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RECURSOS

PARA
CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

FÁBULAS
FEDRO . ESPOPO . LA FONTAINE . LEONARDO DA VINCI . MONTEIRO LOBATO

Amanda, Mara e Taninha


Limeira
2017
FEDRO

A RAPOSA E AS UVAS

Morta de fome, uma raposa foi até um vinhedo sabendo que ia encontrar muita
uva. A safra tinha sido excelente. Ao ver a parreira carregada de cachos enormes, a rapo-
sa lambeu os beiços. Só que sua alegria durou pouco: por mais que tentasse, não conse-
guia alcançar as uvas. Por fim, cansada de tantos esforços inúteis, resolveu ir embora, di-
zendo:
— Por mim, quem quiser essas uvas pode levar. Estão verdes, estão azedas, não me
servem. Se alguém me desse essas uvas eu não comeria.

Moral: Desprezar o que não se consegue conquistar é fácil.

Fedro – Fábulas
de Luiz Feracine—Editora Escala
ESOPO

O LEÃO E O MOSQUITO
Um inseto se aproximou de um Leão, e sussurrando em seu ouvido, disse: "Não te-
nho nenhum medo do Senhor, nem acho que o Senhor seja mais forte que eu. Se o Senhor
duvida disso, eu o desafio para uma luta, e assim, veremos quem será o vencedor..."

E voando rapidamente sobre o Leão, deu-lhe uma ferroada no nariz. E sucedeu que,
enquanto o Leão tentava pegá-lo com as garras, apenas atingia a si mesmo, ficando as-
sim bastante ferido, e por fim, deu-se por vencido.

Desse modo o Inseto venceu o Leão, e en-


toando com seu zumbido o mais alto que podia
uma canção que simbolizava sua vitória sobre o
Rei dos animais, foi embora cheio de orgulho,
com ares de superioridade, relatar seu grande
feito para o mundo.

Mas, na ânsia de voar para longe e rapida-


mente espalhar a notícia, por descuido, acabou
preso numa teia de aranha.

Então se lamentou Dizendo: "Ai de mim, eu


que sou capaz de vencer a maior das feras, fui
vencido por uma simples e insignificante Ara-
nha..."

Quase sempre, Não é o maior dos nossos inimigos que é o mais perigoso.

Aesop’s Fables
Rev. Georg Fyler Towwnsend
ESOPO

A LEBRE E A TARTARUGA
A lebre vivia a se gabar de que era o mais veloz de todos os animais. Até o dia em
que encontrou a tartaruga.
— Eu tenho certeza de que, se apostarmos uma corrida, serei a vencedora – desafi-
ou a tartaruga.
A lebre caiu na gargalhada.
— Uma corrida? Eu e você? Essa é boa!
— Por acaso você está com medo de perder? — perguntou a tartaruga.
— É mais fácil um leão cacarejar do que eu perder uma
corrida para você – respondeu a lebre.
No dia seguinte a raposa foi escolhida para ser a
juíza da prova. Bastou dar o sinal da largada para a le-
bre disparar na frente a toda velocidade. A tartaruga
não se abalou e continuou na disputa. A lebre estava
tão certa da vitória que resolveu tirar uma soneca.
"Se aquela molenga passar na minha frente, é só
correr um pouco que eu a ultrapasso" – pensou.
A lebre dormiu tanto que não percebeu quando
a tartaruga, em sua marcha vagarosa e constante, pas-
sou. Quando acordou, continuou a correr com ares de
vencedora. Mas, para sua surpresa, a tartaruga, que
não descansara um só minuto, cruzou a linha de chega-
da em primeiro lugar.
Desse dia em diante, a lebre tornou-se o alvo das
chacotas da floresta.
Quando dizia que era o animal mais veloz, todos
lembravam-na de uma certa tartaruga...

Quem segue devagar e com constância sempre chega na frente.

Fábulas de Esopo
Editora Scipione
Canção da Lebre I
Eu corro pra lá,
Eu corro pra cá,
Eu corro pra lá,
Eu corro pra cá,
Ninguém na floresta me pode deter
Pois igual a mim ninguém pode correr

Canção da Lebre II
Lá vem Dona Tartaruga,
Vem andando sossegada
Vou sair da frente dela
Pra não ser atropelada!

Canção da Tartaruga
Lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá,
Lá vou eu devagarinho
Vou levando minha casa
Pelas curvas do caminho

Canção da bicharada
Salve dona Tartaruga
Tartaruga destemida
Deixou a lebre para trás
E venceu a corrida
Dona Lebre só vivia
A correr o dia inteiro
Porém dona Tartaruga
Andando chegou primeiro
ESOPO

A RAPOSA E A CEGONHA

Um dia a raposa convidou a cegonha para jantar. Querendo pregar uma peça na
outra, serviu sopa num prato raso. Claro que a raposa tomou toda a sua sopa sem o me-
nor problema, mas a pobre cegonha, com seu bico comprido, mal pôde tomar uma gota. O
resultado foi que a cegonha voltou para casa morrendo de fome.

A raposa fingiu que estava preocupada, perguntou se a sopa não estava do gosto
da cegonha, mas a cegonha não disse nada. Quando foi embora, agradeceu muito a gen-
tileza da raposa e disse que fazia questão de retribuir o jantar no dia seguinte.

Assim que chegou, a raposa se sentou lambendo os beiços de fome, curiosa para
ver as delícias que a outra ia servir. O jantar veio para a mesa numa jarra alta, de gargalo
estreito, onde a cegonha podia beber sem o menor problema. A raposa, amoladíssima, só
teve uma saída: lamber as gotinhas de sopa que escorriam pelo lado de fora da jarra.

Ela aprendeu muito bem a lição. Enquanto ia andando para casa, faminta, pensava:
“Não posso reclamar da cegonha. Ela me tratou mal, mas fui grosseira com ela primeiro.”

Trate os outros tal como deseja ser tratado.

Fábulas de Esopo.
Tradução de Heloísa Jahn, São Paulo, Companhia das Letrinhas
LA FONTAINE

O VELHO E A MORTE
Um miserável velho se afligia
Com um feixe de lenha que trazia.
Jogou com ele ao chão, já de cansado,
E chamou pela Morte, agoniado.

Aparecendo-lhe esta, perguntava


Com que fim tão solícito a chamava.
- Rogo-te - disse o velho, de mãos postas -
Que me ajudes a pôr o feixe às costas!

"Fábulas de La Fontaine".
Tradução: Couto Guerreiro
Rio de Janeiro: Editora Brasil-América - EBAL - SA, 1985)
LA FONTAINE

A GALINHA DOS OVOS DE OURO


A Avareza perde tudo quando quer tudo ganhar. Para provar o que digo me basta o
exemplo de uma Galinha, que, segundo se conta, todos os dias botava um ovo de ouro;
assim queriam os deuses. Seu dono acreditou que havia um tesouro dentro dela. Ele a ma-
tou, estripou e viu que por dentro ela era igual a todas as galinhas. Foi dessa maneira que
ele perdeu seu tesouro.
Boa lição par os Avarentos! Quantos vemos que, por quererem enriquecer da
noite para o dia, terminam sem nada?

"Fábulas de La Fontaine".
Tradução: Couto Guerreiro
Rio de Janeiro: Editora Brasil-América - EBAL - SA, 1985)
MONTEIRO LOBATO

A CIGARRA E A FORMIGA
Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé dum formigueiro. Só
parava quando cansadinha; e seu divertimento então era observar as formigas na eterna
faina de abastecer as tulhas. Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas. Os ani-
mais todos, arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas. A pobre cigarra, sem abrigo
em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém.
Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu —
tique, tique, tique…
Aparece uma formiga, friorenta, embrulhada num xalinho de paina.
— Que quer? — perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir.
— Venho em busca de um agasalho. O mau tempo não cessa e eu…
A formiga olhou-a de alto a baixo.
— E o que fez durante o bom tempo, que não construiu sua casa?
A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois de um acesso de tosse:
— Eu cantava, bem sabe…
— Ah! … exclamou a formiga recordando-se. Era você então quem cantava nessa ár-
vore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas?
— Isso mesmo, era eu…
— Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua cantoria
nos proporcionou. Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: que feli-
cidade ter como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante
todo o mau tempo.
A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol.

Fábulas
Monteiro Lobato - São Paulo, Editora Brasiliense, 1966
LEONARDO DA VINCI

A FORMIGA E O GRÃO DE TRIGO


Um grão de trigo, deixado sozinho no campo após a colheita, esperava pela chuva a
fim de esconder-se novamente sob a terra. Uma formiga viu o grão, colocou-o nas costas e
partiu penosamente em direção ao distante formigueiro.
À medida que andava, o grão de trigo parecia pesar cada vez mais sobres suas costas
cansadas.
— Por que você não me deixa aqui? - perguntou-lhe o grão de trigo
A formiga respondeu:
— Se eu deixar você para trás, podemos não ter provisões para o inverno. Em nosso
formigueiro há muitas formigas e cada um de nós deve levar para o celeiro todo o alimento
que encontrar.
— Mas eu não fui feito só para ser comido — objetou o grão de trigo — sou uma se-
mente, cheia de vida, e meu destino é dar origem a uma planta. Ouça, cara formiga, vamos
fazer um pacto.
A formiga, contente por poder descansar um pouco, colocou o grão de trigo no chão e
perguntou:
— Que pacto?
— Se você me deixar aqui no campo - respondeu o grão de trigo — em vez de me le-
var para o formigueiro, eu darei a você, daqui a um ano, cem grãos de trigo exatamente
iguais a mim.
A formiga olhou para o grão de trigo com ar incrédulo.
— Sim, cara formiga. Creia no que estou lhe dizendo. Se você desistir de mim agora eu
lhe darei cem de mim, cem grãos de trigo para o seu celeiro.
A formiga pensou:
“Cem grãos em troca de um só... Mas isso é um milagre!”
— E como é que você vai fazer isso? — perguntou ela.
— Isso é um mistério — respondeu o grão de trigo - é o mistério da vida. Cave um bu-
raquinho, enterre-me dentro dele e volte dentro de um ano.
No ano seguinte a formiga voltou. O grão de trigo transformara-se numa nova planta
carregada de sementes, cumprindo, portanto, sua promessa.

Fábulas e Lendas
Leonardo da Vinci
transcritas por Bruno Nardini. São Paulo: Círculo do Livro S.A.)
LEONARDO DA VINCI

A LÍNGUA E OS DENTES
Era uma vez um menino que tinha o mau hábito de falar mais que o necessário.
— Que língua! — suspiraram os dentes certo dia - nunca fica parada, nunca sossega!
— Por que é que vocês estão resmungando? — perguntou a língua em tom arrogante
— vocês, os dentes, são meros escravos, e seu trabalho resume-se em mastigar o que eu de-
cidir. Não temos nada em comum, e não permitirei que vocês se metam em meus negócios.
E então o menino continuou falando, algumas vezes de maneira imprópria, e sua lín-
gua sentia-se muito feliz, aprendendo novas palavras a cada dia.
Porém um dia o menino comportou-se mal e permitiu à sua língua contar uma grande
mentira. Os dentes obedeceram ao coração, fecharam-se e morderam a língua.
A partir desse dia a língua tornou-se tímida e prudente, e passou a pensar duas vezes
antes de falar.

) A NEVE
No cume de uma montanha muito alta havia uma pedra. E na borda da pedra havia
um floco de neve.
A neve olhou para o Universo em torno e pôs-se a pensar consigo mesma:
— As pessoas devem achar que sou convencida e presunçosa,
e é verdade! Como pode um pedacinho de neve, um mero floco de ne-
ve, como eu, permanecer aqui no alto sem sentir vergonha? Qualquer
pessoa que olhe para esta montanha pode ver que todo o resto da
neve está mais embaixo. Um pequenino floco de neve, como eu, não
tem direito a alturas tão vertiginosas, e chego a merecer que o Sol fa-
ça comigo o mesmo que fez ontem com meus companheiros, derre-
tendo-me com um simples olhar. Mas vou escapar á justa ira do Sol
descendo para um nível mais apropriado para alguém tão pequeno
como eu.
Ao dizer isto, o pequenino floco de neve, rígido de frio, atirou-se do alto da pedra e ro-
lou para baixo do cume da montanha. Porém quanto mais rolava maior se tornava. Em breve
transformou-se numa grande bola de neve e depois em avalanche. Finalmente parou numa
colina, e a avalanche era tão grande quanto a colina que ficava por baixo dela.
E por isso, quando chegou o verão, essa foi a última neve a ser derretida pelo Sol.

Fábulas e Lendas
Leonardo da Vinci
transcritas por Bruno Nardini. São Paulo: Círculo do Livro S.A.

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