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Psicodrama Bipessoal
Técnicas Clássicas:
Duplo
A técnica do duplo é recomendada quando o terapeuta percebe dificuldade ou
impossibilidade do protagonista em verbalizar o que sente, e demanda muita
sensibilidade do terapeuta para atuar como ego-auxiliar, trazendo à tona conteúdos que
compreendeu como dificultosos para o paciente de admitir ou canalizar
expressivamente. Quando executado de forma satisfatória, o protagonista aceita o
conteúdo enunciado pelo ego-auxiliar, do contrário, poderá ser rejeitado e interpretado
como invasor. Moreno aplicava esta técnica com psicóticos, a fim de proporcionar um
contato tranquilizador e favorável à comunicação (MONTEIRO, 1998).
Espelho
Esta técnica objetiva evidenciar ao cliente uma visão de si mesmo, através da
reprodução de uma cena na qual o ego-auxiliar assume o seu papel e o protagonista fica
como espectador. Nesta técnica, assim como no Duplo e na Inversão de Papéis, a
sensibilidade e o fator télico são extremamente importantes para uma boa execução,
considerando que na ausência deste, diminui consideravelmente a capacidade de captar
os elementos a serem reproduzidos pelo terapeuta (MONTEIRO,1998).
Inversão de papéis
Para que ocorra a inversão a presença se faz elemento primordial, considerando que
há a sobreposição de papéis, e que estes, são representados da maneira como são
percebidos, portanto, a forma como se está disposto a receber a informação irá refletir
no desempenho deste papel. Monteiro (1998) salienta que para alcançar a execução
ideal, não basta reproduzir a técnica, mas que se faz necessária a convocação para a
proximidade: “E quando estiveres perto, eu arrancarei os seus olhos e os colocarei no
lugar dos meus. E tu arrancará os meus olhos e os colocará no lugar dos teus. Então eu
te olharei com teus olhos e tu me olharás com os meus.” (MONTEIRO,1998, p. 22).
A autora ressalta, ainda, que as percepções decorrentes da inversão de papéis não
são suficientes para configurar um Encontro da forma como Moreno preconizava, mas
que podem facilitar a relação com os outros e consigo mesmo. Além disso, as
percepções externas podem indicar para uma atuação melhor ou pior do que a realidade,
mas o que a experiência individual é intransmissível e que o fundamental é este
sentimento ser reconhecido. (MONTEIRO, 1998).
Cadeira Vazia
Conforme indica Cukier (1992), a técnica da cadeira vazia pode ser utilizada a fim
de mobilizar um conteúdo que será abordado em cena aberta, ou como um fim em si,
pois objetiva proporcionar ao paciente a possibilidade de confrontação entre partes
antônimas de seus conflitos. Pode ser utilizada com o jogo de papéis, inicialmente
colocando alguém na cadeira de forma imaginária, e depois realizando a troca de papéis
do paciente com o papel projetado, ou ainda como forma de concretizar metáforas e
sonhos. O terapeuta também pode assumir um papel na cena, ou observar de fora, e
pode utilizar-se da entrevista a fim de favorecer o diálogo.
Concretização
Segundo Cukier (1992), esta técnica consiste na “materialização de objetos
inanimados, emoções e conflitos, partes corporais, doenças orgânicas, através de
imagens, movimentos e falas dramáticos” (idem p. 49). Dessa forma, se trata de um
recurso técnico muito rico, que pode proporcionar o aprofundamento nos diversos
aspectos daquilo que é concretizado.
Bermudez (apud Cukier, 1992, p. 67), aponta que a imagem “é a resultante da
integração entre vários registros mnêmicos, pré-verbais e verbais, além de todas as
experiências emocionais do indivíduo”, portanto, observa-se que a técnica da
concretização ancora-se no recurso ao universo simbólico do indivíduo, e, conforme o
que afirma Cukier, que se opõe ao que disse Bermudez sobre esta técnica favorecer
insights intelectuais, a técnica proporciona a integração entre o intelectual e o simbólico,
como se através da expressão corporal o paciente pudesse integrar ambos os aspectos.
REFERÊNCIAS:
CUKIER, Rosa. Psicodrama Bipessoal: Sua técnica, seu terapeuta e seu paciente. São
Paulo: Ágora, 1992.