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PSICODRAMA

O Psicodrama é uma técnica psicoterápica, desenvolvida por Jacob Levy


Moreno, que busca proporcionar uma ação dramática no paciente. Assim,
a partir da dramatização, o indivíduo entra em contato consigo mesmo e
com sua inter-relação. Para essa técnica, ele propõe uma inversão de
papéis entre os atores e o público. Aqui, o público passa a representar seus
dramas cotidianos no espaço cênico. Por sua vez, esse espaço é
composto pelo palco, o protagonista ou cliente, um diretor ou terapeuta.

Além deles, há também os egos auxiliares e o público ou platéia. Através


do uso de técnicas como a inversão de papéis, o duplo, as pessoas
conseguem uma nova percepção de si. Contudo, não só isso, eles
conseguem perceber melhor os outros e o ambiente. Isso permite o
surgimento do novo, de uma nova linguagem ressignificada.Nesse
contexto, o espaço cênico é multidimensional, vivencial. Afinal, ele inclui o
verbal, o corporal, gestual, a cultura, o jogo e a imaginação. Sendo que tudo
isso é construído no agora.

Através da consciência disso tudo, Moreno percebeu a potencialidade da


criatividade através de uma contextualização com o problema pela
dramatização. Para Moreno o Psicodrama procura transferir a mente para
fora.Essa pode ser aplicada a qualquer tipo de problema, seja esse pessoal
ou de grupo, de crianças ou de adultos.

Através disso, Moreno explicita que o homem é um ser social.


Consequentemente, ele precisa pertencer a um grupo para atender suas
necessidades básicas. Ou seja, precisa do outro para nascer. Da mesma
forma, necessita de uma ajuda externa para se adaptar ao seu novo
mundo.

Para a efetivação da técnica, a teoria psicodramática se pauta em alguns


pilares básicos. Isso porque neles se situam técnicas e recursos
terapêuticos. São exemplos a teoria de papéis e a teoria da
espontaneidade.
TEORIA DA ESPONTANEIDADE

Essa teoria está ligada dialeticamente à criatividade. Ela compreende


fenomenologia, metapsicologia, psicotécnica, psicopatologia e psicologia
genética.

A psicotécnica busca resgatar a espontaneidade perdida pelo homem ao


longo da vida. Assim, durante a nossa infância, vivemos os mais diversos
papéis. Além disso, entramos em contato com os agentes sociais e
desenvolvemos a capacidade criadora. Porém, há a possibilidade de
atrofiar em maior ou menor medida essa capacidade também. Sendo que
isso resultaria das relações e culturas que nos são impostas e que
internalizamos.

Todos os agentes sociais que nos relacionamos refletem condutas


estereotipadas, repetitivas, ritualísticas. Porém, muitas delas são vazias de
significado. Todavia, outras podem ajudar no desenvolvimento da
espontaneidade. Um ponto importante é que o ato espontâneo está
intimamente ligado ao instante.

Através da experiência primitiva da identidade que o destino da criança é


determinado, sendo que toda essa primeira etapa tem os papéis
psicossomáticos. Em seguida, há a etapa do reconhecimento do Eu. Aqui,
a criança observará o outro (mãe) como algo diferente dela.

Além disso, ele começa a diferenciar as partes do seu corpo em uma


unidade e se diferencia do outro. Nessa segunda etapa é que os papéis
psicodramáticos aparecem.

TEORIA DOS PAPÉIS

O termo “papel” é um conjunto das várias possibilidades identificatórias do


ser humano. A partir disso, os papéis psicodramáticos expressariam duas
faces: as dimensões psicológicas do eu e a versatilidade potencial de
nossas representações mentais.
Aqui os papéis são núcleos do desenvolvimento egoico, sendo que ao
crescer a criança se diferencia e pode ampliar seu leque de papéis. Alguns
desses papéis acabam inibidos e necessitaram de ser resgatados. Esse
resgate é a função do Psicodrama.

APLICAÇÕES PRÁTICAS

Além de entender o que é o Psicodrama, é importante entender como é a


sua aplicação. Essa técnica tem quatro etapas importantes durante seu
processo. Para podermos compreendê-las, veremos a descrição destas
pela psicodramista Tânia Fator:

AQUECIMENTO INESPECÍFICO/PREPARAÇÃO

Essa é a primeira etapa. Nela, o terapeuta/coach discute com o grupo as


questões que podem ser tratadas pela dramatização. Nesse ponto, se as
pessoas ainda não têm entrosamento suficiente, deve-se conduzir uma
atividade para fortalecer laços. Em seguida, são selecionados os
protagonistas da situação a ser dramatizada.

AQUECIMENTO ESPECÍFICO

Nesse momento são definidos os personagens e a cena. Ademais, se


houver a necessidade, os elementos cênicos podem ser selecionados e
posicionados.

Outro ponto importante que é realizado aqui é o estabelecimento da


concentração e clima da cena.

DRAMATIZAÇÃO

Aqui acontece a representação dos papéis, da dramatização em si. É


importantíssimo que essa seja o mais realista possível. Assim, é preciso
deixar emergir sensações e reações verdadeiras. Todas essas
comandadas pela espontaneidade.

COMENTÁRIOS

Esse é o último momento.

Aqui o grupo compartilha as emoções vivenciadas podendo falar


livremente e sem julgamentos. É esperado que eles vivam uma verdadeira
catarse e expurguem todos os sentimentos.

O Psicodrama não é uma encenação normal. Assim, aqui não há plateia,


pois todos vivem a dramatização e não há preocupação com a estética ou
técnica. O objetivo é extrair da interpretação de cada papel emoções reais
emergidas da espontaneidade.

Dessa forma, através de cada cena os participantes refletiram sobre si


mesmos. Assim sendo, no momento da exposição da visão de cada um
haverá um autoconhecimento e aprofundamento das relações sociais. Por
essa razão, o Psicodrama é uma técnica psicoterapeuta tão importante.

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