muito se exibe é porque pouco tem para mostrar...

Um Leão e um Asno combinaram que iriam


caçar juntos. Em sua busca por presas, logo
os dois caçadores viram um grupo de
Cabras Selvagens que se esconderam numa
caverna, e então resolveram traçar um
plano para capturá-las.

O Asno entraria na caverna e se


encarregaria de atraí-las para fora. O Leão,
claro, ficaria do lado de fora à espreita,
pronto para atacá-las, tão logo de lá
saíssem.

O plano funcionou com perfeição. Estando


as Cabras tranquilas, distraídas e confiantes
de que estavam em segurança no seu
retiro, não perceberam que o Asno ali adentrara. O animal invasor, de surpresa, fez um
barulho tão assustador, pulando e zurrando, com toda força que lhe era possível dispor,
que as Cabras, tomadas de pânico, não tiveram outra reação senão correrem para
todos os lados assustadas.

E logo, um pouco recuperadas do susto, conseguiram encontrar a saída do


confinamento, e julgando que estariam mais seguras do lado de fora, saíram dali
correndo em disparada, apenas para caírem indefesas nas garras do Leão que, de
prontidão, as aguardava à entrada da gruta.

Orgulhoso do seu feito, o Asno saiu para fora da caverna e disse:"Você viu como
coloquei todas à correr?".

Ao que o Leão respondeu:"Sim, sem dúvida, e se eu não conhecesse você tão bem,
certamente que faria a mesma coisa que elas".

Moral da História:
O fanfarrão com seu vozeirão e exibicionismo, não é capaz de impressionar aqueles que já o
conhecem.

Moral da História 2:
A aparência pode enganar por um tempo, mas o convívio cuidará de desfazer tudo...

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O Lobo e o Leão
Autor: Esopo

Para o Injusto, a Justiça só Existe para Si...

O que se consegue fácil, se perde fácil

Um Lobo, que acabara de roubar uma ovelha, depois de refletir por um instante,
chegou à conclusão, que o melhor seria levá-la para longe do curral, para que enfim,
fosse capaz de servir-se daquela merecida refeição, sem o indesejado risco de ser
interrompido por alguém.

No entanto, contrariando a sua vontade, seus planos bruscamente mudaram de rumo,


quando, no caminho, ele cruzou com um poderoso Leão, que sem muita conversa, de
um só bote, lhe tomou a ovelha.

O Lobo, contrariado, mas sempre mantendo uma distância segura do seu oponente,
disse em tom injuriado, com uma certa dose de ironia:"Você não tem o direito de tomar
para si aquilo que por direito me pertence!"

O Leão, sentindo-se um tanto ultrajado pela audácia do seu concorrente, olhou em


volta, mas, como o Lobo estava longe demais, e não valia a pena o inconveniente de
persegui-lo apenas para lhe dar uma merecida lição, disse com desprezo:"Como
pertence a você? Você por acaso a comprou, ou por acaso, terá o pastor lhe dado como
presente? Por favor, me diga, como você a conseguiu?"

Moral da História:
Aquilo que se consegue pelo mau, pelo mau se perde.

Moral da História 2:
Um aparente benefício que se obtem sem crédito, logo se tornará débito.

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O Lobo e a Garça
Autor: Esopo

A Gratidão não é o Padrão

Para o mal agradecido, o injusto parece justo...

Um Lobo, ao se engasgar com um pedaço


de osso, contratou uma Garça, para que
esta colocasse a cabeça dentro da sua
goela, e com seu bico fino e longo pescoço,
de lá pudesse retirá-lo.

Mas, claro, todo esse trabalho, não seria


em vão. Assim, prometeu que em troca do
favor, haveria de lhe dar uma grande soma
em dinheiro,

Quando a Garça retirou o osso e


finalmente pediu o pagamento combinado,
o Lobo, rosnando ferozmente, exclamou:

"Ora, Ora! Você já foi mais que


devidamente recompensada. Quando
permiti que sua cabeça saisse a salvo de
dentro da minha boca, este evidentemente
foi o seu pagamento."

Moral da História:
Perde duas vezes seu tempo quem do ingrato espera alguma compensação ou
agradecimento.

Moral da História 2:
Uma boa ação que tem na gratidão sua certificação, encontrará na ingratidão sua
desqualificação...

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o Lobo e a sua Sombra


Autor: Esopo

Grande Vaidade, pouca Acuidade

Reconhecer nossos limites, eis a verdadeira sabedoria...

Um Lobo saiu de sua toca num fim de tarde, bem disposto e com grande apetite. E
enquanto ele corria, a luz do sol poente batia sobre seu corpo, fazendo sua sombra
aparecer refletida no chão.
Então ele viu aquela sombra de si mesmo projetada no chão, e parou com visível
espanto.

Ocorre que, como a sombra de uma coisa ou objeto, sob a incidência de luz indireta, é
sempre bem maior que a própria coisa, ao ver aquilo, exclamou sem conter o
sentimento de vaidade:
"Ora, ora, veja só o quanto grande eu sou! Imagine eu, com todo esse tamanho, e
ainda tendo que fugir de um insignificante Leão! Eu o mostrarei, quando o encontrar, se
Ele ou Eu, afinal, quem de verdade é o rei dos animais!"

E enquanto estava distraido envolto em seus pensamentos e devaneios, a gabar-se,


um Leão, aproveitando-se do seu descuido, pulou sobre ele e o capturou.
Ele então exclamou com tardio arrependimento: "Coitado de mim! Minha exagerada
autoestima foi a causa da minha perdição."

Moral da História:
Não permita que suas fantasias o façam esquecer da realidade.

Moral da História 2:
Não reconhecer os próprios limites é uma forte evidência da falta de inteligência...

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O Lobo, o Cabrito, e a Cabra


Autor: Esopo

Mais Seguro está quem não confia na Segurança

De nada adianta se proteger do perigo, quando não somos capazes de reconhecê-lo...

Certa manhã, Mamãe Cabra foi ao


mercado comprar provisões para sua
casa, onde viviam ela mesma e seu
filhote.

"Tome conta da casa meu filho", ela


disse ao Cabrito, enquanto fechava a
porta com cuidado. "Não permita que
ninguém entre, a menos que o visitante
diga a seguinte frase secreta: "Quero
distância dos Lobos e de toda sua
raça!"

Bastante atento, um Lobo que estava


à espreita ali perto, escutou
cuidadosamente o que a Cabra dissera.

E assim, tão logo a mãe Cabra sumiu


de sua vista, ele caminhou até a porta,
bateu nela, e com uma voz macia quase
melodiosa falou: "Quero distância dos
Lobos e de toda sua raça!"

De fato, aquela era a palavra certa,


mas quando o filhote de Cabra viu pela
fresta de baixo da porta, a sombra de uma figura estranha, não se sentiu totalmente
seguro. Então disse:"Mostre-me sua pata branca, ou não o deixarei entrar..."

Uma pata branca, é um atributo que quase nenhum Lobo possui, e assim, o Senhor
Lobo, foi embora com a mesma fome que havia chegado.

"Você nunca está totalmente seguro", exclamou o Cabrito, enquanto via, pelo buraco
da fechadura, o Lobo que se afastava em direção à floresta.

Moral da História:
Sábio é aquele que confia sempre desconfiando.

Moral da História 2:
A prudência ainda é a mais eficaz forma de proteção...

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O Lobo e a Ovelha
Autor: Esopo

Desconfie de Gentilezas em Excesso

A realização dos enganadores são os tolos...

Um lobo, muito ferido devido às várias mordidas de cachorros, repousava doente e


bastante debilitado em sua toca.

Como estava com fome, ele chamou uma ovelha que ia passando ali perto, e pediu-lhe
para trazer um pouco da água de um regato que corria ao lado dela.

Assim, falou o lobo, se você me trouxer água, eu ficarei em condições de conseguir


meu próprio alimento.

Claro, respondeu a ovelha, se eu levar água para você, sem dúvida eu serei esse
alimento.

Moral da História:
Um hipócrita não consegue disfarçar suas verdadeiras intenções, mesmo quando tenta se
expressar com gentileza.

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O Pastor e as Cabras Selvagens


Autor: Esopo

Grande Ganância, Pouca Decência

Não é Boa Política deixar o Certo pelo Duvidoso

Num frio dia de inverno, quando a neve caia sem cessar, um Pastor levou suas Cabras
para se abrigarem numa deserta caverna.

Lá dentro ele encontrou um bando de Cabras selvagens, mais numeroso que o seu
rebanho, e que também estavam a se proteger do mau tempo.

Assim, o Pastor desejando tomar posse das Cabras Selvagens, deixou seu rebanho do
lado fora à própria sorte. A seguir, deu para as Cabras Selvagens, todo alimento que
comprara, e que antes estava destinado ao seu próprio rebanho.

Mas, quando o tempo melhorou, saindo da caverna, ele viu que as Cabras que eram do
seu rebanho não tinham resistido a fome, e o pior, em seguida, as Cabras Selvagens
fugiram para as montanhas e florestas.

Assim, o Pastor, retornou humilhado para sua casa, tendo falhado em capturar o
rebanho selvagem, e tendo perdido aquilo que já possuía.

Moral da História:
Aqueles que desprezam seus velhos amigos em favor das novas amizades, quase
certamente perderão a ambos.

Moral da História 2:
Quem tudo quer tudo perde.

63
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O Pastor e o Leão
Autor: Esopo

Por Vezes o Remédio é Pior que a Doença...

Quando se procura às cegas, podemos encontrar qualquer coisa...

Certo dia, ao contar suas Ovelhas, um Pastor chegou à conclusão que algumas estavam
faltando.

Muito bravo, aos gritos, cheio de presunção e arrogância, disse que gostaria de pegar o
responsável por aquilo e puni-lo com suas próprias mãos, da forma merecida.

Suspeitava de um Lobo que vira afastar-se em direção à uma região rochosa entre as
colinas, onde existiam cavernas infestadas deles.

Mas, antes de ir até lá, fez uma promessa aos deuses, dizendo que lhes daria em
sacrifício, a mais gorda e bela das suas Ovelhas, se estes lhes ajudassem a encontrar o
ladrão.

Após procurar em vão, sem encontrar, nenhum Lobo, quando passava diante de uma
grande caverna ao pé da montanha, um enorme Leão, saindo de dentro, põe-se à sua
frente, carregando na boca uma de suas Ovelhas. Cheio de pavor o Pastor cai de
joelhos e suplica aos deuses:

"Piedade, bondosos deuses, os homens não sabem o que falam! Para encontrar o
ladrão ofereci em sacrifício a mais gorda das minhas ovelhas. Agora, prometo-lhe o
maior e mais belo Touro, desde que faça com que o ladrão vá embora para longe de
mim!"

Moral da História:
Se não temos certeza dos desdobramentos de uma ação, o mais sensato é deixá-la de lado.

Moral da História 2:
O sábio não resolve um problema criando outros tantos.

64
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Os Dois Viajantes e o Urso


Autor: Esopo

Os Verdadeiros amigos aparecem nas Crises

Não é sensato deixarmos nosso destino em mãos de terceiros...

Dois homens viajavam juntos através


de uma densa floresta, quando, de
repente, sem que nenhum deles
esperasse, à frente deles, um enorme
urso surgiu do meio da vegetação.

Um dos viajantes, de olho em sua


própria segurança, não pensou duas
vezes, correu e subiu numa árvore.

Ao outro, incapaz de enfrentar aquela


enorme fera sozinho, restou deitar-se no
chão e permanecer imóvel, fingindo-se
de morto. Ele já escutara que um Urso,
e outros animais, não tocam em corpos
de mortos.

Isso pareceu ser verdadeiro, pois o


Urso se aproximou dele, cheirou sua
cabeça de cima para baixo, e então,
aparentemente satisfeito e convencido
que ele estava de fato morto, foi embora
tranquilamente.
O homem que estava em cima árvore
então desceu. Curioso com a cena que viu lá de cima, ele perguntou:

"Me pareceu que o Urso estava sussurrando alguma coisa em seu ouvido. Ele lhe
disse algo?"
"De fato, Ele disse sim!" respondeu o outro, "Disse que não é nada sábio e sensato de
minha parte, andar na companhia de um amigo, que no primeiro momento de aflição,
me deixa na mão!".

Moral da História:
A crise é o melhor momento para revelar quem são os verdadeiros amigos.

Moral da História 2:
Uma verdadeira boa ação não ocorre em momentos de fartura, mas de crise.

65
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Os Garotos e as Rãs
Autor: Esopo

Se o Bem Estar não for Coletivo, não é Bem Estar

Só devemos considerar nossa satisfação plena, quando também isso compartilhamos com outros...

Alguns garotos estavam brincando às margens de uma lagoa, onde vivia uma família de
Rãs. Os garotos se divertiam atirando pedras na lagoa, de modo que estas saíssem
pulando sobre a superfície da água.

Logo a superfície da lagoa estava repleta de pedras que voavam por todos os lados, e
os garotos mal conseguiam se conter de tanta alegria. Mas, para as pobres Rãs dentro
da água, a situação era desesperadora, de pavor.

Por fim uma delas, a mais velha e corajosa do grupo, colocou a cabeça para fora da
água e rogou: "Por favor, caras crianças, parem com tão cruel brincadeira. Ainda que
isso possa ser divertido para vocês, também pode significar a morte para nós!"

Moral da História:
É Sempre bom ponderarmos antes, se o motivo de nossa diversão, ou satisfação, não é a
causa de males para outros!

66
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Os Ratos e as Doninhas
Autor: Esopo

Poder e Virtude não são Compatíveis

Ao Vaidoso importa mais o menos de si mesmo

As Doninhas e os Ratos estavam sempre


em pé de guerra uns contra os outros. À
cada batalha, as Doninhas sempre saíam
vitoriosas, levando consigo um grande
número de Ratos, que lhes serviam de
refeição para o dia seguinte.

Desesperados, os Ratos resolveram formar


um conselho para tratar do assunto. E foi
assim que chegaram à conclusão, que os
Ratos sempre levavam desvantagem
porque não tinham um líder.

Definida a questão, em seguida, um grande


número de generais e comandantes foram
escolhidos dentre os mais eminentes e notórios Ratos da comunidade. Isso,
evidentemente era motivo de orgulho para aqueles que, sendo hierarquicamente os
mais bem posicionados, enxergavam ali uma clara forma de reconhecimento público
desse status.

Para diferenciá-los dos soldados comuns, quando estivessem na linha de frente, em


meio ao campo de batalha, ficou acertado que os novos líderes orgulhosamente
ostentariam, sobre suas cabeças, ornamentos e adereços feitos de penas ou palha.
Então, depois de uma longa preparação da tropa de Ratos, após muitos estudos em
táticas de guerrilha, eles enviaram um desafio para as Doninhas.

As Doninhas, claro, aceitaram o desafio com ânsia, uma vez que, "estar sempre de
prontidão para a luta", era seu lema, especialmente quando estavam de olho numa
refeição. Assim, imediatamente atacaram a brigada dos Ratos em grande número. Logo
a linha de frente dos Ratos sucumbiu diante do ataque, e o restante da armada
imediatamente bateu em retirada, numa fuga desesperada para se abrigarem em seus
buracos.

Os soldados rasos entraram com facilidade em suas estreitas tocas, mas os Ratos
líderes não tiveram a mesma sorte, uma vez que não conseguiram entrar a tempo em
seus abrigos. Ocorre que os exagerados adereços que carregavam sobre suas cabeças,
atrapalharam de forma decisiva seus movimentos. Assim, nenhum deles conseguiu
escapar do ataque das famintas Doninhas.

Moral da História:
A Grandeza tem suas desvantagens.

67
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O Touro e a Cabra
Autor: Esopo

Não é digno de confiança quem se esconde atrás de outros

A arma do Covarde são as sombras que o ocultam

Certa vez, um Touro, fugindo da


perseguição de um feroz Leão, se escondeu
numa caverna que os Pastores costumavam
usar para abrigar seus rebanhos durante as
tempestades ou ao cair da noite.

Ocorre que um desses animais, uma Cabra,


que estava escondida na parte de trás da
gruta, se achando dona do lugar, tão logo
viu o Touro entrar, distraído, extenuado e
tentando se recuperar do tremendo susto
que levara, aproveitando-se da situação,
pelas costas, covardemente o atacou
dando-lhe marradas com seus chifres.

Como o Leão ainda estava circulando em


volta da entrada da gruta, o Touro teve que
se submeter à aquela incompreensível
agressão e injustificável insulto.

Então ele disse em tom de alerta:

"Você não acredita que estou me submetendo, sem reagir, a esse injusto e covarde
tratamento porque tenho medo de você não é? Mas te prometo uma coisa, Quando o
Leão for embora, aí sim, te colocarei no teu devido lugar, e acredite, disso tenho a mais
absoluta certeza, te darei tamanha lição, que decerto dela, enquanto viveres, jamais
irás esquecer."

Moral da História:
Maldade mais profunda e desumanidade igual não há, do que tirar vantagem sobre os outros,
aproveitando-se de um momento de vulnerabilidade.

68
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O Urso e as Abelhas
Autor: Esopo

Resistir a uma provocação é indício de Sabedoria

O Poder maior está em controlar a si mesmo

Um Urso procurava por entre as árvores, pequenos frutos silvestres para sua refeição
matinal, quando deu de cara com uma árvore caída, dentro da qual, um enxame de
abelhas guardava seu precioso favo de mel.

O Urso, com bastante cuidado, começou a farejar em volta do tronco tentando


descobrir se as abelhas estavam em casa.
Nesse exato momento, uma das abelhas, que voltava do campo onde fora coletar
néctar das flores para levar à colméia, deu de cara com o matreiro e curioso visitante.

Receosa com aquilo que pretendia o Urso fazer em seguida, voou até ele e deu-lhe uma
ferroada, para desaparecer em seguida no interior oco da árvore caída.
O Urso, tomado de dor pela ferroada, ficou furioso, e incontrolável, pulou em cima do
tronco com unhas e dentes, atacando a tudo e a todas, disposto a destruir o ninho das
abelhas como vingança. Mas, isso apenas o fez provocar uma reação em cadeia de toda
colméia.

Assim, ao pobre Urso, só restou fugir o mais depressa que pode em direção a um
pequeno lago, onde, depois de nele mergulhar e permanecer imerso por um bom
tempo, finalmente se pôs à salvo.

Moral da História:
É mais sábio suportar uma simples provocação em silêncio, que despertar a fúria
incontrolável de um inimigo mais poderoso.

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Os Viajantes e o Tesouro
Autor: Esopo

O Amigo compartilha também das suas alegrias

Não confie em amigos de conveniência...

Dois homens viajavam juntos ao longo de


uma estrada, quando um deles encontrou
uma bolsa cheia de alguma coisa.

E ele disse: "Veja que sorte a minha,


encontrei uma bolsa, e a julgar pelo
peso, deve estar cheia de moedas de
ouro."

E lhe diz o companheiro: "Não diga


encontrei uma bolsa; mas, nós
encontramos uma bolsa, e quanta sorte
temos. Amigos de viagem devem
compartilhar as tristezas e alegrias da
estrada."

O "sortudo", claro, tomado pela ganância,


logo se nega a dividir o achado.

Então escutam gritos de: "Pega ladrão,


Pega ladrão!", vindo de um grupo de
homens armados com porretes, que se
dirigem, estrada abaixo, na direção deles.

O viajante "sortudo", então, tomado pelo pânico, se volta para o companheiro e diz:
"Estamos perdidos se encontrarem essa bolsa conosco."

Ao que replica o outro: "Você não disse 'NÓS' antes. Assim, agora fique com o
que é seu e diga, 'Eu estou perdido'."

Moral da História:
Não devemos exigir que alguém compartilhe conosco as desventuras, quando não lhes
compartilhamos também as nossas alegrias.

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Notas sobre O Autor

Esopo, o mais conhecido dentre os fabulistas, foi sem dúvida um grande sábio que
viveu na antiguidade. Sua origem é um mistério cercado de muitas lendas. Mas, pode
ter ocorrido por volta do ano 620 A.C.

Várias cidades se colocam como seu local de nascimento, e é comum que o tratem
como originário de uma cidade chamada Cotiaeum na província da antiga Frígia, Grécia.

Acredita-se que já nasceu escravo, e pertenceu a dois senhores. O Segundo, viria a


torná-lo livre ao reconhecer sua grande e natural sabedoria. Conta-se que mais tarde
ele se tornaria embaixador.

Em suas fábulas ou parábolas, ricas em ensinamentos, ele retrata o drama existencial


do homem, substituindo os personagens humanos por animais, objetos, ou coisas do
reino vegetal e mineral.

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