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UMA ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DAS INTERAÇÕES SOCIAIS


SOBRE A SAÚDE MENTAL

MagnoPintodeOliveira

RESUMO
O presente artigo visa analisar a influência das interações sociais sobre a saúde mental
percorrendoumpercursoquepassapelofenômenosocial,omentalesuasconexõescomasrelaçõesdesenvolvidas por
cada um dentro da coisa social, tendo como objetivo principal mostrar como
asinteraçõessociaisexercempapelprotagonistanesteprocessodedesenvolvimento,estabelecimentoemanutenção do
estado mental ou no aparecimento dos transtornos. Para tonto foi realizada umapesquisa de revisão de literatura
que culminou com o entrelaçamento de perspectivas de diferentesautores que vão das ênfases as relações sociais
aos manuais diagnósticos,expressando comoresultado claro a força exercida pelas conexões estabelecidas por
cada ser humano sobre a saúde.Para tanto foi resgatada literatura relevante para a fundamentação do trabalho
sendo junta ao que setem de mais novo no estudo da temática. Os resultados obtidos corroboram e assinalam a
força dasinteraçõessociaissobreasaúdemental,anecessidadedesepensarnessarelevânciaenacriaçãodenovas formas
de protagonizar esse contexto dentro e fora de qualquer panorama que venha abordartal temática.

Palavras-Chave:SaúdeMental;InteraçõesSociais;Influência.

1 INTRODUÇÃO

As interações humanas desde os primórdios se constituem em quanto


fonteprincipalparaodesenvolvimentoeaperfeiçoamentodaespécie.Acultura,ospadrõessociais de
certo e errado, a comunicação, a ética, as ciências e seus conceitos e
aprópriaconstituiçãodassociedades,todosessescontextosdescendemousãoinfluenciados pelas
interações desenvolvidas por cada ser. Estreitando o foco
deanáliseetendocomotalasaúdemental,torna-
sefundamentaloestudodasinteraçõeshumanascomofatorprotagonistatantonamanutençãodoequilí
briomentalcomono aparecimentode transtornos.
Desta forma falar de saúde mental como consequência de interações sociais seconstitui
em uma tarefa complexa. A compreensão do tema saúde mental e de
suarepresentatividadeapresentaumhistóricodedifícilentendimento,aolongodahistóriaa saúde
psicológica ou a perturbação foi tratada das mais diversas formas, tradadanosentidode
compreendida.
No atual cenário a diversidade de interações e influências que um indivíduodesenvolve
e recebe sobre sua completude é enorme e compreender todo
essepanoramaéfundamentalparasabercomoasaúdeeemespecificoamentaléafetada
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e mantida com qualidade é de extrema relevância tanto para a compreensão daquestão como
para o desenvolvimento de ferramentas facilitadoras da
manutençãodessasaúdeeparamelhorias.
O objetivo central desse trabalho é mostrar como as interações sociais operamsobre a
Saúde Mental, tanto no que se refere a seu florescimento como na suaperturbação, desta forma
torna-se indispensável o estudo das interações humanascom o objetivo de melhor
compreender como estas afetam a saúde e em especial
amentaldecadaindivíduo,paratantoéutilizadoametodologiaderevisãodaliteraturapertinenteaote
maemlivros,relatórioseartigoscientíficos,comointuitodeconstituirum trabalho rico de
informações sobre a temática de forma clara e objetiva, expondoas principais concepções
sobre o tema com o fundamento de oferecer as melhoresrespostasaos questionamentos
aquilevantados.

2 O SOCIAL E O MENTAL

Ahumanidade,desdeosprimórdios,temdificuldadeemlidar comas diferençase com as


dissonâncias do senso e convivência comum. Se formos observar quasetodo ou todo
comportamento humano é consequência ou produz consequências nacoletividade, desta forma
toda construção do Ser enquanto Ser é permeada deinterações sociais. Deve-se compreender
que seja qual for o comportamento emitidopor um indivíduo, seja ele de menor ou maior
complexidade é invariavelmente frutode suas relações comoseu meiosocialemalgumponto.
Nodecorrerdavida,umindivíduoentraránecessariamenteeconsequentementeemcontatocom
váriaspessoasemsociedadee,adependerdasmotivações,anseios,participará de arranjos de
convivência diferentes. Vinculamo-nos aos outros por meiode contratos ou pactos
associativos, cujo material ligante está definido pela necessi-dadeouinteresse
comum(LANDIM, et al.,2010).
Interpretandoessascolocaçõesdoautoremseueixocentral,extrai-
seclaramentequeosindivíduosestãoligadosdiretaouindiretamenteasociedadecomoforma de
conseguir suprir suas necessidades e nessas tentativas vão se
construindogradativamenteemseressociais,destaformasuascomposiçõesadquiremconformação
diversas e consequentemente também com o fenômeno mental ou sejasua própria formação
enquanto ser humano é fruto desse contexto social e dasinteraçõesdesenvolvidas no mesmo
emumformatonão estático e simcontinuo.
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Para (DALGALARRONDO,2008,p.389)“Oserhumanodevesercompreendidoem suas


duas dimensões básicas: sua constituição, seu funcionamento biológico(natureza) e o conjunto
de experiências interpessoais; e a sua história e o contextosocial no qual vive e foi formado
(cultura) ”. Interpreta-se com a colocação que o
serhumanodeveserentendidoemduasdimensões,destacandoumadelasomeiosocialonde o
indivíduo vive e foi formado, e quando se fala em formado não pode seinterpretar ou
restringir essa composição apenas no sentido biológico, ela deve serabrangente e abarcar a
formação mental. Nesse sentindo pode se compreender queoaspecto socialocupalugarde
destaquequandose falada questãomental.
Elias (apud TOURINHO, 2009), afirma que as sociedades modernas com
suasatividades,queexigemcadavezmaisaespecializaçãodoindivíduoparaarealizaçãode tarefas,
provoca nas pessoas uma necessidade cada vez maior de desenvolver
ocomportamentoautocontroladoe,consequentemente,ainibiçãodeimpulsosespontâneos,oquepo
dealongoprazogerarconsequênciasrelativamentesignificantespara asaúde doindivíduo.
Nasinteraçõesentreorganismoeambientesempreestarãopresentesinterações com o
ambiente interno de cada ser, seja biológico, seja histórico, damesma maneira que estão
presentes em interações sociais. Estes aspectos em queo ambiente está sendo examinado são
inseparáveis. Dois organismos interagemsituados no espaço e no tempo, e nessa interação são
imprescindíveis os processosbiológicos de cada indivíduo e como esses refletem sobre o
comportamento, bemcomo as experiências passadas de cada um com como seu meio social e
cultural.(TODOROV,2012).
Quandosefaladasquestõessociaisementais,énormalquehajaumdiferenciamento,poiscadadi
mensãoécompostaporsuasparticularidadeseespecificidades, o social ligado a questões de
cunho coletivos, como movimentosculturais, trabalho em grupo entre outros, já as questões
mentais estão ligadas aindividualidade a subjetividade, mas se formo realizar uma análise
minuciosa dessasdimensões iremos ver que uma é indissociável da outra e ambas estão
impregnadasumada outra.
Acitaçãoaseguirfazligaçãoaomencionadoeo corrobora:
Mesmoaquelesquesedestacamcomorevolucionáriossãointeiramenteprodutos
convencionais dos sistemas que subvertem. Eles falam a língua,usam a lógica e a
ciência, observam muitos dos princípios éticos legais eempregamas habilidades
práticas e o conhecimento que a sociedade
osconcedeu.Umapequenapartedeseucomportamentopodeserexcepcional,
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talvezdramaticamenteexcepcional,eteremosqueprocurarrazõesexcepcionais em suas
histórias idiossincráticas. (Atribuir suas contribuiçõesoriginais a seu caráter
taumaturgo como homens autônomos não constitui, éclaro,qualquer
explicação(SKINNER,apudTOURINHO,2009,p.163).

Fazendo menção ao colocado e a citação, fica claro que embora fala-se dasduas
dimensões social e mental em separado, mas por mais que cada pessoa sejaautentica em suas
produções elas descenderam em algum ponto do ambiente
socialehistóricooqualcadaserestáinserido,enaoutramãopormaiscoletivoequetenhaum caráter
sociável, o social vai depender da produção mental individual de cada umsomadaaoutras
emligação diretacomahistória produzida.
Ivic (2010) expressar que o ser humano se caracteriza por uma
sociabilidadeprimária.Deformamaisincisivaecategórica:ele[oindivíduo]égeneticamentesocial.P
egando essa colocação como base e acrescendo a ela, pode se destacar que
essanaturezageneticamentesocialvaiterpapelprotagonistanodesenvolvimentoeconsequentement
e na formação do indivíduo como um todo. Nesse sentido o serhumano vai ter em todas suas
dimensões algum aspecto formado ou em
formaçãopelosocial.Emfocoprincipaladimensãomentaldoindivíduo,enestetocantetantoasaúde
mental como uma psicopatologia terão suas raízes no contexto
socioculturalondeoindivíduoviveue vive,pelasinteraçõeshistóricas,presentee futuras.

3 SAÚDEMENTALESUASCONEXÕESCOM AS INTERAÇÕESSOCIAIS

DeacordocomAmarante(2007),opercursohistóricodasaúdementalnoBrasile em alguns
outros países do mundo é uma história de várias lutas. Abarca muitospersonagens e seus
caminhos; mobilizações, debates e rupturas. Um contexto dejogos de poder, da emergência
dos jogos de verdade. O lugar de onde podemos nosposicionamos para construir, narrar essas
histórias, já aponta, de alguma
maneira,nossocomprometimentopolítico,afetivo,cotidianocomaquiloqueestamosenunciando.
Nessemesmosentidoparecenítidoeevidenteasconexõesentreasinteraçõessociais
estabelecidas pelos seres humanos e a saúde mental apresentada, mas
pormuitasvezesestasconexõesentreasinteraçõessociaisesaúdementalsãorelegadas a um
segundo ou até terceiro plano como fator primário e central nacompreensãodamesmae
emseuestabelecimento e planejamento.
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Segundo a American Psychiatric Association (APA) (2014), os limites


entrenormalidade e patologia podem variar em diferentes culturas com relação a
tiposespecíficos de comportamentos. Os limiares de tolerância e aceitação quanto
anormalidade para sintomas ou comportamentos específicos são diferentes
conformeacultura,o contextosocial, família easinterações desenvolvida nessasinstâncias.
Já para a Organização Mundial da Saúde (OMS) (2001), a saúde mental, asaúde física e
a social são fios da vida estreitamente entrelaçados e profundamenteinterdependentes que
estabelecem entre as relações que promovem o equilíbrio devárias dimensões do Ser, em
especial a saúde mental, o mental como dimensãoprioritariamente formada com o
entrelaçamento desses contextos, em foco o social ehistórico.
Apoiado na interpretação do mencionado é necessário traçar um percurso
dasbasesdasinteraçõessociaisasuainfluêncianaformaçãoemanutençãoouperturbaçãodasaúdeme
ntal,essatarefaseconstituideextremacomplexidade,masparaclarificartalperspectiva,seguia
citaçãoa frente:
Nos últimos anos, novas informações dos campos da neurociência e
damedicinadocomportamentotrouxeramexpressivosavançosànossamaneiradeverofun
cionamentomental.Estáatornar-
secadavezmaisclaroqueofuncionamentomentaltemumsubstratofisiológicoeestáindiss
ociavelmente ligado ao funcionamento físico e social e aos ganhos emsaúde
(OMS,2001,p.32).

Fica claro que a saúde mental é essencialmente formada pelo contexto social,esse vai
exercer influência não só na composição e manutenção desta forma desaúde, mas extrapola
esse campo ao ter ação direta sobre a imagem social dacondição física que posteriormente vai
atingir diretamente a mental. De acordo
comElias(1994)“osindivíduosqueexpressammaiorvalorizaçãodasnormasdacivilidadedo que da
saúde reprimem sons naturais os quais são interpretados como nãoaceitáveispara omomentoou
naprópria sociedade”.
Apoiado nessa colocação que os indivíduos que dão maior valorização
ospadrõesnormativosdasociedadetendemareprimiremsonsnaturais,poisosmesmopodem ser
reprimidos pelo meio social, também pode ser interpretado que essesmesmo terão dificuldades
nas interações sociais em expressar seus sentimento edesejos com medo da repressão social
que alguns desses sentimentos e desejospodem vir a sofrer, e com isso tendem a guardar essas
expressões para si o que alongo prazo somado a outros fatores vão afetar diretamente a saúde
psicológica dosmesmo.
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NestemesmosentidoJorge-monteiroeMadeira(2007)destacamqueopreconceito e a
discriminação, são responsáveis pela produção de sentimentos denão-aceitação e pela redução
do desejo de estabelecer relações e contatos sociais,foto esse que temação negativana saúde
mental.
ParaRodrigueseMadeira(2009),ocontatosocialtemimportânciafundamentalno equilíbrio
das doenças, e em especial as mentais. Essa posição não deve
serinterpretadacomosuperficial,hajavistoqueocontatosocialvaifornecerumavastidãode
possibilidades que são formadas nas interações sociais e vão gradativamenteformando o
indivíduo emsuas mais variadasdimensões.
Muitas vezes se diz que “a natureza humana e a mesma no mundo todo”. Istopode
caracterizar que os processos comportamentais são os mesmos onde quer
quesejamencontrados-quetodoequalquercomportamentovariedomesmomodocomoas mudanças
na privação ou no reforço, que as discriminações sejam compostas domesmo modo, que
extinção ocorra com a mesma linearidade. Este enunciado podeser tão correto quanto a
colocação de que a respiração, digestão e reproduçãohumana são as mesmas em todo o
mundo. Sem dúvida, há diferenças pessoais nasfrequências com as quais várias mudanças
ocorrem em todas essas áreas, mas
osprocessosbásicosdeinteraçõespodemterpropriedadesrelativamenteconstantes.Odestacadopod
etambémsignificarqueasvariáveisindependentesquedeterminamocomportamento sejam as
mesmas em todo o mundo. As heranças genéticas diferemenormemente, e os ambientes tem
probabilidade de mostrar mais diferenças
quesimilaridades,grandenúmerodasquaispodeseratribuídoavariáveisculturais.Todoessecontext
otemcomoumaltograudeindividualidade.Comtodoesseemaranhadodediferençasesemelhançasd
oefeitodeumambientesocialnocomportamentopodeserinferidopontoporpontodeumaanálisedaqu
eleambientesocialqueumapessoafoiformada(SKINNER,2003).
Vygotsky(1991)expõequetodaformaelementardecomportamentopressupõeumareaçãoein
teraçãodiretaàsituação-problemaconfrontadapeloorganismo(oquepode ser representado pela
formula simples (S --R). Por outro lado, a estrutura
deoperaçõescomsignosrequerumelointermediárioentreoestímuloearesposta,esseelo entre o
estímuloe a resposta pode ser interpretado como a composição dainfluência das interações
sócias sobre cada indivíduo, pois ao receber o estímulo
oorganismoacrescentaaelesuacargahistóricapessoalesódepoisproduzsua
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resposta, neste sentido os homens vão criando o meio social e por ele sendo
criadoemumciclovitalpara a composiçãodetodasasdimensões de cadaSer.
Para corroborar essa posição veja (SKINNER,1978, p. 3) que expressa: “Oshomens
agem sobre o mundo, modificam-no e, por sua vez são modificados pelasconsequências de
sua ação”. É possível colocar que esses homens serão além demodificados por essas
consequências de suas ações, mas também acrescentaram asua composição em especial a
dimensão mental em suas bases fortes mecanismosquefuncionaramcomo alicercesa sua
saúdemental.
O meio social e as interações desenvolvidas pelas pessoas vão se constituindoem quanto
fonte primaria para a formação dos indivíduos, costumes, hábitos de vida,cultura, língua e
outros serão absorvidos gradativamente por cada pessoa para
suaintroduçãonoconvíviosocial,umaboaabsolviçãoedesenvolvimentodessesaspectos dão a cada
um suas potencialidades e fragilidades frente a saúde e adoença,ea saúde mentalnãofica fora
dessepanorama.
Para Vygotsky (1991), anteriormente a controlar seu próprio comportamento,
acriançacomeçaadesenvolverocontroledoambientecomaajudadafala.Issoproduznovasrelaçõesc
omoambienteeemespecialosocial,alémdeumanovaorganizaçãodoprópriocomportamento.Acria
çãodessasnovasformascaracteristicamentehumanasdecomportamentocria,maistarde,ointelecto,
econstituiabasedotrabalhoprodutivo:aformaespecificamentehumanadeusarinstrumentoseserela
cionarcomomundoaoseuredor,produzindoassimalteraçõesnestequevãoposteriormenteserrefleti
dasemcadaindivíduo,gerandoformasparticularesderesponderquecaracterizaramocomportament
o socialmentehumano.
É nestas interações desenvolvidas por cada ser humano desde muito cedo emuma forma
continua que se estabeleceram as conexões entre a formação e modo deresponder ao mundo
de cada indivíduo. É essa formação e modo de responder queirão compor posteriormente
aquilo que será apontado como uma forma saudável oupatológica de se relacionar com o
mundo. Especialmente a saúde mental tem suasraízes impregnadas no social e possivelmente
por isso vai ser analisada sob a óticada funcionalidade diferencial característica que cada
pessoa vai estabelecer no seuresponder em dadas situações se são ou não saudáveis ou
patológicas. E estáfuncionalidade na interação é vista sob as mais diversas dimensões, em
destaque,funçõespsíquicas,processoscomportamentaise comportamento verbal.
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DeacordocomSkinner(1978),umacriançacomeçaaadquirirocomportamentoverbalquando
vocalizaçõesrelativamentenão-
padronizadas,reforçadasseletivamente,assumemgradualmenteformasqueproduzemconsequênci
asapropriadas numa dada comunidade verbal. Assim fica claro que desde muito cedo
osocialéabsorvidopelaspessoasemsuaconstrução,começandopelafalaeposteriormentecomospad
rõessociaisdoqueécertoeerrado,eénestesentidoqueaspropensõesoususcetibilidadeasaúdeeapatol
ogiasvãose assentar.
A Saúde mental e suas conexões com as interações sociais tornam se nítidasquando se
compreende que toda constituição do indivíduo descende em algummomento do contexto
social, pois não é obscuro que é pela troca com o outro, e
narelaçãocomooutroquecadaSertornaoqueéesuasexpressõessãodesenvolvidasnomeio.Aexpress
ãodesaúdementalouodesequilíbriodeumindivíduoéessencialmente ligada e derivada do
contexto social o qual cada um viveu, vive e
asrelaçõescomaspossibilidadesfuturasdeganhosapartirdasinteraçõesdesenvolvidas e
estabelecidas, é dentro desse contexto social, histórico e futuro quea saúde mental ou a
psicopatologia se alicerça e daí então é exibida em suas maisdeferentes formas dada a
multiplicidade de influências recebidas, não excluindo osocialcomoagenteprimário ecentralda
questão.
Todorov (2012), pontua que Skinner postula que aquilo que acontece dentro
doorganismodifereapenasnadimensãodoacontecimento,contudoesseseventostêma mesma
dimensão física e que ambos os comportamentos privados/externos
sãoregidospelasmesmasforças,nestecasooambienteexterno,equedevemosbuscarna interação do
indivíduo com seu meio as causas para seu comportamento, destaforma é fundamental pensar
em uma perspectiva integrante, onde a saúde mentalassim como como os padrões
comportamentais bebem da mesma fonte para seusurgimento, desenvolvimento e manutenção
sem negar o ser humano como materialpensantee criadordeinterações.

4 ASCONSEQUÊNCIASDASINTERAÇÕESSOCIAISSOBREASAÚDEMENTAL

As interações sociais podem ter suas consequências sobre a saúde metalanalisadas sobre
duas perspectivas: a primeira delas diz respeito a
potencializaçãodamesmanosentidodoestabelecimento,desenvolvimentoemanutençãoeasegunda
formadeanalisetangeaocaminhododesequilíbrio,dapatologia,da
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psicopatologia que assim como a saúde tem suas bases plantadas no terreno
socialehistóricoondecadaindivíduoviveu,vivee desenvolve suasinteraçõessociais.
Dalgalarrondo (2008), destaca que o conceito de saúde e de normalidade
empsicopatologia é uma questão de grande controvérsia e debates. Claro, quando setrata da
abordagem a casos extremos, cujas alterações comportamentais e mentaissão de intensidade
acentuada, longa duração e relativamente claras, o
delineamentodasfronteirasentreonormaleopatológiconãoétãoproblemáticoedifícil.Entretanto,h
ámuitoscasoslimítrofes,nosquaisestabeleceradelimitaçãoentrecomportamentosnormais e suas
formas consideradas patológicas é bastante difícil. Nessas situações,o conceito de
normalidade em saúde mental ganha especial relevância. Aliás,
oproblemanãoéexclusivodapsicopatologia,masdetoda a medicina.
Compreender como as consequências das interações sociais operam sobre
ohomemeseupsiquismoéfundamentalnodelineamentodasfronteirasentreonormaleopatológico.T
orna-
senecessáriodestacar,daênfaseeregistrarqueessanecessidadenoentendimentodecomoasinteraçõe
ssociaisoperam sobreospróprios indivíduos que as produzem, pois para a conceituação do que
é normal epatológico são utilizados parâmetros observados na dinâmica do
relacionamentosocial.
Dalgalarrondo (2008), em seu livro psicopatologia e semiologia dos
transtornosmentaiscitavárioscritériosdenormalidadequesãoutilizados,sendoeles:normalidade
como ausência de doença, normalidade ideal, normalidade estatística,normalidade como bem-
estar, normalidade funcional, normalidade como processo,normalidade subjetiva, normalidade
como liberdade, normalidade operacional. Todosesses critérios visão o estabelecimento de
fronteiras entre a normalidade e aquiloconsiderado patológico, assim em uma análise mais
ampla e em ligação com a coisasocial, pode-se colocar que toda forma de normalidade ou
patologia recebeu ourecebe influência do social em sua composição e em sua conceituação ou
em seuprópriostatus da coisa que é.
Continuando neste sentido, a saúde mental como campo e como patrimônioindividual é
invariavelmente descendentedo extrato das interações sociais e dadinâmica desenvolvida em
seu núcleocomo fator preponderantemente de maiorinfluência.
Rodrigues e Madeira (2009), destacam que o suporte social é indicado
porestudiososdeváriasáreasdoconhecimentocomoumfator fundamentalnaproteção
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e na promoção da saúde tanto em âmbito coletivo como de forma individual, sendoque a


forma individual vai necessariamente precisar em maior grau do suporte
socialparamanutenção dasaúdede sujeitoemseus diversos aspectos.
ParaAmarante(2000),aalienaçãomentale,porextensão,adoençamentalcompõem-
secomocategoriadonegativo,anegaçãonecessáriaàcomposiçãodeumafuncionalidade'positiva'qu
eseafirmavacomonorma.Umpadrãosócomeçaaserregrafazendoregraeessafunçãodecorreçãoeme
rgidaprópriainfração.Aindaparaocitadoautor,ascategorias"normalidade"e"patologia"sãoessenci
almentecriadas para normatizar. O normal e o patológico são referências 'criadas' no
registrodosaberecomotaléfrutodosocialepormeiodedispositivosprático-
discursivos,'produtores'denormativasqueimpõemaosseresvivospadrõesdecomportamentoedeco
mpreensãodoqueépatológicoenormaldadoorelativoentendimentodessasdimensõesnobojodasint
eraçõesdesenvolvidasporcadaumdentrodacoletividade.Pode-sedestacarque os debates,ou
pelomenosofascínio,
sobreaorigemoucausasdostranstornosmentaisexistequasequepraticamentedesdeaorigemdohom
em.Osprópriostermossobre‘oproblemamental’,desdeoprimitivoconceitopinelianode‘alienação
mental’,passandopela‘doençamental’,eagoracom‘transtornomental’e‘distúrbiomental’,quesãoo
sconceitosadotadosatualmentepelaPsiquiatriaePsicologia,nãotêmsignificadosmuitoúteisparare
presentaraquiloquepretendemdefinir,poisconclui-senecessitandodereferênciasaoconceitode
normalidade (AMARANTE;TORRE,2010).
O conceito de transtorno mental e de saúde mental não são fácies, pois um
vaiquasequesempreprecisandobuscarreferêncianooutroparamostraroqueéesuasdiferenças em
relação ao outro, mas o que ambos têm em comum é a busca
pelasrespostasassuasdúvidasdoseuobjetodeanálise.Nesselongopercursopercorridoaté uma
resposta conclusiva a respeito do transtorno mental ou saúde as
interaçõessociaisaparecemcomoprotagonistasnainfluênciadodesenvolvimentodostranstornos
mentais como da saúde mental e ainda vai ter papel central na
própriaconceituaçãoresultantedaanáliserealizada.
O entendimento dos processos de formação dos transtornos mentais vem semostrando
desafiador desde de início do campo psiquiátrico. A incessante busca
pordeterminantessomáticos,quepudessemajudarnaconceituaçãoemtermosbiológicos destes
fenômenos, promovendo e conferindo legitimidade não somente
àscategoriaspatológicas,masconsequentementeàprópriapsiquiatria,estevequase
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que presente como objetivo em vários momentos do percurso histórico da disciplina.O


esclarecimento da etiologia dos transtornos mentais é idealmente, uma
etapafundamentaleessencialpara a finalidade deelaboraçãoe
desenvolvimentodepráticasdiagnósticas,terapêuticasepreventivasmaiseficazes.Todavia,mesmo
comtodos os esforços empreendidos, das diversas e variadas teses elaboradas e dasdisputas
que movimentaram o campo, ainda hoje se conhece bem pouco sobre oscaminhos que
certamente conduzem à formação dos transtornos mantais (FREITAS-SILVA;ORTEGA,
2016).
Éfundamentaldestacarqueemboraaindanãohajadeformaclaraaidentificação de caminhos
que claramente vão resultar em transtornos mantais,
podesedestacaralgunspontosquevãocertamenteterrelevâncianaformaçãoedesenvolvimentodos
transtornos mentais. O fatorsocial e as interações
sociaisdesenvolvidasemseubojovãoserresponsáveisporgrandepartepeloaparecimentodapatolog
ia.
Aindaérelevantemencionarqueainclusãodevariáveismoraiseintelectuaisnacaracterização
dos transtornos mentais revelam um campo complexo, no qual acomplicações em se
determinar os fatores, ou a inter-relação de fatores sociais,culturais, físicos, genéticos,
espirituais e ideológicos que inaugura ou consolida
umdebatequepermaneceaindahojeproduzindoduvidasenovastesessobreaetiologiadosdistúrbios
mentais(AMARANTE; TORRE,2010).
Esquirol (apud AMARANTE; TORRE, 2010, p. 153), coloca que “a loucura é
oprodutodasociedadeedasinfluênciasmoraiseintelectuais”.Apoiadonestacolocaçãoficaclaroque
saúdementaleotranstornovãoseutilizardomaterialsocialpara vir à tona.É no contato com o
social que o indivíduo vai se constituindo
comoserhumanoemtodassuasdimensões,énessecontatocomooutroquecadapessoavai
absorvendo de acordo com suas necessidades o material que vai resultar em suaformação
como pessoa. A grande questão é que durante o processo de
interaçõesestabelecidascomomeiosocialeconsequentementecomoqueneleexisteaparecem os
problemas. Um indivíduo ao entrar em contato com outro não absorvesomente o que dele
necessita, acaba por adquirir também outras necessidade ematerial não necessário à sua
vivência. Desta forma o acumulo dessas
necessidadeematerialnãonecessárioresultaemumasobrecargaquevaiafetarnegativamenteasaúde
mentalde cada um.
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Mesmo com todos os esforços feitos pelas pessoas para serem aceites
numadeterminadacategoriasocial,anãoaceitaçãoerejeiçãosãocaracterísticasfrequentementeobse
rvadasnavivenciasocial.Claroquemuitasrejeiçõessãoresultantes das preferências de cada
indivíduo pelo seu histórico de interações, deinclinações, de objetivos de um indivíduo com
relação a outro, de valores partilhadospor indivíduos de um grupo que não são consonantes
com os indivíduos de outrogrupo(JORGE-MONTEIRO; MADEIRA, 2007).
As consequências das interações sociais sobre a saúde mentalpodem
serdiversasadependerdomaterialresultanteeabsorvidopelapessoafrutodasinterações
desenvolvidas pela mesma. O contato com o contexto social despertavárias e distintas
necessidades, essas podem vir a serem atendidas ou não, nessesentido toda a parte do
indivíduo fruto do contexto social impregnado em cada
sercarregaemsepotencialparadesenvolversaúdeeapatologia,levandoemcontaojámencionadoaqu
iquetodasasdimensõesquecompõemumapessoasãoentranhadas do componente social e
histórico em algum ponto, fica claro que ocontato social terá grande parcela de contribuição
no desenvolvimento da saúdementalou patologia.
Deacordocom Todorov(2012), sendoumavez,estabelecidopadrõesdecomportamentos
apropriados, suas consequências agem pormeio de processossemelhantes para permanecerem
ativas na produção de conexões entre o emissor esua fonte de estimulação. Se, por acaso, o
meio se modifica, formas antigas
decomportamentodesaparecemenquantonovasconsequênciasproduzemnovasformas de
comportamento. Nesse panorama os seres humanos estão em
constateevoluçãoe,nesteprocesso,formasepadrõesdecomportamentoestãosempresendocriados e
extintos. Durante esses processos aqueles comportamentos que melhorauxiliem a adaptação
do indivíduo ao meio serão selecionados. Entretanto, duranteesse percurso evolutivo, é
possível também a instalação de comportamentos que,
aolongodoseudesenvolvimento,vãotendoumdistanciamentodasreaiscircunstânciasque lhe
propiciaram o florescimento e suporte em sua manutenção como formasfuncionais
deinterações.
Seguindoaanalisenessesentido,alteraçõesnomeiosocialeconsequentementenarelaçãodoin
divíduocomessecontextovãoacarretaraextinção e produção de novas formas de
comportamentos, mas nesse processo
deextinçãoecriaçãonemsempreaconteceexatamentecomodeveria,asextinçõesde
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padrõesdecomportamentospodem
levarconsigoformasimportantesquefornecemrecompensasparaapessoaoquepodesumarizarcomp
rejuízosignificativoasaúde.Jádeformaopostaaextinçãopodeconclui-se
queasformaçõesdenovospadrõescomportamentaisfuncionaisirãoproduzirbenefíciosdegrandeval
or,comohabilidadessociais,diversificaçãodecontatos,hábitosdevidassaudáveisemuitomais,mast
ambémpodecriarformasdisfuncionaisdeinterações,essasformasdisfuncionaisacabamporproduzi
remsofrimento,doreconsequênciasprejudiciaisà
saúde.
Todorov (2012), aponta que nas interações organismo-ambiente continuamenteestão
presentes interações com o ambiente interno, seja biológico, seja histórico, damesma maneira
que estão presentes em interações sociais. Os quatro aspectos nosquais o ambiente está sendo
analisado são claramente indissociáveis. Os
indivíduosinteragemsituadosnoespaçoenotempo,enessainteraçãosãorelevantesprocessosbiológi
cosinternosacadaorganismo,bemcomoasexperiênciashistóricasde cada umcomoutrasinterações
sociais.
Espelhando-se no dito no parágrafo anterior, parece claro agora que é do
socialenarelaçãocomomesmo,sendodeleabsorvidooconteúdoprotagonistaparaassimcadaorganis
moseconstituircomotalemtodassuasdimensões,nãosendodiferentea saúde mental de cada um e
a essa dimensão podeser atribuído as
maioresinfluênciasadvindasdasinteraçõessociaisestabelecidanasconexõesdesenvolvidaspelaspe
ssoas.Nessecontextoatravésdasconexõesestabelecidasporcadaindivíduo com o meio social
sendo material deste meio é absorvido pelos indivíduosde acordo com suas demandas, mas é
nesse percurso de via dupla que ao dá ereceber do social que vai ocorrendo a modelagem do
organismo. Essa
modelagemvaiocorrerdemaneiravastaindodesdeaspectosfísicosaoscomponentespsicológicosqu
eformama saúde mentalobjetoaquideanálise.
Seguindo nesta linha de raciocínio, as consequências das interações
sociaissobreasaúdementalpodemsertantopositivasquantonegativas,bastaumpequenodesequilíbr
io nessa interação sujeito-meio social para haver danos extremos à saúdementalde
qualquersujeito. Observa-sea citaçãoaseguir:
Transtornos mentais são definidos em relação a normas e valores culturais,sociais e
familiares. A cultura proporciona estruturas de interpretação quemoldam a
experiência e a expressão de sintomas, sinais e comportamentosque são os critérios
para o diagnóstico. A cultura é transmitida, revisada erecriada dentro da família e de
outros sistemas sociais e instituições.
Aavaliaçãodiagnóstica,portanto,deveconsiderarseasexperiências,os
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sintomaseoscomportamentosdeumindivíduodiferemdasnormassocioculturais
econduzemadificuldades deadaptaçãonas culturas deorigemeem
contextossociaisoufamiliaresespecíficos(APA,2014,p.14).

Emanaliseseostranstornosmentaissãocaracterizadosemrelaçãoincapacidadedeadequaçãoa
snormas,valoresculturais,sociaisefamiliarespodesecolocar que é nestas dimensões que se
acentuam tanto como já foi dito a definição,como as causas para o desenvolvimento de uma
boa saúde mental como
tambémparaotranstorno,sendonesseentrelaçamentoqueseencontraachaveparaexplicarasconseq
uênciasdasconexõesestabelecidasentreosujeito eomeiosocial.
EnquantoissoparaalgunsautorescomoSzasz(1980),éatribuídosustentamentodequeasdoenç
asmentaisnãoexistem,claramenteoautornãosugeriou expressa em suas palavras que as
circunstancias sociais e psicológicas às quaisé atribuído este rótulo e fixado também não
existam. Desta forma tanto quanto
asintercorrênciaspessoaisesociaisquesetinhanaIdadeMédia,osproblemashumanoscontemporâne
ossão suficientementereais.
Nestesentidoaargumentaçãotangenorumodasustentaçãoqueostranstornosmentaissãofruto
semveiaprincipaldoresultantedasinteraçõeseconexõesestabelecidasporcadasujeitocomseu
meiosocialecultural,tantonodestinodesuadefiniçãopelarupturadenormaiseleisestabelecidas,com
opelofatododesequilíbrionestas mesmas dimensões na capacidade de absolvição do meio
social daquilo
querealmenteénecessárioparasuprirsuasnecessidadesenãoprovocarumainstabilidade entre o
fluxo da via de entrada e saída do conteúdo através de suasinterações com todas as dimensões
possíveis de contato, aqui em especial destaquea social como protagonista na influência da
manutenção da saúde mental ou em suaperturbaçãocomumtranstorno.
Em Szasz (1980) é possível compreender que a capacidade de cada indivíduode realizar
suas próprias escolhas com total liberdade de coerções vai depender desuas condições internas
e externas. Suas condições internas, isto é, seu caráter,personalidade ou mentalidade,
entendendo suas aspirações e desejos, bem comosuas aversões e autodisciplina o alavancam a
se movimentar de várias maneiras,
ouoesbarram.Suascondiçõesexternas,istoé,suaformaçãobiológicaeseumeiofísicoe social
compreendendo às suas capacidades de seu corpo, o clima, cultura, leis etecnologia de sua
sociedade o impulsionam a agir de determinadas maneiras ou
deoutras.Destaformaessascondiçõesrepresentamecaracterizamaextensãoe
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qualidade das opções de um ser humano em geral, quanto mais controle o homemobtém sobre
suas condições internas e externas, tanto mais livres se tornam, assimenquanto que o
insucesso na aquisição de tal controle, ou a perda do referido,
oescraviza.Há,todavia,umacomplexalimitaçãoeimportanteaoexercíciodaliberdadedoshomens,al
iberdadedosoutroshomens.Nestalinhadecompreensãoascondiçõesdoambienteexternoqueohome
mprocuracontrolarincluem
outraspessoaseinstituiçõessociais,formandoumaredecomplexadeinteraçõeseinterdependências
quepodem em resultanteproporcionar condiçõespropícias
amanutençãodesuasaúdeatravésdoexercíciodesualiberdadeouumcontextorígidoonde este vai
resultar em condições adversas para a manutenção do equilíbrio desuasinteraçõese conexões,
oquevaiemestânciaúltimaculminaremprejuízo a suasaúdementalemdetrimento do contexto
socialnoqualtenta seadaptar
Parailustraraargumentaçãoeoferecerbaseparaaanáliseaquidesenvolvida,observa-se a
seguiracitação:
É apenas na sociedade que a criança pequena, com suas funções
mentaismaleáveiserelativamenteindiferenciadas,setransformanumsermaiscomplexo.
Somente na relação com outros seres humanos é que a criaturaimpulsiva e
desamparada que vemao mundo se transforma na pessoapsicologicamente
desenvolvida que tem o caráter de um indivíduo e mereceonomedeser
humanoadulto(ELIAS,apudTOURINHO,2009,p.33).
Apoiando-se na passagem em destaque e análise desenvolvida aqui fica claroe
evidente que desde muito cedo cada sujeito em contado em contato com o outro,com o social
vai se constituindo como ser humano em um processo contínuo
deinteraçõesquevisãosaciarasnecessidadesfrutodaprópriaexistência,nesseprocesso continuo e
dinâmico cada pessoa vai se construindo em suas diversasdimensões, assim um pequeno
desequilíbrio na conexão estabelecida pode gerarefeitos devastadores a saúde mentalouem
contrário o estabelecimento de umprocesso dinâmico e fluente de contato com o meio social,
o que vai resultar naconstruçãode uma saúde mentalplena.
Todorov(2012),vemdestacarqueemtodasascorrentesteóricasdapsicologia, ohistórico de
interações organismo-ambiente desempenhaum
papelrelativamenteconsiderávelnaexplicaçãodeinteraçõespresenteseconsequentemente na
situaçãoatualdoorganismo.
Não resta duvidas o quão vasta pode ser a influência das interações
sociaissobreasaúdemental,essavastidãonãopodeserdimensionadadevidoasua
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amplitude e magnitude, mas sem sobra duvidas as interações sociais desenvolvidaspor cada
ser humano vai ter papel protagonista na manutenção ou perturbação dasaúdemental.

5 RESULTADOSEDISCURSÃO

Os resultados aqui obtidos através da análise realizada da influência


dasinteraçõessociaissobreasaúdementalsãoclarosenítidoseapontamnosentidodequeasinterações
sociaisdesenvolvidasporcadasujeitovãoexercerpapelprotagonistanodesenvolvimento,estabeleci
mentoemanutençãodasaúdementaldecada um ou pode também exercer o mesmo papelsó que
de forma inversa eproporcional.
Comesseresultantecabepensarformasedispositivosparaidentificarinterações sociais que
podem oferecer risco a saúde mental e minimizar as
mesmascomotambémencontrarecriarnovascondiçõesderelacionamentossociaisepotencializa-
los com o intuito da obtenção de uma saúde mental plana e funcional asdemandasda
contemporaneidadecada vezmaisexigentes.

6 CONCLUSÃO

Aluzdosresultadosobtidosfica
reluzentequeaconstituiçãodecadasujeitoeconsequentementetodassuasdimensõesformadoras
sãoemconsequênciaprincipaldas interações sociais desenvolvidas desde muito cedo, aqui em
especial a mental,sendo assim a saúde mental é fruto das interações sociais e de tudo que
compõemestas.
Aanálisedosresultadosexpostosdeixaclaroenítidoopapelprotagonistadasinterações
sociais como influenciador da saúde mental ou perturbação da mesma,tudovaidepender das
espéciesde interaçõesdesenvolvidas por cada um eoresultanteextraído destas.
O caminho até o estabelecimento de uma adequada saúde mental e funcionalnão é uma
receita pronta, mas inúmeros fatores podem ajudar os indivíduos
aconseguiresseequilíbrio,fatoresessesqueemgrandeparteestãoligadosacondições que envolvi
questões sociais e que estabelecem conexões com tais,
destaformaocontextosocialmesmoquandonãoafetadiretamenteasaúdementaldas
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pessoas demonstra tal poder indiretamente, sendo esses argumentos


sustentadospelalongapesquisaaquiexposta.
Em última colocação destaca-se que os achados aqui revelados expõem queas
interações sociais desempenham papel principal na formação da saúde mental decada pessoa,
mas não deve ser levada como fator único, entretanto, devido a suaextensão como
influenciante, deve-se reforçar a necessidade de se destacar
talcondiçãoafimdeestimularacriaçãodenovosmecanismosquepossamdesenvolvermaneirasdetra
balhosqueprotagonizemocontextosocialesuarelevâncianocenáriodasaúde mental.

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