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Trecho extraído do relatório final do estágio em processos clínicos

Acadêmica: Vanessa Katherine Laval Versa

CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO PSICODRAMA

Visão de Homem Moreniana

Conforme nos mostra Gonçalves (1988), Moreno desenvolveu uma visão de


homem na qual se nasce com características favoráveis ao seu desenvolvimento, sem
tendências destrutivas, porém, a partir de um sistema ou ambiente social constrangedor,
essas características são perturbadas, e para recuperá-las deve-se buscar a “renovação
das relações afetivas e da ação transformadora sobre o meio” (idem, p. 45).
Constata-se então que o homem possui a espontaneidade como característica
nata, mas devido a fatores externos, sejam eles nas relações afetivas mais próximas ou
no contexto social mais amplo, perde-a. Diante disso, Moreno propõe a Revolução
Criadora, a fim de reconquistar a espontaneidade e criatividade perdidas ao longo do
desenvolvimento (GONÇALVES, 1988).

Espontaneidade e Criatividade

A espontaneidade pode ser definida como uma via de afirmação da essência,


daquilo que é autêntico em cada um, e só pode ser alcançada se houver presença, pois é
a partir da instalação no presente que o indivíduo é capaz de criar suas formas de ser no
mundo. Em síntese, pode-se dizer que, “A espontaneidade é a capacidade de agir de
modo “adequado” diante de situações novas, criando uma resposta inédita ou
renovadora, ou, ainda, transformadora de situações preestabelecidas” (GONÇALVES,
1988, p. 47).
Moreno (apud Gonçalves, 1988), ao discorrer sobre a espontaneidade, afirmou
que, no decorrer do seu desenvolvimento, o indivíduo desenvolve conservas culturais,
que são formas cristalizadas de responder às situações. Em contraponto, no momento do
nascimento, observou que os seres humanos vivenciam o primeiro ato espontâneo, e,
para opor-se às teorias que reduzem o homem ao mero resultado da soma de alguns
fatores externos, Moreno cunhou o termo fator E, para referir-se à espontaneidade.
Aqui e Agora

Moreno (apud Gonçalves, 1988), recusava-se a aceitar teorias que buscavam os


porquês e causas passadas de determinadas formas de relacionar-se, priorizando a
compreensão com foco no presente. Ou seja, busca-se entender as relações diante do
que é apresentado no aqui e agora, considerando que os indivíduos estão em constante
evolução.
Este conceito presente na abordagem psicodramática é decorrente da influência da
filosofia Zen-budista, que está nas bases das abordagens fenomenológicas. Estas
abordagens buscam uma visão do ser humano a partir de uma perspectiva ampla e não
linear, na qual os aspectos evidenciados em um atendimento podem não ser mais
perceptíveis no futuro e, diante disso, o terapeuta busca conhecer a realidade que é
possível de ser acessada no momento presente (RIBEIRO, 2012).

REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, Camila Salles; WOLFF, José Roberto; DE ALMEIDA, Wilson


Castello. Lições de psicodrama: introdução ao pensamento de J. L. Moreno. São
Paulo: Ágora, 1988.

RIBEIRO, Jorge Ponciano. Gestalt-terapia: refazendo um caminho. Ed. 9ª. São Paulo:
Summus, 2012.

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