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Contos africanos

Os contos africanos são narrativas curtas e com linguagem simples, que transmitem
ensinamentos e memórias da cultura de vários povos da África.
Transmitidos oralmente ao longo das gerações, a autoria de muitos deles é desconhecida.
Confira abaixo uma seleção de 8 contos africanos.
1. Por que a cobra muda de pele
“No princípio a morte não existia. A morte vivia com Deus, e Deus não queria que a morte
entrasse no mundo. Mas a morte tanto pediu que Deus acabou concordando em deixá-la partir.
Ao mesmo tempo fez Deus uma promessa ao homem: apesar de a morte ter recebido
permissão para entrar no mundo, o Homem não morreria. Além disso, Deus prometeu enviar ao
homem peles novas, que ele e sua família poderiam vestir quando seus corpos envelhecessem.
Pôs Deus as peles novas num cesto e pediu ao cachorro para levá-las ao homem e sua família.
No caminho, o cachorro começou a sentir fome. Felizmente, encontrou outros animais que
estavam dando uma festa. Muito satisfeito com sua boa sorte, pode assim matar a fome.
Depois de haver comido fartamente, dirigiu-se a uma sombra e deitou-se para descansar. Então
a esperta cobra aproximou-se dele e perguntou o que é que havia no cesto. O cachorro lhe
disse o que havia no cesto e por que o estava levando para o homem. Minutos depois o
cachorro caiu no sono. Então a cobra, que ficara por perto a espreitá-lo, apanhou o cesto de
peles novas e fugiu silenciosamente para o bosque.
Ao despertar, vendo que a cobra lhe roubara o cesto de peles, o cachorro correu até o homem e
contou-lhe o que acontecera. O homem dirigiu-se a Deus e contou-lhe o ocorrido, exigindo que
ele obrigasse a cobra a devolver-lhe as peles. Deus, porém, respondeu que não tomaria as peles
da cobra, e por isso o homem passou a ter um ódio mortal à cobra, e sempre que a vê procura
matá-la.
A cobra, por seu turno, sempre evitou o homem e sempre viveu sozinha. E, como ainda possui o
cesto de peles fornecido por Deus, pode trocar a pele velha por outra nova.”
(Este conto é da Serra Leoa, tendo sido recontado por Margaret Carey. A tradução que aqui se
encontra é de Antônio de Pádua Danesi)
Resumo:
Este texto conta como a cobra adquiriu a capacidade de mudar de pele, ao mesmo tempo em
que a morte, que vivia com Deus, entrou no mundo.
O que este conto ensina?
A importância de tratar das nossas responsabilidades de forma cautelosa, não prejudicando a si
próprio nem aos outros.
2. O jabuti e o leopardo
“De repente… caiu numa armadilha!
Um buraco profundo coberto por folhas de palmeiras que havia sido cavado na trilha, no meio
da floresta, pelos caçadores da aldeia para aprisionar os animais.
O jabuti, graças a seu grosso casco, não se machucou na queda, mas … como escapulir dali?
Tinha que encontrar uma solução antes do amanhecer se não quisesse virar sopa para os
aldeões …
Estava ainda perdido em seus pensamentos quando um leopardo caiu também na mesma
armadilha!!! O jabuti deu um pulo, fingindo ter sido incomodado em seu refúgio, e berrou para
o leopardo:
“- Que é isto? O que está fazendo aqui? Isto são modos de entrar em minha casa? Não sabe
pedir licença?!”
E quanto mais gritava. E continuou…
“- Não vê por onde anda? Não sabe que não gosto de receber visitas a estas horas da noite?
Saia já daqui! Seu pintado mal-educado!!!”
O leopardo bufando de raiva com tal atrevimento, agarrou o jabuti… e com toda a força jogou-
o para fora do buraco!
O jabuti, feliz da vida, foi andando para sua casa tranquilamente!
Ah! Espantado ficou o leopardo…”
(Este conto é da autoria de Ernesto Rodríguez Abad, cuja tradução que aqui se encontra é de
Raquel Parrine)
Resumo:
Este texto narra a astúcia de um jabuti para escapar dum buraco profundo onde tinha caído.
O que este conto ensina?
Que diante de uma situação difícil, devemos usar nossa inteligência para encontrarmos uma
solução.
3. O rato e o caçador
Um caçador, casado e pai de três filhos, usava armadilhas para apanhar suas presas. Um dia, o
leão exigiu do caçador que partilhasse a caça com ele, uma vez que o caçador utilizava o seu
território. Desta forma, ambos acordaram que o primeiro animal apanhado seria do caçador,
mas o segundo seria do leão e, assim sucessivamente.
A primeira presa foi uma gazela, a qual ficou para o caçador que, de seguida, partiu para visitar
seus familiares. Na sua ausência, a mulher precisou de carne e vou à armadilha e acabou caindo
nela junto com o seu filho mais novo, que trazia ao colo. Tudo foi observado pelo leão, que
ficou à espera do caçador para receber a sua presa.
Quando o caçador chegou em casa e não encontrou a mulher, foi procurá-la e, seguindo as suas
pegadas, chegou à armadilha, onde ao vê-lo, o leão exigiu a sua presa, conforme o acordo que
haviam feito.
O caçador explicou que não poderia dar a presa porque esta se tratava da sua mulher e do seu
filho, mas o leão não queria saber de desculpas e protestou, até que apareceu o rato e
perguntou o que estava acontecendo, ao que o caçador e o leão explicaram.
O rato disse ao caçador que a palavra deveria ser mantida e mandou-o embora dali. Após o
caçador deixar o local, o rato levou o leão para junto de outra armadilha e pediu que ele
explicasse como a mulher havia caído e, ao fazer, isso, o leão caiu, e o rato salvou a mulher e o
filho do caçador.
Agradecida, a mulher convidou o rato para ir viver com eles, onde poderia comer tudo o que
eles comessem. A partir desse dia, o rato vive na casa do homem e rói tudo o que encontra.
Resumo:
Este texto conta como e quando o rato passou a habitar as casas roendo tudo o que encontra
pela frente.
O que este conto ensina?
A importância das palavras, mas principalmente de respeitar e ouvir os outros.
4. A onça e a raposa
A raposa vivia enganando a onça que, assim, resolveu se vingar. Fingindo-se de morta, espalhou
a notícia pelos animais que foram a sua toca verificar se era mesmo verdade que a onça havia
morrido. A raposa também foi, mas esperta como sempre, por trás dos animais, gritou que
quando a avó morreu, espirrou três vezes, o que significava que o espirro certificava a morte de
alguém.
Ouvindo isso, a onça espirrou, e a raposa desatou a rir com a situação. O plano não tinha dado
certo e a onça teve que pensar em outra forma de apanhar a raposa. Foi quando resolveu fazer
sentinela no único local onde os animais poderiam beber água, por conta da seca.
Ao fim de três dias, quando a raposa não aguentava mais com tanta sede, foi beber água, mas
antes arranjou um disfarce: lambuzou-se de mel e cobriu-se de folhas secas.
Ao chegar ao local onde havia água, a onça disse que não conhecia aquele animal, mas
enquanto bebia água, o disfarce começou a descolar do seu corpo, desvendando que o animal
era, na verdade, a raposa.
Mesmo sendo descoberta, a raposa conseguiu fugir da onça furiosa.
Resumo:
O conto narra episódios que mostram a esperteza da raposa.
O que este conto ensina?
Que a nossa esperteza deve ser utilizada com inteligência e com cuidado.
5. A gazela e o caracol
A gazela encontrou o caracol e zombou porque ele se arrastava e não sabia correr. Aborrecido,
o caracol chamou a gazela para ir visitá-lo no domingo, quando ele iria provar que sabia correr.
O caracol, então, preparou papéis e distribui entre os amigos caracóis, instruindo como eles
deveriam se comportar quando a gazela chegasse.
Quando a gazela chegou, os caracóis haviam se espalhado e estavam escondidos ao longo do
caminho. A gazela disse: "Então, caracol, agora vamos fazer uma corrida.”. A gazela começou a
correr e o caracol se escondeu nos arbustos.
A gazela corria, corria, sem olhar para trás. Apenas chamava pelo caracol e ouvia “Eu sou o
caracol”, que eram os seus amigos que diziam.
Exausta, a gazela desistiu de correr e jogou-se no chão, pensando que havia, assim, perdido a
corrida.
Resumo:
O conto narra como, usando a sua esperteza, o caracol fez a gazela acreditar que ele era capaz
de correr e a fez desistir da corrida após ter ficado exausta.
O que este conto ensina?
A respeitar as diferenças e nunca zombar das outras pessoas.
6. Os segredos da nossa casa
Um dia, uma mulher estava cozinhando quando deixou cair cinza no seu cão, que incomodado,
pediu que a senhora não lhe queimasse. A mulher ficou espantada ao ouvir o cão falar e,
assutada, fez menção de lhe bater com a colher de pau.
Desta vez foi a colher que se pronunciou, dizendo que não bateria no cão, porque ele não lhe
tinha feito nenhum mal.
Foi, então, que a mulher ficou ainda mais assustada e resolveu ir contar às vizinhas o que tinha
se passado. Mas, ao tentar sair, eis que a porta aconselhou que a mulher não saísse, dizendo
que os segredos da nossa casa deveriam permanecer nela.
Assim, a mulher percebeu que tudo tinha começado quando ela bateu no cão e, por isso, foi lhe
pedir desculpas e, até, partilhou o almoço com ele.
Resumo:
O conto narra acontecimentos estranhos numa casa: um cachorro que fala, de seguida uma
colher de pau e, finalmente, uma porta, a qual dá uma lição à dona da casa.
O que este conto ensina?
Este conto dá dois ensinamentos, um deles que é repeitar os outros, o outro que é muitas vezes
não precisamos dizer aos outros o que se passa na nossa casa.
7. Por que é que os cães se cheiram uns aos outros
Antes de os cães terem sido domesticados pelo homem, o mundo estava dividido em dois
países, cujos chefes viviam brigando. Um dia, o chefe de um país informou ao outro que queria
casar com a sua irmã, mas o irmão não consentia.
Zangado, o chefe que queria casar mandou um dos seus servos para lhe dizer que se recusasse
dar a mão da sua irmã em casamento, ele mandaria o seu exército destruir todo o seu país.
Quando o servo estava pronto para partir, os conselheiros do chefe repararam que ele estava
sujo, e mandaram que lhe dessem um bom banho e colocassem perfume na sua cauda.
Pelo caminho, o servo se sentia muito vaidoso e se distraiu com o perfume da sua cauda.
Esquecendo o que ia fazer, começou a procurar uma noiva para ele.
Até hoje continuam à procura do servo que fazia o papel de mensageiro. Por esse motivo, os
cães se cheiram, para tentar encontrar o servo perdido.
Resumo:
Este conto narra uma história que se passou no mundo dos cães, quando um servo, todo limpo
e perfumado, foi enviado para transmitir uma mensagem a outro país, mas se distraiu com o
perfume da sua cauda e nunca mais foi encontrado. Assim, os cães cheiram-se uns aos outros,
com a esperança de encontrar o servo perdido.
O que este conto ensina?
A importância de fazermos o que nos foi pedido para que não aconteçam coisas inesperadas e
desagradáveis conosco.
8. O porco e o milhafre
O Porco e o Milhafre eram muito amigos, mas o porco invejava o fato de o milhafre poder voar.
Assim, pediu que o amigo lhe arranjasse asas para que ele pudesse voar também.
O milhafre, então, tentou satisfazer o desejo do amigo e arranjou penas e, com cera, colou-as
no ombro do amigo. Ambos puseram a voar lado a lado, até que a cera começou a derreter e as
penas foram caindo. O porco despenhou-se com o focinho no chão, que ficou com um aspecto
achatado.
O porco deixou de ser amigo do milhafre, porque achou que o acidente tinha acontecido por
sua culpa.
Resumo:
Este texto conta como o milhafre ajudou o porco a realizar o seu sonho de voar, o que resultou
num acidente e acabou com a amizade de dois amigos inseparáveis.
O que este conto ensina?
Que devemos respeitar as capacidade de cada um e entender que as diferenças devem nos unir
e não nos afastar dos outros.

Lendas Africanas
As lendas são histórias muito antigas que foram transmitidas oralmente. Geralmente, elas têm a
finalidade de explicar o universo, a natureza e as relações humanas.
Existem diversas lendas na África, já que esse é um continente com uma diversidade cultural
riquíssima. Seu folclore, ou seja, suas tradições e manifestações culturais, também é bastante
diverso.
Selecionamos 6 lendas africanas para que você conheça mais sobre a cultura desse povos que
tanto contribuíram para a formação do Brasil.
1. Lenda do Sapo e a Cobra
Essa lenda conta sobre a amizade entre um sapo e uma cobra.
Certo dia, um sapo estava caminhando e avistou um animal fino, comprido e brilhante. O sapo
perguntou:
— Oi! que você faz estirada pela estrada?
A cobra respondeu:
— Estou tomando um solzinho. Sou uma cobra e vc?
— Eu sou um sapo. Você gostaria de brincar?
A cobra aceitou e eles brincaram a tarde toda. A cobra ensinou o sapo a rastejar e subir nas
árvores e o sapo ensinou a cobra a pular. Eles se divertiram muito e ao final do dia cada um foi
pra sua casa, prometendo se encontrar no dia seguinte.
Quando o sapo encontrou sua mãe, contou o que tinha acontecido, que conheceu uma
cobrinha e ficaram amigos. Sua mãe não gostou e falou:
— Você devia saber que a família da cobra não é legal. Eles são venenosos! Não quero mais que
brinque com cobras e nem rasteje por aí!
A cobra quando chegou em casa mostrou à sua mãe que sabia pular e disse que foi o sapo que
a ensinou. Sua mãe também não gostou e disse:
— Nós cobras não temos amizade com sapos, eles servem apenas como comida. Não quero
que brinque com o sapo. E pare de pular!
Quando se encontraram, a cobra pensou em devorar o sapo, mas depois se lembrou daquela
tarde de brincadeiras e correu para o mato.
A partir de então eles não brincaram mais, mas sempre ficam estirados no sol pensando no dia
em que foram amigos.
Veja também: Cultura Africana
2. Lenda dos Tambores Africanos
A origem dessa lenda vem das terras de Guiné Bissau e explica como surgiram os tambores,
instrumentos tão importantes na cultura de toda a África.
Conta-se que os macaquinhos de nariz branco da região quiseram um dia trazer a Lua para
perto da Terra.
Eles não tinham ideia de como executar tal feito. Até que o macaco menor sugeriu que uns
subissem nos ombros dos outros a fim de alcançar a Lua.
O grupo de macacos colocou o plano em ação e o macaquinho menor foi o último a subir,
conseguindo chegar no céu e agarrando-se à Lua.
Mas antes que conseguissem puxar o satélite, a pilha de macacos desmoronou e todos caíram,
menos o macaquinho, que continuou agarrado à Lua.
Uma amizade então cresceu e a Lua presenteou o pequeno animal com um maravilhoso tambor
branco, que ele logo aprendeu a tocar.
O macaquinho ficou por muito tempo morando na Lua, mas um dia começou a sentir saudades
da Terra, de seus amigos e da natureza. Ele então pediu à sua amiga que o ajudasse a retornar
para sua casa.
A Lua ficou chateada e respondeu:
— Mas por que você quer voltar? Não está feliz aqui com o tamborzinho que eu te dei?
O macaco lhe explicou que gostava muito, mas que tinha saudades.
A Lua ficou com pena, prometeu ajudá-lo e lhe disse:
— Não toque o tambor enquanto não estiver em terra firme. Toque apenas quando chegar lá
embaixo, assim saberei que chegou e poderei cortar a corda. Então você estará liberto.
O macaco concordou. Ele sentou em seu tambor e foi amarrado a uma corda, que começou o
processo de descida.
Enquanto descia, o macaquinho olhava seu tambor e surgiu uma vontade irresistível de tocá-lo.
Ele começou a tocar bem baixinho, para que a Lua não ouvisse.
Mas, mesmo assim, a Lua escutou e cortou a corda conforme o combinado. O macaco começou
a cair e ao chegar ao chão, não resistiu e morreu. Mas antes, uma menina que passeava por
perto viu a queda. Ela foi até o macaco e ele disse:
— Isso é um tambor. Por favor, entregue ao povo de seu país.
A menina pegou o instrumento e correu para entregar às pessoas de sua família, contando o
que havia acontecido.
Todos adoraram o tambor e começaram a tocá-lo. Desde então, o povo africano produz seus
próprios tambores e sempre que possível toca e dança ao som deles.
3. Lenda da Galinha D'Angola
Essa é uma lenda que conta como a galinha d'Agola foi criada.
Conta-se que há muito tempo as aves viviam todas juntas, no mesmo ambiente. Mas, aos
poucos, foi crescendo o sentimento de inveja entre elas e a convivência ficou muito difícil.
O pássaro mais invejado era o Melro. O macho tinha uma aparência muito bela, com bico
alaranjado e penas negras; já a fêmea tinha o corpo em tons de preto e pardo-claro, e a
garganta esbranquiçada. Todos queriam ser bonitos como essa espécie.
O Melro sabia que era muito bonito e invejado e prometeu aos outros pássaros que usaria seus
poderem mágicos para transformar suas plumagens em brilhantes tons de negro se todos eles
o obedecessem.
Entretanto, nem todos os pássaros foram obedientes. Melro então ficou muito bravo e alterou
as características das espécies das aves.
Sendo assim, a galinha d'Angola foi transformada em um animal magro com uma fraqueza
constante. Seu corpo tornou-se pintado assim como o do leopardo.
Dessa maneira, o leopardo devoraria a galinha d'angola pois não suportaria ver outro animal
tão belo como ele. Essa foi a lição que a galinha d'Angola recebeu por sua inveja.
4. Lenda da Girafa e Rinoceronte
A lenda da girafa é uma dessas histórias que explicam a natureza. Nela, conta-se o motivo desse
animal ter o pescoço tão longo.
Segundo a lenda, a girafa era um animal com um pescoço normal, assim como o de outros
bichos. Até que houve um período de seca terrível, em que os animais já haviam comido todas
as ervas rasteiras e precisavam andar muito para conseguir beber água.
Um dia, em uma dessas andanças em busca de água, a girafa encontrou um rinoceronte e os
dois começaram a lamentar-se. A girafa disse, então:
— Veja só, amigo... Muitos animais escavando o chão em busca de alimento, tudo está tão seco,
mas as acácias continuam verdes.
O rinoceronte concordou. E a girafa prosseguiu:
— Seria maravilhoso poder comer essas folhagens que se encontram no alto das copas. É uma
pena que não possamos subir nas árvores.
O rinoceronte então teve uma ideia:
— E se fôssemos falar com o feiticeiro? Ele é muito poderoso e pode ajudar.
A girafa adorou a ideia e eles foram até a casa do feiticeiro explicar o que gostariam.
O feiticeiro disse que isso seria muito fácil e pediu para que ambos voltassem no dia seguinte
para que ele lhes desse uma poção a fim de que seus pescoços e pernas crescessem e
pudessem alcançarem as folhas macias da acácias.
No outro dia, a girafa foi até a casa do feiticeiro, mas o rinoceronte não compareceu pois estava
muito feliz comendo algumas ervas que tinha encontrado pelo caminho.
O feiticeiro ofereceu o feitiço apenas à girafa e sumiu.
A girafa comeu a poção mágica e logo começou a sentir suas pernas e pescoço alongando-se.
Ela sentiu-se tonta, mas quando abriu os olhos percebeu como tudo estava diferente.
Logo avistou uma acácia e pode se deliciar com suas folhas verdinhas.
O rinoceronte de repente se lembrou do compromisso e correu até a casa do feiticeiro em
busca da poção, mas já era tarde e não havia mais poção. Ele ficou furioso, pois imaginou que
tivesse sido enganado.
Desde então passou a perseguir o feiticeiro pela floresta e corre atrás também de todas as
pessoas que cruzam seu caminho.
Veja também: Congada
5. Lenda Ubuntu
Essa é uma belíssima lenda africana que aborda valores sobre cooperação, igualdade e respeito.
Conta-se que um antropólogo ao visitar uma tribo africana, quis saber quais eram os valores
humanos básicos daquele povo. Para isso, ele propôs uma brincadeira às crianças.
Ele então colocou uma cesta cheia de frutas embaixo de uma árvore e disse para as crianças que
a primeira que chegasse até a árvore poderia ficar com a cesta.
Quando o sinal foi dado, algo inusitado ocorreu. As crianças correram em direção à árvore todas
de mãos dadas. Assim, todas chegaram juntas ao prêmio e puderam desfrutar igualmente.
O homem ficou bastante intrigado e perguntou:
— Por que vocês correram juntos se apenas um poderia ganhar todas as frutas?
Ao que uma das crianças prontamente respondeu:
— Ubuntu! Como um de nós poderia ficar feliz enquanto os outros estivessem tristes?
O antropólogo ficou então emocionado com a resposta.
Ubuntu é um termo da cultura Zulu e Xhosa que quer dizer "Sou quem sou porque somos todos
nós". Eles acreditam que com cooperação se alcança a felicidade, pois todos em harmonia são
muito mais plenos.
Veja também: Principais Características da Cultura Afro-Brasileira
6. Lenda da Raposa e o Camelo
A lenda da raposa e o camelo é originária do Sudão do Sul, um país que fica no nordeste da
África.
Conta a lenda que havia uma raposa de nome Awan que adorava comer lagartixas. Ela já tinha
devorado todas de um lado do rio, mas queria atravessar para a outra margem, para comer
mais.
Acontece que Awan não sabia nadar e teve uma ideia para solucionar o problema. Ela procurou
seu amigo Zorol, um camelo, e disse:
— Olá, amigo! Eu sei que você gosta muito de cevada e se você me levar nas suas costas eu te
mostro um caminho!
Zorol prontamente aceitou:
— Suba! Vamos!
Awan então subiu na corcunda de seu amigo e logo lhe indicou para que cruzasse o rio.
Quando chegaram lá, Zorol foi até o campo de cevada para comer enquanto Awan se deliciava
com as lagartixas.
A raposa logo ficou satisfeita, mas o camelo ainda comia. Awan então foi até o campo de
cevada e começou a gritar e correr.
A gritaria da raposa chamou a atenção dos donos do campo de cevada, que foram até lá e
deram um pedrada fortíssima na cabeça do camelo, que caiu machucado.
Quando Awan encontrou Zorol caído no chão, disse:
— Vamos embora, já está anoitecendo.
Zorol então questionou:
— Por que você gritou e começou a correr? Por sua culpa eles me machucaram e eu quase
morri!
— Eu tenho a mania de correr e gritar depois que como lagartixas! - Disse Awan.
— Vamos para casa então! - Falou Zorol.
Awan subiu nas costas de Zorol e o camelo começou a dançar quando estavam cruzando o rio.
Awan ficou desesperada e perguntou:
— Por que você está fazendo isso?
— É que eu tenho a mania de dançar depois que como cevada. - Respondeu Zorol.
Nesse momento, a raposa caiu das costas do camelo e foi levada pelo rio. O camelo por sua vez
chegou à outra margem sem problemas. Awan então recebeu uma lição por sua imprudência.

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