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A lebre e a tartaruga
A história que será contada a seguir é um clássico de Esopo que foi recontado por
La Fontaine, outro grande impulsionador da divulgação das fábulas. A lebre e a
tartaruga é uma típica fábula: não se sabe quando o evento se passou, nem onde,
e os personagens centrais são animais com características humanas - têm
sentimentos, falam, possuem consciência.
— Tenho pena de você —, disse uma vez a lebre à tartaruga: — obrigada a andar
com a tua casa às costas, não podes passear, correr, brincar, e livrar-te de teus
inimigos.
— Olá! camarada, disse-lhe a lebre, não te canses assim! Que galope é esse? Olha
que eu vou dormir um pouquinho.
MORAL DA HISTÓRIA: Nada vale correr; cumpre partir em tempo, e não se divertir
pelo caminho.
A cigarra e a formiga
A cada bela estação uma formiga incansável levava para sua casa os mais
abundantes mantimentos: quando chegou o inverno, estava farta. Uma cigarra, que
todo o verão levara a cantar, achou-se então na maior miséria. Quase a morrer de
fome, veio esta, de mãos postas, suplicar à formiga lhe emprestasse um pouco do
que lhe sobrava, prometendo pagar-lhe com o juro que quisesse. A formiga, que
não é de gênio emprestador; perguntou-lhe, pois, o que fizera no verão que não se
precavera.
Um leão, cansado de tanto caçar, dormia espichado à sombra de uma boa árvore.
Vieram uns ratinhos passear em cima dele e ele acordou.
Todos conseguiram fugir, menos um, que o leão prendeu embaixo da pata. Tanto o
ratinho pediu e implorou que o leão desistiu de esmagá-lo e deixou que fosse
embora.
Algum tempo depois, o leão ficou preso na rede de uns caçadores. Não conseguia
se soltar, e fazia a floresta inteira tremer com seus urros de raiva.
Nisso, apareceu o ratinho. Com seus dentes afiados, roeu as cordas e soltou o
leão.
A fábula do leão e do rato foi adaptada para desenho animado e está disponível na
íntegra com um total de sete minutos de duração:
O lobo e o cordeiro
Estava um lobo a beber água num ribeiro, quando avistou um cordeiro que também
bebia da mesma água, um pouco mais abaixo. Mal viu o cordeiro, o lobo foi ter com
ele de má cara, arreganhando os dentes.
— Eu estou a beber mais abaixo, por isso não te posso turvar a água.
Respondeu o cordeiro:
— Nesse tempo, Senhor, ainda eu não era nascido, não tenho culpa.
— Sim, tens — replicou o lobo —, que estragaste todo o pasto do meu campo.
— Mas isso não pode ser — disse o cordeiro —, porque ainda não tenho dentes.
O lobo, sem mais uma palavra, saltou sobre ele e logo o degolou e comeu.
Uma rã estava no prado olhando um boi e sentiu tal inveja do tamanho dele que
começou a inflar para ficar maior.
A outra rã respondeu:
– O boi.
A rã ficou furiosa e tentou ficar maior inflando mais e mais, até que arrebentou.
A raposa é dos animais mais habituais nas fábulas de Esopo. Caracterizada pela
sua esperteza atroz, a raposa frequentemente encontra soluções fora do
convencional para conseguir aquilo que deseja. No caso da história da raposa e do
corvo, vemos como a raposa, através da sua malandragem, rouba o corvo (que, por
sua vez, já havia roubado um queijo). A história nos ensina os perigos da vaidade e
da soberba. Pego pela armadilha pregada pela raposa, o corvo, convencido, perde
aquilo que tinha e tanto desejava.
Um corvo roubou um queijo, e com ele no bico foi pousar em uma árvore. Uma
raposa, atraída cheiro, desejou logo comer o queijo; mas como! a árvore era alta, e
o corvo tem asas, e sabe voar. Recorreu pois a raposa às suas manhas:
- Bons dias, meu amo, disse; quanto folgo de o ver assim belo e nédio. Certo entre
o povo aligero não há quem o iguale. Dizem que o rouxinol o excede, porque canta;
pois eu afirmo que V. Exa. não canta porque não quer; se o quisesse, desbancaria
a todos os rouxinóis.
Ufano por se ver com tanta justiça apreciado, o corvo quis mostrar que também
cantava, e logo que abriu o bico, caiu-lhe o queijo. A raposa o apanhou, e, safa,
disse:
- Adeus, Sr. Corvo, aprenda a desconfiar das adulações, e não lhe ficará cara a
lição pelo preço desse queijo.
Pouco se sabe sobre Esopo, há quem duvide até da sua existência. A primeira
referência ao escritor foi feita por Heródoto, que comentou o fato do contador de
fábulas ter sido escravo.
Nascido supostamente no século VI a.C. ou VII a.C., na Ásia Menor, Esopo foi um
contador de histórias de imensa cultura que foi capturado e levado para a Grécia
para servir como escravo.
Esopo fez tanto sucesso na Grécia que o escultor Lisipes ergueu uma estátua em
sua homenagem. O contador de fábulas teve um final de vida trágico, sendo
condenado à morte por um crime que não cometeu.
A fábula veio do conto, e se diferencia dele porque o contador explicita nela uma
lição de moral. As fábulas também possuem frequentemente apenas animais como
personagens. A esses animais são atribuídas características humanas.
Esopo foi um dos mais famosos contadores - embora não tivesse sido o inventor do
gênero nem sequer das histórias que contava - e ficou famoso por ter difundido o
gênero.
Não sabemos ao certo quantas histórias chegou a criar, foram encontrados uma
série de manuscritos ao longo do tempo, embora seja impossível garantir a autoria.
O maior especialista na produção de Esopo foi o professor francês Émille Chambry
(1864-1938).