Você está na página 1de 4

O Pastor e as Cabras-Selvagens

Um belo dia, o Pastor de cabras descobriu que algumas Cabras-Selvagens estavam pastando
no meio do seu rebanho. Como elas pareceram se dar bem com os outros animais, até mesmo
acompanhando-os na volta ao curral, resolveu deixar que essas novas companheiras se
integrassem ao bando.

No dia seguinte, uma nevasca impediu o pastor de levar o rebanho ao local de pastagem.
Temendo que as Cabras-Selvagens, não acostumadas a viverem presas, ficassem inquietas por
não poderem comer em seu pasto natural, o Pastor deu às outras Cabras apenas o suficiente
para se alimentarem, mas ofereceu às Cabras-Selvagens uma quantidade bem maior de
comida, para evitar qualquer insatisfação.

Quando veio o degelo, alguns dias depois, o Pastor soltou o seu rebanho. E as Cabras-
Selvagens saíram correndo na direção dos campos, deixando as outras Cabras para trás.

A princípio, o Pastor pensou que elas corriam por se sentirem felizes. Mas logo percebeu:
estavam fugindo dele.

― Malditas Cabras-Selvagens! ― xingou o Pastor ao vê-las se distanciando. ― E eu as tratei


tão bem, mesmo não fazendo parte do meu rebanho.

Uma das Cabras-Selvagens, ouvindo o xingamento, virou-se para o Pastor e retrucou:

― É por isso mesmo que estamos fugindo. Fomos tratadas muito melhor do que as Cabras que
estavam com você há tanto tempo. Se outras Cabras se juntarem ao rebanho, você fará o
mesmo conosco: elas serão as preferidas, e nós teremos de nos contentar com um mínimo de
comida.

Moral da história

Não sacrifique velhos amigos em favor dos novos.

O Ladrão e o Cão de Guarda

Um ladrão veio à noite para assaltar uma casa. Ele trouxe consigo vários pedaços de carne,
para que pudesse acalmar um feroz Cão de Guarda que vigiava o local. A carne serviria para
distraí-lo, de modo que não chamasse a atenção do seu dono com latidos.

Assim que o ladrão jogou os pedaços de carne aos pés do cão, este disse:

Se você estava querendo calar minha boca, cometeu um grande erro. Tão inesperada gentileza
vinda de suas mãos, apenas serviram para me deixar ainda mais atento. Sei que por trás dessa
cortesia sem motivo, você deve ter algum interesse oculto para beneficiar a si mesmo e
prejudicar o meu dono.

Autor: Esopo

Moral da História: Gentilezas inesperadas é a principal característica de alguém com más, ou


segundas intenções.
As árvores e o machado

Um lenhador foi até a floresta pedir às árvores que lhe dessem um cabo para seu machado. As
árvores acharam que não custava nada atender ao pedido do lenhador e na mesma hora
resolveram fazer o que ele queria. Ficou decidido que o freixo, que era uma árvore comum e
modesta, daria o que era necessário. Mas, assim que recebeu o que tinha pedido, o lenhador
começou a atacar com seu machado tudo o que encontrava pela frente na floresta,
derrubando as mais belas árvores. O carvalho, que só se deu conta da tragédia quando já era
tarde demais para fazer alguma coisa, cochichou para o cedro:

- Foi um erro atender ao primeiro pedido que ele fez. Por que fomos sacrificar nosso humilde
vizinho? Se não tivéssemos feito isso, quem sabe viveríamos muitos e muitos anos!

Moral: Às vezes somos responsáveis por nosso próprio infortúnio ao ceder naquilo que
pensamos não nos afetar, mas cujas consequências podem tingir a todos.

A GRALHA E OS POMBOS

Uma gralha, observando alguns pombos no pátio de uma fazenda, ficou cheia de inveja
quando viu como eles estavam bem alimentados, determinado a disfarçar-se como um deles, a
fim de garantir uma parte das coisas boas que eles desfrutavam. Então ela pintou-se de branco
da cabeça aos pés e juntou-se ao bando dos pombos.

Enquanto permanecia em silêncio, nunca suspeitaram que era uma gralha. Mas um dia ela foi
insensata o suficiente para começar a tagarelar, quando eles imediatamente a viram através
do seu disfarce, o bicaram tão impiedosamente que a gralha voltou a juntar-se à sua própria
espécie novamente.

Mas as outras gralhas não a reconheceram com as suas penas brancas, não a deixaram
alimentar-se com elas e a afastaram, dessa forma, ela se tornou solitária, sem abrigo para a
sua tristeza.

Moral: A cobiça, além de inútil, muitas vezes nos priva até mesmo do que tínhamos antes.
O lobo e sua sombra

Um Lobo, ao sair de sua toca num fim de tarde, estava bem disposto e com grande apetite. E
enquanto corria, a luz do sol poente batia sobre seu corpo, fazendo sua sombra aparecer
refletida no chão.

Então, ao ver aquela sombra de si mesmo projetada no chão, parou para observar com visível
espanto e orgulho.

Ocorre que a incidência de luz indireta ou lateral sempre confere ao objeto uma sombra maior
que ele próprio, e ao ver aquilo, exclamou sem conter o sentimento de vaidade:

"Ora, ora, veja só quão grande eu sou! Imagine, com todo esse tamanho, e ainda tendo que
fugir de um insignificante Leão! Eu lhe mostrarei, quando o encontrar, se Ele ou Eu, quem
afinal de contas, é o verdadeiro rei dos animais..."

E enquanto estava distraído a gabar-se envolto em seus pensamentos e devaneios, um Leão,


aproveitando-se do seu descuido, pulou sobre ele e o capturou.

Ele então, com tardio arrependimento, exclamou: "Coitado de mim! Minha exagerada vaidade
foi a causa da minha perdição..."

Moral: quem se superestima, corre riscos.

O Javali e a Raposa

Um Javali estava afiando suas presas, ao roçá-las contra o tronco de uma árvore.

A Raposa, sempre procurando uma oportunidade para ridicularizar seus vizinhos, se


aproximou fazendo pantomimas, fingindo estar com medo de alguma coisa, olhando
preocupada para todos os lados, como se temesse algum inimigo escondido, oculto pela
folhagem da densa floresta à sua volta.

Mas, o javali, já conhecedor de suas peripécias, sem lhe dar importância, impassível, continuou
a realizar seu trabalho.

Então ela não se conteve e perguntou com ar de descaso:

"Por que você está fazendo isso? Afinal de contas, nesse momento, não vejo nenhuma
situação de perigo por perto..."

E respondeu o Javali:

"Você está completamente certa. Mas, quando o perigo se apresentar não terei tempo para
me preparar, e minhas armas não estarão prontas para uso, e por isso mesmo, por ter sido
descuidado, poderei sofrer as consequências..."

Moral: é melhor prevenir que remediar.

Você também pode gostar